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O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot pediu a seus pares e aos servidores do Ministério Público Federal que coloquem o País "a serviço de todos os brasileiros, e não apenas da parcela de larápios egoístas e escroques ousados que, infelizmente, ainda ocupam vistosos cargos em nossa República".

Janot enviou uma carta a todos os procuradores e servidores do Ministério Público Federal. No documento de quatro páginas, ele afirmou ainda que "nunca" falhou "por omissão, por covardia ou por acomodação". O ex-procurador-geral da República não foi à posse de sua sucessora, Raquel Dodge, nesta segunda-feira, 18.

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A carta de Janot não cita nomes. Destaca o trabalho realizado nos quatro anos de suas duas gestões. "Espero que a semente plantada germine, frutifique e que esse trabalho coletivo de combate à corrupção sirva como inspiração para a atual e futuras gerações de brasileiros honrados e honestos. O Brasil é nosso! Precisamos acreditar nessa ideia e trabalhar incessantemente para retomar os rumos deste país", afirmou no documento.

Nos seus últimos dias no comando do Ministério Público, Janot apresentou denúncia contra o presidente Michel Temer por organização criminosa e obstrução da Justiça. Em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência disse que a acusação é "recheada de absurdos". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, tomou posse nesta segunda-feira, 18, e afirmou que a "harmonia entre os poderes é um requisito para a estabilidade da nação". Raquel assume em um momento de conflito entre o presidente Michel Temer (PMDB) e seu antecessor Rodrigo Janot.

Na quinta-feira passada, dia 14, Janot denunciou Temer por organização criminosa, pelo "quadrilhão" do PMDB e obstrução de justiça, no caso JBS.

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O presidente participou da cerimônia. Estiveram na solenidade também a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Ausente na cerimônia, Janot não transferiu o cargo para a sucessora.

O discurso de Raquel Dodge durou cerca de 10 minutos. Ela assume a cadeira que foi de Janot por quatro anos. "O Ministério Público, como defensor constitucional do interesse público, posta-se ao lado dos cidadãos para cumprir o que lhe incumbe claramente a Constituição e de modo a assegurar que todos são iguais e todos são livres, que o devido processo legal é um direito e que a harmonia entre os poderes é um requisito para a estabilidade da nação", afirmou.

Raquel ficou em segundo lugar na lista tríplice da eleição ao cargo, atrás do subprocurador-geral da República Nicolao Dino, preferido de Janot, mas foi indicada por Temer. A eleição é tradicionalmente promovida pela Associação Nacional dos Procuradores da República. No Senado, ela teve aprovação de 74 senadores.

Dodge integra o Ministério Público Federal há três décadas e chegou a liderar as investigações, por exemplo, da Operação Caixa de Pandora, que mirou o chamado "Mensalão do DEM", e prendeu o ex-governador José Roberto Arruda, enquanto exercia o cargo, em 2009.

"No ofício que ora assumo, o trabalho será cotidiano e extenuante. Precisaremos da ajuda de todos os membros e servidores do Ministério Público, pois a grandeza dessa nação tem sido construída de modo árduo", afirmou a nova procuradora-geral.

Afinado às críticas sobre a atuação de Rodrigo Janot nos quatro anos em que esteve à frente da Procuradoria-Geral da República, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou neste domingo, 17, ser preciso "menos ativismo político dos agentes públicos".

"(É preciso) mais equilíbrio institucional, mais diálogo e harmonia entre os Poderes. O País precisa é de tranquilidade para trabalhar, gerar empregos e distribuir renda", disse o peemedebista.

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Um dos últimos atos de Janot no cargo, há pouco mais de uma semana, foi denunciar o grupo político do PMDB do Senado por organização criminosa - o "quadrilhão" do PMDB do Senado. Eunício não foi incluído na denúncia, embora responda a outro inquérito relacionado à Lava Jato.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da bancada petista no Senado e também alvo da Lava Jato, disse não esperar que as investigações sejam interrompidas, "mas que Raquel Dodge reconquiste a sobriedade necessária à PGR". "Esperamos também que causas ligadas aos direitos humanos, defesa da Amazônia, e causas indígenas tenham prioridade pela história de atuação anterior dela."

Para o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), a expectativa é de que Raquel conduza as investigações com "seriedade". "O passado da Raquel Dodge é um atestado do comportamento dela. Ela é uma pessoa equilibrada, comprometida com a lei e com a investigação séria", disse. "Ela é comprometida com o objetivo do Ministério Público, que é de fazer acusação, mas com responsabilidade. Acho que isso vai pautar o comportamento dela. É o que eu espero."

Sobre a nomeação de Luciano Maia, seu primo, como vice-procurador-geral na equipe de Raquel, Agripino Maia afirmou não ter qualquer influência. "A composição das pessoas é ela quem define. Longe de mim ter força para qualquer tipo de influência nesse sentido. Qualquer mudança de comando resulta em troca de equipe, não é anormal", disse o senador, também denunciado por Janot em caso relacionado à Operação Lava Jato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em guerra declarada com o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, o presidente Michel Temer vai adotar um tom conciliador e defender a independência e maior harmonia entre os Poderes no discurso que fará na posse de Raquel Dodge. Ela é a primeira mulher a assumir a Procuradoria-Geral da República (PGR), o que também será destacado na fala do presidente. A expectativa é de que Temer não faça menção a Janot em seu breve discurso na cerimônia, marcada para as 8 horas, na sede da instituição.

Em seguida, o presidente embarca para os Estados Unidos, onde participa da Assembleia-Geral da ONU. Alvo de duas denúncias e um inquérito apresentados na gestão de Janot, o presidente pretende chamar a atenção para a participação feminina no comando de órgãos ligados ao Judiciário - além de Raquel no Ministério Público Federal, Cármen Lúcia no Supremo Tribunal Federal (STF) e Laurita Vaz no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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Outro desafeto do ex-PGR, o ministro Gilmar Mendes, do STF, também tem presença confirmada na cerimônia desta segunda-feira, 18. Há dez dias, o ministro chegou a dizer que Janot foi o procurador-geral "mais desqualificado da história".

Janot deixa o cargo após enfrentar o seu pior momento - em suas próprias palavras - na reta final do mandato. O ex-procurador rescindiu na semana passada o acordo de colaboração premiada com executivos do Grupo J&F após suspeitas de "jogo duplo" de um de seus auxiliares, o ex-procurador Marcello Miller, que teria orientado a delação. O desfecho do acordo, o mais bombástico da gestão de Janot tanto pelos benefícios aos delatores como por acusar diretamente o presidente da República, abriu brecha para uma série de críticas ao ex-procurador-geral.

