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O procurador-geral da República Augusto Aras se reuniu nesta quarta-feira, 24, com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e com os comandantes das Forças Armadas. O encontro foi na sede do Ministério da Defesa.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) se limitou a informar que a reunião foi marcada para tratar o "papel das instituições" e não deu mais detalhes da reunião.

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Participaram da reunião o almirante Almir Garnier, comandante da Marinha; o general Marco Antônio Freire Gomes, chefe do Exército; e o tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior, comandante da Aeronáutica.

O encontro acontece um dia após a Polícia Federal (PF) abrir buscas contra empresários bolsonaristas que conversaram abertamente sobre um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saia vitorioso das urnas em outubro.

Aras veio a público nesta terça-feira, 23, dizer que não foi informado com antecedência da operação, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O ministro alega que encaminhou cópia da decisão sobre a operação e que seguiu o procedimento rotineiro de intimação.

Celulares dos empresários foram apreendidos na operação e serão periciados pela PF. O portal jurídico Jota noticiou que, em uma análise preliminar, foram encontradas conversas de Aras com os bolsonaristas alvo de buscas.

Em meio à operação de ontem, Moraes teve um encontro com o ministro da Defesa. O magistrado também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e conversou com o general sobre as sugestões enviadas pelos militares para mudar o sistema de fiscalização das eleições.

A Polícia Federal (PF) discute apresentar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proposta de realização de um teste de segurança nas urnas eletrônicas em seções eleitorais no dia da votação. A ideia já é defendida pelas Forças Armadas. Internamente, policiais veem como prudente a sugestão dos militares de mudança na testagem que é tradicionalmente adotada pela Corte eleitoral.

Atualmente, as urnas são sorteadas e levadas a tribunais regionais para o chamado teste de integridade no dia da votação. O Ministério da Defesa quer que isso seja feito na própria seção eleitoral, com a participação de eleitores.

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Peritos da PF começaram nesta segunda-feira, 22, a analisar o código-fonte da urna eletrônica em um ambiente controlado do TSE. A verificação vai se estender até a próxima sexta-feira. A mesma inspeção já foi feita pelos militares. A análise ocorre na mesma semana em que o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, receberá, em seu gabinete, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. O general vai ao tribunal nesta terça-feira, 23, para um encontro com o ministro, na tentativa de reverter a crise entre Corte e militares.

DIÁLOGO

A pauta do encontro é tratada com reserva pelo gabinete de Moraes, mas assessores disseram acreditar que a primeira reunião entre o representante da Justiça Eleitoral e o ministro sirva para reduzir a tensão da relação com as Forças Armadas durante a gestão de Edson Fachin no comando do TSE, além de recuperar o diálogo que se esvaziou nos últimos meses.

Depois de receber o titular da Defesa, Moraes terá uma segunda reunião com o diretor-geral da Polícia Federal, Marcio Nunes de Oliveira, e com o diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Caio Rodrigo Pelim, também em seu gabinete.

Em junho, a PF criou um grupo de trabalho para tratar exclusivamente de ações de fiscalização e auditoria do sistema de votação, com delegados e peritos da Diretoria de Inteligência Policial, área conhecida por lidar com casos de alta complexidade. O núcleo, instituído por portaria do diretor-geral da corporação, assumiu atribuições que até então cabiam a áreas distintas, como as divisões de Crimes Cibernéticos e de Crimes Eleitorais.

Há uma expectativa de que o grupo de trabalho entre na queda de braço patrocinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) contra TSE e ministros da Corte eleitoral. Candidato à reeleição, Bolsonaro cobrou ação incisiva das Forças Armadas para interferir nos sistemas de votação e disseminou informações falsas a respeito das urnas eletrônicas.

CRISE

Segundo interlocutores do novo grupo de trabalho, a ideia dos militares de promover o teste na própria seção eleitoral é bem-vista por integrantes desse núcleo da PF. Além de observarem a pertinência técnica da medida, policiais também consideram o impacto institucional positivo da proposta, por servir para "acalmar os ânimos" na crise criada por Bolsonaro.

Agentes federais que veem a ideia com simpatia dizem, ainda, que ela elevaria a certeza da segurança do sistema de votação a um nível que cessaria a desinformação e os ataques.

Até o momento, o TSE tem considerado a medida desnecessária sob o argumento de que não traria ganhos de segurança e que também poderia confundir os votantes. Além de nunca ter sido comprovada uma fraude no sistema de votação adotado no País, os métodos utilizados desde que esse modelo foi adotado se mostraram eficazes e seguros.

Técnicos da Justiça Eleitoral avaliam como inviável convencer diversos eleitores a comparecer ao ambiente de teste, contribuir com a biometria e esperar o desfecho do experimento. Ponderam, ainda, que em uma seção eleitoral pode haver tumultos, o que prejudicaria o procedimento.

Procurado, o TSE não se manifestou sobre a proposta em estudo pela PF.

ALTERAÇÕES EM PROCEDIMENTO DO TSE

Teste de integridade

O teste de integridade é uma espécie de votação simulada, realizada desde 2002, para oferecer mais uma garantia de que as urnas contabilizam os votos corretamente. Centenas de aparelhos são sorteados e levados para um ambiente específico dos tribunais eleitorais dos Estados.

Como funciona

Em ambiente monitorado, servidores digitam nas urnas votos previamente registrados em papel. O objetivo é mostrar que a contagem da máquina bate com a das cédulas. Isso se dá sem a presença de eleitores, mas tudo é acompanhado por fiscais, filmado e até transmitido pela internet.

O que propõe a Defesa

A proposta é realizar essa testagem sem levar as urnas aos tribunais. A máquina sorteada seria levada para espaço no próprio local de votação. Eleitores voluntários habilitariam a urna-teste com a biometria. Só então servidores registrariam os votos. Para militares e agentes que defendem a ideia, o destravamento da urna por biometria permitiria conduzir o experimento em "condições e ritmos reais".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O candidato à Presidência da República pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta segunda-feira (22) que o governo federal é quem tem autonomia para definir as ações do Itamaraty e das Forças Armadas.

