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O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, decolou, nessa segunda-feira (20), para a China, uma semana antes da visita de Estado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará em Pequim e Xangai. Documentos a que o Estadão teve acesso revelam que Fávaro leva 102 representantes do setor privado, entre eles grandes agentes agroexportadores, sobretudo de carne bovina, e busca uma extensa agenda, que inclui coquetel na embaixada na capital chinesa e reuniões com autoridades, empresas e associações.

A viagem serve para o governo tentar reforçar o apoio ao agronegócio, que, na eleição, manifestou predileção a Jair Bolsonaro (PL), e se dá dias após o Movimento dos Sem Terra (MST) invadir terras produtivas, o que levou a críticas do segmento. A delegação oficial do ministério tem 15 integrantes. O restante, do setor privado, acompanha a missão.

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De acordo com o documento obtido pela reportagem, são 43 representantes de exportadores de carne bovina, 21 de suínos e aves, cinco de algodão, cinco de insumos, quatro de celulose, um de óleos vegetais (soja), um de arroz e um de reciclagem animal, além de 21 de entidades multissetoriais, como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

Compõem a delegação empresarial do agro executivos das principais empresas brasileiras, como BRF, Friboi, Minerva e J&F. Estão na lista os irmãos Joesley Batista e Wesley Batista, da J&F, que sacudiram o mundo político com uma delação premiada, em 2017.

A denúncia atingiu desde o então presidente da República, Michel Temer (MDB), a quem Joesley gravou clandestinamente no Palácio do Jaburu, além de governadores, deputados e senadores, de diversos partidos. O grupo denunciou ter repassado, de forma ilícita, quase R$ 600 milhões a campanhas eleitorais de 1.829 candidatos e 28 partidos.

Os relatos foram questionadas posteriormente, e os irmãos da holding J&F acabaram acusados de omitir informações. A Procuradoria-Geral da República (PGR) chegou a rescindir a delação. Em 2020, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou a manutenção do acordo, mas os irmãos Batista tiveram de pagar R$ 1 bilhão em multa e cumprir prisão domiciliar. Procurada, a J&F não quis comentar a participação na viagem.

Além deles, constam na lista do ministério representantes da Maggi, Kleverson Scheffer - ele é filho de Eraí Maggi, conhecido como rei da soja e primo do ex-ministro Blairo Maggi -; e do grupo Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho.

À frente

Fávaro realiza uma missão precursora à visita presidencial. O presidente desembarcará em Pequim no fim do dia 26 e participará de encontros com o presidente chinês, Xi Jinping, no dia 28, seguido de um banquete oferecido em sua homenagem. Lula se reunirá com empresários chineses e a comitiva brasileira, no dia 29. Serão cerca de 500 empresários em um seminário promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).

A missão da Agricultura só terá folga no fim de semana anterior ao desembarque de Lula, conforme o programa previsto obtido pela reportagem. No dia seguinte à chegada a Pequim, após dois dias de deslocamento, eles terão uma série de reuniões com associações de fabricantes de pesticidas e fertilizantes, entre elas a Croplife Asia e a Sinofert, além da Associação Chinesa da Soja. O embaixador Marcos Galvão vai oferecer um coquetel, na noite do dia 23, à delegação ministerial e à comitiva de empresários.

No dia 24, eles participam de seminários no Hotel St. Régis, que também será a base de Lula em Pequim - um com a participação de representantes chineses, como a Associação Chinesa para a Promoção da Cooperação Agrícola Internacional, e também de um banco que financia o setor, o Agricultural Bank of China. O dia terá um foco especial para os frigoríficos. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) promoverão um coquetel, após o seminário.

Visita técnica

Haverá ainda visitas técnicas organizadas pela Apex e fóruns sobre iniciativas verdes, de desenvolvimento sustentável e reuniões sobre agricultura de baixo carbono. O governo quer habilitar mais plantas exportadoras, abrir o mercado para novos produtos, discutir barreiras sanitárias e flexibilizar os protocolos chineses de importação. Em janeiro, a China autorizou a reabilitação de três plantas exportadoras de carne de aves e bovina do Brasil, dias após a posse de Lula. Havia negociações em curso para ampliar em mais oito produtores.

Porém, toda a exportação originária do Brasil para a China foi suspensa em fevereiro, por causa da descoberta de um caso atípico do mal da vaca louca. A doença, porém, foi motivada pela idade, sem risco de contágio. Os frigoríficos brasileiros pleiteiam que as restrições, após descoberta de algum caso, sejam aplicadas somente a uma determinada região em vez de indiscriminadamente.

Recorde

Uma das demandas é a digitalização e simplificação de processos, além da abertura de mercados para mais produtos. A comitiva empresarial já atingiu a marca de 240 empresários inscritos, sendo considerada recorde pelo governo. Como o Estadão revelou, representantes de diferentes setores disputam espaço e prestígio para serem incluídos, o que o vice Geraldo Alckmin chamou de "overbooking".

O secretário Daniel Fernandes, do Departamento de Promoção Comercial, Investimentos e Agricultura do Itamaraty, disse que o governo não vai custear passagens nem hospedagens. "É um número muito grande (de empresários)", afirmou. "A procura é impressionante", disse Fernandes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou arquivar nesta sexta-feira (3) a investigação contra o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), por supostas propinas do grupo J&F.

A decisão respeita o posicionamento da Procuradoria-Geral da República (PGR). A vice-procuradora-geral Lindôra Araújo disse que não há provas dos pagamentos e encerrou o inquérito no mês passado.

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Pela jurisprudência do STF, quando o Ministério Público Federal, que é o titular da investigação, conclui uma apuração sem oferecer denúncia, é de praxe que os ministros promovam o arquivamento do caso.

