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A multinacional francesa Alstom e o Ministério Público do Estado de São Paulo aceitaram fechar um acordo para que a empresa pague R$ 60 milhões para se livrar de uma ação de improbidade na Justiça de São Paulo devido às suspeitas de pagamento de propina em um contrato de R$ 317 milhões, em valores atualizados, para o fornecimento de duas subestações de energia para a Eletropaulo, antiga estatal, durante o governo Mario Covas (PSDB) em 1998. A informação foi publicada na terça-feira, 22, pelo jornal Folha de S.Paulo.

O valor acertado entre as partes perante a 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo foi calculado a partir da propina paga pela Alstom, que, segundo a Promotoria do Patrimônio Público e Social, foi de 17% do valor do contrato de R$ 317 milhões, mais uma multa. Com isso, R$ 55 milhões são referentes ao prejuízo causado ao erário e R$ 5 milhões a multa.

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O acordo foi feito no âmbito da ação civil contra a multinacional francesa e sua coligada Cegelec, e não tem relação com as investigações do cartel no setor metroferroviário de São Paulo das quais a Alsom também é alvo.

Procurada, a GE, que adquiriu a divisão de energia da Alstom, informou que não iria se pronunciar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) impôs um importante revés ao conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE), Robson Marinho, ao decidir que são legítimas as provas enviadas pela Suíça que confirmam a existência de US$ 3,059 milhões em contas dele em Genebra - dinheiro que Marinho teria recebido em propinas da multinacional francesa Alstom.

Robson Marinho foi afastado do TCE em agosto de 2014, por decisão da 13.ª Vara da Fazenda Pública da Capital, que acolheu ação da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social, braço do Ministério Público do Estado que investiga corrupção e improbidade.

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Chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (PSDB), entre 1995 e 1997, Marinho chegou ao TCE por indicação do tucano, seu padrinho político. A Promotoria sustenta que ele favoreceu a Alstom no âmbito do aditivo X do projeto Gisel, empreendimento da Eletropaulo, antiga estatal de energia, para expansão do Metrô.

A Promotoria acusa Marinho de enriquecimento ilícito, sustenta que ele lavou dinheiro no exterior e afirma que participou de um "esquema de ladroagem de dinheiro público". Robson Marinho nega ter recebido propinas da Alstom.

O ponto central da investigação são extratos bancários enviados pelo Ministério Público da Confederação Helvética que revelam o caminho da propina que o conselheiro teria recebido, via offshore constituída nas Ilhas Virgens Britânicas, e da qual é detentor dos direitos econômicos.

No STJ, Robson Marinho é alvo de inquérito criminal. No Fórum da Fazenda Pública de São Paulo, a Promotoria entrou com ação civil por improbidade, em que pede a condenação do conselheiro à perda definitiva do cargo, pagamento de multa e devolução de valores ao Tesouro.

Por seus defensores, Robson Marinho recorreu ao STJ alegando que as provas enviadas pela Suíça não têm validade, uma vez que obtidas no âmbito de outra investigação naquele País contra o banqueiro Oskar Rollemberg - esta investigação foi declarada ilegal pela Justiça suíça porque um agente foi infiltrado na organização sem autorização judicial.

Sob relatoria do ministro João Otávio de Noronha, o STJ considerou que é sede imprópria para discussão sobre questão de ordem relativa à licitude da prova. De outro lado, reconheceu a licitude da transmissão das informações e destacou que a legalidade das provas (inclusive as que citam Robson Marinho) foi reconhecida na Suíça - dois tribunais do País europeu endossaram a tese de legalidade das provas oriundas da investigação sobre o banqueiro Oskar Rollemberg.

"Questão de ordem é incidente que visa resolver pendência de direito em outro processo que impede, prejudica ou desvia a marcha processual. Não há questão prejudicial ou "preliminar" a ser resolvida, nos termos dos arts. 92 e 93 do Código de Processo Penal, tampouco se conhece da medida para discutir acervo probatório", diz o acórdão do STJ.

A Corte superior defendeu enfaticamente o poder de investigação do Ministério Público. "Eventual nulidade de prova obtida em fase de inquérito não pode tolher o poder investigatório do Estado de modo genérico. O Ministério Público não está inibido, inclusive, de reunir outras provas de modo independente."

Em outro trecho, o acórdão do STJ é taxativo. "É legal a transmissão de informações - sem remessa de provas - do Ministério Público suíço e do Judiciário francês em cumprimento a acordo internacional de cooperação, relatando pagamento de propinas em aditivo contratual nas obras de expansão do metrô de São Paulo. Posterior remessa de provas e sequestro de conta aberta na Suíça por empresa offshore pertencente ao agente público brasileiro em decorrência do acordo de cooperação e no bojo de inquéritos lá abertos para esse fim. Ilegalidade da remessa e sequestro questionada pela empresa de fachada e rejeitada na Suíça."

Os ministros consideram 'indevida' a pretensão da defesa de vincular o Superior Tribunal de Justiça à sentença estrangeira. "Impossibilidade de homologação oblíqua. Ofensa à soberania da jurisdição local, conforme o direito brasileiro e internacional público. Não é o Superior Tribunal de Justiça instância revisora ou confirmadora de decisões tomadas em outras jurisdições", advertem os ministros. "Há diferenças acentuadas nas legislações suíça e brasileira quanto ao emprego de agentes infiltrados enquanto meio de prova. Diversidade de parâmetros que torna descabida a apreciação dos fundamentos do acórdão lá exarado."

O STJ entende que a defesa de Robson Marinho "pretende estender decisão estrangeira de ilicitude de provas tomada em ação penal que não serviu de base para as transmissões espontâneas às autoridades brasileiras. Os inquéritos abertos contra cidadãos franceses e outro contra brasileiro não sofreram censura alguma quanto às provas obtidas. Impossibilidade de se averiguar, nesta sede, a legalidade na abertura dos inquéritos na Suíça que originaram as transmissões e de se estender a decisão tomada na ação penal."

Defesa

O criminalista Celso Vilardi, que defende Robson Marinho, disse que não aceita a decisão do STJ. "Vamos recorrer", declarou Vilardi.

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) julgou irregular nessa terça-feira, 3, um contrato de R$ 2,8 milhões celebrado em 2008 entre a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e a Alstom para execução de projeto executivo na Linha-2 Verde. O objeto do contrato é o fornecimento e implantação de adequações ao sistema de controle da linha após a implantação do trecho Alto do Ipiranga a Vila Prudente e Pátio Tamanduateí.

