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O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), João Augusto Nardes, confirmou para esta quarta-feira (27) a análise sobre a possibilidade de bloqueio dos bens da presidenta da Petrobras, Graça Foster, no processo que apura irregularidades na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos. “Falei hoje (26) com o relator [ministro José Jorge] e ele deve manter o processo [na pauta]”, disse Nardes à Agência Brasil após reunião no Ministério do Trabalho. Na semana passada, o tribunal adiou a análise sobre o bloqueio dos bens da presidenta da Petrobras.

O ministro José Jorge, relator do caso, manteve o voto apresentado no início do mês, pela indisponibilidade, mas retirou o processo da pauta na reunião da última quarta-feira (20) após a notícia publicada pelo jornal O Globo. A reportagem informa que a presidenta e o ex-diretor da Área Internacional da empresa Nestor Cerveró doaram imóveis a parentes após o escândalo sobre a compra da refinaria texana.

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O presidente do TCU lembrou que o julgamento referente à responsabilização de Graça Foster na aquisição da refinaria é sobre US$ 90 milhões dos US$ 792,3 milhões que o tribunal definiu como prejuízos ao patrimônio da Petrobras.

“A questão que envolve Graça Foster não é de todo o processo. É de apenas US$ 90 milhões. Os US$ 700 milhões já estão definidos em relação aos demais diretores da Petrobras”, disse Nardes.

Sobre a decisão do ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli e de outros ex-diretores da estatal, de recorrerem ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar desbloquear os bens determinado pelo TCU, Nardes mostrou-se confiante com a manutenção do parecer do ministro Gilmar Mendes, que negou recurso aos ex-diretores. “O Supremo já se manifestou com o ministro Gilmar Mendes, referendando a posição do TCU”, frisou.

Pela quarta vez no Congresso Nacional, o ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, reafirmou que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, era um bom negócio, considerando as condições de mercado na época da aquisição, e que o valor pago foi “barato”, apesar de ser bem maior que o que está sendo considerado pelos parlamentares.

Logo no início do depoimento na CPMI da Petrobras, nesta quarta-feira (25), Gabrielli negou que o custo da compra pago pela empresa belga Astra Oil, em 2004, para Crown tenha sido de US$ 42 milhões. “Essa é uma informação equivocada, falseadora e que não considera a realidade do mercado”, frisou. Segundo ele, os custos da aquisição chegaram a US$ 360 milhões de dólares, ao serem considerados os valores com aquisição de estoques e de investimentos feitos pela Astra.

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O executivo também explicou que o  valor total da compra chegou a US$ 1,25 bilhão ao ser considerada também a aquisição da comercializadora de derivados de petróleo e custos judiciais. “Compramos uma refinaria com capacidade de refino barata. O preço pela capacidade foi de 5.540 dólares para capacidade de refino, pouco mais da metade do preço das refinarias compradas nos EUA”, explicou.

Mais uma vez, ele defendeu a compra da refinaria, reforçando a versão da atual presidente da estatal, Graça Foster. “Eu digo a mesma coisa. Foi um bom negócio na época e hoje em dia não é. Essa diferença é uma boa retórica política, mas não na realidade”, destacou. O ex-presidente da Petrobras negou qualquer ilegalidade por não haver as cláusulas Marlin (de rentabilidade) e Put-Option (de saída de uma das sócias em casos de desacordo) no resumo executivo entregue ao Conselho de Administração, na época presidido pela presidente Dilma Rousseff. “Não tem discussão sobre irregularidade ou ilegalidade”, salientou.

Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, no Senado, a presidente da estatal, Graça Foster, reafirmou que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, representou um "mau negócio", considerando “a situação atual” do mercado, mas que na época da aquisição era um negócio "potencialmente bom". Essas mesmas afirmações já havia sido feitas por ela nas comissões de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) e de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados.

“À luz da situação atual, os números mostram que não foi um bom negócio. Num futuro próximo é possível que haja melhorias, mas hoje, com a decisão do refino no Brasil, com a descoberta do pré-sal e com um mercado interno crescente, não é mais prioridade. Mas lá atrás em 2006, foi considerado potencialmente bom”, afirmou ela, no momento das considerações iniciais.

