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Candidato à Prefeitura de João Pessoa, o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB) protocolou nesta quinta-feira, 2, sua renúncia como membro suplente do Conselho de Ética da Câmara. O peemedebista era um dos principais defensores do deputado e presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que terá de enfrentar na próxima semana um pedido de cassação do mandato.

Manoel Júnior, que já se fazia ausente nas últimas reuniões do conselho, não deu maiores explicações no pedido de saída do colegiado. Segundo fontes, o peemedebista estava preocupado com sua campanha eleitoral e incomodado com os efeitos sobre o eleitorado da associação de sua imagem com as defesas de Cunha. O substituto ainda não foi indicado.

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Desde que o processo por quebra de decoro parlamentar contra Cunha foi instaurado, há 7 meses, o colegiado passou por 15 mudanças (11 entre titulares e 4 entre suplentes). As alterações de composição são vistas como manobras para tirar do conselho membros que possam votar contra o deputado afastado.

O parecer que pede a cassação de Cunha foi apresentado ontem ao colegiado. Em 86 páginas, o relator Marcos Rogério (DEM-RO) diz que há provas fartas que atestam que Cunha mentiu à CPI da Petrobras no ano passado ao negar que tivesse contas no exterior. Rogério aponta a prática de condutas graves e ilícitas do peemedebista, incluindo o recebimento de propina do esquema de corrupção na Petrobras.

Os aliados de Cunha pediram vista do parecer e o pedido de cassação será discutido na próxima terça-feira, 7. Como há 17 deputados inscritos para o debate e ainda poderá haver inscrição de líderes e não-membros para falar, há risco de o relatório não ser votado no mesmo dia. Os membros do conselho podem falar por até 10 minutos, os não-membros por 5 minutos e os líderes partidários podem falar por um tempo calculado de acordo com o tamanho da bancada.

Membro do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Federal, o deputado Betinho Gomes analisou o relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que pede a cassação do mandato do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como “demolidor”. O parecer do democrata foi apresentado ao colegiado nessa quarta-feira (1º). Para Gomes, desconstrói os argumentos da defesa do peemedebista que é acusado de ter mentido aos colegas sobre contas que detém no exterior. 

"É um parecer que desconstrói ponto a ponto a farsa que Eduardo Cunha tentou criar para dizer que não tinha contas no exterior. O Conselho de Ética está diante de um relatório demolidor do ponto de vista técnico. É um texto denso e fundamentado e que leva o colegiado a um só caminho: cassar o mandato do peemedebista", salientou o tucano.

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Sob a ótica de Betinho Gomes, o relatório de Marcos Rogério provou que Cunha é “o real beneficiário” das contas bancárias no exterior conforme documentação que já havia sido enviada pelo Ministério Público da Suíça.

"O parecer desmonta o argumento da defesa do deputado afastado de que seu cliente, pela legislação brasileira, não estaria obrigado a declarar em nosso país os chamados trustes. Nós já havíamos alertado que o Banco Central e a própria Receita Federal obrigavam tais declarações. Venceu a tese da legalidade", observou o deputado, que também é vice-líder do PSDB na Câmara.

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O advogado do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Marcelo Nobre, deixou o Conselho de Ética na tarde desta quarta, 1º, acusando o relator Marcos Rogério (DEM-RO) de "manobrar" no parecer. Segundo o advogado, Rogério não encontrou provas materiais de que Cunha tem contas no exterior. "Se espremer as 90 páginas do voto do relator, você só encontrará manobras", afirmou.

Nobre disse que vai aguardar a votação do parecer para decidir quais recursos vai impetrar. Ele disse ter "esperanças" de que os conselheiros não entrem na "manobra" do relator porque não haveria, em sua avaliação, nem elementos para uma punição leve. "Tinha de ser o arquivamento. É lógico que a cassação foi forte", comentou.

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O advogado disse que o voto de Rogério foi "emocional" e não "casa com a razão". Nobre disse que o colegiado não tem poder de investigação, portanto não poderia provar as contas bancárias no exterior. "Não se pode confundir essa conta de truste com o nome dele", insistiu.

Após quatro horas de sessão no Conselho de Ética, o relator do processo contra o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Marcos Rogério (DEM-RO) concluiu a leitura de seu relatório e de seu voto pela cassação do deputado. Rogério destacou não ser agradável, para ele, votar pela perda do mandato de um colega e chegou a tecer elogios a Cunha na conclusão do relatório. Rogério se emocionou, com um princípio de choro, e recebeu palmas tímidas enquanto terminava a leitura. Algumas pessoas carregavam placas e gritavam "Fora Cunha" no fundo da sala.

"Não é fácil nem prazeroso para um parlamentar concluir pela cassação do mandato de um colega. Mas o dever ético e o compromisso firmado com o povo de meu Estado e com toda a sociedade brasileira não permitem afastar da conclusão de que houve por parte do representado a quebra do decoro parlamentar", diz o voto de Rogério. "Por todo o exposto voto pela cassação do mandato do deputado Eduardo Cosentino Cunha tendo em vista a prática de conduta tipificada no artigo 4º, inciso V, do Código de Ética e Decoro Parlamentar, pelas fartas razões contidas no presente voto."

