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Depois de cinco anos de investigação, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) planeja julgar até junho o processo contra 16 empresas por formação de cartel em licitações de trens e metrô de São Paulo. "A meta que a gente se impôs é julgar no primeiro semestre", afirmou o presidente do conselho, Alexandre Barreto, ao Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Apesar de o órgão não ter prazo para julgar processos investigativos, Barreto afirmou que, no caso do cartel do metrô, a meta é realizar o julgamento até junho porque o caso foi distribuído, por sorteio, para o conselheiro João Paulo de Resende, cujo mandato se encerra naquele mês. Com o fim do mandato, Resende poderia remeter o processo para outro colega, mas a intenção é fazer um esforço para que isso não ocorra.

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Barreto ressaltou que o caso é complexo, com muitas empresas e pessoas físicas citadas, o que dificulta a análise. "O parecer da Superintendência-Geral do Cade é pela condenação, mas tenho que analisar para poder emitir opinião. Tenho que me manifestar durante o julgamento", disse.

A Superintendência-Geral do Cade pediu a condenação de 16 empresas e 52 pessoas físicas por formação de cartel em licitações de trens e do Metrô em São Paulo. De acordo com o parecer, o esquema atingiu também concorrências de metrô de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

A investigação do Cade concluiu que as empresas montaram um grande conluio entre 1998 e 2013, que afetou pelo menos 27 licitações em 11 projetos de metrô - oito no Estado de São Paulo - que incluem a construção, extensão e reforma de linhas e compra e manutenção de trens. A estimativa do órgão é de que os contratos fraudados somem R$ 9,4 bilhões.

Lava Jato

Segundo Barreto, o Cade também deverá analisar, ao longo deste ano, "três ou quatro" blocos de acordos relativos à Operação Lava Jato. Em novembro, o conselho homologou um bloco com 16 acordos no âmbito da Lava Jato, que renderam multas de R$ 897,9 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu processo para investigar formação de cartel para fraudar licitações de obras urbanísticas e de construção de corredores viários em Salvador (BA). O processo foi aberto após denúncias feitas pela Odebrecht, que assinou acordo de leniência com o órgão, o 15º no âmbito da Operação Lava Jato.

De acordo com a denúncia, as condutas anticompetitivas teriam ocorrido entre julho de 2013 e abril de 2014 e teriam a participação, além da própria Odebrecht, de OAS, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Construtora BSM, Terrabrás Terraplenagens do Brasil e Constran Construções e Comércio.

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As licitações fraudadas incluíram o projeto de requalificação da área da Barra, na orla de Salvador, e a implantação de corredores de transporte. De acordo com a denúncia, as empresas mantiveram contatos, trocaram informações e combinaram os vencedores nas licitações.

A equipe de transição do presidente eleito, Jair Bolsonaro, estuda vincular o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ao Ministério da Economia, que ficará a cargo de Paulo Guedes. Hoje, o conselho é ligado ao Ministério da Justiça, pasta que será ocupada pelo juiz Sérgio Moro.

O Cade tem seis cargos importantes vagando no ano que vem, que podem abrir disputa entre os dois superministros de Bolsonaro. Tradicionalmente, tanto a Justiça quanto a área econômica submetem nomes para o conselho ao presidente da República. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu abrir um inquérito para investigar os bancos Itaú, Santander, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco, com base na denúncia feita pelo Nubank de que os bancos estariam prejudicando a concorrência livre no mercado de cartões de crédito do País.

Segundo apurou a reportagem, a representação da fintech alega que os cinco bancos estariam impedindo, por exemplo, que os usuários do cartão de crédito da companhia colocassem o pagamento de suas faturas em débito automático. Em entrevista recente ao Estado, o presidente executivo do Nubank, David Vélez, se queixou desse ponto em específico. Nos últimos meses, a startup paulistana tem testado a NuConta, sua conta bancária. "Com ela, os clientes não terão mais esse problema", disse. O produto não tem previsão de lançamento.

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Além disso, a denúncia também diz que pode haver conluio entre os bancos para atrapalhar o Nubank, bem como assédio das empresas a funcionários estratégicos da startup. A denúncia foi feita em maio de 2017 e agora será investigada. Nessa etapa, o Cade vai apurar se houve infrações à ordem econômica por parte dos bancos. Por enquanto, a autarquia decidiu não aplicar nenhuma medida preventiva às instituições.

Procurado, o Nubank disse que "confia que as autoridades reguladoras continuarão a proteger e a estimular a competitividade no setor, garantindo que novos entrantes continuarão a ter espaço para inovar e oferecer mais e melhores opções para as pessoas". O Banco do Brasil afirma que "prestou todos os esclarecimentos ao Cade" e nega adoção de práticas anticomerciais. O Itaú também negou imposição de barreira e disse defender a livre concorrência. O Bradesco não vai comentar o assunto. Caixa e Santander não responderam aos pedidos de entrevista até o fechamento desta edição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de uma investigação de mais de dez anos, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu arquivar processo contra a Fiat, Ford e Volkswagen que investigava conduta anticompetitiva das montadoras.

A maioria do conselho não seguiu o conselheiro relator, Paulo Burnier, que havia votado pela condenação das montadoras em novembro, e o processo foi arquivado por quatro votos a três. Também a superintendência-geral do Cade havia recomendado que as montadoras fossem condenadas.

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No processo, a Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças (Anfape) alega que havia abuso na conduta das empresas, que impedem fabricantes independentes de produzirem peças externas para reposição, como para-choques, lataria, faróis e retrovisores.

