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O senador Telmário Mota (PDT-RR) vai recorrer da decisão do presidente do Conselho de Ética da Casa, João Alberto Souza (PMDB-MA), que decidiu arquivar o pedido de cassação do senador Romero Jucá (PMDB-RR). O arquivamento aconteceu no mesmo dia em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a prisão de Jucá por obstrução da Justiça, argumento que embasa o pedido de cassação.

"Acho que foi uma decisão autoritária, arbitrária e até ilegal, porque acho que ele devia ter submetido, pelo menos, à Comissão de Ética", disse Mota. O senador afirmou que, como prevê o regimento, ele já colheu cinco assinaturas de membros do Conselho para entrar com o recurso e o pedido deve ser protocolado ainda nessa quarta-feira, 8.

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Para Mota, a decisão de João Alberto não foi técnica e, sim, parcial. Ele acredita que o arquivamento pode ter relação com o fato de João Alberto ser do PMDB, como Jucá, ou por ser muito próximo do ex-presidente José Sarney - que também foi flagrado em conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

"Talvez ele entenda que isso pode causar um efeito dominó, que depois de chegar no Jucá, a investigação possa alcançar outros", disse.

Delcídio

Jucá foi flagrado em um diálogo com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado em que o senador fala que é preciso trocar o governo para estancar a "sangria" da Lava Jato.

A situação é semelhante ao caso do ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que foi preso e cassado acusado de tentar obstruir a Justiça após divulgação de uma conversa em que ele sugeria uma rota de fuga para o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, preso no âmbito da Lava Jato.

"Entendo que as gravações de Jucá são muito mais fortes. Delcídio tentava obstruir a Justiça com um caso específico, Jucá fala de um pacto para parar a investigação. Não era um nome, ele queria parar a operação como um todo", argumenta Telmário.

Ao pedir a prisão de Jucá, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também teria argumentado que o caso de Jucá é mais grave que o de Delcídio.

O deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo disciplinar contra o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou na manhã desta quarta-feira, 8, que não vai alterar seu voto que pede a cassação do peemedebista. Ontem, o relator pediu vista da proposta do deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) sugerindo que a pena para Cunha fosse de suspensão do mandato por três meses.

Marcos Rogério pretende entregar hoje ao Conselho de Ética da Câmara suas ponderações por escrito. Hoje não haverá reunião do colegiado e a previsão é que a sessão de votação do parecer aconteça entre terça e quarta da próxima semana.

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O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), pretendia marcar a reunião para terça-feira (14), mas, segundo relatos de conselheiros, o próprio advogado de Eduardo Cunha, Marcelo Nobre, pediu para que não houvesse reunião nesse dia.

Pré-candidato à prefeitura de São Paulo, o deputado Celso Russomanno (PRB-SP) pediu uma reunião com a cúpula do seu partido e com a bancada da Câmara para discutir a situação do voto da deputada Tia Eron (PRB-BA). De acordo com fontes, o objetivo de Russomanno é pressionar a direção da sigla para que a deputada não dê voto favorável à Cunha.

Tanto Russomanno quanto o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) temem que o desgaste do partido em salvar Cunha da cassação atrapalhe a candidatura deles. "O Celso está desesperado", contou um parlamentar.

Ontem, a deputada Tia Eron não participou da sessão que votaria o pedido de cassação de Cunha. Pressionada pela direção do partido, a parlamentar ficou escondida em um gabinete sem passar sequer perto da reunião do conselho. Temendo a derrota, os adversários de Cunha perceberam que o suplente que votaria no lugar de Tia Eron seria o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) e, assim, o pedido de cassação seria sepultado. A solução encontrada foi adiar a votação.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara se reúne hoje e pode colocar em votação a consulta sobre o rito de votação do processo de Cunha no plenário. Deputados contrários ao peemedebista dizem que estão dispostos a não só votar o parecer do deputado Arthur Lira (PP-AL) como a derrotar a proposta que pode beneficiar Cunha.

Em mais uma sinalização de preocupação com o risco de derrota, o presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), decidiu cancelar a reunião desta quarta-feira (8), em que o colegiado votaria o parecer que pede a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Com a decisão, o mais provável é que o parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) só seja votado na próxima terça-feira (14).

Araújo anunciou o cancelamento, após desconfiar de articulação de aliados de Cunha em plenário. Sob orientação do governo, o 2º vice-presidente da Câmara, deputado Giacobo (PR-PR), propôs aos líderes partidários um acordo prevendo que a sessão de votações desta quarta-feira começasse às 9 horas e se encerrasse às 14 horas, para que o Conselho de Ética pudesse "trabalhar". A sessão do colegiado estava prevista para 14h30.

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O presidente do Conselho de Ética interpretou a fala de Giacobo como um alerta. A seus aliados, ele disse que avaliou a articulação de aliados de Cunha como uma sinalização de que o peemedebista está confiante de que poderá derrotar o parecer pela sua cassação. Para adversários de Cunha, essa articulação pode ser uma indicação de que a deputada Tia Eron (PRB-BA), cujo voto é decisivo, votará a favor do peemedebista no Conselho de Ética.

Oficialmente, Araújo diz que decidiu cancelar a sessão para ajudar o governo Michel Temer a votar matérias importantes no plenário. "Quero ajudar o Brasil", disse. No plenário, o acordo proposto por Giacobo tinha objetivo inicialmente de garantir a votação, em segundo turno, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2023 sem a obstrução de partidos da oposição, sobretudo, o PT.

Por meio do acordo, além da DRU, líderes acertaram a votação nesta quarta-feira do mérito de dois projetos de Leis: um que altera as regras para nomeações em estatais e fundos de pensão e outro que estabelece regras de transparência e gerenciamento de empresas estatais. Para isso, a ideia é votar ainda hoje o regime de urgência para a tramitação dos dois projetos, bem como a quebra de interstício, para derrubar a previsão regimental de cinco sessões exigido entre a primeira e a segunda votação da PEC da DRU.