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A expansão do parque de refino para o exterior fazia parte do planejamento estratégico da empresa desde 1999 e os Estados Unidos eram um mercado em crescimento. “Em 2003, nós tínhamos um crescimento baixo. Já os Estados Unidos tinham taxas acentuadas. Estar no maior mercado de derivados de petróleo era importantíssimo”, considerou a executiva.

Segundo ela, a compra de Pasadena foi a melhor opção. “Construir refinaria nos Estados Unidos não é trivial. No Brasil também não é fácil. Mas por que Pasadena? Ela tem um terreno grande, o que não é tão comum, e tem licença para revamp. Em termos de localização, também era muito bom”, disse. Foster também afirmou que a Petrobras tentou comprar outras refinarias nos Estados Unidos, antes de Pasadena, mas que nenhum outro negócio foi firmado.



Cláusulas

Sobre a análise do Conselho de Administração (CA) e aprovação da compra com base no resumo executivo, as considerações de Foster contrastam com a dos demais depoentes da CPI. Para a presidente da Petrobras, se as cláusulas Marlin e Put Option estivessem no documento, haveria uma discussão maior sobre o negócio e a decisão do colegiado poderia ter sido outra. "São cláusulas extremamente importantes para Pasadena, juntas elas precificaram os 50% iniciais e os 50% finais das ações", frisou.



A cláusula Marlim garantia à empresa belga Astra Oil, sócia da Petrobras America Inc, rentabilidade mínima de 6,9% ao ano. A Put Option – ou opção de venda – obrigava a Petrobras a comprar a participação da Astra, em caso de conflito entre os sócios na condução do negócio.

Em abril, a presidente Dilma Rousseff, que na época da compra de Pasadena era presidente do CA, disse que se tivesse o conhecimento das referidas cláusulas votaria contra a aquisição. Já o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli discordou, conforme depoimento à CPI na semana passada. "O Conselho de Administração da Petrobras, historicamente toma decisões com base em sumário executivo; ele não toma decisões com base nos documentos totais existentes, porque são processos muito grandes. Não haveria condições de o Conselho apreciar, uma vez que a competência do Conselho, como eu disse, é tomar as decisões estratégicas, não é tomar as decisões operacionais", disse.

O ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, também disse que a compra teria sido aprovada de qualquer maneira. "[As cláusulas] não constaram justaram porque não eram preponderantes, não eram condições que se colocam normalmente numa informação. É um detalhe contratual". Para ele, a ausência desses termos não iria interferir na decisão do CA, "porque não tinha relação com os critérios observados pelo Conselho".

Responsabilidade

Um ponto em que houve concordância dos três depoentes foi a não responsabilização da presidente Dilma, já que todas as decisões são tomadas de forma colegiada. ¨A responsabilidade é da diretoria que fez apresentação ao Conselho de Administração. Nos dois casos, houve responsabilidade do colegiado”, disse Foster.

Diante de um colegiado formado apenas por senadores da base governista, o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, prestou esclarecimentos, nesta quinta-feira (22), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. A oitiva foi sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Assim como o ex-presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, em depoimento na última terça (20), Cerveró explicou que a aquisição fazia parte da estratégia de ampliação do parque de refino da Petrobras para o exterior e que a decisão de compra foi colegiada e não apenas da presidente Dilma Rousseff, que na época era presidente do Conselho de Administração da empresa.

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"A presidenta Dilma Rousseff foi responsável pela compra? Não. Não considero porque não é uma responsabilidade. Tanto na Diretoria Executiva, como no Conselho, as decisões são colegiadas e normalmente são aprovadas por unanimidade", ressaltou.

Processo de compra

Segundo ele, desde 1998, a Petrobras procurava uma refinaria de petróleo leve no exterior, para adaptá-la para o refino do óleo pesado. O investimento na unidade em outro país se justificava pelo crescimento do mercado no exterior e a opção de comprar uma refinaria de óleo leve e adaptá-la era mais viável financeiramente do que a aquisição de um parque de refino de petróleo pesado. "A escolha da refinaria também se liga ao fator geográfico, à otimização geográfica, em que está localizada Pasadena. Pasadena fica muito próximo a Houston, principal centro de petróleo dos Estados Unidos", explicou.