Com a decisão, o inquérito foi enviado ao Tribunal de Justiça do Piauí para distribuição a um juiz criminal de primeira instância, que deverá decidir a situação dos demais investigados sem direito a foro privilegiado.

O parecer da PGR contrariou as conclusões da Polícia Federal (PF), que apontou crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No relatório final da investigação, o delegado federal Rodrigo Borges Correia concluiu que o ministro teria recebido repasses da J&F em troca do apoio do Progressistas à campanha de reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014. Ciro Nogueira dirige o partido por quase uma década e foi aliado dos governos petistas até o impeachment de Dilma.

A Polícia Federal concluiu que, além de R$ 40 milhões em doações eleitorais para o PP regularmente declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ciro Nogueira recebeu outros R$ 5 milhões em dinheiro vivo. Os valores teriam sido repassados através do supermercado Comercial Camargo, que fica em Teresina, no Piauí, para o irmão do político.

O ponto de partida da investigação foi a delação premiada do empresário Joesley Batista, dono da J&F, e do executivo Ricardo Saud, que foi diretor de relações institucionais do grupo. A PGR disse que não foram encontrados elementos para corroborar a versão dos delatores.

Em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira, 8, a Polícia Federal (PF) afirma que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), recebeu propinas do grupo J&F. A conclusão é que o político cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Os volumes da investigação serão enviados agora ao procurador-geral da República Augusto Aras, a quem cabe decidir se apresenta denúncia contra o ministro ou arquiva o inquérito. A PF não pediu o indiciamento em razão do foro por prerrogativa de função.

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O delegado Rodrigo Borges Correia aponta que o ministro teria recebido repasses do frigorífico em troca do apoio do Progressistas à campanha de reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014. Ciro Nogueira dirige o partido há quase uma década.

O ponto de partida da investigação foi a delação premiada do empresário Joesley Batista, dono da J&F, e do executivo Ricardo Saud, que foi diretor de relações institucionais do grupo.

"Não há como não dar veracidade para versão apresentada pelos colaboradores", diz um trecho do relatório.

A PF concluiu que, além de R$ 40 milhões em doações eleitorais para o PP regularmente declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ciro Nogueira recebeu outros R$ 5 milhões em dinheiro vivo. Os valores teriam sido repassados através do supermercado Comercial Camargo, que fica em Teresina, no Piauí, para o irmão do político.

Além das informações levantadas pela Receita Federal, o depoimento do dono e de um funcionário do supermercado, que admitiram a entrega do dinheiro, foram fundamentais para a investigação.

O relatório final afirma que a verba não foi desembolsada do caixa da empresa. Segundo a investigação, o dinheiro saiu de uma conta controlada pela J&F, mas alimentada com recursos desviados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

FNDE

O nome do ministro também está envolvido em uma série de escândalos que atingem o governo Bolsonaro. O Estadão revelou que é ele quem comanda o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que gere todos os recursos do setor. Foi o órgão que abriu uma licitação com preços inflados de ônibus, suspensa pelo Tribunal de Contas da União (TCU) diante dos indícios de superfaturamento, e também liberou dinheiro para pastores lobistas acusados por prefeitos de cobrarem propinas em troca do acesso ao Ministério da Educação.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO MINISTRO CIRO NOGUEIRA

A defesa técnica do Ministro Ciro Nogueira estranha o relatório da Polícia Federal, pois a conclusão é totalmente baseada somente em delações que não são corroboradas com nenhuma prova externa. Até porque a narrativa das delações não se sustenta.

A defesa tem absoluta confiança que o tempo das delações sem nenhuma fundamentação já está devidamente superado pelas decisões independentes do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal.

Continuamos à disposição do Poder Judiciário com plena convicção que a verdade prevalecerá. O império das delações falsas e dirigidas não mais se sustenta.

Almeida Castro, Castro e Turbay Advogados

Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay

Roberta Cristina Ribeiro de Castro Queiroz

Marcelo Turbay Freiria

Liliane de Carvalho Gabriel

Álvaro Guilherme de Oliveira Chaves

Ananda França de Almeida

A Justiça Federal em São Paulo absolveu o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) no processo aberto da denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo suposto recebimento de R$ 2 milhões em propina da J&F.

A decisão do juiz Ali Mazloum, da 7.ª Vara Federal Criminal de São Paulo, também beneficia a irmã do tucano, Andrea Neves, o primo deles, Frederico Pacheco de Medeiros, e o ex-assessor parlamentar Mendherson Souza Lima.

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"A conduta típica descrita na denúncia não existiu no mundo fenomênico. Em outras palavras, está provada a inexistência do crime de corrupção passiva narrado pela PGR", diz um trecho da decisão.

Em suas alegações finais no mês passado, o Ministério Público Federal (MPF) disse 'não ter dúvidas' de que houve corrupção.

Aécio foi denunciado em 2017, quando era senador, pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot, que chegou a pedir sua prisão no processo. As acusações foram apresentadas na época em que o PGR prometeu que 'enquanto houver bambu, vai ter flecha', em referência ao trabalho no final do seu mandato como chefe do Ministério Público Federal.

A decisão que recebeu a denúncia e colocou o tucano no banco dos réus foi tomada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) em abril de 2018. O processo desceu para a Justiça Federal de São Paulo depois que ele deixou o cargo de senador - o foro por prerrogativa de função se aplica apenas para crimes cometidos durante o mandato.

Uma das provas apresentadas contra o tucano é a gravação em que ele pede R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, sob a justificativa de que precisava pagar despesas com sua defesa na Lava Jato. De acordo com a PGR, a irmã de Aécio, Andrea Neves, teria feito o primeiro contato com o empresário e o primo deles, Frederico, teria sido o intermediário do dinheiro.

