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O ministro iraniano das Relações Exteriores visitou o Paquistão com a missão de aliviar as tensões após os bombardeios dos dois lados da fronteira que colocaram as relações diplomáticas em risco.

O governo paquistanês divulgou fotos e vídeos do ministro iraniano Hossein Amir-Abdollahian em seu desembarque no domingo em Islamabad, onde ele se reunirá com o chanceler Jalil Abbas Jilani e com o primeiro-ministro interino, Anwaar-ul-Haq Kakar.

O Paquistão efetuou no dia 18 de janeiro um bombardeio aéreo contra o que chamou de "alvos militantes" no Irã, dois dias após ataques similares iranianos contra seu território.

Os bombardeios mútuos na região de fronteira do Baluchistão, dividida entre os dois países, provocou tensões em uma região já afetada pela guerra entre Israel e Hamas.

O ataque iraniano, que segundo o Paquistão matou duas crianças, gerou fortes críticas de Islamabad, que convocou seu embaixador em Teerã e impediu o retorno do enviado diplomático iraniano.

O Irã também convocou o encarregado de negócios do Paquistão devido aos ataques de Islamabad, que deixaram pelo menos nove mortos.

Mas os dois países anunciaram pouco depois a decisão de reduzir o conflito e permitir o retorno dos embaixadores aos seus postos.

O Exército dos Estados Unidos fez nesta quinta-feira (18) novos bombardeios contra posições no Iêmen dos rebeldes huthis, que alertaram que continuarão com os ataques ao tráfego marítimo no Mar Vermelho.

O comando militar no Oriente Médio (Centcom) informou que realizou "ataques contra 14 mísseis dos huthis apoiados pelo Irã que estavam carregados para lançamento e representavam uma ameaça iminente aos navios mercantes”.

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Esta foi a quarta rodada de bombardeios lançada pelos Estados Unidos no Iêmen na última semana. Segundo os veículos dos huthis, como o canal de TV Al-Masirah e a agência de notícias Saba.net, os ataques afetaram áreas diferentes do país, entre elas o porto de Hodeida e a cidade de Taez.

Os veículos também atribuíram os ataques ao Reino Unido, embora o Exército americano não tenha feito nenhuma menção a esse respeito. Estados Unidos e Reino Unido lançaram na última sexta-feira a primeira rodada de bombardeios contra posições huthis no Iêmen, em resposta a ataques do grupo rebelde a navios no Mar Vermelho.

Além de bombardearem suas posições, os Estados Unidos voltaram a incluir os huthis em sua lista de grupos terroristas.

O presidente russo Vladimir Putin prometeu, nesta segunda-feira (1º), "intensificar" seus bombardeios na Ucrânia, em resposta ao ataque ucraniano que deixou dezenas de mortos no sábado em Belgorod, dois anos depois da invasão russa da ex-república soviética.

"Intensificaremos os ataques, nenhum crime contra civis ficará impune, isso é certo. Os ataques serão realizados contra instalações militares", declarou Putin durante uma visita a um hospital militar.

Suas declarações ocorreram após um ataque no sábado (30) que deixou 25 mortos em Belgorod, a cerca 30 km da fronteira ucraniana.

Na sexta-feira, Moscou havia disparado mais de 150 mísseis e drones contra diversas cidades da Ucrânia, deixando em torno de 40 mortos e mais de 160 feridos, de acordo com as autoridades.

"Utilizamos armas de precisão para atacar centros de tomada de decisão, locais onde se reúnem soldados e mercenários e outros centros semelhantes, especialmente instalações militares", continuou Putin.

O presidente russo classificou o bombardeio contra Belgorod como um "ato terrorista" e acusou as forças ucranianas de atacarem "o centro da cidade, onde as pessoas passeiam na véspera do Ano Novo".

Ele também enfatizou que "a Ucrânia não é um inimigo" e acusou o Ocidente de usar as autoridades de Kiev para "resolver seus próprios problemas" com a Rússia.

Putin garantiu, ainda, que as forças militares de seu país dispunham de uma "iniciativa estratégica" no front de batalha na Ucrânia, onde os soldados avançam mais a cada dia após o fracasso da contraofensiva de Kiev.

- Ataques em Donetsk -

O governador de Belgorod, Viatcheslav Gladkov, anunciou que uma menina de quatro anos que estava em estado "muito grave" acabou falecendo em decorrência dos ferimentos no ataque. Segundo ele, 109 pessoas ficaram feridas, das quais 70 permanecem internadas.

Além dos bombardeios dos últimos dias, outro ataque ucraniano à cidade de Donetsk, localizada na área controlada pela Rússia no leste da Ucrânia, deixou pelo menos quatro mortos e 13 feridos, anunciou nesta segunda-feira Denis Pushilin, que dirige a "república" de Donetsk. O funcionário afirmou que as forças ucranianas atacaram o centro deste reduto pró-Rússia com bombas de fragmentação.

"O objetivo do inimigo era causar o maior dano possível à população civil", declarou Pushilin no Telegram, afirmando que os ataques não tinham "sentido do ponto de vista militar".

Um jornalista morreu e outro ficou ferido, segundo serviços de resgate citados pela agência de notícias russa TASS.

A cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia, é controlada por separatistas pró-Rússia apoiados por Moscou desde 2014. Desde então, tem sido regularmente bombardeada pelo Exército ucraniano.

Esta ofensiva de Kiev danificou uma escola, edifícios residenciais, uma loja, um centro comercial e outros edifícios, informou o Comitê de Investigação Russo no Telegram.

A Ucrânia, por sua vez, afirmou ter enfrentado um ataque "recorde" com 90 drones russos na véspera de Ano Novo.

O ataque teve como alvo várias cidades, incluindo Odessa (sul) e Lviv (oeste), e deixou pelo menos um morto.

O Ministério do Interior ucraniano anunciou na segunda-feira a morte de duas pessoas e disse que outra tinha ficado ferida em um ataque de drone a um edifício residencial na região nordeste de Sumy.

O Exército de Israel prosseguiu com os bombardeios nesta quinta-feira (21) na Faixa de Gaza, em particular em Khan Yunis e na passagem de fronteira de Kerem Shalom, ao mesmo tempo que continuam as negociações para obter uma trégua no conflito do país contra o movimento islamista Hamas.

Khan Yunis, a maior cidade do sul do território palestino cercado desde 9 de outubro, onde o Exército israelense anunciou que intensificou suas operações, foi alvo de novos bombardeios, segundo imagens da AFPTV.

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O Hamas afirmou que Israel também bombardeou a passagem de fronteira de Kerem Shalom, entre Israel e a Faixa, e matou quatro pessoas, incluindo o diretor do local, Bassem Ghaben.

As autoridades de Gaza anunciaram na quarta-feira que as operações militares israelenses deixaram 20.000 mortos no território desde o início da guerra, incluindo ao menos 8.000 menores de idade e 6.200 mulheres.

O Exército israelense informou, nesta quinta-feira, que matou mais de 2.000 combatentes palestinos em Gaza desde 1º de dezembro, quando terminou uma trégua de uma semana durante a qual foi feita uma troca de reféns nas mãos do Hamas por palestinos presos em Israel.

Israel também destacou que sua força aérea bombardeou 230 alvos em Gaza nas últimas 24 horas.

Israel prometeu destruir o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, após os atentados de 7 de outubro do grupo islamista no sul de Israel que mataram quase 1.140 pessoas, segundo um balanço da AFP baseado nas informações divulgadas pelas autoridades do país.

Quase 250 pessoas foram sequestradas pelo grupo islamista, e 129 continuam como reféns em Gaza, segundo Israel.

No entanto, o Hamas desafiou Israel e garantiu nesta quinta-feira que o objetivo israelense de eliminá-los "está condenado ao fracasso", segundo uma mensagem de áudio de Abu Obeida, porta-voz do braço militar do movimento islamista.

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos fez um apelo a Israel para que abra uma investigação sobre "a possível perpetração de um crime de guerra" por parte de seu Exército em Gaza. A agência disse ter recebido "informações preocupantes" sobre a morte de "11 homens palestinos desarmados" na Cidade de Gaza.

- "Todos devem voltar para casa" -

No campo diplomático, os esforços prosseguem em várias frentes para obter uma nova trégua.

No fim de novembro, uma pausa de uma semana nos combates permitiu a libertação de 105 reféns e de 240 palestinos detidos por Israel, assim como a entrada de ajuda no território palestino, cenário de uma crise humanitária catastrófica.

Um dos reféns libertados durante a trégua, Ofir Engel, 18 anos, participou na quarta-feira de uma cerimônia com vários amigos e parentes de reféns no kibutz Beeri, onde foi sequestrado.

"Um dos momentos mais difíceis foi quando os terroristas nos deixaram no escuro total, com bombas caindo sem parar ao nosso redor", declarou. "Eu estava lá, e enquanto os reféns estiverem lá, eles estarão em perigo, a todo momento (...) Todos devem voltar para casa agora".

