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Em um cemitério no leste da China, Seakoo Wu coloca seu celular sobre a lápide do túmulo de seu filho e assiste a um vídeo criado por Inteligência Artificial (IA) que simula o jovem falecido.

"Sei que cada dia você sente muita dor por mim e se sente culpado e inútil. Embora não possa mais estar ao seu lado, minha alma segue neste mundo, te acompanhando em vida", diz Xuanmo com uma voz ligeiramente robótica.

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Tomados pela dor, Wu e sua esposa se juntaram ao crescente número de chineses que recorrem à IA para criar avatares de seus entes queridos. Ele espera criar uma réplica autêntica que se comporte como seu filho falecido no mundo de realidade virtual.

"Quando sincronizarmos a realidade e o metaverso, terei meu filho comigo de novo. Posso treiná-lo (...) para que quando me veja, saiba que sou seu pai", disse ele.

Algumas empresas chinesas afirmam ter criado milhares de "personas digitais", mesmo a partir de 30 segundos de material audiovisual da pessoa falecida.

Especialistas dizem que esta prática pode oferecer um alívio importante às pessoas enlutadas pela perda de um ente querido.

- Uma demanda crescente -

Wu e sua esposa ficaram devastados quando Xuanmo, seu único filho, morreu no ano passado aos 22 anos após um acidente vascular cerebral hemorrágico repentino, enquanto estudava na Universidade Exeter, no Reino Unido.

Com o auge das tecnologias de IA como o ChatGPT na China, o homem começou a buscar formas de ressuscitá-lo. Reuniu fotos, vídeos e áudios de seu filho e gastou milhares de dólares com empresas do ramo que replicaram o rosto e a voz de Xuanmo.

Os resultados são rudimentares até o momento, mas ele também montou uma equipe de trabalho para criar um banco de dados com grande quantidade de informações sobre seu filho. O objetivo é alimentá-lo com algoritmos poderosos para criar um avatar capaz de copiar o pensamento e forma de falar do jovem falecido.

Várias empresas especializadas nos chamados "bots fantasma" surgiram nos últimos anos nos Estados Unidos. Mas a indústria está em crescimento na China, segundo Zhang Zewei, fundador da empresa de IA Super Brain e ex-colaborador de Wu.

"A China está no nível mais alto do mundo em tecnologia de IA. Há muita gente na China, muitas com necessidades emocionais, o que nos dá uma vantagem em termos de procura de mercado", disse Zhang, cuja empresa cobra entre 10 mil a 20 mil yuans (US$ 1.400 a US$ 2.800 ou R$ 6.911 a R$ 13.822, na cotação atual) por um avatar básico.

Os clientes podem até falar ao telefone com um funcionário cujo rosto e voz foram alterados para se parecerem com os da pessoa falecida.

"O significado para o mundo inteiro é enorme. A versão digital de alguém pode existir para sempre", completou o empresário.

- "Novo humanismo" -

Para Sima Huapeng, fundador da empresa Silicon Intelligence, em Nanjing, a tecnologia "trará um novo tipo de humanismo", como quando no passado as pessoas recorriam às fotografias para recordarem entes queridos já falecidos.

Tal Morse, pesquisador visitante do Centro de Morte e Sociedade da Universidade de Bath, na Inglaterra, disse que estes bots podem proporcionar alívio, mas alertou que são necessárias mais pesquisas para compreender sua implicações éticas e psicológicas.

"Uma questão essencial é (...) até que ponto os 'bots fantasmas' são 'leais' à personalidade que foram concebidos para imitar. O que acontece se eles fizerem coisas que 'contaminam' a memória da pessoa que deveriam representar?", questionou Morse.

Para Zhang, da Super Brain, toda nova tecnologia é "uma faca de dois gumes", mas ele acredita que enquanto estiver ajudando quem precisa, não há problema.

Ele não trabalha com pessoas para as quais isso teria um impacto negativo, afirmou, lembrando o caso de uma mulher que tentou suicídio após a morte da filha.

Wu conta, por sua vez, que Xuanmo "provavelmente estaria disposto" a ser revivido digitalmente.

"Um dia, filho, todos nos encontraremos no metaverso. A tecnologia melhora a cada dia (...) é questão de tempo", disse ele junto à sua esposa em frente ao túmulo do filho.

O papa Francisco pediu neste domingo (3) aos católicos chineses que sejam "bons cidadãos", durante sua visita à Mongólia, em uma viagem marcada por várias mensagens destinadas a melhorar os vínculos entre Vaticano e China.

O jesuíta argentino de 86 anos enviou "uma saudação calorosa ao nobre povo chinês" e acrescentou: "Aos católicos chineses, peço que sejam bons cristãos e bons cidadãos".

Com a primeira viagem papal à Mongólia, um país da Ásia central que fica entre a Rússia e a China, Francisco tem dois objetivos: visitar uma região isolada, onde o catolicismo é minoritário, e aproveitar a proximidade geográfica com a China para melhorar as relações com Pequim.

O pontífice presidiu uma missa neste domingo em um ginásio de hóquei no gelo da capital, Ulan Bator, durante a qual expressou apoio à pequena comunidade de 1.400 católicos da Mongólia, país de maioria budista e com três milhões de habitantes.

O papa foi recebido por fiéis empolgados e percorreu o local em um pequeno veículo escoltado pelo missionário italiano Giorgio Marengo, que aos 49 anos é o cardeal mais jovem do mundo e exerce a função de representante da prefeitura apostólica de Ulan Bator.

Em seguida, Francisco prosseguiu até o altar em uma cadeira de rodas para presidir a missa diante de uma gigantesca cruz de madeira instalada especialmente para a cerimônia.

Ao final da liturgia, o papa afirmou a palavra obrigado em mongol, "bayarlalaa", e saudou os "irmãos e irmãs da Mongólia".

Antes da missa, Francisco se reuniu com representantes das principais religiões da Mongólia no Teatro Hun.

O evento teve a presença de líderes cristãos, além de representantes do budismo, xamanismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo, da igreja ortodoxa russa, mórmons e bahai.

"As tradições religiosas, com toda sua distinção e diversidade, têm um potencial impressionante para beneficiar a sociedade em seu conjunto", declarou o pontífice.

Natsagdorj Damdinsuren, que dirige um mosteiro budista na Mongólia, afirmou à AFP que a visita de Francisco "demonstra a solidariedade da humanidade".

O papa encerrará a visita ao país na segunda-feira.

- "Autêntico" -

Nomin Batbayar, estudante de 18 anos que compareceu à missa celebrada pelo papa, celebrou o apelo de Francisco por um diálogo inter-religioso.

"Eu sinto que ele é uma pessoa realmente autêntica. A China não o apoia de verdade, mas seu povo está presente hoje", disse, em referência aos muitos peregrinos chineses que viajaram para a Mongólia - alguns expressaram o desejo de que o pontífice visite algum dia o país.

Em um encontro com missionários católicos no sábado em Ulan Bator, Francisco afirmou que os governos "não têm nada a temer".

"Os governos não têm nada a temer com o trabalho de evangelização da Igreja porque esta não tem uma agenda política", afirmou o pontífice, sem citar diretamente a China, Estado com o qual o Vaticano não tem relações diplomáticas.

