Na agenda que os deputados de oposição cumpriram, ontem, em Santa Cruz do Capibaribe, parte da segunda etapa das plenárias “Pernambuco de verdade”, o improviso da estreia, dá dez dias, em Serra Talhada, deu lugar a muita objetividade e resultados. Primeiro, porque todos os compromissos foram previamente agendados, sendo recebidos até por representantes do Governo em alguns órgãos procurados, como a UPA regional e a Compesa.
Na UPA, que na prática passou a substituir a policlínica municipal, transformada pela gestão do tucano Edson Vieira num centro de internação, os parlamentares foram recebidos pelo diretor Ademir Pereira. Sem querer se estender nas explicações, alegando que muitas das perguntas só o secretário de Saúde poderia responder, Pereira confirmou que a UPA está com uma demanda excessiva, atendendo em média 500 pacientes por dia.
Ao Governo, a oposição vai sugerir, na prestação de contas a ser feita da tribuna da Assembleia, na próxima semana, que Santa Cruz do Capibaribe passe a ter um hospital regional para atender os seis municípios da região. Principal polo de confecções do Estado, Santa Cruz tem, hoje, uma população da ordem de 100 mil habitantes, mas uma estrutura de saúde extremamente precária.
Em outra ação, desta feita voltada para o maior drama de Santa Cruz, o abastecimento de água em colapso, os deputados Silvio Filho, Augusto César, Álvaro Porto, Socorro Pimentel, Joel da Harpa e Júlio Cavalcante, que integraram a caravana oposicionista ao município, foram recebidos por um dos coordenadores da Compesa no município. Falando mais abertamente, ele disse que a cidade está mergulhada num tremendo caos por falta de água.
Pelo cronograma estabelecido forçadamente pela Compesa, a água só chega às torneiras duas vezes por mês, mesmo assim só contemplando 30% da população. A solução definitiva, segundo ele, está na adutora do Agreste, que depende da conclusão das obras da Transposição do São Francisco. Os deputados, entretanto, estavam interessados em saber se o projeto do sistema Pirangi, anunciado como reforço do abastecimento, amenizaria. O representante da Compesa disse que se trata de uma saída que depende da barragem do sistema Prata, que abastece Caruaru. E que mesmo saindo só cobriria 30% das necessidades da população.
No mais, tudo funcionou perfeitamente, como as visitas ao Batalhão da Polícia, onde se constatou que motos tiveram que ser recuperadas por empresários para serem usadas por agentes da Rocam, simplesmente porque o Estado não estava repassando os recursos necessários. Quanto às estradas, o maior desapontamento se deu na PE-160, que liga Santa Cruz ao distrito de Pão de Açúcar, que o Governo anunciou a retomada das obras, mas lá os parlamentares não encontraram um só operário trabalhando bem tampouco as máquinas.
GARANHUNS– A próxima etapa da peregrinação da oposição na fiscalização das ações do Governo Paulo Câmara será em Garanhuns, na próxima quarta-feira. E está sendo aguardada com muita expectativa pelo fato do prefeito Izaias Régis (PTB), do grupo do senador Armando Monteiro, não ter recebido o governador Paulo Câmara, na última quinta-feira, para a programação do seminário “Pernambuco em ação”. Está previsto um manifesto respaldando a decisão do prefeito, que foi fortemente atacado por deputados da base governista, chegando a ser tachado de mal-educado e apontado sem estatura para a função.
Pacote contra a violência– Enquanto a oposição tacava o pau no Governo em Santa Cruz do Capibaribe, ontem, no final da tarde, o governador Paulo Câmara (PSB) anunciava as medidas para reduzir a violência em todas as regiões do Estado. Trata-se de um pacote de ações de investimento na área da segurança pública. Somente na renovação e ampliação das frotas das polícias civil, militar e Corpo de Bombeiros serão investidos R$ 150,8 milhões até 2018. Outra preocupação é o aumento do efetivo policial. Para tanto, está previsto um incremento de 4,5 mil novos policiais nas ruas, significando um aumento de 15% do atual efetivo, implicando em um incremento de R$ 140 milhões/ano na folha.
Fim da contribuição– Relator do projeto que prevê uma reforma trabalhista, o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) apresentou, ontem, à comissão especial da Câmara que discute o tema o parecer preliminar em que propõe algumas garantias ao trabalhador terceirizado e o fim da obrigatoriedade do pagamento da contribuição sindical. O texto foi encaminhado ao Legislativo pelo governo do presidente Michel Temer e propõe uma reformulação nas regras trabalhistas. A leitura serviu apenas para dar conhecimento do teor do relatório aos demais integrantes da comissão. A apresentação oficial será feita na próxima terça-feira.
Pau em Raquel– Do delegado Erick Lessa, que disputou a Prefeitura de Caruaru ao avaliar os cem dias da tucana Raquel Lyra: “A nova gestão da cidade mais importante do interior do Estado, a nossa capital do Agreste pernambucano, completa 100 (cem) dias, entretanto sem muito que comemorar. Não há uma marca dessa nova gestão. O que a cidade inteira na verdade vê é um governo sem ação, ou seria a marca de SEM DIAS DE AÇÃO. Muito se ouve que estão dialogando, construindo, esperando de outros entes federativos o recurso, enfim, o que acontece em nossa querida Caruaru, pelo menos na administração pública do executivo municipal, é muitas reuniões para planejar algo que já deveria estar no plano de governo e agora em execução”.
Prestando contas– O prefeito de São Lourenço, Bruno Pereira (PTB), destacou algumas ações que fez em 100 dias de gestão, entre elas o decreto emergencial para o funcionamento mínimo dos serviços municipais, com exceção das áreas de saúde e educação, por um período de 180 dias. Para diminuir os gastos, reduziu em 15% os contratos de prestação de serviços e 60% os cargos comissionados. Também entregou 40% dos prédios alugados pela Prefeitura. Outra decisão importante, segundo ele, foi a redução de 13 para nove secretarias, com 80% dos cargos ocupadas por mulheres. E mesmo com as dificuldades financeira encontradas ao assumir a gestão, disse que efetuou o pagamento das folhas de funcionários que estavam atrasadas desde o ano passado.
CURTAS
DINHEIRAMA– O empresário Marcelo Odebrecht disse em depoimento ao juiz Sérgio Moro que destinou milhões para o "amigo", codinome referente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Primeiro, ele cita o depósito de R$ 35 milhões; depois, fala em R$ 40 milhões. A conta, diz Odebrecht, era gerida pelo ex-ministro petista Antonio Palocci.
CANDIDATO– O prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, Edson Vieira (PSDB), que não anda bem de opinião pública, anda dizendo aos seus aliados que se o ministro das Cidades, Bruno Araújo, entrar numa chapa majoritária em 2018, como se especula, largará a Prefeitura para disputar um mandato de deputado federal. O que dirá a população, que o reelegeu?
Perguntar não ofende: Brasília virou de cabeça para baixo depois da lista de Fachin?