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Após um ver ato em seu apoio esvaziado em São Paulo na manhã deste domingo (4), o deputado Deltan Dallagnol pediu a seus apoiadores, em Curitiba, que "lutem por votos cassados ilegalmente, contra prisões ilegais e contra o arbítrio". O parlamentar não citou nomes, mas suas críticas apontam para seu algoz, o ministro corregedor do Tribunal Superior Eleitoral Benedito Gonçalves, relator da ação no qual foi decretada a cassação de seu mandato.

"Não quero viver num País em que tem um corrupto na Presidência e quem combate a corrupção corre risco de ir para a cadeia. Não quero viver em um País em que um amigo do presidente é colocado no STF não por suas qualidades, mas por fidelidade. Em que pessoas de bem vão às ruas com medo de fazer o que é certo numa democracia, criticar decisões de governantes", afirmou.

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O ex-chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato discursou de cima de um carro de som na tarde deste domingo na capital paraense. A seu lado, estavam o senador Eduardo Girão (Novo-CE) e Oriovisto Guimarães (Pode-PR). O senador Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato, não compareceu à manifestação. Também estavam presentes os deputados Renata Abreu (Pode-SP), Gilson Marques (Novo-SC), Abilio Brunini (PL-MT), Dr. Frederico (Patriota/MG), Sargento Portugal (Pode-RJ), Sargento Fahur (PSD-PR), Reinold Stephanes (PSD-PR) e Rodrigo Estacho (PSD-PR).

Em seu discurso, Deltan alegou que hoje se vê uma "reação do sistema corrupto", pedindo que seus apoiadores "lutassem". "Por um País em que o presidente da República não seja um condenado por corrupção. Para que os corruptos não fiquem impunes. Para que o nosso país não seja de dois Sérgios, o que é acusado por piada de festa junina e o que é acusado por desviar milhões, que está livre leve solto fazendo rolê no Rio (numa referência a Moro e ao ex-governador Sérgio Cabral). Lutar pela nossa liberdade, nossa voz, com os instrumentos na nossa mão".

Cassado por "fraude à lei" da Ficha Limpa, Deltan pregou "transformação". "Eles podem ganhar ou a gente pode ganhar. Eu vou lutar até o fim. Peço que não desistam. Foi assim com pessoas nas ruas que a gente começou grandes mudanças, e grandes manifestações começaram com manifestações menores"

"Se me cassarem ou não. Se cassarem uma cabeça a gente vai erguer três aqui no Paraná. Três em outros Estados. E a gente vai encher aquele Congresso para que dentro da democracia a gente faça a transformação. A gente não vai construir o Brasil que a gente quer se a gente nos dobrar ao arbítrio, ao abuso e à corrupção. Se a gente cair nos métodos errados da vingança ou, no outro oposto, na omissão. Vamos buscar o caminho do meio, da verdade, e da justiça", completou.

O deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), na tentativa de recuperar seu mandato. Trata-se de uma mudança de estratégia. A princípio, o ex-procurador da Lava Jato esperava convencer a Mesa Diretora da Câmara a se contrapor à Justiça Eleitoral e mantê-lo no cargo. O recurso de Deltan será relatado pelo ministro Dias Toffoli.

A defesa pediu ao STF que suspenda os efeitos da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A interferência do Supremo seria excepcional, porque Dallagnol ainda pode entrar com embargos na própria Corte Eleitoral. Esse tipo de recurso, contudo, não têm o poder de alterar a essência da decisão - na linguagem jurídica, o mérito -, e serve apenas para sanar pontos que não ficaram claros ou não foram abordados na sentença. O advogado Leandro Rosa, que defende Dallagnol, reconhece que um recurso ao TSE não teria "perspectiva exitosa".

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CHANCES

As chances do deputado são consideradas pequenas. O STF tem maioria anti-Lava Jato, encabeçada pelo decano Gilmar Mendes. Em 2019, Dallagnol foi punido com advertência pelo Conselho Nacional do Ministério Público por dizer que ministros da Corte eram lenientes com a corrupção. A crítica se referia, mais diretamente, a Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, que haviam tomado decisões contrárias a medidas da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal, à época coordenada por Dallagnol.

Além disso, os ministros do Supremo Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Nunes Marques fazem parte da composição atual do TSE e votaram pela cassação do registro de candidatura e inelegibilidade do deputado, em 16 de maio.

O TSE usou como base para a cassação o trecho da Lei da Ficha Limpa que proíbe magistrados e membros do Ministério Público de pedir exoneração para disputar eleições se tiverem processos administrativos pendentes. Os ministros entenderam que Dallagnol se desligou do MPF com quase um ano de antecedência da eleição, antevendo que os procedimentos disciplinares a que respondia poderiam colocar em risco sua futura candidatura.

Os advogados de Dallagnol argumentam que o afastamento imediato do cargo, antes de esgotar todos os recursos judiciais possíveis, trazem prejuízos irreversíveis. "O tempo do mandato que lhe é subtraído injustamente não poderá ser restituído", afirma a defesa.

Um fator político que pesa contra o ex-procurador da República é o isolamento entre os pares. Dallagnol afirmou que procurou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas que ele "fechou as portas". O corregedor da Casa, deputado Domingos Neto (PSD-CE), também anunciou que a análise da decisão do TSE será "meramente formal", sem juízo sobre o mérito.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Movimento Brasil Livre (MBL) afirmou na tarde desta terça-feira, 30, que está se retirando da organização do ato do dia 4 de junho, convocado em apoio a Deltan Dallagnol (Podemos-PR), deputado cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 16. Na prática, a decisão do grupo inviabiliza a manifestação diante do recuo de parlamentares de direita e bolsonaristas. O MBL havia assumido a dianteira ao convocar manifestantes e definir os locais dos protestos.

O grupo divulgou a decisão por meio de uma nota. O MBL afirmou que está sob ataque e boicote de "alas do bolsonarismo" em virtude da manifestação. Na quinta-feira, 25, Jair Bolsonaro (PL) pediu expressamente a correligionários que não fossem ao ato.

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Em um evento de líderes do PL em Brasília, o ex-presidente, sentado ao lado de Valdemar Costa Neto, disse que a prioridade é a CPMI do 8 de Janeiro, instalada nesta semana. "O mais importante no nosso momento é a CPMI. Estou vendo as pessoas (inaudível) querendo marcar reunião, povo na rua. Eu peço: não façam isso", disse Bolsonaro na ocasião.

"Acabamos passando da posição de participantes da manifestação para a de divulgadores quase isolados", diz a nota do MBL. O grupo afirma que contou com "pouca solidariedade de outros agentes" e apontou o ex-procurador da Lava Jato. "Mesmo da parte do próprio Deltan, temos visto o seu esforço de se dissociar e se distanciar do MBL." No último dia 21, o deputado esteve em uma manifestação em Curitiba que teve o grupo como um dos organizadores.

Como mostrou o Estadão, o ato foi convocado com apoio e anuência de vários parlamentares de direita. Carlos Jordy (PL-SP), líder da oposição na Câmara, é um dos nomes que participaram da articulação. Afastada do trabalho por razões médicas, Carla Zambelli (PL-SP) chegou a publicar uma convocação nas suas redes sociais, chamando seus seguidores para saírem às ruas em defesa de Dallagnol.

Na noite do dia 25, depois de Bolsonaro ir contra o ato no evento de lideranças do PL, Zambelli publicou um vídeo se retratando. "Estão me chamando de traidora. Eu sei que não sou. Erramos em não conversar com Bolsonaro antes. Se ele falou para não ir, não vamos. Mas vou pedir a vocês, não desistam do Deltan Dallagnol."

A Polícia Federal intimou o deputado para prestar depoimento na próxima sexta-feira, 2. O expediente da intimação diz que o motivo do depoimento é "termo de declarações" e que a ordem veio da "Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores". Procurados pela reportagem, o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior Eleitoral e a PF não confirmaram origem da determinação.

A Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro determinou a cassação do mandato do deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que ficará inelegível e terá de pagar multa. A decisão foi tomada no dia 8 de maio, em primeira instância, e é referente à eleição de 2020, em processo movido pelo PT e PCdoB.

A assessoria do Republicanos disse que ainda cabe recursos contra a decisão e que não há efeitos imediatos sobre o mandato.

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O partido informou ainda que não comentará o caso porque este processo corre em sigilo.

De acordo com o blog do jornalista Ancelmo Góis, no jornal O Globo, Crivella ficará inelegível por oito anos e terá de pagar uma multa de R$ 433 mil por ter montado um esquema para barra a divulgação de notícias sobre a saúde no Rio de Janeiro.

Em abril, a justiça eleitoral já havia condenado Crivella a oito anos de inegibilidade por abuso de poder econômico na disputa eleitoral de 2020, em uma ação movida por Eduardo Paes (PSD), oponente de Crivella à época, e a coligação composta por Cidadania, DC, PV, PSDB, Avante, PL e DEM. Esta decisão também era de primeira instância e cabia recurso.

Na ocasião, a defesa de Crivella informou que vai recorrer da sentença da juíza Márcia Santos Capanema de Souza, da 23ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro.

Com o cargo de deputado federal cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-procurador Deltan Dallagnol teve que aguardar 40 minutos para ter uma audiência de dez minutos com uma autoridade. Foi o que aconteceu nesta quarta-feira, 24, quando Deltan se reuniu com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, para discutir o seu recurso à decisão da Justiça Eleitoral que cassou o seu mandato.

A reunião de Deltan com Rosa no salão Branco do STF estava marcada para acontecer às 16h20. O deputado cassado chegou com alguns minutos de antecedência, mas só foi ser atendido às 17h. Outras duas pessoas tinham audiências antes dele e também tinham direito a apenas dez minutos com a presidente do STF, porém acabaram tendo mais tempo que Deltan.

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O compromisso foi marcado na agenda de Rosa como uma 'visita de cortesia' no Salão Branco durante o horário de intervalo da sessão de julgamento. A assessoria do deputado informou que o encontro foi pedido antes da cassação.

Sem apoio na Câmara, o STF é a última esperança do deputado cassado para tentar recuperar o mandato. As chances de vitória no tribunal, porém, são consideradas pequenas. A Corte tem maioria de ministros anti-Lava Jato.

Um dos poucos apoios que Deltan pode ter no STF é do ministro Luiz Fux, que se reuniu também no Salão Branco com o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil- SP), ao mesmo tempo em que o deputado cassado era atendido por Rosa.

Aliados de campanha e durante a Lava Jato, Moro e Deltan saíram da Suprema Corte separados e em horários distintos. Segundo Moro, sua audiência com Fux foi para tratar de "saúde" e não tinha relação com as situações que atingiram seu aliado.

Antes de se reunir com a presidente do STF, Deltan usou o salão verde da Câmara para convocar manifestações no próximo dia 4 de junho contra o que chamou de 'sistema político que quer escravizar' o País.

Até ser cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) atuava como uma das principais vozes de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Câmara. Em quatro meses de mandato, Dallagnol apresentou três projetos de lei, foi coautor de mais dois, assumiu três relatorias, elaborou 21 requerimentos de informação para cobrar dados e respostas do governo e se aproximou de parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Das poucas pautas caras a Lula já votadas na Câmara, Dallagnol se posicionou contra todas. O deputado cassado se opôs à urgência para a votação do arcabouço fiscal e do Projeto de Lei das Fake News, votou para derrubar decreto de Lula para alterar regras do Marco Legal do Saneamento e rejeitou o projeto que equipara o salário entre homens e mulheres.

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"Nós temos um governo que tem a faca e o queijo na mão, que já ultrapassou todas as barreiras da história, passando por cima de regras anticorrupção, sendo amigo de ditadores, e que tem a faca e o queijo na mão para amordaçar o Brasil", discursou Dallagnol ao defender seu posicionamento contra o PL das Fake News.

Integrante da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o ex-procurador da Lava Jato estava entre os dez deputados que votaram contra a PEC da Anistia, que perdoa multas e crimes eleitorais cometidos pelos partidos nas últimas eleições. Como mostrou o Estadão, a mesma PEC, agora, é vista por defensores de Dallagnol como um texto que pode ser ajustado para incluir um dispositivo capaz também de anistiá-lo.

A Câmara dos Deputados foi notificada da decisão do TSE na noite de quarta-feira, 17. No dia seguinte, um emissário da Corregedoria da Câmara esteve no gabinete de Deltan, mas ele não estava presente. A partir do momento em que receba pessoalmente a notificação, ele terá cinco dias para apresentar sua defesa. Após a elaboração do relatório pelo corregedor, deputado Domingos Neto (PSD-CE), o processo é remetido à Mesa Diretora, que precisa dar seguimento (ou não) à perda de mandato. Ou seja, na prática, a decisão do TSE ainda não foi aplicada.

Enquanto isso, a mobilização em torno do ex-procurador para tentar salvar o mandato, aumenta. Na tarde deste domingo, 21, está prevista uma manifestação em favor do deputado cassado na frente do Ministério Público Federal (MPF), em Curitiba, onde ele atuou contra Lula na força-tarefa da Lava Jato.

Veja as iniciativas de Dallagnol na Câmara:

Projetos de lei

Individual

Castigo físico: o projeto prevê a obrigação de serviços públicos ou privados de saúde de comunicar a conselhos tutelares ou à polícia indícios de castigo físico, tratamento cruel ou degradante e maus-tratos contra criança e adolescente

Espectro autista: a proposta estabelece prazo indeterminado para laudo médico que ateste transtorno do espectro autista. Apresentado em fevereiro, o PL 590/23 acabou apensado (incluído para tramitação conjunta) em outro texto, o PL 507/2023, e aprovado em plenário da Câmara no dia 10. A proposta seguiu para análise no Senado.

Auxílio a mulheres: a iniciativa prevê que bares, restaurantes e casas noturnas adotem obrigatoriamente medidas de auxílio a mulheres que se sintam em situação de risco

Coautoria

Plataformas: em parceria com apoiadores de Bolsonaro, elaborou proposta que prevê como crime de responsabilidade, passível de impeachment, os crimes de abuso de autoridade e de censura em caso de confisco e censura de uma plataforma digital

Calote: a outra iniciativa proíbe o financiamento de países inadimplentes com o Brasil

Gastos e presença

Gabinete: durante o período como deputado, Deltan gastou R$ 320.764,63 para pagar os salários de 13 assessores por quatro meses e recebeu R$ 23 mil de auxílio-moradia. De salário, foram cerca de R$ 40 mil por mês

Cota parlamentar: o ex-procurador gastou R$ 82.910,61 da cota parlamentar. Do montante, mais de R$ 5 mil foram com corridas por transporte por aplicativo. Gastava ainda R$ 9,3 mil para manter o aluguel de estruturas de apoio parlamentar no Paraná

Assiduidade: o sistema de presença da Câmara registra que Dallagnol foi assíduo durante as sessões em plenário. Sua presença foi marcada 40 vezes e só houve uma ocasião de falta não justificada

 

Essas foram as declarações, em 28 de fevereiro, na primeira vez em que usou o microfone do plenário. O então recém-empossado deputado reclamou do afastamento de Marcelo Bretas da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio. Ele era o responsável pelos processos derivados da extinta Operação Lava Jato em andamento na cidade.

Em março, Dallagnol voltou à tribuna. Dessa vez para se queixar da intenção do presidente Lula de indicar seu advogado Cristiano Zanin para uma vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado citou Zanin ao defender que não fosse aprovado o projeto que dá ao réu a vitória sempre que um julgamento terminar empatado.