As montadoras se defenderam com o argumento de que as peças aparentes estão sob registro de propriedade industrial por terem design diferenciado para cada modelo, e têm exclusividade na produção protegida pela lei de propriedade intelectual. Para a Anfape, essa exclusividade não valeria no mercado de reposição de autopeças, apenas no mercado primário.

A decisão do Cade nesse processo era acompanhada de perto por especialistas na área porque é vista como um precedente para outros casos em que há discussões sobre os limites dos direitos de propriedade industrial sobre a concorrência.

A maioria do conselho entendeu que as empresas estavam amparadas pela lei de propriedade intelectual e que a prática não era danosa à concorrência. "Não podemos condenar as montadoras por algo que elas não cometeram, isso causaria uma insegurança jurídica muito grande. Elas têm o direito de propriedade industrial e estão utilizando", afirmou a conselheira Cristiane Alkmin.

Em novembro, o relator do processo, Paulo Burnier, havia votado pela condenação das três montadoras com pedido de pagamentos que somam R$ 4,2 milhões. Em seu voto, o relator afirmou que a manutenção do direito de propriedade industrial no mercado de reposição cria um monopólio ao qual o consumidor estará preso após comprar o veículo. "A única forma de atuar nesse mercado é copiando o desenho da peça original. O exercício de propriedade industrial nesse mercado impede a concorrência", afirmou. Desde então, o julgamento foi interrompido por dois pedido de vistas e retomado nesta quarta-feira, 14.

A Itambé deu início a um processo contra a Vigor, sua antiga acionista, na Câmara de Arbitragem e Mediação do Centro de Comércio Brasil Canadá (CAM-CCBC). A companhia acusa a Vigor de ter se apropriado indevidamente de um contrato de fornecimento de leite em pó para a Venezuela e pede uma indenização de R$ 400 milhões, segundo fontes a par do assunto.

Procuradas, as duas companhias não quiseram comentar o assunto.

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Em 2013, quando a Vigor detinha 50% da Itambé, a JBS (então controladora da Vigor) fechou um contrato com o país latino-americano que incluía a venda de leite em pó. Como a Vigor não produzia esse produto, o fornecimento ficou a cargo da Itambé entre dezembro de 2013 e maio de 2015. Em junho de 2015, o contrato passou a ser controlado pela Vigor, que ficou com os resultados das vendas até janeiro de 2016.

Uma fonte próxima à Vigor disse que a empresa teve de assumir o contrato porque a quantidade de leite fornecida ao país ultrapassou a capacidade de entrega da Itambé e foi preciso adquirir o produto de outros fornecedores, justificando que não houve apropriação indevida de contrato.

Essa não é a única briga entre a Itambé e a Vigor, As empresas também estão envolvidas em uma arbitragem que envolve a compra da Itambé pela francesa Lactalis.

A aquisição foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas a Itambé ainda segue sob gestão da Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR) devido à disputa judicial. A Vigor considera que a venda aos franceses feriu o acordo de acionistas. A cooperativa nega.

Em agosto de 2017, a J&F, controladora da JBS, anunciou a venda da Vigor, dona de fatia de 50% na Itambé, para a mexicana Lala. A CCPR então exerceu seu direito de comprar a fatia da Vigor, mas anunciou a venda de 100% de suas ações à Lactalis no dia seguinte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deverá aprovar na sessão desta quarta-feira, 7, a compra da Votorantim Siderurgia pela ArcelorMittal com "duras restrições", segundo apurou o Estadão/Broadcast. A tendência é que a maioria dos conselheiros acompanhem o voto favorável da relatora, Polyanna Vilanova.

Anunciado há um ano, o negócio une a segunda e terceira colocadas do setor de siderurgia no País, atrás da líder Gerdau. O desenho dos "remédios" foi feito de forma que o negócio continuasse atrativo para a ArcelorMittal, uma vez que serão exigidas vendas de plantas e ativos. Procuradas, as empresas informaram que seguem colaborando com o Cade e aguardam a aprovação do negócio.

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O acordo prevê a venda de ativos em pelo menos nove mercados, incluindo treliça e fio máquina, usados na construção civil e indústria, segundo fontes. Esses dois setores haviam ficado de fora da primeira proposta de acordo, apresentada pelas empresas à conselheira em 2017. A proposta havia sido rejeitada pelo Departamento de Estudos Econômicos do Cade, que a considerou insuficiente.

No acordo que será levado a plenário pela conselheira também serão previstos vendas nos mercados de vergalhões, telas eletrosoldadas, perfis leves, perfis médios, arames recozidos, barra MBQ e CA-60.

Se o acordo for aprovado, o plenário não cumprirá recomendação da Superintendência-Geral do Cade que, em setembro, entendeu que a operação poderia levar a uma elevação nos preços dos aços longos e recomendou a reprovação do negócio.

A Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo divulgou nota nesta segunda-feira, 18, após a empreiteira Camargo Corrêa revelar em acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) prática de cartel em 21 licitações que ocorreram em sete Estados e no Distrito Federal, em um período de 16 anos. Um processo administrativo foi instaurado pelo Cade para investigar suposto cartel em concorrências públicas para obras de metrôs e monotrilhos.

O cartel teria sido operado entre 1998 e 2014 na Bahia, Ceará, Minas, Paraná, Rio, Rio Grande do Sul e São Paulo e no Distrito Federal. De acordo com o Cade, os signatários indicaram que a conduta anticompetitiva alcançou, ao menos, 21 licitações.