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Na conclusão, que representa 10 páginas de um total de 86 do relatório, Rogério chama Cunha de um "notável talento da política brasileira", mas que sua história, valores e talentos não foram suficientes para "alçá-lo aos píncaros do poder". O relator contextualiza ainda a extensão da corrupção no País. "A quadra vivida pelo representado é pedagógica. Não é única. É sintomática. Mais que isso: é sistêmica e sistemática", diz o texto. "Não se olvida que tenha ocorrido ao representado o que tem sido infelizmente comum acontecer com tantos homens públicos, os quais, mesmo sendo quadros de grande envergadura e valor, não conseguem se preservar isentos do voraz sistema corrupto que se instalou na política brasileira", complementou em outro trecho.

Rogério conclui que Cunha praticou "omissão deliberada, seguida de requinte e tecnicidade buscadas com o fito de esconder práticas ilícitas diretamente ligadas ao representado". "A movimentação milionária de recursos pelo representado restou provada ao longo da instrução, sem a mínima demonstração de que não tenha tido as origens ilícitas." O relator volta a citar que há "provas robustas" e "evidências documentais", como extratos bancários e declarações de autoridades e bancos estrangeiros, além do depoimentos de ao menos oito pessoas nas investigações da Lava Jato que demonstram o recebimento de propinas por Cunha no esquema de corrupção da Petrobras.

Ele alega que a defesa do peemedebista não conseguiu apresentar provas convincentes para corroborar sua tese. Rogério volta a criticar as tentativa de Cunha e de seus aliados de protelarem o processo no Conselho de Ética. "O jogo de palavras utilizado durante a instrução processual não teve o condão de afastar as provas coligidas aos autos. (...) Ainda que não houvesse a robustez de provas, a culpa do representado se mostrou patente também pelas evasivas e pelas tentativas de afastar-se do objeto da apuração. O titular de um mandato eletivo não pode se ocultar sob as sombras de dúvidas por ele mesmo criadas, sendo seu o dever de espancar tais dúvidas e demonstrar sua pureza."

Rogério chega a ironizar a argumentação da defesa de Cunha de que o parlamentar teria constituído seu patrimônio através da operação de uma empresa exportadora de carne. "Não há registro da empresa que ele teria constituído na década de 80, não sobrou uma latinha de carne, sequer um rótulo; seu saldo bancário na Suíça continuou subindo radicalmente nos anos 2000, apesar das atividades da suposta empresa de exportação já terem terminado há muito tempo", diz o documento ao concluir que Cunha mentiu "deliberadamente" à CPI da Petrobras quando disse não ter recebido qualquer vantagem indevida.

"Parece claro que o representado desvirtuou o uso do cargo de deputado federal, utilizando-o com o propósito de achacar particulares, criando dificuldades para, posteriormente, vender facilidades."

Decoro

O relatório de Rogério destaca que o processo por quebra de decoro é distinto de um processo penal. "Como já assentado, os princípios que norteiam o processo penal são distintos daqueles que dão suporte e direção ao processo disciplinar, aplicado aos agentes públicos em geral", diz ao citar o Estatuto do Servidor Público Federal que considera infrações atos ligados à lealdade, probidade, transparência e lisura. "O cometimento de ações impróprias por congressistas produz, como efeito colateral, um dano à imagem social desfrutada pelo Poder Legislativo. A instituição prejudica-se em razão dos atos dos respectivos membros."

O texto do relatório de Rogério lembra que os casos recentes de cassação na Câmara, dos ex-deputados André Vargas, no caso Labogen, e de Luiz Argolo, envolvido em recebimento de propina através do doleiro Alberto Youssef, mostram-se decisões corretas do colegiado. Os dois acabaram condenados nos processos judiciais que se seguiram.

Pedidos de vista

Como anunciaram logo no início da sessão, integrantes da chamada "tropa de choque" de Cunha pediram vista ao relatório de Marcos Rogério, em mais uma medida protelatória do processo que pode levar à cassação do presidente afastado da Câmara. Entre os aliados que pediriam vista estavam Carlos Marun (PMDB-MS) e João Carlos Bacelar (PTN-BA).

O relator do processo por quebra de decoro contra o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Marcos Rogério (DEM-RO), disse, na leitura de seu relatório ao Conselho de Ética, que o parlamentar peemedebista mentiu à Casa, na CPI da Petrobras, quando disse não ter conta no exterior. "O deputado Eduardo Cunha mentiu à CPI, pois soube e teve pleno conhecimento de que ele era o verdadeiro proprietário do dinheiro", afirmou.

Rogério se refere tanto ao truste, que considera apenas um mecanismo para Cunha ocultar e blindar patrimônio do peemedebista no exterior, como às quatro contas no banco suíço Julius Baer ligadas ao deputado.

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"Fica clara a existência de uma engenharia financeira montada para permitir a fruição de patrimônio pelo representado sem que haja gastos e contas oficialmente em seu nome. Tal contexto fica ainda mais evidente pelo fato de o representado ser considerado o garantidor da conta individual de Claudia Cruz (na Suíça). Afinal, o patrimônio, como afirmado pelo próprio banco (Julius Baer), é todo dele e não da esposa."

Rogério citou o recebimento de vantagens indevidas por Cunha e disse que delatores da Lava Jato comprovaram transferências bancárias de dinheiro oriundo de propina ao parlamentar. O relator destacou ainda que, segundo dados obtidos da Suíça, as contas tem uma relação "indissociável" com Cunha. "As contas são efetivamente de Cunha."

Em relação ao truste, Rogério lembrou também que a própria constituição suíça diz que o beneficiário deve ser considerado proprietário dos bens nas contas do truste quando a figura do truste é revogável. "Fica evidente que era Eduardo Cunha o titular da conta do Julius Baer e não o truste."