Em depoimento, tanto Joesley Batista quanto Andrea Neves disseram que o pano de fundo das conversas entre eles foi a proposta de venda de um apartamento da família do político no Rio de Janeiro. O juiz concluiu que a negociação foi regular e que não há provas de que o tucano tenha prometido usar o cargo para beneficiar o grupo J&F em troca da transação.

"Cuidando-se de negócio lícito - compra e venda de apartamento - não há que falar em vantagem indevida", afirmou o magistrado. A decisão diz ainda que há um 'histórico de negócios lícitos' entre o empresário e o tucano, incluindo doações de campanha.

A denúncia afirma que Aécio teria agido para liberar créditos de ICMS do grupo JBS e para garantir a nomeação de Aldemir Bendice, por indicação de Joesley Batista, ao cargo de presidente da Vale.

"Com relação a tais fatos, repita-se, nunca houve promessa de contrapartida pelo adiantamento/empréstimo feito", rebateu o juiz.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO AÉCIO NEVES

"A farsa foi desmascarada. Depois de cinco anos de explorações e injustiças, foi demonstrada a fraude montada por membros da PGR e por delatores que colocou em xeque o estado democrático de direito no País. Em depoimento prestado à Justiça de São Paulo, o próprio delator Joesley Batista reconheceu que nunca houve qualquer irregularidade, qualquer pedido de recursos ou qualquer contrapartida na relação mantida com Aécio Neves. A justiça demorou para ser feita, mas se impôs. A lamentar o injusto sofrimento causado a tantas pessoas de bem por tanto tempo."

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA ALBERTO ZACHARIAS TORON, QUE DEFENDE AÉCIO

"Com a sentença absolutória desfez-se uma terrível e inominável armação para obtenção de vantagens numa delação forjada. A justiça prevaleceu!"

A Polícia Federal indiciou, nesta segunda-feira, 22, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, seu irmão Renato Kassab e o ex-tesoureiro do partido Flávio Castelli Chuery pelos crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

O indiciamento marca a conclusão, pela corporação, de investigação da Operação Lava Jato aberta com base nas delações premiadas de executivos do Grupo J&F, entre eles o empresário Wesley Batista. Os crimes pelos quais os suspeitos foram indiciados, cujas penas variam de 3 a 12 anos de prisão, teriam sido cometidos entre 2010 e 2016 por meio do pagamento de propinas e doações eleitorais com contrapartida de apoio político. A PF informou que o inquérito e o relatório foram entregues à 1ª Zona Eleitoral de São Paulo para as providências cabíveis.

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"Além da colaboração premiada, foram realizadas diversas outras diligências, dentre elas: quebra dos sigilos bancário e fiscal dos investigados e das empresas por eles utilizadas, análise de material em sede de busca e apreensão, análise conversas por aplicativos de mensagens e a oitiva de testemunhas e de outras pessoas relacionadas aos fatos", acrescenta a Polícia Federal.

Defesa

A reportagem procurou a assessoria de imprensa de Kassab, mas não obteve retorno até o momento.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao empresário Joesley Batista e demais delatores da J&F que expliquem pagamentos de R$ 9,83 milhões da JBS S.A. - empresa que faz parte do grupo - ao advogado Frederick Wassef entre 2015 e 2020.

As movimentações financeiras foram detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em um relatório de inteligência financeira encaminhado ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que investiga o esquema de rachadinha no gabinete do ex-deputado estadual do Rio de Janeiro e hoje senador Flávio Bolsonaro, ex-cliente do advogado.

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A apuração na PGR não é sobre a conduta de Wassef, que sequer será ouvido neste momento. O que procuradores buscam esclarecer é se houve omissão por parte de delatores do grupo J&F por deixarem de ter informado os pagamentos em seus acordos de colaboração.

A PGR já rescindiu (encerrou) os acordos dos colaboradores Joesley Batista Wesley Batista, Ricardo Saud, Francisco Assis e Silva, desde 2017, mas o Supremo Tribunal Federal ainda não decidiu pela homologação (validação judicial) da rescisão. Assim, o acordo ainda está vago. Advogados dos delatores tentam salvar os acordos por meio de uma repactuação, que até agora não foi aceita pela PGR.

Caso a PGR conclua que as explicações dos pagamentos a Wassef não são satisfatórias e que houve nova omissão por parte dos delatores, será um motivo a mais para manter a rescisão dos acordos de colaboração. A leitura interna na PGR é que seria mais uma bola nas costas, como no episódio da contratação do procurador Marcelo Miller.

O advogado de Joesley Batista, André Callegari, disse ao Estadão que "os colaboradores nunca outorgaram poderes para Frederick Wassef trabalhar em nome deles nem perante o Supremo Tribunal Federal, na PET 7003 (processo que trata do acordo de colaboração), nem perante a Procuradoria-Geral da República".

A reportagem questionou à assessoria de imprensa do grupo J&F se os executivos comentam a medida da PGR, e ainda não houve resposta.

Em nota na semana passada, a JBS disse que "o escritório de advocacia mencionado não representa nem se manifesta em nome da Companhia junto à PGR". "A empresa informa que os serviços prestados pelo escritório tiveram como finalidade atuação em inquéritos na esfera policial e que esses serviços foram prestados e pagos mediante emissão de notas fiscais, sendo a última referente ao ano de 2019", disse a nota da JBS.

A subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, pediu ao ministro do STF Edson Fachin que autorize uma perícia sobre pen drives entregues pelos delatores da J&F em investigação sobre a suposta compra do apoio do MDB à reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014. O material foi entregue para corroborar a delação de Joesley Batista, Ricardo Saud e Demilton de Castro. 

A Polícia Federal pediu ao relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, a prisão temporária da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT), dos ex-senadores Eunício Oliveira (MDB-CE) e Valdir Raupp (MDB-RO) e do ministro Vital do Rêgo Filho, do Tribunal de Contas da União (TCU). Os pedidos - negados por Fachin - foram formulados no âmbito de um inquérito que apura suposta "compra e venda" de apoio político do MDB em benefício do PT nas eleições presidenciais de 2014.

As suspeitas foram levantadas nas delações premiadas do executivo Ricardo Saud, delator do caso J&F, e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Em sua delação, Saud disse ter havido pagamento da ordem de R$ 46 milhões a senadores do MDB, a pedido do PT. De acordo com o executivo, apesar de diversas doações terem sido oficiais, trata-se de "vantagem indevida", já que dirigentes do PT estariam comprando o apoio de peemedebistas para as eleições de 2014 para garantir a aliança entre os dois partidos.

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Machado, por sua vez, relatou repasses de R$ 40 milhões por parte do grupo J&F a senadores do MDB, a pedido de Mantega (então ministro da Fazenda), como forma de "comprar o apoio político" do MDB. O inquérito foi aberto por Fachin em 14 de maio do ano passado.

Relevância

Em junho deste ano, a PF encaminhou ao Supremo um relatório de 218 páginas com a relação completa dos pedidos solicitados para a decretação de prisões temporárias, buscas e apreensões e a coleta de depoimentos dos investigados.

A PF apresentou "pedido de prisão temporária dos investigados com maior relevância, bem como daqueles que atuaram na entrega e no recebimento em espécie das quantias ilícitas em benefício dos senadores do MDB, sob o fundamento de que a privação da liberdade de locomoção destes indivíduos é indispensável para a identificação de fontes de prova e obtenção de elementos de informação quanto à autoria e materialidade das infrações penais investigadas".

A Polícia Federal cumpriu nesta manhã uma série de mandados de busca e apreensão, além de medidas de sequestro de bens, por ordem de Fachin.

"No caso, nada obstante, como já afirmado, esteja satisfatoriamente demonstrada a plausibilidade das hipóteses investigativas levadas a efeito pela autoridade policial, a pretensão de restrição da liberdade de locomoção dos investigados não se encontra provida da indicação de concretas condutas atentatórias às apurações que evidenciem a necessidade da medida extrema", observou Fachin em sua decisão, que autorizou a operação realizada nesta terça-feira.

"Nesse sentido, possível se fazer referência à manifestação da Procuradoria-Geral da República, pontuando que 'não há evidências de que, em liberdade, os investigados possam atrapalhar a execução das medida de busca e apreensão'. Com essas considerações, indefiro as prisões temporárias requeridas", concluiu o relator da Lava Jato.

Defesas

EUGÊNIO ARAGÃO, QUE DEFENDE DILMA

"É necessário evidenciar que não figura entre os investigados no inquérito e foi chamada exclusivamente para dar esclarecimentos em relação ao caso."

ASSESSORIA DE EUNÍCIO OLIVEIRA

"Nem o empresário Eunício Oliveira, nem nenhum endereço ou pessoas ligados a ele, foram objeto de quaisquer ações judiciais decorrentes dessa decisão do ministro Luiz Edson Facchin. Como sempre o fez, o ex-senador está à disposição para prestar os esclarecimentos que o Poder Judiciário achar necessários."

O Estado entrou em contato com o gabinete do ministro Vital do Rêgo Filho e a defesa de Mantega e aguarda uma manifestação. A reportagem está tentando localizar Valdir Raupp.

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) esteve no Palácio do Planalto na manhã desta terça-feira, 5, para reunião sobre assuntos da bancada da Amazônia. O senador deixou o Planalto por volta das 10h10. Pouco antes, o emedebista havia sido chamado a comparecer na sede da Polícia Federal no mesmo horário para prestar esclarecimentos em uma investigação da qual é alvo.

O próprio senador divulgou em seu Facebook o documento enviado a ele pela PF. O pedido para ouvir o senador é assinado pelo delegado da PF Bernardo Guidali Amaral e solicitava o comparecimento de Braga às 10h desta terça-feira.

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Segundo Braga, seus advogados já entraram em contato com a polícia para remarcar o depoimento. "Eu recebi um agendamento de oitiva. E, como sempre, apoio toda e qualquer intimação. O que não é justo é fake news de que imóveis meus ou meu gabinete foram alvo de busca e apreensão", afirmou o senador ao sair do Palácio do Planalto. Ele estava acompanhado do senador Omar Aziz (PSD-AM). O senador afirmou que se encontrou com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.

A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta terça-feira, 5, uma série de mandados de busca e apreensão, além de medidas de sequestro de bens, por ordem do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte.

A ação é um desdobramento do inquérito 4707, que apura supostas doações de R$ 40 milhões feitas pelo grupo J&F a senadores do MDB para as eleições de 2014. A informação partiu da delação de Ricardo Saud, que serviu como base para a instauração do inquérito.

Além de Braga, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi intimado a prestar depoimento no caso. O senador Jader Barbalho (MDB-PA) e o ministro Vital do Rêgo Filho, do Tribunal de Contas da União (TCU), também estão entre os investigados do inquérito 470.

