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Os Estados Unidos sancionaram nesta quarta-feira (21) o procurador-geral do Irã, Mohamad Jafar Montazeri, na rodada mais recente de medidas punitivas pela repressão aos protestos na república islâmica, deplorando o papel de Montazeri na execução de manifestantes.

"Voltamos a pedir aos líderes do Irã que cessem imediatamente sua repressão violenta e ouçam o seu povo. Continuaremos promovendo que os envolvidos prestem contas e oferecendo nosso apoio ao povo iraniano", declarou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.

O Departamento do Tesouro destacou que o procurador-geral do Irã foi responsável por abusos dos direitos humanos, incluindo tortura e julgamento de manifestantes com pena de morte. Até o momento, foram realizadas duas execuções relacionadas aos protestos.

Montazeri anunciou no começo do mês a dissolução da chamada polícia da moral, após quase três meses de protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini, 22, acusada de ter violado o código de vestimenta iraniano. Mas seus comentários geraram ceticismo e não houve sinais de que seu anúncio seria cumprido.

Os Estados Unidos também impuseram sanções contra a empresa Imen Sanat Zaman Fara, fabricante de veículos usados na repressão a multidões, e quatro membros dos Guardiões da Revolução - exército ideológico do Irã -, incluindo um envolvido no monitoramento da internet.

As medidas implicam o bloqueio de todos os ativos que os envolvidos possuíam sob a jurisdição dos Estados Unidos, e proíbem pessoas ou entidades americanas de fazer negócios com os mesmos.

Washington já havia imposto em novembro sanções contra funcionários do Irã por seu papel na repressão aos protestos nas regiões do país povoadas por curdos, bem como contra jornalistas da mídia estatal iraniana que, segundo os Estados Unidos, participaram da transmissão de "confissões forçadas" de pessoas que estavam na mira do governo.

Em outubro, os Estados Unidos já haviam sancionado mais de uma dúzia de funcionários iranianos pela repressão dos protestos.

Centenas de nomes da indústria cinematográfica internacional pediram, nesta quarta-feira (21), a libertação da atriz iraniana Taraneh Alidoosti, presa em seu país por ter apoiado o movimento de protestos.

Os atores Emma Thompson, Penélope Cruz, Kate Winslet, Ian McKellen e os diretores Ken Loach, Pedro Almodóvar e Mike Leigh estão entre os cerca de 500 trabalhadores e personalidades da indústria que assinaram uma carta aberta exigindo a libertação da estrela iraniana.

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"Como membros da comunidade artística internacional, exigimos a libertação imediata da atriz, mãe e ativista Taraneh Alidoosti, capturada em 17 de dezembro de 2022 e que se encontra sob custódia na prisão de Evin, Irã, onde também estão presos vários outros políticos", diz a carta.

Segundo a imprensa oficial, Taraneh Alidoosti, de 38 anos, foi presa no último sábado, após fazer uma série de publicações nas redes sociais apoiando a onda de protestos e condenar a execução de manifestantes.

A atriz é a personalidade de maior destaque presa pelo regime em conexão com o movimento de protestos que sacode o Irã há três meses. Advogados, jornalistas e ativistas também foram detidos.

"As autoridades iranianas escolheram estrategicamente prender Taraneh antes do Natal para garantir que seus pares internacionais estivessem distraídos", observa a carta.

"Mas não estamos distraídos. Estamos indignados. Taraneh Alidoosti, como todos os cidadãos do Irã, tem direito à liberdade de expressão (...) Nós nos solidarizamos com ela e exigimos a sua libertação imediata e seu retorno seguro à sua família".

A carta aberta é divulgada depois que Asghar Farhadi, que dirigiu Taraneh em "O Apartamento" (2016), exigiu no Instagram a libertação da atriz. O longa ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2017.

O Festival de Cannes condenou nesta segunda-feira (19) "vigorosamente" a detenção no Irã da atriz Taraneh Alidoosti, famosa opositora do regime, e pediu sua libertação imediata.

Alidoosti foi detida "por apoiar o movimento a favor da liberdade em seu país. O Festival de Cannes condena vigorosamente esta detenção e pede sua libertação imediata", tuitou a conta do festival.

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A atriz, de 38 anos, foi detida no sábado por expressar apoio às manifestações nas redes sociais, retirar o véu e por denunciar a execução de manifestantes.

Taraneh Alidoosti foi presa "por ordem da autoridade judicial" após "não apresentar documentação para algumas de suas afirmações" sobre os protestos, informou a Mizan Online, a agência de informação do Poder Judiciário.

A atriz tem grande projeção internacional por seu trabalho com o aclamado diretor Asghar Farhadi. A produção "O Apartamento", na qual atuou, foi premiada com o Oscar de melhor filme internacional em 2017. Seu filme mais recente, "Leila's Brothers", foi exibido no Festival de Cannes em maio.

A última mensagem de Alidoosti nas redes sociais foi publicada em 8 de dezembro, mesmo dia em que Mohsen Shekari, de 23 anos, se tornou a primeira pessoa executada por seu vínculo com os protestos.

Também circularam imagens da atriz fazendo compras em Teerã sem o véu. Alidoosti prometeu que não deixaria o Irã e disse que estava disposta a "pagar qualquer preço para defender" seus direitos.

Não era mais possível acessar sua conta no Instagram, que tem mais de oito milhões de seguidores.

Parentes e amigos de Santiago Sánchez, o espanhol detido no Irã em meio à recente onda de violência quando caminhava para a Copa do Mundo, se reuniram neste domingo (18) em frente à embaixada de Teerã em Madri para exigir sua libertação imediata.