A Alstom é uma das empresas investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público no inquérito que apura a formação de cartel no setor metroferroviário no Estado de São Paulo, esquema que operou de 1998 a 2008, nas gestões de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin - todos do PSDB.

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Na decisão, o conselheiro Renato Martins Costa afirma que "há elementos suficientes para a reprovação" da licitação que deu origem ao contrato vencido pela Alstom. Renato Martins Costa aponta para a inexistência de concorrentes no certame envolvendo as obras da Linha-2 Verde, o que, segundo sua avaliação, gera "prejuízo concretamente verificado na competitividade".

"A inexistência de disputa no caso dos autos, proporcionada pela participação de apenas uma licitante, impede relevar a restritividade advinda de tais condições de habilitação, tendo em vista o prejuízo concretamente verificado na competitividade do certame", escreveu o conselheiro.

O voto de Renato Costa acompanha decisões anteriores tomadas pela Assessoria Técnico-Jurídica (ATJ) do TCE e pela Secretaria Diretoria Geral (SDG), órgão de fiscalização interna do tribunal.

A ATJ embasa sua decisão com cinco questionamentos que comprometem a regularidade do contrato. Num deles, a assessoria afirma que há "restrição ao modo de demonstração da qualificação técnica" da Alstom para participar da licitação.

Já a SDG entende que o orçamento estava defasado em relação à data de assinatura do contrato.

O conselheiro determinou ainda aplicação de multa de R$ 4,25 mil a Sérgio Corrêa Brasil - então diretor de assuntos corporativos do Metrô - e Conrado Grava de Souza - então diretor de operações da empresa. Ambos são considerados responsáveis pela assinatura do contrato.

A Alstom diz que "respeita as regras vigentes no País quando celebra contratos com a administração pública e atende às licitações de acordo com as especificações técnicas determinadas em cada edital."

A multinacional francesa Alstom fechou um acordo com o Departamento de Justiça americano (DOJ) para pôr um fim na investigação sobre supostas violações à Lei Contra Práticas Corruptas Estrangeiras (FCPA) nos Estados Unidos. Após vários anos de negociação e discussões com as autoridades locais, duas subsidiárias americanas, Alstom Power Inc. e Alstom Grid Inc. (antiga Alstom T&D Inc.), concordaram em firmar acordos de adiamento de execução com o DOJ, em relação às acusações.

A Alstom protagoniza atualmente dois escândalos no Brasil ­- por suposto envolvimento com o cartel dos trens e por fraudes no setor de energia em São Paulo. Há duas semanas, a Justiça Federal bloqueou R$ 148,17 milhões das contas de investimentos da Alstom, mas a empresa conseguiu derrubar o confisco por meio de recurso a um tribunal.

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Caso as duas subsidiárias americanas cumpram com os termos dos acordos de adiamento de execução, todas as acusações criminais contra elas serão retiradas ao final de três anos.

Uma subsidiária da Alstom, a Alstom Network Schweiz AG (antiga Alstom Prom AG), concordou em confessar a culpa nas acusações antissuborno da FCPA. Em relação a essas acusações, a Alstom S.A. concordou em confessar a culpa por violação dos livros e registros e provisões de controles internos da FCPA e pagar uma multa de aproximadamente US$ 772 milhões. O Departamento de Justiça americano também estipulou que nenhuma parte da multa pode ser repassada à General Electric como parte da venda projetada dos negócios de energia da Alstom.

"Houve inúmeros problemas no passado, e nós lamentamos isso profundamente," afirmou o CEO da Alstom, Patrick Kron. "Contudo, essa resolução com o DOJ permite que a Alstom deixe esse assunto para trás e continue em seus esforços para garantir que os negócios sejam conduzidos de forma responsável e consistente com os mais altos padrões éticos." Em nota divulgada em âmbito global, a Alstom informou que tem feito progressos significativos na área de compliance nos últimos anos. A conduta mencionada no acordo foi decorrente principalmente do uso de Consultores de Vendas externos baseados em taxas de sucesso e contratados pela Alstom para apoiar suas equipes comerciais. "A fim de garantir que a Alstom lute pelos melhores procedimentos de conformidade, a empresa descontinuou a contratação de tais Consultores de Vendas. Além disso, de acordo com um acordo de resolução negociado com o Banco Mundial, a Alstom se comprometeu, em fevereiro de 2012, a continuar melhorando seu programa de compliance interno, incluindo ter um monitor para supervisionar seus esforços nesse sentido."

Segundo a empresa, "até o momento, o trabalho do monitor confirma que a Alstom implementou um Programa de Compliance Corporativo que reflete os princípios contidos nas Diretrizes de Compliance de Integridade do Banco Mundial". A nota da Alstom destaca que"conforme indicado na recente assembleia de acionistas na qual a transação com a General Electric sobre o negócio de energia da Alstom foi aprovada, a combinação dos ajustes positivos decorrentes de discussões comerciais com a General Electric em vários pontos do acordo e da resolução da investigação com o DOJ não terão impacto material sobre a economia geral da transação."

Afastado da cadeira de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo desde o dia 11 de agosto, por ordem judicial, Robson Riedel Marinho aposta tudo, agora, no pedido ao Superior Tribunal de Justiça de anulação das provas que a Suíça enviou ao Brasil contra ele - documentos bancários que, na avaliação do Ministério Público, confirmam depósitos de US$ 2,7 milhões em uma conta em Genebra, de titularidade da offshore Higgins Finance Ltd, da qual o conselheiro afastado detém os direitos econômicos.

O pedido da defesa de Marinho, apresentado há cerca de um mês e agora renovado, será submetido à manifestação do Ministério Público Federal. Depois que a Justiça de São Paulo ordenou o afastamento do conselheiro, os advogados voltaram à carga, insistindo na estratégia de que as provas suíças são nulas. Marinho ficou quase 18 anos no TCE. Foi nomeado para o cargo em abril de 1997 por seu padrinho político, Mário Covas (PSDB), de quem foi chefe da Casa Civil.

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Em julho de 2014, o Ministério Público Federal entrou com pedidos de cooperação judiciária e de ampliação do afastamento do sigilo bancário do conselheiro. Ele é alvo de investigação por supostamente ter recebido propinas da multinacional francesa Alstom. Como conselheiro de contas, Marinho detém foro privilegiado em matéria penal perante o STJ. Há um inquérito criminal contra o conselheiro no STJ. A decisão que lhe tirou a cadeira no TCE foi dada pela juíza Maria Gabriella Spaolonzi, da 13.ª Vara da Fazenda Pública da Capital.