Em 2006, foi concluído o processo de associação de 50% da Petrobras na refinaria e na comercializadora, na trading em Pasadena. A partir daí começaram os estudos para modificação do projeto para óleo pesado, que determinou a necessidade de duplicar a capacidade da refinaria. Mas, em 2007, a Astra Oil sinalizou a indisponibilidade de investir na ampliação da refinaria e no mesmo ano ficou acertada que a Petrobras compraria os 50% que pertenciam à empresa Bélgica.

Foi nesse período que a Petrobras confirmou as operações na camada do pré-sal, que a produção nacional cresceu, assim como a demanda, e o mercado internacional entrou em crise. "Diante disso, o Conselho não aprovou a compra". 

Custos

Segundo ele, com a cláusula de Put Option, a Petrobras foi obrigada, na Justiçam a comprar os 50% da Astra. "Quando se forma a sociedade com a Astra, no contrato, existe, o que, aliás, é uma condição extremamente normal, a condição de saída, conhecida internacionalmente como o famoso Put Option. Essa cláusula depois foi utilizada para o encerramento da pendência judicial. Mas é uma cláusula normal em todas as nossas associações ou praticamente em todas".

Para ele, mesmo assim, foi um bom negócio. "O refino é avaliado, em termos de preço de construção ou preço de compra de uma refinaria, em dólares por barril refinado. Então, uma refinaria que custou US$550 milhões e processa 100 mil barris por dia tem um custo unitário de US$5,5 mil por barril. Na época, em 2006, 2007, a média de aquisições de refinarias do mesmo porte foi de US$9,2 mil por barril", detalhou.

No entanto, ele explicou a diferença entre os valores da refinaria e do trading. "Fala-se em custo total de US$1,2 bilhão, mas temos que lembrar que esse custo engloba não só a refinaria, mas também a comercializadora, os custos advindos de garantias operacionais e custos jurídicos embutidos nesse US$1,2 bilhão. A refinaria custou, no total, US$550 milhões, 100% da refinaria", disse.

Documentação

Como já havia explicado na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, Cerveró disse que cabia à Diretoria da Petrobras apresentar um resumo executivo ao Conselho de Administração. "Eu não sei afirmar se receberam todos os documentos, porque isso é uma atribuição da Secretaria Executiva. Deveriam ter recebido. Agora, é evidente que é uma quantidade de documentos muito grande".

"Existe um procedimento em que o Conselho recebe um resumo executivo, onde são apresentadas as condições necessárias para a aprovação ou para a decisão do Conselho. Ou seja, o nome já diz: é um resumo, é um sumário, onde são incluídas as principais cláusulas de responsabilidade do Conselho, ou seja, aquilo que cabe ao Conselho definir na companhia, que é o planejamento estratégico da companhia, o plano de negócios da companhia e a coerência econômica do negócio".

No entanto, logo em seguida, ele deixou claro que as cláusulas Marlin e Put Option não constavam no resumo executivo. "Não constaram justaram porque não eram preponderantes, não eram condições que se colocam normalmente numa informação. É um detalhe contratual". Para ele, a ausência desses termos não iria interferir na decisão do CA, "porque não tinha relação com os critérios observados pelo Conselho".

Responsabilidade

Em vários momentos, Nestor Cerveró frisou que a decisão de compra de refinaria foi colegiada. "Não há responsável individual, ou seja, nem a presidente, nem qualquer outro conselheiro é responsável, individualmente, pela compra de qualquer ativo, ou venda de qualquer ativo. Como também não existe quem é o responsável pela compra de Pasadena. Somos todos nós", disse.

Ele acusou a mídia de querer apontar um culpado. Foi um acerto coletivo, colegiado, como é a decisão do Conselho, como é a decisão da Diretoria Executiva. Então, não existe o responsável; existem a Diretoria da Petrobras, e o colegiado, o Conselho, responsável pela decisão", salientou. "Eu quero deixar isso bem claro porque eu não estou querendo me isentar de culpa, não. Pelo contrário, eu quero assumir! Eu sou um coparticipante dessa decisão", frisou.

Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, no Senado, o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli afirmou que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, representou um bom negócio. Segundo ele, apesar do período de crise, o mercado mundial se recuperou e hoje a refinaria gera lucro.

Assim como havia dito a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, em depoimento no Senado e na Câmara, Gabrielli explicou que na época da compra, em 2006, a expansão do parque de refino para o exterior fazia parte da estratégia da estatal. De acordo com o executivo, a situação mudou em 2008, com a crise econômica e mudanças no mercado, mas hoje o cenário volta a ser positivo e a refinaria volta a ser "potencialmente muito lucrativa".

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"Portanto, era um negócio que era bom, passou momentos ruins e agora, de novo, voltou a ser um bom negócio, como todos os negócios", salientou. Gabrielli também mencionou o reconhecimento da unidade no mercado norte-americano. "Pasadena foi premiada nos Estados Unidos como a melhor refinaria dos Estados Unidos em segurança do trabalho, em condições ambientais. Foi premiada pelos refinadores americanos, a associação de refinadores e de petroquímicos dos Estados Unidos", disse.

Decisões

Durante as considerações iniciais, Gabrielli explicou que as decisões numa empresa de petróleo se dão em longo prazo. "O tempo médio entre uma descoberta e o primeiro óleo é em torno de sete anos. Uma refinaria leva de seis a sete anos para ser construída". No entanto, os preços do petróleo e dos derivados variam todos os dias. "Portanto, as suas decisões em qualquer negócio da área do petróleo são decisões que se referem à sua visão do que está acontecendo naquele momento, antecipando quais são as probabilidades do que acontecerá no futuro", frisou.

O ex-presidente da Petrobras também explicou que o Conselho de Administração toma decisões estratégicas e não operacionais. Segundo ele, o CA não tem a responsabilidade de entrar nos detalhes de cada negócio, visto a quantidade de projetos que são analisados. Ele também disse que nem a Diretoria Executiva tem condições de detalhar todos os projetos e, por isso, grupos executivos consideram todas as questões operacionais. "A Petrobras, por exemplo, tem um Grupo Executivo, chamado G1, que é um grupo que trabalha e toma as decisões a nível de Gerências Executivas e Gerências Gerais da Petrobras. Esse é um grupo que tem 450 gerentes. Esses, sim, é que entram em questões operacionais e, portanto, têm uma estrutura complexa de tomada de decisões", explicou.

Gabrielli explicou ainda que as decisões não são individuais. "É o resultado de um conjunto de ações do conjunto da empresa, avaliando as incertezas de longo prazo e de curto prazo. Assim foram as decisões de Pasadena", destacou.

Crise

No encerramento das considerações, Gabrielli saiu em defesa da estatal e disse que ela não pode ser considerada uma empresa em crise ou à beira da falência. Segundo ele, a Petrobras hoje tem 21 bilhões de barris de reserva e vale, no mercado, US$90 bilhões. "Então, essa empresa, com esse potencial, não pode ser considerada uma empresa que está em crise, não pode ser considerada uma empresa que está mal gerida, nem pode ser considerada uma empresa que está à beira de falência. Isso é campanha de oposição. Isso é luta política", sustentou.

Em depoimento na Câmara dos Deputados, a presidente da Petrobras, Graça Foster, confirmou que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, representou um "mau negócio", considerando o "atual conjunto de análises", mas que na época era um negócio "potencialmente bom". A audiência conjunta reúne os membros das comissões de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) e de Minas e Energia (CME).

"Num primeiro momento, até 2008, era um negócio potencialmente bom, com as condições econômicas da época e com as margens de refino potencialmente econômicas. Esse foi, sim, um projeto de grande valor econômico, com margens bastante competitivas e atrativas", frisou ela. "O que aconteceu pós 2008 é que o negócio se tornou de baixo retorno, isso porque houve mudanças no mercado, com quedas nas margens de refino e do consumo de derivados - o que não se recuperou até hoje - e porque não fizemos o revamp [processo de renovação do parque de refino]", explicou.