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), se encontrou nesta quarta-feira, 1º, com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para denunciar novas manobras postas em prática na Casa para favorecer o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Nesta tarde, o colegiado está reunido para conhecer o teor do relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que deve pedir a cassação de Cunha por quebra de decoro parlamentar.

Araújo disse a Janot que, mesmo afastado do mandato e do cargo, o peemedebista continua exercendo influência sobre os colegas. Pouco antes de viajar ao Chile, o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), encaminhou uma consulta à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que pode mudar o rito de votação do processo disciplinar no plenário. Em ato simultâneo, o presidente do conselho foi notificado a responder a denúncias que, se forem instauradas no colegiado, podem tirá-lo da votação do parecer contra Cunha.

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"Embora afastado, seus tentáculos continuam na Casa, mandando de todos os jeitos, sufocando o conselho", reclamou Araújo. O presidente do colegiado disse que fez um apelo a Janot. "Eu disse: só tem o senhor e o Papa para me queixar. Aí ele disse para eu ficar com o Papa", contou. Segundo Araújo, Janot recebeu os documentos e se limitou a dizer que está acompanhando os últimos acontecimentos.

Araújo foi acompanhado do vice-presidente do conselho, deputado Sandro Alex (PSD-PR). Ele também pediu encontro com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato. "Espero que alguma coisa aconteça", afirmou.

Às vésperas do processo por quebra de decoro parlamentar do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), enviou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa uma consulta que pode mudar o destino do peemedebista. Pouco antes de viajar ao Chile, Maranhão enviou quatro perguntas à CCJ sobre a votação do processo disciplinar no plenário.

Na consulta 17/2016, Maranhão faz as seguintes perguntas: se deve ser votado em plenário um projeto de resolução ou parecer; se é possível fazer emendas em plenário; se essas emendas podem prejudicar o representado; e se no caso de rejeição pelo plenário do projeto de resolução, é preciso deliberar sobre a proposta original da representação ou se ela é considerada prejudicada.

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O presidente da CCJ, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), indicou o deputado Arthur Lira (PP-AL) para ser o relator da consulta. Ambos são considerados aliados de Cunha na Casa.

Hoje, o relator Marcos Rogério (DEM-RO) entregou o parecer final que deve pedir a perda do mandato de Cunha por ter mentido à CPI da Petrobras no ano passado, ao negar possuir contas no exterior. O relator não revelou o conteúdo do documento de 84 páginas e o relatório será apresentado formalmente amanhã aos membros do Conselho de Ética.

O deputado e presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rebateu na tarde desta terça-feira, 31, a acusação do presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), de que ele continua influenciando a Casa, mesmo distante da atividade legislativa. Durante o ato de entrega do parecer do relator Marcos Rogério (DEM-RO) sobre o processo disciplinar contra Cunha, Araújo foi notificado sobre a existência de cinco representações contra ele sob análise da Corregedoria da Câmara e acusou o peemedebista de operar para tirá-lo da presidência do conselho, de forma que ele não vote o parecer que deverá pedir sua cassação.

"Estou afastado e esse ato não é meu. Assim como desconheço as razões das representações, não conheço os seus supostos adversários políticos. Em vez de procurar culpados, deveria responder aos atos denunciados", disse Cunha por meio de sua assessoria.

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Os pedidos de investigação contra Araújo são de políticos do interior da Bahia, adversários locais dele. Araújo tem cinco dias úteis para se defender das denúncias - que versam desde o uso político de uma rádio local até recebimento de R$ 75 mil de um deputado estadual. Após esse prazo, a Corregedoria da Casa formulará um parecer pela continuidade ou não da representação. Caberá à Mesa Diretora - comandada em sua maioria por aliados de Cunha - decidir se o caso será encaminhado ao Conselho de Ética. Se as representações forem instauradas no conselho, Araújo é automaticamente afastado do colegiado.

Cunha rebateu as críticas de que tem manobrado para retardar seu processo. "Quero celeridade no processo e isso não afeta em nada o andamento. Pode, quando muito, afetar a ele (Araújo) que terá de se explicar e responder às denúncias", emendou o deputado afastado.

A ação foi vista por Araújo como mais uma ação do grupo de Cunha para tirá-lo da votação do parecer contra o peemedebista e garantir assim votos suficientes para enterrar o processo por quebra de decoro. Na atual circunstância, se a deputada Tia Eron (PRB-BA) votar pela cassação do mandato, o voto de Araújo será utilizado para desempatar o placar mais uma vez. "Eduardo Cunha foi afastado, mas tudo leva a crer que ele continua manejando seus tentáculos nesta Casa. Não vamos ficar intimidados com as manobras de Eduardo Cunha", declarou Araújo mais cedo.

O deputado federal Marcos Rogério (DEM-RO) entregou, nesta terça-feira (31), ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar o parecer que deve recomendar a cassação do presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O relatório, acompanhado pelo voto do parlamentar, foi entregue ao presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA). O texto é finalizado após quase seis meses, desde que as investigações contra Cunha iniciaram. O peemedebista já está afastado das funções legislativas desde o último dia 5.

Para evitar uma possível nulidade do processo, Marcos Rogério entregou o relatório lacrado por volta das 11h34. Cunha é acusado de ter mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, quando negou a existência de contas no exterior em seu nome. A ação contra o peemedebista foi impetrada pela Rede Sustentabilidade e o PSOL.  

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Ainda neste sentido, o relator excluiu todas as acusações de que Eduardo Cunha teria sido beneficiário do esquema da Lava Jato, recebendo propinas de contratos firmados com a Petrobras. 