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Na nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo afirmou que "o Metrô de São Paulo é o maior interessado na apuração das denúncias de formação de cartel ou de conduta irregular de agentes públicos e, assim, continua à disposição das autoridades".

Também em nota, a Camargo Corrêa afirmou que "a Construções e Comércio Camargo Corrêa, primeira construtora a firmar acordos de leniência, reafirma seu compromisso de manter investigações internas em bases permanentes e colaborar com as autoridades reportando quaisquer condutas ilícitas que venham eventualmente a ser descobertas".

"Em função de cláusulas de confidencialidade, a Camargo Corrêa não pode, neste momento, fazer qualquer comentário sobre os termos do acordo", afirma a construtora.

"Ressalta, porém, que a decisão, divulgada no site do CADE, configura evidência inequívoca do compromisso pioneiro assumido de colaboração contínua junto às autoridades competentes, tanto no âmbito das investigações internas como também da implementação de uma nova Governança e Compliance já concluídos", conclui a construtora.

Já a Odebrecht diz que "está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador e Panamá, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas".

Em nota, a Andrade Gutierrez informa que "está empenhada em corrigir qualquer erro ocorrido no passado. A companhia assumiu esse compromisso publicamente ao pedir desculpas em um manifesto veiculado nos principais jornais do país e segue colaborando com as investigações em curso dentro do acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal. A empresa incorporou diferentes iniciativas nas suas operações para garantir a lisura e a transparência de suas relações comerciais, seja com clientes ou fornecedores, e afirma que tudo aquilo que não seguir rígidos padrões éticos será imediatamente rechaçado pela companhia".

Por sua Assessoria de Imprensa, a Carioca disse que não vai comentar o acordo de leniência e a Queiroz Galvão afirmou que "não comenta investigações em andamento". A OAS afirmou que não irá se manifestar.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Transportes do Rio, mas ainda não obteve retorno.

O cartel dos metrôs e monotrilhos em São Paulo atingiu três obras, mas planejou estender seus tentáculos a outras seis, segundo revelou a empreiteira Camargo Corrêa, em acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica. O Cade, órgão antitruste do governo federal, ainda vê indícios de acordos anticompetitivos em outros dois empreendimentos.

A empreiteira confessou crimes de cartel em 21 licitações em 7 Estados e no Distrito Federal, durante longos 16 anos, no período entre 1998 e 2014. O acordo foi firmado no âmbito da Operação Lava Jato e as negociações envolveram o Ministério Público Federal em São Paulo. O Cade abriu processo administrativo para apurar os crimes do cartel.

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De acordo com executivos ligados à Camargo Corrêa, entre 1998 e 2005, o cartel assumiu as obras da Linha 4-Amarela - prevista para 2014, mas ainda não concluída - e duas obras da Linha 2-Verde. Em todo esse período, São Paulo tem sido governada por gestores ligados ao PSDB.

O Cade vê indícios de que houve acordos anticompetitivos concluídos e implementados em 2008 que afetaram outras duas obras para a Linha 2-Verde e Linha 5-Lilás.

Para oito licitações em todo o País realizadas entre 2008 e 2013, os acordos foram planejados, mas não chegaram a ser implementados "por razões alheias ao cartel", segundo relata o Conselho. Neste período, estão abarcadas duas obras de São Paulo: projeto de trecho paralelo à Raposo Tavares (futura Linha 22) e projeto na região M’Boi Mirim.

Os executivos da Camargo Corrêa ainda afirmam que houve tentativa de conluio entre 2010 e 2014 para a Linha 15 - Prata - Expresso Tiradentes e Linha 17 - Ouro, ambas do monotrilho de São Paulo; Linha 15 - Branca - Trecho Vila Prudente/Dutra e Linha 6, ambas do metrô de São Paulo.

Defesas

Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo afirmou: "O Metrô de São Paulo é o maior interessado na apuração das denúncias de formação de cartel ou de conduta irregular de agentes públicos e, assim, continua à disposição das autoridades."

A construtora Camargo Corrêa, em nota, afirma que "a Construções e Comercio Camargo Corrêa, primeira construtora a firmar acordos de leniência, reafirma seu compromisso de manter investigações internas em bases permanentes e colaborar com as autoridades reportando quaisquer condutas ilícitas que venham eventualmente a ser descobertas.

Em função de cláusulas de confidencialidade, a Camargo Corrêa não pode, neste momento, fazer qualquer comentário sobre os termos do acordo.

Ressalta porém, que a decisão, divulgada no site do CADE, configura evidência inequívoca do compromisso pioneiro assumido de colaboração contínua junto às autoridades competentes, tanto no âmbito das investigações internas como também da implementação de uma nova Governança e Compliance já concluídos."

Em acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a empreiteira Camargo Corrêa revelou a prática de cartel em 21 licitações que ocorreram em sete Estados e no Distrito Federal em um período de 16 anos. Um processo administrativo foi instaurado pelo Cade para investigar suposto cartel em concorrências públicas para obras de metrôs e monotrilhos.

O Cade, órgão antitruste do governo federal, informou que a investigação é desdobramento da Operação Lava Jato.

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O acordo com a empreiteira foi firmado na terça-feira, 5 e envolve confissões de executivos e ex-executivos da empresa. As negociações abrangem também o Ministério Público Federal de São Paulo.

O cartel teria operado entre 1998 e 2014 na Bahia, Ceará, Minas, Paraná, Rio, Rio Grande do Sul e São Paulo e no Distrito Federal. De acordo com o Cade, os signatários indicaram que a conduta anticompetitiva alcançou, ao menos, 21 licitações.