Mudanças

A nova procuradora-geral da República toma posse com a expectativa de ter uma atuação mais discreta e menos midiática do que seu antecessor, e sob incertezas do rumo que pretende dar à Operação Lava Jato.

A nova chefe do Ministério Público Federal já sinalizou que mudará a equipe e terá como um dos focos evitar vazamentos de informações dos processos - outro motivo de crítica recorrente a Janot. Na tarde de anteontem, dois procuradores que atuam na Operação Lava Jato foram avisados de que serão dispensados em 30 dias das funções.

O procurador José Alfredo de Paula Silva, coordenador do grupo de trabalho da Lava Jato na gestão de Raquel, avisou a Rodrigo Telles e Fernando Antonio de Alencar que serão dispensados da equipe. Ambos haviam manifestado vontade de permanecer no grupo de trabalho.

Raquel também já sinalizou que quer dar atenção a outras áreas, não só à Lava Jato. Exemplo disso é que seu vice, Luciano Mariz Maia, tem uma atuação voltada para questões de direitos indígenas. Ele é coordenador da Câmara de Coordenação e Revisão de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais, tendo sido por quatro anos procurador federal dos Direitos do Cidadão adjunto. Raquel também pretende incluir mais mulheres em sua equipe.

Entre políticos que passaram a ser investigados durante a gestão de Janot, a expectativa em relação a Raquel é de que ela conduza os trabalhos de forma bem diferente de seu antecessor. "É uma mudança completa de postura, de uma pessoa que, espero, vá cumprir o seu dever. Não queremos o perfil de um procurador que tira foto ao lado de um cartaz dizendo que ele é a salvação do Brasil", afirmou ao Estado o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do seu partido, um dos mais envolvidos em suspeitas na Lava Jato.

Saída

Janot não participará da solenidade. Na sexta-feira, em seu último dia útil como procurador-geral, ele se despediu do cargo em uma cerimônia interna com apenas membros da Procuradoria e servidores. Janot fez um balanço da gestão e ganhou de presente um arco e flecha, enviado pela tribo Xokó, de Sergipe. O presente foi uma alusão à frase "enquanto houver bambu, lá vai flecha", dita por ele na reta final de seu mandato logo após apresentar a primeira denúncia contra Temer por corrupção passiva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Supremo Tribunal Federal (STF) não deve atender, em julgamento marcado para a próxima quarta-feira, ao pedido do Palácio do Planalto para suspender a nova denúncia contra o presidente Michel Temer por organização criminosa e obstrução de Justiça. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, a tendência do STF é dar aval ao ministro Edson Fachin, relator do caso, para remeter a acusação formal contra Temer à Câmara.

Fachin decidiu na quinta-feira passada, "em homenagem à colegialidade e à segurança jurídica", aguardar o julgamento da Corte, mas ressaltou que, mesmo nesse caso, "seria cabível imediato encaminhamento da denúncia ora oferecida à Câmara dos Deputados".

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Pelo menos cinco ministros indicam que tendem a acompanhar o relator no argumento de que o Supremo não deve suspender a tramitação da nova denúncia contra Temer.

Na Corte, há o receio de algum pedido de vista interromper o julgamento da próxima semana - o ministro Alexandre de Moraes teria sinalizado essa intenção na quarta-feira passada.

O pedido do presidente para suspender o caso é visto com receio por procuradores do Ministério Público Federal e criticado por integrantes da Corte, como o ministro Marco Aurélio Mello. "Apresentada a denúncia, cumpre ao relator encaminhá-la à Câmara. Os tempos são estranhos, mas eu não consigo perceber o agasalho jurídico-constitucional dessa posição, manietando (imobilizando, obstruindo) quem não pode ser manietado, porque atua em defesa da sociedade", disse.

A segunda acusação formal foi apresentada após o Supremo rejeitar o afastamento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, das investigações contra Temer no caso J&F. Após a decisão, Janot, que deixa o cargo neste fim de semana, apresentou anteontem a nova denúncia contra Temer - a primeira, por corrupção passiva, foi barrada pela Câmara.

Segundo o procurador-geral, no que diz respeito ao crime de organização criminosa, Temer "dava a necessária estabilidade e segurança ao aparato criminoso, figurando ao mesmo tempo como cúpula e alicerce da organização". Janot também denunciou os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) por organização criminosa, mas o Planalto já avisou que não vai afastá-los porque a acusação da PGR tem como base "delações fraudadas". Em fevereiro, Temer havia dito que afastaria ministros denunciados na Lava Jato.

O procurador também informou na quinta-feira, 14, que rescindiu o acordo de colaboração premiada de Joesley Batista e Ricardo Saud, respectivamente dono e ex-executivo do Grupo J&F. A rescisão do acordo em virtude de omissão de fatos ainda precisa ser homologada por Fachin. A defesa de Temer quer que o Supremo não envie a denúncia à Câmara até que sejam esclarecidos os indícios de irregularidade envolvendo as delações.

Jurisprudência

Para integrantes da Corte, nessa primeira etapa, o STF apenas deve encaminhar a peça para a Câmara e só se pronunciar posteriormente, caso os deputados autorizem o seu processamento. Dessa forma, não caberia neste momento a discussão da validade de provas antes mesmo da análise do caso pela Câmara.

Em conversa com colegas, um ministro mencionou que quando Fachin recebeu a primeira denúncia contra Temer, em junho, apenas "chutou para frente", encaminhando o caso para a Câmara sem analisar o mérito.

Fachin fez uma ampla pesquisa na jurisprudência do STF para embasar o seu voto, já distribuído aos integrantes da Corte. Há precedente em habeas corpus de 2015, de relatoria de Dias Toffoli, que indica que a delação não pode ser impugnada por delatados. Por esse entendimento, não caberia manifestação da defesa de Temer sobre o acordo de colaboração firmado com a J&F.

No mesmo habeas corpus de Toffoli, usado em decisões pelo antigo relator da Operação Lava Jato, Teori Zavascki, há indicação de que a "desconstituição" do acordo tem eficácia restrita às partes e não beneficia ou prejudica terceiros.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com um arco e flecha recebido como presente, Rodrigo Janot encerrou a apresentação do balanço de sua gestão na Procuradoria-Geral da República, em cerimônia interna nesta sexta-feira, 15. O souvenir indígena foi enviado pela tribo Xokó, de Sergipe, numa alusão nada sutil à frase dita recentemente pelo procurador: "Enquanto houver bambu, lá vai flecha", sobre o oferecimento de novas denúncias a envolvidos na Lava Jato.