Com o documento em mãos, José Carlos Araújo tem o prazo de 24 horas para a convocação de uma reunião para sua leitura do documento, o que deve acontecer nesta quarta (1º) ou na quinta (2). A estimativa é que o relatório seja votado no dia 9 de junho. Depois da votação, o parecer segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, em seguida, segue para a análise no Plenário. Eduardo Cunha perderá o mandato se 257 deputados federais endossarem o parecer.

Desde que iniciou a tramitação do processo Cunha tem afirmado ser inocente e que não mentiu para a CPI da Petrobras, já que, segundo ele, o montante no exterior se trata de um truste e não de uma conta não declarada. Por meio da assessoria, o presidente da Câmara já afirmou que pretende recorrer na CCJ. 

Às vésperas da entrega do relatório final sobre o processo por quebra de decoro parlamentar do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o relator Marcos Rogério (DEM-RO) vem sendo pressionado por aliados do peemedebista para propor uma punição mais branda. Rogério sinalizou a disposição de pedir a cassação do mandato, mas a "tropa de choque" alega que a medida extrema resultaria em uma série de recursos e, por consequência, o prolongamento do processo.

A alternativa proposta pelo grupo de Cunha é que o deputado afastado seja punido apenas com a perda de prerrogativas, ou seja, deixe definitivamente o cargo de presidente da Câmara. Desta forma, se resolveria a questão da falta de comando do presidente interino Waldir Maranhão (PP-MA) com a convocação de nova eleição para a Mesa Diretora. "Estou recebendo um apelo para resolver o problema da Casa", comentou.

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O relator não adiantou o conteúdo do parecer que será entregue nesta terça-feira, 31, mas avisou que vai acatar a decisão de Maranhão que limitou seu escopo à imputação aprovada no parecer prévio, de que o peemedebista teria mentido à CPI da Petrobras no ano passado sobre a existência de contas no exterior. Assim, Rogério deve se ater ao artigo 4º do Código de Ética, que versa sobre procedimentos incompatíveis com o decoro parlamentar puníveis com a perda de mandato, mais especificamente no inciso 5º (sobre omitir intencionalmente informação relevante ou prestar informação falsa nas declarações). "Minha decisão é acatar o Maranhão para não eternizar o processo", justificou.

Na sexta-feira, 27, o advogado de Cunha, Marcelo Nobre, protocolou uma petição no conselho protestando contra a intenção do relator de incluir outros objetos de investigação que não os da representação. O advogado reclamou que o relator pretendia incluir novas acusações, entre elas o recebimento de vantagens indevidas, numa "manobra" que feria o direito de defesa.

"É inaceitável que se inclua uma nova acusação nesta fase processual (após a finalização da instrução), seja por deslealdade processual, seja por absoluta ilegalidade, com o objetivo de se fabricar provas que não existem, razão pela qual requer-se que essa tentativa ilegal de inclusão de nova acusação neste momento processual seja repelida com veemência, evitando assim que esse processo venha a ser declarado nulo", diz a petição.

Parecer.

O relatório de Marcos Rogério vai incluir o conjunto das provas documentais da Operação Lava Jato encaminhadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do Banco Central, além dos depoimentos colhidos ao longo da fase de instrução. Membros do colegiado querem que a leitura do parecer se dê nesta semana para que a votação aconteça na semana seguinte, mas o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), vem resistindo à ideia.

Segundo interlocutores, Araújo teme novas intervenções dos aliados de Cunha no processo - como o pedido de afastamento do relator - e discute a possibilidade de esperar uma manifestação do STF caso o colegiado opte por entrar com recurso na Corte contra a recente decisão de Maranhão. Um mandado de segurança ainda está em análise, assim como novas conversas com o relator da Lava Jato no STF, ministro Teori Zavascki, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciando novas interferências do grupo de Cunha.

Rogério tem prontas três versões de voto sobre o caso, todos se concentrando na omissão de informação relevante. O relatório final, no entanto, pode mencionar a acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, desde que os pontos não entrem no voto do relator. "Gostaria que isso terminasse o quanto antes", desabafou Rogério.

O parecer que pode apontar o futuro do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) será entregue ao Conselho de Ética da Casa, às 11h desta terça-feira (31). Quase seis meses depois do início das investigações pelo colegiado, o relator do caso, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), concluiu o relatório, que deve ser lido ainda nesta semana, mas só deve ser votado no próximo dia 9.

O texto será entregue ao presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA). Cunha é acusado de mentir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras quando negou a existência de contas no exterior em seu nome, o que caracteriza quebra de decoro parlamentar. A partir da da entrega do parecer, Araújo deve marcar uma reunião para a sua leitura. Como o advogado de Cunha, Marcelo Nobre, não fica em Brasília e são necessárias 24 horas de antecedência para agendar uma sessão, a expectativa é que o próximo encontro do conselho ocorra na tarde de quarta-feira (1º) ou na quinta-feira (2).

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Diante de todas as medidas adotadas ao longo do processo, classificadas por parlamentares contrários ao peemedebista como manobras protelatórias de aliados de Eduardo Cunha, a votação do relatório também deve se arrastar por todo o prazo permitido. Isto significa que haverá pedido de vistas para uma análise mais aprofundada do texto de Rogério, tomando mais dois dias úteis para o início das discussões. Só depois de esgotados os debates, que podem se estender por mais de um dia, o parecer será votado e, se aprovado, será encaminhado para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Na CCJ, os 66 integrantes comandados pelo também peemedebista Osmar Serraglio (PR) só podem se debruçar sobre recursos que questionem procedimentos adotados pelo Conselho de Ética. O colegiado recursal não pode, por exemplo, deliberar sobre o mérito do relatório. Apesar disso, com quórum mínimo de 34 parlamentares, a CCJ pode acatar pedidos que provoquem uma regressão no caso. Em exemplo seria um eventual pedido do advogado Marcelo Nobre, que antecipou que recorreria, caso o relator Marcos Rogério decida incluir a acusação de vantagens indevidas.