"Sua família pede que você seja solto logo", dizia uma grande faixa erguida por vários de seus familiares, que junto com dezenas de pessoas realizaram uma manifestação "silenciosa" em frente à delegação diplomática, localizada em uma área residencial no norte da capital espanhola.

Depois de sair da Espanha em janeiro passado com a intenção de chegar ao Catar a pé para a Copa do Mundo, Sánchez foi preso no início de outubro no Irã depois de tirar uma foto no túmulo de Mahsa Amini, a curda iraniana de 22 anos cuja morte gerou protestos que abalaram o Irã por semanas, explicou sua mãe.

"De forma alguma ele pretendia ameaçar a segurança do Estado do Irã", afirmou em manifesto Célia, que disse ter sido recebida na última quinta-feira pelo embaixador iraniano em Madri.

Ela também pôde falar brevemente com seu filho nos dias anteriores, graças aos esforços da embaixada espanhola em Teerã, e saber que ele estava "bem de saúde".

"Pedimos (às autoridades iranianas) que percebam que ele não é um ativista político", disse à AFP José Félix, amigo de Sánchez, de 53 anos, segurando uma faixa que diz "Liberdade para Santiago".

A onda de protestos no Irã desencadeada pela morte de Mahsa Amini em 16 de setembro, após sua prisão em Teerã pela polícia da moral, deixou até agora centenas de pessoas mortas, milhares detidas e dois homens executados em relação com as manifestações.

Vários cidadãos europeus, incluindo outro espanhol, foram detidos em relação aos protestos no Irã. Muitas vezes, suas famílias optam por grande discrição na esperança de facilitar sua libertação.

A famosa atriz iraniana e ativista pelos direitos das mulheres Taraneh Alidoosti foi detida, neste sábado (17), no Irã, por conexão com o movimento de protesto que entrou em seu quarto mês, informou um meio de comunicação local.

Conhecida por ter atuado em diversos filmes do cineasta Asghar Farhadi, Alidoosti havia manifestado apoio, através do Instagram, às manifestações desencadeadas pela morte de Mahsa Amini, uma iraniana de origem curda de 22 anos, em 16 de setembro, após ser detida em Teerã pela polícia da moralidade.

A prisão da jovem ocorreu por violação do rígido código de vestimenta que o regime impõe às mulheres, incluindo o uso do véu islâmico em público.

"Taraneh Alidoosti foi detida por suas ações recentes, publicando informação e conteúdos falsos, e por incitar o caos", anunciou a agência Tasnim, sem detalhar o lugar da detenção.

Em 8 de dezembro, a atriz de 38 anos havia denunciado a execução de Mohsen Shekari na forca depois que ele havia sido acusado de "guerra contra Deus".

"Qualquer organização internacional que observa este banho de sangue sem reagir representa uma vergonha para a humanidade", escreveu ela em seu perfil no Instagram.

Em novembro, Alidoosti prometeu permanecer em seu país e "pagar o preço" necessário para defender seus direitos e deixar de trabalhar para apoiar as famílias das pessoas assassinadas ou presas durante as manifestações.

Taraneh Alidoosti é especialmente conhecida por seu trabalho no longa-metragem de Asghar Farhadi "O Apartamento", premiado com o Oscar de melhor filme de língua não inglesa em 2017.

Rosto conhecido do cinema iraniano desde a sua adolescência, ela também atuou na obra de Saeed Roustayi "Leila e Seus Irmãos", apresentada este ano no Festival de Cannes.

Desde meados de setembro, milhares de iranianos e cerca de 40 estrangeiros foram presos e mais de 2.000 pessoas foram denunciadas por relação com as manifestações, segundo as autoridades judiciais. Até o momento, dois homens foram executados por participação nos distúrbios.

O Irã criticou, nesta quinta-feira (15), os Estados Unidos após sua expulsão de uma comissão da ONU sobre os direitos das mulheres por sua gestão dos protestos provocados pela morte em setembro da jovem Mahsa Amini.

O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) votou na quarta-feira, por iniciativa dos Estados Unidos, a expulsão "imediata" do Irã da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW) pelo restante de seu mandato (2022-2026).

"Esta ação unilateral dos Estados Unidos contra a República Islâmica do Irã é uma tentativa de impor demandas políticas unilaterais e ignorar o processo eleitoral nas instituições internacionais", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Irã, Naser Kanani, em comunicado nesta quinta-feira.

O porta-voz condenou veementemente os esforços do governo dos EUA para conseguir a saída do Irã da comissão, criada exclusivamente para promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres, na qual Teerã foi eleito em abril.

Considera que esta decisão carece de “justificativa jurídica”, denunciando “uma heresia política que desacredita esta organização internacional e também abre um precedente para futuros abusos de instituições internacionais”.

A maioria simples foi necessária para adotar a decisão, que foi aprovada após 29 membros do ECOSOC votarem a favor, oito países votarem contra (entre eles Rússia e China) e 16 abstenções.

O texto afirma que as autoridades iranianas “minam continuamente e reprimem cada vez mais os direitos humanos de mulheres e meninas, incluindo o direito à liberdade de expressão e opinião, muitas vezes usando força excessiva”.

Os tribunais de Teerã condenaram 400 pessoas a penas de prisão de até dez anos por sua participação nos protestos após a morte de Mahsa Amini há quase três meses — anunciou a Justiça iraniana, nesta terça-feira (13).

O Irã enfrenta manifestações que são consideradas "distúrbios" pelas autoridades.

A morte sob custódia em 16 de setembro desta curdo-iraniana de 22 anos provocou um movimento de protesto sem precedentes no país. Ela foi presa por violar o código de vestimenta da República Islâmica.

