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Antes absolvido em uma investigação de racismo, o ex-assessor especial para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro (PL), Filipe Martins, voltou a ser investigado pela realização de um gesto típico de supremacistas brancos, durante uma sessão no Senado Federal, em 2021. A decisão de derrubar a absolvição foi do desembargador Ney Bello. De acordo com o magistrado, há “fortes indícios” de que Martins é apologista de símbolos racistas da extrema-direita. A informação é do g1. 

“O que temos são indícios. Fortes indícios, diria eu. Por serem fortes indícios, não é cabível a manutenção da absolvição sumária do apelado", afirmou o desembargador. Agora, o processo prosseguirá na primeira instância. O caso aconteceu ainda durante a gestão Bolsonaro. À época, a 11ª Vara Criminal do Distrito Federal encerrou o processo por entender que o fato narrado na denúncia do Ministério Público não constituía crime. 

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O gesto foi feito numa sessão remota do Senado, no dia 24 de março de 2021. Filipe acompanhava o então Ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que acompanharia uma reunião sobre a Covid-19. O símbolo, apropriado por grupos extremistas, é feito com união dos dedos polegar e indicador, mantidos abertos e esticados os dedos médio, anular e mínimo, de forma a caracterizar a formação das letras “WP”, como sigla para o lema racista White Power (“Poder Branco”). O Senador Randolfe Rodrigues identificou o gesto e alertou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. A Polícia do Senado Federal abriu inquérito. 

Em sua defesa, Filipe alegou que estava ajeitando a lapela de seu paletó. A perícia do Senado desmentiu a versão. “Trata-se de pessoa que entende de política e é conhecedor das suas simbologias específicas, incluindo aquelas que enaltecem torturadores, fascistas e racistas. E utiliza essa simbologia de forma reiterada", disse a perícia à época. 

Em seu voto, o magistrado passa a relatar os casos em que Filipe fez uso destas simbologias: "Quando o então Deputado Federal Jair Bolsonaro se elegeu presidente da República no segundo turno das eleições de 2018, o apelado [Filipe] postou no Twitter: “Está decretada a nova Cruzada. Deus vult!”. O voto ainda cita outros dois exemplos de uso de expressões da extrema direita: Filipe usou um lema da ditadura de Francisco Franco, na Espanha, ao felicitar Carlos Bolsonaro pelo seu aniversário: "¡ya hemos pasao!" (“já passamos!”). 

Em agosto de 2020, Filipe postou a frase em latim "Oderint dum metuant", que significa “Que odeiem, desde que temam”. Essa frase é do poeta romano Lúcio Ácio, mas foi apropriada na década de 1990 pelo grupo neonazista alemão Combat 18. 

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nesta terça-feira (26), a suspensão da decisão proferida por um juiz de Cotia, no interior de São Paulo, que obrigou a rede social Twitter a remover publicações do jornalista Leonardo Attuch, fundador do site Brasil 247. A postagem foi excluída porque o comunicador utilizou o termo "nazista" e "nazistinha" em referência ao assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Filipe Martins, embora não o tenha citado nominalmente.

Ao proferir a decisão, Barroso afirmou que a exclusão das publicações por ordem da Justiça de São Paulo restringe "de forma desproporcional o âmbito de proteção das liberdades de expressão e de informação". O ministro também enfatiza que o potencial ofensivo das expressões não pode ser considerado discurso de ódio, assim como não houve citação direta ao ofendido, de modo que o próprio Ministério Público e o juiz que recebeu a denúncia consideraram possível a prática de gesto supremacista branco por Martins.

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"Ordens de remoção de conteúdo como a contida na decisão reclamada tendem a gerar um efeito silenciador que se difunde por toda a sociedade, materializando-se na inibição de críticas e, em última análise, na construção de um ambiente menos favorável à livre circulação de ideias", afirmou.

Filipe Martins foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por ter feito gestos racistas ligados às ideias de movimentos supremacistas brancos dos Estados Unidos durante uma sessão pública no Senado em março deste ano.