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, viajou para o Cairo na quarta-feira para discutir uma nova "trégua provisória de uma semana em troca da libertação por parte do Hamas de 40 prisioneiros israelenses", disse à AFP uma fonte próxima ao movimento islamista.

Ziad al Nakhala, líder da Jihad Islâmica, movimento islamista aliado do Hamas e que também tem reféns em Gaza, deve visitar o Cairo na próxima semana, segundo uma fonte da organização.

Paralelamente, Israel discute com Catar e Estados Unidos para tentar conseguir uma trégua que resulte na libertação dos reféns.

Um alto funcionário israelense explicou que "houve alguns avanços" após "duas reuniões com os cataris na semana passada".

"Estamos dispostos a negociar uma nova fórmula sobre [a libertação de] os reféns (...) Para isso, precisaremos de nova pausa humanitária como a primeira [ao final de novembro]. Mas antes e depois disso, estamos comprometidos a alcançar nosso objetivo principal que consiste em acabar com a existência do Hamas", acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, insistiu em um "cessar-fogo duradouro".

O presidente francês, Emmanuel Macron, por sua vez, reuniu-se com o rei da Jordânia, Abdullah II, para agilizar o envio de ajuda humanitária.

- "Onde estamos seguros?" -

O Conselho de Segurança da ONU tentará mais uma vez, nesta quinta-feira, aprovar uma resolução para acelerar o fornecimento de ajuda a Gaza, mas pode voltar a enfrentar o veto dos Estados Unidos.

Washington disse estar trabalhando "ativamente" para conseguir a aprovação da resolução.

A ONU continua alertando para a profunda crise humanitária em Gaza, onde metade da população passa fome, e 90% dos moradores ficam, muitas vezes, sem refeição durante o dia, segundo o Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU.

A maioria dos hospitais da Faixa está fora de serviço, devido aos bombardeios, e 1,9 milhão de pessoas, ou seja, 85% da população, foram obrigadas a abandonar suas casas, segundo as Nações Unidas.

O subsecretário-geral de Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, lamentou o que chamou de uma situação humanitária catastrófica e classificou o número de vítimas palestinas como "dramático e vergonhoso".

"Onde estamos seguros? Para onde devemos ir?", perguntou um palestino que fugiu do norte do território para Rafah, no sul. "Não há para onde ir, estamos presos", acrescentou.

Novos bombardeios israelenses deixaram dezenas de mortos na Faixa de Gaza, anunciou o Hamas nesta segunda-feira (18), ao mesmo tempo que o governo de Israel foi acusado por uma ONG de submeter deliberadamente à fome a população do território palestino cercado.

Apesar da indignação internacional com o número elevado de vítimas civis, o Exército israelense prossegue com os bombardeios contra o território palestino, que está à beira de uma catástrofe humanitária, como resposta ao ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro.

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A ONG Human Rights Watch (HRW) acusou o governo israelense de utilizar "a inanição de civis como método de guerra na Faixa de Gaza ocupada, o que constitui um crime de guerra". Israel reagiu e acusou o grupo de ser uma "organização antissemita e anti-israelense".

"As forças israelenses bloqueiam deliberadamente o fornecimento de água, alimentos e combustível, ao mesmo tempo que impedem intencionalmente a ajuda humanitária, arrasando aparentemente zonas agrícolas e privando a população civil de objetos indispensáveis para sua sobrevivência", afirmou a HRW.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas deve votar nesta segunda-feira uma nova resolução para pedir um "cessar-fogo urgente e duradouro das hostilidades" em Gaza, 10 dias após o veto dos Estados Unidos, que nos últimos dias demonstrou preocupação com o elevado número de vítimas civis.

A guerra em Gaza foi desencadeada pelo violento ataque do Hamas em 7 de outubro, quando os combatentes do movimento islamista mataram 1.139 pessoas em Israel, a maioria civis, e sequestraram quase 250, segundo as autoridades. Atualmente, 129 reféns permanecem retidos em Gaza.

O Ministério da Saúde do Hamas, que governa o território palestino, afirma que mais de 18.800 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram na ofensiva de Israel.

A pasta anunciou que 110 pessoas morreram nas últimas 24 horas nos bombardeios israelenses em Jabaliya, no norte de Gaza.

No sul, as nuvens de fumaça eram observadas em Khan Yunis após os ataques israelenses.

- Hospitais atacados -

Quase 1,9 milhão de moradores de Gaza, 85% da população, foram deslocados e enfrentam escassez de alimentos, água, combustível e remédios devido ao cerco "total" de Israel, imposto desde 9 de outubro.

"Não ficaria surpreso se as pessoas começassem a morrer de fome ou de uma combinação de fome, doenças e imunidade frágil", alertou Philippe Lazzarini, diretor da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA).

Vários hospitais foram afetados pelos combates, apesar da presença de pacientes e deslocados. Israel acusa o Hamas de utilizar os centros de saúde como bases, o que o movimento islamista nega.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou no domingo que está "consternada com a destruição real" do hospital Kamal Adwan, onde as forças israelenses executaram uma operação de vários dias contra o Hamas antes da retirada.

No pátio do hospital, os palestinos caminhavam entre os escombros, em busca de cadáveres.

A OMS também afirmou que os bombardeios israelenses transformaram o serviço de emergência do hospital Al Shifa, da cidade de Gaza, o mais importante do território, em "um banho de sangue".

O Ministério da Saúde anunciou que as forças israelenses atacaram o hospital Al Awda (norte) e prenderam profissionais da saúde. No sul, um ataque no domingo deixou um morto e seis feridos no hospital Nasser, em Khan Yunis.

Segundo a ONU, menos de um terço dos hospitais de Gaza estão funcionando, apenas parcialmente.

- Pressão para libertar os reféns -

Apesar da pressão internacional, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que é necessário "manter a pressão militar" para acabar com o Hamas.

O Exército informou que 126 soldados morreram na Faixa de Gaza desde o início das operações terrestres em 27 de outubro.

A Forças de Defesa anunciaram no domingo que encontraram o "maior túnel" cavado pelo Hamas entre Israel e o norte do território palestino.

O governo israelense enfrenta uma pressão cada vez maior das famílias dos reféns para negociar a libertação, em particular desde a revelação, na sexta-feira, de que soldados mataram três reféns "por engano", depois que foram confundidos com combatentes palestinos.

O Catar, principal mediador entre Israel e o Hamas, ao lado do Egito e dos Estados Unidos, afirmou que prossegue com "esforços diplomáticos para restabelecer uma pausa humanitária".

Um membro do Hamas declarou que as condições "são claras: um cessar-fogo total, a retirada dos tanques das cidades, a abertura da rodovia entre norte e sul, o fim do cerco, a entrada normal de ajuda em toda Gaza, sem restrições".

A trégua estabelecida no mês passado permitiu a libertação de 105 reféns sob poder do Hamas e de grupos aliados, 80 deles israelenses, em troca de 240 palestinos detidos em Israel.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, está no Kuwait como parte de uma viagem regional, durante a qual também visitará Israel.

O conflito em Gaza também provocou o aumento da violência na Cisjordânia ocupada por Israel, onde mais de 300 palestinos morreram após tiros das tropas israelenses ou ataques de colonos, segundo a Autoridade Palestina.

O Ministério da Saúde anunciou que quatro pessoas, incluindo dois adolescentes, morreram depois que foram atingidos por tiros israelenses no campo de refugiados de Al Fara, no norte do território.

Israel segue, neste domingo (17), bombardeando a Faixa de Gaza, apesar do aumento da pressão para que o governo israelense negocie a libertação dos reféns sequestrados pelo movimento islamista palestino Hamas.

O governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está sob pressão crescente, especialmente desde que se soube, na sexta-feira (15), que soldados mataram três reféns "por engano", depois de confundi-los com combatentes palestinos.

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Os três reféns estavam entre as cerca de 250 pessoas capturadas no ataque sem precedentes do Hamas, em solo israelense, em 7 de outubro. Nele, morreram 1.140 pessoas, segundo os últimos números das autoridades. Pelo menos 129 permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza.

Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e bombardeia, sem cessar, o território palestino, onde morreram cerca de 18.800 pessoas. Deste total, em torno de 70% são mulheres e menores, conforme o Ministério da Saúde, governado pelo Hamas desde 2007.

"Muitos civis estão morrendo", disse a ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, em viagem para Israel, de onde pediu "uma nova trégua humanitária imediata e duradoura".

O chanceler israelense, Eli Cohen, reiterou a posição de seu governo, para quem um cessar-fogo é "um presente para o Hamas".

- "Banho de sangue" -

No norte da Faixa, uma fumaça espessa podia ser vista neste domingo, após os bombardeios israelenses.

O Ministério da Saúde do Hamas relatou 24 mortos no acampamento de refugiados de Jabaliya. Muitos ainda estão "sob os escombros".