Janot foi aplaudido por cerca de 400 procuradores e servidores. Compareceram à cerimônia os ex-procuradores-gerais Cláudio Fonteles, Aristides Junqueira e Sepúlveda Pertence. Chamou a atenção a ausência de Raquel Dodge, sua sucessora na PGR, que assume o posto na segunda-feira, 18.

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O relatório da gestão Janot apresentado pela Procuradoria-Geral da República destacou que "pela primeira vez na história do Brasil, um presidente da República foi denunciado por crime supostamente cometido no curso do mandato".

O texto, no entanto, reconhece a polêmica em torno das delações que basearam as investigações contra o presidente Michel Temer. "Por ter previsto imunidade processual, muito se questionou sobre a qualidade das informações trazidas pelos executivos da J&F em acordo de colaboração premiada."

Dois dos principais delatores do grupo, o acionista Joesley Batista e o ex-executivo Ricardo Saud, após divulgação de um áudio que indicou omissão de informações importantes em seus depoimentos, tiveram o acordo de colaboração rescindido por Janot e foram denunciados na quinta-feira, 14, junto com Temer por obstrução de Justiça, sob acusação de tentar comprar o compromisso de Lúcio Funaro de não firmar acordo de delação premiada. Funaro foi o operador das propinas movimentadas pelo PMDB na Câmara.

O grupo de trabalho criado para auxiliar o Janot na Lava Jato contou com dez integrantes efetivos e mais cinco colaboradores. A PGR assinala que o número de investigados já chega a 450, entre pessoas físicas e jurídicas, divididos em 178 inquéritos. Foram firmados 159 acordos de colaboração premiada. Janot afirmou, no evento, que a Lava Jato respondeu por 18,7% dos processos movimentados pela PGR no STF.

A PGR também destacou a redução em 70% do número de processos judiciais no gabinete, que era de 2.330 na posse de Janot, em 2013, e no fim de agosto estava em 595.

O presidente Michel Temer quer matar na raiz a segunda denúncia do procurador-geral da República Rodrigo Janot, que a ele atribui organização criminosa e obstrução de Justiça. Em petição protocolada no final da tarde desta sexta-feira, 15, no Supremo Tribunal Federal (STF), os advogados do peemedebista requerem ao ministro Edson Fachin a devolução imediata da acusação ao gabinete de Janot. Eles alegam que o procurador incluiu "fatos delituosos" anteriores ao mandato de Temer, "razão pela qual o chefe da Nação não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções".

O pedido a Fachin é subscrito pelos criminalistas Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e Jorge Urbani Salomão, que defendem o presidente.

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Os advogados pretendem que Janot "adeque a exordial (denúncia) no que tange ao sr. Michel Temer, retirando do texto acusatório os supostos fatos delituosos estranhos ao exercício das suas funções presidenciais, nos exatos termos do artigo 86, § 4º, da Constituição Federal".

A defesa do presidente pede que Fachin mande de volta a denúncia de 245 páginas à Procuradoria antes do julgamento da questão de ordem - marcado para quarta-feira, 20, por meio da qual pleiteia que não seja autorizado encaminhamento à Câmara de nova acusação baseada nas delações da JBS dada a existência de investigação sobre violação ao acordo de colaboração dos executivos do grupo.

"Da leitura da peça vestibular, exsurge que quase todos os supostos fatos delituosos narrados e imputados ao sr. presidente da República são anteriores ao seu mandato", insiste a defesa. "Apesar da extensa peça inaugural, não se notou nenhum parágrafo sequer a excepcionar a regra constitucional imunizante."

O empresário Joesley Batista, dono da JBS, criticou nesta sexta-feira, 15, o que ele chamou de "covardia" do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, "depois de tudo que fizeram". Na quinta-feira, 14, quando apresentou a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, Janot também notificou o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, que estava rescindindo o contrato de delação premiada com os executivos da JBS.

"Foi covardia (do procurador-geral da República, Rodrigo Janot) depois de tudo o que fizemos", disse Joesley, em depoimento à Justiça Federal, em São Paulo, nesta sexta. O executivo depõe no âmbito da Operação Acerto de Contas, 2ª fase da Tendão de Aquiles.

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"Estou pagando por ter deletado o poder", afirmou o dono da empresa à juíza Tais Ferracini, da 6ª Vara Criminal de São Paulo. A audiência ainda está acontecendo e é aberta para profissionais de imprensa.

Desde domingo, 10, Joesley e Ricardo Saud, também colaborador, estão presos em Brasília - nesta sexta, Joesley deve passar a noite na sede da Polícia Federal em São Paulo. Ao comunicar a rescisão das colaborações, Janot também converteu a prisão temporária, cujo prazo encerrava ontem, para prisão preventiva, que não tem período máximo.

A Procuradoria-Geral conseguiu resgatar áudios deletados de Saud e Joesley que indicam jogo-duplo do ex-procurador Marcello Miller. Por entender que eles omitiram fatos, os delatores, que conseguiram imunidade total após apresentarem à PGR gravações incriminando Temer e outros políticos do alto escalão, perderam os benefícios do acordo.

Os depoimentos desta sexta são no âmbito do inquérito que investiga se a JBS fez uso de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro. O executivo negou as acusações.

"As vendas das ações foram por um único e exclusivo motivo de necessidade de caixa", diz Joesley Batista. "As ações são nossos ativos líquidos. Os bancos restringiram crédito para nós. Com a situação dos bancos, que não renovaram suas linhas de crédito, as vendas da ação não têm nada a ver com insider", completou.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cravou que o presidente da República, Michel Temer (PMDB), deixou de nomear Moreira Franco a um cargo em uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal e avalizou a indicação de Fábio Cleto, aliado de Cunha e delator, porque sabia "que o potencial para arrecadar" do ex-deputado era "bem superior" ao do ministro. A constatação foi feita no âmbito de denúncia movida pelo chefe do Ministério Público Federal contra o "Quadrilhão do PMDB" na Câmara.

Na quinta-feira, 14, Janot acusou de organização criminosa o presidente e ainda o ex-ministro Geddel Vieira Lima, os ex-presidentes da Câmara Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, o ex-assessor especial de Temer, Rodrigo Loures, e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.

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O procurador pede ainda multa de R$ 55 milhões aos integrantes do "quadrilhão", perda de cargo público, e uma pena maior para o presidente por ele supostamente ocupar a posição de líder.