As câmeras registraram o assessor de Bolsonaro fazendo o gesto de "white-power", que remete à convicção de movimentos caucasianos de superioridade aos demais grupos étnicos. Há dez dias, ele foi absolvido pela 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal pelas acusações de racismo.

No dia seguinte à cirulação dos vídeo, o jornalista publicou em sua conta no Twitter que os "Judeus querem punição ao nazista", e questionou se "já prenderam o nazistinha?" - as duas publicações removidas por decisão da Justiça de São Paulo não citam diretamente Filipe Martins.

A decisão foi questionada por Attuch que a chamou de "inegável ato de censura". Ao se defender, ele argumentou que mesmo se as postagens citassem o assessor da Presidência, ainda assim, seriam legítimas. Em seu despacho, Barroso afirma que "todos esses pontos [abordados na decisão] sugerem a prevalência concreta das liberdades de expressão e informação em relação aos direitos da personalidade do ofendido".

A Justiça Federal de Brasília aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal e colocou o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, no banco dos réus por crime de racismo.

A decisão é do juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12.ª Vara do Distrito Federal, que viu 'justa causa' nas acusações. "A denúncia se fez acompanhar de documentos que lhe conferem verossimilhança", escreveu o magistrado. Martins terá dez dias para apresentar sua defesa.

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A denúncia foi motivada por um gesto feito pelo assessor durante uma sessão do Senado, no mês passado, que foi associado a supremacistas brancos. Após a repercussão, ele disse que estava ajeitando a lapela do terno.

Na denúncia, o procurador regional Wellington Cabral Saraiva diz que o assessor aproveitou o momento de 'ampla divulgação' e 'grande visibilidade' para incitar a discriminação de forma velada.

"Não há dúvida de que o gesto realizado pelo denunciado teve a finalidade de veicular de forma discreta ou dissimulada um sinal ou símbolo que representa a 'supremacia branca', e que apenas algumas pessoas perceberiam", escreveu.

O inquérito levou em consideração não apenas as imagens transmitida pela da TV Senado, mas também publicações anteriores do assessor.

"As imagens de vídeo captadas durante a sessão e analisadas detidamente no inquérito policial revelam que o gesto do denunciado foi realizado de forma completamente inusual e antinatural, e deixam evidente que não teve o intuito de ajustar a roupa", rebateu o MPF. "Não há dúvida de que Filipe Martins agiu com a intenção de divulgar símbolo de supremacia racial, que dissemina a inferioridade de negros, latinos e outros grupos discriminados e que induz a essa discriminação e a incita", acrescentou.

Será na quinta-feira (24), a partir das 9h, a oitiva da CPI da Pandemia com o assessor internacional da presidência da República Filipe Martins. A CPI focará especialmente a atuação de Martins no chamado gabinete paralelo, como indica o requerimento dos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Rogério Carvalho (PT-SE).

Os senadores destacam o depoimento prestado à CPI em maio pelo diretor da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo. Na ocasião, Murillo disse que Martins participou, junto com o ex-chefe da secretaria de Comunicação da presidência da República, Fábio Wajngarten, e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), de uma reunião com a farmacêutica no Palácio do Planalto. Para Humberto e Rogério, a informação de Murillo reforça a tese da existência de um “ministério paralelo” ao Ministério da Saúde atuando no governo, que influencia o presidente da República em ações relativas ao combate à pandemia.

