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O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Milton Leite (DEM), é investigado nas esferas cível e criminal por suspeitas de que tenha recebido parte dos salários de assessores, prática conhecida como "rachadinha". O inquérito do Ministério Público paulista (MP-SP) cita 16 funcionários que já foram empregados tanto no gabinete de Leite no Legislativo municipal quanto no de seu filho, o deputado estadual Milton Leite Filho (DEM), nos últimos 20 anos. Além da suspeita de prática de improbidade administrativa, ele também é alvo de um inquérito policial que apura o crime de peculato, nome jurídico para o desvio de dinheiro público.

Leite, principal liderança do DEM na capital, disse que não há prova concreta no procedimento, e que está disposto a colaborar com os promotores (mais informações nesta página).

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A apuração criminal foi instaurada na 4.ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Crimes contra a Fazenda após pedido do Ministério Público. A Promotoria do Patrimônio Público e Social havia instaurado investigação em fevereiro deste ano após receber uma representação anônima, que também acusa cinco funcionários de auxiliarem o vereador no suposto recolhimento de dinheiro.

Nove dos 16 funcionários citados no inquérito ainda estão empregados nos gabinetes na Câmara Municipal ou na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Os demais foram assessores de Leite ao longo das duas últimas décadas. Uma das funcionárias suspeitas de participar do esquema está desde 2019 na Secretaria Municipal de Transportes, após passar sete anos lotada no gabinete de Leite e da liderança do DEM.

Já o deputado estadual Milton Leite Filho é alvo de uma investigação separada do MP-SP, também por suspeita de desvio de salário. Neste caso, o inquérito se refere a apenas uma servidora, que trabalha no gabinete do deputado desde 2013.

Na investigação que atinge o vereador, há funcionários que hoje estão lotados no gabinete do filho, mas já foram empregados por Leite na Câmara Municipal. Conforme a denúncia enviada aos promotores, funcionários hoje lotados na Câmara repassariam parte dos salários por intermédio de um assessor que atualmente trabalha na Assembleia.

Responsável pelo caso, o promotor Ricardo Manuel Castro considerou que a representação, "embora anônima, contém diversas imputações objetivas ao atual vereador Milton Leite e que, embora refutadas pelo mesmo, merecem, ao menos em parte, serem investigadas".

A investigação não aponta valores ou porcentual de desvio de salários na suposta prática de "rachadinha". O MP ainda não chamou os servidores para prestar depoimento. O promotor deve pedir a quebra de sigilo bancário dos envolvidos.

Leite chegou a entrar com uma representação para impedir que o inquérito fosse aberto. O Conselho Superior do Ministério Público, porém, considerou que havia informações suficientes para que a investigação continuasse, e negou o pedido.

"A representação faz indicações de fatos certos e precisos, indicando os servidores envolvidos no esquema das 'rachadinhas' junto ao gabinete", diz o relatório do promotor Antônio Carlos Nery, aprovado por unanimidade no conselho.

Mais votado

Considerado um dos políticos mais influentes na gestão municipal, Milton Leite foi o segundo vereador mais votado na capital em 2020, e está na Câmara Municipal desde 1997. Em seu sétimo mandato, ele foi eleito para presidir o Legislativo municipal pela segunda vez no início do ano, com apoio da base governista e também de parte da oposição. Sua primeira passagem pela presidência da Câmara foi em 2017.

Leite participou da articulação que levou o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), à condição de vice na chapa vitoriosa de Bruno Covas (PSDB), que morreu em maio deste ano vítima de câncer. Com a posse de Nunes, Leite agora é o primeiro na linha sucessória da Prefeitura.

Investigações sobre a prática de rachadinha se tornaram recorrentes nos últimos anos, mas com frequência se arrastam sem desfecho. Levantamento do Estadão, em março, mostrou que havia 43 deputados e ex-deputados sob acusação desse tipo de desvio em oito Estados sem punição, em alguns casos com denúncias tramitando há mais de uma década. O caso do atual senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), denunciado no ano passado, se tornou o mais emblemático. Ele nega irregularidades.

'Apenas ilações'

O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, disse por meio de nota que a representação "traz apenas ilações". "A maior prova disso é que o denunciante anônimo se utiliza de material publicado em redes sociais para tentar justificar suas falsas acusações. Isso tudo, a meu ver, deixa muito claro que se trata de uma denúncia de cunho político." Leite afirmou que colabora "com qualquer investigação" e que tem "plena certeza de que tudo será arquivado no seu devido momento".

O gabinete do deputado estadual Milton Leite Filho (DEM) afirmou que "irá apresentar os esclarecimentos conforme o trâmite legal". O deputado ressaltou que "nunca houve ilegalidade em relação à remuneração dos servidores, o que será comprovado com o arquivamento do caso". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na tarde dessa sexta-feira (9), o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, tentou intimidar a jornalista que revelou o suposto esquema de ‘rachadinha’ mantido no gabinete de Jair Bolsonaro nos tempos como deputado. Em uma longa mensagem enviada pelo WhatsApp, ele ataca a profissional e sugere que ela estaria desaparecida se divulgasse as irregularidades na China.

Após a ampla repercussão de novas denúncias contra o atual presidente, Wassef deixou a mensagem em tom agressivo para a jornalista Juliana Dal Piva, do Uol, na qual questiona se ela é "comunista gaúcha guerreira", "soldada da esquerda brava" ou "socialista".

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"Você está feliz e realizada por atacar e tentar destruir o presidente do Brasil, sua família e seu advogado?", pressiona o advogado no texto exposto pela própria profissional nas redes sociais.

No envio, ele também insinua que a repórter é "inimiga da pátria" e que deveria "experimentar primeiro na sua pele o que é uma esquerda para depois lutar para atingir o presidente e trazer o comunismo para o meu amado Brasil".

Diante do prejuízo causado pelo material investigativo publicado em formato podcast, o advogado - conhecido por esconder o ex-assessor Fabrício Queiroz em seu escritório em Atibaia, quando ele era procurado pelas autoridades por suspeita de operar os esquemas de ‘rachadinha’ nos gabinetes de Jair e Flávio Bolsonaro - acusa a profissional de produzir mentiras para induzir o público ao erro.