O Partido Comunista da China, que exerce um controle rigoroso sobre as instituições religiosas, teme a possível influência da Igreja Católica em seu território.

A Santa Sé renovou no ano passado um acordo com Pequim que permite às duas partes ter uma voz na nomeação dos bispos na China. Alguns críticos afirmam que esta foi uma concessão perigosa do Vaticano, em troca de sua presença no país.

- "Interesses terrenos" -

A Mongólia recebeu oficialmente o papa no sábado (2), com uma cerimônia na grande praça Sukhbaatar. Francisco se definiu como um "peregrino da amizade" e elogiou a "sabedoria e a rica e antiga cultura do país, onde os pecuaristas e agricultores "respeitam os delicados equilíbrios do ecossistema".

Também denunciou a "ameaça da corrupção, que representa um perigo para o desenvolvimento de qualquer comunidade humana".

A Mongólia registrou grandes manifestações no ano passado contra um escândalo de desvio de verbas vinculado à indústria do carvão. Além disso, grande parte de seu território sofre o risco da desertificação devido à mudança climática, pecuária extensiva e atividades de mineração.

O papa reiterou neste domingo a mensagem a favor da proteção da natureza e denunciou que se a humanidade acabar "voltada apenas para os interesses terrenos, terminará arruinando a própria terra, confundindo progresso com retrocesso".

Muitos estudantes chineses recorrem ao ChatGPT, uma inteligência artificial que gera textos, para conseguir ajuda em suas tarefas, apesar do aplicativo estar oficialmente inacessível na China.

Lançado em novembro do ano passado por uma empresa emergente da Califórnia, este chatbot causa sensação por reproduzir redações, poemas ou códigos de programação em segundos.

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O ChatGPT gerou uma avalanche de investidores no setor de Inteligência Artificial, mas este é o principal aplicativo que preocupa os professores com os riscos de trapaça e plágio.

Para utilizar este programa na China é necessário um serviço de VPN que permita ocultar o lugar de onde o usuário se conecta.

Mas isso não impede que dezenas de alunos, entrevistados pela AFP, o utilizem em algum momento.

Esther Chen, de 11 anos, contou que o ChatGPT ajudou a reduzir pela metade o tempo dedicado aos deveres de casa, enquanto sua irmã Nicole usa o aplicativo para aprender inglês.

A menina estuda em uma escola competitiva em Shenzhen (sul) e, antes, passava de quatro a cinco horas por dia fazendo os deveres.

"Agora, o ChatGPT me ajuda a fazer minhas pesquisas mais rápido", conta.

Os alunos disseram à AFP que compraram números de telefone estrangeiros ou baixaram o VPN para driblar a censura digital chinesa e acessar a inteligência artificial.

Um vendedor oferece pela internet um número americano por apenas 5,5 yuans (US$ 0,80). Para um número indiano, o valor é menos de 1 yuan (US$ 0,14).

- Ajuda preciosa -

Existem outras soluções. No aplicativo de mensagem WeChat, muito popular na China, serviços como 'AI Life' oferecem para fazer uma pergunta no ChatGPT em troca de 1 yuan (US$ 0,14).

Um meio de comunicação local informou no mês passado que empresas tecnológicas chinesas, entre elas a Tencent - empresa matriz da WeChat - e Ant Group - filial da Alibaba -, receberam ordens de cortar o acesso ao programa de suas plataformas.

A mídia estatal da China acusou o ChatGPT de espalhar "propaganda política estrangeira".

Com a semana ocupada com aulas de piano, natação, xadrez e ginástica rítmica, Esther não teve tempo de concluir a folha de leitura de "Hold up the Sky", do famoso autor de ficção científica Liu Cixin.

A aluna pediu, então, para o ChatGPT escrever um parágrafo de descrição para cada personagem principal e os principais temas do livro. Ela mesma escreveu a folha de leitura com o resultado.

Os alunos também usam o aplicativo para evitar gastar dinheiro e tempo no preparatório para as provas de inglês, necessários para ingressar em universidades dos EUA, Reino Unido ou Austrália.

"Não queria memorizar listas de palavras ou conversações inteiras", explicou Stella Zhang, 17, à AFP. Em vez de pagar até 600 yuans (US$ 86) por hora para um professor particular, ela utilizou o ChatGPT.

Em Suzhou (sul), Thomas Lau cobra para ajudar os estudantes chineses que desejam ingressar em uma universidade estrangeira. Ele afirma, entretanto, ter perdido dezenas de clientes que preferem usar a inteligência artificial.

O entusiasmo pelo ChatGPT também desperta o interesse dos gigantes da tecnologia na China, como Baidu, Alibaba ou JD.com, que dizem estar desenvolvendo o próprio chatbot.

Entretanto, as autoridades estão cautelosas. O ministro da Ciência, Wang Zhigang, indicou no mês passado que o Estado introduzirá em breve novas regras neste ramo.

Milhões de chineses viajaram para suas cidades natais nesta quinta-feira (19) para celebrar o feriado prolongado do Ano Novo Lunar com a família, uma situação que "preocupa" o presidente Xi Jinping pelo potencial de propagação da Covid-19 nas áreas rurais.

A previsão do governo é de mais de dois bilhões de viagens em um período de 40 dias entre janeiro e fevereiro na China, em um dos maiores deslocamentos em massa de pessoas do mundo.

A chegada às áreas rurais de dezenas de milhões de habitantes, onde o coronavírus se espalhou amplamente, pode levar a um aumento do número de casos de covid-19 nessas localidades, com poucas infraestruturas de saúde.

Nesta quinta-feira, as principais estações de trem em Pequim e Xangai estavam lotadas.

- "Nova fase" -

O presidente Xi Jinping manifestou sua preocupação com o impacto da doença nas áreas rurais neste feriado prolongado.

"Xi disse que está especialmente preocupado com as áreas rurais e a população rural, depois que o país fez ajustes em suas medidas de resposta à covid-19", disse a agência de notícias estatal Xinhua sobre os telefonemas feitos pelo governante às autoridades locais.

O presidente "insistiu nos esforços para melhorar os cuidados médicos para os mais vulneráveis ao vírus nas áreas rurais", acrescentou a Xinhua, citando as conversas de Xi em uma série de videoconferências, na quarta-feira (18), com profissionais de saúde, pacientes com covid-19 e trabalhadores.

"A prevenção e o controle da epidemia entraram em uma nova fase e ainda estamos em um período que requer grandes esforços (...) para suprir as lacunas nas áreas rurais", afirmou.

Em dezembro, Pequim levantou a estratégia draconiana de "covid zero" imposta pelas autoridades. Essa política desacelerou a economia do gigante asiático e desencadeou grandes manifestações.

Ontem, em meio à situação atual, Xi avaliou que adotar essa política foi uma "boa escolha". Desde a supressão dessas medidas, o país registrou um aumento impressionante de casos. Inúmeros relatos e informações circulam nas redes sociais sobre essa disparada.

Nesse contexto, a agência chinesa reguladora do ciberespaço anunciou na quarta-feira que reforçará sua vigilância contra "informações falsas" no período de festas para evitar o aumento dos "pensamentos negativos" on-line.