O procurador-geral sustenta que os peemedebistas usaram órgãos públicos, como Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados para cometer crimes. Temer é apontado como o líder da organização criminosa desde maio de 2016.

Na mesma peça, o procurador-geral ainda imputa ao presidente da República o crime de obstrução de Justiça por causa dos supostos pagamentos indevidos para evitar que Lúcio Funaro firmasse acordo de colaboração premiada. Temer é acusado de instigar Joesley Batista a pagar, por meio de Ricardo Saud, vantagens a Roberta Funaro, irmã de Lúcio Funaro.

Na peça, o procurador vê a rápida ascensão de Eduardo Cunha no âmbito do PMDB e na organização criminosa, entre outros fatores, por sua atuação direta e incisiva na arrecadação de valores lícitos ou ilícitos; e pelo mapeamento e controle que fazia dos cargos e pessoas que o ajudariam nos seus projetos.

"Nesse contexto, Eduardo Cunha conseguiu a nomeação de Fábio Cleto em detrimento de Moreira Franco numa das Vice-Presidências da CEF, quando, então, Moreira Franco foi acomodado na Secretaria de Assuntos Estratégicos. É evidente que houve perdas para Moreira Franco, uma vez que a Secretaria de Assuntos Estratégicos tinha um orçamento ínfimo, o que dificultava a cobrança de propina. Mas Michel Temer sabia que o potencial para arrecadar propina de Eduardo Cunha era bem superior ao de Moreira Franco e por isso concordou com o pedido de Eduardo Cunha", anota.

Para o procurador-geral, "vale ressaltar que, em regra, Eduardo Cunha repartia uma parcela da propina por ele arrecadada com Michel Temer e Henrique Eduardo Alves, como forma de garantir que seus pleitos fossem por eles atendidos. Eduardo Cunha ainda conseguiu indicar o Ministro da Agricultura Antônio Andrade, sempre com o aval de Henrique Eduardo Alves e Michel Temer".

Outro lado

Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República destacou que o procurador-geral da República continua sua "marcha irresponsável para encobrir suas próprias falhas". "Ignora deliberadamente as graves suspeitas que fragilizam as delações sobre as quais se baseou para formular a segunda denúncia contra o presidente da República, Michel Temer. Finge não ver os problemas de falta de credibilidade de testemunhas, a ausência de nexo entre as narrativas e as incoerências produzidas pela própria investigação, apressada e açodada."

Segundo a nota da secretaria, ao fazer esse movimento, Janot tenta criar fatos para encobrir a necessidade urgente de investigação sobre pessoas que integraram sua equipe e em relação "às quais há indícios consistentes de terem direcionado delações e, portanto, as investigações". "Ao não cumprir com obrigações mínimas de cuidado e zelo em seu trabalho, por incompetência ou incúria, coloca em risco o instituto da delação premiada. Ao aceitar depoimentos falsos e mentirosos, instituiu a delação fraudada. Nela, o crime compensa. Embustes, ardis e falcatruas passaram a ser a regra para que se roube a tranquilidade institucional do país."

Quanto à segunda denúncia, a nota divulgada diz que ela "é recheada de absurdos". "Fala de pagamentos em contas no exterior ao presidente sem demonstrar a existência de conta do presidente em outro país. Transforma contribuição lícita de campanha em ilícita, mistura fatos e confunde para tentar ganhar ares de verdade. É realismo fantástico em estado puro", destaca a secretaria na nota. "O presidente tem certeza de que, ao final de todo esse processo, prevalecerá a verdade e, não mais, versões, fantasias e ilações. O governo poderá então se dedicar ainda mais a enfrentar os problemas reais do Brasil."

Cezar Bitencourt, que defende Rodrigo Rocha Loures disse que ele não participou de nenhum acordo de pagamento ou recebimento de propinas atribuído ao PMDB da Câmara. "Rodrigo era apenas um assessor pessoal do Presidente e não tinha nenhuma intervenção em atividades financeiras, ao contrário da recente denúncia contra o PMDB da Câmara. A defesa repudia veemente mais uma denúncia leviana de Rodrigo Janot!!!"

Daniel Gerber, que defende Eliseu Padilha, destacou que, sobre a denúncia por organização criminosa feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal, contra o ministro da Casa Civil, a avaliação é a seguinte: "Entendo como equivocada o oferecimento de uma denúncia com base em delações que estão sob suspeita, mas iremos demonstrar nos autos a inexistência da hipótese acusatória."

O advogado Delio Lins e Silva Júnior, que defende Eduardo Cunha, salientou que, sobre a nova denúncia oferecida pela PGR, "a defesa de Eduardo Cunha tem a dizer que provará no processo o absurdo das acusações postas, as quais se sustentam basicamente nas palavras de um reincidente em delações que, diferentemente dele, se propôs a falar tudo o que o Ministério Público queria ouvir para fechar o acordo de colaboração".

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, defensor dos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud, disse em nota divulgada nesta quinta-feira, 14, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tenta usurpar a competência do Supremo Tribunal Federal (STF) ao querer rescindir de forma unilateral o acordo de colaboração premiada homologado pelo ministro Edson Fachin.

"A Procuradoria, já há tempos, tem tentado agir como se fosse o próprio Poder Judiciário. E, ao que parece, todo esse turbilhão de acontecimentos e medidas drásticas e nada usuais, tomadas claramente de afogadilho, evidentemente por estar o procurador em final de mandato, parece demonstrar certa desconfiança com a nova gestão, pois trata-se de criar fatos bombásticos, a atrair toda a atenção da imprensa e dos poderes da República, na busca de um gran finale", disse Kakay.

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De acordo com o advogado, seus clientes "acreditaram na boa-fé do Estado" e "se entregaram à segurança jurídica que julgavam ter o instituto da delação". Kakay acusa Janot, "de maneira desleal e açodadamente", de apresentar uma denúncia fundada em provas produzidas na própria delação, sem aguardar um posicionamento do STF sobre a validade do acordo.

Kakay também criticou Janot por ter mudado de postura sem, na sua visão, ter um motivo relevante, "certamente como forma de tentar contornar as críticas à imunidade total antes firmada pelo PGR e concedida aos delatores".

Vice-líder do governo no Senado, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) afirmou nesta quinta-feira, 14, que a nova denúncia contra o presidente Michel Temer traz mais insegurança ao País. Temer é acusado pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de obstrução de justiça e organização criminosa.