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Atuação internacional

Os senadores ainda acreditam que Martins poderá prestar informações sobre a atuação internacional do Brasil na gestão da crise, desde o início da pandemia. Para os senadores, há seis diretrizes que precisam ser esclarecidas:

. A "adesão tardia e insuficiente" ao consórcio internacional de vacinas Covax Facility (da Organização Mundial de Saúde - OMS), e a "atitude hostil em relação à OMS";

. A "política de hostilidade em relação à China e suas vacinas";

. A não autorização da vacina russa Sputnik V;

. A viagem oficial a Israel em março para obter suposto medicamento experimental de aplicação nasal contra o coronavírus (spray nasal), em fase incipiente de testes, sem equipe técnica qualificada na delegação;

. A "desova" de 2 milhões de doses de hidroxicloroquina doadas pelo governo dos EUA ao Brasil "para usar brasileiros como cobaias"; e

. A posição do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) contrária ao licenciamento compulsório das vacinas.

Os senadores petistas ainda lembram que a política externa do governo brasileiro inicialmente "se alinhou ao governo do ex-presidente Donald Trump (dos EUA) em relação ao negacionismo da pandemia e no desdém à gravidade da situação sanitária". Também mencionam que "abandonando uma sólida tradição diplomática de defesa da saúde pública na OMC", o governo se opôs à iniciativa apresentada por Índia e África do Sul visando assegurar o licenciamento compulsório das vacinas.

A vinda de Martins também atende a pedido de Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Para o senador, o assessor do presidente Jair Bolsonaro deve "esclarecer os exatos termos da sua atuação na consecução de vacinas e insumos para o Brasil", com vistas a aferir sua eficiência e tempestividade.

Racismo

Em março, durante sessão no Senado com a presença do ex-chanceler Ernesto Araújo, Martins fez um gesto com os dedos, que foi associado a símbolo do movimento supremacista branco nos EUA, pois remeteria às letras WP (white power ou poder branco).

Em depoimento à Polícia do Senado, o assessor negou ter feito qualquer gesto racista, pois estaria apenas ajeitando a lapela do terno que usava. 

Mas o gesto, feito durante a abertura dos debates pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, recebeu críticas de diversos parlamentares, que protestaram contra a atitude de Martins. 

No início de junho, o Ministério Público Federal no Distrito Federal denunciou Martins à Justiça por conduta prevista na Lei de Crimes Raciais (lei 7.716, de 1989). 

*Da Agência Senado

 

O Ministério Público Federal denunciou o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, pelo gesto com conotação racista feito com a mão durante uma sessão do Senado. A Procuradoria diz que Martins 'apresenta padrão de comportamento e difusão de ideias ou símbolos extremistas' e sustenta que ficou 'evidente' que o assessor de Jair Bolsonaro agiu de forma intencional e 'tinha consciência do conteúdo, do significado e da ilicitude do seu gesto'. A Procuradoria pede que o aliado do presidente seja condenado por ter praticado e induzido a discriminação e o preconceito de raça, com a declaração de perda do cargo público e pagamento de multa mínima de R$30 mil.

O Ministério Público diz que 'perícias minuciosas' rechaçaram a alegação de Martins de que estaria ajeitando seu terno. A Procuradoria analisou o perfil e o histórico do o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência e cita na denúncia diversos tuítes postados por Martins com 'frases e citações com referências históricas utilizadas por militantes racistas e assassinos'.

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"Não é verossímil nem casual que tantos símbolos ligados a grupos extremistas tenham sido empregados de forma ingênua pelo denunciado, ao longo de vários meses em que ocupa posição de poder na estrutura da administração pública federal, nem que sua associação a grupos e ideias extremistas tenha sido coincidência em tantas ocasiões", argumentam os procuradores na denúncia.

Durante uma sessão do Senado no dia 24 de março, o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, sentado atrás do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), juntou as pontas do indicador e do polegar, como num sinal de "Ok", estendendo os três dedos restantes e movimentando a mão para cima e para baixo. A Procuradoria frisa que o gesto é usado por movimentos extremistas ligados à ideia de supremacia branca - ideologia 'inerentemente racista' - fazendo referência à expressão 'White Power'.

No início de maio, a Polícia Legislativa do Senado decidiu indiciar o assessor que dá expediente no Palácio do Planalto e integra a ala ideológica do governo Bolsonaro, enquadrando Martins no artigo 20 da lei 7.716, que trata dos crimes de preconceito de raça ou de cor. Foi com base em tal inquérito que a Procuradoria enviou a denúncia à 12ª Vara da Justiça Federal do DF.