Supremo

Aliado do presidente afastado da Câmara, o deputado Carlos Marun (PMDB-MT) criticou a decisão de José Carlos Araújo. Para ele, trata-se de mais uma manobra do presidente do Conselho de Ética para prejudicar Cunha. Marun, que é suplente no colegiado, ameaçou entrar com um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar o que avalia ser uma "suspensão" proposital do processo de seu aliado.

O parecer pela cassação de Cunha estava previsto para ser votado nesta terça-feira no conselho. No entanto, após Tia Eron não comparecer a sessão, o grupo opositor de Cunha manobrou para adiar a votação final do processo, que tramita há 219 dias no conselho. Com medo da derrota, Marcos Rogério pediu mais tempo para analisar sugestão de voto em separado apresentado por aliados do peemedebista. Com isso, Araújo anunciou na sessão que adiaria a votação para esta quarta-feira.

A posição de Tia Eron é considerada decisiva, pois, sem o voto dela, o placar atualmente é de 10 votos contra a cassação de Cunha e 9 votos a favor. Caso decida votar contra o peemedebista, ela empatará o placar, dando a José Carlos Araújo a oportunidade de desempatar. Araújo é favorável à cassação. Se votar a favor de Cunha, o parecer pela cassação do presidente afastado da Casa pode ser aprovado por 11 votos a 9.

No mesmo dia em que a Procuradoria-geral da República (PGR) pediu a prisão do senador Romero Jucá (PMDB-RR), o presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), mandou arquivar o pedido de cassação do parlamentar. À reportagem, João Alberto disse que "não havia provas suficientes para abrir um processo contra Jucá. Segundo ele, tudo o que tinha eram "recortes de jornais", que não seriam suficientes para averiguar a denúncia" por quebra de decoro parlamentar.

Questionado se a divulgação do pedido de prisão de Jucá, nesta terça-feira, poderia mudar o seu entendimento sobre o caso, o senador negou. "Trabalhei com o que tinha em mãos", respondeu. "Na petição não constaram os documentos que a deveriam instruir, nem o rol de testemunhas e nem a especificação das demais provas que se pretende produzir. Assim, a referida representação é insuficiente para a abertura do procedimento", declarou o presidente do colegiado na sua decisão.

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João Alberto disse que o seu entendimento foi o mesmo da Advocacia-Geral do Senado, a quem pediu um parecer prévio na última terça-feira, 31. Nos bastidores, João Alberto tem fama de "engavetador". Normalmente o parlamentar costuma encomendar relatórios aos técnicos de acordo com os seus posicionamentos. Os membros do colegiado que não concordarem com a decisão ainda podem recorrer ao plenário do Conselho de Ética.

A representação contra o Romero Jucá foi feita pelo PDT na semana passada, protocolada pelo senador Telmário Mota (PDT-RR), rival local do peemedebista. O argumento é a quebra de decoro com a revelação de diálogos entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado em que o peemedebista defende que é necessário "trocar o governo" para "estancar a sangria" da operação Lava Jato. Nesta terça-feira, Telmário protocolou uma nova denúncia contra Jucá no conselho.

O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), cometeu uma "manobra espúria" ao encerrar a sessão do colegiado desta terça-feira, na qual seria votado o parecer pela cassação do peemedebista.

"A falta de ética do presidente do Conselho de Ética fez com que ele encerrasse a sessão de hoje, em mais uma das suas manobras, de forma abrupta, antirregimental e autoritária", disse Cunha em nota. "Na sua falta de convicção de alcançar o resultado que desejava, optou pela manobra espúria de encerrar a sessão, sem amparo no Regimento", acrescentou.

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O presidente afastado da Câmara acusou Araújo de realizar as mesmas manobras de "forma abusiva", "se travestindo de falso moralista em busca da Justiça que, até o momento, ainda não alcançou". "Da mesma forma que ele mente de forma contumaz, me atribuindo manobras inexistentes, quando busco recursos legais visando rever suas manobras, ele as pratica de forma abusiva", diz o peemedebista.

Nesta tarde, Araújo encerrou a sessão do conselho sem votar o parecer pela cassação do mandato de Cunha, por temer que o relatório fosse rejeitado. Uma nova tentativa de votação do parecer, de autoria do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), foi marcada para esta quarta-feira, 8.

Araújo anunciou o encerramento dos trabalhos após Marcos Rogério pedir tempo ao presidente do conselho para "analisar" proposta feita por aliados de Cunha, para que ele retire de seu relatório a acusação sob recebimento de vantagem indevida, delimitando a acusação a Cunha ao fato de o peemedebista ter mentido que não possuía contas secretas no exterior. O pedido foi feito pelo João Carlos Bacelar (PR-BA).

Marcos Rogério fez o pedido a Araújo em uma manobra regimental, para evitar que seu relatório fosse rejeitado. Isso porque a deputada Tia Eron (PRB-BA), cujo voto é considerado decisivo para aprovar a perda de mandato de Cunha, não estava presente para votar, o que abriria espaço para um suplente aliado do peemedebista votar no lugar dela.

Sem o voto de Tia Eron, o placar previsto no momento é de 9 votos pela cassação e 10 contra. Caso a deputada baiana decida empatar o placar, caberá ao presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), dar o voto de minerva. O deputado deve votar pela perda de mandato de Cunha. Caso ela vote contra, a cassação será rejeitada por 11 votos a 9.

Com o pedido, Marcos Rogério e opositores de Cunha ganham tempo para tentar convencer Tia Eron a votar a favor da cassação de Cunha. Opositores do peemedebista acusam o governo Michel Temer de estar influenciando diretamente a deputada baiana, cujo partido possui cargos no governo, a votar a favor de Cunha.