Entre as concorrências afetadas entre 1998 e 2005 estão duas obras na linha 2 (Verde) e uma na linha 4 (Amarela) do metrô São Paulo, além da linha 3 do metrô do Rio de Janeiro e os metrôs de Fortaleza e Salvador.

De acordo com o órgão antitruste, este é o 12º acordo de leniência firmado no âmbito da Lava Jato. Por meio da leniência, a empresa e as pessoas físicas signatárias confessaram a participação no cartel, "forneceram informações e apresentaram documentos probatórios a fim de colaborar com as investigações do alegado conluio".

O acordo é relacionado exclusivamente à prática de cartel, para a qual o Cade possui competência de apuração.

Em março de 2016, no âmbito da Operação Acarajé (23ª fase da Lava Jato 2), a Polícia Federal apreendeu com o presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Barbosa, o "BJ", hoje delator, um documento intitulado "Tatu Tênis Clube". À época, investigadores já desconfiavam de que o documento seria uma espécie de regulamento do cartel das empreiteiras.

Segundo o Cade, em acordo de leniência, Camargo Corrêa e as pessoas físicas signatárias "interpretam que tal documento aparentemente continha regras de organização do cartel envolvendo cinco empresas, que são representadas por cinco executivos" - Além da Camargo, são citadas outras gigantes do setor, Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão.

Os signatários disseram que cada executivo teria recebido um codinome relacionado a um renomado tenista, de acordo com o Cade. Os executivos da Camargo ainda dizem que o título "Tatu" possivelmente faz referência à máquina Shield - grande diferencial de atestação no mercado de obras de metrô -, que é popularmente conhecida por "Tatuzão", e que, naquele momento, apenas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão tinham atestação para operar.

O Conselho dá conta de que os signatários relataram que, para obter uma licitação com termos de qualificação mais restritivos, essas empresas financiavam em conjunto estudos de viabilidade ou mesmo a elaboração do projeto base para as futuras obras como moeda de troca com governos locais.

Os executivos ainda disseram ao Cade que a divisão entre as concorrentes dos futuros projetos a serem licitados ocorriam em reuniões presenciais. Tais encontros eram agendados por e-mail ou contato telefônico, mas o seu teor, segundo descreveram, não era frequentemente reproduzido nas mensagens trocadas entre as concorrentes.

O agendamento das reuniões em que se discutiam licitações de metrô, os envolvidos valiam-se de códigos que objetivavam ocultar o caráter potencialmente ilícito desses contatos, disseram os executivos.

A expressão "mercado" era comumente utilizada para dissimular o agendamento de reuniões presenciais do cartel, de acordo com os dignatários do acordo. Eles ainda disseram que eram utilizados os codinomes "G-5", "Tatu Tênis Clube" ou "TTC" para identificar o grupo.

O Cade ainda revela que os signatários informaram que o G-5 se alinhava com empresas com bom trânsito local, como a Carioca, a Constran, a Serveng e a Marquise, bem como com empresas responsáveis pela elaboração de projetos base para o poder público, como a MWH e a TC/BR.

O objetivo, de acordo com a Camargo Corrêa, era compor um acordo em uma licitação específica e influenciar a adoção de conduta comercial uniforme entre as concorrentes.

Defesas

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo, mas não havia obtido resposta até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestação.

A Odebrecht divulgou nota dizendo que "está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador e Panamá, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas".

O presidente Michel Temer nomeou Alexandre Cordeiro Macedo para exercer o cargo de superintendente-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), com mandato de dois anos.

Também foi nomeada Polyanna Ferreira Silva Vilanova para exercer o cargo de conselheira do tribunal do órgão, nesse caso mandato até 8 de julho de 2019.

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Os decretos com as nomeações estão publicados no Diário Oficial da União (DOU).

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) tende a reprovar a compra da Mataboi pela JBJ, empresa de José Batista Júnior, irmão de Joesley Batista. Segundo fontes que acompanham o caso, os advogados das empresas chegaram a propor um acordo para permitir a aprovação da operação, mas as negociações não avançaram.

Depois de ser envolvido na delação de executivos da JBS, o Cade julgará o caso amanhã. Apesar de a JBJ ser uma empresa independente da JBS, o conselho vê problemas na operação justamente pelo parentesco entre os donos dos dois grupos, já que a compra de mais um frigorífico poderia aumentar indiretamente a concentração de mercado da empresa de Joesley por meio de troca de informações e combinações entre os irmãos.

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Ontem, advogados se reuniram com o relator do processo, Alexandre Cordeiro. A empresa sugeriu adotar políticas de governança que barrassem a troca de informações entre JBJ e JBS. O caso ainda será discutido pelo relator com os demais conselheiros amanhã antes de ir a julgamento.

Além de decidir se reprova ou não a operação, o conselho também terá de definir que destino dará para a Mataboi: se determina a devolução da empresa aos antigos donos, que já manifestaram não ter interesse, ou a venda a uma terceira empresa.

Um dos fundadores da JBS, Batista Júnior, conhecido como Júnior Friboi, comprou a Mataboi em 2014, quando o frigorífico estava em recuperação judicial. O movimento ocorreu após ele deixar o grupo JBS em 2013 com planos de concorrer ao governo de Goiás, que não se concretizaram.

As três plantas compradas da Mataboi formam todos os ativos frigoríficos da JBJ, que tem também fazendas de gado para abate e empreendimentos imobiliários. A operação só foi notificada ao Cade em 12 de novembro de 2016, fora dos prazos legais. Com isso, o tribunal multou as empresas em R$ 664 mil no fim do ano passado.