"Durante as audiências sobre os manifestantes na província de Teerã, 160 pessoas foram condenadas a penas que variam de cinco a dez anos de prisão; 80 pessoas, a penas de dois a cinco anos; e 160 pessoas, a penas de até dois anos", disse o chefe da Justiça em Teerã, Ali Alghasi-Mehr, citado pela Mizan Online, agência de notícias do Poder Judiciário.

A execução nos últimos dias de dois jovens de 23 anos em relação com os protestos gerou uma onda de condenação internacional.

Desde o início do movimento, milhares de pessoas foram presas. Em 3 de dezembro, a principal agência de segurança do Irã disse que mais de 200 pessoas morreram durante os protestos.

O Irã executou publicamente nesta segunda-feira um segundo condenado por participação nos protestos que abalam o país desde setembro, apesar da indignação internacional provocada pela aplicação da pena de morte contra pessoas envolvidas nas manifestações.

Majidreza Rahnavard, 23, foi condenado à morte por um tribunal da cidade de Mashhad (nordeste) pela acusação de assassinato de dois membros das forças de segurança. Ele foi enforcado nesta segunda-feira (12), em público, e não dentro da prisão, informou a Mizan Online, agência de notícias do Poder Judiciário.

A execução desta segunda-feira foi a primeira em público vinculada aos protestos que começaram após a morte, em 16 de setembro, da jovem curdo-iraniana Mahsa Amini, 22, que havia sido detida pela polícia da moralidade, acusada de violar o rígido código de vestimenta do país.

A Mizan Online divulgou imagens da execução de Rahnavard, registradas provavelmente antes da madrugada, que mostram um homem com as mãos amarradas às costas e pendurado em uma corda presa a um guindaste.

"A execução pública de um jovem manifestante, 23 dias após sua detenção, é outro crime grave cometido pelos governantes da República Islâmica e uma escalada significativa no nível de violência contra os manifestantes", declarou à AFP Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega.

"Majidreza Rahnavard foi condenado à morte com base em uma confissão obtida sob coação, após um processo flagrantemente injusto", acrescentou.

- Sanções e condenação internacional -

A condenação internacional não demorou. A última execução ocorreu em circunstâncias "particularmente cruéis", denunciou o secretário-geral da ONU, António Guterres, citado por seu porta-voz.

Os Estados Unidos estimaram que as penas de morte mostram que o regime da República Islâmica teme seu povo. "Essas sentenças duras sao destinadas a intimidar o povo do Irã, a eliminar a dissidência, e apenas mostram o quanto os líderes iranianos temem seu próprio povo", declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

A União Europeia anunciou hoje novas sanções contra um alto dignitário religioso, 15 comandantes militares e autoridades da rádio e TV iraniana, proibindo a sua entrada no espaço europeu. "Temos como alvos os responsáveis pela repressão contínua aos manifestantes", declarou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

Desde a sua fundação, em 1979, a República Islâmica registrou várias ondas de protestos, mas a crise atual não tem precedentes, nem por sua duração, nem pelo fato de que ocorre em várias províncias, envolve diferentes grupos étnicos e classes sociais e inclui chamados diretos pelo fim do regime.

O Poder Judiciário iraniano anunciou 11 condenações à morte até o momento relacionadas aos protestos, que o governo chama de "distúrbios". Mas ativistas afirmam que outras 12 pessoas enfrentam acusações que podem resultar na pena capital.

"Sem o devido processo. Julgamentos fictícios. É assim que eles querem parar os protestos em todo país", disse Omid Memarian, analista para o Irã na organização Democracy for the Arab World Now (DAWIN).

O portal on-line 1500tasvir disse que a família foi informada sobre a execução apenas após a realização da mesma. O portal publicou imagens de um último encontro com a mãe, que saiu sem saber que ele estava prestes a ser enforcado.

Neste domingo, diferentes ONGs alertaram que vários prisioneiros iranianos no corredor da morte poderiam ser executados em breve, incluindo Mahan Sadrat e Sahand Nourmohammadzadeh.

- 'Mais ira e ódio' -

Na semana passada, os Estados Unidos, vários países da União Europeia e o Reino Unido condenaram a execução de Shekari.

Teerã se antecipou às medidas punitivas europeias impondo sanções contra funcionários do alto escalão britânicos e alemães.

A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, declarou hoje que as execuções públicas são uma "tentativa de intimidar as pessoas". Já o escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU expressou estar "em choque", após tomar conhecimento da nova execução.

Antes do anúncio da segunda execução, o cineasta iraniano ganhador do Oscar Asghar Farhadi pediu no Instagram que as autoridades acabem com essas mortes: "Matar e executar jovens indefesos e oprimidos só lhes trará mais raiva e ódio".

A agência de notícias da Autoridade Judicial do Irã, Mizan Online, anunciou nesta segunda-feira (12) a segunda execução vinculada aos protestos que abalam o país há três meses.

"Majidreza Rahnavard, que foi condenado à morte em 29 de novembro por matar com uma arma branca dois agentes de segurança e ferir outros quatro, foi executado em público na cidade de Mashhad", afirmou a agência.

Ele foi detido em 19 de novembro quando tentava fugir do país, indicou a Mizan Online.

O Irã é cenário de grandes manifestações desde a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos que faleceu depois de ser detida pela polícia da moralidade por supostamente violar o rígido código de vestimenta da República Islâmica.

A primeira execução vinculada aos protestos aconteceu na quinta-feira da semana passada. Mohsen Shekari, de 23 anos, havia sido condenado à morte por bloquear uma rua e ferir um paramilitar no início das manifestações.

O anúncio da execução provocou muitas críticas internacionais e da ONU.