A juíza acolheu ação civil por improbidade administrativa, movida contra Marinho - no âmbito da improbidade, o conselheiro responde à primeira instância judicial. O pedido de cooperação do MPF foi feito ao ministro relator, Arnaldo Esteves Lima, do Superior Tribunal de Justiça. Por meio da Secretaria de Cooperação Jurídica, o MPF pede à Suíça autorização para fazer uso nos autos do inquérito criminal das provas que a Suíça mandou e que dão base à ação de improbidade.

Bancos

O MPF também pediu ao ministro que reitere determinação a alguns bancos que não forneceram dados da quebra de sigilo autorizada e ampliação do afastamento do sigilo fiscal "até os dias atuais". A tese da defesa de Marinho para tentar derrubar o decreto de afastamento do conselheiro é que a Suíça declarou nula uma investigação realizada em Genebra, mas ainda assim permitiu o envio de documentos da conta da offshore Higgings Finance para o Ministério Público de São Paulo.

O ponto nuclear da sustentação da defesa do conselheiro é que a legislação no Brasil não prevê a figura denominada "juízo de ponderação", que vigora na Suíça. O "juízo de ponderação" é um instituto da legislação suíça que autoriza o uso de provas já declaradas nulas em uma investigação no bojo de outra apuração.

O Tribunal Penal Federal, instância máxima da Suíça, autorizou o envio para o Brasil das provas contra Marinho. Entre os documentos estão os extratos bancários que indicam saldo de R$ 3,059 milhões na conta Higgins Finance, da qual o conselheiro e sua mulher detêm os direitos econômicos. Esse valor foi bloqueado pelas autoridades daquele país. A corte suíça decidiu remeter ao Brasil as provas contra o ex-chefe da Casa Civil do governo Covas sob argumento de que a investigação contra Marinho cuida de um caso de "corrupção internacional".

Em sua manifestação, o Ministério Público Federal deverá exibir um trunfo bastante importante na batalha do STJ. Não são apenas documentos que a Suíça enviou que formam a prova contra o conselheiro. Segundo a Justiça, a Promotoria construiu "farto material probatório" no Brasil - depoimentos e papéis bancários que apontam para o enriquecimento de Robson Marinho.

O Escritório de Fraudes Graves (Serious Fraud Office, SFO), em Londres, abriu processo criminal contra uma companhia da Alstom no Reino Unido. A Alstom Network UK Ltd, anteriormente chamada Alstom International Ltd, uma subsidiária britânica da multinacional francesa Alstom, é acusada de três crimes de corrupção.

As alegadas infrações, atribuídas a executivos da Alstom Network, teriam sido praticadas no âmbito de grandes projetos de transporte na Índia, na Polônia e na Tunísia, entre 1.º de Junho de 2000 e 30 novembro de 2006, informou o Escritório de Fraudes Graves.

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A ação, aberta no último dia 24, é parte de uma investigação em curso na Inglaterra. A primeira audiência do caso está marcada para o dia 9 de setembro, no Tribunal de Magistrados de Westminster.

Serious Fraud Office é um departamento governamental independente, que atua sob a superintendência do Procurador-Geral. Sua finalidade é investigar e processar autores de fraudes graves ou complexas, suborno e corrupção.

A unidade da Alstom teria infringido o artigo 1.º da Lei de Prevenção da Corrupção e cometido três crimes de conspiração para a corrupção contrários à seção 1 da Lei de Direito Penal de 1977.

A abertura do processo no Reino Unido é importante para as autoridades brasileiras, que investigam a multinacional francesa em duas frentes, uma por corrupção na área de energia e outra por suposta participação no cartel metroferroviário.

A Alstom teria sido favorecida em contratos do governo de São Paulo no período entre 1998 e 2008, nas gestões Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB. A Alstom já é acusada formalmente pelo Ministério Público Estadual em ação de improbidade na qual é pedida sua dissolução.

Em novembro 2013 a força-tarefa do Ministério Público Estadual, Procuradoria da República e Polícia Federal que investiga o caso Alstom pediu cooperação da Inglaterra para repasse de informações e documentos relacionados a eventuais pagamentos de propinas no Brasil pela multinacional francesa.

O pedido foi enviado a Londres em novembro, com base na Convenção da ONU contra a Corrupção - acordo de assistência legal mútua entre Estados Partes para combate a esse tipo de crime.

Os investigadores ingleses suspeitam que funcionários da multi francesa seriam responsáveis por organizar o pagamento de propinas para agentes públicos no Brasil. Teriam sido pagos mais de US$ 120 milhões em propinas para garantir contratos públicos em todo o mundo.

Parte do valor teria vindo para o Brasil. As suspeitas são de que a rota das propinas passava por Paris, Londres e chegava a servidores públicos brasileiros.

Os promotores brasileiros foram informados pelo Ministério Público da Suíça sobre investigação de promotores ingleses que miram a Alstom . Em 2010, três diretores da Alstom foram presos na Inglaterra.

Defesa

Em nota, a Alstom no Brasil afirmou. "O Serious Fraud Office (SFO) indicou que iniciou um processo contra uma filial britânica da Alstom SA. A empresa está em permanente comunicação com o SFO sobre a investigação e vai continuar a trabalhar com o órgão para buscar uma resolução justa e adequada. A Alstom não tem comentários adicionais."

Sobre as investigações a que é submetida no Brasil, a Alstom tem destacado que "não pode comentar sobre estas alegações, que predominantemente parecem referir-se a questões que ocorreram no início dos anos 2000 ou anteriormente, porque as investigações ainda estão em andamento".

"A Alstom está, obviamente, levando essas alegações muito a sério. A empresa gostaria de ressaltar que tem implementado, em toda a sua organização, regras estritas de conformidade e ética que devem ser aderidas por todos os funcionários."

O plano do governo francês de adquirir uma participação de 20% na Alstom, como parte de um negócio mais amplo no qual o grupo de engenharia irá fazer uma fusão de seu negócio de energia com o General Eletric Group, não custará um centavo para os contribuintes da França, disse o ministro da Economia da França, Arnaud Montebourg, em entrevista ao jornal francês Le Parisien. Nesse sábado (21), o Conselho de Administração da Alstom aceitou uma nova oferta da GE pela sua unidade de equipamentos de energia, encerrando uma disputa de dois meses, na qual Montebourg jogou duro para obter garantias de emprego e manter alguns centros decisórios na França.