O presidente atual da Mataboi, José Augusto Carvalho, indicado pela JBJ após a compra da empresa, disse ao Estadão/Broadcast ter esperança de que a operação poderá ser aprovada. "Essa não é uma operação da JBS, são empresas independentes. Não observamos essa preocupação que o Cade tem porque não é o mesmo grupo econômico e nossa operação é pequena, não é comparável à JBS", afirmou.

Recurso

Na semana passada, advogados da JBJ recorreram ao Cade alegando que o prazo de análise do caso (de até 330 dias) já tinha expirado, o que garantiria a aprovação automática da operação. O conselho ainda não julgou o pedido, mas deverá negá-lo.

Em setembro, a superintendência do Cade emitiu parecer ressaltando que, mesmo sem relação societária entre a JBS e a JBJ, o parentesco de Júnior com os donos da JBS, líder no mercado brasileiro no abate e comercialização de carne in natura, e ações como a indicação do empresário para a presidência da JBS na ausência de seus irmãos são "evidências de uma potencial atuação coordenada entre as empresas após a conclusão da operação".

Em decisões anteriores, o Cade já havia determinado que a JBS não poderia adquirir novos frigoríficos por estar com a participação nesse mercado no limite do "concorrencialmente saudável". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) dará mais prazo para a Nestlé vender um pacote de marcas que incluem os chocolates Serenata de Amor, Chokito, Lollo e Sensação. A exigência faz parte do acordo firmado com o conselho no ano passado para aprovar a fusão com a Garoto, que, 15 anos depois, ainda está sob discussão judicial.

De acordo com fontes que acompanharam as negociações, a Nestlé terá que repassar um pacote com mais de dez marcas - a lista completa está sob sigilo -, além de receitas e segredos da produção, para garantir que a mesma qualidade seja mantida pelo novo fabricante.

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Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o prazo para a venda vai até o fim deste mês, mas o conselho deverá adiar a data para o primeiro semestre de 2018. Isso será feito a pedido da empresa, que requisitou ao Cade mais tempo para a negociação para a venda dos ativos. O entendimento do Cade é que, se a venda não for efetivada, a fusão da Nestlé com a Garoto terá de ser desfeita.

Como foi divulgado em setembro, a Nestlé não poderá repassar as marcas para uma concorrente de grande porte, o que exclui das negociações Lacta (do grupo Mondelez), hoje vice-líder de mercado, atrás da Nestlé. A tendência é que os ativos sejam comprados por concorrentes menores, como Arcor e Hershey's. O acordo prevê que o nome do comprador terá de ser apresentado ao Cade e aprovado antes da operação.

Procurada, a Nestlé não quis comentar o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto Joesley Batista gravou políticos e o próprio presidente da República, Michel Temer, seu irmão, Júnior Batista Júnior, foi alvo de uma gravação em que teria combinado a formação de cartel no mercado de frigoríficos. Na reunião, além de Júnior estaria também Joesley Batista.

A investigação contra Batista Júnior, conhecido como Júnior Friboi, é um desdobramento do chamado "Cartel dos Frigoríficos", em que, ainda em 2007, várias empresas foram condenadas ou assinaram acordo com o Cade para encerrar a investigação, uma delas a própria Friboi.

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Na época, outro irmão Batista, Wesley Batista, pagou R$ 1,37 milhão para encerrar a investigação de cartel contra ele. Júnior Friboi foi um dos fundadores da JBS, assim como Joesley e Wesley Batista, que estão presos.

Combinação

O processo contra Júnior corre desde 2006 no Cade, mas só hoje a superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recomendou ao tribunal do órgão que condene Júnior Friboi.

A gravação da reunião com Júnior Friboi é uma das principais provas que embasam a investigação. De acordo com a nota técnica da superintendência, em outubro de 2005 o Frigorífico Araputanga entregou ao Ministério Público Federal de Mato Grosso gravações ambientais de áudio e vídeo, que supostamente provariam a existência de cartel no mercado de compra de gado para abate.

Os registros foram gravados pelo proprietário do frigorífico em reunião com representes do Araputanga, Júnior Friboy e Joesley Batista.

Em dos diálogos transcritos na nota, Júnior diz: "Nós, o Bertin, o Independência...os três põem o preço do boi em tudo quanto é estado, em tudo quanto é...ó, Mato Grosso do Sul nós (peita) lá, São Paulo". E segue: "estamos fazendo o preço da do Mato Grosso, e os outros acompanha, ninguém paga mais pra FRIBOI dois real, três real ...o Friboi tá pagando, então todo mundo paga cinquenta centavos a mais".

Para a superintendência do Cade, a gravação comprova que Júnior coordenou um cartel de compra de carne de gado bovino para abate com diversos frigoríficos, "com fixação de preços e divisão de mercados, nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo, com a participação do frigorífico Independência".

Cartel dos frigoríficos

De acordo com o Cade, em 2005 a extinta Secretaria de Direito Econômico (SDE), que era na época responsável pelas investigações de infrações à ordem econômica, foi informada da instauração de inquérito policial em Mato Grosso para investigar o cartel comandado por Júnior Friboi já na fase de conclusão do processo administrativo do Cartel dos Frigoríficos. O entendimento da SDE foi de que as novas evidências eram fundamentalmente contra Júnior e seu frigorífico Independência Alimentos, que não estavam sendo investigados no âmbito do Cartel dos Frigoríficos.

