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Após o desencadeamento da quinta fase da Operação Faroeste - inquérito sobre venda de sentenças no Tribunal de Justiça da Bahia para legitimação de terras griladas no oeste do Estado - na terça-feira (24), o advogado e ex-ministro da Justiça (governo Dilma), José Eduardo Cardozo, acredita em uma mudança no curso das investigações.

O jurista é responsável pela defesa de Adailton Maturino, conselheiro da Guiné-Bissau preso na primeira etapa da operação, em novembro, apontado como suposto idealizador de esquema de venda de decisões no Judiciário baiano.

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"Ao contrário do que se tem contra Adailton Maturino, há provas de que outras pessoas envolvidas nos fatos seriam os verdadeiros grileiros e autores dos graves ilícitos", afirma Cardozo.

A mais recente fase da Faroeste foi aberta na terça por ordem do ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A desembargadora Sandra Inês Moraes Ruscioelli Azevedo e os advogados Vanderlei Chilante e Vasco Ruscioelli foram alvos de mandados de prisão temporária.

Segundo o despacho de Og Fernandes, o objetivo da entrega de dinheiro foi a compra do voto da desembargadora em mandado de segurança julgado em sessão do dia 21 de janeiro, sendo que, na ocasião, o entendimento da magistrada foi acolhido. Segundo o documento, o mandado "desafiava portaria da Corregedoria de Justiça do Interior do TJ-BA e poderia equacionar, com decisão favorável objeto da transação financeira, todos os interesses do produtor rural Nelson José Vigolo".

"As decisões cancelavam judicialmente a Portaria nº 105/2015 e revogavam a decisão do Conselho de Magistratura, além de intervir em outros processos que garantiam o direito de José Valter Dias sobre as terras, que teriam sido conquistados após 30 anos de lutas na justiça. Em meio ao processo de conciliação com os posseiros de sua terra, o direito de José Valter teria sido atropelado por uma decisão controversa da Conselheira Maria Tereza, do CNJ, que anulou novamente o título da propriedade, a partir de um requerimento também realizado pela Bom Jesus e o empresário Nelson Vigolo", afirmou Cardozo em nota.

O advogado também faz referência à Operação Oeste Legal, aberta em 2016 para investigar grupos que atuam na grilagem de terras nas cidades de Barreiras, Santa Rita de Cássia e Formosa do Rio Preto, no oeste da Bahia. Na ocasião, o nome de Vicente Okamoto foi citado no ofício da polícia civil como integrante ao grupo ligado a grilagens.

"O Ministério Público estadual da Bahia descobriu que havia outros envolvidos na grilagem de terras, dentre eles a Família Okamoto, que atuava no Paraná e se apossou indevidamente de propriedades na Bahia, usando atestados de óbito falsos para registrar novas escrituras na região. Parte dessas terras teriam sido negociadas pelo empresário Nelson Vigolo, dono da Agropecuária Bom Jesus", diz o advogado de Maturino.

A quinta fase da Faroeste

No despacho em que determinou a prisão de Sandra, Vasco e Vanderlei, além da realização de oito buscas no Mato Grosso e na Bahia, Og Fernandes faz referência a Adailton Maturino, conselheiro da Guiné-Bissau na Bahia denunciado como suposto idealizador de esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Estado.

Após indicar que os R$ 250 mil teriam relação com a compra de voto da desembargadora Sandra, o ministro indica que a portaria "desafiada" em julgamento "promovia, em síntese, o cancelamento administrativo das matrículas dos imóveis de nºs. 726 e 727 (existentes desde 1978 com títulos formalmente hígidos) e seus respectivos desmembramentos, oriundas do Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Santa Rita de Cássia/BA, e determinava, ainda, a regularização do imóvel de matrícula nº 1.037, assentada no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Formosa do Rio Preto/BA, como desdobramento desse cancelamento'.

"Foi essa matrícula nº 1.037 que possibilitou aos investigados na Operação Faroeste ameaçarem produtores rurais estabelecidos há décadas no oeste baiano a realizarem acordos como o engendrado por Adailton Maturino, na sua atuação como mediador/conciliador em ação que comprometeu os possuidores e produtores rurais subscritores ao pagamento de 23 sacas de soja por hectare, em parcelas anuais e sucessivas, em cerca de 360.000 hectares de terras (cinco vezes a área da cidade de Salvador-BA), alcançando o montante aproximado superior a R$ 1 bilhão, conforme narrado pelo MPF", registra Og.

O ex-ministro da Justiça no governo de Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, desembarcou no Recife nessa sexta (4) para participar de um evento com grandes nomes da advocacia brasileira. Durante coletiva de imprensa, o advogado não apenas defendeu veementemente o ex-presidente Lula afirmando que o líder petista foi “injustiçado profundamente”, como também garantiu que durante toda sua vida pública combateu a corrupção.

“Veja, eu passei a minha vida defendendo o combate à corrupção. Toda minha vida pública teve essa diretriz, mas o combate a corrupção se faz dentro do Estado de Direito porque, caso não, a virtude de combater a corrupção elimina a virtude de defender a democracia. Então, temos que ter essa ponderação”, declarou.

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Cardozo, assim como o advogado José Roberto Batochio, que integra a equipe que defende o ex-presidente Lula e que esteve no evento realizado na capital pernambucana pela União dos Advogados Criminalistas, teceu críticas ao Poder Judiciário contando que a expressão “ditadura do Judiciário” está sendo utilizada no mundo inteiro. “Juízes são seres humanos, erram e acertam. Eu acredito que o Poder Judiciário tem um papel importantíssimo no Brasil. Ele é a salvaguarda última do Estado de Direito como tal tem que ser preservada, porém tenho visto juízes que têm e extrapolado o seu papel”, alfinetou.

