O senador Flávio Bolsonaro (sem partido) pagou R$ 30 mil em espécie para adquirir a mobília de um apartamento localizado na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O imóvel foi comprado em 2014 e as informações foram repassadas pelo ex-proprietário em depoimento feito ao Ministério Público (MP-RJ).
Segundo o antigo dono, identificado como David Macedo Neto, o apartamento foi vendido por R$ 2,55 milhões e os móveis foram mantidos em troca de dez depósitos de R$ 3.000, feitos entre outubro e novembro do ano da negociação. Neto afirmou aos promotores que os depósitos foram feitos "por Flávio Bolsonaro como pagamento por parte do mobiliário que guarnecia o imóvel", aponta a Folha de São Paulo.
##RECOMENDA##Os repasses foram fracionados, na tentativa de fugir do sistema de controle financeiro. Pois, entradas em espécie a partir de R$ 10 mil devem ser monitoradas e comunicadas à Unidade de Inteligência Financeira -antigo Coaf. Em sua defesa, Flávio afirmou que o valor foi parcelado para evitar a fila do banco. Contudo, nem Neto, nem Flávio conseguiram explicar o excedente de R$ 7.813,04 na negociação.
O uso de dinheiro em espécie na transação foi identificado após a quebra de sigilo bancário do ex-proprietário. Ele e mais 21 pessoas foram alvos da investigação por comprar ou vender imóveis para Flávio e a esposa. Outros dois imóveis localizados em Copacabana também foram adquiridos com dinheiro 'vivo', em 2012.
Segundo o MP-RJ, o filho do presidente pagou R$ 638,4 mil ao ex-dono e não declarou o valor na escritura e na Receita Federal. As investigações também discorrem sobre a compra de uma franquia da Kopenhagen, que não alterava os valores da conta mesmo com a variação de vendas durante o ano.
Tais movimentações reforçam os indícios do suposto esquema de 'rachadinha' em seu antigo gabinete, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, era responsável por recolher -em dinheiro vivo- parte dos salários de funcionários. A data da entrada dos valores em espécie coincide com os dias que Queiroz fazia a 'arrecadação'.