Confira

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Acompanhe a reprodução da mensagem na íntegra, com os erros de grafia:

“por que faz o que faz com quem tenta livrar o Brasil da maldita esquerda ??? Você teve este mesmo empenho e obsessão com aqueles da esquerda que desviaram BILHOS DE DOLARES atravez de mil esquemas fraudulentos ??? A parte de seu amor pelo comunismo, voce vai continuar atendendo os pedidos de sua parceira / chefa para me atacar sem parar. Ela te paga ??? Ou e muito amor por ela ??? Voces estao namorando ???? Se eu financiar todos os custos de viagem para Caracas na Venezuela, voce iria para fazer umas materias sobre o que esta acontecendo ??? Se eu te comprar um belo imovel por la, voce moraria la para realizar seu sonho comunista ???? Por que nao experimenta primeiro na sua pele o que e o esquerdo, para depois lutar tanto para atingir o Presidente de seu Pais e trazer o comunismo para o meu amado Brasil. Voce e inimiga da pátria e do Brasil. Você sabia que apos o fim da 2 guerra mundial o mundo foi dividido em 2 blocos ??? Esquerda e direita ?? Capitalismo e Comunismo ??? Luz e trevas ???? Você sabia que uma maldita esquerda falhou em metade do planeta terra ??? Em todos os paises e culturas em que se instalou ??? E que ao contrario do comunismo, o capitalismo deu certo em todos os paises e siatemas ??? Entao por que voce luta fanaticamente com suas materias direcionadas e distorcidas da verdade para induzir em erro o publico ??? Uma esquerda te paga ??? Voce esta feliz e realizada por atacar e tentar destruir o Presidente do Brasil, sua familia e seu advogado ????? " Você sabia que apos o fim da 2 guerra mundial o mundo foi dividido em 2 blocos ??? Esquerda e direita ?? Capitalismo e Comunismo ??? Luz e trevas ???? Você sabia que uma maldita esquerda falhou em metade do planeta terra ??? Em todos os paises e culturas em que se instalou ??? E que ao contrario do comunismo, o capitalismo deu certo em todos os paises e siatemas ??? Entao por que voce luta fanaticamente com suas materias direcionadas e distorcidas da verdade para induzir em erro o publico ??? Uma esquerda te paga ??? Voce esta feliz e realizada por atacar e tentar destruir o Presidente do Brasil, sua familia e seu advogado ????? " Você sabia que apos o fim da 2 guerra mundial o mundo foi dividido em 2 blocos ??? Esquerda e direita ?? Capitalismo e Comunismo ??? Luz e trevas ???? Você sabia que uma maldita esquerda falhou em metade do planeta terra ??? Em todos os paises e culturas em que se instalou ??? E que ao contrario do comunismo, o capitalismo deu certo em todos os paises e siatemas ??? Entao por que voce luta fanaticamente com suas materias direcionadas e distorcidas da verdade para induzir em erro o publico ??? Uma esquerda te paga ??? Voce esta feliz e realizada por atacar e tentar destruir o Presidente do Brasil, sua familia e seu advogado ????? " o capitalismo deu certo em todos os paises e siatemas ??? Entao por que voce luta fanaticamente com suas materias direcionadas e distorcidas da verdade para induzir em erro o publico ??? Uma esquerda te paga ??? Voce esta feliz e realizada por atacar e tentar destruir o Presidente do Brasil, sua familia e seu advogado ????? " o capitalismo deu certo em todos os paises e siatemas ??? Entao por que voce luta fanaticamente com suas materias direcionadas e distorcidas da verdade para induzir em erro o publico ??? Uma esquerda te paga ??? Voce esta feliz e realizada por atacar e tentar destruir o Presidente do Brasil, sua familia e seu advogado ?????"

No Twitter, Juliana se defendeu e disse que "apenas fez seu trabalho jornalístico de investigação e de interesse público". “Mensagens como essa não me intimidam. As consequências disso serão encaradas no foro competente. Aos amigos, aviso que estou bem. Muito bem cuidada pela família e por uma série de pessoas queridas que estão me apoiando nesse momento”, rebateu a jornalista.

Ela assegurou que vai tomar as "medidas cabíveis" contra Wassef e recebeu apoio de colegas da imprensa, do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Felipe Santa Cruz e da direção do veículo.

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"Repudiamos o ataque cometido pelo advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, contra nossa colunista Juliana Dal Piva e reiteramos nosso apoio ao seu trabalho e nosso compromisso com o jornalismo sério, independente, apartidário e voltado para atender o interesse público", reiterou o gerente-geral de Notícias e Entretenimento do UOL, Alexandre Gimenez.

A CPI da Pandemia deve votar na quarta-feira (7) a convocação de Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro. Em uma gravação divulgada na segunda-feira (5), ela acusa o presidente de envolvimento em um esquema de desvio de recursos públicos conhecido como “rachadinha” quando foi deputado. Segundo a denúncia, dinheiro que deveria ser usado para o pagamento de servidores da Câmara era “devolvido” para o então deputado Jair Bolsonaro. O advogado Frederick Wassef, que representa o presidente, nega as acusações.

O pedido de convocação é assinado pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL). “A pessoa convocada tem ligação direta com suspeitas de crimes investigados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, envolvendo o presidente da República e seus filhos. Além disso e intimamente ligadas ao objeto desta CPI, há notícias de que as indicações de ocupantes para posições, cargos e funções estratégicos no Ministério da Saúde e outras posições no combate à pandemia seriam feitas pelo presidente da República, por seus filhos e pessoas próximas a eles, em sua maioria, por meio da senhora Andrea Siqueira Valle”, argumenta Calheiros.

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A CPI da Pandemia tem 59 requerimentos na pauta. Eles preveem, por exemplo, a quebra dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático dos deputados federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do Governo na Câmara, e Luis Miranda (DEM-DF). Barros teria sido citado pelo presidente Jair Bolsonaro em um suposto esquema de corrupção para a compra da vacina Covaxin. A denúncia foi apresentada em junho por Miranda.

Renan sugere a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de Danilo e Gustavo Berndt Trento. Eles são apontados como sócios de Francisco Maximiano, da Precisa Medicamentos, envolvido em denúncias de irregularidades na compra da vacina Covaxin.

Calheiros requer ainda que o Poder Executivo envie à CPI informações detalhadas sobre gastos orçamentários classificados como “Resultado Primário – RP-9”. O relator quer saber quais parlamentares e autoridades pediram ou liberaram um total de R$ 16,85 bilhões previstos nessa rubrica em 2020 e 2021.