Na peça de 26 páginas, o Ministério Público Federal no DF ressalta que Filipe Martins é professor de Direito Internacional e analista político, 'pessoa com farto conhecimento sobre o cenário político mundial, inclusive sobre a simbologia que o cerca', o que afasta 'qualquer possibilidade de dúvida acerca da consciência do gesto praticado'.

O documento explica que a ação de Martins pode ser enquadrada no que é chamado de "dog-whistle politics", termo que no âmbito político 'faz referência à transmissão de gestos, palavras ou imagens de forma discreta ou dissimulada - a princípio insuspeita - mas cujo sentido implícito é facilmente compreendido por um grupo específico da população - não pela sua generalidade'.

COM A PALAVRA, OO ADVGADO JOÃO VINICIUS MANSSUR, QUE REPRESENTA FILIPE MARTINS

"O advogado João Vinicius Manssur, que representa Filipe Martins, reitera a atipicidade da conduta e aguarda serenamente a pronta rejeição da denúncia, inclusive por excesso de acusação sem embasamento em nenhuma prova idônea. A história de vida de Filipe Martins e suas lutas pelas liberdades públicas e pelos direitos fundamentais caminham a seu favor."

A CPI da Pandemia recebeu novos requerimentos na manhã desta segunda-feira (17). O senador Humberto Costa (PT-PE) protocolou pedidos de convocação do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e do assessor do Palácio do Planalto Filipe Martins. Filipe também é alvo de pedido de convocação de outro requerimento, do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). A CPI ainda não tem data para votar esses requerimentos.

Tanto Carlos quanto Filipe foram citados pelo presidente regional da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, como participantes de uma reunião no Palácio do Planalto com a Pfizer em dezembro de 2020. Outros depoentes da CPI corroboraram a afirmação.

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Pelo Twitter, Alessandro explicou que as convocações se devem a essa “reunião paralela” que teria ocorrido para tratar das propostas da Pfizer para venda de vacinas ao Brasil. Alessandro também requereu à CPI a quebra de sigilos do ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, Fabio Wajngarten, também participante da reunião.

“A investigação técnica exige estas medidas. Quem não deve não teme”, afirmou Alessandro.

Humberto apresentou, ainda, requerimentos para pedir  informações ao Ministério das Relações Exteriores sobre o spray nasal israelense de combate à covid-19; para solicitar informações ao Ministério da Saúde e ao Conitec “quanto ao pedido de incorporação tecnológica ou protocolo clínico relacionado à covid-19”

A CPI da Pandemia terá três sessões de depoimentos nesta semana.

*Da Agência Senado

 

A Polícia Legislativa do Senado decidiu indiciar o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, pelo gesto com conotação racista feito com a mão durante uma sessão da Casa no dia 24 de março. Martins dá expediente no Palácio do Planalto e integra a 'ala ideológica' do governo de Jair Bolsonaro.

O assessor de Bolsonaro foi enquadrado no artigo 20 da lei 7.716, que trata dos crimes de preconceito de raça ou de cor. A legislação prevê pena de um a três anos de reclusão e multa para quem "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".

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Agora, caberá ao Ministério Público Federal no DF decidir se apresenta uma denúncia contra Martins ou se pede o arquivamento do caso. O episódio fez o Senado aprovar uma moção de repúdio e levou Martins a prestar depoimento no mês passado.

Sentado atrás do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência provocou polêmica ao juntar as pontas do indicador e do polegar, como num sinal de "Ok", estendendo os três dedos restantes e movimentando a mão para cima e para baixo. O gesto é usado por extremistas e associado a símbolos de ódio.