Como parte da transação, o governo francês anunciou ontem que irá obter uma participação de 20% na Alstom, a fim de fortalecer seu controle sobre o grupo, envolvido em atividades nucleares, de seu maior acionista atual, a empresa de controle familiar Bouygues, e tem negociado o preço dos papéis desde então.

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"É evidente que, se não houver nenhuma participação do Estado [no capital acionário da Alstom] pelo fato de o senhor Bouygues não querer vender suas ações, o acordo com a GE não irá acontecer", assinalou Montebourg na entrevista.

O governo francês está tentando comprar as ações da Alstom por cerca de 28 euros cada, enquanto Bouygues quer vendê-las a 35 euros. O governo tem condições de adquirir a participação graças às receitas provenientes de alienações de outras participações em empresas como Aéroports de Paris, Airbus Group e Safran, disse Montebourg. "Nós temos em torno de 2,7 bilhões de euros em nossos cofres", afirmou. Fonte: Dow Jones Newswires.

A General Electric Co. revisou sua oferta pelo negócio de energia da Alstom, oferecendo novas garantias de controle francês, enquanto tenta atenuar preocupações políticas e afastar as ofertas das rivais Siemens AG e Mitsubishi Heavy Industries Ltd.

A nova oferta da GE propõe a criação de três novas joint ventures, a serem detidas de maneira igualitária com a Alstom, para manter os negócios de redes elétricas, de energia eólica e hidrelétricas, e a unidade de turbinas nucleares, que tem sido a preocupação das autoridades francesas.

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A oferta melhorada foi revelada no mesmo dia em que o diretor presidente da GE, Jeff Immelt, encontra autoridades francesas em uma pressão final para completar a compra da maior parte dos negócios de energia da Alstom. A GE havia dado prazo de segunda-feira para o conselho de administração da Alstom aprovar a proposta, que não foi alterado.

A GE também ofereceu seu negócio de sinalização ferroviária para a Alstom, o que fortaleceria o negócio de transporte da empresa francesa, fabricante do trem de alta velocidade francês TGV. As duas empresas assinaram um memorando de entendimento para formar uma "aliança global" em transporte, informou a GE.

A nova proposta "irá criar uma aliança entre nossas empresas, tanto em espírito quanto na prática", disse Immelt, acrescentando que a proposta permanece um bom negócio para os acionistas da GE, a quem prometeu uma mudança no negócio industrial, que seria reforçado pelo acordo Alstom.

Immelt também informou que o preço da proposta, inicialmente de US$ 17 bilhões, será ajustado, para refletir a venda das operações de sinalização ferroviária e as joint ventures, mas não revelou qual seria o novo valor. Segundo ele, com a proposta de alianças, o valor em dinheiro será reduzido, mas Immelt salientou que o valor da Alstom na oferta permanece em 12,35 bilhões euros. Segundo ele, a avaliação das alianças propostas "ainda estão sendo finalizadas".

A pedido do governo francês, Siemens e Mitsubishi Heavy também apresentaram proposta pelos mesmos ativos da Alstom no início desta semana. Fonte: Dow Jones Newswires

A alemã Siemens afirmou ter feito uma oferta oficial para a compra das operações com turbinas de gás da francesa Alstom, potencialmente prejudicando a oferta rival de US$ 17 bilhões feita pela General Electric por toda a divisão de energia da Alstom. A Siemens disse que ofereceu cerca de 3,9 bilhões de euros (US$ 5,3 bilhões) pelas turbinas, incluindo contratos de serviço relacionados, e propôs estabelecer joint ventures em outros setores e transferir suas operações ferroviárias à Alstom como elementos da oferta.

"Nossa oferta preserva a marca Alstom em partes substanciais e, ao todo, é cerca de 1 bilhão de euros mais vantajosa financeiramente (do que a oferta da GE)", afirmou o executivo-chefe da Siemens, Joe Kaeser. A oferta da Siemens faz parte de um acordo mais amplo que envolve também as japonesas Mitsubishi Heavy Industries e Hitachi, que têm uma joint venture em sistemas de energia e propõem investir em diversos componentes de energia da Alstom. Os CEOs da Siemens e da Mitsubishi vão depor em um comitê parlamentar da França nesta terça-feira, dia 17, para detalhar sua proposta. Já a GE concedeu um prazo até a próxima segunda-feira para a Alstom aceitar ou rejeitar formalmente sua oferta. Fonte: Dow Jones Newswires.

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A companhia francesa Alstom informou neste domingo que está revisando as opções estratégicas para seu futuro e fará um anúncio até quarta-feira (30). O grupo se manifestou por meio de comunicado, depois de receber propostas da norte-americana General Electric Co. e da alemã Siemens AG, interessadas em comprar os seus ativos de energia.

A Alstom, cuja ações não foram negociadas na última sexta-feira na Bolsa de Paris a pedido do órgão regulador do mercado acionário, pediu que a medida seja mantida até segunda ordem.

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O anúncio foi feito pela empresa francesa após três dias de intensas conversas sobre o futuro da divisão de equipamentos de energia, que enfrenta um déficit de caixa devido à redução da demanda por turbinas nos últimos trimestres.

O governo da França interveio neste domingo nas negociações da Alstom com a GE, dizendo que não aceitará qualquer acordo apressado sobre os ativos considerados estratégicos e atualmente considera uma proposta alternativa feita pela Siemens.

Fonte: Dow Jones Newswires.

O governo da França procurou neste domingo desacelerar os planos do grupo norte-americano General Electric (GE) de comprar a divisão de energia da multinacional francesa Alstom, dizendo que não aceitará nenhum acordo "apressado" sobre ativos considerados estratégicos, e afirmou ainda que estuda uma oferta alternativa da alemã Siemens.

Fazendo valer sua influência num fim de semana de intensas negociações corporativas, o ministro de Economia francês, Arnaud Montebourg, disse ter sido informado sobre a intenção da Alstom de vender sua unidade de energia à GE, mas alertou que o governo usará o tempo necessário para avaliar outras propostas.

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"A GE e a Alstom têm sua agenda, que é a dos acionistas, mas o governo também tem a sua própria, que é a da soberania econômica", afirmou Montebourg.

