Durante as semanas pré-carnavalescas, os blocos do Recife estão sendo fiscalizados e alguns notificados. É que a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife preparou uma ação contra a prática abusiva de som alto.
As agremiações devem obedecer as exigências, mantendo o som até os 70 decibéis até as 18h e reduzindo para 60h até às 6h da manhã. Quem abusar do volume ou não possuir o alvará da secretaria para utilizar equipamentos amplificadores receberá uma notificação convocando o comparecimento na secretaria no prazo de quatro dias para se justificar. As multas podem chegar ao valor de R$ 5 mil.
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Na tarde deste sábado (7), os fiscais, acompanhados da Brigada Ambiental, fiscalizaram o bloco Acorda Pra Tomar Gagau. Devido à agremiação não possuir trios elétricos ou qualquer outro tipo de amplificador, não foi necessário apresentar um alvará. “O pessoal do bloco disse que há muitos carros com som ligado por perto, mas que não podem fazer nada porque não são deles. Isso também não é competência da secretaria, mas vamos repassar para os agentes da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) para que coíba esses excessos”, explicou a analista de meio ambiente Yalaney Figueira Silva.
Apesar de contagiados pelo Carnaval, os próprios foliões entendem que o som alto pode incomodar. A técnica de enfermagem Priscila Melo, de 24 anos, que veio participar das prévias do sábado, diz que há um limite para o som alto. “Eu moro perto da terminal de Xambá, em Olinda, e lá há muitos polos e música o dia todo. Eu não me incomodo, eu até gosto, contanto que não exceda o horário”, ela comentou. O funcionário público Bruno Queiroz, 39, é de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, e prefere o som de orquestras ao de trios elétricos. “Ainda bem que perto de casa não tem muito desses barulhos”. Queiroz já precisou acionar a polícia por conta de música até altas horas. “Não era Carnaval, era uma festa no prédio ao lado, mas o barulho era muito grande e já estava muito tarde”, ele lembra.
Segundo o otorrinolaringologista Alberto Monteiro, do Hospital Jayme da Fonte, trios elétricos possuem um som de aproximadamente 130 decibéis, quando o saudável é abaixo dos 85. “Após a exposição prolongada é comum perceber os sons abafados e também um zumbido permanente no ouvido”, explicou. De acordo com doutor, esse incômodo costuma durar dois ou três dias.
Alguns foliões, entretanto, podem sofrer lesão no tímpano, precisando consultar um especialista. Se os ruídos intensos provocarem uma lesão no nervo, a pessoa poderá ter que usar aparelho auditivo e, em alguns casos, a perda de audição é irreversível. “Deve-se evitar ficar próximo das caixas do som e usar tampões para diminuir o impacto dos ruídos nas células sensoriais auditivas. Além disso, sair de perto do barulho a cada 30 minutos. É um tempo para descansar o ouvido e depois cair na folia novamente", recomenda Monteiro.
No último final de semana, a fiscalização ambiental notificou os blocos De Bar em Bar, Amantes da Glória, Comigo É Na Base Do Beijo e Faça Amor, Não Faça A Barba. Os agentes também acompanharam a festa do “Tá Bom A Gente Freva”, mas esse não possuía irregularidade. A ação continua até o domingo (8).