O ex-ministro ainda falou que há certas garantias para as instituições brasileiras e que não se pode confundir os órgãos com os servidores. “Não se pode confundir instituições com seres que nela eventualmente podem estar exercendo suas funções. Os seres erram, as pessoas se equivocam, cometem equívocos, mas as instituições têm que ser preservadas com as garantias inerentes à democracia.

Ele pediu que o Poder Judiciário se autolimite. “Dentro dessa linha, o próprio Poder Judiciário tem que se autolimitar e isso significa obedecer a Constituição e não seguir as crenças daquilo que julga. Em outras palavras, nós não podemos julgar pelas convicções sem prova, nós não podemos distorcer a lei para imaginar que uma pessoa pode sofrer sanções penais com distorção efetivamente daquilo que a própria lei determinava”.

O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo declarou nesta segunda-feira (11), que soube "com indignação" que os executivos do grupo J&F, Joesley Batista e Ricardo Saud, tentaram criar uma "armadilha" na reunião em que discutiram a contratação dos serviços de seu escritório, o CM Advogados.

Segundo Cardozo, também causou surpresa a afirmação de que Joesley teria celebrado um contrato fictício com seu atual sócio, o advogado Marco Aurélio Carvalho, que previa o envio de uma parcela dos pagamentos pelos supostos serviços ao próprio petista. O contrato em questão, escreveu Cardozo, foi firmado por outro escritório de advocacia de Carvalho antes de os dois se associarem no atual.

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No depoimento prestado na Procuradoria-Geral da República em 7 de setembro, Ricardo Saud admitiu que Cardozo foi gravado em um encontro na casa de Joesley Batista. A gravação teria irritado o ex-procurador da República Marcello Miller, que sugeriu aos executivos que escondessem a gravação citando Cardozo e Carvalho no exterior, "em aparente tentativa de ocultação dos arquivos das autoridades pátrias, o que reforça o intento de omitir alguns fatos, após a orientação de Marcello Miller", diz o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no documento em que pediu a prisão de Joesley.

Segue a íntegra da nota:

"Relativamente às declarações do Sr. Joesley Batista e Ricardo Saud divulgadas no dia de hoje, tenho a esclarecer que:

1. Em março desse ano (oito meses após ter deixado o governo federal), meu escritório de advocacia foi procurado pele empresa JB&S com o objetivo de contratar serviços profissionais. Por esta razão, compareci em um jantar, acompanhado do meu atual sócio Marco Aurélio Carvalho (que já havia advogado no passado para a empresa), na casa de Joesley Batista, na condição de advogados, para conversarmos sobre uma eventual contratação. Nesse jantar também estava presente o Sr. Ricardo Saud.

2. Embora em relação às conversas mantidas ao longo daquele jantar, eu esteja submetido a sigilo profissional, posso afirmar que não envolveram, em absoluto, qualquer ato ilícito. Afirmo também, peremptóriamente, que jamais disse, nessa oportunidade, ou em qualquer outra, que como advogado teria facilidade de obter sentenças favoráveis a quaisquer dos meus clientes no STF.

3. Com indignação soube, pela imprensa, que áudios atribuídos a delatores relatavam o fato de que a tentativa da minha contratação não passaria de ser uma possível "armadilha", com o objetivo de me trazer constrangimentos, e de se buscar atingir a honorabilidade de Ministros da nossa Suprema Corte.

4. No que diz respeito a anterior contrato de prestação de serviços mantido, no passado, pelo meu atual sócio, Dr. Marco Aurélio Carvalho, observo que este se referia a outro escritório de advocacia, distinto do atual que integro hoje, com composição societária completamente diversa.

5. É com surpresa e indignação, ainda, que tomo conhecimento, pela imprensa, de que o Sr. Joesley afirmou que teria celebrado um contrato "fictício" com o advogado Marco Aurélio Carvalho, do qual nunca fui sócio até o presente ano, e que este advogado teria ainda dito que uma parte do dinheiro me seria enviada. A respeito esclareço que:

a) esta afirmação contraria claramente o depoimento gravado que o Sr. Ricardo Saud prestou à PGR (termo 32 e anexo 38 do acordo de delação), onde ele não só não afirma isso, mas como também deixa claro a minha total ausência de envolvimento com esse contrato ou com qualquer situação dele decorrente;

b) nunca, na condição de Ministro da Justiça tomei qualquer decisão, pratiquei ou deixei de fazer qualquer ato em atendimento a pleitos da JB&S, nem recebi qualquer pleito da empresa pelo advogado Marco Aurélio Carvalho (alias, o próprio depoente afirma isso no acordo de delação - termo 32 -anexo 38)

c) segundo me foi demonstrado após o acordo de delação, o referido contrato nunca foi fictício, tendo como contraprestação serviços de advocacia regularmente prestados, não existindo qualquer razão, portanto, para que se dê a menor credibilidade às palavras do Sr. Joesley, nesse caso, em relação à referência indevida que faz ao Dr. Marco Aurelio Carvalho, pessoa em quem deposito plena confiança pessoal."

Em conversas com advogados nesta terça-feira, 5, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo disse ter sido vítima de uma tentativa de armação por parte de Joesley Batista, Ricardo Saud e do ex-procurador Marcelo Miller. "Queriam dar um flagrante e me por na cadeia", afirmou o ex-ministro a um deles. Procurado, Cardozo disse que não vai comentar o assunto.