O órgão pediu que se evite "boatos" e "(falsos) testemunhos de doentes", criados, segundo ele, para chocar os internautas. Afirmou, ainda, que esta campanha pretende remover os conteúdos que "induzirem o público ao erro".

Com muitas farmácias sem estoque e uma explosão de casos de Covid-19, inúmeras famílias na China estão recorrendo a sites obscuros e muitas vezes fraudulentos para comprar remédios a preços exorbitantes.

O fim da política de "covid zero" da China no mês passado desencadeou uma onda de casos no país, onde muitas farmácias ficaram sem remédios para resfriado e febre.

Com isso, muitos se veem forçados a recorrer a lojas on-line pouco confiáveis, apesar do histórico de escândalos envolvendo medicamentos contaminados, ensaios clínicos falsos e regulamentação negligente por parte da indústria farmacêutica no país.

Desesperada para encontrar remédios para seus parentes doentes, Qiu, de 22 anos, contou à AFP que gastou milhares de iuanes em produtos que nunca chegaram.

Ela entrou em contato com alguém pela Internet que alegava ser representante da empresa farmacêutica de Hong Kong Ghitai e dizia ter estoques do medicamento anticovid Paxlovid.

Depois de ser redirecionada para um site "oficial", Qiu gastou 12.000 iuanes (US$ 1.740) em seis caixas de Paxlovid, do laboratório americano Pfizer, de acordo com o comprovante de pagamento visto pela AFP.

Os comprimidos nunca chegaram, e o suposto representante cortou todo contato, deixando-a "magoada, desesperada e com muita raiva".

"É um comportamento nojento", diz. "Cada segundo conta quando você está tentando salvar a vida de alguém", desabafou.

- Preços elevados -

Em um comunicado enviado à AFP, a Ghitai declarou estar ciente da existência de uma versão falsa de seu site que afirma enviar tratamentos anticovid e que o tinha denunciado à polícia.

"Ghitai nunca ofereceu medicamentos (...) para a covid-19 e pede aos consumidores que sejam cautelosos para evitar fraudes e perdas financeiras", afirmou.

As autoridades na China informaram que começaram a distribuir Paxlovid em alguns hospitais e clínicas comunitárias, mas o medicamento continua muito difícil de obter.

Várias clínicas em diferentes cidades, como Pequim e Xangai, disseram à AFP que não estavam oferecendo o tratamento e não sabiam quando poderiam fazê-lo.

Os poucos estoques nas plataformas digitais se esgotaram rapidamente, provocando a entrada de especuladores.

Um fornecedor contatado pela AFP esta semana disse que estava cobrando 18.000 iuanes (US$ 2.610) pela caixa, cerca de nove vezes o preço oficial.

O tratamento seria enviado da cidade de Shenzhen, no sul, mas os compradores "terão que esperar" pela entrega, segundo ele.

O vendedor não detalhou a origem da droga e parou de responder quando o jornalista da AFP se identificou como tal.

- "Desamparo e impotência" -

Na segunda-feira (2), o Ministério chinês de Segurança Pública ordenou uma ação contra "atividades ilegais e criminosas ligadas à produção e à venda de medicamentos falsificados relacionados com a epidemia".

Apesar do risco, o mercado paralelo continua sendo o último recurso para pessoas como Xiao, cujo avô adoeceu em dezembro.

A gerente de negócios de 25 anos ficou "extremamente chocada", quando um vendedor cobrou-lhe 18.000 iuanes pelo Paxlovid, uma quantia que ela não podia pagar. Dias depois, seu avô morreu, e ela mergulhou no "desamparo e na impotência".

"Eu simplesmente não entendo como essas pessoas conseguem tanto remédio", diz. "Gente como nós não consegue nem uma caixa. Como é que eles têm tantas?", questiona-se.

Como os medicamentos licenciados estão praticamente indisponíveis, alguns apostam em alternativas genéricas importadas ilegalmente.

Variantes indianas do Paxlovid são mais baratas, mas ainda cobram um preço alto.

Em um bate-papo on-line esta semana, um repórter da AFP encontrou uma pessoa que afirma ser um farmacêutico indiano oferecendo medicamentos genéricos anticovid a 1.500 iuanes (US$ 217) por caixa.

Em seu catálogo, constava um variante do Paxlovid vendido sob o nome comercial Paxista e dois genéricos de um tratamento anticovid da gigante farmacêutica Merck, recentemente aprovado pelas autoridades chinesas.

No chat, muitos usuários questionaram a confiabilidade dos medicamentos genéricos.

"Eu simplesmente não sei em quem acreditar", disse uma mulher.

Os chineses iniciaram o processo de reservas de viagens ao exterior nesta terça-feira (27), depois que as autoridades anunciaram o fim em breve da quarentena obrigatória no retorno ao país, uma medida em vigor há quase três anos.

Na segunda-feira à noite, o governo anunciou que a partir de 8 de janeiro as pessoas procedentes do exterior não serão obrigadas a permanecer em quarentena quando chegam à China, mais um passo para desmantelar a política de 'covid zero' que gerou protestos no país nos últimos meses.

A flexibilização das medidas também provocou um aumento expressivo de casos a nível nacional, a tal ponto que as autoridades afirmaram que é "impossível" rastrear o número de contágios e pararam de publicar balanços diários da doença.

A Comissão Nacional de Saúde também modificou o critério para contabilizar as vítimas da covid-19, passando a registrar apenas as pessoas que faleceram vítimas de insuficiência respiratória provocada pela infeção, o que segundo os analistas vai dissimular o número de óbitos do atual surto.

Os chineses celebraram nas redes sociais o fim das restrições que deixaram o país praticamente isolado do resto do mundo desde março de 2020.

"Acabou (...) A primavera está chegando", afirma um dos comentários mais curtidos na rede Weibo, o equivalente ao Twitter na China.

As pesquisas por voos para o exterior dispararam depois do anúncio, informou a imprensa estatal. A plataforma de viagens Tongcheng registrou um aumento de 850% nas buscas e de 1.000% nos pedidos de informações sobre vistos.

A plataforma Trip.com afirmou que o volume de pesquisas aumentou 10 vezes na comparação com o mesmo período do ano passado apenas meia hora após o anúncio do governo.

Os destinos mais procurados são Macau, Hong Kong, Japão, Tailândia e Coreia do Sul, de acordo com a empresa.

"Preparando minha viagem ao exterior!", escreveu um chinês no Weibo. "Espero que o preço das passagens não aumente de novo", afirma outro comentário.

Desde o início do mês, a China decidiu acabar com a maioria das restrições de sua política de "covid zero", que incluía testes em larga escala, confinamentos severos e longas quarentenas em complexos do governo.

"A sensação generalizada é simplesmente de alívio", declarou Tom Simpson, diretor para a China do Conselho de Negócios China-Reino Unido. "Acaba com três anos de perturbações muito significativas", acrescentou.

O retorno a uma operação de negócios normal será "gradual", com a organização de mais voos para a China por parte das companhias aéreas durante 2023.

"O anúncio é muito bem-vindo", insistiu Simpson.