Outros bombardeios mataram pelo menos 12 pessoas na cidade de Deir al Balah, no centro do território palestino. Testemunhas também relataram ataques aéreos na cidade de Bani Suheila, no sul, e a AFPTV observou intensos combates na cidade de Gaza.

O serviço de emergência do hospital Al Shifa, no norte de Gaza, tornou-se "um banho de sangue", com centenas de pacientes e novos feridos chegando "a cada minuto", afirmou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os ataques israelenses devastaram grande parte do território, e a ONU estima que 1,9 milhão de habitantes de Gaza foram forçados a abandonar suas casas.

No final da oração do Ângelus, o papa Francisco lamentou a morte de duas mulheres, no sábado, em uma paróquia católica de Gaza e afirmou que, nesse território há 'civis indefesos" que são alvo de disparos e bombardeios.

- "Trazer os reféns vivos" -

Em Israel, aumenta a pressão para libertar os reféns ainda mantidos em cativeiro no território palestino. Centenas de pessoas protestaram ontem, em Tel Aviv. Depois, acamparam em frente à sede do Ministério da Defesa para exigir o retorno de seus familiares.

"O governo israelense deve (...) colocar sobre a mesa sua melhor proposta para trazer os reféns vivos. Vivos”, insistiu Ruby Chen, pai de Itay Chen.

Mais de 100 israelenses e estrangeiros capturados foram libertados em troca de 240 prisioneiros palestinos durante uma trégua de uma semana em novembro, patrocinada pelo Catar.

Mas, para Netanyahu, é preciso "manter a pressão militar" para trazer os reféns e acabar com o Hamas.

Ontem, o Catar confirmou que está fazendo "esforços diplomáticos para restabelecer uma pausa humanitária".

Segundo o site de notícias Axios, o chefe dos serviços de Inteligência de Israel, David Barnea, reuniu-se na sexta-feira (15) com o primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdulrahman al Thani, que participou das negociações da trégua anterior.

O Hamas rejeita 'qualquer negociação", se "a agressão contra nosso povo não cessar completamente", informou no Telegram.

- Temor de tensões na região -

O secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, também estará em Israel, Bahrein e Catar esta semana para reiterar "o compromisso de Washington em reforçar a segurança e a estabilidade regionais".

Nos últimos dias, os Estados Unidos, o maior aliado de Israel, pediram uma fase de "menor intensidade" na operação israelense, para proteger os civis.

O chefe da diplomacia britânica, David Cameron, e sua homóloga alemã, Annalena Baerbock, também lançaram um apelo por um "cessar-fogo duradouro", em um texto publicado no Sunday Times.

Fora de Gaza, a Autoridade Palestina lamentou neste domingo a morte de cinco palestinos na Cisjordânia ocupada, onde a violência disparou desde o início do conflito.

A guerra também faz temer um aumento das tensões na região, especialmente no Líbano, onde fica o movimento pró-Irã Hezbollah, aliado do Hamas. No norte de Israel, na fronteira com o Líbano, há trocas de disparos diárias entre o Exército israelense e o Hezbollah.

Hoje, a chanceler francesa pediu uma "desescalada" da violência nessa fronteira.

"Se houver uma espiral, uma conflagração, acho que ninguém sairá beneficiado, e falo isso por Israel também", disse Colonna.

E, no Mar Vermelho, uma estratégica rota comercial por onde circulam 20.000 navios todos os anos, várias grandes companhias mundiais de transporte marítimo suspenderam a passagem de seus navios, devido aos ataques dos rebeldes huthis, do Iêmen, próximos ao Irã, apresentados como resposta à guerra entre Israel e o Hamas.

Ao menos 140 pessoas morreram na Faixa de Gaza em uma nova noite de bombardeios israelenses, informou nesta terça-feira (24) o movimento palestino Hamas, que libertou na segunda-feira duas mulheres sequestradas em seu ataque contra Israel de 7 de outubro.

Desde a ofensiva violenta do movimento islamista de 7 de outubro, o Exército israelense bombardeia sem trégua a Faixa de Gaza para preparar uma eventual operação terrestre contra o estreito e denso enclave palestino.

"Mais de 140 pessoas morreram e centenas ficaram feridas em massacres cometidos por ataques da ocupação", afirmou o governo do Hamas no território.

O movimento islamista anunciou que mais de 5.000 pessoas morreram nos bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza, incluindo mais de 2.000 crianças.

As autoridades de Israel afirmam que mais de 1.400 pessoas morreram em seu território no ataque do Hamas, a maioria civis, que foram baleados, mutilados ou queimados no primeiro dia do ataque. Entre os mortos estão mais de 300 militares.

Durante a incursão,os combatentes islamistas também tomaram quase 220 reféns. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, exigiu na segunda-feira a libertação de todas as pessoas para uma possível discussão de trégua na guerra.

"Os reféns devem ser libertados, depois poderemos conversar", disse Biden.

Na sexta-feira, o Hamas libertou duas americanas e na segunda-feira fez o mesmo com duas idosas israelenses, que foram internadas na madrugada de terça-feira em um hospital de Tel Aviv, onde eram aguardadas por parentes.

O movimento palestino anunciou que tomou a decisão por "por razões humanitárias urgentes", após a mediação do Catar e do Egito.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, identificou as libertadas como Yocheved Lifschitz, de 85 anos, e Nourit Kuper, de 79, ambas de nacionalidade israelense e originárias do kibutz Nir Oz, onde foram sequestradas juntamente com os maridos, que ainda são mantidos reféns.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) anunciou que seis funcionários da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) morreram nas últimas 24 horas em Gaza.

Trinta e cinco funcionários da UNRWA morreram desde o início da guerra entre Israel e Hamas.

"Nos faltam palavras", afirmou a agência em sua conta na rede social X.

Os palestinos de Gaza continuaram encontrando corpos, nesta quarta-feira (18), um dia após o bombardeio a um hospital na região que deixou centenas de vítimas. "Nunca vi nada parecido na minha vida", disse Ahmed Tafesh, depois de horas recolhendo restos humanos.

Entre os veículos queimados, voluntários retiram corpos e restos mortais e os colocam em sacos mortuários, enquanto outros são cobertos por mantas e invólucros brancos.

"Isso é um massacre. Nunca vi nada parecido na minha vida", contou à AFP Tafesh, que participou nestes esforços e relatou ter recolhido olhos, braços, pernas e cabeças das vítimas.

Autoridades de saúde do enclave, governado pelo grupo islamita palestino Hamas, afirmaram nesta quarta-feira que pelo menos 471 pessoas morreram no bombardeio do hospital Ahli Arab, localizado no centro da Faixa de Gaza.

Lideranças desta região atribuem o bombardeio de terça-feira à noite a um ataque aéreo de Israel, em resposta à ofensiva do Hamas em território israelense em 7 de outubro, que deixou mais de 1.400 mortos e quase 200 reféns sequestrados.

O Exército israelense afirmou, por sua vez, nesta quarta-feira que tem "evidências" de que "a explosão em um hospital de Gaza foi provocada pelo lançamento de um foguete da Jihad Islâmica que falhou".

- "Nem sei como saímos" -

Perto da então unidade de saúde, moradores compareceram ao local nesta quarta-feira para identificar os mortos e levá-los para serem sepultados.

Yahya Karim, de 70 anos, busca notícias de seus familiares. "Não sei quantos deles morreram nem quantos ainda estão vivos", contou ele, que considerou ficar no hospital antes da tragédia de terça-feira.

Outros, que sobreviveram ao bombardeio, relatam o terror que sentiram.

"Havia fogo e coisas caíam em cima de nós. Começamos a procurar uns aos outros. A eletricidade caiu de repente e não conseguíamos ver nada. Nem sei como saímos", disse aos prantos Fatima Saed.

Adnan al-Naqa, outro residente de Gaza, relatou que cerca de 2.000 pessoas estavam refugiadas no hospital na noite do ataque.

"Quando entrei no hospital ouvi a explosão e vi um incêndio imenso. Todo o lugar estava em chamas, havia corpos por toda parte, de crianças, mulheres e idosos", relembrou.

Segundo o o porta-voz militar de Israel, Daniel Hagari, "não houve nenhum fogo das FDI (o Exército israelense) por terra, mar ou ar que atingiu o hospital", declarou em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira.

O Hamas afirmou, por sua vez, que a tese israelense é "uma mentira que não engana ninguém".

Desde 7 de outubro, horas após a ofensiva inédita do grupo islamita, Israel atacou centenas de alvos na Faixa de Gaza, onde mais de 3.400 pessoas morreram, segundo as autoridades de saúde da região. Um milhão de moradores foram deslocados dentro do enclave, onde 2,4 milhões de palestinos vivem em condições precárias.

Na sexta-feira, Israel solicitou que os residentes do norte de Gaza se refugiassem no sul da Faixa mediante a possibilidade de uma incursão terrestre. Esta ordem de retirada foi rejeitada pelo Hamas e fortemente criticada pela ONU e vários países da região.

