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Os iranianos voltaram às ruas nesta sexta-feira (28) em todo o país para denunciar a morte de manifestantes na repressão aos protestos motivados pela morte da jovem Mahsa Amini.

Mahsa morreu em 16 de setembro, três dias depois de ter sido detida em Teerã pela polícia da moralidade por suposta infração ao estrito código de vestuário imposto às mulheres na República Islâmica do Irã.

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Ao slogan inicial de "Mulher, Vida, Liberdade" se somaram, ao longo das manifestações, palavras de ordem contra o regime islâmico fundado em 1979.

O movimento de indignação foi, em seguida, atiçado pela repressão violenta, que, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), radicada em Oslo, deixou até agora 160 mortos, incluindo cerca de 20 menores.

As ONGs temem que a repressão se intensifique com as homenagens às primeiras vítimas do movimento, ao final do luto tradicional de 40 dias. Na última quarta-feira, milhares de pessoas foram a Saghez, cidade da província do Curdistão de onde era originária Mahsa Amini, para este fim de luto.

Ontem, foram registrados incidentes perto de Joramabad (oeste), onde uma multidão se reuniu em frente ao túmulo de Nika Shahkarami, 16 anos, que morreu há 40 dias, segundo vídeos com autenticidade verificada. "Vou matar qualquer um que tenha matado a minha irmã", gritam os manifestantes em um vídeo publicado pelo grupo de defesa dos direitos humanos HRANA, radicado nos Estados Unidos.

- Tiros em Zahedan -

Outros incidentes foram registrados nesta quinta-feira, após o funeral de um manifestante de 35 anos, Ismail Mauludi, em Mahabad (oeste), onde as forças de segurança abriram fogo e mataram três pessoas, segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Hengaw.

"Morte ao ditador!", gritaram os manifestantes, apontando para o aiatolá Ali Khamenei, segundo imagens de um vídeo com autenticidade comprovada pela AFP e compartilhado nas redes sociais. O vídeo também mostra o gabinete do governador de Mahabad em chamas.

Outros dois manifestantes morreram em Baneh, também no oeste, perto da fronteira com o Iraque, segundo a Hengaw.

No total, oito manifestantes em quatro províncias (Curdistão, Azerbaijão Ocidental, Kermanshah e Lorestão) foram mortos entre a noite de quarta e a quinta-feira, segundo a Anistia Internacional.

A cidade de Zahedan (sudeste), em uma das regiões mais pobres do Irã, é desde 30 de setembro palco de distúrbios provocados pelo estupro de uma jovem, atribuído a um policial. Estes enfrentamentos deixaram ao menos 93 mortos, segundo a ONG IHR.

Nesta sexta-feira, as forças de segurança abriram fogo contra manifestantes desta cidade, segundo HRANA e IHR, que publicaram vídeos nos quais aparecem pessoas fugindo dos tiros.

À noite, o Conselho de Segurança do Sistão-Baluchistão, região onde fica Zahedan, afirmou que uma pessoa morreu atingida por disparos "não identificados" e que outras 14, entre elas membros das forças de segurança, ficaram feridas nestes "distúrbios".

Antes, autoridades iranianas destituíram dois altos funcionários da segurança desta cidade, entre eles o chefe da polícia, após a publicação de um relatório que aponta para "negligências por parte de certos oficiais", que levaram à morte de civis "inocentes".

- Mais repressão? -

Analistas destacam que as autoridades buscam formas de sufocar os protestos sem se basearem exclusivamente em seu esmagamento maciço, para tentar conter a indignação popular.

"Por enquanto, parecem testar técnicas - como as detenções e intimidações, interrupções controladas da Internet, e, inclusive, matando alguns manifestantes", disse à AFP Henry Rome, especialista em Irã no Washington Institute. "Mas duvido que as forças de segurança tenham descartado a possibilidade de uma repressão muito mais violenta", avaliou.

Os dirigentes iranianos, por sua vez, continuam atribuindo os protestos aos "inimigos" do Irã.

O Ministério da Inteligência e os Guardiões da Revolução, exército ideológico do Irã, acusaram a CIA e seus "aliados" do Reino Unido, de Israel e da Arábia Saudita de "conspirarem" contra a República Islâmica.

Milhares de pessoas continuaram os protestos no Irã nesta quinta-feira (27), apesar da repressão sangrenta que deixou oito manifestantes mortos por disparos das forças de segurança nas últimas 24 horas, segundo uma ONG.