- Autoproteção e cooperação -

Desde março de 2020, todos os passageiros que desembarcam na China eram obrigados a permanecer em quarentena em instalações controladas pelo governo. De maneira paulatina, o período de isolamento foi reduzido: inicialmente de três semanas, caiu para cinco dias no mês passado.

Algumas restrições, no entanto, permanecem em vigor e a China mantém a suspensão da maioria dos vistos para turistas estrangeiros e estudantes desde o início da pandemia.

O fim da quarentena acontece antes de dois grandes feriados no próximo mês, quando milhões de pessoas devem viajar a suas cidades natais para encontros de família.

Ao mesmo tempo, hospitais e crematórios estão superlotados com pacientes vítimas de covid. Algumas projeções indicam que um milhão de pessoas podem morrer devido à doença nos próximos meses.

As grandes cidades enfrentam uma escassez de remédios e os centros médico e os centros médicos enfrentam o desafio de atender pacientes idosos que não foram vacinados.

As autoridades afirmam que o país está preparado para enfrentar a tempestade e pedem à população que assuma a responsabilidade pela própria saúde.

"Precisamos que a população se proteja de maneira adequada e continue cooperando com a implementação das medidas relevantes de prevenção e controle", declarou Liang Wannian, epidemiologista e diretor do grupo de especialistas da Comissão de Saúde responsável pela gestão da pandemia de covid-19, à agência estatal Xinhua.

"Precisamos mudar o foco do nosso trabalho da prevenção e controle da infecção para o tratamento médico", completou.

Invasores armados realizaram um ataque sangrento contra um hotel frequentado por empresários e diplomatas chineses em Cabul, uma ação cuja autoria foi reivindicada pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e cujo número de vítimas é incerto.

"Até o momento, recebemos 21 vítimas: três já chegaram mortas", tuitou a ONG italiana Emergency, que administra um hospital em Cabul. A organização não informou se se tratavam de civis ou de responsáveis pelo ataque.

O EI informou que dois de seus membros haviam "atacado um grande hotel, onde detonaram dois artefatos explosivos escondidos em duas bolsas", um deles dirigido contra uma festa para convidados chineses, e o outro, na recepção do estabelecimento.

Um dos dois combatentes lançou granadas contra os oficiais talibãs que tentavam detê-los, e o outro começou a detonar os explosivos e atirar contra os clientes, segundo um comunicado do grupo.

- Nenhum estrangeiro morto -

O ataque ocorreu no bairro de Shahr-e-naw, uma das principais zonas comerciais da capital, e terminou com "a morte dos três agressores", informou o porta-voz talibã Zabihullah Mujahid.

O bairro abriga o Hotel Longan, frequentado por empresários chineses, cada vez mais numerosos no Afeganistão desde o retorno dos talibãs ao poder, em agosto de 2021.

"Todos os clientes do hotel foram resgatados, e não morreu nenhum estrangeiro. Apenas dois clientes estrangeiros ficaram feridos, ao se jogarem de um andar superior", disse no Twitter o porta-voz talibã.

Correspondentes da AFP ouviram explosões e tiros. Um vídeo que circulou nas redes sociais mostrava pessoas amontoadas nas janelas dos andares inferiores do prédio. Em outra gravação, chamas e colunas de fumaça podiam ser vistas, saindo de outra parte do imóvel.

Desde o seu retorno ao poder, os talibãs afirmam que aumentaram a segurança no país, apesar dos atentados ocorridos nos últimos meses. Vários deles foram reivindicados pelo braço local do EI.

- Fronteira sensível -

Pequim não reconheceu o governo talibã oficialmente, mas é um dos poucos países a manter presença diplomática no país. A China compartilha uma fronteira de 76 quilômetros com o Afeganistão e teme que o país possa se tornar uma base para separatistas da minoria uigur, originária da sensível região fronteiriça de Xinjiang.

Os talibãs prometeram a Pequim que o Afeganistão não irá se tornar uma base para ativistas uigures. Em troca, a China ofereceu apoio econômico para a reconstrução do país, afetado por 20 anos de guerra.

A principal preocupação de Pequim é manter um ambiente estável no país vizinho e garantir a segurança em suas fronteiras. Também deseja assegurar seus investimentos estratégicos no Paquistão, um vizinho comum.

Os talibãs também contam com a China para transformar uma das maiores reservas de cobre do mundo em uma área de mineração. A exploração ajudaria a ajustar os rumos de um país com falta de liquidez e castigado por sanções econômicas internacionais.

A China detém os direitos de importantes projetos no Afeganistão, como a mina de cobre de Mes Aynak, na província de Logar (leste). Porém, ainda não iniciou nenhum deles

Esta não é a primeira vez que estrangeiros são alvo no Afeganistão. Em 2 de dezembro, uma agente de segurança ficou ferida, após vários disparos contra a embaixada do Paquistão em Cabul. O EI, que assumiu a autoria do ataque, confirmou que mirava no "embaixador paquistanês e em seus guardas".

Em 5 de setembro, dois funcionários da embaixada russa em Cabul e quatro afegãos também morreram perto do prédio, em um atentado suicida também reivindicado pelo braço local do EI. Foi o primeiro ataque contra uma representação diplomática desde a volta dos extremistas ao poder.

Três astronautas chineses iniciaram nesta quinta-feira (16) a viagem de retorno à Terra após uma missão recorde de 90 dias na construção de uma estação espacial do país.

Lançada em junho, pouco antes das celebrações do centenário do Partido Comunista Chinês, a missão Shenzhou-12 tem grande prestígio nacional para o governo do presidente Xi Jinping.

Esta é a missão mais longa de astronautas chineses, recordou em um comunicado a agência responsável por voos tripulados.

Os astronautas devem chegar à Terra na sexta-feira (17).

De acordo com portais de internet especializados, a tripulação deve pousar no deserto Gobi (noroeste), perto do Centro Espacial de Jiuquan, onde aconteceu a decolagem em 16 de junho.

Nesta quinta-feira, a nave Shenzhou-12 se separou às 8h56 horário de Pequim (21h56 de Brasília, de quarta-feira) da estação Tiangong ("Palácio Celestial"), à qual estava acoplada há três meses, informou a agência espacial.

A missão tripulada anterior da China, Shenzhou-11, havia acontecido no fim de 2016 com duração de 33 dias.

Durante a missão, os astronautas da Shenzhou-12, Nie Haisheng, Liu Boming e Tang Hongbo, trabalharam na construção da estação espacial, que teve o primeiro elemento lançado em abril. Eles fizeram várias saídas ao espaço.

A Shenzhou-12 constitui o terceiro dos 11 lançamento que serão necessários para a construção da estação, entre 2021 e 2022. Quatro missões serão tripuladas.

Após a conclusão, a estação "Palácio Celestial" terá dimensões parecidas com a antiga instalação soviética Mir (1986-2001) e deve ter uma vida útil de pelo menos dez anos, segundo a agência espacial chinesa.

O interesse chinês em ter a própria base humana na órbita terrestre foi estimulado pela recusa dos Estados Unidos de dar acesso ao país à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

Esta última - uma colaboração entre Estados Unidos, Rússia, Canadá, Europa e Japão - deve ser aposentada em 2024, mas a Nasa afirmou que poderia seguir em operação potencialmente até 2028.