O vídeo viralizou nas redes sociais e causou críticas. Senadores associaram a atitude ao símbolo de supremacistas brancos, já que o gesto representaria as letras WP (White Power). Outros classificaram o gesto como obsceno. Martins negou as duas versões e disse que estava apenas ajeitando o paletó.

Procurada pela reportagem, a defesa de Martins afirmou que "os esclarecimentos preliminares já foram devidamente apresentados perante a autoridade policial do Senado Federal". "Não posso apresentar maiores esclarecimentos, haja vista o sigilo processual", disse o advogado João Manssur.

O Senado aprovou, nessa quarta-feira (31), uma moção de repúdio ao assessor especial para Assuntos Internacionais do presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins. Na semana passada, Martins fez um gesto considerado ofensivo quando o então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, participava de uma audiência no Senado. Também nesta quarta, os senadores aprovaram um convite para ouvir o novo chanceler, Luiz Fernando Serra, em uma sessão da Casa.

O voto de repúdio foi feito após o assessor de Bolsonaro formar um círculo com o polegar unido ao indicador, deixando os outros três dedos esticados. O vídeo viralizou nas redes sociais e causou críticas. Senadores associaram a atitude ao símbolo de supremacistas brancos, já que o gesto representaria as letras WP ("White Power"). Outros classificaram o gesto como obsceno. Martins negou as duas versões e disse que estava apenas ajeitando o paletó. A Polícia Legislativa do Senado foi acionada para investigar o ato.

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No início da semana, Araújo entregou o cargo após atacar a presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO). O Senado quer ouvir agora o novo chanceler sobre a política externa brasileira. Formalmente, o requerimento aprovado na sessão desta quarta é para realização de uma sessão de debates destinada a debater o Mercosul. Os senadores, porém, querem questionar Luiz Fernando Serra sobre a inclinação ideológica do Brasil na política externa brasileira sob o comando do presidente Jair Bolsonaro.

Por pressão do Senado, o presidente Jair Bolsonaro admite afastar do cargo o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins. O plano de Bolsonaro é tirar Martins de sua assessoria mais direta, mas não abandoná-lo por completo. O Palácio do Planalto busca agora uma saída para não desagradar à militância bolsonarista conservadora e ideológica, que tem no auxiliar do presidente um de seus principais nomes no governo.

Martins está prestes a perder o cargo por ter repetido, anteontem, um gesto que os senadores interpretaram como ofensivo, ligado a supremacistas brancos, durante sessão de debates no Senado. Quando fez o sinal, ele acompanhava a audiência pública do chanceler Ernesto Araújo, que falava sobre as dificuldades enfrentadas pelo Brasil para a compra de vacinas contra a covid-19. A cúpula da Câmara, hoje nas mãos do Centrão, e do Senado também cobra de Bolsonaro a demissão de Araújo.

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Enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), falava ao vivo na transmissão pela TV, Martins - que estava sentado atrás dele - gesticulava com o polegar fechado formando um círculo com o indicador, como um "ok", e os demais dedos esticados. Balançou a mão algumas vezes, como se enfatizasse o gesto.

Senadores logo protestaram, associando o sinal a um xingamento obsceno e a uma mensagem de ódio pela qual o assessor formaria as letras WP (white power), uma saudação de supremacistas brancos. Martins negou qualquer associação com discurso de ódio. Disse que estava apenas arrumando o paletó, mas não convenceu os senadores.

"A oposição ao governo atingiu um estado de decadência tão profundo que tenta tumultuar até em cima de assessor ajeitando o próprio terno. São os mesmos que veem gesto nazista em oração, que forjam suásticas e que chamam de antissemita o governo mais pró-Israel da história", escreveu o assessor no Twitter.

Pacheco determinou que as imagens fossem investigadas pela Polícia Legislativa (mais informações nesta página). Ao Planalto, o presidente do Senado fez chegar o aviso de que quer dar uma satisfação aos colegas, que se sentiram ofendidos.