O resultado das conversas tem grandes implicações para a França, que está tentando salvar um ícone industrial que voltou a enfrentar dificuldades dez anos depois de ter sido resgatado numa iniciativa negociada pelo governo.

O executivo-chefe da GE, Jeff Imelt, viajou a Paris com a esperança de garantir um acordo já neste começo de semana, quando a Siemens anunciou uma oferta alternativa pela unidade de energia da Alstom.

Em carta enviada ontem à Alstom, o conglomerado alemão ofereceu uma proposta em dinheiro e uma troca de ativos para adquirir a divisão, avaliada em 10 bilhões de euros a 11 bilhões de euros (US$ 13,8 bilhões a US$ 15,2 bilhões). A Siemens também propôs transferir uma parte significativa de seu negócio ferroviário, que a Alstom poderia fundir à sua divisão de transportes. Além disso, a empresa alemã prometeu preservar os empregos da Alstom na França por pelo menos três anos.

Na sexta-feira, Montebourg já havia afirmado que o governo estava avaliando alternativas à oferta da GE com a esperança de manter a Alstom sob controle francês. Em comunicado hoje a Imelt, o ministro adiou uma reunião marcada com o executivo e avisou que um possível acordo estaria sujeito a condições de Paris.

"Qualquer possível transação terá de ser avaliada por completo pelo ministério, que pode impor condições à sua implementação ou rejeitá-lo", disse Montebourg no comunicado, ao qual o The Wall Street Journal teve acesso.

Montebourg, que é conhecido por seus embates com empresas estrangeiras, foi promovido recentemente numa reforma do gabinete francês. No ano passado, o Yahoo! abandonou planos de comprar o site de vídeos Dailymotion após uma intervenção do ministro. Fonte: Dow Jones Newswires.

O Ministério Público Federal divulgou nesta sexta feira, 21, que até agora foram bloqueados R$ 9,8 milhões de 5 dos 11 réus do caso Alstom - suposto esquema de pagamento de propinas na área de energia do Estado de São Paulo, entre 1998 e 2003, durante os governos Mário Covas e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.

Os valores foram congelados exclusivamente em aplicações financeiras dos acusados, por decreto da Justiça Federal. A ordem de sequestro alcança um total de R$ 32,48 milhões dos cinco denunciados para garantia de reparação de danos por prejuízos ao Tesouro.

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No entanto, várias contas bancárias dos alvos da ordem de sequestro apresentavam saldo insuficiente ou nulo, o que impossibilitou o cumprimento integral da decisão.

A maior quantia pertence ao lobista Romeu Pinto Junior, apontado pela Procuradoria da República como pagador de propinas a funcionários públicos do governo paulista naquele período no âmbito do décimo aditivo do contrato Gisel, firmado entre a antiga Eletropaulo e a multinacional francesa Alstom.

De Romeu Pinto Junior o bloqueio pegou R$ 7,94 milhões. O sequestro de bens alcançou Jorge Fagali Neto (R$ 1,3 milhão), José Geraldo Villas Boas (R$ 470,3 mil), Sabino Indelicato (R$ 70,5 mil) e Jean Pierre Charles Antoine Courtadon (R$ 53,29 mil).

A Justiça Federal ordenou o sequestro de valores amparada na Lei de Lavagem de Dinheiro e no Código de Processo Penal, que autoriza a medida.

De Romeu Pinto Junior, a Justiça mandou bloquear R$ 26,34 milhões. De Villas Boas, R$ 2,65 milhões. De Sabino Indelicato, R$ 2,47 milhões. De Jorge Fagali Neto, R$ 557,4 mil. E de Jean Pierre Courtadon, R$ 460,2 mil. Os cinco foram denunciados pela Procuradoria da República por crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

Sabino Indelicato, também apontado como pagador de propinas, repassou US$ 953,69 mil para a conta secreta na Suíça do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Robson Marinho, ex-chefe da Casa Civil no governo Mário Covas.

Na última terça-feira, 18, a Justiça Federal recebeu a denúncia oferecida pela Procuradoria da República em São Paulo e definiu a abertura de processo contra 11 acusados de envolvimento no caso. Além dos 5 que sofreram bloqueio de valores são réus Jonio Kaham Foigel, Thierry Charles Lopez, Daniel Maurice Elie Huet, Cláudio Luiz Petrechen Mendes, Celso Sebastião Cerchiari e José Sidnei Colombo Martini.

Segundo a denúncia, a propina foi paga para que entrasse em vigor o décimo aditivo do contrato do projeto Gisel II (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo), referente à ampliação e criação de subestações de energia.

A assinatura do aditivo ocorreu no dia 15 de julho de 1990 entre a Eletropaulo e a Cegelec, empresa do grupo Alstom.

Para que o aditivo firmado pudesse entrar em vigor, as vantagens indevidas oferecidas a servidores públicos chegaram a 15% do valor do termo contratual, estimado em R$ 181 milhões atualizados. A propina foi paga de outubro de 1998 a dezembro de 2002.

O Ministério Público Federal denunciou 12 envolvidos. Um deles, Marie Marcel Jackie Lanne-Longue, foi excluído do processo. A Justiça Federal considerou que o crime pelo qual ele foi acusado estava prescrito.

O criminalista Celso Vilardi, que defende Robson Marinho, disse que não tem conhecimento dos documentos enviados por Genebra. "Tenho ciência é que, por vias oficiais, foi solicitada colaboração para as autoridades da Suíça que ainda não chegou."

Vilardi adverte que o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado "não faz parte desse processo (caso Alstom)". Ele se disse surpreso com as menções a Marinho. "Ele jamais julgou o projeto abordado na denúncia da Procuradoria, julgou apenas uma extensão de garantia de equipamentos que foi feita anos depois da celebração do contrato."

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A defesa de Sabino Indelicato, sob responsabilidade da criminalista Dora Cavalcanti, anotou que não pode se manifestar "porque não tem conhecimento da chegada desses documentos (da Suíça) de forma oficial". Dora informou que Indelicato e Marinho têm antiga relação de amizade e societária. "Executaram diversos empreendimentos imobiliários, todos naturalmente declarados e registrados."

A Alstom declarou, em nota, que "está enfrentando acusações no Brasil relativas à não-conformidade com leis e regras de competição, que são referentes a temas do começo dos anos 2000 ou anteriores".