Após acordo entre líderes partidários, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) adiou para quarta-feira, 8, a votação do parecer do deputado Arthur Lira (PP-AL) que pode salvar o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de ter o mandato cassado.

O parecer de Lira, que é aliado de Cunha, foi apresentado nesta segunda-feira, 6, em resposta à consulta feita pelo presidente interino da Casa, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), sobre o trâmite de votação de processos disciplinares contra parlamentares pelo plenário da Casa.

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Em seu parecer, Lira recomendou que o plenário da Câmara deverá deliberar sobre um projeto de Resolução com a decisão final do Conselho de Ética, e não o parecer do relator. Decidiu também que cabem emendas a esse projeto e que elas não podem ser prejudiciais ao representado.

Além disso, o aliado do presidente afastado da Câmara recomendou que o projeto de Resolução deverá ser "simplesmente arquivado", com a consequente absolvição do parlamentar processado, caso o projeto seja rejeitado pelo plenário.

O parecer estava previsto para ser discutido e votado na sessão desta terça-feira da CCJ, mas opositores de Cunha já tinham avisado que obstruiriam a votação por meio de instrumentos protelatórios. Além disso, já tinham anunciado que pediriam vistas do relatório, o que adiaria em até duas sessões a votação do parecer.

Com a reação dos opositores de Cunha, o deputado Covatti Filho (PP-RS), que presidente a sessão desta terça-feira da CCJ, sugeriu acordo entre os líderes para adiar a análise do parecer para esta quarta-feira. O adiamento por acordo não impede que opositores do peemedebista peçam vistas na sessão de amanhã.

A ideia da oposição a Cunha é tentar rejeitar o parecer de Arthur Lira, para evitar que Cunha seja favorecido. A estratégia ganhou força principalmente após a deputada Tia Eron (PRB-BA) dar sinais de que pode votar contra a cassação do peemedebista no Conselho de Ética, o que deve selar o resultado favorável ao presidente afastado da Casa.

Favorável

O parecer de Lira pode ajudar Cunha de diferentes formas. Ao propor que o plenário vote um projeto de Resolução e não um parecer, abre-se espaço para que qualquer que seja a decisão final do Conselho de Ética sofra alterações no mérito no plenário. Se o conselho aprovar pedido de cassação, por exemplo, o plenário poderá abrandar a punição.

Arthur Lira deixa claro sua intenção de favorecer o peemedebista ao responder na consulta que é permitido emenda, desde que ela não prejudique o representado. Isso significa que se o conselho aprovar uma suspensão de mandato, por exemplo, o plenário não poderá incluir uma emenda pela cassação.

Outro ponto favorável a Eduardo Cunha abre espaço para o arquivamento sumário de seu processo disciplinar por quebra de decoro parlamentar. Se o projeto de Resolução - como defende Lira - não for aprovado com os 257 votos necessários, o representado é simplesmente absolvido.

O entendimento em vigor até então na Câmara era que, caso um parecer do conselho fosse derrotado pelo plenário, o que seria colocado em votação na sequência seria a representação original dos partidos. No caso de Cunha, a representação do PSOL e da Rede pede a cassação do mandato.

Validade

Para que tenha validade o parecer de Lira precisa ser acatado pelo presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), aliado de Cunha. No entanto, 171 deputados poderão questionar a decisão e pedir para que ela seja referendada pelo plenário.

O deputado Julio Delgado (PSB-MG), adversário de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta terça-feira, 7, que não faltam motivos para que o mandato do presidente afastado da Câmara seja interrompido. Depois de argumentar a favor do relatório que pede a cassação de Cunha, durante reunião do Conselho de Ética que vai decidir o futuro do peemedebista, Delgado disse que é preciso espírito público e não espírito de porco. "Estamos num cesto de laranja e há uma laranja podre que pode contaminar todo o cesto."

Delgado disse que o real motivo da não declaração dos recursos de Cunha no exterior é a origem do dinheiro. "A atividade parlamentar não justifica o aumento do patrimônio do parlamentar", destacou, enumerando as contas do peemedebista e de sua mulher, Claudia Cruz, no exterior, com valores e histórico. E defendeu que truste significa que Cunha é detentor dessas contas na Suíça, ironizando: "Um truste não passeia por Paris."

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Aliado de Cunha no Conselho de Ética, o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) lembrou casos de deputados que foram julgados no Conselho de Ética e depois foram inocentados pela Justiça, para defender o peemedebista. Em seu discurso, ele disse: "Aqui só temos barulho, manchetes de jornais. Não sou a favor de ninguém. Sou só homem suficiente para falar a verdade. Não me interessa o que vão dizer as ruas", frisou, dizendo que no seu entender não há provas contra Cunha e, portanto, ele vai votar contra o relatório e não a "favor dos ventos, influenciado pela imprensa". Em sua fala, Moraes criticou os parlamentares que, no seu entender, estariam "jogando para a torcida".

O deputado Subtenente Gonzaga (PDT-MG) disse, depois de fazer sua explanação, que não resta ao Conselho de Ética outra alternativa, diante de fatos comprovados, de acompanhar o voto do relator Marcos Rogério (DEM-RO), que propôs a cassação do mandato do peemedebista por quebra de decoro parlamentar. "Eduardo Cunha foi beneficiário e beneficiado por recursos oriundos da corrupção. Fatos devidamente esclarecidos neste processo não nos permitem outra conclusão a não ser acompanhar o voto do relator." e emendou: "a impunidade é a mãe da corrupção." Outro que diz que vai votar com o relator, a favor da cassação de Cunha, é o deputado Paulo Azi (DEM-BA).