Defesas

EDUARDO BRAGA

"O senador Eduardo Braga recebeu esta manhã uma solicitação do Delegado Bernardo Amaral para prestar esclarecimentos no inquérito 4707 (STF). Já estabeleceu contato para ajustar a data. O senador sempre se colocou à disposição para colaborar com qualquer investigação. A cobertura midiática de hoje, talvez por sensacionalismo, talvez por desinformação, menciona fato que simplesmente não existiu, na medida em que nenhuma medida de busca e apreensão foi realizada na residência ou em qualquer outro endereço do senador Eduardo Braga."

RENAN CALHEIROS

"Senador Renan não foi alvo de operação. Não há busca e apreensão, como também não há qualquer determinação a ser cumprida nas dependências do Congresso. Entregaram uma simples intimação para prestar esclarecimentos. Nada mais que isso".

VITAL DO RÊGO FILHO

Em nota, a defesa do ministro informou que não houve cumprimento de mandados de busca ou apreensão em endereços do ex-senador, mas uma solicitação para depoimento. "O Ministro é o maior interessado em esclarecer os fatos e, portanto, atenderá a solicitação do depoimento, colaborando com a justiça, como sempre tem feito", diz o texto.

JADER BARBALHO

"O senador Jader Barbalho recebeu a intimação sobre o Inquérito 4707, entrou em contato com a Polícia Federal para agendar uma nova data, em Brasília, quando prestará todos os esclarecimentos necessários."

GUIDO MANTEGA

"Guido Mantega não foi alvo de busca e apreensão, apenas recebeu uma intimação para prestar depoimento. Sua defesa já entrou em contato com as autoridades para agendar seu comparecimento, oportunidade em que prestará todos os esclarecimentos no interesse das investigações."

MDB

"O MDB não comenta decisões judiciais"

PT

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do partido por e-mail. O espaço está aberto para manifestações.

HÉLDER BARBALHO

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Comunicação do Pará e com a defesa do governador Hélder Barbalho. O espaço está aberto para manifestação.

OUTROS

A reportagem tenta contato com as defesas dos ex-senadores Eunício de Oliveira e Valdir Raupp e também da ex-presidente Dilma. O espaço está aberto para manifestações.

A Polícia Federal cumpre, na manhã desta terça-feira (5), uma série de mandados de busca e apreensão, além de medidas de sequestro de bens, por ordem do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte. Os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Eduardo Braga (MDB-AM) foram intimados para prestar depoimento no âmbito da investigação.

A ação é um desdobramento do inquérito 4707, que apura supostas doações de R$ 40 milhões feitas pelo grupo Grupo J&F a senadores do MDB para as eleições de 2014. A informação partiu da delação de Ricardo Saud, que serviu como base para a instauração do inquérito.

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Além de Renan e Eduardo, o senador Jader Barbalho (MDB-PA) e ministro Vital do Rêgo Filho, do Tribunal de Contas da União (TCU), também estão entre os investigados do inquérito 470.

Em junho, o delegado Bernardo Guidali Amaral, que assina as intimações enviadas aos senadores Renan Calheiros e Eduardo Braga, pediu a Fachin que prorrogasse o prazo do inquérito.

Segundo o advogado Luiz Henrique Machado, Renan Calheiros recebeu a intimação em Maceió, mas não há cumprimento de mandados judiciais em endereços ligados ao parlamentar.

A defesa de Eduardo Braga também indicou que não são realizadas buscas em endereços ligados ao senador. EEm nota, o parlamentar informou ainda que já entrou em contato com a Justiça para 'ajustar' a data de sua oitiva.

 

Com a palavra, a defesa de Eduardo Braga:

"O senador Eduardo Braga recebeu esta manhã uma solicitação do Delegado Bernardo Amaral para prestar esclarecimentos no inquérito 4707 (STF). Já estabeleceu contato para ajustar a data. O senador sempre se colocou à disposição para colaborar com qualquer investigação. A cobertura midiática de hoje, talvez por sensacionalismo, talvez por desinformação, menciona fato que simplesmente não existiu, na medida em que nenhuma medida de busca e apreensão foi realizada na residência ou em qualquer outro endereço do senador Eduardo Braga."

Com a palavra, a defesa do senador Renan Calheiros:

"Senador Renan não foi alvo de operação. Não há busca e apreensão, como também não há qualquer determinação a ser cumprida nas dependências do Congresso. Entregaram uma simples intimação para prestar esclarecimentos. Nada mais que isso".

 

Com a palavra, o ministro Vital do Rêgo Filho:

A reportagem busca contato com a defesa do ministro.

 

Com a palavra, o senador Jader Barbalho:

A reportagem busca contato com a defesa do senador.

Como fazer para investigar seu chefe? Leandro Daiello, ex-diretor-geral da Polícia Federal (PF) nos governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), já respondeu privadamente a essa pergunta incontáveis vezes. Não esperava que um dia ela lhe fosse feita em público. Menos ainda que isso acontecesse dentro de uma das empresas que seus antigos subordinados investigaram. Ou que o objetivo de quem lhe indagasse fosse o de aprender como combater a corrupção.

Na tarde de ontem, Daiello falou na sede da J&F, a holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Participava do 1.º Encontro de Compliance - programa de integridade - promovido pela empresa, que busca se afastar do passado e evitar problemas no futuro. "Estava bom demais esse convite", brincou Daiello ao começar a sua resposta depois de ouvir a pergunta.

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Disse, então, o delegado: "No setor público, você usa a estrutura criada para cumprir a lei, pois a Polícia Federal é legalista. Você faz o que a lei manda com os instrumentos que ela lhe dá. A grande blindagem é ser legalista". Daiello prosseguiu contando a importância de se criar "uma geração de servidores legalistas, republicanos". "O mesmo deve ser na iniciativa privada. É preciso ser legalista, previsível, ter um padrão."