Intensos bombardeios foram registrados na manhã desta terça-feira (17), no sul da Faixa de Gaza, nas cercanias das cidades de Khan Younis e Rafah. O governo de Israel ordenou que os palestinos buscassem refúgio na região, após a ordem para a evacuação do norte do enclave palestino, na quinta-feira (12) passada.

Relatos de testemunhas indicam que o ataque israelense teve como alvos o oeste e o sudeste de Khan Younis e o oeste de Rafah, onde milhares de palestinos e estrangeiros estão reunidos à espera da liberação da passagem para o Egito.

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Fonte: Associated Press.

Israel segue, neste domingo (15), os preparativos para uma ofensiva no norte de Gaza, cuja população continua fugindo para o sul do enclave palestiniano, em meio aos maciços bombardeios na esteira do sangrento ataque do grupo islâmico Hamas.

Israel respondeu à incursão de 7 de outubro do Hamas, no poder na Faixa de Gaza, com bombardeios ao território, do qual o movimento islâmico continua disparando foguetes.

Na sexta-feira, o Exército israelense pediu aos civis no norte do enclave - 1,1 milhão de pessoas em uma população total de 2,4 milhões - que se deslocassem para sul e, no sábado, disse-lhes para "não demorarem".

Na noite de ontem, um porta-voz do Exército assegurou que a ofensiva terrestre não começaria no domingo por razões humanitárias.

As dezenas de milhares de soldados israelenses estacionados ao redor do enclave aguardam uma "decisão política" que lhes indicará quando iniciar a ofensiva terrestre, disseram os porta-vozes militares Richard Hecht e Daniel Hagari.

O ataque do Hamas, o pior da história de Israel, deixou 1.300 mortos, em sua maioria civis, e pelo menos 120 pessoas foram feitas reféns, segundo os militares israelenses.

Os bombardeios de Israel mataram mais de 2.300 pessoas, incluindo mais de 700 crianças, na densamente povoada e empobrecida Faixa de Gaza. Mais de 9.000 pessoas ficaram feridas, segundo as autoridades locais.

Segundo o Exército israelense, o centro de operações do movimento islâmico palestino, classificado como organização terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel, fica na cidade de Gaza, no norte do enclave.

- "Sentença de morte" -

O deslocamento em massa da população e a perspectiva de uma ofensiva terrestre neste território - sitiado, sem água, alimentos e eletricidade - gera grande preocupação na comunidade internacional.

No sábado, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Hussein Amir Abdollahian, alertou este sábado que "ninguém será capaz de garantir” o controle da situação se Israel invadir Gaza.

Também ontem, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que os Estados Unidos trabalham com a ONU e os países do Oriente Médio "para garantir que civis inocentes tenham acesso a água, alimentos e atenção médica". Ao presidente palestino, Mahmud Abbas, garantiu seu "total apoio" aos seus esforços para levar ajuda humanitária, "especialmente em Gaza".

A ajuda, procedente de vários países, acumula-se na fronteira do Egito com a Faixa e não chega a ser introduzida no território palestino, disseram testemunhas à AFP. O Egito controla a única entrada de Gaza que não está sob controle de Israel, a passagem fronteiriça de Rafah, que está atualmente fechada.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu acesso "imediato" da ajuda a essa pequena faixa de terra, sujeita a um bloqueio israelense desde 2006. Também se multiplicam as vezes pela abertura de corredores humanitários.

"É urgente e necessário garantir corredores humanitários e socorrer a população", declarou o papa Francisco em sua tradicional oração do Ângelus neste domingo.

Desde sexta-feira, milhares de moradores fogem com seus pertences empilhados às pressas em reboques, carroças, motocicletas e carros, em meio aos escombros, movimento que a agência humanitária da ONU já classifica como "deslocamento em massa".

A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu, no sábado, que a retirada forçada de mais de 2.000 pacientes de hospitais para instalações lotadas no sul de Gaza equivaleria a "uma sentença de morte".

- "Continuará" -

O Exército israelense anunciou no sábado que, durante suas incursões na Faixa, encontrou "cadáveres" de reféns sequestrados pelo Hamas. O grupo islâmico já havia anunciado que 22 "prisioneiros" morreram nos bombardeios israelenses.

Netanyahu visitou tropas israelenses perto do enclave no sábado. "Estão preparados para o que está por vir? Isso vai continuar", disse ele a vários soldados.

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, acusou Israel de "crimes de guerra" em Gaza e afirmou que se recusa a permitir que os palestinos sejam "deslocados".

O movimento palestino é, regularmente, acusado por Israel de usar civis como escudos humanos.

Neste domingo, o Exército israelense anunciou ter matado em Gaza Billal al Kedra, um comandante do Hamas responsável pelo ataque ao kibutz de Nirim, perto do enclave palestino, onde morreram pelo menos cinco pessoas, segundo a imprensa local.

Na véspera, anunciou a morte de dois comandantes militares do grupo islâmico, que, segundo o Exército, estavam entre os responsáveis pelo ataque de 7 de outubro.

Ante o risco de um conflito em nível regional, os Estados Unidos anunciaram no sábado o envio de um segundo porta-aviões ao Mediterrâneo Oriental "para dissuadir ações hostis contra Israel", segundo o secretário americano da Defesa, Lloyd Austin.

Washington também organizou uma retirada de seus cidadãos em Israel por navio do porto de Haifa para o Chipre na segunda-feira, informou a embaixada americana.

- Uma frente no norte? -

A tensão também cresce na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde o Exército israelense anunciou, no sábado, que havia matado "vários terroristas" que tentavam se infiltrar.

O Hamas assumiu no domingo a responsabilidade por duas infiltrações em território israelense pelo Líbano e confirmou a morte de três de seus combatentes.

A troca de disparos também deixou um morto e vários feridos em solo israelense, onde a zona limítrofe foi fechada para civis. Israel também tem soldados e tanques posicionados nessa área.

Um jornalista da agência Reuters foi morto e seis outros repórteres - da AFP, da Reuters e da Al-Jazeera - ficaram feridos na sexta-feira em bombardeios na zona.

Em outra frente, Israel anunciou ter atacado a Síria com artilharia na noite de sábado, após alertas aéreos nas Colinas de Golã, anexadas por Israel em 1967.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos também anunciou que um "ataque israelense" atingiu o aeroporto de Aleppo (norte), ferindo cinco pessoas.

"Por que? Não fizemos nada!", grita um homem, observando os socorristas levarem o corpo de um familiar. Eles acabavam de retirá-lo dos escombros em um bairro residencial da Faixa de Gaza, bombardeada sem cessar pelos israelenses, em resposta à ofensiva do Hamas.

Um pouco mais distante, em Shati, maior campo de refugiados do enclave, devastado pelas guerras e pela pobreza, alguém grita: "Venham! Ainda está vivo!".

Um socorrista se aproxima, segura a mão que emerge sob os escombros e, ajudado por vários colegas e vizinhos, consegue retirar um homem, preso em meio ao entulho. Sua cabeça está ensanguentada.

Dezenas de voluntários foram ajudar as equipes de resgate nesta área, para encontrar os corpos e eventuais feridos em meio aos escombros deixados pelo mais recente bombardeio israelense na Faixa de Gaza, submetida a um "cerco total", sem água, energia elétrica ou combustível.

- "Onde estão a mamãe e meus irmãos?" -

Desde que o movimento islamita Hamas, que governa Gaza, lançou, no sábado, um ataque em solo israelense, matando mais de 1.200 pessoas, o enclave palestino vive sob bombardeios.

Dia e noite, o barulho de explosões, drones e outras deflagrações é incessante. Ninguém dorme, tanto por causa do ruído quanto pelo medo de saber que qualquer casa está potencialmente ameaçada.

Israel quer "liquidar" o movimento islamita e, desde que a operação teve início, ordenada após a ofensiva do sábado - a mais mortal desde a criação do Estado de Israel, há 75 anos -, mais de 1.300 palestinos morreram em Gaza.

Em Shati, aviões de combate efetuaram dezenas de bombardeios em apenas meia hora na manhã desta quinta-feira.

Um homem tira o filho de quatro anos dos escombros. "Papai, onde estão a mamãe e meus irmãos?", pergunta o menino, com o corpo coberto de poeira e sangue.

Jamal al Masri mal compreende o que acaba de acontecer.

"Estávamos dormindo e, de repente, todo o bairro ficou sob as bombas do ocupante. Destruíram a minha casa", relata à AFP.

"A do meu irmão, a dos meus pais, as casas de vários vizinhos também...", acrescenta, ainda emocionado.

"Todo mundo foi afetado, há fragmentos de corpos, cadáveres, os dos meus filhos e os dos filhos de outros", explica.