Renan também apresentou um requerimento de informações ao Comando do Exército. Ele quer acesso a todos os relatórios e informações de inteligência relacionados ao ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello e aos militares Antônio Élcio Franco, Marcelo Blanco da Costa e Alexandre Martinelli Cerqueira. Os três últimos também atuaram na pasta durante a pandemia de coronavírus.

O relator da CPI da Pandemia propõe que a Polícia Federal investigue o encontro ocorrido entre o policial militar Luiz Paulo Dominguetti e o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. Dominguetti se apresenta como representante comercial da empresa Davati Medical Supply, com sede nos Estados Unidos. Ele afirmou ter recebido de Dias um pedido de propina para a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. Renan pede que a Polícia Federal apreenda imagens e equipamentos no Brasília Shopping, no Garvey Park Hotel e no restaurante Vasto, onde Dominguetti e Dias teriam se encontrado.

O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou ainda um requerimento para que o Ministério da Saúde informe todos os registros de entrada de Luiz Paulo Dominguetti e do reverendo Amilton Gomes da Paula ao longo de 2021. O religioso, que também é alvo de um pedido de convocação, recebeu aval da pasta para negociar a compra de 400 mil doses da AstraZeneca com a empresa Davati.

*Da Agência Senado

O senador Alessandro Vieira (Cidadania) afirmou que irá protocolar um pedido para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da 'rachadinha' no Senado.  O parlamentar informou, por meio de sua conta no Twitter, que "ninguém está acima da lei".

"Os fatos narrados são graves e exigem apuração imediata. Apresento hoje o pedido de CPI da rachadinha. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (João 8:32)", compartilhou.

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Gravações feitas por Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), apontam que o presidente mantinha um esquema de entrega de salários de assessores - conhecido como ‘rachadinha’ - em seu gabinete como deputado federal, entre 1991 e 2018. A denúncia reforça a participação do ex-assessor da família, Fabrício Queiroz, na coleta dos valores, que configura crime de peculato.

Cinco ex-assessores de Jair Bolsonaro, ainda da época em que era deputado federal, receberam R$ 165 mil em auxílios na Câmara, indica o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). Eles são suspeitos de serem funcionários 'fantasmas' e tiveram o sigilo quebrado na investigação da prática de 'rachadinha' contra o filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos).

A investigação aponta que também há indícios de "rachadinha" - quando o assessor devolve parte do salário para o político que o emprega - no antigo gabinete do presidente. Em dois casos, o valor dos auxílios alimentação era o único que permanecia nas contas dos funcionários, enquanto o resto do abono depositado pela Câmara era sacado em caixas eletrônicos.

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A filha do Queiroz é investigada

Na quebra de sigilo no período em que trabalhavam no gabinete de Jair, entre 2007 e 2018, o MP-RJ percebeu que quatro dos ex-funcionários - Fernando Nascimento Pessoa, Nelson Alves Rabello, Jaci dos Santos e Daniel Medeiros da Silva - sacaram entre 70% e 77% do que haviam recebido.

Já a outra investigada é a filha de Fabrício Queiroz, a personal trainer Nathália Queiroz, que transferia cerca de 65% para o pai e só em auxílios recebeu R$ 21 mil. Ele chegou a ser preso e é apontado como operador do suposto esquema de "rachadinha" no antigo gabinete de Flávio.

Atualmente, Fernando Pessoa é assessor parlamentar de Flávio no Senado e recebeu R$ 22,9 mil no último mês, de acordo com o Estadão. Ele é um dos advogados que defendeu a família Bolsonaro ao mesmo tempo em que tinha cargo nos gabinetes.

Rabello também rodou como funcionário da família e chegou a integrar os gabinetes de Jair, Flávio e do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos).

Só em auxílio, Daniel Medeiros recebeu R$ 36,3 mil ao todo, mas morava em uma casa humilde em Bento Ribeiro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, mesmo bairro em que a família possui escritório.

O Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), de novo, para validar a quebra de sigilo bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e seus ex-assessores. A Quinta Turma da Corte suspendeu no mês passado os efeitos da decisão por entender que ela foi mal fundamentada pelo juiz Flávio Itabaiana Nicolau.

Autorizada em abril de 2019, a medida cautelar foi essencial para o avanço da investigação das "rachadinhas", que culminou na denúncia por peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e apropriação indébita. Assim que o STJ a considerou nula - o que enfraquece as acusações feitas na denúncia -, o MP apresentou um recurso que pedia para o Supremo Tribunal Federal (STF) analisar o caso.

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O vice-presidente do STJ, Jorge Mussi, negou o pedido alegando que não havia nenhum aspecto constitucional a ser discutido. Se houvesse, justificaria a análise na outra Corte. O MP, agora, alega que o ministro não se debruçou sobre os argumentos citados no recurso.

Com o imbróglio judicial, a denúncia contra Flávio Bolsonaro, o operador Fabrício Queiroz e outras 15 pessoas segue parada no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio desde novembro do ano passado. A peça foi apresentada àquele colegiado por causa de outra novela envolvendo recursos: a que versa sobre o foro do senador.

Flávio Bolsonaro conseguiu o direito de ser julgado na segunda instância por ser deputado estadual na época dos crimes supostamente praticados. Há, no entanto, recursos parados no STF que buscam devolver a investigação ao juiz Itabaiana, da primeira instância.

Ou seja, tanto a discussão do foro quanto a da quebra de sigilo fazem com que o caso ande a passos de tartaruga. A estratégia da defesa do senador, ciente do nível de embasamento das provas e da dificuldade de vencê-las no mérito, sempre foi a de alegar supostas ilegalidades na condução do inquérito.

O vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Jorge Mussi, rejeitou mais um recurso da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a decisão que anulou quebra de sigilo do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no caso das "rachadinhas". Na sexta-feira passada (9), Mussi negou um pedido da PGR para levar o caso para análise do Supremo Tribunal Federal (STF).

Neste segundo recurso, a Procuradoria questionava o argumento da Quinta Turma que anulou a quebra de sigilo por considerar que o juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio, não justificou de forma suficiente a necessidade da diligência contra Flávio, Fabrício Queiroz e outras 94 pessoas e empresas investigadas pelo Ministério Público do Rio.