Muito próximo do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho 03 do presidente, Martins já discutiu seu futuro com o presidente quatro vezes. Tanto ele pode ir para um cargo no exterior ou ser acomodado numa função de menor exposição, que influencia menos nas decisões e discursos de Bolsonaro.

Desde o início do governo, o triunvirato que dá as cartas na política externa brasileira é formado por Ernesto Araújo, Martins e Eduardo Bolsonaro. Os dois primeiros discutiram a situação ontem com o presidente. Araújo também se reuniu com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e se defendeu das críticas de que o Itamaraty é dominado por uma visão ideológica.

Bolsonaro ainda resiste a remover o chanceler do cargo, mas os militares querem que Araújo saia. O fiador tem sido Eduardo Bolsonaro. "Em dois anos, fomos de anão diplomático financiador de ditaduras para grande parceiro de importantes países. O ministro Ernesto Araújo tem todo o meu apoio", afirmou o deputado no Twitter.

Abandonado

Araújo está sob intensa pressão e, de acordo com seus aliados, foi abandonado pela articulação política do Planalto, comandada por um desafeto, o ministro Luiz Eduardo Ramos. A queda de Martins, no entendimento de auxiliares de Bolsonaro, poderia servir como anteparo para dar uma sobrevida a Araújo como chanceler, pois a ala ideológica do governo perderia um cargo de relevo no Planalto.

O ministro das Relações Exteriores disse ao Estadão ter muita afinidade com a visão de mundo do presidente e executar uma política externa determinada por ele, e não em caráter pessoal. Outra opção cogitada seria encontrar para o ministro um cargo que não dependa de aval dos senadores, como organismos internacionais. Um posto prestigiado no exterior que poderia ser o destino de Araújo é a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris.

Os senadores querem que o chanceler renuncie ao Itamaraty. Neste caso, para escapar da sabatina no Senado, cuja aprovação é considerada improvável, ele não poderia assumir nenhuma embaixada, mas talvez um consulado ou essa vaga na OCDE. Para o lugar de Araújo já circularam diversos nomes, quase todos políticos.

Nessa lista estão o ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Flávio Rocha, os senadores Nelsinho Trad (MS) e Antônio Anastasia (MG), ambos do PSD, e Fernando Collor (PROS-AL), assim como o ex-presidente Michel Temer (MDB). Do próprio governo, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), é bem vista pela diplomacia, mas teria rejeitado sondagens. Se a opção for por um diplomata, voltaram a ser citados os embaixadores Luiz Fernando Serra (Paris), Nestor Forster (Washington) e Maria Nazareth Farani Azevedo (cônsul em Nova York).

Política externa

Um dia depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), demonstrar insatisfação com a condução da diplomacia brasileira pelo ministro Ernesto Araújo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, cobrou publicamente mudanças na área. Para o senador, o País está sendo prejudicado no enfrentamento da covid-19 por "erros" cometidos na gestão de Araújo, como o não estabelecimento de relações diplomáticas com países que poderiam colaborar.

"Muito além da personificação ou exame sobre o trabalho específico do chanceler, o que tem que mudar é a política externa, ela precisa ser melhorada e aprimorada. Isso é algo que está evidenciado a todos, não só ao Congresso Nacional, mas a todos os brasileiros que enxergam essa necessidade de o Brasil ter uma representatividade externa melhor do que tem hoje", disse.

O presidente do Senado também afirmou ontem que a Polícia Legislativa investiga o gesto feito pelo assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, na audiência pública do chanceler na Casa.

A bancada do PSOL na Câmara enviou ofício à Casa Civil em que pede o afastamento de Martins e a abertura de procedimento administrativo para apurar o caso. No ofício, à Casa Civil, a bancada afirma que não é a primeira vez que Martins faz "alusões públicas ao repugnante, perigoso e ilegal supremacismo branco".