"A Alstom ressalta que tem implementado, em toda a sua organização, regras estritas de conformidade e ética que devem ser aderidas por todos os funcionários." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Justiça Federal em São Paulo autorizou a abertura de um inquérito policial específico para investigar o vereador Andrea Matarazzo (PSDB) por suposto envolvimento com o esquema de pagamento de propinas pela Alstom no setor de energia do governo paulista no final dos anos 1990. Matarazzo foi secretário de Energia em 1998. Nos quatro anos anteriores, foi presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp).

A decisão do juiz Marcelo Costenaro Cavali atende a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que disse não haver, por enquanto, elementos para denunciá-los junto com os outros 12 denunciados em janeiro, mas que a existência de indícios contra Matarazzo e a falta de todos os documentos enviados por autoridades suíças que investigam o caso ensejavam a abertura de um inquérito policial específico.

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Matarazzo foi secretário de Energia em 1998, ano em que se autorizou o décimo aditivo do contrato Gisel, no âmbito do qual a Alstom é acusada pelo MPF de ter pagado R$ 23,3 milhões a dois ex-diretores da extinta Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE), José Sidnei Colombo Martini e Celso Sebastião Cerchiari. Martini e Cerchiari estavam subordinados hierarquicamente ao tucano.

"No que diz respeito especificamente a Angelo Andrea Matarazzo, pessoas submetidas à sua esfera de comando hierárquico foram tidas como beneficiárias de propinas. Além disso, há ao menos indício de que o próprio partido político ao qual é filiado e a própria Secretaria de Energia dirigida por ele - conquanto em curto espaço de tempo - tenham sido beneficiários de valores indevidos", escreveu Cavali em sua decisão.

O juiz rejeitou argumentação da defesa de que o fato a ser apurado é indeterminado, e de que Matarazzo se vê "ilegitimamente submetido a alto grau de constrangimento", em época de proximidade das eleições.]

"Um dos ônus do exercício de funções públicas é justamente a sujeição à permanente vigilância da sociedade, em geral, e, eventualmente, de investigações criminais pelos órgãos de persecução penal", escreveu Cavali. "Quanto ao abalo sofrido pelo investigado em plena época eleitoral, tenho para mim que eleitores bem informados sabem diferenciar a colossal diferença entre estar submetido a uma investigação, e não chegar sequer a ser denunciado, e ser condenado criminalmente. Se os eleitores, em geral, não são bem informados, esse é um grave problema social brasileiro e uma constatação acessória que, evidentemente, não tem, por si só, peso suficiente para impedir a continuidade das investigações"

Por decisão do juiz, também serão investigados nesse mesmo inquérito Eduardo José Bernini, ex-presidente da Eletropaulo, e os executivos franceses da Alstom Michel Louis Charles Mignot, Yves Jaques Marie Barbier de La Serra e Patrick Paul Ernest Morancy.

Denúncia.

No mesmo dia em que decidiu instaurar um inquérito para apurar a atuação de Matarazzo no episódio, o juiz Cavali aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal e decidiu abrir processo contra 11 acusados de envolvimento no esquema de pagamento de propinas da Alstom a agentes públicos de estatais de energia do governo paulista.

Dirigentes da Alstom e lobistas são acusados pela Promotoria de pagar R$ 23,3 milhões de propina, em valores atualizados, para conseguir aditivar um contrato (Gisel) para fornecimento de equipamentos para três subestações de energias do Estado.

Dentre os réus estão: os lobistas Sabino Indelicato, Cláudio Luiz Petrechen Mendes e Jorge Fagali Neto; e os donos de consultoria Jean Pierre Courtadon, Romeu Pinto Junior, José Geraldo Villas Boas.

A multinacional Alstom reconheceu, em auditoria interna na França, ter pago uma comissão de cerca de R$ 6 milhões, em valores atualizados, para vender equipamentos para a hidrelétrica de Itá, em Santa Catarina, em janeiro de 1999. A informação foi revelada nesta segunda-feira (3) pelo jornal Folha de S.Paulo.

É o primeiro documento oficial da Alstom que admite o pagamento de suborno no Brasil. Desde que a Alstom começou a ser investigada no País, em 2008, havia rumores de suborno durante a construção da hidrelétrica, mas é a primeira vez que aparece o valor pago. O documento, de 2008, foi escrito pelo diretor de auditoria, Romain Marie, e enviado ao presidente, Patrick Kron. O pagamento da comissão em Itá, segundo o memorando, foi feito pela Janus, offshore usada para pagar propina em contrato de subestações de energia em São Paulo.

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A hidrelétrica de Itá fez parte do programa de privatização do governo FHC. Em 1995, a Eletrobrás assinou concessão para o consórcio Associação de Autoprodutores Independente. Parte da obra foi bancada pela estatal Eletrosul. A Alstom afirmou, em nota, que "está enfrentando acusações no Brasil relativas à não conformidade com leis e regras de competição", referentes a temas "do começo dos anos 2000". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O advogado criminal Pedro Iokoi, que defende o ex-presidente da EPTE José Sidnei Colombo Martini e o ex-diretor técnico da estatal Celso Sebastião Cerchiari, disse que não iria se manifestar sobre o depoimento de Gerson Kozma porque o ex-diretor administrativo da EPTE não citou os nomes dos dirigentes que seriam destinatários da propina. Iokoi nega taxativamente que José Sidnei e Cerchiari tenham recebido vantagens ilícitas.

O advogado confirmou que seus clientes viajaram para um congresso do setor de energia com despesas de passagens e hospedagens pagas por uma empresa, mas disse não saber se essa empresa foi a Alstom. "Era um encontro bianual do setor elétrico. Foram aproximadamente 15 brasileiros de diversas companhias do setor e a viagem foi devidamente aprovada pela Casa Civil nas formas da legislação. Era uma comitiva grande, não eram apenas os dois, mas diversas pessoas do setor energético que iam ver novidades para aprimorar o sistema", afirmou Pedro Iokoi.

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Em nota, a Alstom disse que "está atualmente enfrentando acusações no Brasil relativas à não-conformidade com leis e regras de competição, que são referentes a temas do começo dos anos 2000 ou anteriores". "A Alstom gostaria de ressaltar que a empresa tem implementado, em toda a sua organização, regras estritas de conformidade e ética que devem ser seguidas por todos os funcionários", continua o texto.

O criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende o ex-secretário de Energia Andrea Matarazzo, disse que vai se pronunciar posteriormente sobre o inquérito específico com relação ao atual vereador tucano, requisitado pela Procuradoria à Polícia Federal. "Não há nenhuma razão apontada para tanto, a não ser uma genérica manifestação sobre cooperação internacional sem que se afirme no que irá consistir tal cooperação." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-diretor administrativo da Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE) Gerson Kozma afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que ouviu nos corredores da extinta estatal que a multinacional francesa Alstom pagava propina para o presidente da EPTE, o diretor técnico, o diretor financeiro, bem como para funcionários da área técnica.

Ele não nomeou os dirigentes que seriam beneficiados com as vantagens indevidas, mas seu depoimento foi um dos principais elementos que levaram o Ministério Público Federal a denunciar na sexta-feira (31) à Justiça Federal o ex-presidente da EPTE José Sidnei Colombo Martini e o ex-diretor técnico Celso Sebastião Cerchiari por corrupção passiva. Ambos são acusados de receberem R$ 4 milhões, em valores atualizados, para atuar para que um contrato com a Alstom fosse prorrogado e a garantia dos equipamentos fornecidos fosse estendida.

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Gerson Kozma também afirmou à PF que José Sidnei e Cerchiari "viajaram com as despesas custeadas pela Alstom". José Sidnei, que hoje é prefeito da cidade universitária, e Cerchiari, diretor de operações da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP) - concessionária privada responsável pela transmissão de 80% da energia consumida no Estado - são os únicos dois agentes públicos denunciados no caso Alstom.

Eles não haviam sido indiciados pela Polícia Federal. A PF indiciou outros três agentes públicos sob suspeita de corrupção passiva: o ex-secretário de Energia e atual vereador Andrea Matarazzo, o ex-presidente da Eletropaulo Eduardo José Bernini e o ex-presidente da EPTE Henrique Fingermann.

Contudo, o MPF entendeu que, por "inexistência de provas", Matarazzo (único político enquadrado pela PF nos autos do cartel da energia) e Eduardo Bernini devem ser investigados em outro inquérito. Sobre Fingermann, os procuradores afirmaram que recebeu R$ 780 mil em propina, mas deixaram de denunciá-lo - ele foi beneficiado pela prescrição da pena porque completou 70 anos em setembro.

Além de José Sidnei e de Cerchiari, outras dez pessoas foram denunciadas, entre ex-funcionários da Alstom e lobistas. É a primeira denúncia de caráter criminal envolvendo uma empresa do cartel dos setores de energia e metroferroviário, por práticas que são investigadas, no Brasil, desde 2008. A Alston também é alvo de outro inquérito sobre irregularidades em contratos com o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Vantagens

Sobre o depoimento prestado à PF em 10 de abril de 2012 pelo o ex-diretor da EPTE Gerson Kozma, que ficou no posto entre 1998 e 2006, os investigadores anotaram: "Sabe que José Sidnei Colombo Martini e Celso Sebastião Cerchiari também viajaram com despesas custeadas pela Alstom. Não tem conhecimento do pagamento de outras vantagens indevidas pagas pela Alstom para José Sidnei ou Celso, mas ouvia falar nos corredores da empresa que havia o pagamento de vantagens indevidas pela Alstom para o presidente, diretor financeiro, diretor técnico e funcionários da área técnica".

Citando esse trecho do depoimento, o MPF complementou, na denúncia: "(Kozma) afirmou ainda que o presidente e o diretor técnico eram os denunciados José Sidnei e Celso".

O ex-diretor administrativo da EPTE assinou junto com Cerchiari, em 2001, o contrato referente à extensão da garantia dos equipamentos fornecidos pela Alstom no décimo aditivo do contrato Gisel, no âmbito do qual o MPF diz ter havido pagamento de propina.

Em depoimento à PF, em abril e maio de 2012, José Sidnei e Cerchiari negaram ter conhecimento de pagamento de propina. O primeiro afirmou que os R$ 259,5 mil em sua conta que o MPF diz serem de propina se referiam a valores pagos por sua demissão, resgate de sua previdência privada e transferência entre contas de sua titularidade. O segundo disse que R$ 680 mil dos R$ 822,5 mil depositados em sua conta e citados pela PF como ilícitos, eram oriundos de um programa de demissão voluntária da CTEEP, sucessora da EPTE. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-diretor comercial da Alstom na França André Botto afirmou, em depoimento à Justiça do país europeu, que a direção da empresa autorizou o pagamento de propina de 15% sobre um contrato de US$ 45,7 milhões para fechar um negócio com uma estatal paulista no ano de 1998. Na ocasião, o Estado era governado por Mario Covas (PSDB).

O depoimento, constante de um rol de documento enviados por autoridades francesas a investigadores do esquema de prática de cartel no Brasil, foi revelado nesta quarta-feira (22), pelo jornal Folha de S.Paulo. Ele contradiz as afirmações reiteradas da Alstom Brasil de que nunca pagou propina.

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O contrato em questão foi fechado com a Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE), estatal ligada à Secretaria de Energia. À época, o titular da pasta era Andrea Matarazzo, hoje vereador do PSDB em São Paulo.

A Alstom queria aditar um contrato que firmara em 1983 para a venda de equipamentos para três subestações de energia. Contudo, havia dúvidas sobre a validade do aditivo, pois a lei de licitações estabelecia limite de cinco anos para aquele tipo de negócio.

A propina paga pela Alstom serviria para evitar que a EPTE criasse entraves para a renovação de um contrato sobre o qual pairavam questionamentos. Se a empresa pública optasse por licitação, a multinacional francesa corria o risco de perder o negócio ou de ter que diminuir expressivamente suas margens de lucro. " Tivemos de pagar comissões elevadas, da ordem de 15% do contrato", afirmou Botto ao juiz Renaud Van Ruymbeke, em 2008.

O contrato, conhecido como Gisel (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo) acabou de fato sendo aditivado. Botto é um personagem conhecido do escândalo do cartel desde 2008. Naquele ano veio a público um comunicado interno da Alstom, de 21 de outubro de 1997, em que ele já falava em propinas pagas no Brasil.

Em nota, a Alstom manifestou "veemente repúdio quanto a insinuações de que possui política institucionalizada de pagamentos irregulares para obtenção de contratos". A empresa disse lamentar que "o conteúdo de investigações sobre supostas condutas ocorridas há quase 20 anos, que por obrigação legal deveriam ser tratadas de forma sigilosa, venham a ser utilizado de forma reiterada e desproporcional nos dias de hoje com o intuito de denegrir a imagem de uma empresa que cumpre com todas as suas obrigações legais". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cópia de e-mail em posse da Polícia Federal mostra que Jorge Fagali Neto, apontado como lobista da multinacional francesa Alstom e intermediador de propinas do cartel de trens, fez sugestões, no fim de 2006, sobre como o governo estadual deveria agir no setor metroferroviário ao tucano Aloysio Nunes Ferreira, então coordenador da campanha de José Serra (PSDB) ao comando do Estado.