A plateia ouviu atenta. A pergunta havia sido formulada pelo diretor de compliance da J&F, Emir Calluf Filho. "Não podia perder a oportunidade", afirmou Calluf Filho. O executivo chefia 40 pessoas e cuida de um orçamento de R$ 50 milhões. Parte desse dinheiro é gasta com investigações no grupo. Em 2014, a holding gastava menos de R$ 1 milhão com o setor. Em 2016, foi alvo de ação da PF. Depois, a empresa firmaria seu acordo de delação e Joesley gravaria o presidente Temer no Jaburu. Hoje, ele aguarda o desfecho dos processos na Justiça

Três anos depois, a chegada de Daiello à sede da J&F, em São Paulo, não despertou apreensão ou corre-corre. O ex-diretor da Federal entrou no prédio de fachada de vidro na Marginal do Tietê, na zona oeste, por volta das 14 horas. Em vez de agentes, estava acompanhado de seus novos colegas: advogados. Aposentado da polícia, Daiello agora é advogado e trabalha com compliance e análise de risco para o escritório Walfrido Warde advogados. Estava ali para dar uma palestra.

Além dele, diretores de compliance de empresas como Oi e Odebrecht, professores, executivos de organizações da sociedade civil e de empresas de tecnologia que atuam na área participaram do evento para discutir o combate à corrupção. "O compliance é uma das barreiras que cabem ao privado fazer contra a corrupção. Esse é um processo que está amadurecendo", disse Daiello.

Trata-se de um caminho com percalços. Para o professor Sebastião Tojal, da Faculdade de Direito da USP, há uma crença no País de que se pode alterar as coisas só por meio de leis e decretos. "Não vai dar certo. Não é na lei que mora o problema." Segundo ele, o "ambiente de risco para os executivos" permanece no País. "É preciso construir relações com confiança", afirmou Caio Magri, diretor do Instituto Ethos. A palestra terminou com um Calluf Filho sorridente. Estava contente com a resposta de Daiello. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prorrogação por mais 60 dias das investigações de um inquérito que investiga o senador Renan Calheiros (MDB-AL), considerado um dos nomes fortes para disputar a presidência do Senado no mês que vem.

O inquérito foi instaurado com base nas delações premiadas do executivo Ricardo Saud, ex-diretor de Relações Institucionais do Grupo J&F e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e investiga outros políticos, como os senadores Eduardo Braga (MDB-AM), Jader Barbalho (MDB-PA), Eunício Oliveira (MDB-CE), Valdir Raupp (MDB-RO) e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rego.

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A PGR também se manifestou contrária a um pedido de Eunício para que as investigações sejam arquivadas - ou que se concentrem na apuração de crimes eleitorais (que tem penas mais brandas), ao invés de corrupção e lavagem de dinheiro. O relator do caso é o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF.

Em sua delação, Saud disse ter havido pagamento da ordem de R$ 46 milhões a senadores do MDB, a pedido do PT. De acordo com o executivo, apesar de diversas doações terem sido oficiais, trata-se de "vantagem indevida", já que dirigentes do PT estariam comprando o apoio de peemedebistas para as eleições de 2014 para garantir a aliança entre os dois partidos.

Segundo o delator, o pagamento milionário tinha o objetivo de manter a unidade do MDB, devido ao risco na época dos fatos de que integrantes do partido passassem a apoiar formalmente a campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República em 2014.

Sérgio Machado, por sua vez, declarou ouvir em reuniões ocorridas na residência de Renan, "que o grupo JBS iria fazer doações ao PMDB, a pedido do PT, na ordem de R$ 40 milhões".

Andamento

Em manifestação encaminhada na última segunda-feira (21) ao STF, o vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, observou que há diligências que ainda não foram concluídas no inquérito, como o exame da documentação apresentada pelos colaboradores e a análise das doações eleitorais feitas pelo Grupo J&F ao Diretório Nacional do PMDB - e repassadas aos Diretórios Estaduais correspondentes às bases eleitorais dos senadores.

"Invariavelmente, no entanto, estão mais do que evidentes as motivações concretas e idôneas para a continuidade das investigações. Justamente por esse cenário, em que se verificam razões para que as investigações não tenham sido concluídas, não merece acolhida o pedido de arquivamento deduzido por Eunício de Oliveira", destacou Mariz Maia.

Mariz Maia também se posicionou contra o pedido secundário de Eunício de Oliveira, para que a apuração se concentre na análise de crimes eleitorais (que tem penas mais brandas), ao invés de corrupção e lavagem de dinheiro.

"Os elementos reunidos, diversamente do que se alega, sugerem pagamentos de vantagens indevidas, em razão dos cargos dos investigados, parte por meio de operações comerciais simuladas, tipologia clássica de lavagem de capitais. Deste modo, não que há se falar em irregularidade eleitoral, sem deixar de apurar a presença de fatos de gravidade ainda maior" , rebateu o vice-procurador-geral da República.

O ministro Gilberto Kassab (PSD) pediu licença do cargo de secretário da Casa Civil no governo estadual em São Paulo, nessa quinta-feira (27), antes mesmo de assumir. O pedido foi prontamente aceito pelo governador eleito João Doria (PSDB).

A decisão ocorre após Kassab, que é a principal liderança do PSD, tornar-se alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal decorrente de uma delação do grupo J&F, que o acusou em acordo de leniência de receber propina entre 2010 e 2016. A PF encontrou R$ 300 mil em dinheiro na casa do ministro.

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O licenciamento do cargo de secretário deve entrar em vigor logo no início da gestão, com perda de vencimentos. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada no último domingo, Kassab já havia antecipado que não descartava a opção de pedir licença do cargo. Ele já avaliava que poderia sair do governo estadual, para o qual já aceitou o convite para integrar o secretariado, e se dedicar à organização de sua defesa no caso.