"Desde abril de 2019, o assessor utiliza, como foto de fundo de sua conta no Twitter uma imagem com trecho do poema que abre o manifesto do supremacista branco, Brenton Tarrant, que, em março daquele mesmo ano, assassinou 51 pessoas em uma mesquita na Nova Zelândia. Durante seu julgamento, Tarrant fez o mesmo gesto ora performado pelo sr. Felipe Martins", escreveu a líder da sigla, Talíria Petrone.

Nas redes, Martins disse que apenas arrumava a gola do paletó. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A bancada do PSOL na Câmara enviou ofício à Casa Civil nesta quinta-feira, 25, pedindo a abertura de procedimento administrativo contra o assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, e seu afastamento. Os parlamentares afirmam que o gesto feito pelo assessor na quarta-feira, 24, durante sessão do Senado, é um símbolo usado por supremacistas brancos.

O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse nesta quinta-feira, 25, que a Polícia Legislativa vai investigar o caso. O episódio ocorreu em sessão temática com a presença do chanceler Ernesto Araújo sobre a atuação do Itamaraty em busca de vacinas contra a covid-19. O próprio Pacheco fazia um pronunciamento no momento em que Martins, posicionado atrás dele, juntou as pontas dos dedos indicador e polegar, em formato de "OK", e movimentou a mão para cima e para baixo junto ao terno.

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Mais adiante na sessão, o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), acusou o assessor de ter feito um gesto "obsceno" e pediu, exaltado, que ele fosse conduzido pela Polícia Legislativa para fora das dependências da Casa. Após a intervenção do amapaense, proliferaram nas redes sociais alertas de que o gesto teria sido não só obsceno, mas um aceno a supremacistas brancos.

Em sua conta no Twitter, Martins negou o fato e escreveu que apenas arrumava o paletó. "Um aviso aos palhaços que desejam emplacar a tese de que eu, um judeu, sou simpático ao 'supremacismo branco' porque em suas mentes doentias enxergaram um gesto autoritário numa imagem que me mostra ajeitando a lapela do meu terno: serão processados e responsabilizados; um a um", ameaçou.

No ofício ao ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, a bancada do PSOL aponta que esta não seria a primeira vez em que o assessor faz "alusões públicas ao repugnante, perigoso e ilegal supremacismo branco".

"Desde abril de 2019, o assessor especial da Presidência utiliza, como foto de fundo de sua conta no Twitter, uma imagem com trecho do poema que abre o manifesto do supremacista branco Brenton Tarrant, que, em março do mesmo ano, assassinou 51 pessoas em uma mesquita na Nova Zelândia. Durante seu julgamento, Tarrant fez o mesmo gesto ora performado por Sr. Filipe Martins", escreve a líder do partido na Câmara, Talíria Petrone (RJ).

A deputada aponta que o endosso público ao supremacismo branco contradiz os princípios da Constituição e se enquadra no Artigo 20 da Lei 7.716/89, que define crimes de racismo. Segundo o trecho mencionado, fica sujeito a entre um e três anos de prisão e multa quem "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".

Os dez membros da bancada psolista encerram o ofício instando a Casa Civil a dar explicações ao Congresso e à sociedade brasileira sobre os atos de Martins e o posicionamento oficial do governo federal sobre o que chamam de "inaceitáveis alusões ao supremacismo branco empreendidas pelo assessor".

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, informou ao Plenário que determinou à Secretaria Geral da Mesa que apure gesto feito por Filipe Martins, assessor Internacional do presidente da República, Jair Bolsonaro.

O gesto foi denunciado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ainda durante a sessão desta quarta-feira (24). Martins estava acompanhando o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, na sala de transmissão da sessão temática remota do Plenário do Senado. O ministro havia sido chamado para falar das ações da pasta na compra de vacinas contra o coronavírus.

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De acordo com Rodrigo Pacheco, a Secretaria da Mesa colherá as informações necessárias sobre o ocorrido e as encaminhará à Policia Legislativa.