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Processo de compra

Em depoimento, a presidente da estatal apresentou aos deputados um histórico do processo de compra de Pasadena, iniciado em 2007. Na época, uma das estratégias da empresa era expandir o refino de petróleo pesado para o exterior e, segundo a apresentação de Foster, a Petrobras já havia comprado quatro refinarias na Bolívia, na Argentina e no Japão.

Segundo ela, em fevereiro de 2005, a Astra Oil fez uma proposta de parceria para a Petrobras para a compra de 50% da refinaria e 50% do trading. "A proposta era fazer o revamp para trabalhar o petróleo pesado, o que era de grande interesse para a Petrobras", explicou. A Diretoria Internacional encaminhou, então, essa proposta à Diretoria da Petrobras, que por sua vez a submeteu ao Conselho de Administração.

Foster afirmou que o resumo executivo elaborado pela diretoria internacional omitiu as cláusulas PutOption e Marlim. A primeira obrigava a Petrobras a comprar a outra metade da refinaria, em caso de desentendimento com a Astra Oil. Já a Marlim garantia lucro mínimo à Astra, mesmo que o negócio não desse lucro.  "A Petrobras tinha o direito da decisão e a Astra tinha o direito de sair do negócio. Algo que parece razoável. A Petrobras não tinha direito à Put-Option porque a Astra não tinha direito de fazer imposições. Tão simples como isso", considerou.

Em 2007, ainda de acordo com a presidente da estatal, foi concluído o projeto do revamp para ampliar a capacidade de 100 mil barris por dia para 200 mil. No mesmo ano, a Diretoria Internacional propôs a compra dos 50% remanescentes, pertencentes a Astra Oil, por R$ 783 milhões, o que foi negado pelo CA. Em 2008, a Petrobras iniciou um processo arbitral para obrigar a Astra Oil a retonar a participar da gestão de Pasadena. "Em julho de 2008, eles exerceram, então, a cláusula de saída".

A partir daí, foi iniciada uma disputa judicial para estabelecer o valor da compra dos 50% de Pasadena pertencente à Astra Oil. Em 2012, um acordo extra judicial fixou o valor em R$ 805 milhões. A Petrobras pagou ainda por serviços prestados e outras investimentos.

Críticas

O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) classificou as considerações de Foster como confusas e para entrar em acordo com o que disse a presidente Dilma Rousseff, que na época era presidente do CA, e afirmou não ter conhecimento das cláusulas PutOption e Marlim. “Antes era um mau negócio, aqui me pareceu a defesa de um negócio. Depois que o Gabrielli disse que Dilma tinha de assumir a responsabilidade, vossa senhoria quis acertar o passo”, destacou.

O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), disse que o governo está fazendo uma "contabilidade criativa, ao manipular os números e considerar os serviços de refino no valor a ser considerado no preço de aquisição". "Existe uma maquiagem para tentar elevar os valores. Perecebemos que a Petrobras está num mau caminho, um caminho da incompetência". Para ele, o depoimento de Foster contradiz as afirmações de Dilma. "A presidente da República disse que se soubesse das cláusulas não teria aprovado a compra, já a senhora diz que na época era um negócio potencialmente bom. Existe uma contradição aí".

 

Não seria difícil para o PT e aliados explicarem a compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, desde que o governo, a presidente Dilma Rousseff e a estatal não tivessem cometidos tantos erros de comunicação. Essa avaliação ganhou força entre os deputados da base governista após o ex-presidente da Petrobras José Gabrielli ter dado explicações à bancada do PT na Câmara dos Deputados.

O ex-dirigente apresentou valores detalhados dos gastos da Petrobras com o negócio e muniu os deputados petistas com argumentos para defender o governo no Congresso Nacional e enfrentar a provável Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras.

"Por falhas de comunicação da Petrobras e do governo essa história não está sendo contada corretamente. E ficam espalhando esses valores falsos da aquisição de Pasadena", disse ao blog um petista que participou da reunião. 

O ex-presidente da estatal disse aos parlamentares que a compra da refinaria em Pasadena foi um ótimo negócio, considerando o cenário mundial de refino naquele momento. "A referência para saber se o preço de uma refinaria é ‘barato ou caro' é o custo em dólar por barril processado por dia", diz um trecho da apresentação de Gabrielli à bancada.