Rogério sinalizou que se novas provas surgirem sobre o pagamento de propina a Cunha em troca de viabilizar contratos e negócios envolvendo estatais brasileiras, como a Petrobras, pode considerar os fatos no final da instrução. Caso a CCJ não acate os recursos, o processo contra Cunha segue para o plenário da Câmara que, por voto aberto, decide pela cassação ou manutenção do mandato do peemedebista.

Eduardo Cunha está afastado do mandato e da presidência da Casa desde o início do mês por decisão do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no STF, acatando um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que acusou Cunha de tentar interferir na condução das investigações da operação. No último dia 17 de maio, o Conselho ouviu as últimas testemunhas arroladas pela defesa, após oitivas com pessoas indicadas pelo próprio relator. O representado pôde se manifestar no dia 19, quando negou as acusações, reiterou que não é titular das contas no exterior e é apenas beneficiário de um truste.

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), receberá na próxima terça-feira, 31, o relatório final do processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A expectativa é que o parecer do relator Marcos Rogério (DEM-RO), que deve recomendar a cassação do mandato do peemedebista, comece a ser discutido pelo colegiado no dia seguinte.

Com boa parte do parecer pronto, Rogério estava disposto a protocolar o documento um dia antes, mas Araújo não estará em Brasília na segunda-feira, 30, para receber o parecer. O advogado Marcelo Nobre ainda não entregou a defesa final do peemedebista. O prazo da defesa termina na sexta-feira, 27.

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A partir da entrega do parecer de Rogério, o presidente do conselho pode convocar uma reunião para as 24 horas seguintes. Essa reunião será destinada à leitura, discussão e votação do parecer. O regimento prevê que qualquer conselheiro peça vista ao processo, o que adiaria a votação por dois dias úteis. A votação em si deve acontecer entre os dias 7 e 9 de junho, dependendo das manobras regimentais que os aliados de Cunha utilizarem para adiar a votação.

Cunha é acusado de ter mentido à CPI da Petrobras ao negar que tivesse contas no exterior. O relator tende a incluir a informação de que as contas encontradas na Suíça - que o deputado afirma se tratar de trusts - eram abastecidas com dinheiro recebido supostamente de vantagem indevida, o que poderia aumentar as chances de aprovação do pedido de cassação de mandato. Testemunhas investigadas na Operação Lava Jato afirmam que entregaram dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras a Cunha.

Parlamentares do PSOL protocolaram nesta quarta-feira, 25, uma reclamação constitucional no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Mesa Diretora da Câmara para suspender os gastos públicos com o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo levantamento da sigla, as despesas mensais de Cunha chegam a mais de R$ 540 mil. A legenda alega que a manutenção das prerrogativas do peemedebista é uma afronta e descumpre a decisão do STF de suspender o seu mandato. A informação de que o partido iria acionar o Supremo com essa reclamação foi antecipada pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Com a ação, a sigla quer suspender o ato da Mesa que manteve as "regalias", alegando que há falta de previsão legal e regimental para deliberação sobre o tema. O ato estabeleceu que Cunha, afastado desde o início deste mês, teria direito a salário integral de R$ 33.763,00, uso da residência oficial em Brasília, segurança pessoal, assistência médica oferecida pela Casa, carro oficial reserva e transporte aéreo da FAB. Além disso, a verba do gabinete de Cunha, com 23 secretários parlamentares, custa mais de R$ 90 mil reais para a Câmara.

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Segundo o levantamento dos deputados do PSOL, há um gasto mensal de cerca de R$ 28 mil com uma administradora da residência oficial em que Cunha vive atualmente; cerca de R$ 36 mil para pagar duas arrumadeiras, duas auxiliares de cozinha, três cozinheiros, um chefe de cozinha e quatro garçons que trabalham no local; aproximadamente R$ 60 mil para arcar com vigilantes terceirizados e R$ 217 mil no custeio de 16 agentes de polícia do Departamento da Polícia Legislativa (Depol) que protegem a casa e o deputado afastado.

Na locomoção, os contratos de quatro motoristas totalizam quase R$ 30 mil reais. Já a locação de veículos equivale a R$ 9.500. No cálculo de suprimentos da residência, seguindo a média mensal de Cunha nos primeiros meses deste ano, os parlamentares estimam um gasto de R$ 30.000 em alimentação e custeio - nos primeiros cinco meses desde ano, o presidente afastado da Câmara gastou R$ 148 mil no total. Para fechar o cálculo de R$ 541.085,63 por mês, foi incluída uma estimativa de gastos com água, luz e telefone de R$ 5 mil.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) considera que Cunha está suspenso, mas não foi cassado, e portanto deveria continuar recebendo apenas o salário de parlamentar, de R$ 33,7 mil. "Evidente que a remuneração de um deputado seria aceitável, razoável, na nossa visão legal e legítima. Mais do que isso, tudo que a gente tem para se deslocar, por exemplo, é para o exercício do mandato. Então tudo o que vai além da remuneração, do subsídio mensal, é demasia, é mordomia, é regalia, é instrumento para descumprir a decisão do Supremo", declarou.