A declaração foi feita em São Paulo no lançamento do livro de fotos "O Brasil no Mundo: 8 anos de Governo Lula", do fotógrafo pessoal do petista, Ricardo Stuckert, e no momento em que o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) concedia entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo.

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"O Itamaraty será aquilo que o governo quiser que seja, assim como as Forças Armadas", afirmou Lula. "Não existe política pública ativa e altiva se não tiver um governo ativo e altivo. O Itamaraty tem muita gente conservadora, gente de direita, e não são poucos, mas ele não decide as políticas que serão colocadas em prática. Quem define é o governo, e é através da política do governo que pode agir mais ou menos", acrescentou. "Foi essa política ativa que fez com que trouxesse para o Brasil a Olimpíada", seguiu.

Para Lula, o Brasil vive um momento de "empobrecimento da política externa". "A coisa que dá muito orgulho é que nossa política externa nunca permitiu que a gente falasse grosso com Uruguai, ou outro país pequeno, mas nunca permitiu que a gente falasse fino com os Estados Unidos", afirmou o candidato, ao lado de Celso Amorim, seu ex-ministro das Relações Exteriores. "Não tem sentido ser eleito e depois não mandar nada."

Estiveram no palco do evento ex-ministros do governo Lula como Guido Mantega (Fazenda), Celso Amorim (Relações Exteriores), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Fernando Haddad (Educação), que é candidato ao governo paulista.

De janeiro a maio deste ano, 1.559 militares das três Forças Armadas tiveram pagamentos líquidos de mais de R$ 100 mil por mês. Juntos, os profissionais receberam R$ 262,5 milhões já depois dos descontos, como Imposto de Renda e contribuição para a Previdência dos militares.

A lista dos beneficiados inclui oficiais que integraram o governo de Jair Bolsonaro (PL), como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello - em março, o general teve rendimentos líquidos de R$ 305,4 mil, ao passar para a reserva remunerada do Exército. O ex-ministro da Saúde, porém, está longe do topo da lista dos maiores contracheques militares deste ano.

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O número 1 do ranking é um coronel, lotado no Comando do Exército, chamado James Magalhães Sato, de 47 anos. Em abril deste ano, o pagamento líquido devido a ele foi de R$ R$ 603.398,92, valor correspondente a 38 anos dos rendimentos de um trabalhador que ganhe o salário mínimo atual, de R$ 1.212. O montante também é cerca de mil vezes maior do que o Auxílio Brasil, que terá valor médio de R$ 607 em agosto, segundo o governo.

No cadastro do Exército, Sato aparece como "militar da ativa". A remuneração básica do coronel é R$ 22,4 mil, mas, em abril deste ano, os rendimentos foram aumentados por uma verba de R$ 733,8 mil recebida sob a rubrica de "outras remunerações eventuais". O campo das "observações" informa que se trata do pagamento de "valores decorrentes de atrasos", sem mais detalhes. A reportagem do Estadão tentou contato com o coronel, mas não houve resposta até a conclusão desta edição.

Nos últimos meses, alguns militares se aproximaram da cifra de R$ 1 milhão. Levantamento feito pela equipe do deputado Elias Vaz (PSB-GO) encontrou o caso de um militar da Aeronáutica cujos vencimentos brutos foram de R$ 818.902,09 em junho de 2021 - este é o montante antes dos descontos. Em novembro passado, os rendimentos brutos de outro aeronauta, que ocupou o posto de diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) chegou a R$ 719,7 mil. O caso de Pazuello também é mencionado no levantamento feito pelo deputado.

"É um tapa na cara do povo brasileiro, que está passando por uma das piores crises dos últimos tempos. Fica claro que há uma conduta do governo Bolsonaro que privilegia um grupo das Forças Armadas, já que esses benefícios não abrangem todos os militares nem chegam a outros servidores federais, como professores e enfermeiros", diz Vaz.

Justificativa

Em março, a remuneração básica bruta de R$ 32 mil de Pazuello foi acrescida de verbas indenizatórias que somam R$ 282,6 mil em março deste ano, resultando em vencimentos líquidos de R$ 305,4 mil. Novamente, a informação disponível nos dados abertos do Portal da Transparência é a de que seriam "valores decorrentes de atrasos". Procurado, Pazuello disse apenas que "todos os valores recebidos foram pagos conforme a legislação vigente".

O segundo maior vencimento líquido até o momento pertence a um major-brigadeiro da Aeronáutica, que atua desde fevereiro no Quarto Comando Aéreo Regional (IV Comar), em São Paulo. Em março deste ano, a rubrica "outras remunerações eventuais" no contracheque do militar teve o valor de R$ 376,8 mil, resultando em rendimentos líquidos de R$ 405,7 mil. A justificativa é a de que o militar está "em ajuste de contas" - ou seja, se preparando para deixar a ativa.

'Indenizações'

Procurado, o Ministério da Defesa apenas reencaminhou uma nota já enviada dias antes ao Estadão. Segundo o texto, "os valores referem-se à remuneração mensal e a indenizações pontuais e a atrasados". "Essas indenizações são relativas ao recebimento de férias não usufruídas ao longo da carreira, ou a outros direitos, que são calculados na ocasião da passagem dos militares para a reserva."

"Cabe ressaltar que as Forças Armadas cumprem, rigorosamente, a legislação que rege o pagamento de seus militares e servidores civis. Os valores são lançados no Portal da Transparência e são submetidos à fiscalização dos órgãos de controle", diz ainda a nota do ministério.

Os comandos de Marinha, Exército e Aeronáutica também foram procurados, mas ainda não se manifestaram.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) autorizou o uso das Forças Armadas nas eleições de outubro para a “garantia da votação e da apuração” do processo eleitoral. A determinação, porém, indica que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinará os locais de atuação e o período pelo qual as Forças Armadas serão utilizadas. O decreto é de quinta-feira (11) e foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) nesta sexta-feira (12). 

A medida, que é praxe no sistema eleitoral brasileiro, foi assinada por Jair Bolsonaro e pelos ministros da Defesa e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e general Augusto Heleno, respectivamente.  