"Em 2006, a Petrobras pagou por 50 por cento da refinaria de Pasadena, 3.800 dólares por barril de capacidade de processamento/dia. O valor médio das aquisições em 2006 foi de 9.734 dólares por barril/dia", compara outro trecho da apresentação.

Mas argumentos favoráveis ao negócio entre a estatal e a Astra Oil, na avaliação de petistas, são difíceis de serem levados adiante depois que a presidente Dilma Rousseff, que presidia o Conselho de Administração da Petrobras à época, emitiu uma nota informando que a decisão foi tomada com base num documento “técnica e juridicamente falha”.

A presidente disse ainda, ao responder a denúncias de supostas irregularidades, que se soubesse de todas as cláusulas do contrato não teria autorizado à negociação. "Esse foi um erro crasso dela. Ela não precisava ter feito nota alguma. Se não toda, a maior parte da bancada tem essa avaliação", disse um deputado petista, pedindo anonimato.

O deputado disse que a entrevista da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, dias antes do seu depoimento ao Senado, informando que desconhecia partes dos contratos entre a estatal e a Astra Oil, também foi avaliada como desastrosa para o governo. "Aquilo mostrou que nem a presidente Dilma e nem a nova presidente da Petrobras sabiam do que estavam falando", criticou o mesmo deputado petista.

MANOBRA– Poucos dias após a divulgação da nota da presidente Dilma, a oposição já havia conseguido recolher assinaturas suficientes para a criação de uma CPI no Senado. O governo ainda manobra junto aos aliados para evitar a instalação da CPI ou para ampliar o escopo da investigação para incluir supostas irregularidades envolvendo trens e metrôs em São Paulo e do Distrito Federal, que poderiam respingar em partidos de oposição.

Ladeira abaixo– A criação de uma CPI para investigar a estatal já está causando dificuldades políticas adicionais à Dilma, que irá disputar a reeleição e tem sofrido com a queda das intenções de voto e da avaliação positiva do governo, de acordo com pesquisas do Vox Populi e do Ibope divulgadas nos últimos dias.

Olho no calendário– Candidato da oposição ao Governo do Estado, o senador Armando Monteiro aproveita o feriadão para fazer uma avaliação interna desta fase pré-campanha e traçar novos rumos até a convenção, em junho. O próximo passo agora é fechar a chapa com ou sem o PDT, que deve anunciar de que lado ficará esta ou na próxima semana.

Mais empregos- O governador João Lyra Neto acompanhou o primeiro envase da cerveja Itaipava em garrafa de 600 ml, quinta-feira passada, na fábrica de Itapissuma. Investimento da ordem de R$ 600 milhões, quando estiver funcionando plenamente no segundo semestre deste ano, a fábrica produzirá 600 milhões de litros por ano, gerando mil empregos diretos.

Fechando 100%- Com a chegada de mais um grupo de 22 profissionais nesta semana, Pernambuco passa a ter 100% da sua demanda atendida pelo programa Mais Médicos, voltado para atenção da saúde básica, totalizando 569 médicos. Segundo cálculos do Governo Federal, o programa beneficia no Estado mais de 1,9 milhões de pessoas.

CURTAS

E A ÁGUA?– O deputado Pedro Eugênio foi à tribuna afirmar que a presença da presidente Dilma no Sertão do Pajeú trouxe obras importantes, como a Adutora do Pajeú, que tem capacidade, segundo ele, de salvar vários municípios do colapso de água. O parlamentar só esqueceu-se de acrescentar que muita está reclamando que não recebe água em casa.

SEM CANDIDATO- Como o presidente da Câmara de Garanhuns, Audálio Ramos, não é mais candidato a deputado, o prefeito Izaias Régis (PTB) está por enquanto sem nome para apoiar na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa. O petebista não apoia a vice-prefeita Rosa Quidute, já em campanha.

Perguntar não ofende: Quando a Conab volta a liberar o milho subsidiado em Pernambuco?

O ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli defendeu nesta terça-feira a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos), ao afirmar que foi uma operação "absolutamente normal". Durante quase três horas em audiência no Senado, Gabrielli, no entanto, citou números que não correspondem ao valor pelo qual o negócio foi fechado.

A investigação sobre Pasadena começou no Congresso após reportagem do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, revelar, em julho de 2012, que a estatal gastou na compra da refinaria dez vezes mais que o valor de mercado da unidade. O negócio é investigado pelo Ministério Público Federal no Rio (MPF-RJ) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A refinaria custou US$ 1,18 bilhão à Petrobras.

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Durante a audiência, ele afirmou que a compra da refinaria, em 2005, foi feita conforme o plano de negócios da companhia, que era de expandir a capacidade de refino no exterior e melhorar a qualidade dos derivados de petróleo brasileiros. O negócio, de acordo com Gabrielli, foi feito segundo a realidade do mercado da época. "Não há nenhum equívoco, nenhum problema", afirmou.

Conforme o presidente da Petrobras, a empresa pagou US$ 360 milhões por 50% de Pasadena em 2006 - US$ 190 milhões pela refinaria e US$ 170 milhões pelos estoques de petróleo e derivados da comercializadora. O custo da refinaria, afirmou, teria sido de US$ 3,8 mil por barril de capacidade de processamento, enquanto a média no mercado era de US$ 9,7 mil. Mas um ano antes, a Transcor/Astra, sócia da Petrobras no negócio, havia comprado todo o negócio de Pasadena por apenas US$ 42,5 milhões.

Em 2008, a Petrobras entrou em litígio com a sócia. Segundo Gabrielli, um tribunal de arbitragem nos EUA definiu em 2010 que a Petrobras teria de pagar US$ 296 milhões pelo restante da refinaria, US$ 170 milhões por estoques e US$ 173 milhões por garantias comerciais dadas pelos bancos para as operações. Ao todo, US$ 639 milhões.

Nas contas do presidente da estatal, o negócio todo custaria US$ 999 milhões à Petrobras - US$ 486 milhões apenas pela refinaria. Mas, em 2012, para encerrar o litígio judicial, a empresa desembolsou US$ 820,5 milhões pela segunda fatia da refinaria. Ao todo, o negócio saiu por 1,18 bilhão. O ex-presidente da estatal não soube explicar a diferença de valores entre o que foi acertado no tribunal de arbitragem - US$ 639 milhões - e o valor que encerrou o litígio - US$ 820,5 milhões. Gabrielli disse que não era mais presidente da empresa quando o acordo foi fechado.

"Estou falando de uma decisão judicial de 2010. Os termos do acordo são de junho de 2012. Eu saí da Petrobras em fevereiro de 2012", disse. "Pode ter sido juros, honorários advocatícios, acordos em razão de outras cláusulas que apareceram. Eu não sei." Na análise do ex-presidente da Petrobras, o valor pago pela refinaria se justificava na época em que foi feita. "O mundo mudou em 2008. Isso estreitou as margens das refinarias", disse. Gabrielli declarou ainda que a descoberta do pré-sal no Brasil, em 2007, também fez com que os planos da companhia mudassem. "Na realidade do mundo pré-2008, foi um negócio adequado. Hoje, a situação é completamente diferente", garantiu, citando que o crescimento do mercado interno fez com que houvesse necessidade de mais refinarias no País.

Gabrielli prosseguiu afirmando concordar com a opinião da presidente da Petrobras, Graça Foster. Em maio, Graça esteve no Legislativo e reconheceu que, caso a Petrobras tivesse todas as informações que possui atualmente, a aquisição de Pasadena não teria sido feita. "Eu concordo com a avaliação da presidente Graça porque ela diz que, se as informações fossem as de hoje, eu estaria fazendo comentários de um jogo de domingo na segunda-feira. Mas fui um técnico que teve de tomar decisões no sábado."

Em maio deste ano, o Broadcast revelou que uma auditoria interna da Petrobras contestou contrato da petroleira com o Grupo Odebrecht de cerca de US$ 840 milhões para serviços em dez países, incluindo trabalhos de manutenção na refinaria de Pasadena. Após análise do órgão interno, o contrato foi reduzido para US$ 480 milhões.

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