Diante do projeto deste governo de vingadores, eu gostaria de dizer ao povo brasileiro que eu jamais vou desistir do Brasil, que eu vou seguir lutando contra a corrupção, contra a incompetência e contra esse governo da vingança

Em defesa de Sérgio Moro (União Brasil-PR)

Essas foram as palavras de Dallagnol no último discurso em plenário, no dia 10 de maio. Ele ainda saiu em defesa do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Lava Jato, em três discursos. Em duas ocasiões, tratou de quando o ex-magistrado foi alvo de ameaças de morte. Na tribuna, ele criticou Lula pelo menos três vezes e manifestou posicionamento contrário ao PL das Fake News.

Requerimentos de informação

Dallagnol é autor ou coautor de 21 requerimentos de informação apresentados na Câmara para cobrar dados e respostas do governo Lula sobre sigilos, gastos públicos e medidas adotadas por ministros:

Custos de viagens

Em 12 de abril, Dallagnol e outros dez deputados do Novo, PL, União Brasil, PP, Podemos e Patriotas pediram posicionamento do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, sobre a negativa de acesso a dados de custos das viagens nacionais e internacionais de Lula. O requerimento tem como base reportagem do Estadão que revelou que o governo federal negou essas informações no âmbito da Lei de Acesso à Informação (LAI) sob a justificativa de que os dados podem colocar em risco a segurança do presidente e do vice-presidente, Geraldo Alckmin, bem como de seus cônjuges e filhos

Navios do Irã

Antes, em março, Dallagnol e outros quatro deputados da oposição procuraram entender o que motivou o governo brasileiro a autorizar que navios de guerra do Irã atracassem no Rio. Os parlamentares questionaram, por exemplo, se o Itamaraty considerou a possibilidade de que a concessão produziria consequências negativas na relação diplomática do País com os Estados Unidos

Relatórios da Secom

O ex-procurador também solicitou informações sobre a negativa de acesso a relatórios de monitoramento de redes sociais produzidos pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), a compra de móveis sem licitação pela Presidência da República e as medidas adotadas pela gestão petista contra invasões de terra pelo Movimento dos Sem Terra (MST)

TCU e corrupção

Doze dias antes de ser cassado, Dallagnol apresentou requerimento de informações na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara para cobrar explicações do Tribunal de Contas da União (TCU). Queria que a Corte informasse quantos processos instaurou, quantas multas cobrou e o que fez para dar desdobramento às investigações contra corrupção deflagradas nos últimos dez anos. O foco principal das perguntas foi a Lava Jato. Dallagnol não teve tempo de aguardar pela resposta. O pedido, embora já aprovado pela comissão, ainda tramita na Câmara

O deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou em entrevista exclusiva ao Estadão que vai recorrer até o fim para manter seu mandato na Câmara. Nesta semana, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o parlamentar paranaense alegando que ele violou a lei da Ficha Limpa. Deltan disse que a decisão da Corte foi fraudada. "Eu roubei, me corrompi, abusei, torturei? Não".

Para ele, a preservação de seu mandato depende de uma decisão política do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL, a quem Deltan ainda pretende recorrer para assegurar que a decisão do TSE não seja aplicada automaticamente. "O maior medo que eu tenho é a perda da fé das pessoas na democracia".

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A votação que cassou o mandato de Dallagnol, como mostrou o Estadão, durou um minuto e seis segundos, se considerado o período entre o fim do voto do ministro Benedito Gonçalves - relator do caso - e a proclamação do resultado. O deputado perdeu o cargo por unanimidade, com base na Lei da Ficha Limpa, mas ainda cabe recurso.

"Hoje sou eu, amanhã são outros parlamentares", afirmou.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista ao jornal.

O TSE errou ao cassá-lo?

 

Com certeza o TSE errou. O TSE inventou uma inelegibilidade que não existe na lei. A legislação é objetiva e clara. É inelegível o membro do Ministério Público que sai na pendência de processo disciplinar. Isso não existia no meu caso, não existia nenhum processo disciplinar. A Constituição orienta que restrições de direitos fundamentais não podem ser interpretadas de modo extensivo.

Houve um abuso na interpretação da Lei da Ficha Limpa?

 

O TSE criou uma hipótese, um caso de inelegibilidade imaginário, que não está previsto em lei, em cima de quatro suposições. A primeira é de que eu teria saído do Ministério Público por conta de um risco de inexigibilidade. A segunda é de que isso aconteceu porque existiam reclamações disciplinares que poderiam se converter em PAD (Processo Administrativo Disciplinar). A terceira é de que PADs poderiam gerar condenação. A quarta é de que algum PAD poderia gerar condenação. Ou seja, é como se eu fosse punido por um crime que eu não cometi, mas poderia cometer no futuro. Ou ainda pior, é como se eu fosse punido por uma possibilidade de que, no futuro, eu fosse exonerado. Como explicar para a sociedade brasileira que Lula, condenado em três instâncias por corrupção, está elegível e com mandato e que Deltan, que não foi investigado, acusado e processado criminalmente, muito menos acusado administrativamente, porque não existia PAD, se tornou inelegível? Como explicar essa absurda contradição? O TSE alegou que eu fraudei a lei, mas está muito claro que quem fraudou a lei foi o TSE. Certamente foi (um julgamento) político.

O ministro Benedito Gonçalves afirma que o senhor teve o "intuito" de manobrar a lei.

 

O que eles fizeram foi um exercício de leitura de mente e que, por si só, não era suficiente. Teve que ser combinado com uma futurologia. Eles precisaram, primeiro, supor uma intenção e somar a três possíveis desdobramentos cumulativos. Isso não é possível porque não existe essa hipótese prevista na lei. Hipóteses de inexigibilidade não podem ser estendidas, segundo entendimento pacífico das Cortes Superiores, não podem ser alargadas pela interpretação ou pelo julgador.

A Lava Jato, comandada pelo senhor, acusou Lula de ter uma "real intenção" de adquirir o triplex no Guarujá. Por que no caso do presidente a intenção pode ser levada em consideração e, no seu caso, não?

 

As duas situações são completamente diferentes. Lula foi acusado de praticar um crime e condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Quando você avalia o cometimento de crime por alguém, você avalia se a pessoa agiu com consciência e vontade, o dolo. Algumas pessoas vão traduzir como intenção. A minha situação é completamente diferente. Eu não pratiquei um crime. Nenhuma conduta que eu fiz está prevista na lei como inexigibilidade. É totalmente diferente. O comportamento dele (Lula) se enquadra perfeitamente num crime descrito na lei. No meu caso, o meu comportamento não se enquadra em nenhuma inexigibilidade descrita na lei. Eles (TSE) tiveram que estender a lei. É como se eu estendesse o crime de corrupção para situações que não são corrupção para enquadrar alguém. Essa decisão do TSE cria uma punição para onde o Direito não prevê. Os meus advogados estavam dizendo: "é impossível deixarem inelegível dentro do Direito. Você só vai se tornar inelegível se for uma decisão muito política". Todo mundo me dizia isso, eu não acreditava que isso pudesse acontecer.

O senhor foi pego de surpresa?

 

Eu fiquei absolutamente surpreso. Não só pela decisão, mas por ela ter acontecido em 66 segundos e contrariando todas as posições unânimes dos membros do Ministério Público e dos julgadores que tinham atuado antes nesse caso.

Quando o senhor pediu exoneração, havia sindicâncias e reclamações que poderiam virar PAD.

 

É uma espécie de procedimento preliminar que é, simplesmente, uma capa dada a um pedido feito contra mim no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Todas as semanas, nós sofríamos reclamações disciplinares de pessoas e partidos investigados na Lava Jato. Nós respondemos a dezenas, a centenas de reclamações disciplinares. Agora, elas só são convertidas em processo disciplinar quando existe viabilidade e fundamento. Quantos foram convertidos? Dois. Eu roubei, me corrompi, abusei, torturei? Não. Fui punido por críticas ao Supremo Tribunal Federal e ao (senador) Renan Calheiros. Sem excesso de linguagem, sem ofensa. Dentro dos limites da crítica, da democracia.