A SDE então optou pela abertura de um novo processo administrativo para investigar especificamente Júnior e o Frigorífico Independência, que culminou agora na recomendação de punição aos investigados.

Em 2007, o Cade condenou os frigoríficos Mataboi, Bertin, Franco Fabril e Minerva por formação de cartel. A Friboi era investigada no mesmo processo, mas assinou acordo com o Cade para arquivar a investigação em troca do pagamento de R$ 13,7 milhões.

O Frigorífico Independência, de Júnior, chegou a ser investigado no polo do Cartel dos Frigoríficos, mas a investigação foi arquivada na época por falta de provas. Se condenado, o Independência poderá pagar multa de 0,1% a 20% do faturamento bruto da empresa e Júnior Friboi poderá pagar multas e receber outras penas, como ficar proibido de contratar com instituições financeiras oficiais e de parcelar débitos fiscais, bem como de participar de licitações promovidas pela administração pública por pelo menos cinco anos.

A superintendência do Cade recomendou ainda remessa de nota técnica sobre o processo à Procuradoria da República em Mato Grosso e à Superintendência Regional da Polícia Federal em Mato Grosso para que seja examinada a possibilidade de reabertura de inquérito policial que investigou o caso, que já foi encerrado.

Outro lado

Em nota, o Júnior Friboi nega a prática criminosa e questiona o "timing" da recomendação. "Trata-se de um processo antigo (de 2006), que esteve paralisado na Superintendência Geral do Cade por mais de 7 anos, voltando à tona neste momento de forma infundada e inexplicável", afirma a nota.

Ainda em nota, a assessoria de Júnior Friboi afirma que, ao contrário do que afirma o Cade, ele não participou nem coordenou cartel, "uma vez que sua atuação à frente da JBS, empresa que deixou em 2011, sempre se deu conforme a lei".

"O Cade negou a José Batista Junior o acesso a documentos que o inocentam, mesmo após reiterados pedidos da defesa. Ademais, o Cade não efetuou investigações próprias. O caso foi originado e já devidamente investigado pela Polícia Federal e pela Procuradoria da República do Estado do Mato Grosso e, com base nos mesmos fatos, foi arquivado pela Justiça Federal daquele Estado há 4 anos", completa o texto.

A superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) instaurou processo para investigar cartel em licitações para a instalação de cafeterias nos aeroportos de Congonhas, em São Paulo (SP), Florianópolis (SC), Recife (PE), Campo Grande (MS), Curitiba (PR) e Maceió (AL). A investigação foi iniciada após denúncia da Infraero, que era a responsável pelas concorrências.

De acordo com a denúncia, cinco empresas e oito pessoas físicas teriam atuado para fraudar sete pregões realizados pela Infraero nos últimos anos. "No material encaminhado ao Cade, foram identificados indícios robustos de troca de informações comerciais sensíveis e comunicação prévia entre os investigados", afirmou o Cade, em nota.

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Entre os indícios está a existência de diversos documentos com o mesmo erro de grafia e mesma formatação, uso de estratégia de bloqueio durante o pregão e ausência de disputa nas fases de lances das licitações.

São investigadas as empresas Alimentare Serviços de Restaurante e Lanchonete, Ventana Manutenção e Serviços, Confraria André, Delícias da Vovó e Boa Viagem Cafeteria. Os acusados terão prazo para apresentar as defesas e, após a investigação, a superintendência-geral dará parecer pela condenação ou arquivamento do caso. A palavra final cabe ao tribunal do Cade.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) tem hoje em curso cerca de 30 investigações de cartéis formados por empresas envolvidas na Lava Jato. A operação tem provocado uma verdadeira corrida das empresas ao Conselho em busca de acordos de leniência: os pedidos aumentaram 300% do ano passado para cá, segundo o superintendente-geral do Cade, Eduardo Frade.

A corrida ao conselho se justifica porque a legislação concorrencial permite apenas que a primeira empresa que fizer a denúncia da conduta criminosa firme o acordo de leniência - uma espécie de delação premiada para empresas - que pode livrá-la totalmente da multa. Em um mesmo caso, outras companhias que fizerem denúncias e entregarem provas podem até receber um desconto no valor a ser pago como punição, mas só a primeira pode ter imunidade completa.

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Segundo Frade, as investigações em andamento envolvem combinações de preços, conluios para divisão de licitações e outras infrações de empreiteiras e companhias investigadas pela força-tarefa da Lava Jato.

Não necessariamente de cada uma das investigações vai sair um acordo de leniência. Para não atrapalhar as investigações, muitas ainda em fase inicial, o superintendente não informou os nomes das empresas nem as obras em que foram formados os cartéis.

Até agora, o Cade anunciou que investiga quatro cartéis, três em licitações de grandes obras de infraestrutura - Belo Monte, Angra 3, ferrovias Norte-Sul e Oeste-Leste - e um na Petrobras.

Demanda

Com o aumento da procura pela leniência, a unidade do Cade que negocia os acordos teve de ser reforçada e, de apenas três servidores, passou a ter 11. As negociações de cada acordo demoram meses. Na quarta-feira, 16, o Cade informou que, depois de dez meses de negociação, fechou acordo com a Andrade Gutierrez no qual a empresa admitiu participar de um cartel para o leilão e construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Segundo a construtora, o esquema era formado também pela Camargo Corrêa e pela Odebrecht.

Em março do ano passado, foi assinado o primeiro acordo derivado da Lava Jato, com a Setal/SOG Engenharia. A empresa denunciou cartel para combinar lances em licitações de obras da Petrobrás.