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Em 2018, mais de 28 mil militares das Forças Armadas foram convocados para atuar em 598 localidades nos dois turnos de votação. Em 2014, 30 mil. Despacho publicado nesta sexta-feira (12). Reprodução/DOU

O Exército Brasileiro reclamou oficialmente nesta quarta-feira, dia 10, da expulsão do coronel Ricardo Sant'Ana dos trabalhos de fiscalização das eleições e desistiu de indicar um substituto. Ele fora flagrado nas redes sociais propagando mensagens de viés político e desinformação sobre as urnas eletrônicas, objeto de inspeções que realizava na Justiça Eleitoral. Por meio de nota interna, o Exército queixou-se da forma como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conduziu o caso, excluindo o oficial sem consultar o Comando Geral nem o Ministério da Defesa.

"Baseado em 'apuração da imprensa' e de forma unilateral, sem qualquer pedido de esclarecimento ou consulta ao Ministério da Defesa ou ao Exército Brasileiro, o TSE 'descredenciou' o militar. Dessa forma, o Exército não indicará substituto e continuará apoiando tecnicamente o MD nos trabalhos julgados pertinentes", diz o comunicado da Força Terrestre.

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O Comando do Exército não esclareceu a que tipo de procedimento de apuração o coronel foi submetido. A informação anterior dava conta de que ele poderia ser submetido a um procedimento de apuração de transgressão disciplinar ou a uma sindicância. O caso seria conduzido inicialmente pelo general , do Centro de Desenvolvimento de Sistemas (CDS), ao qual Sant'Ana é vinculado.

Na nota, a força defendeu o coronel Ricardo Sant'Ana, apesar da ampla repercussão negativa do episódio, que expôs falta de controle sobre o uso das redes sociais pelo oficial em afronta às normas da caserna.

"Especificamente em relação ao oficial, cabe destacar que foi selecionado mercê de sua inequívoca capacitação técnico-científica e de seu desempenho profissional", diz o Exército. "Todavia, após tomar conhecimento das notícias veiculadas, já no final da semana passada, o Exército, como usualmente faz nesses casos, buscou esclarecer os fatos antes de tomar quaisquer providências, eventualmente precipitadas ou infundadas."

O presidente Jair Bolsonaro disse em evento com mais de 3,5 mil produtores rurais que as Forças Armadas são o último obstáculo ao socialismo. "Eles sabem que as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo. Por isso, o ataque e a criação da defesa (ministério) em 1989, não por necessidade militar, mas por necessidade política de tirarem os militares da negociação", disse Bolsonaro, na abertura do Encontro Nacional do Agro, promovido pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em Brasília (DF).

O presidente afirmou também que em governos anteriores quem nunca pegou numa pistola foi ser o ministro da Defesa. "Para nossas Forças Armadas, escolhemos generais de quatro estrelas. Até pouco tempo tinha gente que não entendia de nada lá. Quem nunca pegou numa pistola foi ser o ministro da defesa", afirmou.

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Bolsonaro criticou também quem "o ataca" por ter muito militar no governo. "Se o povo quisesse ladrão, tinha votado na esquerda lá atrás", disse.

No evento, o presidente estava acompanhado dos ministros da Agricultura, Marcos Montes; do secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência, Almirante Rocha; do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite; do ministro da Justiça, Anderson Torres; do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; do ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, Walter Braga Netto (PL); e do presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou um pedido das Forças Armadas para acessar documentos das eleições de 2014 e de 2018. A negativa consta em resposta enviada nesta segunda-feira, 8, ao ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que em junho havia solicitado o compartilhamento dos arquivos.

O retorno é assinado pelo ministro Edson Fachin, presidente do TSE, e acompanhado de justificativas e informações prestadas pela área técnica do tribunal. O anexo afirma que as entidades fiscalizadoras do processo eleitoral, como as Forças Armadas, "não possuem poderes de análise e fiscalização de eleições passadas, não lhes cumprindo papel de controle externo do TSE". Também lembra que o prazo para pedir acesso ao material está encerrado.

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"O regramento estabelece a data de 13/01/2015, para as eleições 2014, e de 17/01/2019, para as eleições de 2018, como prazo limite para apresentação do pedido. Sendo assim, indeferem-se os pedidos também em razão da intempestividade", diz o documento.

Em sua resposta, Fachin aproveitou para reiterar que o código-fonte das urnas eletrônicas está aberto desde outubro de 2021. Na semana passada, o Ministério da Defesa pediu acesso "urgentíssimo" ao código.

O presidente do TSE também disse que o "primado da transparência" desaconselha "espaços institucionais reservados ou reuniões que estejam fora do plano de ação aprovado pela Comissão de Transparência das Eleições". Mesmo representados na comissão, os militares chegaram a tentar um encontro fechado com Fachin, o que foi negado pelo ministro.

"O Tribunal Superior Eleitoral avança na preparação das eleições íntegras, seguras e pacíficas que se concretizarão em 55 dias", concluiu o ministro.

Representantes das Forças Armadas discutem como realizar uma contagem paralela dos votos para as eleições deste ano, tendo em vista que esta é uma medida que o presidente Jair Bolsonaro (PL) cobra desde abril. Integrantes do Ministério da Defesa admitiram, em conversas reservadas, que estão se preparando para esta tarefa. Até então, o mais provável é que sejam utilizados boletins impressos pelas urnas eletrônicas depois do encerramento da votação.

Além dos boletins de urnas (BUs), -que são registros do resultado de cada equipamento, impressos ao fim de cada votação- uma outra alternativa é ter acesso aos dados retransmitidos pelos tribunais regionais ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os boletins indicam a quantidade de votos recebidos por candidato, partido, nulos e brancos. Eles ficam registrados digitalmente na mídia das urnas, criptografados e embaralhados para impedir a identificação do eleitor. 

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Alguns militares lotados no Ministério da Defesa, que têm acompanhado o processo de fiscalização das urnas junto ao TSE, afirmam que a decisão de realizar a totalização de votos por conta própria ainda não foi oficializada e nem comunicada ao TSE. De acordo com um general, tudo depende de uma decisão política a ser transmitida pelo chefe da pasta, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Bolsonaro, por sua vez, insiste na contagem paralela pela Defesa. 