Além disso, o país foi sacudido na véspera por um atentado contra um mausoléu xiita que deixou 15 vítimas fatais. O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, prometeu "punir" os responsáveis.

Embora o atentado tenha sido reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico, Raisi pareceu vinculá-lo aos protestos, ao afirmar que estes abrem a via para ataques "terroristas".

"As forças de segurança do Irã mataram pelo menos oito pessoas desde a noite passada, quando abriram fogo contra pessoas em luto e manifestantes" nas províncias do Curdistão, Azerbaijão Ocidental, Kermanshah e Lorestão, informou a Anistia Internacional.

Na quarta-feira foram realizadas comemorações importantes para marcar os 40 dias da morte sob custódia policial de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, que foi o estopim dos protestos.

O relator especial da ONU sobre os direitos humanos no Irã, Javaid Rehman, denunciou nesta quinta-feira a "brutalidade" do regime iraniano e pediu a criação de um "mecanismo internacional" para investigar a morte de "pelo menos 250 pessoas" desde meados de setembro na repressão aos protestos.

Quase seis semanas depois da morte de Amini, a mobilização, alimentada pela indignação pública após a repressão que custou a vida de outras mulheres jovens e meninas, não dá sinais de perder força.

A França também condenou a repressão e informou que trabalhava com seus parceiros europeus em novas sanções contra autoridades iranianas.

- Conspiração -

O presidente iraniano afirmou nesta quinta que os "distúrbios" provocados pela morte de Mahsa Amini abriram a via para ataques "terroristas", após o atentado reivindicado pelo EI contra um mausoléu da cidade de Shiraz (sul).

"A intenção do inimigo é interromper o progresso do país e estes distúrbios abrem o caminho para atos terroristas", disse, em declarações transmitidas pela televisão.

Nesta quarta, ele prometeu "castigar" os autores do ataque em Shiraz.

O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, pediu nesta quinta-feira unidade ao país para combater a "conspiração" alimentada pelos "inimigos do Irã".

O Ministério das Relações Exteriores iraniano também convocou o embaixador alemão, Hans-Udo Muzel, nesta quinta para protestar contra os comentários de funcionários alemães, que "incitam distúrbios" no Irã, reportou a agência Irna.

Berlim havia dito na véspera que queria endurecer ainda mais suas relações com Teerã por causa da repressão.

- Manifestações noturnas -

o Irã vive a maior onda de protestos em anos, liderados por mulheres jovens que desafiam as forças de segurança saindo diariamente para se manifestar, não hesitando em repetir palavras de ordem contra as autoridades e exigindo mais liberdade.

Milhares de pessoas - 10.000, segundo a agência ISNA - foram nesta quarta-feira à cidade natal de Amini, Saqqez, na província do Curdistão, para homenageá-la em sua tumba no fim do período de luto tradicional no Irã.

"Não deveríamos chorar nossos jovens, deveríamos vingá-los", gritavam os manifestantes, segundo o grupo de direitos humanos Hengaw, com sede na Noruega.

Segundo vídeos publicados por esta ONG, as forças de segurança abriram fogo contra pessoas na praça Zindan em Saqqez e em Marivan, província do Curdistão.

Os manifestantes também cercaram uma base da milícia Basij em Sanandaj, na província do Curdistão, provocando incêndios e fazendo as forças de segurança recuarem, acrescentou Hengaw.

Houve cenas similares na cidade de Ilam, perto da fronteira ocidental do Irã com o Iraque.

Nesta quinta, os protestos prosseguiram com uma concentração em frente à tumba de Nika Shahkarami, de 16 anos, perto da cidade ocidental de Jorramabad, 40 dias depois de ela ter sido morta pelas forças de segurança, segundo o grupo de defesa dos direitos humanos HRANA, com sede nos Estados Unidos.

O site de monitoramento online NetBlocks informou mais tarde sobre uma "importante interrupção da Internet" na província do Azerbaijão Ocidental "com um grande impacto em Mahabad".

Os jovens também se reuniram nas universidades de Teerã e Karaj, a oeste da capital, segundo outras imagens compartilhadas nas redes.

A repressão aos protestos em todo o Irã deixou ao menos 141 mortos, entre eles crianças, segundo um balanço atualizado da ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega.