Em sua fala, o deputado Vladimir Costa (SD-PA) disse que ouve nas ruas que Cunha teve a coragem de colocar o impeachment na ordem do dia e que só por isso ele deveria ter um indulto. "Eu discordo", disse o parlamentar. Ele comenta, contudo, que o peemedebista está pagando um alto preço por ter tirado um governo do PT "que roubou milhões". "Cunha paga um preço alto pela audácia de enfrentar o PT. O PT é um partido indecente, sujo, da vergonha, a maioria de seus integrantes são bandidos da maior periculosidade. Cunha teve a coragem, sim, de (iniciar processo) cassar Dilma e sepultar Lula", atacou, comparando o Partido dos Trabalhadores com traficantes como Pablo Escobar e Fernandinho Beira Mar. "99,9% dos petistas são bandidos da pior periculosidade. Eduardo Cunha teve coragem de combatê-los."

Menos de 24 horas após ter assumido a suplência no Conselho de Ética da Câmara, o deputado Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO), renunciou à vaga. O parlamentar havia substituído o suplente Manoel Júnior (PMDB-PB).

A mudança aconteceu durante a sessão de discussão e votação do parecer que pede a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ainda não foi indicado o substituto.

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O deputado Laerte Bessa (PR-DF), da tropa de choque de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Comissão de Ética, saiu em defesa do aliado e rebateu as críticas de parlamentares próximos à presidente afastada Dilma Rousseff (PT) de que o processo de impeachment, que a afastou do comando da Presidência da República, e colocou o vice Michel Temer (PMDB) em seu lugar, está sendo prejudicial ao País.

"Cunha fez um grande favor ao País (ao dar prosseguimento à admissibilidade do impeachment), pois encaminhou o impeachment da maior estelionatária do País, uma ladra; só por isso votaria nele", disse o parlamentar nesta terça-feira, 7.

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Depois de dizer que, no seu entender, a decisão de Cunha com relação ao impeachment que afastou Dilma foi um "ato de estadista" e que ele prestou um "favor à população brasileira", Bessa argumentou que a cassação - pedida no relatório de Marcos Rogério (DEM-RO) - é uma medida muito dura. "Acho que uma suspensão cairia bem", emendou.

As declarações foram dadas em reunião do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que vai discutir e votar o parecer que pede a cassação de Cunha.

Em seu pronunciamento, o aliado de Cunha comentou o pedido de prisão feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, dizendo que há uma clara interferência do Judiciário no Poder Legislativo e que não havia motivos para pedir a prisão de Cunha.

Ele também questionou o fato de a informação ser divulgada justamente hoje, quando o Conselho de Ética está reunido para decidir o futuro do peemedebista. "Nossa preocupação é que o pedido de prisão interfira nos votos", afirmou. Bessa ainda disse que dois outros pedidos de prisão, casos de Renan Calheiros e de José Sarney, estão corretos. "Renan e Sarney deveriam estar presos há muito tempo."

O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), também aliado de Cunha, disse que o colegiado julgará o presidente afastado da Câmara pressionado pelo pedido de prisão do procurador-geral da República. Na defesa do aliado, Marun disse que não se pode abrir mão da presunção de inocência. E pontuou que prisão de parlamentar só pode acontecer em flagrante.

Sobre o relatório de Marcos Rogério, Marun disse que ele é bom, mas não é bem fundamentado. "É uma sucessão de acusações desprovidas da prova principal. Não diz em nenhum momento que truste é conta". Em sua defesa, Cunha alega que as contas na Suíça são geridas por um truste, o que, portanto, não caracteriza conta. No seu entender, dessa forma, uma prova de que não mentiu.

Antes de Marun falar, o deputado Sandro Alex (PSD-PR) disse que a eventual cassação de Cunha não é a punição mais grave. "(Mais grave) É a prisão, que cabe ao Judiciário", emendou. E lembrou que o deputado André Vargas teve seu mandato cassado, com o voto de Cunha, porque "pegou carona no avião do doleiro Alberto Youssef". Alex ainda destacou: "Por manobras, a PGR pediu a prisão de Cunha; cassação é a nossa obrigação."

Imagem

Em suas considerações, o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) disse que ninguém analisa um processo destes, que envolve a cassação de um parlamentar, "com prazer", mas para o bem da imagem da Casa é importante acompanhar o parecer do relator, que pede a cassação do mandato de Eduardo Cunha.

No seu entender, o relatório de Marcos Rogério demonstrou de forma categórica que o peemedebista tem contas no exterior. O tucano classificou o peemedebista de "corrupto", reiterando que não há caminho plausível para a comissão que não seja o caminho da cassação.

Para Betinho Gomes, o processo foi eivado por manobras para evitar que o processo avançasse. Por isso, acredita que hoje a Câmara terá a oportunidade ou de aumentar o fosso que a separa da sociedade ou diminuir essa distância.

"Eduardo Cunha está mais próximo da prisão do que de retomar a presidência desta Casa", frisou, destacando que "não existe possibilidade de pena menor (para Cunha, que não a cassação)", pois isso "seria um tapa na cara da população."

Único pernambucano no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, Betinho Gomes (PSDB) afirmou, nesta terça-feira (7), que o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está mais próximo de ser preso do que voltar às atividades legislativas. O colegiado iniciou, há pouco, a discussão sobre o perecer que pede a cassação do mandato de Cunha e a estimativa é de que vote a recomendação do relator Marcos Rogério (RO) ainda nesta terça. 

O texto que recomenda a cassação do peemedebista é baseado na alegação de que o parlamentar mentiu ao dizer em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras ao negar ter contas não declaradas no exterior. Em sua defesa, Cunha afirmou que se tratava de trustes, mas o argumento foi desconsiderado pelo relator. 