Alencar também defende que Cunha deveria sair da residência oficial. "Ele é um presidente afastado, por que tem que ficar naquela bela mansão? Aliás, quem tinha que ficar lá é o foragido presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), mas a gente está vivendo uma situação surrealista nesse país. A Câmara atualmente tem um presidente afastado, um presidente sumido, um segundo-vice que assume já como rotina as sessões plenárias, enfim, é uma situação de anomia, esdrúxula, e o ato da mesa confirma essa situação."

A decisão da Mesa Diretora de liberar gastos "extras" ao peemedebista ocorreu após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, com o entendimento de que Cunha receberia o mesmo modelo das prerrogativas oferecidas à petista. Segundo Alencar, os gastos de Dilma também devem ser esmiuçados e averiguados, porém não precisam ser questionados na Justiça porque seguem a mesma determinação do ex-presidente Fernando Collor. No caso de Cunha, acredita o deputado, houve mudança de um entendimento da Casa.

Na reclamação constitucional, o PSOL pede liminar (decisão provisória) para suspender os privilégios e, depois, decisão definitiva do plenário para que sejam cancelados os benefícios.

O senador Telmário Mota (PDT-RR), que mais cedo protocolou uma denúncia contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR), resolveu retirar o pedido. O PDT, como partido, vai protocolar uma representação contra o peemedebista. Dessa forma, o senador pode ser punido com cassação.

"Foi um erro da assessoria, mas vamos fazer uma retificação. A representação é a peça mais adequada porque é assinada pelo presidente do partido. Além disso, tem tramitação mais célere", disse Telmário.

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A consultoria jurídica do senador ponderou que a representação é mais condizente com o caso do senador Jucá, que foi flagrado em uma gravação em que, supostamente, tenta obstruir a investigação da Lava Jato. O senador dizia ser necessário "trocar o governo" para "estancar" a operação. No novo documento, o presidente do PDT, Carlos Lupi, vai assinar a representação como representante do partido e o senador Telmário Mota como apoiador.

Denúncia e representação são duas formas distintas de se pedir o início de um processo disciplinar contra um senador. Entretanto, enquanto a representação prevê perda de mandato temporária ou definitiva, para a denúncia as penalidades são apenas advertência e censura.

Uma denúncia pode ser convertida em representação, o que pode levar à cassação, mas o processo é mais lento. Para que isso aconteça, caso a denúncia seja aceita, o relator do processo tem que entender que há indícios suficientes para pedir a perda temporária ou definitiva do mandato e pedir uma conversão. O parecer do relator precisa ser aprovado pelos demais senadores no Conselho de Ética.

Próximos passos

Antes que a denúncia passe a tramitar no Conselho de Ética do Senado, é feita uma avaliação de admissibilidade pelo presidente do colegiado, João Alberto Souza (PMDB-MA), que tem até cinco dias úteis, a contar do recebimento do processo, para aceitar ou recusar o pedido.

Caso aceita, a denúncia será analisada pelo conselho após o sorteio de um relator. Caso rejeitada, cabe recurso ao plenário do conselho.

A denúncia contra Romero Jucá (PMDB-RR) no Conselho de Ética resultou em uma troca pública de farpas com o rival regional, Telmário Mota (PDT-RR). O pedetista foi o responsável por protocolar o processo disciplinar por quebra de decoro parlamentar contra Jucá.

Na tribuna do Congresso Nacional, já exonerado do cargo de ministro do Planejamento, o senador Jucá chamou Telmário de "bandido" e "desqualificado". No Senado, ao protocolar o a denúncia, Telmário rebateu. "O Jucá pensa que todo mundo é do grupo dele. Nunca fui do grupo dele, porque sempre tive o cuidado de não andar com más companhias", disse.

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Jucá também atacou a esposa de Telmário, Suzete Macedo de Oliveira. A Justiça de Roraima pediu a prisão de Suzete e outras cinco pessoas por envolvimento no chamado "escândalo dos gafanhotos", que desviou R$ 70 milhões em convênios oriundos da União em 2002.

Telmário não negou as acusações contra a esposa e disse que ela vai responder. "Ela responde por um processo por causa do caso gafanhotos, mas nunca se escondeu por isso. Ela responde como uma cidadã comum e quando a justiça achar que ela tem que pagar, ela vai pagar", disse. E aproveitou para atacar Jucá que, segundo ele, usa cargos públicos para proteger as ex-esposas.

O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, senador João Alberto (PMDB-MA), tem cinco dias úteis para dizer se vai acolher ou não uma representação do PDT protocolada nesta terça-feira (24) com objetivo de cassar o mandato do senador Romero Jucá (PMDB-RR).

No documento assinado pelo senador Telmário Mota (RR) e pelo presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, Jucá é acusado de obstrução de Justiça. O pedido foi motivado depois que ontem (24) a Folha de S.Paulo divulgou reportagem com trechos de uma conversa entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

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As conversas mostram o senador Jucá sugerindo que uma "mudança" de governo poderia resultar em um pacto com o Supremo Tribunal Federal para frear investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Jucá negou que tenha tentado obstruir as investigações da Operação Lava Jato e criticou a matéria da Folha por publicar “frases soltas dentro de um diálogo”.

“É inadmissível que um senador da República se utilize da influência que possui, unicamente em razão da função pública, para obstaculizar os trabalhos da polícia e o funcionamento do Poder Judiciário. A nosso sentir, não há qualquer dúvida de que o Senador Romero Jucá abusou de suas prerrogativas constitucionais, pois realizou conversa incompatível com a conduta de um parlamentar”, diz a representação ressaltando que o senador quebrou o decoro parlamentar.