Os militares montaram uma equipe própria para o "acompanhamento da totalização", como a fiscalização vem sendo chamada no colegiado. A equipe é formada por 10 oficiais da ativa do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O colegiado explica que age de forma técnica para contribuir com o aperfeiçoamento da segurança e transparência do sistema. Os argumentos abastecem a campanha política de descrédito das eleições colocada pelo presidente. 

A verificação dos votos pelas Forças Armadas é uma missão não prevista na Constituição e nem nas diretrizes de Defesa Nacional. Já a Corte Eleitoral tem a missão exclusiva de promover eleições, apurar e dar o resultado. O presidente sugeriu, ainda, que a apuração seja semelhante à da Mega Sena. 

Por sua vez, o TSE desmentiu que a apuração seja terceirizada ou feita numa "sala secreta", pois a contagem é feita na sede da Corte, com o uso de um supercomputador fornecido por uma multinacional de tecnologia, instalado na sala-cofre do TSE e operado por funcionários especializados do Judiciário, por recomendação da Polícia Federal. 

Os dados com a parcial dos votos apurados são enviados para Brasília por meio de uma rede dedicada de acesso restrito, com criptografia e uma série de barreiras de segurança. Nunca houve divergências no resultado. 

Auditoria

Para os militares, a apuração por conta própria é parte das atividades de auditoria possíveis. 

O TSE decidiu publicar todos os boletins de urna online com códigos QR, como forma de ampliar a transparência. Desta forma, os militares e outras entidades fiscalizadoras como partidos e Ministério Público, vão poder consultar imediatamente os votos apurados e fazer somatórios independentes. Os militares argumentam que a apuração paralela, com a publicação dos boletins de urna na internet, pode ser feita por qualquer cidadão e estaria dentro das regras de fiscalização estabelecidas pelo TSE. 

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, decidiu excluir do processo de fiscalização dos sistema eleitoral o coronel Ricardo Sant'Anna que usou redes sociais para divulgar informações falsas sobre o processo de votação do País. Fachin encaminhou ofício na manhã desta segunda-feira (8), ao ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, comunicando da exclusão.

A decisão foi tomada após veículos de imprensa noticiarem que o oficial do Exército fez diversas publicações nas redes sociais de conteúdos que, nas palavras de Fachin, "disseminaram informações falsas a fim de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro".

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"Conquanto partidos e agentes políticos tenham o direito de atuar como fiscais, a posição de avaliador da conformidade de sistemas e equipamentos não deve ser ocupada por aqueles que negam prima facie o sistema eleitoral brasileiro e circulam desinformação a seu respeito", escreveu Fachin. "Tais condutas, para além de sofrer reprimendas normativas, têm sido coibidas pelo TSE através de reiterados precedentes jurisprudenciais", completou.

O coronel Sant'Anna é um dos nove oficiais indicados pela Defesa para inspecionar os códigos-fonte das urnas na sede do TSE. Veículos identificaram que o militar fez diversas publicações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), contando até mesmo com fake news contra o sistema eleitoral.

Em uma das postagens, o oficial comparou a segurança dos dispositivos eletrônicos de votação com uma loteria e ainda escreveu que "nenhum país desenvolvido" adotou este sistema. Além do Brasil, nações como França e Estados Unidos também utilizam urnas eletrônicas. O processo eleitoral brasileiro é reconhecido internacionalmente como um dos mais seguros e confiáveis do mundo.

"A elevada função de fiscalização do processo eleitoral há que ser exercida por aqueles que funcionam como terceiros capazes de gozar de confiança da Corte e da sociedade, mostrando-se publicamente imbuídos dos nobres propósitos de aperfeiçoamento do sistema eleitoral e de fortalecimento da democracia", prosseguiu Fachin no ofício enviado à Defesa

Crise

A presença dos militares no TSE para inspecionar os códigos-fonte das urnas eletrônicas gerou um novo capítulo da crise entre a mais alta Corte da Justiça Eleitoral e o Ministério da Defesa. Na semana passada, o ministro Nogueira encaminhou um ofício ao tribunal cobrando acesso "urgentíssimo" às suas dependências para fazer a fiscalização desta etapa de preparação das eleições.

O acesso aos dispositivos, contudo, estava autorizado desde outubro do ano passado, após o então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, ampliar de seis meses para um ano o período de inspeção. A movimentação dos militares às vésperas do início da campanha eleitoral tornou ainda mais tensaa relação com a Corte.

O pedido de acesso aos códigos só foi feito após uma reunião entre técnicos das Forças Armadas e da Justiça Eleitoral - o ministro da Defesa pressionou os magistrados para que o encontro fosse realizado. Eles têm 10 dias para fazer as análises no sistema e, eventualmente, fazer sugestões.

O presidente Jair Bolsonaro reafirmou, nessa terça-feira (2), que Marinha, Exército, Aeronáutica, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros devem participar do desfile de 7 de Setembro em Copacabana, no Rio de Janeiro. Até o momento, porém, nem Exército, nem o Ministério da Defesa, nem autoridades locais confirmam a mudança no local da parada militar. O mandatário já anunciara na semana passada que o ato cívico-militar na capital fluminense ocorreria na praia mais famosa do Rio (tradicional local de manifestações bolsonaristas) e não na Avenida Presidente Vargas, no Centro, como ocorre há anos.

Segundo Bolsonaro declarou à Rádio Guaíba, estudantes de colégios militares e representantes da Academia Militar das Agulhas Negras também devem participar na parada militar.

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"A gente vai pedir ao pessoal que botar carro de som, vai ter muita gente em Copacabana, que não use seu carro de som durante aí o desfile, que deve durar em torno de, no máximo 1h. É tropa das Forças Armadas, Marinha, Exército e Aeronáutica. Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar. Academia Militar das Agulhas Negras deve ter um efetivo de um ano desfilando. Colégio Militar. Algumas escolas civis lá do Rio de Janeiro", disse em entrevista à emissora gaúcha.