Durante o lançamento da missão em junho, o comandante Nie Haisheng destacou o caráter patriótico da operação.

"Há décadas escrevemos capítulos gloriosos da história espacial chinesa, e nossa missão encarna as esperanças do povo e do próprio Partido", declarou.

"Esta contribuição abre novos horizontes para a humanidade no uso pacífico do espaço", disse o presidente Xi Jinping no fim de junho, durante uma comunicação por vídeo com a equipe.

O programa espacial do país é controlado pelo exército.

A China investiu bilhões de dólares ao longo de décadas para alcançar o nível de potências espaciais como Estados Unidos e Rússia.

Depois de lançar o primeiro satélite em 1970, a China enviou seu primeiro astronauta ao espaço em 2003. Em 2013, colocou um robô na Lua.

O país asiático também planeja enviar astronautas à Lua antes de 2030 e construir uma base em colaboração com a Rússia.

Sobre Marte, os engenheiros chineses enviaram um robô teleguiado que pousou no Planeta Vermelho em maio.

A China alcançou outro sucesso em janeiro de 2019 com uma inovação mundial: o pouso de um robô (o "Coelho de Jade 2") no lado oculto da Lua.

Responde às mensagens a qualquer hora, faz piadas para alegrá-la e nunca pede nada. Melissa, uma gerente de recursos humanos que acabou de romper o relacionamento com um namorado infiel, encontrou - assim como milhões de chineses - o companheiro perfeito... mas ele não é biológico.

Para romper o isolamento da vida urbana, Melissa usa o "chatbot" criado pela XiaoIce, um sistema avançado de inteligência artificial (IA) projetado para criar vínculos emocionais com os 660 milhões de usuários.

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"Tenho amigas que procuraram terapeutas, mas penso que a terapia é cara e não é necessariamente efetiva", declarou Melissa, de 26 anos, que só revelou o equivalente a seu nome em inglês para proteger sua privacidade.

Mas a XiaoIce não é uma pessoa individual, e sim um ecossistema de IA.

Está presente na maioria dos smartphones de marcas chinesas como assistente, assim como na maioria das plataformas sociais. Atualmente, apenas na China tgem 150 milhões de usuários.

No aplicativo de mensagens WeChat, XiaoIce permite que os clientes construam um namorado ou namorada virtual que interage por meio de mensagens de texto, voz e fotografias.

XiaoIce, que surgiu como um projeto derivado do programa Cortana, da Microsoft, atualmente responde por 60% das interações globais entre humanos e IA, segundo o diretor executivo Li Di, o que o transforma no maior e mais avançado sistema do tipo no mundo.

Foi projetado para seduzir os usuários por meio de conversas temáticas, que atendem as necessidades emocionais dos usuários.

"O tempo médio de interação entre os usuários e o XiaoIce é de 23 trocas", disse Li. "Isso é mais que a interação média entre humanos".

Para ele, a atração da IA consiste em ser "melhor que os humanos em ouvir com atenção".

Li afirmou que o maior número de pessoas utiliza o sistema entre 23H00 e 1H00, o que indica uma grande necessidade de companhia.

"De qualquer maneira, ter o XiaoIce é sempre melhor do que ficar jogado na cama olhando para o teto", disse.

- Isolamento urbano -

A solidão que Melissa sentia como profissional jovem foi um fator decisivo que a levou ao abraço virtual do XiaoIce. Assim como muitos chineses esgotados com as longas horas de trabalho nas grandes cidades.

"Realmente você não tem tempo para fazer novos amigos, e os seus amigos estão muito ocupados", comentou Melissa.

Ela definiu a personalidade de seu namorado virtual como maduro e deu o nome de Shun, similar ao de um homem real de quem gostava.

XiaoIce "nunca vai me trair, sempre estará aqui", afirmou.

Mas há riscos de forjar vínculos emocionais com um robô.

"Os usuários 'enganam' a si mesmos pensando que suas emoções são correspondidas por sistemas que são incapazes de sentir", afirmou Danit Gal, especialista em ética da IA na Universidade de Cambridge.

XiaoIce também está obtendo para seus criadores "um tesouro de dados pessoais, íntimos e até incriminatórios sobre como os humanos interagem", completou.

Até agora, a plataforma não foi atacada pelas agências reguladoras governamentais, que iniciaram uma grande campanha contra o setor de tecnologia da China nos últimos meses.

A China aspira ser líder mundial de IA até 2030, por considerar esta uma tecnologia estratégica.

- Realidade ou ficção? -

Milhares de jovens adeptas do "chatbot" discutem a experiência do namorado virtual em fóruns virtuais dedicados ao XiaoIce, compartilhando capturas de telas de chat e conselhos sobre como chegar ao nível dos três corações, o mais elevado na categoria "intimidade" com o chatbot.

Quanto mais interagem os usuários, desbloqueiam novas funções como os Momentos WeChat da XiaoIce, algo similar ao feed do Facebook, e também a possibilidade de sair de "férias", com a possibilidade de posar para selfies com o companheiro virtual.

Laura, de 20 anos e moradora da província de Zhejiang, se apaixonou pelo XiaoIce no ano passado e agora luta para se liberar do vínculo estabelecido.

A jovem reclamava que o chatbot sempre mudava o tema da conversa quando ela expressava os sentimentos por ele ou quando mencionava a possibilidade de encontro na vida real. Ela demorou meses para aceitar que ele não existia fisicamente e era apenas um conjunto de algoritmos.

"Com frequência vemos usuários que suspeitam que há uma pessoa real por trás de cada interação do XiaoIce", disse Li, pois "tem uma grande capacidade para imitar uma pessoa real".

Mas levar companhia aos usuários vulneráveis não significa que XioIce é um substituto de apoio especializado em saúde mental, um serviço que não possui recursos suficientes na China.

O sistema monitora as emoções intensas, com o objetivo de guiar as conversas para temas considerados mais felizes antes que os usuários atinjam um ponto de crise, explica Li, antes de afirmar que a depressão é o estado emocional extremo mais frequente.

Dois astronautas chineses fizeram, nesta sexta-feira (20), uma nova caminhada espacial para completar a montagem de um braço articulado na Tiangong, a estação chinesa que está sendo construída, informou a CMSA, agência espacial encarregada dos voos tripulados.

Esta é a segunda caminhada espacial que acontece em dois meses.

Foi transmitida pela televisão pública, como parte do ambicioso programa espacial da China. Até agora, o gigante asiático colocou em órbita sondas na Lua e em Marte.

Três astronautas chineses decolaram em meados de junho do deserto de Gobi, localizado no noroeste da China. Suas nave espacial se acoplou ao Tianhe ("Harmonia Celestial", em tradução livre), o único dos três módulos da estação espacial que já se encontra no espaço.

Os três homens permanecerão em órbita por um período total de três meses, o que configura a mais longa missão espacial tripulada (Shenzhou-12) já realizada pelo país asiático.

Nesta sexta-feira (20), os astronautas Nie Haisheng e Liu Boming saíram do módulo Tianhe para instalar apoios para os pés e uma bancada de trabalho no braço robótico da estação, relatou a CMSA.