Também houve uma campanha de detenções em massa de manifestantes e simpatizantes, incluindo professores universitários, jornalistas e celebridades.

Um homem armado abriu fogo nesta quarta-feira 26, em um importante local sagrado xiita na cidade de Shiraz, no sul do Irã, matando pelo menos 15 pessoas e ferindo outras dezenas, segundo a mídia estatal iraniana. As autoridades consideraram o incidente um ataque terrorista, supostamente executado por um radical sunita.

O site oficial do judiciário dizia que dois homens armados haviam sido presos e um terceiro estaria foragido após o ataque à mesquita Shah Cheragh. Em declaração divulgada posteriormente, no entanto, o chefe do Judiciário local, Kazem Mousavi, esclareceu que o ataque foi cometido por um único homem armado. "Um único terrorista está envolvido neste ataque", afirmou.

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A agência de notícias estatal Irna reportou inicialmente 9 mortos, mas atualizou o número para 15. De acordo com a TV estatal iraniana, 40 pessoas ficaram feridas. Uma mulher e duas crianças estão entre os mortos, detalhou a agência Fars.

Segundo Mousavi, o suspeito é filiado aos grupos takfiri. No Irã e em outros países, o termo "takfiri" designa membros de grupos radicais sunitas, outro braço do Islã. A agência Fars havia indicado que "os terroristas detidos não são iranianos".

Na mesquista de Shah Cheragh, fica o túmulo de Ahmad, irmão do imã Reza, o oitavo imã xiita enterrado em Mashad, no nordeste do país.

O ataque, que traz as marcas de extremistas sunitas que atacaram a maioria xiita do país no passado, ocorre quando o Irã é convulsionado por mais de um mês de manifestações antigovernamentais, o maior desafio para a República Islâmica em mais de uma década. Não há indícios, no entanto, de que o ataque esteja relacionado com a agitação social.

Nesta quarta, durante as homenagens que marcam os 40 dias da morte de Mahsa Amini, milhares de manifestantes tomaram as ruas do Curdistão iraniano. Porém, segundo testemunhas locais e uma ONG, as forças de segurança do país abriram fogo contra os manifestantes.

Os protestos começaram no país depois da morte da jovem curda iraniana de 22 anos em 16 de setembro, três dias após ser detida pela polícia da moral quando visitava Teerã com o irmão. Ela foi acusada de supostamente violar o rígido código de vestimenta da República Islâmica, que impõe o uso do véu às mulheres.

Os 40 dias de óbito, na tradição xiita, marca o fim do período de luto. De acordo com ativistas dos direitos humanos, as forças de segurança advertiram os pais da jovem a não organizar nenhuma cerimônia, nem mesmo diante do túmulo, e ameaçaram o filho do casal.

Ainda assim, mais de 10 mil pessoas se uniram em uma procissão ao cemitério onde Amini está enterrada e protestos foram relatos em várias cidades do Curdistão iraniano. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O paradeiro de um espanhol que estava documentando sua jornada a pé de Madri a Doha para a Copa do Mundo do Catar virou motivo de preocupação, desde que chegou ao Irã há três semanas, disse sua família nesta segunda-feira, despertando temores sobre seu destino em um país afetado por muitos protestos.

O experiente trekker, ex-paraquedista e fervoroso torcedor de futebol, Santiago Sanchez, de 41 anos, foi visto pela última vez no Iraque depois de caminhar por 15 países e compartilhar extensivamente sua jornada em uma conta no Instagram nos últimos nove meses. Mas suas postagens exuberantes pararam de repente em 1º de outubro, no dia em que ele entrou no Irã pela instável fronteira noroeste do país.

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A família de Sanchez diz que suas atualizações diárias do WhatsApp também pararam naquele dia. Eles temem o pior. "Estamos profundamente preocupados, não conseguimos parar de chorar, meu marido e eu", disse sua mãe, Celia Cogedor, à Associated Press.

Os pais de Sanchez denunciaram o filho como desaparecido à polícia nacional da Espanha e ao Ministério das Relações Exteriores. Mas as autoridades espanholas dizem que não têm informações sobre seu paradeiro, afirmando que o embaixador espanhol em Teerã estava cuidando do assunto. As ligações da reportagem para o Ministério das Relações Exteriores do Irã em busca de comentários não foram retornadas imediatamente na segunda-feira.