A troca no local do desfile militar ainda não foi confirmada oficialmente, nem pelas Forças Armadas nem pela Prefeitura do Rio. O Comando Militar do Leste (CML), com sede no Rio de Janeiro, afirma que o Dia da Independência do Brasil é uma data cívica e que, portanto, os desfiles e atos são "programadas e organizadas pelos governos municipais e/ou estaduais".

"O Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Dia da Independência do Brasil - 07 de Setembro é uma data CÍVICA, onde a Nação celebra a independência do País. Assim, as comemorações em geral são programadas e organizadas pelos governos municipais e/ou estaduais. O Exército Brasileiro participa auxiliando na organização e realizando os desfiles militares nas diferentes guarnições (cidades) em que está presente", diz em nota.

O Ministério da Defesa diz que as Forças Armadas permanecem de "prontidão" para atender às solicitações sobre as comemorações do 7 de Setembro, mas não confirma se o ato ocorrerá no centro ou na orla de Copacabana.

"Conforme os anos anteriores, o Ministério da Defesa, por meio das Forças Armadas, permanece de prontidão para atender às solicitações no que se refere às comemorações alusivas ao Aniversário da Proclamação da Independência do Brasil. Ressalta-se que o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas está no início do planejamento, o qual proporcionará informações mais precisas oportunamente", diz a Defesa.

Paes destaca 'logística complexa'

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), afirma que ainda não recebeu nenhum pedido formal do presidente para a mudança no local do desfile. Em sua conta oficial do Twitter, Paes disse que está "inteiramente à disposição do governo federal" para atender eventuais mudanças de local da parada cívico-militar.

"Muitas pessoas têm me perguntado sobre o desfile militar do 7 de Setembro em razão das declarações do senhor presidente sobre o local do evento. Quero reiterar aqui que a prefeitura do Rio se sente honrada pelo fato de anualmente financiar a estrutura completa do evento. Reitero ainda que estamos inteiramente à disposição do governo federal para atender eventuais mudanças no local de realização do desfile.

De acordo com o prefeito, o evento pressupõe uma "logística bastante complexa", mas que os "desafios podem ser superados desde que se tenha organização e planejamento e se permita modificações na estrutura tradicional do evento".

"A Avenida Atlântica, caso seja desejo se realizar lá o evento, apresenta alguns desafios. Não custa lembrar que os calçadões daquela avenida são tombados e que ali existe uma quantidade muito grande de moradores", disse.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado, 30, que as Forças Armadas vão participar "ao lado" de seus apoiadores dos atos governistas de 7 de setembro em Brasília e, pela primeira vez, no Rio de Janeiro. No domingo passado, ao lançar oficialmente sua candidatura à reeleição, Bolsonaro pediu aos simpatizantes do governo para irem às ruas na data "pela última vez".

"Queremos inovar no Rio de Janeiro. Às 16 horas do dia 7 de setembro, pela primeira vez, as nossas Forças Armadas e as nossas irmãs Forças Auxiliares estarão desfilando na praia de Copacabana ao lado do nosso povo", anunciou Bolsonaro em São Paulo, no lançamento da candidatura do ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) a governador de São Paulo. "Vamos mostrar que nosso povo, mais do que querer, tem o direito e exige paz, democracia, transparência e liberdade", disse.

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Os atos bolsonaristas de 7 de setembro de 2021 foram um dos pontos mais altos de enfrentamento entre Bolsonaro e as instituições brasileiras. Na Avenida Paulista, Bolsonaro declarou à época que não mais cumpriria decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ameaça ganhou reação do mundo político, que viu chance de crime de responsabilidade passível de impeachment. Pressionado, Bolsonaro teve de publicar uma carta à nação escrita pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) para diminuir a fervura.

"Vamos comemorar 200 anos de independência. Vamos comemorar também como marco mais 200 anos de liberdade. No dia 7, estarei pela manhã em Brasília, com o povo na rua com a tropa desfilando", seguiu Bolsonaro em seu discurso político. Ele revelou que, neste ano, não estará em São Paulo no 7 de setembro, mas apenas em Brasília e no Rio de Janeiro. "O que está em jogo na pátria é a nova forma de mandar no povo".

Presente à convenção, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que os atos de 7 de setembro são em defesa da "transparência e da democracia". "Pauta que escuto muito é que vai ser solicitada a transparência das eleições", disse a parlamentar, em linha com o discurso sem provas do presidente da República de ataque às urnas eletrônicas.

Antes da menção aos atos do 7 de Setembro, Bolsonaro , aconselhado por marqueteiros, fez um discurso caro ao eleitorado paulista para lançar Tarcísio, com destaque a entregas do ex-ministro, como a construção de rodovias e ferrovias. "Ele ressuscitou o modal ferroviário no Brasil. ... Precisamos de aliados pelo Brasil que levem adiante política que começamos a implementar em Brasília. Política de resultados", declarou o presidente. "Tarcísio deu prova de sua competência na alocação de recursos", acrescentou.

Bolsonaro defende que Tarcísio integrou um governo, o dele, com ministérios técnicos e sem casos de corrupção orgânica. Não houve citações a denúncias de corrupção ao longo dos últimos quatro anos ou à prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por suposta corrupção passiva.

Seis dias após estrear na campanha à reeleição, a primeira-dama Michelle também discursou na convenção de Tarcísio e rezou pela esposa do candidato a governador, Cristiane Freitas.

Durante convenção nacional do PSB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que as Forças Armadas não podem ser tratadas como "objeto", nesta sexta-feira (29). Segundo o petista, o presidente Jair Bolsonaro (PL) busca atrair militares para apoiar às suspeitas infundadas que levanta contra o sistema eleitoral, e classificou "idiotice". 

Na convenção, foi aprovada a coligação do PSB com federação PT-PV-PCdoB, ambos irão apoiar a candidatura de Lula. Além disso, o ex-presidente confirmou como vice na chapa presidencial o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, filiado ao PSB. 

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"Nunca tive nenhum problema com as Forças Armadas porque as Forças Armadas elas têm suas funções estabelecidas na Constituição. As Forças Armadas nunca perguntam para que nem o porquê da decisão de um presidente. Eles cumprem. O que nós precisamos é estabelecer uma relação de respeito. É uma relação em que cada um cumpra com a sua função e não ter um presidente que trata as Forças Armadas como se fossem um objeto na mão dele", afirmou Lula. 