O Irã realizou nesta quinta-feira (8) a primeira execução conhecida vinculada aos protestos contra a morte de Mahsa Amini, ao enforcar um homem condenado por ter bloqueado uma rua e ferido um integrante da força paramilitar Basij.

O Irã vive uma onda de protestos desde a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos que perdeu a vida após ser detida pela polícia da moralidade sob a alegação de desrespeitar o código de vestimenta do país, que obriga as mulheres a usarem o véu em público.

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De acordo Mizan Online, o veredicto preliminar do caso foi anunciado em 1º de novembro pelo Tribunal Revolucionário de Teerã e a Suprema Corte rejeitou um recurso de apelação em 20 de novembro, o que levou à execução da sentença.

A Justiça iraniana afirma que Shekari se declarou culpado de ter lutado e de sacar "a arma com a intenção de matar, provocar terror e perturbar a ordem e a segurança da sociedade".

"Ele feriu de maneira intencional um basij com arma branca, enquanto este cumpria o seu dever e bloqueou a rua Sattar Khan em Teerã", afirma a agência.

A Basij é uma força paramilitar vinculada aos Guardiões da Revolução, exército ideológico do Irã. Dez pessoas correm o mesmo risco, por participação nos protestos.

Mulheres e estudantes lideram as manifestações, em que gritam palavras de ordem contra o governo. Algumas decidiram remover o véu em público.

- 'Desumano' -

"A execução de Mohsen Shekari deve provocar fortes reações, pois em caso contrário vamos enfrentar execuções diárias de manifestantes", declarou Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da ONG Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo.

O ativista disse que Shekari foi "condenado à morte em uma farsa judicial, sem o devido processo legal". "A execução deve ter consequências práticas rápidas e em nível internacional", tuitou.

O ativista pela liberdade de expressão Hosein Ronaghi, libertado recentemente da prisão, advertiu o governo que "a execução de qualquer manifestante terá graves consequências para vocês". "Tirar a vida de uma pessoa é tirar a vida de todos. Vocês têm forcas suficientes?", tuitou.

Os Estados Unidos descreveram a primeira execução como "uma escalada nefasta" e afirmaram que responsabilizariam "o regime iraniano pela violência brutal que comete contra seu próprio povo".

O Ministério austríaco das Relações Exteriores chamou a execução de "desumana", enquanto a Alemanha afirmou que o "desprezo do regime (iraniano) pela humanidade não tem limites". A França também expressou sua "mais firme condenação" à execução, e a Itália considerou que "a repressão inaceitável" não poderia deixar a comunidade internacional indiferente.

Na última terça-feira, um tribunal iraniano condenou cinco pessoas à pena capital pelo assassinato de paramilitares durante os protestos, o que elevou a 11 o número de sentenças de morte.

As autoridades, que denunciam as manifestações como "distúrbios", acusam com frequência os Estados Unidos e seus aliados ocidentais, assim como grupos curdos no exterior, de estimularem o movimento de protesto sem precedentes.

- Centenas de mortos na repressão -

Em um balanço divulgado ontem, o IHR afirma que a repressão dos protestos provocou pelo menos 458 mortes, incluindo de 63 menores de idades.

O Conselho Supremo de Segurança Nacional anunciou no sábado que "mais de 200 pessoas", incluindo civis e membros das forças de segurança, morreram nos protestos. Um general dos Guardiões da Revolução deu conta de um balanço de mais de 300 mortos. A Justiça iraniana informou que mais de 2.000 pessoas foram indiciadas.

Ao menos 28 pessoas, incluindo três menores de idade, poderiam ser executadas em conexão com a mobilização, afirmou no dia 2 de dezembro a ONG Anistia Internacional (AI), que também chamou de "farsa" os processos contra manifestantes e acusou Teerã de usar a "pena de morte como uma ferramenta de repressão política para instigar medo entre as pessoas e terminar com a revolta popular".

O Irã executou mais de 500 pessoas desde o início de 2022, um número muito maior do que em todo ano passado – disse a ONG norueguesa Iran Human Rights (IHR) nesta segunda-feira (5).

De acordo com a ONG, pelo menos 504 pessoas foram executadas este ano. A organização ainda está em processo de confirmação de casos adicionais de pessoas que teriam sido enforcadas.

Este número se soma às crescentes preocupações com o uso da pena de morte por parte das autoridades iranianas contra as pessoas que participaram dos protestos contra o governo em setembro no Irã.

Os números da IHR incluem quatro pessoas executadas no domingo (4), acusadas de pertencerem ao serviço de Inteligência israelense, conforme a imprensa oficial.

O grupo de defesa dos direitos humanos afirmou que essas pessoas foram executadas na prisão Rajai Shahr, em Karaj, perto de Teerã, também conhecida como Gohardast, após sete meses de detenção.

"Esses indivíduos foram condenados à morte sem o devido processo, ou um julgamento justo, atrás das portas fechadas do Tribunal Revolucionário", denunciou o diretor da IHR, Mahmood Amiry-Moghaddam, em um comunicado.

"Suas sentenças carecem de qualquer tipo de validade legal", afirmou Amiry-Moghaddam, acrescentando que essas execuções "têm como objetivo criar temor social e desviar a atenção do público das falhas de Inteligência da República Islâmica".

Uma das enforcadas recentemente é uma mulher executada no sábado passado em Dastgerd, no centro do Irã, sob a acusação de matar seu sogro, informou o IHR.

Grupos de direitos humanos dizem estar alarmados com o número de mulheres executadas no Irã, muitas vezes sob a acusação de assassinar parceiros, ou familiares, em relacionamentos abusivos.