Nestas conversas com colegas, o ex-ministro disse estar tranquilo diante das gravações já que as conversas não tem nenhuma acusação contra ele. De acordo com interlocutores da área jurídica, Cardozo disse ter se encontrado uma única vez com Joesley e Saud, que propuseram contratar o escritório ao qual o petista é sócio por R$ 1 milhão em dinheiro vivo. Cardozo recusou o contrato.

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"Se tivesse aceito estaria preso", disse a um colega.

Ao comentar com advogados os comentários feitos entre os delatores sobre sua suposta influência no Supremo Tribunal Federal (STF), Cardozo chegou a ser irônico. "Se tivesse ministros do Supremo no bolso, a presidente Dilma (Rousseff) ainda estaria no cargo", disse o ex-ministro, segundo relatos.

Cardozo foi o advogado da presidente cassada durante o proceso de impeachment.

Ele comentou com colegas que no primeiro momento em que foi abordado não desconfiou da intenção de Joesley e Saud mas aos poucos, conforme as informações sobre o caso foram surgindo, percebeu que o objetivo dos delatores era incriminá-lo para, a partir daí, chegar a ministros do STF com quem o ex-ministro tem relação e "ficar bem" com o Supremo. A "armadilha" seria de conhecimento de Miller.

O petista disse a advogados considerar que toda a delação ficou comprometida e as provas apresentadas devem ser consideradas nulas pela Justiça, inclusive a gravação na qual Joesley conversa com o presidente Michel Temer, devido à participação de Marcelo Miller no caso.

O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, apontado pela empresária Mônica Moura como responsável por ter informado à presidente cassada Dilma Rousseff sobre a prisão da empresária e do ex-marqueteiro do PT João Santana, disse que as delações do casal apresentam contradições que desacreditam o depoimento.

Segundo Cardozo, Mônica e Santana se contradisseram quando ela afirmou que o marido recebeu um telefonema de Dilma alertando sobre a prisão dois dias antes de o mandado ser cumprido, enquanto ele contou que soube só quando viu os policiais chegando à sua casa pelas câmeras de segurança.

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"Há uma contradição de depoimentos. Isso desacredita a delação", disse Cardozo. "Ela tinha um telefone seguro, no Alvorada, e nós tínhamos o telefone da (República) Dominicana, o João falou com ela nesse telefone", afirmou Mônica, acrescentando que Dilma falou com o marqueteiro.

"Fomos avisados que tinha mandado de prisão, foi visto o mandado de prisão assinado em cima da mesa de alguém na Polícia Federal", afirmou a empresária em sua delação. Já Santana disse que "deduziu" sobre as prisão quando leu uma mensagem cifrada de Dilma no e-mail secreto usado por ela e Mônica, mas só soube da prisão ao perceber a chegada dos agentes.

Cardozo afirmou ter provas de que ele mesmo só ficou sabendo das prisões no dia da operação da Polícia Federal, quando os agentes já estavam em campo cumprindo os mandados de prisão. "Se procurar tem uma ligação do Leandro Daiello (superintendente da PF) no meu telefone", disse ele.

Indignação

Segundo Cardozo, existe um protocolo pelo qual a PF informa o ministro da Justiça em caso de operações com alvos políticos ou sensíveis ao governo e, por sua vez, o ministro avisa ao presidente. O ex-ministro negou que tenha praticado vazamento e defendeu Dilma. "Em hipótese alguma ela ficou sabendo antes de eu ter avisado", afirmou.

Cardozo, que estava até anteontem na Inglaterra, onde participou de palestra ao lado do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância, disse que conversou algumas vezes com Dilma por telefone depois que as delações de Mônica e se tornaram públicas. Segundo ele, a presidente cassada está indignada com o teor dos depoimentos. "Ela me perguntou: 'que história é essa?' Estava indignada", disse o ex-ministro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo afirmou que o governo do presidente Michel Temer (PMDB) "é um desastre em todos os sentidos". A declaração foi dada em entrevista à Folha de São Paulo, divulgada nesta quarta-feira (4). Fazendo uma avaliação dos primeiros sete meses da administração peemedebista, Cardozo não poupou críticas e ponderou que a gestão abriga diversos ministros investigados por corrupção. 

"Um governo de homens brancos, sem mulheres, conservadores e que seguiu uma linha política que não foi a que elegeu a chapa Dilma-Temer”, afirmou o hoje procurador de São Paulo. “É incrível que as pessoas tenham vendido a ilusão para a sociedade de que um governo com essa composição, com essas características, não seria atingido por acusações de corrupção no seu curso... Vários acusados estão exercendo cargo ministerial”, acrescentou.

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Na entrevista ao periódico, Cardozo também reforça a tese de que o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância, teve um papel fundamental no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). 

“Embora afirme que o juiz Sérgio Moro tem um papel importante no combate à corrupção, há decisões dele que podem ser objeto de uma profunda crítica, especialmente quando elas interferem também nos processos políticos”, salientou, lembrando da divulgação dos áudios com conversas entre Dilma e o ex-presidente Lula (PT). “Um dos fatores que impulsionou e propulsionou o impeachment foi a divulgação desses áudios feita em total desconformidade com aquilo que a legislação brasileira determina”, complementou. 

Ao jornal, Cardozo ainda comenta sobre o futuro do PT e diz que o Lula é um “nome forte” para a sucessão em 2018.

O advogado de defesa da presidente afastada Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, se mostrou surpreso na tarde desta sexta-feira, 26, com a posição da jurista Janaína Paschoal de não aderir a um acordo feito entre a defesa e a acusação de Dilma. Ele tentou fazer um acordo com senadores pró-impeachment para evitar a impugnação de testemunhas que prestariam depoimentos durante o julgamento desta sexta-feira.