Além disso, durante a convenção o petista defendeu em seu discurso a educação como solução na vida dos jovens que têm com expectativa de vida roubar.  “Esse país não pode dar conta de suprir a expectativa e a esperança de milhões e milhões de jovens, que têm uma expectativa de estudar. Que tem expectativa de trabalhar, de ter a oportunidade e nós não poderemos permitir que esses jovens continuem tendo como razão de vida roubar celular para vender e sobreviver. Essa gente tem que estudar, tem trabalhar e essa gente precisa ser tratada com respeito. É a educação que vai dar qualidade no salário deles, é a educação que vai dar perspectiva de vida e de futuro pra essa gente”, afirmou.

O governo Jair Bolsonaro deflagrou uma operação de bastidores para tentar convencer o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a adotar propostas das Forças Armadas sobre a segurança das urnas eletrônicas ainda nas eleições de outubro. Com o diálogo bloqueado entre o Ministério da Defesa e a atual presidência da Corte, ministros da ala política do Palácio do Planalto buscaram contato direto com o Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente com Alexandre de Moraes, que comandará a Justiça Eleitoral durante a eleição.

O acordo é visto no governo como uma saída para evitar que reações de bolsonaristas descontentes fujam do controle no 7 de Setembro ou caso Bolsonaro perca a eleição. A busca de entendimento começou há poucos dias e inclui conversas com Moraes e outros ministros do STF. Os emissários do governo são os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Fabio Faria (Comunicações) e Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União).

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O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, acompanha as tratativas. Antes, a abordagem do governo era liderada por ele, pelo Ministério da Justiça e pela Controladoria-Geral da União (CGU). Após declarações divergentes, Paulo Sérgio e o atual presidente do TSE, ministro Edson Fachin, pararam de se falar.

Moraes assume a presidência do TSE em 16 de agosto. Os governistas não têm esperança de acordo antes da troca, mas acham possível construir a saída para o impasse até o fim de agosto. Embora os dois ministros estejam alinhados na defesa das urnas, Moraes tem perfil político e trânsito com militares. Sob Fachin, o TSE já disse que as propostas da Defesa seriam consideradas apenas para eleições futuras.

Quem conversou com Moraes disse que ele demonstrou abertura e disposição para "evitar confusão" enquanto estiver na presidência do TSE. Um ministro de Estado que participa das conversas disse ao Estadão que há abertura da parte de Moraes e que "tudo vai estar resolvido" antes do 7 de Setembro. Procurado, ele não se manifestou.

Para ministros palacianos, caso as propostas das Forças Armadas fossem implementadas, os militares dariam aval à confiabilidade e transparência do sistema eletrônico de votação. Com isso, Bolsonaro poderia baixar o tom e encerraria a escalada contra as urnas, que promove de forma recorrente, mesmo sem prova de fraude e à revelia do Centrão.

Auxiliares do presidente dizem que bastaria um breve recado dele pelo WhatsApp para bolsonaristas promoverem distúrbios como os vistos nos Estados Unidos na ocasião da derrota de Donald Trump. Na avaliação deles, o cenário é de consequências imprevisíveis.

A cruzada para minar a confiança nas urnas eletrônicas, com indicativo de contestação do resultado, levou a uma reação da sociedade civil sem precedentes. Um manifesto em defesa da democracia ultrapassou 100 mil assinaturas. A adesão pressionou o Planalto a procurar um acordo.

Depois de enviarem 88 questionamentos e 15 sugestões de mudança ao TSE, os militares se concentraram em três pontos. Eles exigem testes públicos de segurança com o novo modelo de urna, a UE2020. No teste, a máquina é submetida a tentativas de invasão, para verificar a higidez. As eleições vão usar 225 mil urnas desse modelo, o que equivale a 39% das 577 mil. Somente as antigas passaram pelo teste. O TSE diz, porém, que o novo tipo é mais moderno e seguro.

Os militares cobram incentivo às auditorias por partidos políticos. Apenas três siglas, no entanto, se registraram para fiscalizar a votação: o PL, por insistência de Bolsonaro, o PV e o PMN. Por falta de habilitação técnica, o PL desistiu de contratar uma empresa e vai cadastrar apenas consultores para auditar as urnas.

A terceira e mais complexa proposta das Forças envolve alteração na forma como é feito o teste de integridade das urnas, no dia da votação. Os militares sugeriram que o TSE transferisse o exame para as seções eleitorais e envolvesse eleitores reais, que seriam convidados, depois de votarem na cabine oficial, a desbloquear com biometria uma segunda urna-teste instalada no local. Em seguida, uma "votação paralela" seria conduzida e checada por servidores da Justiça Eleitoral, com uso de cédulas de papel para conferir o funcionamento do equipamento.

Atualmente, esse teste é feito na sede dos TREs, sem participação de eleitores, com gravação e transmissão ao vivo na internet. Nunca houve divergência. Para os militares, porém, o teste não cobre todas as ameaças internas, como vírus que poderiam ser instalados fisicamente na estrutura das urnas ou nos programas que processam os votos e a contagem.

O ex-presidente Lula (PT), disse não acreditar em um possível golpe do presidente Jair Bolsonaro (PL) para se manter no poder caso perca as eleições. Para o petista, as Forças Armadas não apoiariam um rompimento democrático no Brasil.

"Essas bobagens que Bolsonaro fala não têm apoio dos militares da ativa, do alto comando. Ele só pode ser considerado chefe supremo quando é sério, fala coisa com coisa e respeita instituições. Ele fala 'meu Exército', mas não é dele. Ele foi expulso do Exército por má conduta. Então como a gente pode pensar em golpe? Não acredito em golpe, não acredito que as Forças Armadas pensem nisso. Se ele começar a brincar com democracia, ele vai pagar caro", apontou Lula em entrevista ao UOL.

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O ex-presidente aproveitou para criticar o fato de Bolsonaro convocar para si o 7 de setembro, dia em que se comemora os 200 anos da Independência do Brasil. Na visão do ex-metalúrgico, o atual mandatário deveria refletir na data o que já foi feito no país e o que ainda poderia ser construído.