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“Estamos analisando um caso de extrema gravidade. Não se pode colocar panos mornos ou tapar o sol com a peneira. Eduardo Cunha mentiu aos seus pares, mentiu ao povo brasileiro e é corrupto. Será inexplicável para que este conselho não se manifeste favoravelmente ao pedido de cassação, será algo desconfortável. Ele está mais próximo da prisão do que de voltar para esta Casa”, salientou Betinho Gomes, que lembrou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastar Cunha das funções parlamentares e do pedido feito pela Procuradoria Geral da República (PGR) ao STF para que ele seja preso. 

Sob a ótica de Gomes, o Conselho de Ética está analisando um “caso de extrema gravidade” e esta é a oportunidade do Legislativo “reatar minimamente” o relacionamento com a sociedade. “Nossa responsabilidade de cassar aquele que cometeu atos ilegais. É um momento de dar exemplo e ter ma atitude que possa minimizar todos os desgastes e descrença, não podemos aprofundar mais a crise, devemos dar um jeito de amenizar esta crise política”, cravou. 

Para o tucano, o relatório de Marcos Rogério “não deixou brechas que não fosse o caminho de cassação” e se faz necessário que os parlamentares evitem novas manobras favoráveis a Eduardo Cunha. “Hoje a tarde a CCJ vai ser palco de outra tentativa de livrar a cara de Eduardo Cunha”, observou. Caso o parecer seja realmente votado ainda nesta terça, a expectativa é de que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara analise os recursos que impedem a continuação do processo até amanhã. Em seguida, o texto segue para a votação em plenário. Para a cassação do mandato de Eduardo Cunha ser efetivada, 257 parlamentares devem votar a favor do relatório. 

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), afirmou na manhã desta terça-feira, 7, que o pedido de prisão do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) deve fazer integrantes do colegiado repensarem seus votos em relação ao peemedebista. O conselho discute e pode votar hoje parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) pedindo a cassação do peemedebista.

"Não posso dizer se (o pedido de prisão) influencia ou não (os trabalhos no Conselho de Ética), mas vai fazer os deputados repensarem", afirmou Araújo. Segundo o deputado, o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, não faria um pedido de prisão desses se não tivesse bem embasado.

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"Um pedido desse denigre a imagem da Câmara. É uma coisa a se lamentar", afirmou. Janot também pediu prisão do ex-presidente José Sarney e dos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado.

José Carlos Araújo voltou a acusar Cunha de interferir nos trabalhos da Câmara, mesmo afastado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o parlamentar do PR, o presidente afastado da Casa continua manobrando no Conselho de Ética para tentar se salvar da cassação, por meio de trocas de membros do colegiado e recursos regimentais. "O Conselho de Ética sente a cada instante os dedos de Eduardo Cunha", afirmou.

O presidente do colegiado previu que a votação do parecer pela cassação de Cunha pode não acabar nesta terça-feira. Antes de começar a votação, 17 deputados estavam inscritos para discutir o parecer. Araújo lembrou que os trabalhos do colegiado terão de ser interrompidos quando começarem as votações na sessão plenária.

Diante disso, disse que pretende retomar os trabalhos do conselho ainda hoje ou nesta quarta-feira, dependendo do horário em que as votações acabarem no plenário.

Votação

Os deputados aliados de Eduardo Cunha acreditam que o relatório que será analisado no Conselho de Ética não será aprovado. Eles avaliam que o resultado será "justo" e que o peemedebista terá condições de se defender contra um processo de cassação no Supremo Tribunal Federal.

Representantes da oposição, por sua vez, esperam um empate na votação, em dez a dez, com um voto favorável ao relatório por parte do presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR/BA). O relator é o deputado Marcos Rogério (DEM-RO).

"O placar vai ser justo, o relatório vai ser derrotado. Cunha tem que demonstrar esclarecimentos à Justiça e nada melhor do que parlamentar poder ser julgado pela Suprema Corte do País", afirmou o deputado Washington Reis (PMDB-RJ), em entrevista à TV Câmara instantes antes do início da sessão do Conselho de Ética.

Os deputados Léo de Brito (PT-AM) e Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS), por sua vez, acreditam que a votação na Comissão será favorável ao relatório, o qual pede a cassação do mandato parlamentar do peemedebista. À TV Câmara, ambos projetavam um empate em dez a dez, com voto de desempate dado pelo presidente da Comissão de Ética, a favor da cassação de Cunha. O voto decisivo deve ser dado pela deputada Tia Eron (PRB-BA).

Na visão de Carlos Marun (PMDB-MS), Araújo deveria se isentar de votar. "Suas atitudes sempre foram parciais no sentido de acelerar a cassação de Cunha", comentou Marun, outro aliado de Cunha, em entrevista à TV Câmara.

Começou por volta das 9h30 desta terça-feira, 7, a sessão do Conselho de Ética que vai selar o destino político do deputado e presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A primeira parte da sessão será destinada ao debate do parecer do relator Marcos Rogério (DEM-RO), que pede a cassação do mandato parlamentar do peemedebista.

Estão previstos nas primeiras horas da reunião os discursos de 17 parlamentares, entre membros e não-membros. Só depois os conselheiros partirão para a votação do parecer de Rogério.

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O primeiro suplente a registrar presença na sessão foi o membro da "tropa de choque" de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS). Em caso de ausência de algum titular do bloco partidário liderado pelo PMDB, Marun será o primeiro a ter o voto validado. A deputada Tia Eron (PRB-BA), considerada dona do voto decisivo no caso, ainda não marcou presença. A parlamentar é do mesmo bloco de Marun.

O parecer que pede a cassação de Cunha foi apresentado na quarta-feira passada ao colegiado. Em 86 páginas, Rogério diz que há provas fartas de que o peemedebista mentiu à CPI da Petrobras no ano passado, ao negar que tivesse contas no exterior. O relator aponta a prática de condutas graves e ilícitas, como o recebimento de propina do esquema de corrupção na estatal, com base nas investigações da Operação Lava Jato.