Assim que o julgamento foi retomado após o almoço, Cardozo anunciou que, além de abrir mão do depoimento de ex-secretária de Orçamento Federal Esther Dweck, ele também concordava que o economista Luiz Gonzaga Belluzzo e o professor da Uerj Ricardo Lodi fossem ouvidos apenas como informantes.

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Em troca, Cardozo tentou convencer os senadores a não apresentar um pedido de impugnação contra o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa e Geraldo Prado. Cardozo tentou articular o acordo com senadores do PSDB, como Aécio Neves e Tasso Jereissati (CE), mas a advogada de acusação, Janaína Paschoal, não concordou e avisou que vai seguir com o plano inicial.

"A minha parte no acordo, eu cumpri. E por antecedência", desabafou. "Depois de abrir mão do Belluzzo, a Janaína quer impugnar tudo. Para mim, hoje, não é importante se é testemunha ou informante. Ontem era", disse sobre Júlio Marcelo, procurador da República junto ao Tribunal de Contas da União (TCU).

A avaliação do advogado de Dilma é a de que o fato de o acordo não ter ido para a frente, no fundo, "não muda nada". A decisão cabe ao presidente do Supremo que comando o processo de impeachment no Senado, Lewandowski.

O presidente Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, deixou para segunda-feira, 6, a decisão sobre os recursos que questionam o rito do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado.

No início desta sexta-feira, 3, a expectativa era que Lewandowski se pronunciasse pelo menos sobre o pedido do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), para que fosse reduzido o número de testemunhas arroladas pela presidente afastada.

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No fim do dia, a defesa de Dilma entrou com um novo recurso contra a redução do prazo da tramitação do processo. O ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo disse que outros três questionamentos ainda serão apresentados a Lewandowski.

Na quinta-feira, 2, após uma sessão tumultuada na comissão especial do impeachment, o presidente do Supremo esteve no Senado para tomar conhecimento sobre o andamento dos trabalhos. Cabe a Lewandowski, como presidente do processo de impeachment, decidir sobre as questões de ordem levantadas durante as sessões.

Caso as partes não concordem com a decisão tomada sobre os recursos, poderão recorrer ao Supremo. Neste caso, Lewandowski não participa do julgamento no plenário.

Em 1992, durante o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello, a defesa do então presidente recorreu contra uma decisão de Sydney Sanches, que era presidente do STF.

O plenário, no entanto, indeferiu os questionamentos apresentados pela defesa, de que a comissão havia aberto prazo das alegações finais antes de concluída a produção de prova e havia se recusado a atender os pedidos de suspeição e impedimento de alguns senadores.

Após decisão do presidente da comissão especial do impeachment, Raimundo Lira (PMDB-PB), que decidiu votar os pedidos de testemunhas e inclusão de provas em bloco, o ex-advogado-geral da União, Eduardo Cardozo, abandonou a sessão em protesto e foi acompanhado pelos senadores aliados de Dilma.

A defesa preferia votar cada um dos mais de 80 requerimentos separadamente, no intuito de apresentar argumentação para cada sugestão de testemunha ou prova requerida. O objetivo era manter o requerimento que pede a inclusão da delação de Sérgio Machado e as gravações do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Anastasia já havia se manifestado contrário.

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O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) apresentou um pedido para que todos os requerimentos fossem votados em conjunto e a proposta foi aprovada pela maioria dos senadores. Os senadores aliados de Dilma tentaram reverter a situação, mas sem autorização do presidente da comissão, o advogado preferiu deixar a sessão. Segundo Cardozo, a comissão não concede à presidente afastada o seu direito legítimo de defesa.

Exaltados, os senadores aliados de Dilma também decidiram abandonar a sessão. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) chegou a confrontar diretamente Raimundo Lira antes de deixar a sala.

Recurso

Na saída, Cardozo afirmou que vai pedir uma audiência com o presidente do Supremo e do processo de impeachment, Ricardo Lewandowski, nessa sexta-feira, 3. Ele vai questionar supostas irregularidades na condução do processo e apresentar recursos.

Cardozo afirmou não saber se continuará participando das sessões, porque acredita que os parlamentares já possuem uma posição definida e que o direito de defesa não está sendo preservado.

Requerimentos

Após a saída dos senadores aliados de Dilma, a comissão indicou um defensor para poder dar continuidade à sessão. Como todos os demais senadores pertenciam à base de Temer, eles aprovaram a manifestação do relator Anastasia por unanimidade.

Anastasia recusou a inclusão da delação de Sérgio Machado no processo e também a realização de uma perícia externa para avaliar as contas presidenciais de 2015.

O ex-ministro da Justiça e da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou que a proposta de antecipar o calendário da votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff fere o direito de defesa. "Estão atingindo brutalmente o direito de defesa. Estão inclusive impedindo a produção de provas em questões centrais para a defesa", afirmou. "O que querem que a gente faça, que nos ajoelhemos?", criticando a decisão de Antonio Anastasia de não incluir na defesa os áudios do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com os ministros do governo em exercício.

Mais cedo, o presidente da Comissão Especial do Impeachment, Raimundo Lira (PMDB-PB), aceitou uma questão de ordem da senadora Simone Tebet (PMDB-MS), que encurtou os prazos do processo de impeachment em relação ao cronograma sugerido na última semana. Apesar disso, a comissão ainda não aprovou o cronograma e aguarda a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, que coordena agora o processo.