"Ele quer transformar os 200 anos num ato dele. Ele quer fazer uma motociata, quem sabe com a estátua de Tiradentes. Ele quer brincar com a data mais nobre que temos no país. É lamentável que seja assim e ele não vai ter sucesso", ponderou.

O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) afirmou que a campanha presidencial deste ano pode ser pautada por eventuais excessos e certa "ferocidade", mas minimizou a hipótese de ocorrer um golpe de Estado, temor despertado pela desconfiança demonstrada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre as urnas eletrônicas. "Se fala de um golpe, mas eu não acredito que haja condições para isso", afirmou durante entrevista ao programa Canal Livre exibido nesse domingo (17), pela Band.

De acordo com o ex-presidente, uma ruptura institucional só acontece se as Forças Armadas "quiserem". "Tenho absoluta convicção de que as Forças Armadas não entram nisso, portanto não haverá ruptura", disse. Na avaliação de Temer, as pessoas e corporações têm saído do seu "quadrado constitucional", o que está gerando "confusão". "O Tribunal (Superior Eleitoral - TSE) errou quando chamou setores das Forças Armadas para colaborar com as eleições", disse, salientando que esse setor já atua historicamente de várias formas nos pleitos, em especial na logística das urnas, no transporte a áreas remotas do País.

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Temer relembrou o gesto que fez no último 7 de setembro, quando ajudou o presidente Bolsonaro a redigir uma carta reduzindo o tom golpista e afastando a ameaça de ruptura institucional. O emedebista minimizou a urgência daquele momento e classificou a ação como "pequena" e "modestíssima".

Segundo ele, o gesto foi para pacificar o País e promover diálogo entre Executivo e Judiciário. "Para o meu paladar político e profissional, cumpriu-se a Constituição", disse. Naquela ocasião, Bolsonaro havia desautorizado o Supremo e ameaçado demitir o ministro Alexandre de Moraes caso ele não se enquadrasse em seus parâmetros. Agora, o chefe do Executivo promete fazer do próximo 7 de setembro "o maior possível".

O ex-presidente defendeu um "grande pacto" pela pacificação do País ainda este ano, após as eleições e antes da posse. Temer se coloca frequentemente como um "conselheiro" pela harmonia entre os Poderes. Ele sugeriu que o presidente eleito convide todos os governadores, presidentes dos Poderes e a oposição para dialogar e buscar sintonia antes do início do próximo governo.

O ex-presidente admitiu que a pré-candidata à Presidência pelo seu partido, Simone Tebet (MDB), tem poucas chances de vencer o pleito de outubro, mas destacou que não considera impossível. Para ele, um dos principais caciques do MDB, "tempo há" para Tebet deslanchar. "Ela saiu de 1% e está chegando a 4%. Temos dois meses e meio pela frente. Isso já aconteceu, mas não é fácil", afirmou.

Temer afirmou que Tebet "acabou ficando sozinha" após um discurso de que legendas se uniriam em torno de uma terceira via. Ele opinou que, junto à desistência de alguns candidatos próprios dos partidos que compunham as articulações, também houve uma abdicação da própria ideia da terceira via. "A terceira via esfarelou", concluiu. O ex-presidente também admitiu que o próprio MDB não conta com uma unidade nacional, mas salientou que, além de a divisão ser antiga, não está circunscrita a seu partido.

Parlamentares oriundos das Forças Armadas na Câmara divulgaram, nessa terça-feira (12), uma relação dos candidatos a cargos eletivos ligados ao grupo - ao todo serão 56, de acordo com o levantamento.

Os nomes disputarão desde à Presidência da República, como o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o seu provável pré-candidato a vice, Walter Braga Netto (PL), à vagas na Casa, no Senado, nas Assembleias Legislativas e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

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"Nós relacionamos todos os candidatos que chegaram ao nosso conhecimento, e que vão se disponibilizar no próximo pleito", disse o deputado General Peternelli (União-SP) ao Broadcast Político.

O PL, partido pelo qual Bolsonaro busca a reeleição neste ano ao lado de Braga Netto, tem 21 nomes. O Republicanos é a segunda sigla que mais teve adesão de candidato oriundos das Forças Armadas, com 11 nomes. Entre eles, o ex-ministro da Infraestrutura e aliado do presidente Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, que disputa o governo de São Paulo.

Entre as demais legendas, o PTB tem 4 nomes; União Brasil 3; Podemos 2; Pros 2; Patriotas, PMB, PSDB, DC, PP, PSD e PRTB têm 1 candidato cada. "São vários partidos, são vários pensamentos. Acredito que todos eles com o mesmo foco. O foco no bem comum, que é o que a nossa própria constituição prevê. Defendendo os interesses da população e os aspectos que nós julgamos essenciais na política como as questões tributárias. Transparência, e participar efetivamente de todas as discussões", completa.

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa criticou, na madrugada desta quinta-feira (7), as declarações do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, sobre a segurança das urnas eletrônicas e o interesse de grupos antidemocráticos em atacar o sistema eleitoral brasileiro. Em uma série de publicações no Twitter, Barbosa comentou a fala de Nogueira dada durante uma audiência na Câmara dos Deputados.

“Convido as pessoas com um mínimo de conhecimento da trágica história política brasileira a um exame sereno e lúcido da frase do ministro da Defesa, um general que faz parte do grupo de auxiliares do primeiro escalão do Presidente da República:  Disse o general Paulo Sergio Nogueira: 'As Forças Armadas estavam quietinhas em seu canto e foram convidadas pelo TSE…'. Ora, general, as Forças Armadas devem permanecer quietinhas em seu canto, pois não há espaço para elas na direção do processo eleitoral brasileiro”, disse Joaquim Barbosa.

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Durante a audiência no Congresso, o ministro bolsonarista foi questionado pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB-RJ) se as equipes de inteligência das Forças Armadas monitoram "grupos armados ou pessoas mal-intencionadas [que possam tentar] interferir e tirar a paz no processo eleitoral".