"O Brasil não suporta mais ficar nessa insegurança. Agora, seja a solução, mesmo que não seja a melhor, é o que nós temos. Temos que avançar", afirmou Flexa Ribeiro.

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Questionado se acredita que a nova denúncia seja barrada na Câmara, a exemplo do que ocorreu com a primeira, ele disse que sim, embora admita que o seu partido, o PSDB, seguirá dividido. "Não haverá unidade no PSDB", disse.

Na votação da primeira denúncia, dos 47 deputados federais do partido, 22 votaram contra o andamento do processo, ante 21 a favor e 4 abstenções.

O presidente Michel Temer não vai afastar os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), seus dois principais auxiliares no Palácio do Planalto denunciados nesta quinta-feira, 14, pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Embora tenha fixado, há sete meses, uma "linha de corte" para investigados da Lava Jato, Temer descumprirá a promessa, sob o argumento de que a acusação da PGR tem como base "delações fraudadas".

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Em fevereiro, o presidente afirmou que ministros denunciados pelo Ministério Público na Operação Lava Jato seriam afastados temporariamente e, se virassem réus, demitidos.

Tudo foi planejado por assessores de Temer para enfrentar a crise, levando em conta a morosidade da Justiça. Agora, porém, o presidente afirma que Janot investiu em uma "marcha irresponsável para encobrir as próprias falhas".

Questionada oficialmente nesta quinta, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência não se manifestou sobre o motivo de Temer descumprir sua promessa. Em conversas reservadas, no entanto, o presidente observou que afastar ministros seria o mesmo que dar vitória a Janot. Moreira Franco e Padilha são os dois peemedebistas mais próximos de Temer, responsáveis pela articulação política com o Congresso. Várias vezes, porém, eles divergem sobre temas do governo.

Integrantes do núcleo duro do Planalto, eles se transformaram em sobreviventes da crise política, após a queda de Geddel Vieira Lima e de assessores especiais como José Yunes, Rodrigo Rocha Loures, Tadeu Filipelli e Sandro Mabel. Em junho, Rocha Loures foi flagrado pela Polícia Federal arrastando uma mala com R$ 500 mil.

Se afastados do cargo, os ministros perdem a prerrogativa de foro privilegiado, que permite investigação e andamento do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), e não na primeira instância.

Por meio de medida provisória, Moreira Franco foi nomeado ministro no início deste ano, acumulando a nova Secretaria-Geral da Presidência com o Programa de Parceria de Investimentos (PPI), responsável pelas concessões.

Sem provas

Ao se defender da denúncia apresentada por Janot, o ministro Eliseu Padilha disse nesta quinta, em nota, que a acusação está "amparada em delatores que, sem compromisso com a verdade, contaram as histórias que pudessem lhe dar vantagens pessoais ante o Ministério Público Federal".

Sem citar o empresário Joesley Batista, dono da J&F, e o corretor Lúcio Funaro, ambos delatores, a nota assinada pela assessoria de Padilha afirmou que, "ao final, com a inexistência de provas, o Poder Judiciário decidirá por sua inocência".

Na mesma linha de desconstrução dos delatores, Moreira Franco argumentou que não existem provas para a denúncia. "Reitero que jamais participei de qualquer grupo para a prática de ilícito", afirmou ele. "Essa denúncia foi construída com a ajuda de delatores mentirosos que negociam benefícios e privilégios", completou.

Retaliação

Aliado de Temer, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), disse na quinta que, se fosse o presidente, não demitiria nenhum ministro por causa da denúncia. Segundo o peemedebista, a promessa foi feita em outro contexto político.

"Existem denúncias e denúncias. Esta não deve ser tratada com a mesma consideração. Vejo um viés político de retaliação, um desejo quase insano de atrapalhar o País", afirmou o deputado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A defesa de Geddel Vieira Lima - que desde a semana passada está preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília, após a Polícia Federal descobrir que escondia R$ 51 milhões em dinheiro vivo num apartamento em Salvador - divulgou nota dizendo que vai rebater em juízo as acusações. O advogado Gamil Föppel, que defende o ex-ministro, rechaçou "categoricamente as imputações".

"A denúncia oferecida é de inegável fragilidade narrativa e probatória" diz a nota. O advogado afirmou que irá rebatê-la em juízo, "quando oportunizado o contraditório". "Mais uma vez, antes de qualquer manifestação do Poder Judiciário, veicula-se o conteúdo da acusação, em que pese a reserva de sigilo que legalmente recai sobre o seu conteúdo, quiçá na tentativa de emparedar e pressionar os julgadores. Registra, desde já, o evidente excesso nas denúncias formuladas, eis que Geddel Vieira Lima é duplamente acusado pela alegada e jamais comprovada prática de uma única conduta."

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O Palácio do Planalto reagiu enfaticamente à nova flechada de Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer e afirmou que o procurador-geral da República segue em "sua marcha irresponsável".

Em nota, a assessoria de Temer alega que Janot age para "encobrir suas próprias falhas".

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A assessoria do presidente afirma que, ao admitir depoimentos "falsos e mentirosos", Janot "instituiu a delação fraudada".

A segunda denúncia, avalia Temer, é "recheada de absurdos".

A nota aponta especificamente um trecho da denúncia de Janot submetida ao Supremo Tribunal Federal (STF) que sustenta pagamentos ilícitos ao presidente em contas no exterior.

"É realismo fantástico em estado puro."

"O presidente tem certeza de que, ao final de todo esse processo, prevalecerá preservada a verdade e não mais versões, fantasias e ilações. O governo poderá, então, se dedicar ainda mais em enfrentar os problemas reais do Brasil."

Outras defesas

Em nota, o PMDB classificou a denúncia apresentada contra o presidente Michel Temer, por obstrução da Justiça e organização criminosa, como "mais um ato de irresponsabilidade" do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. "O PMDB lamenta mais um ato de irresponsabilidade realizado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Toda a sociedade tem acompanhado os atos nada republicanos das montagens dessas delações. A justiça e a sociedade saberão identificar as reais motivações do procurador."

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, negou que tenha participado de qualquer grupo para a prática de ilícito. "Reitero que jamais participei de qualquer grupo para a prática do ilícito. Essa denúncia foi construída com a ajuda de delatores mentirosos que negociam benefícios e privilégios. Responderei de forma conclusiva quando tiver conhecimento do processo", afirmou por meio de nota.