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Cardozo, que é o responsável pela defesa de Dilma, disse que ainda não está definido se a presidente afastada fará pessoalmente a sua defesa. Se o novo cronograma for aprovado, Dilma poderá ser interrogada no próximo dia 20. O ex-ministro disse ainda que vai aguardar a decisão do Supremo para entrar com recurso contra a decisão do novo cronograma. "Em uma situação de poucas horas o pisoteio do direito de defesa foi descomunal", afirmou.

O ex-ministro criticou ainda a postura do relator do processo de impeachment, Antonio Anastasia (PSDB-MG), que apresentou parecer contrário à inclusão da delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com os áudios do senador Romero Jucá (PMDB-RR) no processo. Essa é a principal aposta da defesa da presidente afastada Dilma Rousseff.

Segundo ele, a decisão e Anastasia "rasga literalmente o direito de defesa". "A situação é mais grave do que na Câmara. Se aprovarem esse parecer (do Anastasia) será a maior violência institucional promovida até hoje nesta Casa, maior do que a promovida pelo presidente afastado Eduardo Cunha", disse. "Não querem que nós tragamos as provas do processo. Querem nos impedir de produzir as provas", completou.

Cardozo disse ainda que o objetivo de "apressar a solução" confirma a tese que há desvio de poder. "Arguimos a suspensão do senador Anastasia e estão ignorando até agora. Ele não poderia proferir nada enquanto isso não fosse definido", disse. "Queremos provar que tudo isso foi uma manipulação."

Pressa

Hoje pela manhã, o ministro da Casa Civil do presidente em exercício Michel Temer, Eliseu Padilha, disse que para todas as partes envolvidas há o interesse que o processo de impeachment seja resolvido o quanto antes. "Se consultássemos cada cidadão, ele diria que quer, sim, definir logo o processo e que este período de transitoriedade do governo Temer acabe", afirmou. "Se formos perguntar ao governo afastado, por óbvio. Para nós, governo Temer, interessa, sim, que o processo seja resolvido o mais breve possível, obedecendo as regras fixadas pelo Supremo Tribunal Federal", ponderou.

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), reagiu ao pedido do ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo de solicitar a quebra de sigilo da delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Segundo Cunha Lima, este é "um movimento legítimo da defesa", que abre precedente para que a acusação solicite as gravações de conversas gravadas entre a presidente afastada Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que ela supostamente tenta obstruir a justiça ao nomeá-lo como ministro, em março.

"Queremos acesso às gravações da presidente para que fique claro que ela tentou obstruir a Justiça. Isso servirá para firmar juízo. Um juiz não decide apenas pelo o que está nos autos, ele decide pelo conjunto da obra", alegou o senador. Segundo o parlamentar, a comissão do impeachment na Casa funciona como um júri popular, que é influenciado por fatores externos divulgados pela mídia, políticos e jurídicos. "Pau que dá em chico, dá em Francisco. Se há legitimidade para a justada das gravações, faremos o mesmo."

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Questionado se os áudios de Dilma são alheios ao objeto inicial da acusação, Cunha Lima defendeu que é importante debater todas as gravações no colegiado, inclusive a delação de Sérgio Machado.

Com a solicitação das gravações de Dilma, o senador negou que o objetivo do partido seja atrapalhar o processo. "Será feito o debate para que possamos discutir esse conjunto de ações. Se fôssemos tumultuar diríamos que a defesa perdeu o prazo apresentar a defesa, que foi apresentada depois do horário, mas como não queremos tumultuar, vamos deixar isso passar", declaro.

Para o líder do PSDB, o pedido de Cardozo para afastar o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) da relatoria da comissão é uma tentativa da defesa de procrastinar o processo e já é "matéria vencida". "Antes do processo ser instaurado, eles lutavam para impedir que fosse aberto, agora que já está tramitando, querem procrastinar a tramitação", acusou.

O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, confirmou que a defesa da presidente Dilma Rousseff vai ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedir a anulação do processo de impeachment com base no desvio de finalidade das ações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Nesta quinta-feira, 5, o ministro do STF Teori Zavascki concedeu liminar afastando Cunha de seu mandato de deputado federal e, consequentemente, da presidência da Casa.

"Já estamos pedindo a anulação do processo, vamos pedir novamente. A decisão do STF é uma prova muito importante no sentido de que ele usava o cargo para finalidades estranhas ao interesse público, como aconteceu no caso do impeachment", argumentou Cardozo.

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Segundo o ministro, Cunha usou o impeachment como "desvio de poder" em benefício próprio. "Cunha ameaçou a presidente da República de que abriria o processo do impeachment se o PT não desse os votos para salvá-lo no Conselho de Ética. O que o Supremo decide hoje é exatamente a demonstração do seu modus operandi", afirmou.

O desvio de finalidade de Cunha e a consequente anulação do processo já haviam sido usados por Cardozo na peça de defesa da presidente apresentada à comissão do impeachment. Em seu parecer, apresentado nesta quarta-feira, 4, o relator Antonio Anastasia (PSDB-MG) refutou a tese de que Cunha tenha cometido qualquer desvio de finalidade. Ao chegar à comissão nesta manhã, Anastasia se recusou a falar sobre a questão.

Demora

A decisão do ministro Teori atende a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) que se baseou na alegação de que Cunha usou o cargo para interferir nas investigações da Operação Lava Jato, da qual é alvo.