Primeiro a chegar para marcar presença no Conselho de Ética na manhã desta terça-feira, 7, o vice-líder da bancada do PMDB, Carlos Marun (MS), classificou como "pirotecnia" um possível pedido de prisão do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para ele, a solicitação da Procuradoria-Geral da República é desnecessária. "Não acredito que tenha acontecido esse pedido", afirmou.

No dia em que o colegiado deve votar o parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) pedindo a perda do mandato de Cunha e que o País amanheceu com a informação de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, teria pedido a prisão do presidente afastado da Câmara, Marun disse que não há motivos para essa medida porque Cunha não obstruiu a Operação Lava Jato - e tampouco há gravações comprometedoras contra ele. "O procurador tem de provar as acusações contra Eduardo Cunha no STF (Supremo Tribunal Federal)", declarou.

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Marun disse que não se sente constrangido em fazer o papel de defensor do colega de bancada porque é advogado e está acostumado com essa função. Ele enfatizou que a eventual cassação de Cunha tem de ser alicerçada em provas, o que na opinião dele não existem. Em provocação aos petistas, Marun disse que Cunha já afastou o PT do poder e que sua "missão" precisa ser levada em consideração porque foi "mais que cumprida".

O vice-líder do PMDB demonstrou confiança e disse que a "tropa de choque" de Cunha quer votar hoje o relatório. O grupo articula a derrota do parecer de Rogério e deve apresentar um relatório paralelo pedindo uma punição mais branda ao peemedebista.

Antes de o parecer entrar em votação, há uma lista de 17 deputados inscritos para discursar.

O deputado Arthur Lira (PP-AL) rebateu nesta segunda-feira, 6, críticas de que seu parecer à consulta feita à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre o trâmite de votações de processos disciplinares na Câmara foi feito com objetivo de favorecer o presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

"Quem cassa ou absolve alguém é voto, não é parecer", afirmou o parlamentar, que é aliado de Cunha. Lira lembrou que seu parecer só terá validade se for aprovado pela CCJ e que, mesmo se for acatado pelo presidente da Casa, 171 deputados (1/3 dos integrantes da Câmara) poderão pedir que ele seja votado em plenário.

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Na véspera da votação do parecer pedindo a cassação de Cunha no Conselho de Ética da Câmara, Lira apresentou nesta segunda-feira parecer em que recomenda que o plenário da Câmara deverá deliberar sobre um projeto de Resolução com a decisão final do Conselho de Ética, e não o parecer do relator do caso.

Decidiu também que cabem emendas a esse projeto e que elas não podem ser prejudiciais ao representado. Além disso, recomendou ainda que o projeto de Resolução deverá ser "simplesmente arquivado", com a consequente absolvição do parlamentar processado, caso a projeto seja rejeitado pelo plenário.

O parecer do aliado de Cunha está na pauta da sessão desta terça-feira, 7, da CCJ. Lira prevê, no entanto, que dificilmente" ele será votado nesta semana. Ele lembrou que opositores de Cunha poderão recorrer a mecanismos regimentais para adiar a votação do parecer.

Além disso, poderão pedir vistas do parecer por duas sessões, adiando a votação. O deputado do PP sustenta que suas respostas estão baseadas no Regimento Interno, principalmente a obrigatoriedade de que a decisão do Conselho de Ética deve ser votada por meio de um projeto de Resolução e que cabem emendas.

Segundo ele, as últimas duas respostas podem até ser passíveis de mudanças. Ele se refere às respostas em que recomenda que as emendas não podem ser prejudiciais ao representado e que o processo será absolvido, caso projeto de Resolução seja rejeitado. O entendimento em vigor até então era que, caso um parecer fosse derrotado pelo plenário, o que seria colocado em votação na sequência seria a representação original dos partidos.

Opositores a Cunha sustentam que o entendimento em vigor até então eram amparado em resposta do ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) a questionamento feito pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) durante a votação do processo disciplinar contra o ex-deputado Carlos Lereia (PSDB-MG).

Para Lira, a decisão de Henrique Eduardo Alves não gerou um precedente, porque Chico Alencar fez apenas um questionamento e não uma questão de ordem oficial. "O que houve foi apenas uma verbalização do presidente da Câmara na época de que seria votado a representação original, caso o parecer fosse derrotado", diz.

Considerada dona do voto que vai decidir o destino do processo disciplinar contra o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética, a deputada Tia Eron (PRB-BA) está reunida com a cúpula do partido para definir sua posição nesta terça, 7, na reunião de discussão e votação do parecer que pede a cassação do mandato do peemedebista. A informação é de que o encontro acontece neste momento com o ministro Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços), presidente da sigla.

Tia Eron chegou a Brasília e evitou circular pela Câmara. Segundo fontes, a pressão sobre a deputada se intensificou nos últimos dias, desde que ela sinalizou que poderá votar com o relator Marcos Rogério (DEM-RO). Há pressões para que ela renuncie à titularidade do conselho ou falte à sessão, abrindo espaço para que um suplente aliado de Cunha vote em seu lugar. Hoje, a deputada desligou o celular para não ser facilmente localizada.

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Na semana passada, Tia Eron disse ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, que seu voto será "técnico" e pela "preservação da moral" na Câmara. "Eu sei o que tenho de fazer", afirmou na ocasião. Ela admitiu que vinha sofrendo pressão do eleitorado para ajudar a aprovar a perda de mandato do peemedebista. A ação mais forte, no entanto, vinha dos colegas. "A pressão comigo não vai funcionar. Sei lidar com mecanismos de pressão", declarou.

Na véspera da votação do parecer pedindo a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) apresentou nesta segunda-feira, 6, parecer à consulta feita à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa que pode salvar o peemedebista da cassação. Se aprovado pelo colegiado, o parecer poderá fazer com que o plenário da Câmara adote um rito diferente do usado até então nos processos por quebra de decoro parlamentar como o de Cunha.