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A PGR alega que Itabaiana se valeu da técnica de fundamentação "per relationem", na qual o magistrado faz remissão aos argumentos de uma das partes na hora de embasar suas decisões. A Procuradoria apontou que o juiz fez referência à "minuciosa e consistente explanação fática e jurídica" do Ministério Público fluminense.

"Ainda que assim não fosse, certo é que a quebra de sigilo foi ratificada pelo juiz competente, à ocasião da extensão dos efeitos da cautelar a outros investigados, em decisão extensa e detalhada", argumentou a PGR.

Mussi negou o recurso e afirmou que essa discussão foi superada durante julgamento da Quinta Turma. "Da leitura do acórdão recorrido, constata-se que foram declinadas as razões pelas quais o agravo regimental foi provido para anular a decisão de quebra de sigilo fiscal e bancário dos investigados por ausência de fundamentação, afastando-se a tese de que nela havia sido adotada a técnica de motivação per relationem", apontou o ministro.

Na última sexta-feira, o ministro rejeitou um recurso da PGR que pedia para o caso ser levado ao STF. Na ocasião, Mussi avaliou que não havia questão constitucional que justificava encaminhar o recurso ao Supremo. A PGR ainda pode recorrer da decisão.

O vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Jorge Mussi, rejeitou nesta sexta-feira (9) um recurso da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a decisão do tribunal que anulou a quebra do sigilo fiscal e bancário do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e de outras 94 pessoas e empresas investigadas no chamado 'inquérito das rachadinhas'.

Ao entrar com o recurso, a PGR pedia que o caso fosse levado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na avaliação do procurador Roberto Luís Oppermann Thomé, que assina o recurso, a análise do tema pelo STJ está "esgotada".

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No entanto, para chegar ao Supremo, o recurso precisava ter a admissibilidade reconhecida no próprio Superior Tribunal de Justiça - pelo presidente da Corte, Humberto Martins, ou por Mussi. Ao STJ, Thomé também sustentou que não houve nulidade no pedido do Ministério Público do Rio para quebrar os sigilos dos investigados.

Ao rejeitar o recurso, Mussi avaliou que não havia questão constitucional que justificava encaminhar o recurso ao Supremo. A PGR ainda pode recorrer da decisão.

No final de fevereiro, pelo placar de 4 votos a 1, a Quinta Turma do STJ determinou que os investigadores do Ministério Público do Rio retirem da apuração todas as informações obtidas a partir da devassa nas contas de Flávio e dos demais alvos da medida. A decisão foi tomada em conjunto pelos ministros João Otávio de Noronha, Reynaldo Soares da Fonseca, Ribeiro Dantas e Joel Ilan Paciornik. Apenas o relator do caso, Felix Fischer, defendeu as quebras de sigilo, mas acabou isolado no julgamento.

A decisão é considerada pelos procuradores o maior revés desde a abertura do inquérito, há mais de dois anos.

Seis ex-assessores do presidente Jair Bolsonaro, quando ele era deputado federal, sacaram 90% do dinheiro que receberam quando estavam nos gabinetes dos filhos dele. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) são investigados pelo Ministério Público do Rio. O primeiro, com outras dezesseis pessoas, já foi até denunciado à Justiça do Rio por peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e apropriação indébita.

A informação sobre os saques foi publicada nesta quinta-feira, 15, pelo portal UOL a partir de dados da quebra de sigilo bancário e fiscal autorizada na investigação contra Flávio. Como a família sempre teve o hábito de trocar funcionários entre si, a medida cautelar gerou informações sobre os gabinetes de Carlos e Jair.

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No caso dos seis, contudo, não é possível saber se há indícios de irregularidades quando trabalhavam para o atual presidente. Eles estiveram no escritório dele antes de 2007, ano em que se iniciam os dados da quebra de sigilo.

Esses seis ex-empregados - Andrea Siqueira Valle, João Garcia Braga, José da Silva Valle, Michelle Almeida dos Santos, Juliana Siqueira Guimarães Vargas e Marselle Lopes Marques - retiraram em dinheiro R$ 1,41 milhão do total de R$ 1,58 milhão recebido. Os saques de montantes em espécie são uma forma clássica de facilitar processos de lavagem de dinheiro. Possibilitam transações que não deixam rastros no sistema financeiro.

A suspeita nas investigações é a de que eles empregavam, nos gabinetes, funcionários "fantasmas". Estes repassariam boa parte do que recebiam para o próprio político, configurando assim a chamada "rachadinha". Esse é motivo da acusação de peculato, desvio de dinheiro público por servidor.

Dos seis citados na reportagem, quatro têm algum grau de parentesco com Bolsonaro: Juliana Siqueira, prima da segunda ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle; os ex-sogros João Garcia Braga e José da Silva Valle; e Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina.

Os advogados dos procuradores que responderam aos contatos do UOL negaram irregularidades. "O senador Flávio Bolsonaro não praticou qualquer tipo de ilegalidade em seus mandatos. Todos os servidores que passaram pelo gabinete do parlamentar foram nomeados de acordo com as regras da Assembleia Legislativa e cumpriam suas funções dentro das normas da casa", alegou Frederick Wassef, defensor de Flávio Bolsonaro.

O advogado de Carlos Bolsonaro, Antonio Carlos Fonseca, disse que não iria se manifestar porque o processo está sob sigilo.

O esquema da 'rachadinha' que atinge diretamente o núcleo do clã Bolsonaro, envolvendo o atual presidente e seus filhos, Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, também resvalou na segunda esposa de Jair, Ana Cristina Siqueira Valle, tida como 'peça-chave' da operação. 

A publicação investigativa do UOL, apontou que a família tinha um esquema que funcionava sistematicamente nos gabinetes do então deputado federal, Jair Bolsonaro, do vereador Carlos Bolsonaro e do deputado estadual do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro. Em todos os gabinetes, Ana Cristina esteve empregada.

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Andrea Siqueira Valle, irmã da ex-esposa de Jair Bolsonaro, ficou empregada no gabinete do deputado por oitos anos, mas segundo o UOL, um ano depois da saída da irmã, Ana Cristina Siqueira Valle, ficou com todo valor acumulado da conta que Andrea surgia como titular. O valor é de 54 mil reais.