O pedido da PGR foi feito em dezembro, mesmo mês em que Cunha aceitou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Governistas questionaram a demora do STF em dar encaminhamento à decisão. Os cinco meses gastos pelo ministro Teori foram os mesmos em que Cunha deu prosseguimento ao processo de impeachment de Dilma na Câmara. Hoje o caso tramita no Senado Federal. A presidente pode ser afastada já na próxima quarta-feira, 11.

Apesar do intervalo de quase seis meses, Cardozo preferiu não criticar a atuação do STF. "O Judiciário decide no tempo em que acha que deve decidir, o importante é decidir. E, hoje, ficou evidenciado por uma decisão judicial aquilo que já falávamos há muito tempo", disse.

O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, criticou nesta sexta-feira, 29, o que chamou de "precipitação e açodamento" do processo de impeachment antes mesmo das contas do governo em 2015 serem analisadas pelo Tribunal de Contas da União. Durante apresentação na Comissão Especial do Impeachment do Senado, ele voltou a dizer que os decretos de suplementação orçamentária questionados no processo estão de acordo com a legislação vigente.

Ele repetiu os argumentos elencados mais cedo na comissão pelo Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, para defender o uso dos instrumentos questionados no ano passado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). "Não há ilegalidade nenhuma. Diversos governos anteriores fizeram isso (emitiram os decretos) e o TCU nunca havia obstado isso", afirmou.

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O advogado-geral lembrou que, quando TCU mudou o entendimento, o governo deixou de emitir novos decretos. "Ora, existe má-fé retroativa? Quer se punir a presidente por algo que era admitido. Onde está o dolo? É como mudar agora a velocidade permitida de uma estrada e querer condenar os motoristas que passaram por lá no ano passado", argumentou.

Para Cardozo, não houve atentado à Constituição nos decretos, sendo que o governo até mesmo teria cumprido a meta fiscal do ano passado. "Meta não se estabelece aleatoriamente, tem prazo. A meta é anual. Não tem cabimento dizer que o governo descumpriu parcialmente a meta. Onde está o crime?", questionou.

O advogado-geral também repetiu argumentos citados mais cedo pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, de que as chamadas "pedaladas fiscais" no atraso de pagamento de subvenções pelo Tesouro no crédito agrícola não estariam em desacordo com a legislação. "Não há ilícito, não se trata de operações de crédito", reforçou.

Anastasia

Cardozo disse que a defesa da presidente Dilma Rousseff irá requerer ainda nesta sexta-feira, 29, a suspeição regimental de Antonio Anastasia (PSDB-MG) como relator do processo de admissão do impeachment na Comissão Especial do Senado.

"Um dos autores da peça do impedimento, Miguel Reale, é filiado ao PSDB. Além disso, outra autora, Janaína Paschoal teria sido contratada pelo PSDB para prestar consultoria ao partido sobre a legislação do impeachment. Há suspeição objetiva de Anastasia", argumentou.

A presidente da República, Dilma Rousseff, está reunida na manhã deste domingo (27) com o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, e com o assessor geral da Presidência, Gilles Azevedo.

Os dois passaram em frente ao Palácio do Jaburu, onde o vice-presidente Michel Temer recebe o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e seguiram em direção ao Palácio da Alvorada, uma das residências oficiais da Presidência da República. A distância dos dois palácios é de cerca de um quilômetro.

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Cardozo é o responsável pela defesa da presidente Dilma no processo de impeachment. Neste sábado, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB), indicado para presidir a comissão especial do impeachment no Senado, anunciou que vai dar espaço pra Cardozo fazer, logo na primeira fase, a defesa da presidente Dilma. Mas antes, Raimundo Lira quer ouvir os juristas que apresentaram o pedido de impeachment.

A decisão foi tomada depois de ouvir técnicos especialistas no regimento do Senado e em direito constitucional. Os senadores indicados para compor a comissão devem ser eleitos na segunda-feira (26) e a comissão deve ser instalada na terça-feira (27).

O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quarta-feira, 20, que "acha uma pena" o adiamento do julgamento sobre a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que a demora não ajuda na resolução da crise para o governo.

"Acho que o problema está dado no momento em que a nomeação foi sustada, a meu ver sem razão jurídica para isso. Nós gostaríamos muito que isso tivesse sido julgado antes. Para o governo, é uma pena, porque a presença do presidente Lula é de grande importância", afirmou, após deixar o plenário do STF.

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Com o adiamento, a Corte pode não julgar a situação do ex-presidente antes da definição do Senado sobre um eventual afastamento da presidente Dilma Rousseff em razão do avanço do processo de impeachment da petista no Congresso. A definição por parte dos senadores sobre a instauração do processo de impedimento da presidente, que pode afastá-la do cargo, deve ocorrer em maio.

O advogado de Lula, Cristiano Zanin, se disse surpreso mas resignado com a decisão do STF. "O Supremo é que tem de decidir o momento certo. O adiamento não é prejudicial para ele (Lula). Essa análise é a presidente (Dilma) quem tem que fazer", disse.

O advogado voltou a negar que a nomeação do ex-presidente tenha tido o objetivo de retirar as investigações na Lava Jato contra ele da incumbência do juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Zanin, no entanto, evitou falar em "excesso de calma" do Supremo em analisar o caso.

O adiamento foi solicitado pelo ministro Teori Zavascki, que argumentou ser relator de duas ações que também questionam a posse do ex-presidente na Casa Civil. Na sessão da tarde desta quarta, só estavam em pauta dois mandados de segurança sobre o tema de relatoria do ministro Gilmar Mendes. A defesa de Lula pleiteou no Supremo que Teori assumisse a relatoria de todas as ações.