O senhor pediu exoneração para evitar que esses procedimentos virassem PAD e impedissem sua candidatura?

 

Não. Essas reclamações já estavam pendentes há meses. Eram remanescentes de mais de 50 reclamações que foram arquivadas paulatinamente no CNMP. Algumas ficaram, por exemplo, porque eram baseadas em notícias do The Intercept. Se alguma pudesse conduzir à minha demissão, a minha exoneração não poderia ter ocorrido. Existe uma regra que diz que quando um servidor responde a um procedimento que pode gerar sua demissão, ele não pode se exonerar. Eu pedi minha exoneração depois de receber um convite do (ex-senador) Álvaro Dias para lutar por mudanças no Brasil ao lado de Sérgio Moro que voltava ao Brasil para ser candidato à Presidência da República. A minha entrada na política dependia de uma série de negociações com os partidos. Conversei com o Novo, o Republicanos, o Podemos e o União Brasil. Isso não podia ser feito enquanto eu estava no Ministério Público, porque existe uma vedação de atividade político-partidária. Eu saí para poder manter conversas partidárias e isso precisava acontecer antes do prazo de filiação que era 6 meses antes da eleição. Além disso, existia uma narrativa de que promotores ou procuradores se afastavam da carreira muito perto das eleições quando se deveria existir uma quarentena maior. A tudo isso, se somou a reflexão que eu fiz com a minha família em que a gente entendeu que depois de toda a reação do sistema corrupto, eu não conseguiria mais lutar contra a corrupção dentro do Ministério Público.

Vai recorrer ao Supremo?

 

Sim.

Nesta semana?

 

Essa questão está sendo definida pelos nossos advogados. Estão estudando as possibilidades, redigindo as peças. Nós vamos recorrer até o fim, vamos lutar até o fim. Não se trata de Deltan, se trata de três causas: a defesa da democracia, do voto e da soberania do povo. A segunda é conter a juristocracia, (que é) o avanço judicial sem base na lei nas competências de outros poderes ou sobre as liberdades. A terceira é garantir que o combate à corrupção não vai ser enterrado no Brasil.

O senhor agora está sofrendo com uma interpretação abrangente da lei, que era algo muito criticado nos métodos da Lava Jato?

 

Na Lava Jato, as críticas sobre supostos excessos eram que as pessoas discordavam sobre onde exatamente estava a linha da lei. Alguns achavam que estava um pouco para cá, outros achavam que estava um pouco para lá. Nessa discussão, sujeita à interpretação sobre onde está a linha da lei, algumas pessoas falaram: "olha, eles pisaram na linha, eles foram um pouco para lá". Naturalmente, os advogados sustentavam isso. Contudo, neste tipo de situação, de abuso de Direito, como definiu (o jurista) Miguel Reale (Jr.), de risco à democracia, como disse a Transparência Internacional, de decisão combinada, como disse (o ex-ministro do STF) Marco Aurélio (Mello), você não questiona se passou um pouco do limite da lei. A lei ficou lá atrás, ficou lá longe. Está completamente fora da lei.

O senhor volta a trabalhar na Câmara nesta semana?

 

A partir da decisão (do TSE), da comunicação que foi feita ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) e à Câmara, o procedimento será da minha notificação. Em seguida, terei prazo de cinco dias para apresentar uma defesa sobre aspectos formais. Isso vai para o corregedor da Câmara, que vai apresentar um parecer. Esse documento será submetido à Mesa (Diretora). Estima-se que isso aconteça nos próximos 10, 15 dias. Contudo, a implementação da decisão pode ser imediata ou pode demorar meses ou anos. Isso depende muito da vontade e da visão política, especialmente, do presidente (da Casa).

O presidente da Câmara, Arthur Lira, não defendeu o senhor publicamente nem se manifestou contrariamente à decisão do TSE.

 

Estou buscando marcar um encontro com ele para eu apresentar as razões pelas quais eu entendo que, não só é uma decisão injusta, mas que não deve ser executada de imediato pela Câmara dos Deputados antes de um posicionamento do Supremo Tribunal Federal. Especialmente, quando você está tratando de algo tão sagrado da democracia que é a soberania popular e o voto de 345 mil pessoas. É preciso que o Parlamento defenda os parlamentares, defenda a soberania do voto.

Se a Mesa Diretora cumprir a decisão e o senhor tiver que deixar o mandato, o que fará daqui para frente?

 

Eu não estou traçando um plano B agora. Muitas pessoas vieram expressar sua solidariedade e abrir portas, trazer possibilidades. Mas a única possibilidade que eu vejo hoje é lutar com unhas e dentes para honrar a confiança das 345 mil pessoas que votaram em mim. O TSE passa o ano inteiro das eleições falando sobre o valor e a importância do voto. No ano passado, em especial, defendeu firmemente a segurança das urnas eletrônicas. Contudo, agora, fora da lei, o que eles fazem é anular 345 mil votos. O maior medo que eu tenho é a perda da fé das pessoas na democracia.

O TSE vai cassar o senador Moro?

 

Seria um exercício de especulação. O que eu vejo sendo pavimentado é um caminho para cassação não só de Sérgio Moro, mas de vários outros parlamentares. O que se fez esta semana foi ultrapassar as linhas para cassar alguém que é visto como um adversário político do atual governo e alguém contra quem o atual presidente queria vingança. Hoje sou eu, amanhã são outros parlamentares.

O senhor conversou com Moro?

 

Sim. Ele expressou solidariedade, irresignação e se colocou à disposição para ajudar e apoiar a mim e à minha família de modo pessoal e profissional naquilo que a gente precisasse. Respondi que, neste momento, nós estamos focados em construir uma solução para o mandato possa ser preservado. Ele se colocou à disposição para ajudar.

Uma ala de deputados apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentaram nesta quinta-feira, 18, um projeto de lei para anistiar Deltan Dallagnol (Podemos-PR), parlamentar que teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A proposta de autoria de José Medeiros (PL-MT), Chris Tonietto (PL-RJ) e Delegado Caveira (PL-PA) concede anistia aos candidatos às eleições de 2022, que, assim como Deltan, foram "processados e condenados com fundamento em pedido de exoneração de cargo público antes da instalação de processo administrativo disciplinar".

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Os parlamentares criticam a decisão do TSE e justificam no projeto que o Poder Legislativo utilizou do poder da anistia contra o Poder Executivo. Agora, "vê-se seu uso para combater a tirania do Poder Judiciário".

Os três deputados acompanharam Deltan no primeiro pronunciamento público do ex-procurador cassado, feito no Salão Verde, em que pareceu aceitar que a decisão não conseguiria ser revertida.

O julgamento do TSE abriu espaço para interpretações divergentes. Deltan alegou que não poderia ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa por não haver processos disciplinares em curso quando ele deixou o Ministério Público Federal, em novembro de 2021

O PT, autor da ação movida contra a candidatura do ex-procurador da Lava Jato, sustentou que ele saiu da Procuradoria para "contornar" justamente a Lei da Ficha Limpa.

"Eu penso que o TSE julgou de acordo com a Ficha Limpa, mas a interpretação foi elástica demais", diz José Medeiros, autor do PL. "O próprio tribunal já definiu que, em se tratando deste tipo de matéria, a interpretação tem que ser sempre restritiva. Se a Câmara, se o Senado aceitarem esse tipo de coisa, nenhum mandato tem segurança jurídica."

O projeto apresentado marca a terceira articulação dentro do Legislativo para salvar o mandato de Deltan. Deputados e senadores de partidos como Podemos, PL e Novo querem incluir na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Anistia um dispositivo para reverter a decisão do TSE.

Uma das ideias consiste em encaixar no texto uma emenda para determinar que qualquer decisão da Justiça Eleitoral referente à perda de mandato parlamentar tenha de passar, obrigatoriamente, pelo crivo da Câmara e do Senado.