Em nota, o ministro disse estar "absolutamente tranquilo sobre sua conduta ao longo da vida pública". "Kassab reafirma sua confiança na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa, e entende que quem está na vida pública deve estar sujeito à especial atenção do Judiciário", diz a nota. "Reforça estar à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários e ressalta, mais uma vez, que todos os seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público."

O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), disse confiar na Justiça e no "amplo direito de defesa" do ministro Gilberto Kassab, escolhido para chefiar a Casa Civil do futuro governo paulista e alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (19).

"A propósito das medidas tomadas em relação ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Gilberto Kassab, o governo João Doria confia na conduta da Justiça e no amplo direito de defesa do ministro para os esclarecimentos necessários", diz nota encaminhada pela assessoria do futuro governador.

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Após a operação da PF, cresceu a pressão sobre Doria em relação ao futuro secretário.

Mais cedo, Kassab afirmou, também por meio de nota, "que confia na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa" e diz saber "que as pessoas que estão na vida pública estão corretamente sujeitas à especial atenção do Judiciário". O ministro reforça "que está sempre à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários e ressalta que todos os seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público".

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação, Gilberto Kassab (PSD), disse em nota que confia na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa. Kassab é alvo, nesta quarta-feira (19), de busca e apreensão da Polícia Federal.

O ex-prefeito de São Paulo diz, ainda, saber que as pessoas que estão na vida pública estão corretamente sujeitas à especial atenção do Judiciário. Na nota, o ministro reitera que está sempre à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários, destacando que todos os seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público.

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A ação da PF foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e tem origem no acordo de colaboração dos executivos do grupo J&F. A procuradora-geral da República Raquel Dodge afirma que o ministro recebeu R$ 58 milhões do grupo.

A procuradora-geral da República Raquel Dodge afirma que o atual ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), recebeu R$ 58 milhões do grupo J&F, dono da JBS. O ex-prefeito de São Paulo é alvo de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira (19).

Segundo Raquel Dodge, os recebimentos de valores indevidos se deram em duas situações distintas. Uma delas, diz a PGR, ocorreu entre 2010 e 2016, período em que o político teria recebido R$ 350 mil mensais, alcançando, ao todo R$ 30 milhões.

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"O objetivo dos pagamentos era contar com poder de influência do ministro em eventual demanda futura de interesse do referido grupo", diz a PGR. Os repasses teriam sido feitos por meio de contratos falsos entre a J&F e uma empresa de prestação de serviços com uma empresa do ramo de transportes.

Na segunda ocasião, em 2014, cita a PGR, foram pagos R$ 28 milhões ao diretório Nacional do PSD, na época, presidido por Gilberto Kassab. O objetivo dos pagamentos era garantir o apoio do PSD ao PT na disputa presidencial de 2014.

"Neste caso, o repasse foi operacionalizado por meio de doações oficiais de campanha e outros artifícios como a quitação de notas fiscais falsas. Também há registro da entrega de dinheiro em espécie", diz a PGR.

A PF faz busca e apreensão no apartamento de Kassab em São Paulo. O ministro, que, está em Brasília, afirmou estar tranquilo e negou ter cometido irregularidades, informou a GloboNews.

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação, Gilberto Kassab (PSD), é alvo de busca e apreensão da Polícia Federal nesta quarta-feira (19). A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e tem origem no acordo de colaboração dos executivos do grupo J&F.

Ao todo, a PF cumpre oito mandados de busca e apreensão. Além de Kassab, são cumpridos mandados relacionados ao governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria.

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De acordo com a PF, o objetivo da ação é "investigar o recebimento de vantagens indevidas", entre os anos de 2010 a 2016, por parte de Kassab. Os repasses das empresas de Joesley e Wesley Batista teriam como objetivo garantir que Kassab defendesse os interesses do grupo e apoiasse a então candidata do PT Dilma Rousseff na eleição de presidencial de 2014.

Tanto o ex-prefeito de São Paulo como Faria são investigados por corrupção passiva e falsidade ideológica eleitoral. Ao longo da investigação, diz a PF, descobriu-se que os repasses para Kassab e Faria teria sido efetuados por meio da assinatura de contratos falsos com simulação de serviços entre as empresas do Grupo J&F e firmas indicadas pelos políticos.

Aproximadamente 40 policiais federais dão cumprimento aos mandados de busca e apreensão, sendo seis mandados no estado de São Paulo e dois no Rio Grande do Norte.

Os irmãos Joesley e Wesley Batista prestam depoimento nesta terça-feira (18) no Supremo Tribunal Federal (STF) no processo em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) quer a anulação do acordo de delação premiada de ambos.

Os ex-executivos da J&F Ricardo Saud e Francisco de Assis também prestam esclarecimentos. As oitivas, que começaram às 9h10, estão sendo conduzidas por três magistrados auxiliares que atuam no gabinete do relator do caso, ministro Edson Fachin.

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Os quatro são ouvidos separadamente. A tendência é que o procedimento dure várias horas. Até o meio-dia, ainda era ouvido o primeiro depoente, Francisco de Assis.

Os depoimentos são uma etapa avançada da fase de instrução do processo, cuja conclusão é necessária para que possa ser julgado o pedido da PGR para que o STF homologue a rescisão. Em junho, Fachin determinou que o caso seja analisado pelo plenário do STF. Ainda não há data para que isso ocorra.