O IHR afirmou que o número de pessoas executadas em 2022 é o mais alto dos últimos cinco anos. Segundo esses dados, pelo menos 333 pessoas foram executadas em 2021, um aumento de 25% em relação às 267 de 2020.

A Anistia Internacional estimou, por sua vez, em 314 o número de execuções no Irã no ano passado, total superior ao de qualquer outro país do mundo, embora na China, cujos dados não estão disponíveis, possa se chegar aos milhares.

Seis pessoas já foram condenadas à morte pelos protestos no Irã, em "julgamentos fraudulentos sem acesso a seus advogados e sem as devidas garantias processuais", afirma a IHR.

A ONG diz que 26 pessoas, incluindo três menores, enfrentam acusações que podem condená-los à forca.

As autoridades descreveram os réus como "agitadores" que atacaram as forças de segurança e prédios públicos, mas as circunstâncias dos casos são contestadas por ativistas.

O Irã decidiu abolir a polícia da moralidade após mais de dois meses de protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos detida por supostamente violar o rígido código de vestimenta do país, anunciou a imprensa local neste domingo (4).

"A polícia da moralidade não tem nada a ver com o Poder Judiciário" e foi suprimida, anunciou o procurador-geral do Irã, Mohammad Jafar Montazeri, no sábado (3) à noite, segundo informou neste domingo (4) a agência de notícias ISNA.

O procurador-geral respondeu assim a uma pessoa que participava de uma cerimônia religiosa na cidade de Qom, a sudoeste de Teerã, que perguntou "por que a polícia da moralidade foi suprimida?".

A polícia da moralidade, conhecida como Gasht-e Ershad [patrulhas de orientação], foi criada sob o regime do presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad [no poder de 2005 a 2013] para "espalhar a cultura da decência e do hijab", o véu muçulmano feminino.

Suas unidades são formadas por homens em uniforme verde e mulheres em xador preto, uma vestimenta que cobre todo o corpo, exceto o rosto. As primeiras patrulhas começaram seu trabalho em 2006.

O anúncio da abolição desta unidade, visto como um gesto em direção aos manifestantes, ocorre depois que as autoridades anunciaram que estavam analisando se a lei de 1983 sobre o véu obrigatório precisava de mudanças.

No sábado, em uma conferência em Teerã, o presidente iraniano, o ultraconservador Ebrahim Raisi, declarou que a Constituição do país "tem valores e princípios sólidos e imutáveis", mas que há métodos de aplicação que podem "ser mudados".

A República Islâmica está mergulhada em uma onda de protestos desde a morte de Mahsa Amini, uma jovem curdo-iraniana em 16 de setembro após ser detida pela polícia da moralidade.

Desde então, as mulheres lideram os protestos, nos quais gritam palavras de ordem contra o governo, tiram e queimam seus véus.

De acordo com o último balanço divulgado pelo general iraniano Amirali Hajizadeh, da Guarda Revolucionária, mais de 300 pessoas morreram nas manifestações desde 16 de setembro.

Segundo ONGs, porém, esse número seria mais do que o dobro.

O uso do véu se tornou obrigatório no Irã em 1983, quatro anos depois da Revolução Islâmica de 1979.

A lei estabelece que tanto as mulheres iranianas quanto as estrangeiras, independentemente de sua religião, devem usar véu cobrindo o cabelo e usar roupas largas em público.

As autoridades afirmam que a morte de Amini se deveu a problemas de saúde, mas segundo a família, ela morreu após ser espancada.

Em setembro, o principal partido reformista do Irã pediu a anulação da lei.

O Partido da União do Povo Islâmico do Irã, formado por pessoas próximas ao ex-presidente reformista Mohamed Khatami, exigiu que as autoridades preparassem "os elementos legais que abram caminho para a anulação da lei do véu obrigatório".

O papel da polícia da moralidade mudou ao longo dos anos, mas sempre gerou divisões.

Sob o presidente moderado Hassan Rohani, no poder de 2013 a 2021, era comum ver mulheres de jeans justos e véus coloridos.

Mas seu sucessor Raisi pediu em julho a "todas as instituições estatais" que fortalecessem a aplicação da lei do véu.

"Os inimigos do Irã e do Islã querem minar os valores culturais e religiosos da sociedade espalhando a corrupção", declarou na época.

Os protestos das mulheres se espalharam pela ultraconservadora província iraniana do Sistão-Baluquistão (sudeste) nesta sexta-feira (2), dois meses e meio após as primeiras manifestações que abalaram o regime islâmico pela morte da jovem Mahsa Amini – informou a ONG Iran Human Rights (IHR).

Nas ruas de Zahedan, capital da província, dezenas de mulheres exibiam cartazes com a inscrição "Mulher, vida, liberdade", um dos principais lemas dos protestos, segundo vídeos divulgados na Internet.

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"Com ou sem véu islâmico, avante a revolução!", gritavam mulheres vestidas com xadores pretos, que cobrem a cabeça e grande parte do corpo, segundo imagens publicadas no Twitter e verificadas pela AFP.

"É incomum" ver mulheres se manifestando em Zahedan, disse à AFP Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da IHR, com sede em Oslo.

As mulheres no Sistão-Baluquistão estão entre as mais "oprimidas" do Irã, e as manifestações desta sexta-feira estão entre as mais organizadas desde o início do movimento nacional de protesto, acrescentou Amiry-Moghaddam.

“As mulheres e as minorias (...) podem, graças a estas manifestações, sair às ruas e exigir seus direitos humanos fundamentais”, acrescentou.

O Irã é abalado por uma onda de protestos que começou quando Masha Amini, uma mulher de 22 anos de origem curda, morreu após ser detida em 16 de setembro por supostamente violar um rígido código de vestimenta imposto às mulheres.