"O que aconteceu, papai? Isto realmente está acontecendo conosco?", o interrompe sua filha. "Tudo vai ficar bem", responde. "Vamos ficar aqui, não vamos embora de Gaza", assegura, apesar de, ao seu redor, nada parecer funcionar.

- "Talvez não esteja morto" -

Em muitos bairros, os que não foram reduzidos a ruínas fumegantes, não há eletricidade.

A única central elétrica que abastece o enclave, onde vivem 2,3 milhões de palestinos (metade, crianças) está parada, e por isso não há internet, nem água. As redes de telefonia tampouco funcionam.

No hospital al Shifa, o maior de Gaza, reina o caos.

Entre as idas e vindas de ambulâncias, vizinhos se amontoavam para perguntar sobre seus entes queridos. Os feridos vão e vêm e também há crianças sentadas no chão, paralisadas, em silêncio.

Um enfermeiro deixa um dos menores aos cuidados de um médico e pergunta, aos gritos: "Alguém conhece este menino?".

Em seguida, corre para atender as dezenas de feridos que, deitados em colchões finos de espuma, esperam atendimento.

Do necrotério ouvem-se soluços, gritos, lamentos.

O local está cheio e há, inclusive, dezenas de corpos enrolados em lençóis no chão.

Um jovem sai dali, tremendo. "Talvez não esteja morto. Seu corpo não está ali", diz.

"Vamos ver no serviço de emergência, certamente está sendo operado", repete, como que tentando convencer a si próprio.

A Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta quinta-feira, 12, que ao menos 340 mil habitantes da Faixa de Gaza tiveram que deixar as suas casas nos últimos dias por causa de bombardeios lançados por Israel, após o ataque terrorista do Hamas no último sábado, 7.

Um balanço divulgado nesta manhã pelo governo palestino indica que 1.417 pessoas morreram em Gaza desde o início dos ataques de Israel. Entre elas estão 447 crianças e 248 mulheres.

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Em Israel, o número de mortos durante o ataque do grupo terrorista Hamas chega a 1.300. Entre as vítimas há mulheres, crianças e bebês. O governo israelense afirmou e divulgou fotos de bebês mortos e carbonizados em dois kibutzim atacados pelos terroristas do Hamas.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, postou em uma rede social fotos dos bebês mortos e carbonizados pelos terroristas do Hamas para comprovar os crimes. Ele disse que mostrou as imagens ao secretário de Estado americano, Antony Blinken, que visita Israel nesta quinta.

Em Gaza, os palestinos estão sem água, alimentos e eletricidade, após um "cerco completo" à Faixa de Gaza declarado pelo Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, nesta semana.

Em Gaza, hoje, vivem em torno de 2,3 milhões de pessoas. A região tem apenas algumas horas restantes de abastecimento de combustível, segundo a ONU.

"Sem eletricidade, os hospitais correm o risco de se transformarem em necrotérios", afirmou o diretor regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Fabrizio Carboni, nesta quinta-feira, 12. "A miséria humana causada por esta escalada é abominável e imploro às partes que reduzam o sofrimento dos civis", acrescentou.

A situação humanitária em Gaza é "terrível", acrescentou nesta quinta-feira (12), o vice-chefe de emergências do Programa Alimentar Mundial da ONU (PMA), Brian Lander.

‘Não haverá exceções humanitárias’

Na contramão do pedido feito pela Cruz Vermelha, Israel disse que "não haverá exceções humanitárias" ao cerco à Faixa de Gaza até que todos os seus reféns sejam libertados. Acredita-se que 150 pessoas foram levadas para a região de Gaza pelos terroristas do Hamas.

"Ajuda humanitária a Gaza? [...] Nenhum hidrante será aberto e nenhum caminhão de combustível entrará até que os reféns israelenses retornem para casa", postou o ministro da Energia de israelense, Israel Katz, no Twitter.

"Isto é diferente, não tem precedentes, as regras mudaram", disse o reservista israelense Yonatan Steiner, de 24 anos, que voltou de Nova York, onde trabalha para uma empresa de tecnologia.

Quase 220 mil dos desabrigados em Gaza foram alocados em 92 escolas administradas pela ONU, informou a agência de notícias Reuters.

Uma das pessoas desabrigadas, Hanan Al-Attar, 14 anos, disse que sua família chegou a sair correndo de casa somente com as roupas do corpo, quando bombas caíram nas proximidades. O tio dela chegou a voltar para casa para buscar algumas roupas, mas foi morto quando a residência foi atingida. "Eles estão bombardeando, por cima, as casas de civis, mulheres e crianças", disse o seu avô.

Na noite de quarta-feira 11, mais de 8 membros de uma mesma família - conhecida como família Samour - foram mortos após um bombardeio em uma residência, em Khan Younis.

Parentes e amigos correram para o necrotério para recolher os 8 corpos já recuperados pelas equipes de resgate, acreditando-se que mais 10 ainda estejam sob os escombros da casa da família.

Seus corpos foram levados em um caminhão coberto com cobertores floridos do hospital para um terreno baldio na mesma rua dos escombros do prédio, e depois alinhados em mortalhas brancas - uma delas manchada de sangue, enquanto centenas de homens se rezavam nas proximidades.

Os coveiros retiraram terra de uma longa trincheira, marcando sepulturas individuais com blocos de concreto. Um homem segurava a cabeça com uma das mãos enquanto acariciava um corpo envolto com a outra antes de ser colocado na sepultura e uma mulher chorava.

"Estes são os nossos parentes e sogros", disse Abdelaziz al-Fahem. "Esta é uma família civil que as forças israelenses bombardearam. É um verdadeiro massacre", acrescentou.

Explosões ecoaram por Gaza durante a toda noite. Bolas de fogo de ataques aéreos pulsavam em vermelho na escuridão acima das cidades e campos de refugiados sem eletricidade para iluminar as ruas.

Do ar, imagens de drones da destruição mostraram buracos entre edifícios de concreto compactados, com tábuas de madeira e barras de metal retorcidas enfiadas nos restos das casas bombardeadas enquanto os moradores as vasculhavam.

Ainda em Khan Younis, um grupo de pessoas ficou em cima dos destroços que restaram da destruição de uma casa por um ataque aéreo. Um colchão, almofadas e lençóis claros estavam sujos de fuligem e poeira em meio aos escombros, aparecendo entre os blocos de concreto. (Com agências internacionais)

Na Faixa de Gaza, bombardeada por Israel após a ofensiva de sábado do Hamas, o hospital Al-Shifa está lotado de feridos. Famílias inteiras não param de chegar e sobrecarregam as equipes. Autoridades alertam que a situação é catastrófica.

Akram Al-Haddad, de 25 anos, está ao lado do leito de seu sobrinho de 1 ano, ferido em um bombardeio que matou seu irmão de 4 anos e outras 16 pessoas.

O bebê e seus pais ficaram feridos no ataque, que destruiu a casa da família, no sudeste de Gaza, conta Akram. A criança "precisa de uma cirurgia urgente, devido a um ferimento na cabeça", informa um médico, mas não há vaga no centro cirúrgico.

"Trabalhamos em circunstâncias excepcionais e temos que garantir um fornecimento de energia contínuo e a disponibilidade do material necessário antes de realizar qualquer cirurgia", explica o médico, que pediu para ser identificado como Abdallah.

Segundo um balanço provisório, 765 pessoas morreram e 4 mil ficaram feridas no lado palestino desde o último sábado, de acordo com autoridades locais.

No hospital, alguns morrem antes de serem atendidos, lamenta Abdallah. “Tratamos muitos feridos, a maioria mulheres e crianças que chegam ao mesmo tempo", descreve o médico Mohammad Ghoneim, que é interrompido pela chegada de mais feridos: três mulheres, duas crianças, um idoso e dois jovens.

“A capacidade limitada agrava o número de vítimas”, ressalta o médico, que lamenta a falta de material, energia elétrica, água e oxigênio. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou ontem um "bloqueio completo" à Faixa de Gaza: "Nem eletricidade, nem comida, nem água."

- Sem ter para onde ir -

Um Rama al-Hassasna está rodeada em um leito por seus quatro filhos, de 3 a 6 anos, todos feridos em um bombardeio que atingiu uma casa no norte de Gaza. “Fomos trazidos para cá, esperamos ser tratados”, diz.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza alertou que a falta de material médico levará a uma catástrofe no território palestino, habitado por 2,3 milhões de pessoas. Oito hospitais “não são suficientes para responder às necessidades dos cidadãos”, ressaltou.

Os bombardeios de Israel danificaram o hospital Beit Hanoun, no norte, e o serviço de medicina neonatal do hospital Al-Shifa.

Salameh Maarouf, diretor da assessoria de imprensa do governo dirigido pelo Hamas, lamentou que, “levando em conta o grande número de feridos”, Gaza necessite “de medicamentos, material médico, scanners e aparelhos de radiografia.

Maarouf acusou “a ocupação israelense" de criar "deliberadamente uma situação humanitária miserável, por meio de restrições ou agressões".