De início, o esquema colocava Queiroz como operador, mas como traz a coluna de Leonardo Sakamoto, Ana Cristina também era peça interessante no tabuleiro. 18 familiares da ex-esposa do presidente recebiam salários e desses, 10 já estão sob investigação. Além disso, chefiou o gabinete de Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro. O gabinete também é alvo do inquérito e reforça a tese da importância de Ana no esquema. Na Alerj foi funcionária fantasma de Flávio por 10 anos.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) determinou o fim do Grupo de Atuação Especializada e Combate à Corrupção (Gaecc), nesta quarta-feira (3), conforme noticiado pelo portal G1.

Entre outros casos, o núcleo investigou a suspeita de "rachadinha" do senador Flávio Bolsonaro da época em que ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

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O MPRJ também definiu que os trabalhos do Gaecc serão repassados a um departamento a ser criado dentro do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A decisão, assinada pelo procurador-geral de Justiça, Luciano Oliveira Mattos de Souza, foi confirmada no Diário Oficial do MPRJ nesta quinta-feira (4).

A resolução aponta que o novo núcleo no Gaeco "atuará no combate às milícias, ao tráfico de drogas e à lavagem ou ocultação de bens" e ficará responsável por investigar crimes contra a administração pública, como os relacionados a licitações.

No final de 2020, de acordo com o G1, 21 dos 22 promotores do Gaecc já haviam sido exonerados, e as vagas não foram preenchidas.

Na investigação contra Flávio Bolsonaro, a estimativa é de desvio de R$ 6 milhões no suposto esquema, conhecido como "rachadinha", em que os funcionários devolvem parte dos salários ao parlamentar.

Da Sputnik Brasil

Nesta quarta-feira (24), em visita ao Acre por conta da situação calamitosa que o Estado vive, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) abandonou a coletiva de imprensa após ser questionado sobre a anulação da quebra do sigilo bancário do seu filho, o senador Flávio Bolsonaro.

Irritado com a pergunta do jornalista, o presidente disse: "acabou a entrevista". A debandada aconteceu mesmo antes da conclusão da pergunta. 

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Na tarde desta última terça-feira (23), maioria da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) votou para acolher um dos pedidos da defesa do senador, anulando a quebra do sigilo bancário do parlamentar - investigado pelas rachadinhas na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, quando era deputado.

O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa após a conclusão da primeira etapa da investigação que apura indícios de desvios de salários de funcionários em seu antigo gabinete na Alerj.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu inquérito para apurar se a deputada estadual paulista Letícia Aguiar (PSL) operou um esquema de "rachadinhas", "funcionários fantasmas" e "laranjas" em seu gabinete na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). As suspeitas de irregularidades vieram à tona no final do ano passado, quando o órgão recebeu uma denúncia de desvios de salários envolvendo cinco funcionários em cargos comissionados. Na ocasião, um pedido formal de esclarecimentos foi enviado ao gabinete da deputada.

Com base nas informações prestadas e nos dados colhidos em uma análise preliminar do caso, o promotor Paulo Destro, da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social de São Paulo, decidiu instaurar uma investigação na quarta-feira (10).

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A hipótese é a de que funcionários em exercício nos cargos de auxiliar, secretário e assessor parlamentar, incluindo o então chefe de gabinete da deputada, se descompatibilizaram para disputar as eleições municipais e foram substituídos por indicados sem experiência nas funções - três deles com idades entre 63 e 72 anos, diz o MP.

Os sucessores estariam repassando parte dos salários, que somados chegavam a R$ 38 mil mensais, enquanto trabalhariam como "cabos eleitorais" dos antigos funcionários durante o expediente. "Atendendo, possivelmente, os interesses pessoais da parlamentar", registra o promotor.

O chefe de gabinete, Anderson Senna (PSL), deixou o cargo para disputar a prefeitura de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, cidade natal da deputada. Outros dois funcionários, Carlos Alberto Favaro e Aurinho da Zona Sul, tentaram se eleger vereadores no município e um último, Lino de Jacareí, tentou vaga na Câmara Municipal de Jacareí, na mesma região. Todos foram lançados pelo PSL e acabaram derrotados nas urnas. Passada a eleição, três deles voltaram, ainda no início de dezembro, aos cargos, como informa no site da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Na portaria que instaurou o inquérito, Paulo Destro determinou que o presidente da Alesp, Cauê Macris (PSDB), apresente em até 15 dias a identificação e qualificação dos funcionários que passaram pelo gabinete da deputada desde o início da legislatura, a folha de frequência dos cinco empregados no período eleitoral e informações sobre suas atribuições.

Defesa

A reportagem entrou em contato com o gabinete da deputada e aguarda resposta. No final do ano passado, quando a denúncia foi tornada pública, ela enviou a seguinte nota:

"A parlamentar desenvolve um trabalho honesto, transparente e é totalmente contrária à quaisquer práticas ilegais, sejam das chamadas 'rachadinhas', atos de corrupção ou denunciação caluniosa.

Qualquer acusação sobre esse fato é totalmente infundada e sem lastro probatório. Todos os seus assessores são funcionários que efetivamente trabalham e estão presentes diariamente exercendo suas funções, seja no gabinete central na Assembleia Legislativa ou no gabinete regional em São José dos Campos.

Frise-se, mais uma vez, que a Deputada Leticia Aguiar repudia toda e qualquer ilicitude dentro de seu gabinete, priorizando a honestidade do seu mandato e honrando cada voto e pessoa que confiou essa missão a ela."

O deputado federal Alexandre Frota (PSDB) protocolou um pedido de abertura de procedimento disciplinar contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. Protocolada em 30 de dezembro, a petição aguarda análise jurídica de admissibilidade pela Advocacia do Senado. 

O filho 01 do presidente da República é acusado de intervir em investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro por suposta prática de "rachadinha" em seu gabinete quando era deputado estadual. A prática consiste no confisco de parte dos salários dos funcionários, o que caracteriza desvio de dinheiro público. Segundo a Agência Senado, Alexandre Frota diz que, caso a denúncia seja confirmada, o senador teria cometido os crimes de improbidade administrativa, peculato, associação criminosa e tráfico de influência. Ele pede que Flávio perca o mandato de senador.