No parecer, Lira recomendou que o plenário da Câmara deverá deliberar sobre um projeto de Resolução com a decisão final do Conselho de Ética, e não o parecer do relator. Decidiu também que cabem emendas a esse projeto e que elas não podem ser prejudiciais ao representado. Além disso, recomendou ainda que o projeto de Resolução deverá ser "simplesmente arquivado", com a consequente absolvição do parlamentar processado, caso a projeto seja rejeitado pelo plenário.

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Entenda como o parecer, se aprovado pela CCJ, pode ser favorável a Cunha:

- Ao propor que o plenário vote um projeto de Resolução e não um parecer vindo do Conselho de Ética, Lira abre espaço para que a proposta - seja cassação ou punição mais branda - sofra alterações de mérito no plenário da Câmara. A regra em vigor até o momento estabelecia que o plenário votasse o parecer do relator, que não permite emendas. Pela proposta do aliado de Cunha, se o conselho aprovar o pedido de perda de mandato, o plenário poderá aprovar uma emenda abrandando a punição.

- Lira deixa claro sua intenção de favorecer o peemedebista ao responder na consulta que é permitido emenda, desde que ela não prejudique o representado. Isso significa que se o conselho aprovar uma suspensão de mandato, por exemplo, o plenário não poderá incluir uma emenda pela cassação.

- Outro ponto do parecer de Lira favorável a Cunha abre espaço para o arquivamento sumário do processo disciplinar. Se o projeto de resolução - como defende Lira - não for aprovado com os 257 votos necessários, o representado é simplesmente absolvido. O entendimento em vigor até então na Câmara era que, caso um parecer do conselho fosse derrotado pelo plenário, o que seria colocado em votação na sequência seria a representação original dos partidos. No caso de Cunha, a representação do PSOL e da Rede pede a cassação do mandato.

Recursos

A consulta original relatada por Lira é de autoria do deputado Wellington Roberto (PR-PB), membro da chamada "tropa de choque" de Cunha. Ela foi encaminhada na semana passada à CCJ pelo presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), também aliado do peemedebista. O parecer do Lira deve ser votado na sessão desta terça-feira, 7, da CCJ. Segundo assessores técnicos da Câmara, caberá ao presidente da Casa acatar ou não a decisão da comissão. Ele poderá acatar a decisão monocraticamente ou submetê-la antes ao plenário.

Há dúvidas, porém, em relação à possibilidade de recurso à decisão monocrática do presidente da Câmara de acatar ou não as recomendações aprovadas pela CCJ. Alguns técnicos afirmam que deputados poderão recorrer em plenário, enquanto outros dizem que não há previsão regimental para essa contestação. Deputados não estão impedidos, no entanto, de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto.

Aliados do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apostam na apresentação de um parecer em separado pedindo uma pena mais branda, para tentar salvar o peemedebista da cassação no Conselho de Ética. O parecer já está sendo elaborado e deve ser apresentado por algum deputado do PR.

A ideia de membros da chamada "tropa de choque" de Cunha é apresentar um parecer em separado propondo a suspensão do mandato do parlamentar entre 60 e 90 dias - pena mais leve do que a pedida pelo relator do caso no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério (DEM-RO). Em seu parecer, Rogério pede a cassação do peemedebista.

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A estratégia de aliados de Cunha é usar o parecer em separado como um "aceno", para tentar convencer integrantes do Conselho que estão dispostos a votar pela cassação a mudarem de voto. O principal objetivo é atrair a deputada Tia Eron (PRB-BA), cujo voto é considerado decisivo para livrar o presidente afastado da cassação.

O parecer só poderá ser usado inicialmente como "aceno", pois, para poder apresentar o voto em separado, aliados de Cunha terão primeiro de derrotar o parecer de Marcos Rogério. Ou seja, a ideia é tentar convencer deputados a votarem contra o parecer que pede a cassação, com a promessa do voto em separado pedindo uma pena mais branda.

"Tem que sentir o Conselho de Ética para ver o que é possível", afirma o deputado Carlos Marun (PMDB-MT), membro da "tropa de choque" de Cunha e suplente do Conselho de Ética. Na avaliação dele, o presidente afastado apenas "omitiu" sobre contas secretas no exterior durante a CPI da Petrobras em 2015, e não "mentiu", como é acusado.

De acordo com Marun, Cunha deveria ter mencionado que era beneficiário de "trustes", entidades que gerem patrimônio de terceiros. Para o deputado, trustes não são contas bancárias - interpretação diferente de alguns juristas e do relator do caso do presidente afastado no Conselho de Ética.

O parecer em separado deve ser apresentado por um deputado do PR, provavelmente o deputado Wellington Roberto (PR), porque o partido não faz parte do mesmo bloco partidário a que Cunha pertence. O parecer já está sendo elaborado e pode ser apresentado já nesta terça-feira, 7, após a votação do parecer de Marcos Rogério.

Em parecer de resposta à consulta à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre o rito de votação de processo disciplinar contra parlamentares, o deputado Arthur Lira (PP) fez uma série de recomendações que podem favorecer o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-AL), no julgamento do processo por quebra de decoro parlamentar do qual é alvo no Conselho de Ética da Casa. Lira é aliado do peemedebista.

A consulta que pode livrar Cunha da cassação se baseava em quatro perguntas: se deve ser votado no plenário da Câmara um projeto de Resolução ou o parecer do relator no Conselho de Ética; se é possível fazer emendas em plenário; se essas emendas podem prejudicar o representado; e se, no caso de rejeição pelo plenário do projeto de Resolução, é preciso deliberar sobre a proposta original da representação ou se ela é considerada prejudicada.