Muitas famílias que ficaram desabrigadas encontraram refúgio nos corredores do hospital Al-Shifa e em seus jardins. Após serem atendidas, não têm para onde ir.

“Minha casa foi totalmente destruída, assim como todas aqui", diz Abu Ashour Sukayk, de 39 anos. "Foi uma noite sombria para mim, para a minha mulher e para as minhas crianças".

Uma localidade russa na fronteira com a Ucrânia foi alvo neste domingo (4) de uma nova incursão de combatentes pró-Kiev, que foram expulsos de acordo com Moscou, que prosseguiu ao mesmo tempo com a campanha de ataques aéreos no país vizinho.

O governador da região russa de Belgorod, alvo nos últimos dias de bombardeios ucranianos, relatou "combates" neste domingo na localidade de Novaya Tavolzhanka, próxima da fronteira.

"Um grupo de sabotadores apareceu e está acontecendo um combate neste momento em Novaya Tavolzhanka", disse o governador Viacheslav Gladkov em seu canal no Telegram. "Espero que todos sejam destruídos", acrescentou.

O exército da Rússia afirmou pouco depois que impediu, com a ajuda da artilharia, a entrada de um grupo de "terroristas" ucranianos em Belgorod.

"As unidades que vigiam a fronteira estatal do distrito militar oeste e a unidade de fronteira do Serviço Federal de Segurança descobriram uma tentativa - de um grupo de sabotagem de terroristas ucranianos - de cruzar o rio perto da localidade de Novaya Tavolzhanka", afirma um comunicado militar.

O grupo foi "atingido pela artilharia. O inimigo se dispersou e recuou", acrescenta a nota.

O governador também afirmou que os agressores, que identificou como combatentes russos que lutam ao lado de Kiev, tomaram prisioneiros e apresentaram uma proposta de troca.

A nova incursão das forças pró-Ucrânia em território russo aconteceu poucas horas depois de um ataque aéreo contra a região central da Ucrânia.

Um ataque na noite de sábado matou uma menina de dois anos e deixou 22 pessoas feridas na cidade de Dnipro. Outro bombardeio, na manhã de domingo, atingiu uma base aérea.

O exército da Rússia confirmou ataques noturnos contra bases aéreas militares ucranianas e destacou que os bombardeios atingiram "postos de comando, estações de radar e equipamentos", mas não revelou a localização dos alvos.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, culpou a Rússia pelo ataque em Dnipro e afirmou que vítimas continuam nos escombros de dois prédios residenciais.

O governador da região afirmou que o ataque destruiu parcialmente dois edifícios de dois andares, 10 casas particulares, um estabelecimento comercial e um gasoduto.

A Rússia intensificou os bombardeios contra a Ucrânia nas últimas semanas, ao mesmo tempo que aumentaram as incursões das tropas de Kiev no território russo.

A Ucrânia prepara há vários meses uma grande contraofensiva para tentar recuperar os territórios perdidos desde a invasão russa iniciada em fevereiro de 2022.

- Base ucraniana atacada -

O exército ucraniano informou que mísseis russos atingiram uma base aérea próxima da cidade de Kropyvnytskyi, no centro do país.

"Seis mísseis e cinco ataques com drones foram executados pela Rússia", afirmou o porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuriy Ignat.

Em Kiev, o comandante da administração militar local informou que as defesas aéreas da capital derrubaram vários mísseis e drones durante a noite.

"De acordo com informações preliminares, nenhum alvo foi atingido na capital", afirmou Serhiy Popko no Telegram.

Do lado russo, um bombardeio ucraniano no sábado matou duas pessoas em Belgorod, informou o governador Viatcheslav Gladkov.

Os municípios fronteiriços em Belgorod foram alvos de ataques sem precedentes, com o total de sete mortes durante a semana.

Gladkov pediu neste domingo aos moradores das áreas bombardeadas que abandonem suas casas. "Peço aos habitantes das localidades bombardeadas, em particular os moradores do distrito de Shebekino, que sigam as instruções das autoridades e abandonem temporariamente suas casas", declarou o governador.

Se o governo não nos ajudar a reconstruir e não entregar moradias, todos os habitantes (de Shebekino) ficarão desabrigados", disse Yevgeny Klioutshnikov, que descreveu a localidade como uma 'cidade fantasma' marcada por crateras provocadas por bombas.

A capital da Ucrânia sofreu um novo ataque aéreo na madrugada desta segunda-feira (2), após um fim de semana de Ano Novo marcado por bombardeios russos que deixaram pelo menos quatro mortos em várias cidades.

Aos primeiros sinais de novo ataque, a administração militar de Kiev ordenou que os moradores fossem para abrigos.

O "sistema de defesa aérea está funcionando (...) Varandas e janelas de edifícios sofreram danos no bairro de Desnyansi", informou Seguei Popko, responsável administrativo, no Telegram.

"Os russos lançaram várias ondas de drones Shahed", comentou Oelski Kuleba, chefe da região administrativa militar de Kiev, referindo-se aos drones fabricados no Irã.

"Visaram a instalações de infraestrutura crítica", acrescentou.

Quase três horas depois, a capital e a região vizinha suspenderam o alerta aéreo.

"Vinte alvos aéreos foram abatidos", informou a administração militar da cidade.

Mísseis e drones de fabricação iraniana foram lançados contra a capital e outras cidades no sábado (31), matando três pessoas, enquanto outra foi morta no domingo (1º) na região sul de Zaporizhzhia.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, relatou uma explosão nesta segunda-feira no bairro de Desnyanski, onde "um homem de 19 anos foi hospitalizado". Mais tarde, as autoridades informaram que o jovem foi ferido por vidro que caiu de um prédio.

Os ataques russos do Ano Novo visaram a áreas centrais de grandes cidades, segundo Mikhailo Podoliak, assessor do presidente Volodimir Zelensky.

"A Rússia não tem mais alvos militares e tenta matar o maior número possível de civis e destruir instalações civis", tuitou.

Além dos quatro mortos, dezenas de pessoas ficaram feridas, acrescentaram as fontes.

- "Desumanos" -

Em 31 de dezembro, a artilharia russa atingiu uma cidade nos arredores de Kherson, onde um menino de 13 anos foi ferido. Posteriormente, as forças russas atacaram o hospital onde o menor estava internado.

"O que o menino de 13 anos tem a ver com esses desumanos que tentaram matá-lo duas vezes?", questionou o governador Yaroslav Yanushevitch no Telegram.

O ataque russo danificou o hospital de Kherson e deixou a cidade e seus arredores sem energia.

Em novembro, as forças russas se retiraram de Kherson, a única capital regional sob seu controle, mas continuaram a bombardeá-la.

A força aérea ucraniana disse que 45 drones de fabricação iraniana foram destruídos: 13 deles, abatidos na última noite de 2022, e os outros 32, depois da meia-noite.

O chefe de polícia, Andrii Nebitov, publicou no Facebook uma imagem dos destroços de um drone com a inscrição "Feliz Ano Novo" em russo.

Na região leste de Donetsk, as autoridades pró-Rússia relataram a morte de um civil na cidade de Yasinuvata como resultado de um bombardeio ucraniano.

Após uma série de derrotas militares, Moscou começou a atacar a infraestrutura energética ucraniana em outubro, deixando milhões de pessoas no frio e no escuro.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a justiça "moral e histórica" está do lado de seu país nesta guerra.

Já o Ministério russo da Defesa anunciou que, no sábado, atacou "instalações de defesa ucranianas envolvidas na fabricação de drones ofensivos".

"Conseguimos desmantelar os planos do regime de Kiev de organizar ataques terroristas contra a Rússia em um futuro próximo", apontou.

A Rússia acusa a Ucrânia de atacar suas instalações e infraestruturas militares locais.

Tropas russas abateram um drone na quinta-feira perto de Engels, uma base aérea estratégica russa a centenas de quilômetros da fronteira ucraniana.

E hoje informou que o drone abatido sobre a base aérea de Engels matou três pessoas quando caiu.

É política de Kiev não assumir a responsabilidade por tais ataques.

Cerca de metade dos habitantes de Kiev continua sem energia elétrica nesta sexta-feira (25) dois dias depois que a Rússia voltou a bombardear infraestruturas estratégicas deixando milhões de ucranianos sem luz em meio ao frio. Três centrais nucleares foram reconectadas à rede elétrica depois de um corte na quarta-feira (23) provocado pelos bombardeios russos. As centrais devem voltar a fornecer energia a um país que se prepara para um inverno rigoroso.

A estratégia de Moscou de bombardear a infraestrutura energética, implementada a partir de outubro após vários reveses militares, foi denunciada como "crime de guerra" pelos aliados ocidentais da Ucrânia e como "crime contra a humanidade" pelo presidente ucraniano Volodmir Zelenski.