Em nota, Cezar Bitencourt, que defende Rocha Loures, afirmou: "Rodrigo Rocha Loures não participou de nenhum acordo de pagamento ou recebimento de propinas atribuído ao PMDB da Câmara.Rodrigo era apenas um assessor pessoal do Presidente e não tinha nenhuma intervenção em atividades financeiras, ao contrário da recente denúncia contra o PMDB da Câmara. A defesa repudia veemente mais uma denúncia leviana de Rodrigo Janot!!!"

Sobre a denúncia por organização criminosa feita por Janot contra o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o advogado Daniel Gerber que defende o ministro afirma: "Entendo como equivocada o oferecimento de uma denúncia com base em delações que estão sob suspeita, mas iremos demonstrar nos autos a inexistência da hipótese acusatória".

Sobre a nova denúncia oferecida pela PGR, a defesa de Eduardo Cunha tem a dizer que "provará no processo o absurdo das acusações postas, as quais se sustentam basicamente nas palavras de um reincidente em delações que, diferentemente dele, se propôs a falar tudo o que o Ministério Público queria ouvir para fechar o acordo de colaboração".

O advogado Marcelo Leal, que defende Henrique Eduardo Alves, preso durante as investigações da Operação Lava Jato, disse que o ex-ministro "ainda não havia acessado a denúncia e não se manifestaria sobre o tema".

Ao comunicar a rescisão dos acordos de delação premiada dos executivos da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud ao Supremo Tribunal Federal, nesta quinta-feira, 14, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot pediu que as condutas ilícitas cometidas pelos executivos relacionadas a irregularidades do "quadrilhão do PMDB" na Câmara sejam "avaliadas" pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em primeira instância.

Nesta quarta-feira, 14, Janot denunciou o presidente da República, Michel Temer; Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Loures, Eliseu Padilha e Moreira Franco no âmbito do inquérito do "quadrilhão do PMDB" na Câmara. O procurador-geral sustenta que os peemedebistas usaram órgãos públicos, como Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados para cometer crimes. Temer é apontado como o líder da organização criminosa deste maio de 2016.

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Na mesma peça, Janot ainda imputa ao presidente da República o crime de obstrução de justiça por causa dos pagamentos indevidos para evitar que Lúcio Funaro firmasse acordo de colaboração premiada. Neste sentido, Michel Temer é acusado de instigar Joesley Batista a pagar, por meio de Ricardo Saud, vantagens a Roberta Funaro, irmã de Lúcio Funaro.

O comunicado à corte sobre a rescisão dos acordos de colaboração foi feito na cota da denúncia. No documento, Janot afirma que os colaboradores perdem os benefícios concedidos no acordo agora rescindido.

O motivo foi a conclusão de que "houve omissão deliberada, por parte dos referidos colaboradores, de fatos ilícitos que deveriam ter sido apresentados por ocasião da assinatura dos acordos". Janot, no entanto, afirma que as provas obtidas nas delações do Grupo J&F devem ser mantidas. "Em razão disso, houve rescisão destes ajustes, mas isso não limita a utilização das provas por eles apresentadas", disse.

Na cota da denúncia, afirma que "os demais membros da organização pertencentes a outros núcleos, como Joesley Batista e Ricardo Saud, ou mesmo do núcleo político que não foram objeto de imputação devem ter suas condutas avaliadas pelo Juízo competente, no caso, o Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba perante o qual tramitam as seguintes ações".

O procurador-geral pede o desmembramento do inquérito 4.327, remetendo-se cópia de todo o apuratório, bem como da denúncia ora oferecida e desta cota para a 13ª Vara da Seção Judiciária do Paraná, a fim de que seja dado continuidade às investigações em face dos demais envolvidos, não detentores de foro por prerrogativa de função, inclusive Joesley Batista e Ricardo Saud.

A defesa do senador Aécio Neves (PSDB) disse em nota, nesta quinta-feira, 14, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, viola princípios do Estado Democrático de Direito e que o parlamentar foi vítima de armação dos executivos da J&F Joesley Batista e Ricardo Saud, em resposta à possibilidade de um pedido de prisão preventiva ser julgado na próxima semana pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

O ministro Marco Aurélio Mello, relator do inquérito que apura o suposto pagamento de R$ 2 milhões pela J&F a pessoas ligadas ao tucano, pautou o caso para a próxima terça-feira, mas antes haverá a discussão sobre onde o pedido de prisão deve ser analisado. A defesa quer o julgamento no plenário, enquanto a PGR defende que seja na Primeira Turma, conforme o entendimento inicial do ministro Marco Aurélio Mello. Se a preliminar da defesa for rejeitada, começará o julgamento do pedido da PGR.

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O julgamento do pedido de prisão havia sido pautado originalmente para 20 de junho. Durante a sessão, no entanto, houve um adiamento diante de uma questão preliminar levantada pela defesa. O novo julgamento acontecerá três meses após este adiamento.

Veja a íntegra da nota de Aécio:

"Ao insistir pela terceira vez em um injustificado e inconstitucional pedido de prisão já negado pelos Ministros Edson Fachin e Marco Aurélio, o Procurador Geral da República, como já afirmou o Ministro Marco Aurélio, ignora princípios elementares de um Estado Democrático, como a tripartição dos Poderes. O senador Aécio Neves foi, na verdade, vítima de uma grande e criminosa armação engendrada pelos senhores Joesley Batista e Ricardo Saud em busca dos benefícios de uma generosa delação. A defesa do senador confia na manutenção das decisões anteriores porque estão alicerçadas no que diz a Constituição brasileira. O tempo e as provas que vêm vindo à tona demonstrarão quem são os verdadeiros delinquentes, que deverão responder por seus crimes."

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, quer que o ex-ministro Antonio Palocci seja testemunha de acusação no processo contra o "quadrilhão" do "PMDB da Câmara", que incluiu o presidente Michel Temer, acusado de organização criminosa e tentativa de obstrução à Justiça.

A denúncia é a flechada derradeira de Janot, que deixa o cargo no dia 17, nas investigações do "quadrilhão" formado por membros do PT, do PMDB e do PP, acusados de corrupção pela Operação Lava Jato.

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A acusação imputa ao grupo, encabeçado por Temer e que inclui dois ministros, Eliseu Padilha e Moreira Franco, além do ex-ministro Geddel Vieira Lima, o homem das malas de R$ 51 milhões, e os ex-deputados Eduardo Cunha e Rodrigo Rocha Loures, o acerto de R$ 587 milhões em propinas.