O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, defendeu, nesta quarta-feira, 20, o direito da presidente Dilma Rousseff de falar sobre o impeachment em viagem que fará a Nova York, durante a sessão de abertura de um evento sobre meio ambiente na Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o ministro, a decisão da presidente é legítima, apesar das críticas de que ela tem sido alvo desde o anúncio da viagem.

Em seu discurso de cinco minutos, Dilma planeja denunciar que é vítima de um golpe por parte da Câmara dos Deputados, que admitiu no último domingo um processo de impedimento contra ela. "A Presidente da República é Chefe de governo e de Estado e, como tal, ela tem direito de representar o País e se pronunciar dentro daquilo que acha que deve fazer. Ela está no exercício pleno do seu mandato e como tal deve agir", defendeu Cardozo.

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A hipótese de Dilma usar a tribuna da ONU para falar sobre o assunto causou reação por parte da oposição. Em nota, o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), classificou os planos da presidente como "desespero" e o líder da legenda na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), chamou a decisão de "grave erro". Cardozo minimizou: "Não há nada que a oposição não critique, é natural da atividade oposicionista", disse.

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também criticaram a possibilidade de Dilma usar a viagem para se defender do processo de impeachment. Gilmar Mendes e o decano da Corte, Celso de Mello, afirmaram que o processo que pede o seu afastamento no Congresso não pode ser chamado de golpe porque está correndo dentro da normalidade jurídica.

A viagem de Dilma está marcada para amanhã, às 9h30. O vice-presidente Michel Temer assumirá o cargo interinamente, mas, até o início da tarde, a sua equipe não tinha sido avisada da viagem de Dilma. Na agenda de Dilma nos Estados Unidos, além da reunião na ONU, a partir das 8h30 de sexta-feira (22), estão previstas pelo menos duas entrevistas, na sexta-feira e no sábado.

O advogado-geral da União, Eduardo Cardozo, participou na manhã desta quarta-feira, 20, de reunião com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e senadores para apresentar argumentos contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ele afirmou que é correto que a defesa da presidente seja apresentada já na primeira fase do processo, quando os senadores julgam a instauração do impeachment, decisão que pode afastar a presidente. Mas não afirmou que a decisão já esteja tomada.

"Pelo que entendi, haverá um momento para apresentar a defesa já na comissão. Foi o que me foi dito e eu acredito que seja o correto. Vamos apresentar a defesa da presidente na comissão e, depois, no plenário. Nas duas vezes antes da votação", afirmou. Há contestação por parte da oposição de que não há previsão para que a presidente se defenda nesta fase do processo, de forma que a AGU fosse acionada apenas nas discussões do processo que antecedem o julgamento.

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Cardozo elogiou a reunião e a oportunidade de falar com os senadores sobre os argumentos contrários ao impeachment da presidente. "Foi uma reunião importante para que pudéssemos esclarecer vários pontos e trazer a demonstração que, em nenhum momento, houve crime de responsabilidade por parte da presidente", disse.

O advogado-geral também explicou que a defesa a ser apresentada no Senado será mais robusta do que a que levou para a Câmara dos Deputados. "O próprio Supremo reconheceu que o rito no Senado será mais rígido do que na Câmara, que se tratava apenas de uma mera aceitação", disse. Segundo ele, serão incorporados à defesa argumentos que demonstram a "incongruência" e as  "debilidades" do relatório favorável ao impeachment, apresentado pelo deputado Jovair Arantes (PDT-GO).

Cardozo não quis falar se continuará a defender a presidente caso o processo de impeachment seja instaurado no Senado e Dilma seja afastada por 180 dias. "Eu não vou falar sobre hipóteses, eu considero que nós vamos conseguir demonstrar que não houve crime de responsabilidade", arrematou.

Escalado para ser o porta-voz do governo após a aprovação do impeachment pela Câmara, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou, já na madrugada desta segunda-feira (18) que a presidente Dilma Rousseff não irá renunciar ao cargo e que o governo vai continuar lutando para derrotar o processo no Senado.

"A decisão não abaterá a presidente. Ela vai continuar lutando. Se alguém imagina que ela se curvará com o resultado de hoje (ontem), se engana. Ela não se acovardou", afirmou.

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Cardozo disse ainda que Dilma vai fazer um pronunciamento nesta segunda-feira e que, apesar do resultado negativo, a presidente estava "serena", pois é uma mulher "muito forte", "que sabe lutar a boa luta".

O advogado-geral da União repetiu diversas vezes que o impeachment foi um processo político e que a aprovação da admissibilidade na Câmara foi recebida pelo governo com "tristeza e indignação". Para ele, se o Senado também optar por afastar a presidente, haverá uma "ruptura com a Constituição" e estará instaurado o "golpe de abril de 2016".

Cardozo também voltou a afirmar que não há base legal para o afastamento e que o governo deve recorrer novamente ao Supremo Tribunal Federal (STF), "no momento oportuno". Segundo ele, apesar de não ser possível discutir o mérito da questão na Corte, o Planalto poderá questionar "a falta de justa causa para o pedido". "Aqueles que acompanharam, sabem que o pedido não tem procedência", disse.

Seguindo a linha de Dilma nas últimas semanas, Cardozo também fez duras criticas ao presidente da Câmara (PMDB-RJ), Eduardo Cunha, citando-o nominalmente, e ao vice-presidente Michel Temer (PMDB), mas sem falar seu nome. Sobre o vice, Cardozo disse que a presidente vai lutar não só pelo seu mandato, mas para "derrotar aqueles que querem construir um governo sem legitimidade, governo que não vem das urnas". Para o ministro, "nenhum governo que nasce por ruptura institucional tem legitimidade" e "nenhum governo conseguirá pacificar o País dentro destas condições".