No mesmo caso, a Camargo Corrêa firmou um termo de compromisso de cessação de conduta e pagou R$ 104 milhões para se livrar de uma punição ainda maior em caso de condenação ao final do processo.

Outro acordo de leniência foi celebrado em julho do ano passado com a Camargo Corrêa, que denunciou cartel nas obras da usina nuclear de Angra 3. A Camargo fechou ainda um outro acordo com a Camargo Corrêa para investigação de cartel em licitações da Valec para obras das ferrovias Norte-Sul e Oeste-Leste, no qual teriam participado mais de 16 empresas.

Kroton e Estácio protocolaram no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) o processo de fusão que pode criar uma companhia de ensino superior com 1,5 milhão de alunos. O documento, entregue na quarta-feira, 31, já leva em conta, no entanto, segundo o empresário e acionista da Estácio Chaim Zaher, a venda do ensino a distância (EAD) de duas instituições que hoje estão no guarda-chuva do grupo Estácio: a UniSeb e a própria Universidade Estácio de Sá.

De acordo com Zaher, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, na segunda-feira, as companhias apresentariam "os remédios prontos para tentar agilizar a aprovação de fusão". Segundo ele, além do EAD, a proposta prevê que algumas unidades presenciais também sejam vendidas, sem revelar quais.

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Em comunicado, as duas empresas afirmaram apenas que "cooperarão com o Cade em tudo o que for necessário para que essa autarquia possa emitir sua decisão sobre a operação."

No mercado, é consenso que a aprovação do negócio deve estar condicionada a restrições no ensino a distância e que será necessária a venda dos ativos de EAD da Estácio. Mas, para isso, a companhia deve ter de enfrentar desafios regulatórios. Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, na Estácio, o ensino a distância e o ensino presencial estão dentro de uma mesma instituição, o que obrigaria a empresa a ser dividida em duas.

Regulação

Especialistas consideram que essa cisão da Estácio vai exigir algumas modificações na forma como a regulação do setor é entendida hoje.

A legislação educacional brasileira permite a transferência de instituições de ensino entre mantenedoras (que são as estruturas administradoras de universidades e faculdades), mas o Decreto 5.773, de 9 de maio de 2006, impede a venda de cursos ou programas isoladamente.

Segundo essas fontes, há alguns raros precedentes de instituições de pequeno porte que conseguiram separar cursos de uma mesma mantenedora.

"Mas isso foi num período em que a regulação do setor era mais fraca", diz uma fonte. Para ela, o fato de o Brasil passar por uma transição de governo torna difícil prever qual seria o entendimento do MEC a respeito.

Em relatório após uma reunião com a Kroton, analistas do Santander reportaram que a Kroton considera possível um "spin off" de instituições de ensino caso necessário, mas a empresa não tem dado mais detalhes. Segundo com eles, porém, a Kroton se dispôs a fazer uma proposta mais "agressiva" quanto à venda de ativos para permitir que o andamento do processo ocorra de forma mais ágil.

A Kroton já informou que considera viável a fusão com a Estácio porque as operações de EAD da Estácio representam 2,7% do total da receita de uma empresa combinada.

Ranking

A Estácio de Sá tem 68,7 mil alunos de ensino a distância, segundo os dados mais recentes, de 2014, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e é a sexta maior instituição de EAD brasileira. Em sétimo lugar estava a UniSeb, o menor entre os ativos de ensino a distância das empresas juntas, com 43,4 mil matriculados. As duas instituições da Kroton lideram o ranking: em primeiro está a Unopar, com 310,8 mil alunos, seguida pela Uniderp, com 150,6 mil.

Outro momento importante no processo de fusão de Kroton e Estácio no Cade deve ser a reação dos concorrentes do setor de ensino. Pessoas próximas à Ser Educacional, que também fez uma oferta pela Estácio, mas foi preterida, têm afirmado que a empresa deve protocolar junto ao Cade suas percepções de que o negócio entre Estácio e Kroton é prejudicial à concorrência.

Ouvir outras empresas do setor é de praxe no ritual de processos complexos no Cade e a aposta da Ser, segundo as fontes, é de que outros relatos negativos sejam feitos por empresas do setor e possam afetar a percepção dos conselheiros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A onda de delações premiadas para escapar de punições mais severas influenciou fabricantes de autopeças a promoverem uma corrida ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para denunciar quem praticou cartel no País. O processo é um dos maiores desse tipo em número de empresas envolvidas de um único setor - são 40 até agora -, além de mais de 100 executivos. Já foram aplicadas mais de R$ 150 milhões em multas e ainda falta muito a ser investigado.

Em todos os casos há indícios ou já comprovação de condutas anticompetitivas, como acordos prévios de cotação a serem apresentados aos clientes, valores, aumento de preços e divisão de mercado. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) calcula que os preços de produtos em ambientes cartelizados são em média 30% mais altos do que na livre concorrência.

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Subsidiárias de multinacionais já punidas por essas práticas nos EUA, Ásia e Europa se anteciparam às investigações no Brasil para se autodelatar e entregar concorrentes. O acordo de leniência, como é chamada a delação nesses casos, livra a empresa da multa e de processos judiciais. Como o benefício integral vale só para quem colaborar primeiro, há uma disputa para chegar Cade.

"Hoje, temos pelo menos dez processos administrativos instaurados", informa o superintendente adjunto do Cade, Diogo Thomson de Andrade. Segundo ele, há outros em investigação. As principais prejudicadas pela concorrência desleal são as montadoras, mas também concessionárias e oficinas.