A PEC foi aprovada nesta terça-feira, 16, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e agora será encaminhada para análise em uma comissão especial - fase a qual os aliados de Deltan pretendem atuar. Nesta etapa, deputados podem fazer alterações e adições no texto da proposta que visa perdoar irregularidades eleitorais cometidas por partidos nos últimos anos.

Nesta quinta-feira, no Senado, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que foi o vice-presidente de Bolsonaro, pediu ao presidente da Casa e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) que faça a interdição imediata da cassação.

Medeiros acredita que, pela incerteza de que o relator possa admitir alterações que favoreçam Deltan na PEC e em relação a uma posição do próprio Pacheco, o PL pode ser o melhor caminho. Mas admite que será um trabalho árduo. "Não é um projeto que é facil de vender dentro da Casa.", disse.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), determinou que o processo passará pela corregedoria da Casa, seguindo tramitação do regimento interno. Internamente, assessores de Deltan creem que o parlamentar ainda manterá o mandato por mais duas semanas até o parecer final da mesa diretora.

Depois de ficar em silêncio por mais de 16h, o deputado federal cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Deltan Dallagnol (Podemos-PR), reagiu à perda de seu mandato se dizendo vítima de uma vingança política. "Hoje o sistema da corrupção está em festa", disse o parlamentar.

O ex-procurador da Lava Jato ainda listou quem seriam seus inimigos que estão comemorando a perda de seu mandato: "Gilmar Mendes está em festa, Aécio Neves, Eduardo Cunha, Beto Richa estão em festa". E acrescentou: "Perdi o meu mandato porque combati a corrupção. Hoje, é um dia de festa para os corruptos e um dia de festa para Lula".

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Gilmar Mendes não foi o único ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que escapou das críticas de Deltan. Alexandre de Moraes, que também é presidente do TSE, foi mencionado. "Eles conseguiram que sete ministros superassem decisões e pareceres unânimes anteriores e que me cassaram. Liderados por um ministro, que já disse o ministro Alexandre de Moraes na cerimônia de diplomação de Lula: 'missão dada, missão cumprida. Liderados por um ministro que, ao encontrar Lula certa vez, disse: 'está tudo em casa'".

Sem informar se irá recorrer à decisão do TSE, Deltan pareceu aceitar - durante o discurso de pouco mais de 10 minutos de duração e repleto de referências bíblicas - que não poderá mais exercer o mandato, ainda que neste momento ainda caiba a possibilidade recurso ao TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Antes do pronunciamento, o deputado usou sua rede social para postar um vídeo com imagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e do corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, Benedito Gonçalves. O vídeo tem o titulo de "a vingança de Lula" e associa a cassação aprovada no TSE a uma revanche do petista.

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Deltan afirmou que, apesar da cassação, não vai abrir mão da atuação política. "Todo tombo dói. Mas não vou desistir". Ele disse que a decisão do TSE foi uma desrespeito aos votos que recebeu nas eleições de 2022. O ex-procurador da República foi o mais votado no Paraná.

Deputados apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, entre eles, o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), compareceram ao pronunciamento de Deltan. Eles carregavam placas que diziam, entre outras coisas que "a esquerda quer vingança" e que "perseguição política não é justiça".

Ele esteve ao lado da presidente nacional do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), de colegas parlamentares e do advogado, Leandro Rosa. A decisão da Corte foi por unanimidade, numa votação que durou pouco mais de um minuto: 7 a 0 no placar geral.

O pedido foi feito pela federação Brasil da Esperança, que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN).

Deltan passou a noite e a madrugada fechado em seu gabinete onde se reuniu com assessores, copartidários e seu advogado para definir a estratégia seguinte. Ele só saiu da Câmara às 3h da manhã.

Em visita a Deltan, a presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP) prometeu tomar as medidas judiciais que ainda restam.

No gabinete de crise, assessores propuseram que a Câmara movesse uma moção de repúdio. A estratégia ganhou adesão nos grupos de assessores da oposição, que reunia assinaturas ao longo da tarde desta quarta-feira, 17.

Os funcionários continuam frequentando o gabinete do ex-procurador da Lava Jato normalmente. Até o final da tarde da quarta-feira, a secretaria-geral da mesa da Câmara não foi comunicada formalmente pelo TSE sobre a decisão. Enquanto isso, apoiadores e opositores de Deltan frequentavam a unidade para tirar fotos na frente da porta.

A Coluna do Estadão mostrou que Lira já disse a interlocutores que Deltan terá que deixar o gabinete e devolver equipamentos à Casa nas próximas horas assim que chegar a comunicação do TSE sobre a decisão.

À noite, Deltan disse que os votos foram calados por "uma única canetada" e que tem o sentimento de "indignação com a vingança em curso sem precedentes do Brasil".

Internamente, assessores relataram que Deltan "teve vontade de chorar, mas não chorou".

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A cassação do registro de candidatura do deputado Deltan Dallagnol (Pode-PR) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) provocou debates no Plenário da Câmara nesta quarta-feira (17). Deputados da base do governo comemoraram a decisão e criticaram a atuação do deputado quando era o coordenador da Operação Lava Jato pelo Ministério Público. Mas parlamentares de diversos partidos, não apenas da oposição, lamentaram a decisão do TSE, que, na prática, significa a perda de mandato de Dallagnol.

O TSE cassou o registro de Dallagnol por considerar que ele, quando procurador, feriu a Lei da Ficha Limpa ao pedir exoneração do Ministério Público para se candidatar a deputado, deixando pendentes pedidos de abertura de processos administrativos contra ele relacionados à Lava Jato. 

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Uma ação proposta pelo PMN e pela Federação Brasil Esperança (formada por PT, PCdoB e PV) acusou Dallagnol de ter pedido exoneração para fugir dos processos. O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná julgou o pedido improcedente, mas a decisão foi reformada pelo TSE, após recurso dos partidos.

A deputada Rosângela Moro (União-SP) questionou a punição a Dallagnol. “A cassação de uma voz que ecoou na sociedade, muito além de Curitiba, do Paraná. Ecoou no nosso país, tão cansado de roubalheira e de impunidade. Um país cansado de ver um Estado inflado, um país cansado de não ter esperança. Eu vivi a Lava Jato de dentro da minha casa e a pergunta que eu faço é: será que estamos punindo as pessoas certas?”, perguntou. 

A decisão do TSE foi defendida pelo deputado Rogério Correia (PT-MG). “Deltan Dallagnol era ficha suja. Ele seria cassado do Ministério Público e, antes que isso acontecesse, e o julgamento, ele pediu demissão para não ser cassado. Tentou assim enganar a Justiça e foi candidato a deputado federal no Paraná. Foi eleito sabendo que não podia ser candidato. Alguém que diz que defendia a Justiça nesse Brasil e que pertencia a uma instituição de Justiça”, argumentou. 

O deputado Tadeu Veneri (PT-PR) justificou a decisão do TSE. “Não acho bom quando um deputado perde o mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral. Aliás, pode recorrer ao STF, que poderá inclusive reformar a sentença. Agora, não dá para a gente mudar a narrativa. O senhor Deltan é tudo menos santo, como alguns querem colocar. E cada vez isso aí ficará patente, cada vez mais ficará claro. Não tem mais foro privilegiado”, apontou. 

Mudança na lei

Já o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) disse que o TSE agiu por não haver uma previsão legislativa que dê ao Congresso o poder de decidir sobre o mandato de um parlamentar eleito. 

“O julgamento de ontem foi da candidatura. Cassaram a candidatura e, consequentemente, o mandato não acontece, não se legitima. Eu estou propondo uma alteração legislativa: a hora que ela permitiu que o candidato, uma vez eleito, diplomado, tome posse nesta Casa, a Justiça Eleitoral não pode interferir mais no mandato. Já tomou posse, a responsabilidade é desta Casa”, argumentou. 