As imagens transmitidas pela emissora pública de televisão CCTV mostraram os dois homens em seus trajes brancos, trabalhando do lado de fora da nave, à qual estavam amarrados por um cabo. A dupla também recebeu a tarefa de ajustar uma câmera panorâmica, acrescentou a rede CCTV.

- Questão de prestígio -

Esta foi a terceira caminhada espacial dos astronautas chineses.

A primeira aconteceu em 2008, transformando a China no terceiro país a fazer um ser humano sair sozinho ao espaço, depois da (agora extinta) União Soviética (URSS) e dos Estados Unidos.

A segunda foi no início de julho deste ano, na estação espacial em construção.

Shenzhou-12 é a primeira missão tripulada chinesa em quase cinco anos e se trata de uma questão de prestígio para o Partido Comunista Chinês (PCC), em um ano simbólico, no qual a sigla comunista celebra seu centenário.

Nomeada CSS (para "Estação Espacial Chinesa", em tradução livre) em inglês, e Tiangong ("Palácio Celestial", em tradução livre), em chinês, a estação, quando estiver concluída, terá um tamanho similar ao da antiga estação soviética Mir (1986-2001). Sua vida útil será de, pelo menos, 10 anos.

O interesse chinês em ter sua própria base na órbita terrestre foi motivado, em parte, pela recusa dos Estados Unidos em dar acesso ao país à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Esta infraestrutura funciona em colaboração com Rússia, Canadá, Europa e Japão.

A ISS deve ser aposentada em 2024, embora a Nasa, a Agência Espacial Americana, afirme que poderá permanecer em serviço depois de 2028.

A população da China chegou no ano passado a 1,41 bilhão de habitantes, anunciou nesta terça-feira (11) o país mais populoso do mundo, ao apresentar os resultados do seu censo, realizado a cada 10 anos.

Em comparação com a pesquisa de 2010, a população chinesa cresceu em 72 milhões de habitantes, o que equivale a um aumento de 5,38% em 10 anos, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas.

O resultado do censo foi divulgado com um atraso de semanas. A China prevê que a curva de crescimento populacional irá atingir o pico em 2027, quando a Índia deverá ultrapassá-la e se tornar o país mais populoso do mundo. A população chinesa começaria, então, a diminuir, até chegar a 1,32 bilhão de habitantes em 2050.

O censo foi concluído em dezembro passado, com a ajuda de 7 milhões de voluntários. Seus resultados são considerados mais confiáveis do que as pesquisas demográficas anuais, baseadas em estimativas.

Desde 2017, a taxa de natalidade vem caindo no país, apesar da flexibilização, no ano anterior, da política do filho único, que permite o nascimento do segundo filho. A taxa caiu em 2019 a 10,48 a cada mil habitantes, nível mais baixo desde a fundação da China comunista, em 1949.

Os chineses seguem submetidos a um limite de dois filhos por família, e se levantam vozes pedindo o fim dessa barreira.

O Reino Unido expulsou três espiões chineses que moravam há meses no país e se passavam por jornalistas, informou o jornal conservador britânico The Daily Telegraph, que citou uma fonte governamental.

Os espiões, que chegaram ao país no decorrer de 2020, afirmavam ser "jornalistas de várias agências de notícias chinesas", mas trabalhavam para o ministério da Segurança do Estado chinês, segundo a fonte.

"Suas verdadeiras identidades foram descobertas pelo MI5 (serviço britânico de segurança interna) e depois foram obrigados a retornar para a China", completou.

As relações entre Pequim e Londres são cada vez mais tensas, devido às críticas do segundo à redução das liberdades democráticas na ex-colônia britânica de Hong Kong e ao tratamento concedido à minoria muçulmana uigur na China.

Além disso, o governo do primeiro-ministro Boris Johnson proibiu em 2020 o uso dos equipamentos do grupo chinês Huawei, acusado de espionagem pelos Estados Unidos, no desenvolvimento da rede de telefonia móvel 5G do Reino Unido.

E na quinta-feira, a agência reguladora britânica do setor audiovisual retirou a licença de transmissão no Reino Unido do canal público chinês de notícias em inglês CGTN, alegando que está sob controle do Partido Comunista Chinês.

A China está recorrendo cada vez mais a testes retais para detectar a Covid-19 em indivíduos de risco e em viajantes que chegam do exterior, um método mais confiável, embora criticado pelos internautas.

O país conseguiu conter em grande parte a epidemia desde o início de 2020 e apenas duas mortes foram registradas desde maio. Nas últimas semanas, ocorreram pequenos surtos localizados que levaram as autoridades de saúde a realizar testes rápidos e massivos em dezenas de milhares de pessoas usando PCR. As amostras geralmente são retiradas do nariz ou da garganta.

No entanto, de acordo com a emissora pública CCTV, os moradores de vários bairros de Pequim onde foram descobertos casos recentemente foram submetidos a testes retais.

A medida também está sendo imposta a pessoas em quarentena obrigatória em hotéis, incluindo viajantes vindos do exterior. O teste retal "aumenta a taxa de detecção de pessoas infectadas" porque o coronavírus permanece mais tempo no ânus do que no trato respiratório, informou o Dr. Li Tongzeng, do hospital You'an em Pequim, à CCTV.

Na internet, as reações nesta quarta-feira variavam de medo a zombaria. "Não é muito doloroso, mas é super humilhante", afirmou um usuário da rede social Weibo.

"Eu fiz dois testes anais. No processo, eles também fizeram um swab da garganta. A cada vez, eu temia que a enfermeira se esquecesse de trocar o swab entre os dois", brincou outro usuário do Weibo.

A CCTV disse no domingo que os testes retais não serão generalizados porque "não são práticos o suficiente". A China, que já restringiu severamente as chegadas internacionais desde março de 2020, aumentou as restrições nos últimos meses.

Todas as pessoas que desejam viajar ao país devem apresentar dois testes negativos (PCR e sorológico) antes do embarque e, na chegada e por conta própria, fazer uma quarentena de ao menos 14 dias em um hotel.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, anunciou nesta segunda-feira, 21, a imposição de restrições a vistos de autoridades chinesas supostamente envolvidas em violações de direitos humanos contra minorias étnicas, dissidentes, jornalistas e manifestantes pacíficos e representantes da sociedade civil.

"Os governantes autoritários da China impõem restrições draconianas às liberdades de expressão, religião ou crença, associação e direito de reunião pacífica do povo chinês. Os EUA deixaram claro que perpetradores de abusos de direitos humanos como esses não são bem-vindos em nosso país", destacou Pompeo, em comunicado.

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O chefe da diplomacia americana citou "abusos" cometidos por integrantes do Partido Comunista Chinês (PCC) na região de Xinjiang e na fronteira com o Tibet, além de Hong Kong. Também denunciou prisões de ativistas críticos ao regime. "Pedimos sua libertação imediata e instamos as autoridades do PCC a respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais a que o povo da China tem direito de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos", concluiu, na nota.

Um tribunal chinês condenou 53 pessoas a penas de prisão por sua responsabilidade na gigantesca explosão de uma fábrica de produtos químicos que deixou 78 mortos em 2019, em Yancheng, no leste do país.