Andrade afirma que a Lava Jato também pode ter influenciado na decisão das empresas de colaborarem com as autoridades brasileiras. Mas ressalta que o movimento inicial é anterior à operação da Polícia Federal que, de certa forma, popularizou o instrumento da delação premiada no País.

Os primeiros processos no Brasil foram abertos em 2014, após período de investigações e formalização de denúncias. Nos demais países, os processos começaram bem antes. Nos EUA, envolveu 39 empresas e US$ 2,6 bilhões em multas. O executivo Shingo Okuda, da fabricante japonesa GS Electech, fornecedora de peças para montadoras americanas, foi condenado a 13 meses de prisão.

Entre as envolvidas no processo local, algumas são multinacionais sem subsidiárias no País, ou com unidades que não produzem as peças envolvidas no cartel. Segundo o Cade, algumas das condutas internacionais tiveram efeito no Brasil, seja por meio de exportação de peças ou de veículos.

A alemã Bosch, maior fabricante de autopeças na América Latina, foi a primeira a fazer acordo de leniência no Brasil, após ser citada por sua concorrente em processo nos EUA. A empresa admitiu ter manipulado preços de velas de ignição com a NGK entre 2000 e 2013. As duas também repartiam os contratos a serem atendidos, para evitar queda em suas participações de mercado.

A Bosch não quis comentar o assunto. A NGK diz que coopera com as investigações. "Essa postura transparente é parte de nossas políticas mundiais de compliance e respeito irrestrito às leis do País." A Tenneco também fez acordo de leniência no segmento de amortecedores envolvendo Affinia, Dana, Magnetti Marelli e Corven Sacif. A Tenneco afirma estar "cooperando totalmente com a investigação e que está comprometida com a transparência e total respeito às leis do País". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) instaurou processo administrativo para apurar supostas práticas de cartel nos mercados de distribuição e revenda de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), conhecido como gás de cozinha, na Região Nordeste. A abertura da investigação está formalizada em despacho no Diário Oficial da União (DOU).

Estão sendo investigadas as distribuidoras de GLP Bahiana Distribuidora de Gás, Companhia Ultragaz, Copagaz Distribuidora de Gás, Liquigás Distribuidora, Minasgás, Nacional Gás Butano Distribuidora e Supergasbras Energia Ltda. Também estão sendo investigadas as revendedoras Frazão Distribuidora de Gás, Revendedora de Gás do Brasil, Revendedora de Gás da Paraíba e Super Comércio de Água e Gás. Ainda são alvo do processo 27 pessoas físicas relacionadas a essas empresas e pertencentes ao Sindicato dos Revendedores de Combustíveis e Derivados do Interior da Paraíba (Sindirev).

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O Cade explica em nota que, segundo o parecer da Superintendência, as práticas afetaram duas etapas sucessivas da cadeia produtiva de GLP. "Há evidências de que os acusados se organizaram com o objetivo de limitar a concorrência por meio da fixação de preços e divisão dos mercados de distribuição e de revenda do produto. Essas práticas foram complementadas por restrições impostas pelas distribuidoras às revendedoras e por trocas de informações comercialmente sensíveis, de maneira a promover a regulação artificial do mercado de GLP e facilitar a manutenção dos supostos cartéis."

O caso teve início em 2009, com uma representação da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Depois, foram instauradas investigações pela Polícia Federal e Ministérios Públicos de vários Estados do Nordeste.

Com a instauração do processo administrativo, os representados serão notificados para apresentar defesa. Ao final da instrução, a Superintendência-Geral opinará pela condenação ou arquivamento do caso, encaminhando-o para julgamento final pelo Tribunal do Cade. Em caso de condenação, as empresas podem pagar multas que variam de 0,1% a 20% de seus faturamentos e as pessoas físicas de 1% a 20% do valor aplicado à pessoa jurídica.

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) instaurou, nesta quinta-feira (28), um processo administrativo para apurar suposto cartel em licitações conduzidas por sete prefeituras pernambucanas: Recife, Olinda, na Região Metropolitana (RMR); Tamandaré e Macaparana, na zona da Mata; Bonito, no Agreste; Floresta e Tacaratu, no Sertão. O acordo irregular teria sido para a aquisição de material escolar e de escritório. 

De acordo com a Cade, a apuração dá continuidade a uma investigação iniciada em 2011 pela Polícia Federal que resultou na deflagração, em 10 de dezembro de 2014, da Operação Invictus com o cumprimento de mandados de busca e apreensão nas cidades. 

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“Os indícios evidenciam a existência de um acordo, entre diversos grupos de empresas, organizado para combinar preços e os ganhadores das licitações realizadas em ao menos sete municípios pernambucanos, relacionados principalmente à execução de recursos repassados por programas do Governo Federal nas áreas de educação e assistência social”, detalha um texto divulgado pela superintendência.

Dez empresas estão sendo investigadas no processo. São elas: Artshop Comércio; Comercial Armarinho Oliveira; Inforecife Comércio de Informática e Papelaria; L de Oliveira Logística; Livraria e Papelaria Boa Vista; Livraria e Papelaria Leal Dantas; OEC - Organização de Empresas e Contabilidade; Paulo Sérgio Costa da Purificação; SR de Carvalho Dantas Comércio; e TE Papelaria Comercial.

Com a instauração do processo, segundo a Cade, os representados serão notificados para apresentar defesa. Ao final da instrução, a Superintendência-Geral opinará pela condenação ou arquivamento do caso, encaminhando-o para julgamento final pelo Tribunal do Cade.

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