Entenda o caso

Em setembro do ano passado, o então procurador-geral da República Rodrigo Janot pediu ao Supremo a homologação da rescisão do acordo de colaboração de Joesley Batista, um dos sócios do grupo J&F, e do ex-executivo Ricardo Saud. Segundo a PGR, os acusados omitiram da procuradoria a participação do ex-procurador Marcelo Miller a favor dos interesses do grupo J&F quando ele ainda estava ligado ao Ministério Público Federal (MPF), entre outras irregularidades.

Em fevereiro deste ano, a atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ampliou o pedido para incluir também a rescisão dos acordos com o Wesley Batista, outro sócio do grupo J&F, e o ex-executivo da empresa Francisco de Assis.

Desde que foi anunciado, o acordo de delação com o grupo J&F tem sido alvo de críticas por prever, em alguns casos, imunidade total aos delatores. Os colaboradores, por sua vez, argumentam terem repassado uma quantidade enorme de informações que resultaram da incriminação de pessoas com foro privilegiado, incluindo o presidente Michel Temer.

Apesar de querer a rescisão, a PGR entende que as provas que foram obtidas e que basearam investigações penais permanecem válidas mesmo que o STF homologue a anulação dos acordos.

O acordo de leniência firmado pelo grupo J&F e o Ministério Público Federal (MPF) em junho do ano passado foi aditado (quando informações são acrescidas) para a inclusão de novas cláusulas contratuais. Os ajustes têm por objetivo assegurar interesses nacionais e cumprir o tratado bilateral entre Brasil e Estados Unidos.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República, o aditamento permitiu que investigadores americanos interrogassem acionistas do grupo nesta semana, em Brasília. Procurada, a defesa do grupo informou que não poderia fornecer detalhes do depoimento.

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As novas cláusulas inseridas no acordo preveem a antecipação do pagamento de multas e ressarcimentos no Brasil a serem pagos pela J&F e suas colaboradoras, caso o grupo feche acordos de leniência ou similares fora do país, com base em fatos relacionados aos anexos do termo firmado no Brasil.

"Em caso de pagamentos em favor de entidades estrangeiras, a empresa deverá antecipar a quitação de valor equivalente no Brasil. Pelo texto homologado, o recolhimento do montante deve ser feito por meio de conta judicial aberta pela 10ª Vara Federal, no Distrito Federal, pelo menos cinco dias antes do pagamento no exterior", informou a PGR.

As novas cláusulas também preveem obrigações que os acionistas devem cumprir em caso de compartilhamento de informações com autoridades estrangeiras. O novo contrato prevê ainda que os dados que resultarem do compartilhamento de informações e provas não podem ser utilizados contra os colaboradores e eventuais pessoas que aderirem ao acordo de leniência.

"O MPF também poderá negar o atendimento à solicitação de informações que possam prejudicar a segurança ou interesses essenciais do Brasil, em especial o patrimônio de empresas controladas pelo Estado, estatais e fundos de pensão", explicou a PGR.

Homologado pela Câmara de Combate à Corrupção do MPF, o aditamento foi elaborado pela Força-Tarefa Greenfield, pela Secretaria de Cooperação Internacional e Assessoria Criminal da PGR e pela Comissão Permanente de Assessoramento para Acordos de Leniência e Colaboração Premiada da Câmara após pedido de autoridades americanas que investigam o grupo.

Homologação

Firmado em junho de 2017, o acordo de leniência entre a J&F e o MPF foi homologado em setembro daquele ano pela Justiça Federal de Brasília. O acordo prevê o pagamento de R$ 10,3 bilhões por parte do grupo como multa e ressarcimento mínimo pelos crimes cometidos. Desse total, R$ 8 bilhões serão "destinados a entidades e órgãos públicos lesados em consequência de atos criminosos praticados pelas empresas ligadas" ao grupo e o restante, R$ 2,3 bilhões, ao financiamento de projetos sociais indicados pelo MPF.

A defesa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que o empresário Joesley Batista, da J&F, mente para tentar manter, "de forma desesperada", seu acordo de colaboração premiada que aguarda há sete meses para ser discutido pelo Supremo Tribunal Federal. "Os recursos doados às campanhas do PSDB em 2014 somaram R$ 60 milhões e estão devidamente registrados no Tribunal Superior Eleitoral", disse em nota o advogado Alberto Zacharias Toron.

Segundo ele, doações feitas a outros partidos não podem ser consideradas de responsabilidade do PSDB, "tampouco de seu então presidente". Ele disse que o senador não atendeu a qualquer interesse de Joesley.

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Em relação à acusação de que tentou interferir na nomeação de delegados para a condução de inquéritos, feita pelo ex-ministro Osmar Serraglio, afirmou que a "questão cabe exclusivamente à Polícia Federal". De acordo com Toron, todas as conversas que Aécio teve sobre o tema foram no sentido de mostrar seu "inconformismo com inquéritos abertos sem qualquer base fática". Em especial, prosseguiu, com a demora em serem concluídos, levando a um "inevitável desgaste".

O advogado negou conversa entre Aécio e o acionista da Andrade Gutierrez Sérgio Andrade sobre a usina de Santo Antônio. "O leilão e a construção da usina foram de responsabilidade do governo federal, sem qualquer participação do governo de Minas", disse o advogado.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse em nota que "não se prestaria a falar" com Serraglio. "Pelo contrário, virei oposição ao governo Temer justamente quando ele assumiu o ministério indicado, e teleguiado, pelo (deputado cassado) Eduardo Cunha. Quem conhece minimamente a política sabe que eu jamais me relacionei com esse grupo. Pelo visto, esse Osmar continua com a carne fraca", afirmou Renan.

Procurado, o empresário Alexandre Accioly não se manifestou sobre as acusações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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