Pelo menos 448 manifestantes foram mortos desde o início do movimento, que foi violentamente reprimido, segundo o IHR.

O Irã acusa os Estados Unidos e seus aliados de fomentarem esses protestos, que descreve como "distúrbios".

No início desta semana, as autoridades iranianas informaram que mais de 300 pessoas foram mortas desde o início das manifestações.

Após ter sido goleado pela Inglaterra na primeira rodada da Copa do Mundo, o Irã derrotou País de Gales nesta sexta-feira (25) por 2 a 0 e está vivo na briga por uma vaga nas oitavas de final da Copa do Mundo.

Os persas foram superiores durante a maior parte do jogo, mas conseguiram balançar as redes galesas apenas nos acréscimos, quando os europeus tinham um a menos devido à expulsão do goleiro Hennessey.

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Aos 53 minutos do segundo tempo, Cheshmi acertou uma bela finalização da meia-lua e abriu o placar - esse foi o primeiro gol de fora da área na Copa do Catar. Dois minutos depois, Rezaeian invadiu a área de Gales, encobriu o goleiro e deu números finais à partida.

Com a vitória, o Irã subiu para segundo lugar no grupo B, com três pontos, empatado com a Inglaterra, que ainda encara os Estados Unidos nesta sexta - americanos e galeses têm um ponto cada.

Independentemente do resultado do outro jogo do dia pela chave B, a última rodada da fase de grupos terá um duelo entre Irã e EUA valendo vaga nas oitavas de final da Copa.

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Protestos

Ao contrário do jogo contra a Inglaterra, quando ficaram em silêncio em protesto contra a repressão a mulheres em seu país, os iranianos desta vez cantaram o hino nacional, embora timidamente.

Já nas arquibancadas, era possível ver torcedores e torcedoras com faixas e camisas cobrando liberdade e respeito às mulheres.

O país persa foi chacoalhado por uma revolta popular por conta da morte de Mahsa Amini, assassinada enquanto estava sob custódia da polícia por ter usado o véu islâmico de forma incorreta.

Segundo a ONU, o regime dos aiatolás já prendeu mais de 14 mil pessoas durante as manifestações.

*Da Ansa

O Conselho de Direitos Humanos da ONU iniciará uma investigação sobre a repressão às manifestações desencadeadas no Irã pela morte da jovem Mahsa Amini, com o objetivo de reunir provas da violência para, eventualmente, processar os responsáveis.

Reunidos com urgência por iniciativa de Alemanha e Islândia, os 47 países-membros do mais alto órgão das Nações Unidas em matéria de direitos humanos decidiram, em uma votação, nomear uma equipe de investigadores de alto nível para esclarecer todas as violações de direitos humanos relacionadas com a repressão aos protestos no Irã.

A resolução foi aprovada por 25 votos a favor (entre outros de Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Argentina e México), seis contra (China, Venezuela, Cuba, entre outros) e 16 abstenções (incluindo Brasil e Catar), em uma reunião urgente do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra (Suíça).

"As autoridades iranianas não poderão realizar esta violenta repressão de maneira anônima; a comunidade internacional está observando", reagiu a embaixadora dos Estados Unidos, Michèle Taylor.

A ONG Anistia Internacional aplaudiu o que chamou de "resolução histórica", que representa "um passo importante para acabar com a impunidade".

Em pleno debate no Conselho, a agência de notícias iraniana Fars anunciou a detenção do jogador de futebol Voria Ghafouri, acusado de ter "insultado e manchado a reputação da seleção nacional" e de ter feito "propaganda" contra a República Islâmica.

Situação 'insustentável'

Durante as discussões, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, cujo pedido para visitar o Irã ainda não recebeu resposta, pediu a Teerã que "ponha fim" ao "uso desnecessário e desproporcional da força".

"A situação atual é insustentável", disse, antes de frisar aos jornalistas que é "importante que haja uma moratória sobre a pena de morte, que o governo ouça o que o povo tem a dizer e que se comprometa com um processo de reforma porque a mudança é inevitável".

Muitos diplomatas ocidentais também denunciaram a repressão aos protestos que, em dois meses, deixou ao menos 416 mortos, 51 deles crianças, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega.

Esta onda de protestos contra o governo - que surgiu após a morte de Mahsa Amini, detida por não respeitar o uso do véu em público - alcançou uma magnitude sem precedentes desde a Revolução Islâmica de 1979.

Segundo o Relator Especial da ONU para o Irã, mais de 15.000 pessoas foram detidas.

A justiça iraniana já pronunciou seis sentenças de morte relacionadas às manifestações e anunciou esta semana a prisão de "40 estrangeiros" acusados de participar dos "motins" no Irã nestes dois meses.

Possibilidade de falar e ser ouvido

"'Mulher, vida, liberdade'. Com este slogan, tão simples e tão forte, os iranianos recordam, há mais de dois meses, os valores que defendem", declarou a embaixadora francesa, Emmanuelle Lachaussée.

"O povo iraniano está exigindo algo tão simples, algo que a maioria de nós toma como certo: a capacidade de falar e ser ouvido", disse a embaixadora americana, Michèle Taylor, enquanto membros de sua delegação exibiam fotos com os nomes das vítimas.

Falando com repórteres em Genebra antes da votação, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, incentivou os países que geralmente votam com o Irã a terem a coragem de se abster.

"Não sabemos se [esta resolução] pode salvar vidas amanhã. Mas o que sabemos com certeza é que vai significar justiça para o povo", enfatizou.

Esta missão de investigação internacional independente - que tem pouca possibilidade de viajar ao Irã - deverá recolher as provas da violência e preservá-las para que possam ser utilizadas em eventuais processos judiciais.