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Em resposta às perguntas, Lira recomendou que o plenário deve deliberar sobre um projeto de Resolução formalizado pelo Conselho de Ética e não sobre o parecer do relator. Decidiu também que cabem emendas esse projeto e que elas não podem ser prejudiciais ao representado. Além disso, recomendou que o projeto de Resolução seja "simplesmente arquivado", com a consequente absolvição do parlamentar processado, caso a proposta seja rejeitada pelo plenário.

Com as respostas, Cunha poderá ser favorecido, porque o projeto de Resolução estará sujeito a receber emendas, ou seja, poderá sofrer alteração no plenário em relação ao que for decidido pelo Conselho, diferentemente do parecer do relator, que não tem possibilidade de mudanças. A recomendação de arquivar o projeto de Resolução, caso seja rejeitado, também favorece o peemedebista. Isso porque, se o parecer fosse rejeitado, a representação original (que no caso de Cunha pede a cassação) seria votada.

A consulta original relatada por Lira é de autoria do deputado Wellington Roberto (PR-PB), membro da chamada "tropa de choque" de Eduardo Cunha. Ela foi encaminhada na semana passada à CCJ pelo presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), também aliado do peemedebista. O parecer de Arthur Lira deve ser votado na sessão desta terça-feira, 7, da CCJ, mas ainda precisará ser votado pelo plenário da Câmara, para que as recomendações sejam válidas.

Cunha é alvo de processo no Conselho de Ética, sob acusação de mentir à CPI da Petrobras na Câmara, em 2015, quando disse que não possuía contas secretas no exterior. A afirmação, porém, é rebatida por investigações da Operação Lava Jato, que apontam que ele possui contas não declaradas fora do País e que foram abastecidas com recursos desviados da Petrobras. O parecer do relator, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), pedindo a cassação de Cunha será votado amanhã no Conselho de Ética.

Após seis meses, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados começa a discutir e votar, nesta terça-feira (7), o parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) indicando pela cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A expectativa, no entanto, é de que o desfecho só seja conhecido na quarta (8). 

O presidente afastado da Câmara é acusado de ter mentido durante uma oitiva na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras ao negar a existência de contas no exterior em seu nome. O ato está sendo considerado quebra de decoro parlamentar. Em sua defesa, Cunha negou ser o titular das contas e afirmou que é beneficiário de trustes.

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Dentre aliados ou não do peemedebista, o placar dos parlamentares a favor e contra a cassação no Conselho de Ética está quase empatado. Cunha teria 10 votos a seu favor e outros nove deputados votariam pela cassação. Quem deve definir se empata ou não é deputada Tia Eron (PRB-BA), única que até agora não declarou o voto. 

Caso o parecer seja aprovado no Conselho de Ética, o texto segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que se pronunciará apenas sobre recursos que questionam a tramitação do processo, que pedem a anulação do caso. Se seguir para o Plenário, Cunha perde o mandato caso 257 dos deputados votem a favor do parecer.

Considerada dona do voto decisivo que pode livrar o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da aprovação do pedido de cassação no Conselho de Ética da Câmara, a deputada Tia Eron (PRB-BA) elogiou nesta quinta-feira, 2, o parecer do relator do caso, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), e disse que votará pela "preservação da moral" na Casa. "Eu sei o que tenho de fazer", afirmou.

Pressionada pela base eleitoral na Bahia e disputada por grupos pró e contra Cunha, a deputada viu "consistência" no relatório. "Ele foi cirúrgico, decente, não tirou proveito político para ter visibilidade. Ele foi técnico."

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No parecer que pede a cassação de Cunha, apresentado na quarta-feira ao Conselho de Ética, Rogério diz que há provas fartas de que o peemedebista mentiu à CPI da Petrobrás no ano passado, ao negar que tivesse contas no exterior. O relator aponta a prática de condutas graves e ilícitas, como o recebimento de propina do esquema de corrupção na estatal, com base nas investigações da Operação Lava Jato.

O colegiado passou por uma série de mudanças em sua composição, e segue dividido. Cunha conta com o apoio de dez dos 21 deputados titulares do colegiado. O grupo que defende a cassação do mandato soma nove votos e, para empatar o placar, precisa da adesão de Tia Eron. Se a deputada confirmar o voto pela cassação, o desempate virá do presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), adversário de Cunha.

Nas últimas semanas, Tia Eron tem evitado acompanhar todas as sessões do colegiado, para evitar o assédio. Ela marca presença, assiste aos primeiros minutos das reuniões e sai. Anteontem, ouviu a leitura das primeiras páginas do relatório, mas preferiu uma conversa individual com o relator para definir sua posição.

Nesse diálogo, Tia Eron quis entender os motivos que levaram o relator a pedir a cassação e se emocionar no fim da leitura do parecer. Rogério contou à deputada que havia sido aliado de Cunha - inclusive na campanha do peemedebista pela presidência da Câmara - e que admirava sua atuação política na Casa, mas que, ao se deparar com provas contundentes, não poderia ignorar os fatos. A própria Tia Eron votou em Cunha para o comando da Casa e, ao chegar ao Conselho de Ética, disse que a Câmara "produziu como nunca" sob a gestão de Cunha.

Pressão

Tia Eron admitiu que vem sendo sondada por colegas sobre seu voto, mas disse impor limites às pressões e não escondeu certo incômodo com quem tenta enquadrá-la. "A pressão comigo não vai funcionar. Sei lidar com mecanismos de pressão."

Mas ela reconhece que a influência maior vem dos eleitores, principalmente nas redes sociais. "Me perguntam: ‘O que é isso? Você votando lá com o Cunha?’".

Aliado de primeira hora de Cunha, o vice-líder da bancada do PMDB, Carlos Marun (MS), diz que o esforço na próxima semana será em derrotar o relatório. O passo seguinte, afirma ele, é aprovar outro parecer com punição mais branda, possivelmente pedindo a suspensão do deputado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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