O programa do PT que vai ao ar em rede nacional de rádio e TV na noite desta quinta-feira (6) fará um apelo pela governabilidade. Com a linha argumentativa de que uma crise política é muito mais grave que uma crise econômica, o programa traz frases de mea-culpa do governo, mas chama a população a defender a "democracia".
A presidente Dilma Rousseff aparece dizendo que este ano é de "travessia" para levar o Brasil a um "lugar melhor". "Sei que muita coisa pode melhorar. Tem muito brasileiro sofrendo, mas juntos vamos sair desta", diz.
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Mesmo sem citar diretamente as articulações políticas em curso para barrar o mandato da presidente e sem usar em qualquer momento a palavra "impeachment", o programa petista diz em tom de alerta que é preciso evitar que a crise política ameace a democracia e traga mais sofrimento ao País, como ocorreu na ditadura militar. "A ditadura militar, por exemplo, foi resultado de uma crise política e durou 21 anos. Será que tumultuar a política traz solução para a economia?", questiona um dos apresentadores do programa.
"Sei suportar pressões e até injustiças. Eu tenho o ouvido e o coração neste novo Brasil que não se acomoda, que não se satisfaz com pouco", diz Dilma. E reforça a mensagem de estar "ao lado" do povo. "Estou do lado de vocês. Este é o meu caminho, por ele seguirei."
Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirma no programa de TV que problemas econômicos se resolvem com políticas corajosas "e não com oportunismo". Lula argumenta que, apesar dos problemas enfrentados, o Brasil de hoje é muito melhor. "Nosso pior momento ainda é melhor para o trabalhador do que o melhor momento dos governos passados. Nosso maior ajuste ainda é menor do que os ajustes que eles fizeram", diz o ex-presidente, numa referência aos governos do PSDB. "É mais fácil chegar a um porto seguro com quem já foi capaz de enfrentar a crise e fazer o Brasil avançar na tormenta, sempre protegendo os que mais precisam."
Lula destaca que ele também precisou fazer ajustes econômicos enquanto presidente e que as medidas resultaram em um Brasil "muito melhor"; "É mais fácil chegar a porto seguro com quem já foi capaz de enfrentar a crise", afirma Lula
Oportunismo
O programa exibe fotos do senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, e de outros políticos que defenderam abertamente o afastamento de Dilma, como os senadores do DEM José Agripino (RN) e Ronaldo Caiado (GO), o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio, e o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força. As imagens são seguidas pela mensagem "não se deixe enganar pelos que só pensam em si mesmos".
O presidente do PT, Rui Falcão, também aparece no programa e faz o mesmo apelo pela governabilidade chamando ao "juízo" da oposição. "Aos que não se conformam com as derrotas nas urnas, só pedimos uma coisa: juízo, pois o povo saberá defender a grande conquista de todos os brasileiros: a nossa nova e vibrante democracia."
O apresentador do programa, o ator José de Abreu, abre a peça dizendo que em uma crise há dois caminhos, o da esperança e o do pessimismo. E exalta a ação dos governos petistas para evitar que a crise chegasse ao Brasil nos últimos anos. "Mas será que o governo errou ao tentar evitar de todas as maneiras que a crise arrombasse a porta dos brasileiros? Aqui pra nós, não é melhor a gente não acertar em cheio tentando fazer o bem do que errar feio fazendo o mal?"
No programa, o PT admite que a crise existe, mas reforça o discurso dos avanços do País com os governos do Lula e Dilma, citando marcas como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Prouni e Fies, e destacando a redução da desigualdade social.
Vacina contra o panelaço
Dirigido pelo marqueteiro João Santana, o programa do PT comenta o "panelaço" esperado para o momento em que a propaganda for ao ar. "Nos últimos tempos começaram a dar uma nova utilidade às panelas", observa o locutor, mostrando pessoas protestando desta forma. "A gente não tem nada contra isso, só queremos lembrar que fomos o partido que mais encheu a panela dos brasileiros. Se tem gente que se encheu de nós, paciência: estamos dispostos a ouvir, corrigir, melhorar. Mas, com as panelas vamos continuar fazendo o que a gente mais sabe: enchê-las de comida e de esperança. Esse é o panelaço que gostamos de fazer pelo Brasil."