A representante iraniana enviada por Teerã, Khadijeh Karimi, acusou os países ocidentais de falta de "credibilidade moral" para criticar o Irã, denunciando as sanções dos Estados Unidos e dos países europeus.

A Inglaterra não tomou conhecimento do Irã na estreia das seleções na Copa do Mundo do Catar. Nesta segunda-feira (21), o English Team superou o Team Melli por 6 a 2, no estádio Khalifa International, em Al Rayyan. O triunfo encerrou um jejum de oito meses (ou seis jogos) sem vitórias dos campeões mundiais de 1966 em partidas oficiais.

O confronto inaugurou o Grupo B do Mundial, que também reúne País de Gales e Estados Unidos. Os outros dois integrantes da chave jogam nesta segunda-feira, às 16h (horário de Brasília), no Estádio Ahmad Bin Ali, em Doha.

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O duelo marcou, ainda, a "estreia" do Brasil na Copa. O árbitro brasileiro Raphael Claus foi responsável pelo jogo em Al Rayyan, tendo os compatriotas Rodrigo Figueiredo e Danilo Simon como auxiliares. O outro trio de arbitragem do país no Mundial, formado por Wilton Pereira Sampaio e os assistentes Bruno Boschilia e Bruno Pires, estará à cargo de mais uma partida desta segunda-feira, entre Senegal e Holanda, que finalizam a primeira rodada do Grupo A às 13h, no Estádio Al Thumama, em Doha.

Ingleses e iranianos voltam a campo na sexta-feira (25), pela segunda rodada. Os asiáticos encaram o País de Gales às 7h, no Ahmad Bin Ali. Os europeus terão o EUA pela frente às 16h, no Estádio Al Bayt, em Al Khor.

Protestos no pré-jogo

Alguns torcedores (de ambos os sexos) nas arquibancadas ergueram cartazes exigindo liberdade ao direito das mulheres no Irã. Além disso, durante a execução do hino nacional, os jogadores iranianos ficaram em silêncio. As manifestações acompanham uma onda de protestos iniciada após a morte de Mahsa Amini, iraniana de origem curda, há cerca de dois meses. Ela estava sob custódia da polícia moral do país asiático por utilizar "trajes inadequados". A repercussão do caso gerou, inclusive, pedidos de exclusão da seleção do Oriente Médio da Copa.

Antes de a bola rolar, os jogadores da Inglaterra ajoelharam no gramado, em manifestação contra o racismo. O atacante Harry Kane utilizaria a braçadeira de capitão nas cores do arco-íris, com a expressão "One Love" ("Um Amor", na tradução do inglês), em apoio à comunidade LGBTQIA+, mas o risco de punições pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), como sanções esportivas ou multas, fez o English Team e outras seleções que pretendiam fazer o mesmo voltarem atrás. A postura do Catar quanto à causa é motivo de críticas desde a escolha da nação asiática como sede do Mundial.

A Fifa argumenta que o artigo 13.8.1 do regulamento de equipamentos da entidade determina que o capitão de cada time, em competições organizadas pela federação, deve utilizar a braçadeira por ela disponibilizada. A faixa liberada tem os dizeres "No Discrimination" ("Sem discriminação", na tradução).

Susto e passeio inglês

Logo no começo da partida, aos sete minutos do primeiro tempo, o goleiro iraniano Ali Beiranvand se chocou, de cabeça, com o lateral Majid Hosseini, ao cortar um cruzamento de Kane pela direita. Após oito minutos de paralisação, o camisa 1 tentou retornar ao jogo, mas não resistiu à tontura e foi substituído, dando lugar ao reserva Hossein Hosseini.

Como esperado, a Inglaterra teve a iniciativa ofensiva e apostou em ataques pelos lados. O Irã, por sua vez, congestionou a área para diminuir o espaço de finalização. Quando conseguiu acelerar a troca de passes, o time europeu assustou. Aos 29 minutos, o atacante Raheen Sterling tabelou pela direita com Bukayo Saka, que cruzou à meia altura para o também meia Mason Mount chutar na pequena área, na rede pelo lado de fora. Dois minutos depois, o lateral Kieran Trippier cobrou escanteio e o zagueiro Harry Maguire cabeceou no travessão.

Aos 33 minutos, a pressão inglesa, enfim, derrubou a muralha iraniana. Após uma boa troca de passes na esquerda, o lateral Luke Shaw cruzou e o volante Jude Bellingham, de cabeça, deslocou  Hossein Hosseini para abrir o placar - e a porteira asiática. Aos 42, Shaw cobrou escanteio pela esquerda, Maguire ajeitou e Saka acertou um lindo chute de primeira, ampliando para os europeus. Os jogadores do Irã cercaram Raphael Claus, reclamando de falta de Maguire no zagueiro Roozbeh Cheshmi, mas o árbitro brasileiro manteve a marcação de campo.

Com dois gols de vantagem, os ingleses obrigaram os rivais a avançarem as linhas e os conduziram a uma armadilha, possibilitando o contra-ataques que originou o terceiro gol, três minutos após o segundo. Aos 45, Kane recebeu pela direita e cruzou à meia altura para Sterling concluir próximo à pequena área, sem chances para Hossein Hosseini.

O cenário do primeiro tempo não se modificou na etapa final, com predominância inglesa no ataque. Aos 16 minutos, a defesa iraniana deu espaço para Saka receber de Sterling na área, tirar dois marcadores da jogada e finalizar no canto para marcar o segundo dele na partida e o quarto do English Team. Desta vez, porém, os asiáticos esboçaram uma reação. Três minutos depois, o meia Ali Gholizadeh - que tinha entrado em campo na volta do intervalo - recebeu na entrada da área pela direita e deixou Mehdi Taremi na cara do gol. O atacante, frente a frente com o goleiro Jordan Pickford, soltou a bomba e descontou.