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O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar tem como atribuição zelar pela prática parlamentar, de acordo com as normas da Constituição federal, do Regimento Interno e do Código de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal. A última reunião do colegiado ocorreu em 25 de setembro de 2019. Em 2020, não houve deliberações, devido à pandemia do novo coronavírus. Em outubro, o presidente do Conselho, senador Jayme Campos (DEM-MT), disse que somente poderá convocar os senadores após a revogação do Ato da Mesa do Senado que impede as reuniões presenciais durante a pandemia.

De acordo com o Regimento Interno, depois de receber o parecer da Advocacia da Senado, Jayme Campos poderá dar andamento ou arquivar os pedidos de investigação que o conselho recebe, se entender que eles não cumprem os requisitos de tramitação. No Twitter, Alexandre Frota divulgou ter feito pedido e escreveu “E vamos sempre em busca da verdade” além das hashtags #ForaBolsonaro e #bolsonarocanalha. 

Candidato do presidente Jair Bolsonaro na disputa pelo comando da Câmara, o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) foi cobrado pela Receita Federal em R$ 1,9 milhão por ter deixado de pagar impostos sobre recursos obtidos no tempo de parlamentar na Assembleia Legislativa de Alagoas. A autuação do Fisco ocorreu em 2009, período em que, segundo o Ministério Público, Lira chefiou um esquema de "rachadinha" no Legislativo estadual. O Conselho Administrativo de Recursos (Carf) confirmou a multa cinco anos depois.

Nas declarações entre 2004 e 2007, Lira omitiu rendimentos por meio do recebimento de depósitos bancários de origem não identificada, não pagou imposto sobre verbas de gabinete que, na visão da Receita, tinham natureza remuneratória e recebeu recursos acima do que a lei e as normas da Assembleia permitiam à época. A Receita avaliou que o deputado teve um "acréscimo patrimonial" e teria de recolher Imposto de Renda sobre esse montante.

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O esquema da "rachadinha", no qual um político fica com parte do salário dos funcionários de seu gabinete, propiciou a Lira um rendimento mensal de R$ 500 mil, quando era deputado em Alagoas, segundo denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República. Autuado pelo Fisco, Lira recorreu ao Carf, mas teve o recurso negado por unanimidade. Decidiu, então, aderir ao Programa Especial de Regularização Tributária (PERT), em 2017, reconhecendo o imposto devido. Atualmente, ele faz o pagamento parcelado.

A assessoria do deputado confirmou a adesão ao programa para regularizar sua situação na Receita. "O contribuinte Arthur César Pereira de Lira aderiu ao PERT e está rigorosamente em dia com o pagamento das respectivas prestações", disse a assessoria. A Receita, por sua vez, informou que, por força do sigilo fiscal estabelecido pelo Código Tributário Nacional (CTN), não comenta a situação de contribuintes específicos.

O PERT foi criado por Medida Provisória, em 2017, no governo do ex-presidente Michel Temer, para ajudar as empresas em um momento de crise econômica e alavancar a arrecadação federal, que vinha em queda. Ficou ainda mais "generoso" após tramitar no Congresso, que aumentou descontos e flexibilizou condições de pagamento, contando ali com a ajuda do próprio Lira.

Na sessão de votação da MP, em 3 outubro de 2017, quando já havia aderido ao parcelamento, o deputado apresentou emenda para dar 100% de descontos em encargos legais devidos, como honorários advocatícios. O abatimento não existia no texto original.

A bancada do PSOL chegou a encaminhar, no mesmo dia, uma proposta para que deputados e senadores não pudessem renegociar os próprios débitos. Lira votou contra. "Nós entendemos que a medida não tem, absolutamente, critério constitucional", afirmou o deputado naquela sessão. "(Todos) podem e devem aderir ao REFIS se por acaso tiverem necessidade."

Confissão

A adesão ao PERT configura confissão irrevogável por parte do contribuinte de que o imposto é devido. Pelo programa, dependendo da modalidade de pagamento escolhida, o desconto chegava a 90% nos juros devidos, a 70% das multas e a 100% dos encargos legais. O pagamento poderia ser parcelado em até 175 vezes.

Na investigação que levou à autuação do deputado, a Receita alegou que Lira aumentou seu patrimônio ao utilizar verbas de gabinete para quitar dívidas pessoais. "Constatou-se que parte dos recursos recebidos a título de verba de gabinete foi utilizada para quitação de empréstimos pessoais", destacou o Fisco. "Tal aplicação dos recursos é contrária às destinações previstas na Resolução n° 392/95 e configura acréscimo patrimonial."

A Receita apontou que Lira não conseguiu comprovar a origem de recursos referentes à sua movimentação bancária e à destinação dos recursos recebidos como verba de gabinete. O procedimento tramitou de maneira independente das investigações nas esferas cível e criminal que o deputado enfrenta.

Frentes de apuração

- Esfera cível: em 2016, Arthur Lira foi condenado em segunda instância por improbidade administrativa, numa ação decorrente da Operação Taturana. A investigação apurava desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa de Alagoas. Quatro anos antes, ele havia sido condenado em primeira instância a devolver R$ 182 mil e pagar uma multa de mesmo valor. Por ser condenado em segunda instância, Lira não poderia ter concorrido à eleição de 2018, mas uma liminar do então vice-presidente do TJ-AL, Celyrio Adamastor, suspendeu a sentença.

- Esfera criminal: a PGR denunciou Lira, em 2018, pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro, também no âmbito da Operação Taturana. A ação, que estava no STF foi enviada para a Justiça estadual. Em 3 de dezembro, o juiz Carlos Henrique Pita Duarte, da 3.ª Vara Criminal de Maceió, invalidou as provas e absolveu Lira sumariamente.

- Receita Federal: o Fisco cobrou de Lira R$ 1,9 milhão de impostos que deixaram de ser pagos no período em que foi investigado esquema na Assembleia. Ele fez acordo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Rede Sustentabilidade pediu ao Supremo Tribunal Federal que afaste do cargo o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.

A manifestação foi enviada nesta sexta, 11, após a revista Época revelar a existência de dois relatórios produzidos pela inteligência brasileira para auxiliar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), acusado de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro no caso das 'rachadinhas'.

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A peça foi direcionada ao ministro Ricardo Lewandowski, que é relator de um pedido de abertura de inquérito contra Heleno e Ramagem para investigar uma reunião dos dois com advogados de Flávio, em setembro. O encontro contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro e girou em torno de uma estratégia para anular as investigações do caso Queiroz conduzidas pelo Ministério Público do Rio.