Uma dessas sugestões - a busca de dinheiro externo para obras de uma linha do Metrô - acabou concretizada depois de Serra ser eleito e Aloysio assumir a Casa Civil do Estado. A obra foi tocada por um consórcio que tinha a Alstom como sócia.

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Anexada nos autos da investigação sobre o cartel suspeitos de atuar nas gestões do PSDB entre 1998 e 2008, a correspondência é de 26 de setembro daquele ano eleitoral. Faltavam cinco dias para a votação e as pesquisas demonstravam que Serra venceria no 1º primeiro turno, o que de fato ocorreu.

Na ocasião, além de coordenar a campanha de Serra, o hoje senador Aloysio era secretário de Governo de Gilberto Kassab (PSD) na prefeitura paulistana.

Fagali é um dos 11 indiciados pela Polícia Federal por suspeita de ilegalidades envolvendo contratos de energia da Alstom com o governo estadual. Os investigadores afirmam que ele cometeu os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Fagali nega.

Antes de se transformar em consultor do setor metroferroviário, no qual a Alstom também atua e é suspeita de formar cartel, ele havia sido secretário de Transportes do governo Luiz Antonio Fleury Filho por um ano: em 1994. Fagali sucedeu no cargo justamente Aloysio, que foi secretário de Transportes de Fleury entre 1991 e 1993. Ou seja, Fagali e Aloysio se conhecem "há muitos anos", nas palavras do próprio senador tucano, segundo quem o e-mail de 2006 foi apenas um "alerta de um amigo" sobre a situação do setor metroferroviário naquele momento.

O irmão do consultor, José Jorge Fagali, foi escolhido por Serra para presidir o Metrô, estatal do governo, cargo que ocuparia entre os anos de 2007 e 2010.

Fagali, o consultor que mandou o e-mail com as sugestões para Aloysio, está hoje com os ativos bloqueados na Suíça. São US$ 6,5 milhões travados pela Justiça do país europeu por suspeita de lavagem de dinheiro.

Mensagem. No e-mail, Fagali sugeriu, entre outras coisas, que Aloysio acionasse o Banco Mundial para angariar recursos para a Linha 4-Amarela do Metrô. "Para a linha 4, acredito ser possível um aditamento ao contrato do Banco Mundial", escreveu o consultor no e-mail.

Em abril de 2008, no segundo ano da gestão Serra, o governo assinaria com o Banco Mundial, conforme sugerido pelo consultor, um aditamento de R$ 95 milhões ao contrato de R$ 209 milhões de 2002 para a construção da linha 4-Amarela do Metrô.

O dinheiro extra foi usado para obras de ampliação da linha e aquisição de equipamentos, como trens e trilhos. Responsável pela construção da Linha 4, o consórcio Via Amarela tinha entre seus sócios a Alstom. A multinacional francesa forneceu toda a infraestrutura dessa linha do Metrô, como sistema de alimentação de energia e sistemas de controle e de comunicação.

Denunciante. O e-mail de Fagali ao tucano chegou às mãos da Polícia Federal por meio de uma ex-funcionária do consultor chamada Edna da Silva Flores. Ela foi secretária pessoal de Fagali entre 2006 e 2009 e prestou depoimento aos federais no dia 9 de outubro passado.

Edna declarou que "Fagali trocava e-mails com Aloysio Nunes acerca de licitações de metrô em SP". Ainda em seu depoimento, a ex-funcionária de Fagali fala da amizade do consultor com outros políticos, como Serra. Segundo relatou Edna, Fagali era "muito amigo" do tucano. "Jorge Fagali Neto (...) viajou com Serra para o Japão com a finalidade de tratar de assuntos financeiros do metrô de São Paulo", disse no depoimento anexado aos autos da polícia.

Edna também relatou ao delegado a relação de Fagali com os irmãos Arthur e Sérgio Teixeira, também consultores apontados como intermediadores de propinas do cartel de trens. Sérgio já morreu e Arthur está indiciado sob suspeita de atuar ilegalmente para as multinacionais do setor metroferroviário.

"Fagali tinha contato quase diário com Sergio Teixeira e Arthur Teixeira", afirmou Edna.

Em outra parte do inquérito, há um relatório não assinado, mas escrito em abril deste ano pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, em que Aloysio é citado como sendo próximo de Teixeira. No mesmo relatório, o ex-diretor da empresa alemã sugere que o chefe da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin, Edson Aparecido, foi destinatário de propina. Aparecido chama a acusação de "absurda". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Justiça Federal decretou nesta quinta-feira, 7, o bloqueio de bens da multinacional francesa Alstom em valores que chegam a cerca de R$ 60 milhões.

A informação foi divulgada na noite desta quinta-feira pela Polícia Federal, que pediu o bloqueio. A PF investiga o esquema de cartel e pagamento de propinas envolvendo a Alstom e ex-dirigentes de estatais das áreas de energia e transportes públicos nos governos do PSDB no Estado de São Paulo, entre 1995 e 2008.

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Segundo a PF, cinco pessoas físicas tiveram seus bens bloqueados, sendo três ex-diretores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Também foram alcançados pela medida três pessoas jurídicas, "duas delas suspeitas de terem sido utilizadas para a prática dos crimes".

A PF informa que o bloqueio alcança valores em contas bancárias, títulos de investimento e ações pertencentes a investigados por crimes de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro relativos às licitações do metrô de São Paulo e da CPTM.

O pedido da PF se baseia em documentos enviados pela Suíça ao Brasil no âmbito de pedido de cooperação internacional.

Os documentos chegaram ao Brasil em fevereiro de 2011, mas nenhuma providência foi tomada pelo Ministério Público Federal - o procurador da República, Rodrigo de Grandis, então responsável pelo caso, está sob investigação do Conselho Nacional do Ministério Público.

Em setembro, a PF recebeu cópias da documentação enviada pelos procuradores da Suíça

A PF representou à Justiça Federal pelo bloqueio dos valores "com o objetivo de garanti o ressarcimento do Estado e da sociedade".

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