Vingança

Para o deputado José Nelto (PP-GO), a cassação do registro da candidatura de Dallagnol foi um ato de vingança. “A Operação Lava Jato teve alguns erros, excessos, mas teve muita verdade neste país. E eu tenho falado, senhores deputados: quem cassa mandato de prefeito, governador, presidente e parlamentar é o povo. É nas urnas. Eu vejo essa cassação como uma vingança. A palavra é essa: uma vingança.” 

Deltan Dallagnol, em entrevista, questionou a decisão do TSE e atribuiu a perda do registro a sua luta contra a corrupção. “Eu perdi o meu mandato porque combati a corrupção. E hoje é um dia de festa para os corruptos, um dia de festa para Lula. A Lava Jato em algum momento despertou uma nova esperança em todos nós. Agora o que nós vimos, com o passar do tempo, foi o sistema se recolocando, se reconstruindo e se vingando. E em seguida nós vimos o sistema retaliando contra quem cumpriu a lei, contra os agentes da lei e quem ousou combater a corrupção no Brasil.” 

Deltan Dallognol foi eleito deputado federal com quase 345 mil votos no Paraná. Ele ainda pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão do TSE. A perda do registro da candidatura não torna o ex-procurador inelegível para as próximas eleições.

*Da Agência Câmara de Notícias

Quando ainda era procurador da República, em 2018, o deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) comemorou nas redes sociais depois que o Senado Federal tirou de pauta uma proposta para reformar a Lei da Ficha Limpa.

"Vitória da sociedade. Lei da Ficha Limpa permanece intacta. Parabéns a todos que se envolveram, inclusive senadores, posicionando-se, enviando um e-mail, fazendo uma ligação ou divulgando", escreveu no Twitter.

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Entre membros do Ministério Público, incluindo integrantes que viriam a integrar a Operação Lava Jato, a legislação sempre foi vista como um avanço para impedir a candidatura de políticos corruptos. Promotores de Justiça e procuradores da República chegaram a aderir uma campanha pela aprovação da lei no Congresso, em 2010.

O texto acabou sendo usado nesta quarta, 17, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para justificar a cassação do deputado, um dos maiores expoentes da Lava Jato, eleito com a bandeira do combate à corrupção.

Em seu voto, que abriu caminho para alijar ex-procurador de mandato na Câmara, ministro Benedito Gonçalves, do TSE, usou como paralelo decisão da Corte máxima em 2010 que vetou candidatura de magistrado ao topo de Corte estadual

Ex-procurador da República, que agora está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, tem no currículo uma história de combate à corrupção, mas também punições administrativas e condenações judiciais

A Lei da Ficha Limpa proíbe magistrados e membros do Ministério Público de pedirem exoneração para disputar eleições se tiverem processos administrativos pendentes. Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral entenderam que Dallagnol se desligou do Ministério Público Federal com quase um ano de antecedência da eleição, antevendo que os procedimentos disciplinares a que respondia poderiam colocar em risco sua futura candidatura.

'Bêbados'

Desafeto de Dallagnol, o ministro Gilmar Mendes, Supremo Tribunal Federal (STF), é um dos maiores críticos da Lei da Ficha Limpa. Ele já chamou a legislação de 'mal feita' e 'casuística'. "Queria pegar quem tivesse renunciado", declarou o ministro em julgamento em agosto de 2016.

O decano disse ainda na ocasião que a lei parece ter sido redigida por 'bêbados'. Ele era presidente do Tribunal Superior Eleitoral quando deu a declaração.

"Esta lei foi tão mal feita, que eu já disse no plenário. Sem querer ofender ninguém, mas já ofendendo, ou reconhecendo pelo menos, que parece que foi feita por bêbados. É uma lei mal feita, nós sabemos disso", afirmou.

O ex-procurador ainda pode recorrer para tentar recuperar o mandato, mas precisa aguardar a conclusão do caso fora do cargo. Os recursos podem ser enviados ao próprio TSE e ao Supremo Tribunal Federal. As chances de vitória, no entanto, são consideradas pequenas: o julgamento na Corte Eleitoral foi unânime e o STF tem maioria anti-Lava Jato - ala liderada justamente por Gilmar Mendes.

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) concluiu que a vaga do deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos) vai ficar com o pastor Itamar Paim (PL).

Ele teve 47 mil votos, mas foi 'puxado' pelo coeficiente eleitoral do partido. O pastor evangélico já aparece como 'eleito' no site da Justiça Eleitoral.

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Dallagnol foi o deputado mais votado no Paraná, com 344.917 votos. Em pronunciamento na tarde desta quarta-feira, 17, o ex-procurador afirmou que a soberania popular e o poder do voto foram 'anulados' pela decisão que mandou cassar o seu mandato. "Isso frauda e mina a nossa democracia", disse.

Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entenderam que Dallagnol se desligou do Ministério Público Federal com quase um ano de antecedência da eleição, antevendo que os procedimentos disciplinares a que respondia poderiam colocar em risco sua futura candidatura. Os ministros concluíram que houve uma tentativa de 'burlar' a Lei da Ficha Limpa e anularam o registro de candidatura. Com a decisão, o ex-procurador também fica inelegível por oito anos.

O senador Sérgio Moro, ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, se disse "estarrecido" com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar o mandato do deputado federal Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná. Em suas redes, ele classificou Dallagnol como uma "voz honesta na política" e se solidarizou com os eleitores do Estado no qual nasceu a Lava Jato.

A mulher de do ex-juiz e agora ex-colega de Deltan na Câmara, Rosângela Moro, se disse solidária aos eleitores de Deltan Dallagnol. "Perde o Paraná, perde o país, perde a Câmara dos Deputados", afirmou.

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O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) também criticou a cassação de Dallagnol, na noite desta terça-feira, em votação unânime no TSE. "A cassação do deputado Deltan Dallagnol é um ABSURDO! Não tem outro nome: é PERSEGUIÇÃO POLÍTICA! Retrato de um país que pune quem combate a corrupção e tem como presidente um sujeito que liderou o governo mais corrupto da história do país. É o poste mijando no cachorro!", escreveu nesta quarta-feira.

O deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) disse nesta terça-feira, 16, que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cassar seu mandato foi uma ‘canetada’ e contraria a lei e a Justiça.

O julgamento foi unânime e, além de anular o registro da candidatura do ex-procurador, também o deixa inelegível por oito anos.

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Dallagnol foi eleito com 344.917 votos, a maior votação no Paraná. Pela decisão, os votos vão para a legenda. O ex-procurador afirma que as vozes dos seus eleitores foram ‘caladas’.

"Meu sentimento é de indignação com a vingança sem precedentes que está em curso no Brasil contra os agentes da lei que ousaram combater a corrupção. Mas nenhum obstáculo vai me impedir de continuar a lutar pelo meu propósito de vida de servir a Deus e ao povo brasileiro", disse em nota.

O TSE considerou que Dallagnol tentou burlar a Lei da Ficha Limpa. Os ministros concluíram que ele pediu exoneração quase um ano antes da eleição para se livrar de procedimentos disciplinares que, se avançassem, poderiam impedir sua candidatura.

Quando pediu exoneração, em novembro de 2021, o então procurador era alvo de reclamações e sindicâncias por suspeita de grampos clandestinos, violação de sigilo funcional, improbidade administrativa, abuso de poder e quebra de decoro.

"O pedido de exoneração teve o propósito claro e específico de burlar a incidência da inelegibilidade", afirmou o ministro Benedito Gonçalves, relator do caso, no julgamento. "Foram inúmeras as apurações iniciadas com esteio em indicações robustas de práticas irregulares."

Dallagnol ainda pode recorrer, ao próprio TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas precisa aguardar o desfecho do caso fora do cargo.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta terça-feira, 16, declarar o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) inelegível por oito anos e cassar seu mandato com base na Lei da Ficha Limpa. A votação foi unânime, mas ele ainda pode recorrer.