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Nesta sexta-feira, engenheiros ucranianos continuavam consertando os danos causados pelos bombardeios russos de quarta-feira, que deixaram habitantes sem eletricidade durante toda a quinta-feira, 24, especialmente na capital. "Um terço das casas em Kiev já tem aquecimento, especialistas continuam restabelecendo o fornecimento na capital. Metade dos consumidores ainda está sem eletricidade", informou o prefeito da capital, Vitali Klitschko.

"Ao longo do dia, as empresas de energia planejam conectar a eletricidade de todos os consumidores em alternância", acrescentou, à medida que a temperatura se aproxima de 0ºC.

O presidente do conselho de administração da operadora nacional de eletricidade Ukrenergo, Volodimir Kudriski, considerou que o sistema energético ucraniano "passou pelo momento mais difícil" após o ataque. A eletricidade foi parcialmente restaurada nas regiões ucranianas e "o sistema de energia está conectado novamente ao sistema de energia da União Europeia", informou.

"Depois dos bombardeios russos, o sistema foi destruído, mas foi restaurado em 24 horas", afirmou o assessor presidencial Mikhailo Podoliak, que acrescentou: "Sim, é uma situação difícil e sim, isso pode acontecer novamente. Mas a Ucrânia consegue enfrentar isso".

Diante dos ataques russos, os aliados ocidentais de Kiev forneceram sistemas de defesa antiaérea, mas o governo ucraniano pode precisar de mais para lidar com os mísseis e drones de Moscou.

A Rússia garante que visa apenas a infraestrutura militar e acusou a defesa antiaérea ucraniana dos apagões. O Kremlin sustenta que a Ucrânia poderia acabar com o sofrimento de sua população se concordasse com as exigências da Rússia.

Na linha de frente, os combates continuam em várias áreas. Na noite de quinta-feira, um bombardeio russo na cidade de Kherson, no sul, de onde as tropas de Moscou se retiraram há duas semanas, causou 11 mortes e quase 50 feridos, segundo a Presidência ucraniana.

Ajuda externa

Países europeus estão se mobilizando para ajudar a Ucrânia a se manter aquecida e funcionando durante os rigorosos meses de inverno do Hemisfério Norte. A França está enviando 100 geradores de alta potência para a Ucrânia para ajudar as pessoas a enfrentar os próximos meses, disse a ministra das Relações Exteriores Catherine Colonna, nesta sexta-feira.

Em viagem a Kiev, o secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverly, disse que um prometido pacote de defesa aérea, que o Reino Unido avaliou em 50 milhões de libras (R$ 323 milhões), ajudaria a Ucrânia a se defender dos bombardeios da Rússia. "Palavras não são suficientes. As palavras não vão manter as luzes acesas neste inverno. Palavras não vão defender contra mísseis russos", disse Cleverly.

O pacote inclui radar e outras tecnologias para combater os drones explosivos fornecidos pelo Irã que a Rússia usou contra alvos ucranianos, especialmente a rede elétrica. (Com agências internacionais).

A Rússia lançou uma nova ofensiva contra a Ucrânia nesta quarta-feira, 23, com o bombardeio de uma série de alvos civis e militares espalhados pelo país, provocando a morte de pelo menos três pessoas, incluindo um recém-nascido. Explosões foram confirmadas na capital, Kiev, e em outras regiões, como Lviv e Zaporizhzhia, cortando a energia e outros serviços como água e gás de leste a oeste.

Em Kiev, o prefeito Vitali Klitschko afirmou que "um local de infraestrutura" foi atingido por um bombardeio e aconselhou a população civil a se manter em abrigos. Construções civis também foram atingidas na capital e uma morte foi confirmada, de acordo com autoridades ouvidas pelo jornal britânico The Guardian. Segundo um repórter da AFP, logo após uma série de explosões, um bairro no norte de Kiev ficou sem energia elétrica.

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No sul do país, um ataque com foguetes atingiu um prédio de dois andares que funcionava como maternidade na cidade de Vilniansk, na região de Zaporizhzia. Um recém-nascido morreu e a mãe do bebê e um médico ficaram feridos, de acordo com a administração local.

"Na madrugada de 23 de novembro, na cidade de Vilniansk, região de Zaporizhzia, o edifício de dois andares da maternidade foi destruído por um ataque com foguetes contra o hospital local", afirmou o serviço ucraniano para situações de emergência. E acrescentou: "como resultado do ataque, um bebê nascido em 2022 morreu".

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, acusou a Rússia de utilizar o terror como arma de guerra no país, e afirmou que Vladimir Putin terá que "prestar contas" por todo o dano que causou à Ucrânia. "O Estado terrorista continua a guerra contra os civis", declarou Zelenski. "O inimigo decidiu mais uma vez tentar alcançar, com terror e assassinato, o que não conseguiu em nove meses e não vai conseguir."

De Lviv, no oeste, a Kharkiv, no nordeste, autoridades relataram interrupções de eletricidade, água e outros serviços importantes em meio à última onda de ataques da Rússia, que parecia ter como objetivo desativar a infraestrutura civil da Ucrânia e mergulhar o país na escuridão e no frio.

"Toda a cidade está sem luz", disse Andrii Sadovii, prefeito de Lviv. "Estamos aguardando informações adicionais de especialistas em energia. Pode haver interrupções no abastecimento de água."

Os bombardeios ao país em guerra também tiveram efeitos além da fronteira. O vice-primeiro-ministro e ministro da Infraestrutura da Moldávia, Andrei Spinu, afirmou que um "apagão maciço" foi registrado no país após os ataques russos à Ucrânia.

Em uma publicação no Twitter, Spinu afirmou que a empresa de energia do país, a Moldelectrica, está trabalhando para religar mais de 50% do país à eletricidade.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 ataques russos contra centros de saúde ucranianos foram registrados desde o início da invasão, em fevereiro. Em um comunicado na segunda-feira, a OMS destacou que o feito é uma "clara violação" do direito internacional humanitário.

"Centenas de hospitais e centros de saúde não estão mais plenamente operacionais", declarou Hans Kluge, diretor da OMS para a Europa, em uma entrevista coletiva em Kiev.

Resolução

Nesta quarta-feira, o plenário do Parlamento Europeu aprovou uma resolução qualificando a Rússia como um "país promotor do terrorismo" por sua guerra contra a Ucrânia e pediu aos 27 países do bloco que acompanhem este reconhecimento. Aprovada por 494 votos a favor, 58 contra e 44 abstenções, a resolução também identifica a Rússia como "um Estado que usa meios terroristas".

De acordo com a Resolução, "as atrocidades cometidas pela Federação da Rússia contra a população civil ucraniana, a destruição de infraestruturas civis e outras violações graves dos direitos humanos e do direito internacional humanitário constituem atos de terror". Também constituem "crimes de guerra", apontou o documento.

A Resolução pediu à União Europeia (UE) e aos países que a compõem que "elaborem um marco jurídico da União para a designação de Estados como promotores do terrorismo e Estados que usam meios terroristas".

Esse marco jurídico ativará "medidas restritivas importantes" contra os países designados. Também pediu ao Conselho Europeu "que depois considere a possibilidade de acrescentar a Federação da Rússia a esta lista" e solicitou aos parceiros da UE que adotem medidas semelhantes. (Com agências internacionais).

A usina nuclear de Zaporizhzia, na Ucrânia, a maior da Europa e uma das maiores do mundo, sofreu com enormes explosões ontem, informou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que voltou a pedir medidas urgentes para evitar um desastre. Mais cedo, a Energoatom, agência estatal da Ucrânia, acusou a Rússia de realizar bombardeios ao local, enquanto a Rússia acusou Kiev de estar fazendo provocações, uma troca de acusações que vem se repetindo há meses.

Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da agência nuclear da ONU, disse que duas explosões - uma na noite de sábado e outra na manhã de ontem - perto da usina de Zaporizhzia encerraram abruptamente um período de relativa calma em torno da instalação nuclear que tem sido palco de combates intensos entre forças russas e ucranianas desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, e foi ocupada pelas tropas russas.

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No que parecia ser um novo bombardeio perto e no local, especialistas da AIEA, que estão nas instalações de Zaporizhzia desde que o órgão realizou uma inspeção de segurança no local há menos de três meses, relataram ter ouvido mais de uma dúzia de explosões em um curto período de tempo na manhã de ontem.

Vários edifícios, sistemas e equipamentos da usina - nenhum deles crítico para a segurança nuclear da instalação - foram danificados no bombardeio, disse o comunicado da AIEA. Não houve relatos de vítimas. Grossi disse que os relatos de bombardeios eram "extremamente perturbadores". Ele acrescentou: "Quem quer que esteja por trás disso, deve parar imediatamente".

Como já ocorre desde que a usina se tornou palco de ataques, Rússia e Ucrânia trocaram acusações pelos bombardeios. Moscou acusou as forças ucranianas de dispararem mais de 20 projéteis de grande calibre contra a central que abriga, entre outras coisas, um depósito de combustível nuclear.

