Após a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no final da tarde desta quinta-feira (5), que determinou o aumento de 7% no salário e que a greve da categoria acabasse – o que desagradou os rodoviários – eles saíram em passeata desde a avenida Cais do Apolo, no bairro do Recife, passando pela avenida Guararapes, Conde da Boa Vista, terminando na Praça do Derby no bairro de mesmo nome.
Com o apoio de outros sindicatos e estudantes, os rodoviários afirmam que apesar da decisão do TRT de que eles voltem aos seus cargos a partir das 0h dessa sexta-feira (6), eles continuarão sem trabalhar até que as reivindicações da categoria sejam atendidas, o que inclui um aumento superior ao determinado no julgamento desta tarde. “Sete porcento de aumento é um valor muito baixo, ano passado recebemos 9,5%. Ano que vem nosso salário ficará abaixo do salário mínimo”, reclamou o cobrador Herberton Ramos.
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Gritando "a luta continua, a greve vai para a rua", mais de 150 manifestantes pararam o trânsito da avenida Conde da Boa Vista com a passeata em resposta negativa à decisão da Justiça do Trabalho. A manifestação seguiu a maior parte do tempo pacífica apesar do número de efetivos que faziam a escolta. Estavam presentes a Polícia Militar, o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), dez homens da cavalaria, seis motos e 50 policiais militares do 16º Batalhão.
Ao chegar à avenida Agamenon Magalhães, um confusão fez com que um cobrador fosse preso. De acordo com a polícia, Alexandre Ramos da Silva, de 23 anos, encontrava-se na passeata junto com a categoria e foi preso por tentar tirar a chave da ignição do ônibus, o que causaria tumulto na via. O motorista do coletivo que faz a linha Circular/Conde da Boa Vista/ Prefeitura alegou que comandava a direção do veículo na hora da abordagem de Alexandre. Segundo ele, o cobrador invadiu o ônibus com mais três homens pedindo a chave, que foi negada por Valdir. “Ele chegou pedindo e tentando tirar, eu me recusei colocando a mão na ignição, foi quando ele me ameaçou dizendo que se eu não desse eles iriam ‘descer a serra’ em mim”, declarou Valdir.
Já o acusado, que trabalha no ramo há mais de 10 anos, alega que estava caminhando com os outros três colegas da classe, junto à passeata, quando os amigos decidiram invadir o ônibus e pegar a chave. “Eu ia passando com os meninos, quando decidiram invadir o ônibus para pegar a chave. Eu não concordei e tentei impedí-los de cometer o ato”, explicou Alexandre. Ele foi encaminhado para a 1ª Delegacia de Plantão, localizada na rua Siqueira Campos, no bairro de Santo Antônio, e responderá um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) sendo liberado logo em seguida.
De acordo com Noélia Brito, advogada de Alexandre, o aconteceu foi uma tentativa da polícia de dispersar o grupo. “Não houve invasão a ônibus nenhum, nem tentativa de tirar a chave da ignição. O que aconteceu foi uma iniciativa da polícia para a desmobilização do movimento. Várias testemunhas alegam a mesma coisa”, declarou ela.
Os rodoviários já estão com outra mobilização marcada para essa sexta-feira (6). "Vamos continuar a greve e vamos continuar a mobilização. Nos reuniremos amanhã em frente ao Palácio do Governo a partir das 16h", afirmou o cobrador Eiriberto Carneiro.
*Com informações de Rhayana Fernandes.