Os ministros concluíram que a candidatura do ex-procurador da República, que coordenou a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, foi irregular. Ele foi eleito com 344.917 votos, a maior votação no Paraná. Pela decisão, os votos recebidos vão para a legenda.

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A Lei da Ficha Limpa proíbe magistrados e membros do Ministério Público de lançarem candidatura se tiverem pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processos disciplinares. A restrição vale por oito anos. Na legislação não há referência, no entanto, a outras classes de procedimentos administrativos.

Os ministros analisaram duas ações. Uma delas foi proposta pela Federação Brasil da Esperança, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O processo afirma que, embora não respondesse a processos disciplinares quando pediu desligamento do Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol era alvo de reclamações administrativas e sindicâncias e que esses procedimentos são 'equiparados'.

"Havia admissibilidade ou ao menos não havia arquivamento sumário, ou seja, os indícios permitiam o processamento e a responsabilização nesses autos se eventualmente comprovada a situação", argumentou o advogado Luiz Peccinin, que representa a Federação Brasil Esperança, antes da votação.

Quando pediu exoneração, em novembro de 2021, o então procurador era alvo de reclamações e sindicâncias por suspeita de grampos clandestinos, violação de sigilo funcional, improbidade administrativa, abuso de poder e quebra de decoro. Uma delas havia sido aberta a pedido do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apurar se Dallagnol investigou, sem autorização, a movimentação patrimonial de ministros da Corte.

O Partido da Mobilização Nacional (PMN), que também pede a inelegibilidade do ex-procurador, o acusa de pedir exoneração 'muito antes do momento exigido pela legislação eleitoral' para evitar que os procedimentos administrativos avançassem no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), ou seja, para burlar as regras de inelegbilidade.

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná havia rejeitado os pedidos. O Ministério Público Eleitoral também considerou a candidatura do ex-procurador regular.

O advogado Leandro Rosa, que representa Dallagnol nos processos, argumentou que o ex-procurador teve o 'cuidado' de procurar o CNMP antes de pedir exoneração e defendeu os procedimentos administrativos pendentes na época não poderiam levar à sua demissão.

Voto do relator

O ministro Benedito Gonçalves, relator dos processos, disse que a intenção de manobrar a Lei da Ficha Limpa foi 'cristalina' e 'capciosa'. Ele foi acompanhado por todos os colegas.

"Referida manobra, como se verá, impediu que os 15 procedimentos administrativos em trâmite em CNMP, em seu desfavor, viessem a gerar processos administrativos disciplinares que poderiam ensejar a pena de aposentadoria compulsória ou perda do cargo", afirmou.

Um dos argumentos citados no voto é que Dallagnol já havia sido punido com censura e advertência quando pediu exoneração e que essas sanções seriam consideradas 'maus antecedentes' em outros procedimentos administrativos, o que na prática aumentaria a chance de demissão.

Outro ponto levado em consideração foi a antecedência com que Dallagnol pediu desligamento do MPF. O então procurador deixou a instituição em novembro de 2021, quase um ano antes da eleição. A legislação eleitoral exige uma 'quarentena' de apenas seis meses.

"O pedido de exoneração teve o propósito claro e específico de burlar a incidência da inelegibilidade", afirmou Gonçalves. "Foram inúmeras as apurações iniciadas com esteio em indicações robustas de práticas irregulares."

O TRE de Pernambuco, por unanimidade, em julgamento na tarde desta terça-feira (16), cassou por fraude à cota de gênero toda a chapa de candidatos a vereador do PDT de Condado (Zona da Mata Norte) nas Eleições de 2020. Com a decisão, dois vereadores eleitos pelo partido perdem os mandatos: Edinaldo do Nascimento da Silva Filho e Rivaldo Custódio da Silva. Da decisão cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O relator da ação foi o desembargador eleitoral Rodrigo Cahu Beltrão.

O caso foi tratado em primeira instância em duas ações: uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) e uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (Aime). Ambas haviam sido julgadas improcedentes em primeiro grau. Mas o tribunal acolheu o recurso apresentado por Silvano Mendonça de Souza, candidato a vereador não eleito pelo MDB, para modificar as decisões e reconhecer como fictícias três candidaturas à vereança pelo PDT, as de Luciana Alexandre da Silva, Soraya Mayara Farias da Silva e Amara Silva de Oliveira. Ao reconhecer as candidaturas como fictícias, o PDT passou a não cumprir o mínimo legal de 30% da cota de gênero nas candidaturas proporcionais, fato que leva à cassação de toda a chapa.

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O relator, Rodrigo Cahu Beltrão, levou em conta a reunião dos seguintes fatos para considerar as candidaturas como fictícias: ausência de campanha das candidatas no período eleitoral, chegando a pedir votos a outros candidatos, e uma delas sequer tinha ciência de que estava inscrita como candidata; não foram encontradas despesas de campanha; não foi realizada propaganda eleitoral, nem mesmo nas redes sociais; as candidatas ou tiveram votação ínfima ou zerada, e; prestações de contas de campanha eleitoral com movimentação financeira zerada.

Na avaliação do relator, esses elementos, conjugados, levam à conclusão que o partido apenas inscreveu as candidatas para cumprir a cota numérica prevista em lei, de 30% de candidaturas proporcionais reservada a um gênero, mas sem a intenção objetiva delas concorrerem ao cargo.

“Desta feita, restaram configuradas ao menos 4 (quatro) elementos indiciários que somados e em conjunto com as especificações do caso concreto, fazem surgir a prova robusta de fraude quanto à caracterização das ditas candidaturas fictícias. Não houve, no caso, propósito das candidatas, ainda que tímido, de efetivamente participar da disputa eleitoral, tendo sido utilizadas, tão somente, para o cumprimento matemático e formal da disposição contida no §3º, do artigo 10, da Lei 9.504/1997”, afirmou o desembargador.

Na decisão, o tribunal declarou nulos todos os votos conferidos ao PDT em Condado e aos seus candidatos a vereador, eleitos e suplentes, nas eleições proporcionais de 2020, e determinou ao Cartório Eleitoral da 125ª Zona Eleitoral (Condado) que proceda a uma nova totalização dos votos, com recálculo do quociente eleitoral, a fim de se reajustar a distribuição das vagas na Câmara de Vereadores.

O TRE também aplicou a pena de inelegibilidade às candidatas fictícias Soraya Mayara Farias da Silva e Luciana Alexandre da Silva, por um período de oito anos a contar das eleições municipais de 2020, deixando de estender a punição a Amara Silva de Oliveira em virtude de seu falecimento.

O processo que tratou do caso é o de nº 0600775-98.2020.6.17.0125.

*Da assessoria 

O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta quarta-feira, 10, o julgamento sobre o decreto editado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para perdoar a pena imposta ao ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), seu aliado político, por ataques antidemocráticos. Os ministros derrubaram a medida que pretendia anistiar a condenação do ex-deputado.

O plenário concluiu que houve desvio de finalidade no decreto. O placar foi de 8 votos a 2. Apenas os ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques, ambos indicados por Bolsonaro, divergiram. A maioria já havia sido formada na semana passada.

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Havia expectativa de que o STF escolhesse um caminho intermediário e reconhecesse a validade do decreto para perdoar a pena, mas não para os efeitos civis da condenação, como a multa e a suspensão dos direitos políticos. O tribunal, no entanto, decidiu derrubar integralmente a medida.

Daniel Silveira foi condenado a oito anos e nove meses de prisão pelo STF por defender pautas golpistas, como a destituição de ministros do tribunal e a ditadura militar.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, em fevereiro de 2021, o então deputado atacou e ofendeu ministros, falou em dar uma 'surra' nos magistrados, defendeu o golpe militar de 1964 e o AI-5 (ato mais duro da ditadura).

Silveira está preso preventivamente por violar a tornozeleira eletrônica e descumprir outras medidas cautelares, como a proibição de participar de eventos públicos.