Ao se referir a Cunha, o ministro lembrou que ele "é réu denunciado pelo Supremo Tribunal Federal", "acusado de graves delitos" e que apressou o impeachment de Dilma por puro "ato de vingança". Denunciou ainda que Cunha está "usando seu poder de presidente da Câmara para não ser cassado" e a prova disso é que o seu processo na Casa "se arrasta" e encontra barreiras "intransponíveis". Ele disse ainda que Dilma é "uma vítima" hoje de uma "ação orquestrada" em que Cunha teve "papel preponderante".

Senado

O advogado-geral da União defendeu ainda que o processo do impeachment vai começar a ser julgado, de fato, agora no Senado e disse que o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), não deve tomar nenhuma decisão que descumpra a lei, pois tem demonstrado "isenção" sobre o assunto.

Cardozo negou que o governo esteja discutindo a possibilidade de convocar eleições gerais após a aprovação do impeachment, mas disse que a presidente estava aberta ao diálogo com todos os setores da sociedade que debatam soluções dentro da legalidade democrática.

Questionado se o governo havia perdido a votação na Câmara por conta de "traições" de deputados, ele disse que sim. "Várias", afirmou, sem citar nomes. Para ele não houve erro do governo ao traçar a estratégia para barrar o impeachment, porque muitos deputados mudaram de ideia na última hora. Ele afirmou, no entanto, que se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tivesse conseguido assumir a Casa Civil, poderia ter ajudado mais o governo nessa missão.

O ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, afirmou nesta sexta-feira, 15, no plenário da Câmara dos Deputados, que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que será votado no domingo, 17, é "golpe". Sem citar o vice-presidente Michel Temer, o ministro afirmou que qualquer governo que emergir desse processo "não terá legitimidade".

Em seu discurso em defesa de Dilma no plenário, Cardozo sustentou que a presidente não cometeu crime de responsabilidade fiscal com as chamadas "pedaladas fiscais" (atraso no repasse de recursos do Tesouro Nacional a bancos públicos para pagamento de programas sociais) e edição de decretos para abertura de crédito suplementares - fatos que embasaram o pedido de impeachment da petista.

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O ministro-chefe da AGU argumentou que mais de 20 órgãos defenderam a edição dos decretos de créditos suplementares. Segundo ele, o próprio Tribunal de Contas da União (TCU), que condenou a edição dos decretos neste ano, já pediu ao governo que editasse decreto de suplementação orçamentária para o órgão. Além disso, citou que a Corte aprovou, no passado, contas de outros governos que também editaram esses decretos.

Sobre as pedaladas fiscais, José Eduardo Cardozo sustentou que não houve operação de crédito no atraso do repasse dos recursos, pois não houve pagamento de juros. De acordo com ele, tratou-se apenas de um atraso no pagamento de um "contrato de serviço" entre a União e os bancos públicos. "Operação de crédito ocorre quando alguém empresa dinheiro e se paga juros, o que não houve nesse caso", disse.

O ministro argumentou que, mesmo considerando a hipótese de que as pedaladas fiscais feriram a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), não houve qualquer ato direto de Dilma. Ele lembrou que a legislação estabelece, por exemplo, que o Plano Safra (cujos recursos para pagamentos tiveram atraso no repasse) é gerido pelo ministro da Fazenda. "A presidente não tem poder de gestão", afirmou.

Cardozo disse que "não há nenhum nexo" entre a edição dos decretos e as pedaladas fiscais com a meta fiscal do governo de 2015. "As metas fiscais não foram ofendidas, porque essa Casa alterou a meta e o TCU deixou claro que alterar a meta é algo necessário para transparência de gestão", afirmou o ministro, lembrando que o Executivo teve de alterar a meta em razão do contingenciamento que fez naquele ano.

O ministro-chefe da AGU afirmou ainda que a presidente Dilma não tem nem nenhuma investigação contra ela. "Impeachment nessas condições é golpe", afirmou. Citando o ex-presidente da Câmara da época da Constituinte e um dos fundadores do PMDB, Ulysses Guimarães, Cardozo disse que, se o Parlamento aprovar impeachment nessas condições, "o povo será colocado na periferia da história".

"Quero concluir dizendo que é evidente, diante desses fatos, não há base para o impeachment. Se esta Casa vier a seguir outro caminho, revela descompromisso quando se rompeu com a ditadura no Brasil. Qualquer governo que surgir não terá legitimidade", afirmou José Eduardo Cardozo, que concluiu sua fala aos gritos de "não vai ter golpe" por parte de deputados governistas.

Ouça um trecho do discurso:

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O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, minimizou a derrota sofrida pelo governo no Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta quinta-feira, 14, e afirmou que a presidente Dilma Rousseff pode voltar a recorrer à Corte para tentar barrar o avanço do processo de impeachment no Congresso.

"Uma das questões que em tese poderá ser discutida é a questão da existência ou não de justa causa para a abertura do processo de impeachment", disse Cardozo.

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Questionado se poderia haver ações antes de domingo, 17, quando está marcada a votação no plenário da Câmara, Cardozo afirmou que o governo vai avaliar o "momento certo" para voltar a recorrer à Corte.

Para o ministro da AGU, a decisão do Supremo teve um aspecto positivo porque definiu que o plenário da Câmara só poderá se referir aos dois pontos incluídos na denúncia inicial - a acusação sobre os decretos orçamentários e as pedaladas fiscais. "Se por um lado não conseguimos a liminar, por outro conseguimos a delimitação clara do objeto do impeachment", disse.

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