Apesar dos bombardeios, o nível de radiação na área da central permanece dentro das normas, diz um comunicado do ministério russo. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O exército russo prossegue nesta segunda-feira (4) com os bombardeios no leste da Ucrânia e avança com o plano de conquistar toda a região do Donbass após a queda cidade estratégica de Lysychansk, no momento em que começa uma conferência internacional na Suíça para traçar um roteiro para a reconstrução da Ucrânia.

O Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas anunciou no domingo à noite a retirada de Lysychansk, cenário de combates violentos nas últimas semanas, e reconheceu a "superioridade" das tropas russas nesta região de Lugansk, leste da Ucrânia.

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Após a tomada de Lysychansk, peça central do plano de conquista desta bacia industrial do Donbass, majoritariamente russófona e controlada parcialmente pelos separatistas pró-Rússia desde 2014, o exército russo parece concentrar agora os esforços em Sloviansk e Kramatorsk, duas importantes cidades situadas mais ao oeste, que foram atingidas sem trégua desde domingo.

Em um discurso no domingo à noite, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tentou manter as aparências e citou outras frentes de batalha na região de Kharkiv (nordeste) ou Kherson (sul), onde afirmou que o país conseguiu "progressos".

"Chegará o dia em que falaremos o mesmo sobre o Donbass", declarou Zelenski.

Em Sloviansk, cidade que tinha quase 100.000 habitantes antes da guerra, seis pessoas morreram, incluindo uma menina de nove anos, em bombardeios russos. "O nome dela era Eva. Ela completaria 10 anos em agosto", disse Zelensky em seu discurso.

As autoridades ucranianas pediram à população que abandone esta região. A linha de frente fica a poucos quilômetros de Sloviansk.

Em Siversk, quase 20 km ao oeste de Lysychansk, as tropas ucranianas desejam estabelecer uma linha de defesa entre esta cidade e Bakhmut para proteger Sloviansk e Kramatorsk, que têm um elevado valor simbólico.

Os moradores contaram à AFP que os bombardeios em Siversk ficaram mais intensos nos últimos dias.

"O inimigo intensificou os bombardeios contra nossas posições na direção de Bakhmut", confirmou o Estado-Maior do exército ucraniano em um boletim.

Na Ucrânia, ninguém ousa prever o tempo de duração da guerra.

"No início, os analistas diziam que a guerra terminaria rapidamente. Depois afirmaram que terminaria no Dia da Constituição (28 de junho), depois no Dia da Independência (24 de agosto) e agora não falam nada", declarou à AFP Lyudmila Yashchuk, uma moradora de Kiev de 55 anos.

- Reconstrução -

Na cidade de Bucha, alvo de ataques extremamente violentos no início da guerra, alguns moradores começaram a plantar flores ao pé dos prédios ou a reconstruir seus jardins. Mas a maioria dos habitantes não se atreve a pensar na reconstrução da localidade, quando o resultado dos combates permanece tão incerto.

Na cidade, o estigma dos combates permanece visível em todos os cantos: janelas quebradas, marcas de tiros, paredes com buracos.

"Nós deitamos sem saber se vamos acordar amanhã", conta Vera Semeniuk, de 65 anos. "Todos voltaram e estão começando a reparar as casas, muitos estão colocando janelas novas. Seria terrível se voltasse a acontecer e tivéssemos que deixar tudo de novo".

Enquanto o resultado da guerra permanece incerto, a Conferência de Lugano, que já estava programada para acontecer antes de a Rússia invadir a Ucrânia no fim de fevereiro, tentará nesta segunda-feira e na terça-feira traçar as linhas da futura reconstrução da Ucrânia.

O primeiro-ministro ucraniano, Denys Schmigal, e o presidente do Parlamento, Ruslan Stefanchuk, chegaram a Lugano no domingo.

Eles devem ter uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para estabelecer as bases do "Plano Marshall" para a Ucrânia, apesar da impossibilidade de vislumbrar o fim da guerra e dos cálculos para a reconstrução do país que oscilam de dezenas e centenas de bilhões de dólares.

Robert Mardini, diretor geral do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, disse que embora a verdadeira reconstrução tenha que esperar até o fim dos combates, é vital dar "uma perspectiva positiva aos civis".

A ministra das Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, apresentará um grande plano para ajudar a Ucrânia a longo prazo, com a participação na reconstrução do país assim que a guerra com a Rússia terminar.

Por sua vez, o Comitê Olímpico Internacional triplicará sua ajuda financeira direta aos atletas ucranianos visando os Jogos de Paris de 2024 e depois os Jogos de Inverno de 2026, anunciou o presidente do COI, Thomas Bach.

Em visita a Kiev no domingo, Bach, que discursou ao lado do presidente ucraniano, também indicou que "não chegou a hora" de modificar a posição do COI, que recomendou a exclusão de atletas russos e bielorrussos de todos os eventos esportivos internacionais.

As tropas russas bombardeiam em larga escala e "destroem tudo" em Lysychansk, uma cidade estratégica na região leste do Donbass, denunciou o governo de Kiev, na véspera de uma reunião de cúpula que pode conceder à Ucrânia o status oficial de candidata a integrar a União Europeia (UE).

"O exército russo bombardeia em larga escala Lysychansk, com canhões, mísseis, bombas aéreas, lança-mísseis... Destroem tudo", declarou Serguei Gaiday, governador da região de Lugansk, que está no centro dos combates.

Localizada na bacia de mineração do Donbass, objetivo prioritário de Moscou atualmente, Lysychansk está na mira do exército russo, que já ocupa grande parte da cidade vizinha de Severodonetsk.

Severodonetsk, disse o governador, vive "um inferno". "Durante quatro meses, todas as nossas posições estiveram sob fogo cruzado - e quero enfatizar isto - de todas as armas que o exército russo tem", completou.

As duas cidades, separadas pelo rio Donets, constituem o principal reduto de resistência ucraniana na região de Lugansk. As tropas russas tentam cercá-las há várias semanas e assumiram o controle de localidades próximas.

Em Lysychansk, um ataque russo deixou um enorme buraco em uma delegacia e danificou um bloco de apartamentos próximo. As autoridades informaram que 20 policiais ficaram feridos.

Na terça-feira à noite, em seu discurso diário, o presidente Volodymyr Zelensky também acusou a Rússia por um bombardeio "brutal e cínico" na região nordeste de Kharkiv, que matou 15 pessoas, segundo o governador local.

"O exército russo é surdo à razão. Simplesmente destrói, simplesmente mata", afirmou.

- "Ataques indiscriminados" -

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou nesta quarta-feira o "nível chocante" do sofrimento que a violência da guerra na Ucrânia provoca nos civis, vítimas de "ataques indiscriminados constantes".

Entre as centenas de pacientes retirados de trem pela MSF, mais de 40% dos feridos eram idosos e crianças.

A Rússia afirmou que um ataque com drone pode ter sido a causa de um incêndio que afetou a refinaria de petróleo de Novoshakhtinsk, na região de Rostov, na fronteira com a Ucrânia.

Ao mesmo tempo, um navio de carga turco zarpou nesta quarta-feira do porto ucraniano de Mariupol, após negociações entre Ancara e Moscou sobre os cereais bloqueados devido à ofensiva russa.

Kiev afirma que milhões de toneladas de grãos estão acumulados nos portos ucranianos em consequência do bloqueio da frota russa no Mar Negro.

O conflito está provocando tensões entre a UE e a Rússia, que alertou para consequências "graves" para a Lituânia, país membro do bloco, devido às restrições impostas ao tráfego ferroviário com Kaliningrado.

Este território fica a 1.600 quilômetros de Moscou, entre Lituânia, Polônia e o Mar Báltico.

A Lituânia, ex-república soviética agora integrada à UE e Otan, afirma que cumpre as sanções europeias contra a Rússia ao bloquear os produtos enviados para o enclave.

Mas a Rússia denunciou uma "escalada" das tensões e convocou o embaixador da UE na Rússia.

O governo dos Estados Unidos expressou apoio à Lituânia.

O Departamento de Estado confirmou que um segundo americano morreu lutando ao lado do exército ucraniano. E outros dois americanos foram capturados na semana passada no leste da Ucrânia por tropas russas.

- "Consenso total" da UE -

Os chanceleres dos 27 países da UE expressaram na terça-feira "consenso total" sobre a concessão do status para Ucrânia e Moldávia.

A decisão oficial deve ser tomada em uma reunião de cúpula dos líderes europeus esta semana. "Vou fazer tudo para que a decisão histórica da União Europeia seja aprovada", declarou Zelensky.

O presidente ucraniano também insiste em pedir armas às potências ocidentais que permitam a suas tropas reduzir a teórica vantagem militar do exército russo.

"Tão ativamente quanto lutamos por uma decisão positiva da União Europeia sobre a candidatura da Ucrânia, lutamos diariamente para obter envios de armas modernas", disse.

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