Delcídio do Amaral

Na representação do PDT, o caso é comparado ao de Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que neste mês teve o mandato de senador cassado também sob acusação de obstrução de Justiça. Delcídio foi gravado por Bernado Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, sugerindo um plano de fuga e uma mesada para que o executivo não fizesse acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. À época, o senador também era líder do governo de Dilma Rousseff no Senado. “Acho os indícios mais graves que os do senador Delcídio. O Senado não pode ter dois pesos e duas medidas”, disse Telmário.

Jucá

Ao chegar ao Senado, o senador Romero Jucá disse apenas que Telmário, seu rival político no estado, não tem legitimidade para representá-lo no conselho de ética. Isso porque, segundo Jucá, a esposa de Telmário está “prestes a ser presa”.

Em reposta a acusação de Jucá, Telmário confirmou que sua esposa responde a processo e disse que quando a Justiça entender que ela deverá pagar, ela o fará. O senador destacou que sua mulher não concorre a uma eleição há mais de 20 anos e que, ao contrário do que Jucá fez com ex-mulheres, nunca tentou escondê-la atrás de mandato.

Ex-deputada estadual e mulher de Telmário, Suzete Macedo de Oliveira, foi condenada pela Justiça Federal a 6 anos e 8 meses de reclusão pelo envolvimento no esquema de desvio de dinheiro público conhecido como escândalo dos afanhotos. O esquema consistia no cadastramento de funcionários fantasmas na folha de pagamento do governo de Roraima, para a distribuição dos salários a deputados estaduais e outras autoridades em troca de apoio político.

A Justiça de Roraima pediu a prisão de Suzete e outras cinco pessoas. O pedido de prisão do Ministério Público foi feito com base no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que pode haver cumprimento da pena de prisão a partir da decisão de segunda instância. O Tribunal Regional Federal (TRF) negou à ex-parlamentar pedido de habeas corpus preventivo. Suzete está foragida da Justiça.

A reunião do Conselho de Ética voltada para colher o depoimento do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi marcada por tumulto e gritaria envolvendo aliados de Cunha. Em determinado momento, a reunião chegou a ser interrompida, após um bate-boca iniciado pelo deputado Wladimir Costa (SD-PA), aliado de Cunha, ter atacado o deputado Julio Delgado (PSB-MG).

Costa, que é do mesmo partido do deputado Paulo da Força (SD-SP), defendeu Cunha, afirmando que não estava provado que o presidente afastado da Câmara mentiu na CPI da Petrobras sobre ter contas na Suíça, e que se o conselho tivesse que cassar Cunha também teria que cassar o mandato de Delgado (PSB-MG).

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“Se for tratar de mentira, o nobre e atuante parlamentar, falando que não recebeu dinheiro da UTC, que não recebeu dinheiro da Lava Jato”, disse Costa, que acusou Delgado de ter recebido R$ 100 mil reais, com base na delação do dono da empresa, Ricardo Pessoa. “”Se for realmente ter que cassar o Eduardo Cunha por mentir em CPI, vamos ter que cassar uma pessoa que eu não quero, eu antecipo”, emendou.

Houve tumulto, e o presidente do colegiado, José Carlos Araújo, pediu ordem e disse que o representado no colegiado é Cunha, e não Delgado. “Que moral o senhor vai ter para cobrar de alguém? Se eu fosse o senhor, alegava a sua suspeição, saía logo daqui para contratar um advogado”, continuou Costa. ”Olhe a sua trajetória aqui, quem é vossa excelência, é um absurdo ter que ouvir isso”, rebateu Delgado.

Após outros deputados terem questionado Cunha, Delgado tomou a palavra e se defendeu. “Eu não recebi dinheiro da UTC, reafirmo isso aqui. Não recebi dinheiro na minha conta”, disse, mostrando as prestação de contas de sua campanha.

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O deputado lembrou que a denúncia foi alvo de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público, que pediu o arquivamento da investigação na última semana. “Fui alvo de uma investigação em que o titular foi o Ministério Público e pelo procurador, que acabaram pedindo o seu arquivamento”, disse. “É totalmente infundada essa tentativa de nos constranger a respeito de nossa conduta”, concluiu.

Antes, outro aliado de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) também causou tumulto, após ter criticado os questionamentos do deputado Betinho Gomes (PSDB-PE). O deputado questionou Cunha sobre o fato de o Ministério Público da Suíça ter aberto investigação contra Cunha. “Diante do que informou o MP da Suíça, de que Cunha e sua mulher são donos de quatro contas no banco Julius Baer, não resta dúvida de que elas deveriam ser declaradas [no Imposto de Renda]”, disse.

O deputado Marun também disse que Cunha mentiu na CPI ao afirmar não conhecer o empresário, Fernando Soares, o baiano. Em depoimento no Conselho de Ética, Baiano disse ter entregue R$ 4 milhões no escritório de Cunha, fruto de propina envolvendo o esquema investigado na operação Lava Jato. “Ele [Baiano] fala claramente que entregou recursos de operação feitas na Petrobras, e que estão sendo investigados na Lava Jato”, disse Gomes. “Para mim, isso deixa claro que fica passível a conduta de falta de decoro parlamentar”, acrescentou.

A reunião foi interrompida por Marun, que contestou a fala de Gomes. “Eu não tenho a obrigação de escutar algo que eu não considero verdade”, disse. “Tem sim, deputado, o senhor tem que escutar com respeito o que os outros deputados falam”, rebateu Gomes.