Só que os ingleses não deixaram o Irã se animar com o gol. Aos 25, poucos segundos após entrar em campo no lugar de Saka, o atacante Marcus Rashford foi lançado por Kane em contra-ataque pela esquerda, invadiu a área com liberdade, deslocou Majid Hosseini e bateu rasteiro, fazendo o quinto dos europeus.

Em ritmo de treino e administrando o resultado, a Inglaterra ainda encontrou brecha para o sexto gol, novamente com participação do banco de reservas, agora, de ambos os atletas envolvidos no lance. Aos 43 minutos, o atacante Callum Wilson recebeu na área e tocou para o meia Jack Grealish finalizar na saída de Hossein Hosseini. Nos acréscimos, Raphael Claus - com auxílio do árbitro de vídeo (VAR) - deu pênalti do zagueiro John Stones no atacante Morteza Pouraliganji. Taremi converteu a penalidade e deu números finais à partida, diminuindo o prejuízo asiático.

Os jogadores da seleção da Inglaterra fizeram um ato de protesto antes da partida contra o Irã contra decisão da Fifa de não permitir que as equipes usassem braçadeira com cores do arco-íris. Como forma de protestar, os atletas ingleses se ajoelharam antes do início da partida.

A braçadeira seria uma forma de cirticar as leis anti-LGBTQIA+ do Catar. Outras seleções também anunciaram que não usarão a braçadeira, pois temem punições da Fifa.

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O atacante Harry Kane substituiu a braçadeira colorida por uma com a frase "No discrimination", que significa "Não à discriminação".

No último sábado, a Fifa informou que, em uma campanha com a ONU, as faixas usadas pelos capitães das seleções trariam mensagens humanitárias. O anúncio, entretando, foi enxergado como uma forma de boicotar o protesto contra as leis do Catar. O Código Penal do Catar proíbe a homoafetividade no país.

A agência de espionagem do Canadá disse, nesta sexta-feira (18), que está investigando ameaças de morte contra pessoas no Canadá por parte do Irã, dias depois de o Reino Unido fazer acusações similares contra o regime islâmico.

O Serviço de Inteligência do Canadá (CSIS, na sigla em inglês) "está investigando ativamente várias ameaças de morte procedentes da República Islâmica do Irã baseadas em informações confiáveis", declarou à AFP Eric Balsam, porta-voz do CSIS.

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"Em suma, estas atividades hostis e ingerências estrangeiras solapam a segurança do Canadá e dos canadenses, assim como nossos valores democráticos e nossa soberania", acrescentou.

Não foram apresentados detalhes da investigação, mas Balsam disse que a agência está trabalhando com seus parceiros internacionais.

O CSIS também tem ciência de que o Irã está monitorando e intimidando pessoas no Canadá, incluídos os membros da diáspora iraniana, com o objetivo de "silenciar os que falam publicamente contra" o regime, acrescentou.

Na semana passada, o governo britânico acusou Teerã de ameaçar as vidas de jornalistas radicados no Reino Unido.

"Hoje, convoquei o encarregado de negócios iraniano depois que alguns jornalistas que trabalham no Reino Unido foram alvo de ameaças de morte imediatas por parte do Irã", tuitou o secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverly, na sexta-feira passada.

As forças de segurança do Irã lançaram uma série de ataques contra estudantes universitários, prendendo dezenas de jovens. Segundo a União dos Estudantes e grupos de direitos humanos, os ataques às universidades se intensificaram nos últimos dias, após o fim do luto de 40 dias da morte de Mahsa Amini, assassinada sob custódia da polícia moral do Irã, em setembro. O caso desencadeou oito semanas de protestos contra o regime.

Repressão

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A União dos Estudantes do Irã documentou mais de 40 prisões de estudantes universitários e está coletando relatórios de detenções e invasões de universidades por forças de segurança em todo o país em seu canal Telegram.

A ONG Hengaw para os Direitos Humanos, com sede na Noruega, que monitora a situação em áreas curdas no Irã, disse que o destino de dezenas de jovens presos na semana passada e dezenas de outros detidos pelas forças de segurança por participar de protestos anteriores permanece desconhecido.

Em 30 de outubro, a ONG Human Rights Watch estimou que pelo menos 308 estudantes haviam sido detidos desde o início dos protestos.

Os Estados Unidos vão tentar expulsar o Irã de uma comissão da ONU para os direitos das mulheres – disse a vice-presidente americana, Kamala Harris, nesta quarta-feira (2), destacando a "coragem" dos protestos contra o governo desse Estado islâmico.

Harris afirmou que Washington trabalhará com outras nações para expulsar o Irã da Comissão da Condição Jurídica e Social da Mulher da ONU, cujos membros são eleitos por períodos de quatro anos.

"O Irã mostrou, por meio da negação dos direitos das mulheres e da brutal repressão contra seu próprio povo que não é apto para servir nesta Comissão", frisou Harris, em um comunicado.

Sua presença nesse comitê "desacredita a integridade dos membros e o trabalho para avançar seu mandato", acrescentou.

O Irã é palco dos maiores protestos desde a Revolução Islâmica de 1979, após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro, sob custódia da polícia moral.

"A todos aqueles que protestam, reitero que vemos e ouvimos vocês. Sua coragem me inspira, e (inspira) tanta gente ao redor do mundo", completou Harris.

Os Estados Unidos e seus aliados europeus impuseram uma série de sanções ao Irã pelos protestos e ajudaram a restaurar o acesso à Internet interrompido pelas autoridades.

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