Janot colocou no rol de testemunhas da PGR 44 nomes, sendo que 40 deles são delatores - a denúncia considera 36 como colaboradores no caso - e outros candidatos a delator, como Palocci e José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS. Na lista dos não colaboradores está o amigo de Temer Jose Yunes.

Palocci confirmou a existência do esquema de fatiamento político da Petrobras entre PT, PMDB e PP e apontou Lula como maior beneficiário. São quatro denúncias do quadrilhão da Lava Jato: uma contra políticos do PP, uma contra os do PT, que inclui Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff, uma contra o PMDB do Senado e essa contra o PMDB da Câmara.

Só na Petrobras, o grupo liderado por Temer é acusado de receber R$ 350 milhões em propinas. Com a inclusão das descobertas da corrupção ligadas à JBS e de outras, como no Ministério da Integração Nacional, a denúncia alcança o valor de R$ 857 milhões.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira, 14, que enviará a nova denúncia contra o presidente Michel Temer para a Comissão de Constituição e Justiça da Casa (CCJ) assim que a acusação chegar à Casa legislativa.

A declaração foi dada pelo parlamentar em entrevista à imprensa após participar de palestra na Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Uberaba (MG), onde cumpre agenda nesta tarde, e repassada ao Estadão/Broadcast pela assessoria da Presidência da Câmara.

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Segundo a assessoria de Maia, o parlamentar fluminense disse que vai "cumprir seu papel institucional" e encaminhar a denúncia para a CCJ assim que ela chegar à Câmara. Dessa forma, ele não pretende esperar o Supremo concluir julgamento do pedido da defesa de Temer para suspender a segunda acusação.

O presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), por sua vez, também afirmou que a nova denúncia contra o presidente Michel Temer apresentada nesta quita-feira pela Procuradoria-Geral da República (PGR) tramitará normalmente no colegiado, tão logo ela chegue à comissão.

"Não precisa esperar (o julgamento do pedido da defesa de Temer pelo Supremo). Se houver alguma ordem judicial de suspensão, vamos cumprir. Mas não posso presumir que haverá suspensão. Temos que seguir com os trabalhos", afirmou ao Estadão/Broadcast.

Trâmites

A denúncia foi protocolada nesta quinta-feira pelo procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, no STF. De lá, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, notificará Temer para resposta dentro de um prazo de até 15 dias. Após a notificação, o STF enviará a denúncia para a Câmara dos Deputados.

Na Casa Legislativa, a acusação será recebida por Rodrigo Maia, que também notificará Temer e despachará a denúncia para a CCJ. A comissão será o primeiro local da Câmara onde a denúncia será analisada. De lá, o pedido da PGR seguirá para votação no plenário da Casa.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta quinta-feira, 14, nova denúncia contra o presidente Michel Temer. O peemedebista é acusado agora pelas práticas de organização criminosa e obstrução de justiça. Em junho, Janot ofereceu denúncia contra Temer por corrupção passiva, mas a Câmara dos Deputados barrou a acusação.

Por obstrução de justiça foram denunciados Temer, e os executivos Joesley Batista e Ricardo Saud. Também foram denunciados por organização criminosa os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco; o ex-ministro Geddel Vieira Lima; e os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures.

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As acusações contra o presidente têm como base delações dos executivos do grupo J&F, que entregaram à Procuradoria uma gravação de conversa com Temer no Palácio do Jaburu, e do operador Lúcio Funaro. Além disso, a denúncia utiliza os elementos colhidos pela Polícia Federal em investigação sobre o chamado "quadrilhão do PMDB da Câmara".

O relatório da Polícia Federal, usado na denúncia, aponta que integrantes do PMDB, incluindo o presidente Michel Temer, formaram uma organização criminosos para cometer crimes - como corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas - e atuar na Petrobras e em outras esferas da administração pública. O documento indica também que Temer recebeu R$ 31,5 milhões de vantagens por participar do grupo.

Há indícios de organização criminosa porque os peemedebistas investigados tinham poder sobre os demais membros do grupo e a capacidade de repartir o dinheiro obtido por meio de práticas ilícitas como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e evasão de divisas.

Em delação premiada, o corretor Lúcio Bolonha Funaro disse que Temer tinha diferentes operadores em órgãos públicos, como a Caixa, o Ministério da Agricultura e a Câmara dos Deputados. Cabia a eles atender aos interesses de grandes empresas que, supostamente, aceitavam dar dinheiro ao chamado "quadrilhão do PMDB". Funaro teria atuado para o partido entre 2004 e 2014.

Segundo o delator, Temer dividiu com o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) - ex-homem forte de seu governo, atualmente preso - propina da Odebrecht na campanha de 2014. Ele narra ter buscado R$ 1 milhão em espécie, pago pela empreiteira, no escritório do advogado e ex-deputado José Yunes, amigo do presidente.

A partir de agora, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, precisa decidir se encaminha imediatamente a acusação à Câmara. A Corte iniciou ontem julgamento que pode retardar esse envio, no qual a defesa de Temer pede a "sustação" do processamento da denúncia até que a PGR conclua a análise sobre o acordo da J&F. Na Procuradoria, contudo, a avaliação é de que mesmo a possível rescisão do contrato com Joesley Batista não prejudica a acusação - porque as provas produzidas continuarão válidas e porque a acusação é fundamentada em outras delações e indícios de provas.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou ao Supremo Tribunal Federal os integrantes do chamado "PMDB da Câmara" por organização criminosa. São acusados o presidente da República, Michel Temer; Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Loures, Eliseu Padilha e Moreira Franco. Segundo a denúncia, eles praticaram ações ilícitas em troca de propina por meio da utilização de diversos órgãos públicos, como Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados. Michel Temer é acusado de ter atuado como líder da organização criminosa desde maio de 2016.

Também há imputação do crime de obstrução de justiça por causa dos pagamentos indevidos para evitar que Lúcio Funaro firmasse acordo de colaboração premiada. Neste sentido, Michel Temer é acusado de instigar Joesley Batista a pagar, por meio de Ricardo Saud, vantagens a Roberta Funaro, irmã de Lúcio Funaro. Os três são denunciados por embaraçar as investigações de infrações praticadas pela organização criminosa. Apesar da tentativa, Lúcio Funaro firmou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República, que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal, e as informações prestadas constam da denúncia.