À ocasião, a parlamentar usou como comparação a invasão ao Capitólio, nos Estados Unidos, e demonstrou preocupação com o ato antidemocrático servir de referência ao mesmo tipo de grupo, mas no Brasil. O chefe da Defesa se mostrou despreocupado com a possibilidade de ataques antidemocráticos acontecerem.

"A preocupação que a senhora expõe no comentário em relação ao emprego da inteligência internamente e, não sei se foi essa a intenção, no que diz respeito ao processo eleitoral, eu nego e não existe esse tipo de preocupação [reedição da invasão do Capitólio no Brasil]."

Na audiência, o ministro disse que não tem questionado a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro. Ele afirmou, no entanto, que nenhum sistema está imune a falhas ou fraudes e que as urnas eletrônicas podem ser aperfeiçoadas.

"Nenhum sistema informatizado é totalmente inviolável, sempre haverá riscos, até mesmo em bancos que gastam milhões [de reais] em sistemas de segurança. Não se trata de qualquer dúvida em relação ao sistema eleitoral."

O questionamento em tom mais ameno não passou despercebido pelo ex-chefe da Suprema Corte: “Insistir nessa agenda de pressão desabrida e cínica sobre a Justiça Eleitoral, em clara atitude de vassalagem em relação a Bolsonaro, que é candidato à reeleição, é sinalizar ao mundo que o Brasil caminha paulatinamente rumo a um golpe de Estado. Pense nisso, general”, concluiu Joaquim Barbosa.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, neste sábado (2), que os beneficiários da Proposta de Emenda à Constituição que turbina gastos do governo federal e distribui R$ 41,2 bilhões antes das eleições deveriam "pegar todo o dinheiro" e não votar no presidente Jair Bolsonaro (PL) em outubro.

"Eu queria dizer para ele (Bolsonaro) o que o povo baiano está dizendo para ele: 'Bolsonaro, aprove as suas leis, porque a gente vai pegar todo o dinheiro que você mandar, mas a gente não vai votar em você. A gente vai votar em outras pessoas'. Porque o dinheiro que ele está dando agora é só até dezembro", afirmou o petista em discurso nos festejos da Independência do Brasil na Bahia, em Salvador.

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A festa de 2 de julho é um tradicional termômetro da popularidade para candidatos em ano eleitoral. Além do petista, outros três presidenciáveis participaram de atos em Salvador, a poucos quilômetros uns dos outros. Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) participaram da tradicional Caminhada do Largo da Lapinha e se encontraram no trajeto, saudando a democracia e o respeito durante as eleições. Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, participou de uma motociata pelas ruas da orla de Salvador, além de criticar governadores do Nordeste por serem contra o teto do ICMS.

Aprovada na quinta-feira (30) com amplo apoio da oposição no Senado, inclusive a bancada do PT - apenas o senador José Serra (PSDB-SP) votou contra -, a PEC mencionada por Lula foi a resposta do governo federal à disparada dos combustíveis. O texto prevê auxílio-gasolina de R$ 200 por mês a taxistas, destinação de R$ 500 milhões ao programa Alimenta Brasil, um aumento no Bolsa Família de R$ 400 para R$ 600 até o final do ano e uma "bolsa-caminhoneiro" de R$ 1 mil por mês.

Segundo apuração do Estadão/Broadcast, o ministro da Economia, Paulo Guedes, que anteriormente havia batizado a Emenda de "PEC Kamikaze", deu aval às medidas, em articulação que envolveu o senador Flávio Bolsonaro, líder do PL no Senado, e o próprio presidente da República.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato ao Palácio do Planalto, disse, neste sábado (2), ter certeza de que as Forças Armadas "estarão do lado do povo", afirmou que é preciso superar o autoritarismo e declarou, em referência à eleição de outubro, que o País não vai tolerar "ameaças" ou "tutela" sobre as instituições que representam o voto popular. O petista participou de um ato político em Salvador, em celebração ao Dia da Independência da Bahia.

"O Brasil independente e soberano que queremos não pode abrir mão das suas Forças Armadas. Não apenas bem treinadas e equipadas, mas, sobretudo, comprometidas com a democracia", declarou o ex-presidente. Lula afirmou também que cabe às Forças Armadas atuar na defesa do povo, do território nacional e do espaço aéreo, além de cumprir "estritamente" o que diz a Constituição.

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores costumam usar um artigo da Constituição para sugerir que as Forças Armadas poderiam atuar como uma espécie de árbitro em conflitos entre os Poderes, o que é contestado por especialistas. O atual chefe do Executivo costuma atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e as urnas eletrônicas.

Em maio, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) respondeu a uma série de questionamentos do Ministério da Defesa sobre o procedimento adotado nas eleições brasileiras. Boa parte das perguntas enviadas fazia parte do discurso de Bolsonaro contra as urnas.

"É necessário superar o autoritarismo e as ameaças antidemocráticas", disse Lula hoje. "E eu tenho certeza de que as Forças Armadas estarão ao lado do povo brasileiro nessa luta pela nova independência, como estiveram em momentos importantes da nossa história", emendou.

Em julho de 2021, como revelado pelo Estadão, o então ministro da Defesa Walter Braga Netto fez chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que não haveria eleições em 2022 se não houvesse voto impresso e auditável. Naquele mesmo mês, Bolsonaro repetiu publicamente a ameaça feita por Braga Netto. "Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições", afirmou o presidente a apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada, no dia 8 de julho. As urnas eletrônicas, porém, são auditáveis.

Neste sábado, estiveram presentes no ato com Lula o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), pré-candidato a vice na chapa petista ao Palácio do Planalto, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), o senador Jaques Wagner (PT-BA), que faz parte da coordenação da pré-campanha de Lula, a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, e Jerônimo Rodrigues, pré-candidato petista ao governo baiano. O evento contou também a participação da presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, e do presidente nacional do PV, José Luiz Penna.

No começo do ato, foi executado o Hino Nacional, o Hino da Bahia e o jingle da pré-campanha de Lula ao Planalto. Pela manhã, o ex-presidente foi a um tradicional cortejo cívico, entre os bairros Lapinha e Campo Grande, que celebra a luta dos baianos pela independência do Estado, onde caminhou entre apoiadores.

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