Até parece brincadeira, mas a poucos metros da loja oficial de produtos esportivos do Sport, na Ilha do Retiro, no Recife, dezenas de comerciantes insistem em vender produtos falsificados que fazem referência ao clube. Quando não há jogos, ainda assim, os vendedores expõem suas peças. E quando é dia de jogo do Leão, o número de comerciantes é ainda maior. Na tarde deste domingo (21), antes do início do Clássico das Multidões entre Sport e Santa Cruz, pelo Campeonato Pernambuco, o LeiaJá flagrou a venda ilegal de camisas, faixas e bonés não oficiais.
A comercialização de produtos falsificados não é um problema só para o Sport. Os outros dois grandes clubes de Pernambuco, Santa e Náutico, também sofrem com a perda de receita quando torcedores preferem adquirir um produto pirata. Além dos artigos rubro-negros, peças tricolores também são comercializadas sem nenhum pudor próximo à Ilha do Retiro.
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Quase em frente à loja do Sport, um comerciante vendia camisas falsificadas ao preço de R$ 25 cada. Mas o custo podia baixar, a depender da proposta do cliente. Outro vendedor, identificado como Tiago Pereira, afirmou que chega a vender cerca de 60 bandeiras por partida, no valor de R$ 10 cada item.
De acordo com o delegado da Polícia Civil de Pernambuco, Germano Cunha, da Delegacia de Polícia de Crimes contra a Propriedade Imaterial (DEPPRIM), a venda de produtos falsificados dos clubes ou de qualquer outra instituição ou empresa “já caracteriza crime”. “Esses produtos não são licenciados pelos clubes para a sua fabricação. Quem vende uma camisa não licenciada, por exemplo, está comercializando um produto falsificado. Pode ocorrer prisão em flagrante!”, afirmou Cunha.
Ainda segundo o delegado, quem vende produtos falsificados está cometendo vários crimes. “Esse ato representa crime contra a propriedade industrial, relação de consumo, fraude no comércio e receptação qualificada, que ocorre quando a pessoa sabe a orgigem criminosa do produto”, detalhou. Apesar da venda das peças ser feita de forma aberta e diante de muitos torcedores, o delegado disse que o foco da Polícia Civil são os fabricantes, fornecedores e distribuidores, e não os pequenos comerciantes.
Ao LeiaJá, Germano Cunha revelou que cerca de 350 mil produtos falsificados, tanto esportivos como de outros segmentos, foram apreendidos pela Polícia Civil em 2015. Em dezembro do ano passado, quase 80 mil peças foram recolhidas das quadrilhas pelos policiais, em que desse total, 90% eram objetos relacionados a clubes de futebol e outras modalidades esportivas. De acordo com o delegado, as apreensões de dezembro foram realizadas nas cidades de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe – Agreste do Estado - , municípios considerados polos na fabricação da roupas dos mais variados estilos.
“É importante dizer que o clube e os patrocinadores precisam mostrar suas marcas, porque eles investem muito dinheiro no futebol. Se você compra um produto pirata, você não está ajudando de forma alguma seu clube de coração. Por trás de um pequeno comerciante, existem quadrilhas especializadas nas falsificações e, além disso, elas cometem outros crimes, como tráfico de drogras e armas”, finalizou o delegado. O telefone da Polícia Civil para denúncias é o (81) 3184-3789.
Questionada sobre os problemas causados ao clube no que diz respeito à venda de produtos não oficiais, a diretora de marketing do Sport, Melina Amorim, não deu detalhes sobre quanto o Leão perdeu no ano passado em decorrência das comercializações ilegais. Por outro lado, a diretora garantiu que o clube está atuando para combater esses comerciantes. “O Sport Club do Recife ressalta que vem intensificando ações na área de produtos licenciados, inclusive realizando auditorias externas para mapear produtos irregulares e identificar as empresas envolvidas no intuito de revertê-las em licenciados. Especificamente no entorno da Ilha do Retiro, o Sport trabalha com fiscais fazendo ronda, mas conta com o apoio da Polícia para a apreensão”, afirmou a diretora de marketing.
A diretoria de marketing do Santa Cruz também foi procurada pelo LeiaJá. Porém, até o fechamento desta matéria, não conseguimos contato.
Força do produto oficial
Apesar da atuação dos vendedores de produtos falsificados, a grande maioria dos torcedores rubro-negros prefere adquirir as peças originais. Em 2014, o Sport e a Adidas – fabricante que patrocina o Leão – divulgaram que o time pernambucano foi o que mais vendeu camisas da marca alemã. Relembre:
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