Uma pesquisa divulgada em meados de fevereiro pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) apontou que, para 75,8% dos participantes, os investimentos feitos pelo Brasil para a Copa do Mundo foram “desnecessários”. Outros 13,3% responderam que os investimentos foram “adequados” e 7,3% disseram que foram “insuficientes”. A pesquisa passou por 137 municípios, em 24 estados do Brasil.
Dados como estes são surpreendentes, levando em consideração que o Brasil é reconhecido mundialmente como o país do futebol. No entanto, a insatisfação da população caracteriza muito mais. Os números apresentados representam uma conscientização da população sobre os gastos públicos e uma cobrança ao governo para os investimentos sejam pensados em prol da própria população, que busca melhores condições e qualidade de vida. Esse pensamento fica claro com a resposta de 80,2% dos entrevistados, que disseram que o gasto com a construção das arenas “poderiam ter sido utilizados para melhorar outras áreas mais importantes”.
Estima-se que os gastos com a Copa do Mundo no Brasil custará mais de R$ 28 bilhões aos cofres públicos. O número é surpreendente, já que a expectativa do comércio para o período da Copa é bastante negativa – acredita-se que os feriados facultativos nas cidades sede dos jogos acarretarão em diminuição no consumo, um prejuízo que deve chegar aos R$ 8 bilhões apenas no Rio de Janeiro.
Outro ponto que decepciona os brasileiros são as obras de mobilidade urbana. Creditadas como um legado pós Copa do Mundo, poucos acreditam que as mudanças ficarão prontas antes dos jogos, apenas 27,7%. De fato, faltando menos de 3 meses para o inicio das competições, o que vemos pelas cidades e aeroportos do País, são canteiros de obras inacabadas e fica cada dia mais difícil acreditar que haverá tempo hábil para finalizar os projetos antes que os milhares de turistas comecem a chegar ao Brasil.
Outro ponto importante de questionamento é o fato de ser a Copa do Brasil a mais cara da história. Em 2002, Japão e Coreia, gastaram juntos US$ 4,7 bilhões, cerca de R$ 10,1 bilhões. Em 2006, a Alemanha gastou na 3,7 bilhões de euros para sediar o evento, cerca de R$ 10,7 bilhões. Já na África do Sul, em 2010, o custo do evento foi de US$ 3,5 bilhões, perto de R$ 7,3 bilhões.
É inegável que, em qualquer lugar do mundo, os eventos FIFA são demasiadamente onerosos e elitizados. No Brasil não poderia ser diferente. O que nos difere dos outros países, neste momento, é que a nossa população está cada vez mais consciente do seu papel na democracia do país e tem exigido dos governantes uma postura em prol de todos. O que se chama de “padrão FIFA” são gastos milionários com luxos desnecessários e que não deixarão legado ao povo. E é esse investimento que o povo brasileiro quer para suas escolas e hospitais públicos.