O assessor do Planalto estava um pouco atrás de Pacheco enquanto este abria a sessão, e repetiu gestos com os dedos da mão direita. O senador Jean Paul Prates (PT-RN) lamentou o ocorrido e disse que o Senado “não é lugar pra fazer gracinha ou pagar aposta com alguém”.

— Aliás, continuo perturbado pela presença do assessor que fez esses gestinhos, aí atrás do Presidente do Senado. Não sei nem que gesto importa tanto, se é um neofascista, se é uma ofensa depreciativa, o fato é que aqui não é local, nem momento para fazer gracinha, pagar aposta para ninguém. Não sei o que é isso aí, mas vai ser investigado.

Em sua conta no Twitter, Martins alegou que estava apenas mexendo na lapela de seu paletó. O tweet foi encaminhado à Secretaria Geral da Mesa pelo senador Esperidião Amin (PP-SC) como mais um elemento para apuração do episódio.

Ao comunicar aos senadores a decisão de apurar a conduta de Martins, o presidente do Senado acrescentou que não fará pré-julgamentos e que haverá respeito ao devido processo legal, à ampla defesa e à presunção de inocência.

"Deboche"

Durante a sessão, Randolfe apontou os gestos de Martins, que tiveram repercussão nas redes sociais, e entendeu que o próprio presidente do Senado estava sendo desrespeitado. Para ele, foi uma ofensa a Rodrigo Pacheco e ao Plenário do Senado. Por meio de uma questão de ordem, Randolfe pediu que Martins se explicasse ou que fosse conduzido pela Polícia Legislativa para fora das dependências do Senado. O senador chegou a pedir a suspensão da sessão. Os gestos foram classificados por Randolfe como "obscenos" e de "deboche".

— Ele estava ironizando a fala do presidente da nossa Casa. Isso é inaceitável e intolerável. Basta o desrespeito que esse governo está tendo com mais de 300 mil mortos [na pandemia] — declarou o senador.

Fonte: Agência Senado

Durante a fala do chanceler Ernesto Araújo em sessão de debates temáticos do Senado Federal nesta quarta (24), o assessor especial da presidência, Filipe G. Martins, pode ser visto ao fundo fazendo um gesto com as mãos que lembra o ‘OK’, sinal que tem formato das letras ‘WP’, para o inglês White Power (Poder Branco) e é reconhecido por entidades internacionais como uma sinalização supremacista branca, cooptada por simpatizantes do nazismo e antissemitas. A atitude gerou muita revolta nas redes sociais e também entre senadores.

Em resposta ao caso, o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), líder da oposição, pediu a retirada imediata de Filipe Martins das dependências do Senado e que ele fosse autuado pela Polícia Legislativa.

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"Isso é inaceitável. Basta o desrespeito que esse governo está tendo com mais de 300 mil mortos. Não aceitamos que um capacho do sr. presidente venha aqui, ao Senado, durante a fala do presidente do Senado, nos desrespeitar", disse.

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Araújo pediu que a Secretaria Geral da Mesa e a Polícia Legislativa identificassem o fato citado pelo senador da Rede, mas que não iria interromper a sessão.

A deputada federal Jandira Feghali (PcdoB-RJ) também foi às redes se manifestar em repúdio ao ato. “300 mil vidas... uma delas é Haroldo, nosso camarada que se foi. A tristeza e fragilidade de hoje se transformarão em força para derrotar esse fascista e todos que o cercam, que idolatram "supremacia branca", preconceitos, ódios. Vocês serão escorraçados do Poder. Todos vocês”, rebateu.

Até o momento desta publicação, o analista político ainda não havia se manifestado sobre o gesto feito na reunião, mas é esperado que o assessor ou o governo emitam posicionamento. Essa não é a primeira vez que um membro da equipe Bolsonaro faz referências a grupos supremacistas brancos.

Em janeiro de 2020, o vídeo do discurso do ex-secretário da Cultura do Brasil, Roberto Alvim, ganhou repercussão internacional por possuir vários elementos de composição em referência ao discurso do nazista Joseph Goebbels.

 

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