O STF julgou em conjunto ações propostas por quatro partidos de oposição - Rede Sustentabilidade, PDT, Cidadania e PSOL.

A maioria seguiu o voto da ministra Rosa Weber, presidente do STF e relatora dos processos, para quem o decreto presidencial foi editado sem respeitar o interesse público. Ela também defendeu que a concessão de indulto é um ato administrativo e, portanto, passível de controle pelo Judiciário.

"Não se pode aceitar a instrumentalização do Estado, de suas instituições e de seus agentes para, de modo ilícito, ilegítimo e imoral, obter benefícios de índole meramente subjetivos e pessoais, sob pena de subversão dos postulados mais básicos do estado democrático de direito", ressaltou a ministra ao votar na abertura do julgamento no último dia 3. "A verdade é que o fim almejado com o decreto de indulto foi beneficiar aliado político de primeira hora, legitimamente condenado pelo STF."

Na sessão de hoje votaram apenas os ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes. Fux defendeu que crimes contra a democracia são políticos e impassíveis de anistia.

"A parte relativa à inelegibilidade talvez seja o ponto mais importante desse voto para conjurar políticos que não mereçam integrar o Congresso Nacional", apontou Fux.

Decano do STF, Gilmar Mendes lembrou que é a primeira vez, desde a redemocratização, que o presidente concede a graça e que não há 'qualquer razão idônea' que justifique a medida.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta quinta-feira, 4, por maioria, cassar os mandatos do prefeito de Brusque, Ari Vequi, e do vice, Gilmar Doerner, por abuso de poder econômico nas eleições de 2020. Também tornou o empresário Luciano Hang, dono das Lojas Havan e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, inelegível por oito anos.

A decisão atende a pedido do Podemos, PT, PSB e PV, que alegaram que Hang usou a estrutura e marca das Lojas Havan para influenciar o resultado do pleito em favor da chapa de Vequi.

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Para o ministro Alexandre de Moraes, que proferiu o voto vencedor, "o conjunto probatório revela não apenas a participação direta do Investigado Luciano Hang nos atos abusivos, mas, sim, evidencia que os candidatos concorreram com os atos, tendo em vista a participação em eventos ilícitos, consubstanciados em live e em evento dentro das Lojas Havan".

O placar ficou em 5 a 2. Moraes divergiu do relator, Ricardo Lewandowski, que proferiu seu voto antes de se aposentar da Corte. O ministro Raul Araújo foi o único a seguir Lewandowski.

O Ministério Público Eleitoral (MPE) defendeu a cassação do governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB) e do seu vice, Ronaldo Lessa (PDT), por abuso de poder político econômico na eleição.

O órgão também defende que o senador e atual ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), aliado do governo estadual, seja cassado.

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O parecer foi enviado em uma ação proposta pela coligação Alagoas Merece Mais, do candidato derrotado Rodrigo Cunha (União), que questiona o programa de distribuição de cestas básicas Pacto contra a Fome. O governo prevê gastar R$ 198 milhões ao longo de um ano.

A legislação proíbe os candidatos à reeleição de distribuíram gratuitamente 'bens, valores ou benefícios' em ano eleitoral. A excessão é para situações de calamidade pública e para programas sociais autorizados em lei e que já estejam em curso.

O governo tentou justificar que o programa estaria em execução desde 2014, no âmbito de uma política mais ampla de segurança alimentar e nutricional que 'vem sofrendo ajustes ao longo dos anos'. Também argumentou que a distribuição das cestas básicas levou em consideração a situação de emergência causada pelas chuvas que assolaram o Estado em 2022 e os prejuízos econômicos na esteira da pandemia de covid-19.

A Procuradoria Eleitoral em Alagoas afirma, no entanto, que os políticos 'personalizaram a ação estatal' e usaram o programa como plataforma eleitoral para promover suas candidaturas.

"Fatores como, a data em que foi lançado (há menos de 2 para o início da campanha eleitoral), a reiterada menção ao programa em entrevistas, reportagens, programas eleitorais e redes sociais e a vultosidade dos recursos envolvidos sem justificativa plausível, conferem ao Pacto contra a Fome uma finalidade eminentemente eleitoreira", escreve o procurador regional Eleitoral Antonio Henrique de Amorim Cadete.

O MPE também afirma ter encontrado uma 'desproporcionalidade gritante' entre o número de cestas básicas previstas e ofertadas em 2022 e nos anos anteriores. O órgão indica ainda que, em 2023, ainda não houve aquisição e distribuição de cestas básicas pelo Governo de Alagoas.

Além da cassação, o Ministério Público Eleitoral propõe que o governador e o senador fiquem inelegíveis por oito anos.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO GOVERNADOR E DE RENAN FILHO

A defesa do governador Paulo Dantas e do senador Renan Filho irá comprovar na Justiça que a acusação, originária de denúncia da coligação que não aceita o resultado das urnas em 2022, não se sustenta, pois se trata de programa de combate à fome já existente desde 2014 e que estava em execução, tendo em vista a notória e histórica situação de insegurança alimentar ainda presente no Estado. Durante o pleito, este mesmo questionamento foi feito pela chapa perdedora e rejeitado pela Justiça Eleitoral, que deu decisão favorável à coligação do governador Paulo Dantas

COM A PALAVRA, O VICE

A reportagem entrou em contato com a assessoria e aguardava resposta até a publicação deste texto. O espaço está aberto para manifestação.

O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 32 anos, preso desde 11 de julho do ano passado sob acusação de estuprar uma paciente sedada após um parto em um hospital de São João de Meriti (Baixada Fluminense), teve seu registro profissional cassado em definitivo pelo Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) nesta terça-feira (28).

Assim, ele não pode mais exercer a medicina no Brasil. Desde 12 de julho de 2022, o órgão suspendera provisoriamente seu registro, mas agora a decisão é definitiva. Segundo o Cremerj, a decisão foi tomada por unanimidade durante plenária de julgamento que ocorreu durante a tarde.

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Bezerra foi preso em flagrante na madrugada do dia 11 de julho, momentos após ser filmado por profissionais de saúde do Hospital da Mulher Heloneida Studart, situado em Vilar dos Teles, bairro de São João de Meriti.

Logo após um parto, durante um procedimento de laqueadura previamente autorizada pela paciente que havia dado à luz, o médico, protegido por um pano que servia como cortina, colocou o pênis na boca da paciente. A mulher estava sedada mais do que o seria necessário, e não tinha condições de saber o que estava ocorrendo.

Após cerca de dez minutos, ele tirou o pênis e limpou a boca da mulher com um guardanapo de papel. Após ver a filmagem, colegas do médico acionaram a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti.

A delegada titular, Bárbara Lomba, foi ao hospital e prendeu Bezerra em flagrante. Ao receber voz de prisão, o médico disse que queria entender o que estava acontecendo e foi informado pela policial de que havia um vídeo provando a conduta dele.

Suspeitas

Profissionais que trabalhavam com o anestesista suspeitaram da conduta do anestesista por causa da quantidade de sedativo que o médico aplicava nas pacientes em trabalho de parto. A situação era perceptível porque as mães anestesiadas por Bezerra não reagiam com a habitual alegria ao conhecer os filhos, já que ainda estavam sob o efeito dos medicamentos em excesso.

Em 10 de julho, um domingo, o médico chegou para trabalhar e participou de duas cesarianas em salas cirúrgicas onde a gravação era inviável. Na terceira foi possível esconder um celular em um armário e realizar a gravação.

A prisão em flagrante foi convertida em preventiva. Atualmente Bezerra está detido no presídio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu (zona oeste do Rio). Ele é réu em processo por estupro de vulnerável e, se considerado culpado, pode ser condenado a até 15 anos de prisão. O processo tramita em segredo de Justiça, para não expor a vítima.

O Estadão não conseguiu localizar a defesa do acusado.

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