Logo no começo da sessão, que começou às 9h37, o deputado Laerte Bessa (PR-DF) e Ivan Valente (PSOL-SP) trocaram ofensas. Apesar do incidente, a sessão continuou. Posteriormente, a assessoria de Ivan Valente disse que o deputado pediu ao relator esclarecimentos técnicos sobre truste quando foi xingado pelo deputado Laerte Bessa. Em resposta, Ivan Valente se dirigiu ao deputado com um "cala a boca, imbecil". O depoimento de Cunha segue no Conselho de Ética.

Afastado de suas funções de deputado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) recebe o tratamento de "vossa senhoria" e não de "vossa excelência" ao depor nesta manhã no Conselho de Ética da Câmara. De acordo com o presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), ao ser afastado, Cunha perde todas as prerrogativas de deputado. "O direito de ser chamado de vossa excelência é uma delas", disse.

Cunha usa o broche que identifica deputados e, na placa que o identifica na mesa, também recebe o tratamento. Abaixo de seu nome também consta sua situação no conselho, de "representado".

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Em menos de dois dias, o Conselho de Ética sofreu três mudanças em sua composição. Às vésperas do depoimento do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao colegiado, a nova baixa é o deputado Erivelton Santana (PEN-BA). O substituto deve ser indicado pelo PSC, partido do novo líder do governo e aliado de Cunha, André Moura (SE).

Erivelton alegou que a vaga original é do PSC e que se sentia desconfortável ocupando o posto. O argumento é o mesmo usado pelo deputado Fausto Pinato (PP-SP), que ao deixar a vaga de titular, justificou que precisava ceder o espaço ao seu antigo partido, o PRB. "Vejo que há uma mobilização. Quem estava duvidoso está sendo substituído por quem vai cumprir uma missão. Isso porque está chegando a hora do voto", concluiu um conselheiro ressabiado com as mudanças.

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Na reta final da análise do processo, dois membros titulares renunciaram ontem ao colegiado. O parlamentares são do PP, que tratou de indicar imediatamente parlamentares que também tendem a votar a favor do peemedebista. Assim, o placar estimado no grupo continua equilibrado. Pelos cálculos dos grupos, Tia Eron (PRB-BA), substituta de Pinato no colegiado, pode ser o voto decisivo.

Licenciado para assumir o Ministério da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR) foi substituído por Nelson Meurer (PP-PR). Já Cacá Leão (PP-BA) abriu mão da vaga e em seu lugar entrou André Fufuca (PP-BA). Segundo fontes, Leão alegou desgaste e desconforto em apoiar Cunha, devido às alianças locais que possui na Bahia.

Parte da tropa de choque de Cunha, o suplente Manoel Júnior (PMDB-PB) também deve anunciar em breve sua saída do conselho. Ele é pré-candidato a prefeito de João Pessoa e poderia ter sua imagem prejudicada defendendo o colega de bancada.

Poucas semanas após Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ter sido afastado da presidência da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal (STF), aliados do peemedebista começam a dar sinais de distanciamento. Pelo menos dois deputados integrantes do Conselho de Ética que votariam a favor de Cunha cogitam renunciar aos cargos no colegiado esta semana. Preocupados com as eleições, eles buscam se desvincular da imagem do parlamentar, acusado de receber propina e de ter mentido sobre possuir contas no exterior na extinta CPI da Petrobras.

Recentemente, o deputado Cacá Leão (PP-BA) teria visitado Cunha na residência oficial da presidência da Casa para informá-lo de que abriria mão de sua vaga como titular. Segundo interlocutores do líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), o deputado também o procurou há 20 dias para dizer que pensava em renunciar. Leão alegou desgaste e desconforto em apoiar Cunha devido às alianças locais que possui na Bahia. O pai dele, vice-governador e presidente do PP da Bahia, João Leão, é aliado do governador Rui Costa, do PT.

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Outro membro do PP que deve sair do conselho em breve é Ricardo Barros (PR), que acaba de assumir o Ministério da Saúde. Apesar de o líder do partido ter afirmando que ainda não pensou em nomes para as substituições, devem assumir os deputados André Fufuca (MA) e Nelson Meurer (PR). Como os dois também são próximos ao presidente afastado da Câmara, a mudança só seria simbólica. Na prática, a proporção do grupo a favor e contra o peemedebista continuaria acirrada, dependendo do voto da deputada Tia Eron (PSC-BA), que segue indefinido.

Integrante da tropa de choque de Cunha, Manoel Júnior (PMDB-PB) também vai anunciar em breve a sua saída do Conselho. Apesar de ser suplente, Júnior é considerado um dos principais defensores do peemedebista no colegiado. Investigado na Operação Lava Jato, a justificativa de Júnior para deixar o colegiado seria a sua pré-candidatura a prefeito de João Pessoa, que poderia ser prejudicada por Cunha. Ele confirmou ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que vai renunciar, mas disse que é apenas para ter mais tempo na agenda para fazer campanha em sua cidade.

Nesta terça, 17, depois do depoimento da testemunha arrolada pela defesa de Cunha, o advogado e professor Tadeu de Chiara, deverá ser votado no conselho um parecer sobre a substituição de membros do colegiado. O relatório apresentado por Sandro Alex (PSD-PR) sugere que a vaga decorrente do afastamento de membro titular ou suplente somente se dará pela ocorrência de término de mandato, renúncia, falecimento ou perda de mandato no colegiado. Caso o texto seja aprovado, a vaga só poderá ser preenchida por nova indicação do líder do partido.

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