A tese aventada pela defesa de Flávio é afirmar que as informações presentes no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que identificou repasses suspeitos de Queiroz foram obtidas de forma ilegal. O documento foi o ponto de início das investigações e foi revelado pelo Estadão.

Reportagem da revista Época publicada nesta sexta, 11, aponta que a Abin de Ramagem produziu dois relatórios em que detalha o funcionamento de suposta organização criminosa na Receita Federal que, segundo a defesa de Flávio, teriam feito uma devassa nos dados fiscais do senador. Em um dos documentos, a finalidade descrita é 'Defender FB no caso Alerj'.

Entre as sugestões listadas pela agência estão a demissão de servidores do Fisco e da Controladoria-Geral da União (CGU), órgão responsável pela fiscalização da administração pública.

A Rede afirma que os fatos são 'estarrecedores'. "Demonstram, com clareza meridiana, que as iniciais preocupações com a utilização de Abin, GSI (e até mesmo o Serpro) para fins meramente pessoais da família do Sr. Presidente da República efetivamente se concretizaram da pior forma possível, com a produção de verdadeiros relatórios de uma inteligência estatal quase paralela, avessa às finalidades constitucional e legalmente estabelecidas para os órgãos federais referidos", afirma o partido.

A legenda pede a Lewandowski que determine não apenas o afastamento de Heleno e Ramagem, como também proíba a Abin, o GSI e a Presidência de fazer solicitações relacionadas ao caso Queiroz à Receita Federal ou ao Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). É pedido ainda que ambos os órgãos sejam impedidos de atender solicitações já feitas pelo governo.

A Rede solicita que a PGR abra um inquérito para apurar o caso. No mês passado, o procurador-geral da República Augusto Aras informou Lewandowski que havia sido instaurada uma notícia de fato para apuração preliminar sobre a reunião de Ramagem e Heleno com a defesa de Flávio. Na ocasião, o PGR disse que 'caso surjam indícios razoáveis de possível prática delitiva por parte dos noticiados, será requerida a instauração de inquérito'.

Mais cedo, o Sindifisco Nacional - entidade que representa os auditores fiscais da Receita - afirmou que a Abin 'passou de qualquer limite' ao produzir relatórios com acusações a servidores do Fisco. O presidente da entidade, Kleber Cabral, afirmou que agência agiu a serviço 'de uma causa que não é republicana' e que a situação é 'inaceitável'.

"Se não bastasse a gravidade de se ter uma agência de inteligência mobilizada para defender o filho do presidente da República, acusado de atos ilícitos, como a 'rachadinha' na Alerj, não se pode admitir que um órgão de governo busque interferir num órgão de Estado, protegido pela Constituição Federal, sugerindo afastamentos de servidores públicos", afirmou.

COM A PALAVRA, O GABINETE DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL

A reportagem entrou em contato com a assessoria do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e aguarda resposta. O espaço permanece aberto a manifestações.

COM A PALAVRA, A ABIN

A reportagem entrou em contato com a Abin e aguarda resposta. O espaço está aberto a manifestações.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) instruiu o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) e seus advogados para livrá-lo do processo que investiga o suposto esquema de ‘rachadinha’ em seu antigo gabinete. A informação é da revista Época. A entidade equivalente à CIA produziu pelo menos dois relatórios para embasar a defesa do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a anular as investigações do caso Queiroz.

De acordo com a reportagem, a Abin detalhou a atuação da suposta organização criminosa operada pelo ex-assessor Fabrício Queiroz na Receita Federal e enviou os relatórios diretamente para o senador, ainda em setembro. Os advogados indicam que o órgão fiscalizador teria feito um escrutínio ilegal em seus dados fiscais para produzir o relatório que culminou na investigação.

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Com acesso aos documentos enviados para o WhatsApp de Flávio e encaminhado por ele para a advogada Luciana Pires, a Época transcreveu parte do texto. No campo "Finalidade", a Inteligência indica o objetivo de "defender FB no caso Alerj demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB".

Até então, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, defendeu que a Abin não atuou no caso, mesmo após a denúncia ser levada ao pai do senador, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e ao diretor da Inteligência, Alexandre Ramagem.

No dia 25 de agosto, Ramagem participou de uma reunião no gabinete de Bolsonaro e recebeu uma petição das advogadas de Flávio, que solicitavam uma apuração especial para obter material que sustentasse a suspeita de que o senador havia sido alvo da Receita. O diretor da Abin fez uma cópia do requerimento e o devolveu à advogada no dia seguinte, com a orientação de que o protocolasse na Receita Federal. Após a ocasião, a Inteligência continuou instruindo a defesa para anular o inquérito, mesmo com a dificuldade de captar os documentos da Receita.

“A dificuldade de obtenção da apuração especial (Tostes) e diretamente no Serpro é descabida porque a norma citada é interna da RFB da época do responsável pela instalação da atual estrutura criminosa — Everardo Maciel. Existe possibilidade de que os registros sejam ou já estejam sendo adulterados, agora que os envolvidos da RFB já sabem da linha que está sendo seguida”, diz um dos relatórios, em referência ao chefe do órgão, José Tostes Neto, e ao servidor Everardo Maciel. O texto ainda traça uma "linha de ação" para “Obtenção, via Serpro, de ‘apuração especial’, demonstrando acessos imotivados anteriores (arapongagem)”, e assim, "defender FB no caso Alerj".

Um integrante do esquema da "rachadinha" da Assembleia Legislativa de Alagoas denunciado pelo Ministério Público despacha, desde maio, no gabinete do deputado federal Arthur Lira (Progressistas-AL). O secretário parlamentar Djair Marcelino é citado na acusação apresentada pela Procuradoria-Geral da República como um dos envolvidos no "grupo criminoso" apontado como responsável por desviar R$ 254 milhões dos cofres públicos.

Líder do chamado Centrão, Lira é o favorito do Palácio do Planalto para comandar a Câmara dos Deputados nos próximos dois anos. Após as revelações de que ele é acusado de liderar esquema de "rachadinha" em Alagoas, no entanto, aliados afirmaram que o presidente Jair Bolsonaro deve ser mais "cauteloso" no apoio à candidatura.