A explosão de março de 2019, que levou ao fechamento dessa fábrica na cidade de Yancheng, na província de Jiangsu, é um dos piores acidentes industriais que o gigante asiático conheceu nos últimos anos.

De acordo com a agência de notícias oficial Xinhua, os acusados, diretores e funcionários da Jiangsu Tianjiayi Chemical Company, foram condenados a penas de prisão que variam de 18 meses a 20 anos. Alguns líderes políticos locais também foram condenados.

O tribunal de Yancheng concluiu que a empresa havia produzido e armazenado, de forma ciente, produtos químicos perigosos e resíduos, embora "as condições de armazenamento não respeitassem os padrões de segurança".

Seis instituições do governo local, incluindo as encarregadas de proteger o meio ambiente, falsificaram documentos para mitigar o risco das atividades da usina, algumas aceitando subornos, segundo o tribunal.

A explosão, que se originou de um incêndio na fábrica de fertilizantes Tianjiayi, atingiu a zona industrial próxima, quebrando portas e janelas por quatro quilômetros.

As regras de segurança na China são frequentemente ignoradas, ou mal controladas, levando a muitas explosões em indústrias e canteiros de obras.

Em 2015, uma série de grandes explosões em instalações químicas da zona portuária da cidade de Tianjin (norte) matou pelo menos 165 pessoas.

A Polícia Civil do Distrito Federal (PC-DF), deflagrou na manhã desta quarta-feira (18), a Operação Pequim e prendeu preventivamente três pessoas que furtavam casas de chineses em todo o Brasil. Todos os presos foram indiciados por associação criminosa e sete delitos de furto qualificado.

Além das prisões, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão na cidade de São Paulo/SP. Entre os presos, há dois sujeitos procurados pela Polícia Civil de Minas Gerais pela prática de idênticos furtos a famílias chinesas.

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Conforme apurado, os presos furtaram pelo menos sete apartamentos de famílias chinesas no Distrito Federal, nas regiões do Sudoeste, Cruzeiro e Guará. Ao todo, foram subtraídos mais de R$ 100 mil das vítimas.

Baseada em São Paulo/SP, a associação criminosa especializou-se no ataque a apartamentos de chineses em todo o País. O grupo atuava desde 2015 e já havia praticado furtos nos estados de São Paulo, Ceará, Pernambuco, Santa Catarina e Minas Gerais.

Nos furtos do Distrito Federal, os criminosos se valeram de veículos alugados na cidade de São Paulo. Eles se passavam por parentes dos chineses e enganavam os porteiros dos prédios. Em seguida, arrombavam as portas dos apartamentos.

Segunda fase

A Operação Pequim é desdobramento da Operação Chengdu, deflagrada pela DRF/Corpatri em maio deste ano. À época, foram presos nove criminosos. As prisões ocorreram nos estados de São Paulo, Ceará e Santa Catarina. Entre os anos de 2016 e 2020, os alvos da Operação Chengdu furtaram 18 apartamentos no Distrito Federal. Todos têm conexão com os criminosos presos na manhã desta quarta-feira (18).

Por trás do misterioso codinome APT41, esconde-se uma nuvem de "hackers": entre eles, cinco chineses acusados esta semana nos Estados Unidos de atacar empresas, ou espiar governos e opositores.

Mas o que sabemos exatamente sobre este grupo, conhecido pelos serviços de Inteligência? Está vinculado ao Estado chinês, como afirmam alguns especialistas? Ou atua de forma independente, motivado exclusivamente pelo lucro?

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A seguir, cinco perguntas para entendê-lo melhor:

- Quem são? -

Os cinco membros acusados são todos antigos, ou atuais, funcionários da Chengdu 404 Network Technology, uma empresa de segurança cibernética que realiza testes de invasão para pessoas, ou empresas, para verificar a vulnerabilidade de seus computadores.

Segundo documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, porém, a empresa serviria, na realidade, para fazer "hacking".

Os Estados Unidos também acusaram dois supostos cúmplices da Malásia, que dirigem a empresa SEA Gamer Mall. Este site malaio vende dinheiro virtual usado em vários jogos on-line.

- Quem são as vítimas? -

O grupo invadiu computadores de centenas de empresas e organizações de todo mundo, incluindo o setor das telecomunicações, a indústria farmacêutica, os programadores de software, ONGs e universidades.

Seu objetivo era coletar dados pessoais, enviar pedidos de resgate (utilizando um programa de sequestro, ou "ransomware"), ou fazer "cryptojacking" - um método para controlar computadores a distância e produzir moedas virtuais, como bitcoins.

Acredita-se que o APT41 introduziu softwares malignos nas redes de empresas americanas, ou asiáticas, em uma associação internacional de combate à pobreza, ou em sites de autoridades indianas e vietnamitas.

Algumas empresas de videogames de Estados Unidos, França, Japão, Singapura e Coreia do Sul também foram supostamente alvo de ataques.

- Como fizeram? -

O arsenal é muito extenso: do "phishing" (roubar informações pessoais) a técnicas mais elaboradas, nas quais o "hacker" acessa discretamente um software em processo de desenvolvimento (os computadores dos clientes que usam esses softwares estão, então, à mercê dos "hackers").

Os dois malaios teriam pedido a seus funcionários que criassem milhares de contas falsas de videogames para armazenar a moeda e os itens virtuais roubados pelo APT41.

Este saque foi vendido a jogadores reais por dinheiro real, segundo os documentos da Justiça americana.

- Estão vinculados ao governo chinês? -

Não há certeza, mas, segundo a empresa de segurança cibernética americana FireEye, existem indícios.

O APT41 coletou, por exemplo, informações sobre ativistas pró-democracia em Hong Kong e sobre um monge budista no Tibete, dois territórios chineses onde Pequim enfrenta uma certa instabilidade política.

Muitas das atividades do grupo parecem, no entanto, motivadas apenas por interesses financeiros. Um dos "hackers" teria considerado chantagear vítimas ricas durante uma conversa on-line.

As acusações americanas não demonstraram qualquer vínculo comprovado com Pequim.

- Onde estão agora? -

Os cinco "hackers" chineses permanecem em liberdade e é pouco provável que sejam levados à Justiça nos Estados Unidos.

Já os dois malaios foram presos em seu país na segunda-feira. Washington pede sua extradição.

Nesta segunda-feira (20), voluntários de seis estados brasileiros vão receber doses teste da vacina popularizada como 'CoronaVac', do laboratório chinês Sinovac. A operação é liderada pelo Instituto Butantan, em São Paulo, que não divulgou quantas pessoas vão participar da primeira testagem, mas pretende utilizar o imunizante em cerca de nove mil candidatos, ao todo.

Sem a participação de estados do Norte e Nordeste, os voluntários desta primeira fase residem em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. A seleção feita por pesquisadores prioriza profissionais da Saúde devido à rotina de alta exposição à Covid-19.

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Metade dos voluntários receberão a vacina e a outra parte ficará com um placebo. Após um mês da dosagem, a reação de cada grupo será analisada. Esta é a terceira fase da CoronaVac. Nas etapas anteriores, cerca de mil chineses receberam o imunizante, que apresentou 90% de eficácia durante 14 dias, sem grandes efeitos colaterais.