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O PGR pede o desmembramento do Inquérito 4327 em relação às condutas de Joesley Batista e Ricardo Saud, para que sejam julgadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba. Em relação ao inquérito 4483, ele pede que cópia dos autos seja remetida à Seção Judiciária do Distrito Federal, para avaliar as condutas de Lúcio Funaro, Roberta Funaro e Eduardo Cunha. Janot explica na cota da denúncia que uma parte das provas foi obtida a partir dos acordos de colaboração firmados com Joesley Batista e Ricardo Saud, que sofreram rescisão por descumprimento das cláusulas, mas isso não limita a utilização das provas apresentadas.

Organização criminosa - Segundo o PGR, o esquema desenvolvido permitiu que os denunciados recebessem pelo menos R$ 587 milhões de propina. A denúncia explica que o núcleo político da organização era composto também por integrantes do PP e do PT, que compunham subnúcleos políticos específicos, além de outros integrantes do chamado “PMDB do Senado”. Para Janot, em maio de 2016, com a reformulação do núcleo político da organização criminosa, os integrantes do "PMDB da Câmara", especialmente Michel Temer, passaram a ocupar papel de destaque que antes havia sido dos integrantes do PT em razão da concentração de poderes na Presidência da República.

O PGR faz um registro histórico das nomeações e cargos ocupados desde que Lula foi vitorioso nas eleições presidenciais e precisava de mais espaço no âmbito do Congresso Nacional. Quanto ao grupo do "PMDB da Câmara", as negociações de apoio passaram a orbitar, por volta de 2006, primordialmente em torno de dois interesses: a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF); e a necessidade de ampliação da base do governo em razão do processo do “Mensalão” que havia enfraquecido o poder político da cúpula do Poder Executivo Federal integrada por membros do PT.

Esses temas foram negociados por Michel Temer e Henrique Alves, na qualidade de presidente e líder do PMDB, que concordaram com ingresso do “PMDB da Câmara” na base do governo em troca de cargos chaves, tais como a Presidência de Furnas, a Vice-Presidência de Fundos de Governo e Loterias na Caixa Econômica, o Ministério da Integração Nacional, a Diretoria Internacional da Petrobras, entre outros. No dia 30 de novembro de 2006, o Conselho Nacional do PMDB aprovou a integração da legenda, em bloco, a base aliada do Governo Lula.

Com relação à interação entre os núcleos político e administrativo da organização criminosa, a distribuição dos cargos ocupados pelos membros deste núcleo (administrativo) no âmbito do governo federal foi sempre um processo dinâmico, que envolvia constante tensão com o chefe do Poder Executivo federal e marcado por fortes disputas internas por espaços. Isso porque todos estavam interessados nos cargos públicos que lhes garantissem a melhor rentabilidade em termos de arrecadação de propina.

Segundo a denúncia, o papel de negociar os cargos junto aos demais membros do núcleo político da organização criminosa, no caso do subnúcleo do "PMDB da Câmara", era desempenhado por Michel Temer de forma mais estável, por ter sido ele o grande articulador para a unificação do Partido em torno do governo Lula. Depois de definidos os espaços que seriam ocupados pelo grupo dos denunciados, Michel Temer e Henrique Eduardo Alves, este último líder do Partido entre 2007 e 2013, eram os responsáveis maiores pela distribuição interna dos cargos, e por essa razão recebiam parcela da propina arrecadada por Moreira Franco, Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha e especialmente Eduardo Cunha.

Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves, Moreira Franco e Rodrigo Loures têm relação próxima e antiga com Michel Temer, daí porque nunca precisaram se valer de intermediários nas conversas diretas com aquele. Eram eles que faziam a interface junto aos núcleos administrativo e econômico da organização criminosa a respeito dos assuntos ilícitos de interesse direto de Michel Temer, que, por sua vez, tinha o papel de negociar junto aos demais integrantes do núcleo político da organização criminosa os cargos a serem indicados pelo seu grupo e era o único do grupo que tinha alguma espécie de ascensão sobre todos.

O procurador-geral informa que, além de praticar infrações penais no Brasil, a organização criminosa adquiriu caráter transnacional, o que pode ser demonstrado, principalmente, por dois de seus mecanismos de lavagem de dinheiro: transferências bancárias internacionais, na maioria das vezes com o mascaramento em três ou mais níveis para distanciar a origem dos valores; e a aquisição de instituição financeira com sede no exterior, com o objetivo de controlar as práticas de compliance e, assim, dificultar o trabalho das autoridades.

Transição de governo - Explica-se a rápida ascensão de Eduardo Cunha no âmbito do PMDB e na organização criminosa, entre outros fatores, por sua atuação direta e incisiva na arrecadação de valores lícitos ou ilícitos; e pelo mapeamento e controle que fazia dos cargos e pessoas que o ajudariam nos seus projetos. Em 2015, a relação entre os integrantes do "PMDB da Câmara" e a ex-presidente Dilma Rousseff estava fortemente abalada, especialmente pela exoneração de Moreira Franco da Secretaria de Aviação Civil sem prévio ajuste com Michel Temer.

No início de 2015, Eduardo Cunha decidiu não observar o acordo de alternância entre PT e PMDB e lançou-se candidato à Presidência da Câmara dos Deputados numa disputa com o candidato do PT Arlindo Chinaglia. Esse episódio marcou uma virada importante no relacionamento entre os integrantes do núcleo político da organização criminosa do "PMDB da Câmara" e do PT. Os caciques do PMDB achavam que o governo não estava agindo para barrar a Operação Lava Jato em relação aos “aliados” por que queriam que as investigações prejudicassem os peemedebistas; já os integrantes do PT da organização criminosa desconfiavam que aqueles queriam fazer uma manobra política para afastar a então presidente Dilma do poder e assumir o seu lugar.

Em março de 2016, o PMDB decidiu deixar formalmente a base do governo e, em abril de 2016, o pedido de abertura de impeachment da Presidente Dilma Rousseff foi aprovado pela Câmara dos Deputados. Michel Temer assumiu a Presidência da República em 12.05.2016, provisoriamente, e, em definitivo, no dia 31 de agosto de 2016. Na sua gestão, garantiu espaços relevantes aos líderes do PP e do PMDB que já pertenciam a organização criminosa.

A denúncia também destaca que, ante a forte atuação parlamentar e responsabilidade por outras indicações políticas, as quais ainda perduram, a organização criminosa permaneceu praticando crimes nos anos de 2015, 2016 e 2017. Nesse sentido, aplica-se a lei vigente a partir de setembro de 2013 (Lei nº 12.850/13). Conduta permanente, mesmo iniciada antes dessa data, passa a ser regida pela nova lei, nos termos do enunciado da Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal.

Confira a denúncia na íntegra

Do site do MPF

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