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Na quinta-feira passada, o juiz Carlos Henrique Pita Duarte, da 3.ª Vara Criminal de Maceió, invalidou as provas e absolveu Lira sumariamente - sem avaliar o mérito da ação - das acusações de peculato e lavagem de dinheiro. Ele entendeu que as provas apresentadas na denúncia não poderiam ter sido utilizadas. A sentença foi dada horas após o Estadão revelar a íntegra da denúncia. O Ministério Público vai recorrer da decisão do magistrado. Segundo a ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge, que denunciou Lira, as provas foram validadas pelo Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal e Justila e pelo TRF da 5ª Região.

Na época chefe de gabinete de Lira no Legislativo estadual, Marcelino chegou a sacar pelo menos dez cheques de servidores e transferiu os valores para a conta dos parlamentares envolvidos, segundo a denúncia. O esquema teria beneficiado ao menos 12 deputados estaduais. A Procuradoria-Geral da República aponta o assessor como um dos "entrepostos financeiros" da organização.

O esquema de desvios de recursos da Assembleia de Alagoas durou de 2001 a 2007, afirmam os investigadores. Na íntegra da denúncia apresentada em 2018, obtida com exclusividade pelo Estadão, os ex-assessores da casa Eudásio Gomes e George Melo também são apontados como "entrepostos financeiros" de Lira. Os dois movimentaram R$ 12,4 milhões apenas entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005.

Atualmente, Marcelino recebe da Câmara um salário mensal de R$ 7.509,50, mais R$ 982,29 de auxílios como secretário parlamentar. Em consulta ao TSE, há um registro de filiação de Djair Marcelino ao PP desde 2003.

Além do período em que trabalhou nos gabinetes parlamentares, Djair Marcelino é conhecido no meio político alagoano como alguém de extrema confiança do deputado, um braço-direito. Em um processo trabalhista que tramita contra Lira, Djair Marcelino foi citado por um ex-funcionário de uma empresa do deputado como "uma espécie de secretário geral" que cuida da "parte burocrática". Em uma notícia divulgada por um veículo local em Alagoas em 2007, Djair Marcelino é descrito como assessor da organização da VII Grande Vaquejada do Parque Arthur Filho, festa que seria "uma promoção de Arthur Lira".

A reportagem procurou o servidor da Câmara e o próprio Lira para comentar a nomeação e a relação entre o deputado e Djair Marcelino, mas a assessoria não respondeu às perguntas. Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o parlamentar disse já ter dado todas as explicações necessárias à Justiça. "O deputado Arthur Lira já apresentou sua defesa com todas as explicações necessárias, esclarecendo qualquer dúvida sobre a lisura de suas ações quando deputado estadual em Alagoas", afirmou a assessoria do parlamentar. "Lira confia na Justiça e tem certeza de sua total e plena absolvição. Não há condenação contra o deputado."

O deputado já foi condenado por esse caso em segunda instância na esfera cível, por improbidade administrativa. Ele só conseguiu concorrer nas eleições gerais de 2018 após obter uma liminar do Tribunal de Justiça. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

William Bonner e Renata Vasconcelos, apresentadores do Jornal Nacional, da TV Globo, foram intimados a depor na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), por suposto crime d desobediência a decisão judicial. 

A Justiça havia proibido que a TV Globo publicasse informações sigilosas sobre o caso das "rachadinhas" no gabinete de Flávio Bolsonaro (Republicanos) na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, na época em que era deputado estadual do Rio de Janeiro, e o seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

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Segundo o UOL, os mandados de intimação contra os apresentadores do Jornal Nacional foram emitidos na tarde da última quarta-feira (2). Foi a defesa de Flávio que entrou com notícia-crime contra William e Renata  na DRCI, que abriu o inquérito.

Um fio de acusações contra a família Bolsonaro, montado pelo ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), ficou entre os assuntos mais falados do Twitter nesta sexta-feira (27). Nas mensagens, Ciro insinua que não é possível que Flávio Bolsonaro não soubesse do esquema de rachadinha, nem tivesse sido parte dele. O pedetista também acusa o chefe da família, Jair Bolsonaro, e os irmãos de Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro, de compor “quadrilha”.

Fabrício Queiroz, que é ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), teria admitido ao Ministério Público (MP) o envolvimento em esquema de rachadinhas, mas isentado o filho do presidente. 

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“Queiroz, o faz-tudo da família Bolsonaro, assumiu o esquema de corrupção das rachadinhas, mas disse que Flávio Bolsonaro não tinha conhecimento. Quem recebe 48 depósitos de R$ 2 mil em um mês, tem escola das filhas e planos de saúde pagos e não se preocupa de onde vem o dinheiro?”, disparou Ciro.

O ex-deputado refere-se ao relatório de 2019 emitido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontou a realização de 48 depósitos no valor de R$ 2 mil em dinheiro na conta pessoal de Flávio, no intervalo de um mês, em 2017. 

Segundo o documento, as transações totalizaram R$ 96 mil e foram feitas no caixa eletrônico da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), entre junho e julho daquele ano. A suspeita seria de que funcionários do gabinete do senador devolviam parte dos salários, formando, então, o esquema das rachadinhas.

Ciro Gomes prossegue com as acusações e diz que o presidente Jair Bolsonaro é o responsável  por “corromper” os filhos. Ele também apontou supostas ligações da família com a milícia carioca, mencionando a denúncia contra Flávio, que apontou a presença da família do miliciano Adriano da Nóbrega no esquema criminoso.

“Bolsonaro, que corrompeu os filhos desde jovens, também é investigado por empregar funcionários fantasmas, como Wal do Açaí e a filha do Queiroz, que assinava recibos falsos no gabinete sem prestar serviços. E pra não esquecer: Bolsonaro, por que Michelle recebeu R$ 89 mil do Queiroz?”, provocou o opositor.

O ex-Ministro da Fazenda relembrou a investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro contra Carlos Bolsonaro (Republicanos) por apropriação dos salários de funcionários fantasmas na Câmara Municipal, e também a CPMI das Fake News, que investiga o filho mais velho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL). Com uma charge e a hashtag “BolsonaroMentiroso”, Ciro Gomes concluiu o fio escrevendo que “Bolsonaro é um irresponsável, despreparado e mentiroso compulsivo!”

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