O contrato entre o governo de São Paulo e o Sinovac estipula que o laboratório repasse 60 milhões de doses ao Instituto Butantan, que já realiza adaptações em sua fábrica para produzir 100 milhões de doses, caso a eficiência seja comprovada. A meta é oferecer a imunização por meio do Sistema único de Saúde (SES), no início de 2021.

Um projeto de aplicativo que classifica os cidadãos de acordo com sua higiene (se fumam, bebem, fazem exercícios ou seus hábitos para dormir) provocou uma incomum indignação na China a respeito da proteção da vida privada.

Traumatizados com a Covid-19, os chineses aceitaram sem hesitar nos últimos meses os aplicativos por smartphone que rastreiam todos seus movimentos e avaliam o risco de contato com enfermos.

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A metrópole de Hangzhou (leste), na região de Xangai, foi uma das primeiras na China que colocou em prática este tipo de sistema que atribuía um código verde, laranja ou vermelho que autorizava ou não o uso dos transportes públicos ou o acesso aos espaços públicos.

Mas a cidade ultraconectada vai além e agora planeja adotar um aplicativo que classificaria em tempo real seus 10 milhões de habitantes em uma "escala de saúde" de 0 a 100 pontos, de acordo com o site dos serviços municipais de saúde.

A nota pode mudar de um dia para o outro em função das atividades de cada pessoa, segundo as imagens do aplicativo na web.

Por exemplo, beber um copo de "baijiu", um licor chinês, provoca a perda de 1,5 ponto, mas dormir sete horas a cada noite permite somar um ponto.

Os fumantes também estão no alvo: fumar cinco cigarros por dia provoca a perda de três pontos.

Como o aplicativo determinará os comportamentos dos usuários e o que farão os poderes públicos com os dados obtidos? As autoridades locais não explicam e apenas indicam que o dispositivo pode entrar em funcionamento no próximo mês.

O sistema não apenas classificaria os cidadãos, mas também as empresas e os bairros nos quais se encontram. Estes seriam avaliados em função das horas de sono de seus trabalhadores ou residentes, do número de passos que dão a cada dia ou de acordo com as doenças.

"Os serviços municipais de saúde têm que aproveitar a oportunidade para aprofundar o uso dos códigos de saúde e conseguir realizar totalmente seus objetivos", declarou Sun Yongrong, membro da Comissão de Saúde.

- "O novo padrão?" -

Os aplicativos das gigantes tecnológicas Alibaba e Tencent ocupam um lugar central na vida dos chineses, agora sob um sistema de "crédito social" que pode proibir alguém de embarcar em um avião ou de reservar um quarto em um hotel em caso de condenação por dívidas.

Os aplicativos anti-epidemia também estão onipresentes. Diferentes de uma região para outra, compilam informações pessoais, o local onde se encontra o usuário e os transportes que a pessoa utilizou.

Em Pequim, por exemplo, ter o código verde no dispositivo é indispensável para entrar em alguns edifícios ou centros comerciais. Este código significa que a pessoa não saiu da capital em pelo menos duas semanas.

Lawrence Li, especialista em tecnologia e defensor da vida privada, espera que o aplicativo planejado para Hangzhou seja opcional.

"No caso da COVID, acredito que as pessoas concordavam em participar. Mas se isto virar o novo padrão, será outra história", declarou à AFP.

Nas redes sociais, o projeto gerou uma grande revolta desde que foi apresentado na semana passada.

"Que fume, beba ou durma, não deveriam se importar", reclama um internauta na rede Weibo.

"Não temos mais vida privada", lamenta outro.

Os estudantes chineses que retornam do exterior para escapar da pandemia de coronavírus encontram uma recepção fria no país e são vistos como ricos, mimados e potencialmente contaminados.

O número de casos registrados oficialmente na China diminuiu consideravelmente no último mês, mas o país adota medidas drásticas para tentar impedir uma segunda onda de infecções procedentes do exterior.

Com muitos voos internacionais cancelados e o veto à entrada no país de praticamente todos os estrangeiros, a grande maioria dos retornados são cidadãos chineses, incluindo muitos estudantes.

A situação provoca tensões motivadas pelos privilégios na sociedade chinesa, sobretudo nas redes sociais, nas quais os estudantes que retornam ao país são chamados de ingratos e, inclusive, perigosos. Algumas pessoas acusam uma "conduta irresponsável".

"Neste momento, a opinião pública na China é muito hostil a respeito dos estudantes chineses no exterior", afirmou Hestia Zhang, que faz mestrado na Universidade de Yale.

Ela decidiu permanecer em auto-isolamento em seu campus ao invés de retornar, apesar da mudança de cenário, pois agora os Estados Unidos representam quase 25% das infecções mundiais registradas.

Cathy, que desembarcou na China na terça-feira, está conformada com a possibilidade de enfrentar situações desagradáveis. Usando seu nome em inglês para ocultar sua identidade, ela afirmou que "o único remédio é suportar".

Quase metade dos 800 casos de vírus importados na China são de estudantes que retornam do exterior, de acordo com Pequim. A maioria dos retornados precisam passar por duas semanas em isolamento em hotéis,

Um vídeo de um estudante que tentou escapar de seu alojamento de quarentena na cidade de Qingdao (leste) provocou revolta na internet.

A irritação aumentou com as imagens de uma mulher em quarentena que exigia garrafas de água mineral dos trabalhadores das instalações em Xangai.

"Se aproveitam do país, mas se voltam contra a pátria quando não precisam mais dela. Não temos que repatriar estas pessoas", escreveu uma pessoa em uma rede social, um comentário que recebeu milhares de curtidas.

Existe uma crença generalizada de que os estudantes internacionais se consideram superiores aos compatriotas, explica Yik-Chan Chin, professora de Comunicação na Universidade Xi'an Jiaotong-Liverpool.

E isto se agrava com a percepção de riqueza e de que muitas vezes possuem outras nacionalidades, completa.

A grande maioria dos 1,6 milhão de estudantes fora da China permanecem no exterior, segundo o ministério da Educação.

Muitos desejam retornar, mas não têm condições de pagar os preços elevados das passagens e não desejam arriscar uma contaminação durante a viagem, com múltiplas escalas.

Pequim fretou um voo na segunda-feira para resgatar 200 estudantes que ficaram retidos na Etiópia depois que os voos de transferência para a China foram cancelados no último minuto. Outro decolou na quinta-feira para repatriar estudantes do Reino Unido.

"Espero que aqueles que estamos repatriando tenham consciência e sejam patrióticos, e não um grupo de miseráveis desagradecidos que odeiam a China e que só estão preocupados em ter uma vida de luxo", reclamou uma pessoa nas redes sociais.

Nem tudo, no entanto, é ódio e alguns demonstram gratidão aos estudantes que doaram material médico quando a epidemia explodiu no gigante asiático.

"Quem esvaziou a nível global as estantes dos supermercados de produtos de proteção e os enviou de volta para a China? Estudantes internacionais", escreveu o diretor de cinema Lu Chuan na rede social Weibo.

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