O desaparecimento relatado de Sanchez no Irã, sua última parada antes de chegar ao Catar para a Copa do Mundo ocorre quando manifestantes protestam em toda a República Islâmica no maior movimento antigovernamental em mais de uma década. As manifestações eclodiram em 16 de setembro pela morte de Mahsa Amini, uma mulher de 22 anos detida pela polícia do Irã por supostamente não aderir ao rígido código de vestimenta islâmico do país.

Teerã reprimiu violentamente e culpou inimigos estrangeiros e grupos curdos no Iraque por fomentar a agitação, sem oferecer provas. O Ministério de Inteligência iraniano disse que as autoridades prenderam nove estrangeiros, principalmente europeus, por supostas ligações com os protestos no mês passado.

Ocidentais e cidadãos com dupla nacionalidade tornaram-se cada vez mais ‘peões’ nas lutas políticas internas do Irã e nas tensões entre Teerã e capitais ocidentais, dizem analistas, com pelo menos uma dúzia de cidadãos com dupla nacionalidade presos nos últimos anos por contestadas acusações de espionagem.

Sanchez chegou ao Curdistão iraquiano no final de setembro, depois de caminhar milhares de quilômetros carregando uma pequena mala em um carrinho de rodas, com pouco mais que uma barraca, pastilhas de purificação de água e um fogão a gás para seus 11 meses na estrada. Ele disse que queria aprender como os outros viviam entre eles antes de chegar ao Catar, o primeiro país-sede da Copa do Mundo no mundo árabe, a tempo da primeira partida da Espanha em 23 de novembro.

"A ideia da jornada é motivar e inspirar outras pessoas a mostrar que podem ir muito longe com muito pouco", disse ele à AP de Sulaymaniyah, uma cidade curda no nordeste do Iraque. "Você pode percorrer um longo caminho andando.’’

Um dia antes de desaparecer, Sanchez tomou café da manhã com um guia em Sulaymaniyah. O guia, que falou sob condição de anonimato por medo de represálias, disse que tentou alertar Sanchez sobre a perigosa situação política no Irã quando eles se separaram.

Mas Sanchez estava implacável e confiante, disse o guia. "Ele não parecia nem um pouco nervoso. Ele me disse: ‘Eu resolvi tudo, não se preocupe’’', disse ele. Eles se comunicaram pelo Google Tradutor, já que Sanchez só fala espanhol.

Sanchez, segundo o guia, planejava se encontrar com uma família iraniana na cidade curda de Marivan - cenário de recentes protestos contra o governo. A família, encantada com as postagens no Instagram de Sanchez, estendeu a mão e se ofereceu para hospedá-lo.

Depois que Sanchez cruzou a fronteira em 1º de outubro, suas mensagens ficaram esparsas e enigmáticas, disse o guia. Sanchez disse a ele que as coisas eram "muito diferentes" no Irã de Sulaymaniyah, a metrópole iraquiana repleta de parques e cafés.

"Tem sido uma longa história", dizia sua última mensagem. Os pais de Sanchez disseram que ele havia avisado que perderia temporariamente o acesso à Internet depois de chegar ao Irã.

"O país está ‘quente’ e não há comunicações", disse Sanchez a seu pai em sua última mensagem em 1º de outubro, possivelmente uma referência à turbulência na região curda do Irã e à interrupção da internet e aplicativos de comunicação populares usado pelos manifestantes.

Seus pais tentavam não se preocupar quando suas mensagens não eram entregues. Mas suas preocupações aumentaram com o passar das semanas.

O Ministério das Relações Exteriores da Espanha disse que registrou a passagem de fronteira de Sanchez para o Irã e não descarta nenhuma possibilidade. Em sua última atualização no Instagram, na noite anterior à travessia da fronteira iraniana, ele postou imagens de sua despedida emocionada ao Iraque e contou sobre a generosidade de uma família curda. Ele havia planejado acampar em uma montanha, mas o dono de uma fazenda próxima o acolheu, dando-lhe uma cama, um banho e um jantar saudável.

Fotos no Instagram mostram ele comendo pão e canja de galinha, sorrindo e posando com meninos da vila e bebendo chá em uma fogueira. "Conclusão:", ele escreveu, "Perca-te para encontrar-te.’’

O filho do último xá do Irã se solidarizou nesta quinta-feira (20) com os ucranianos, afetados por ataques com drones russos, supostamente vendidos por Teerã, e instou novas e duras sanções contra o regime da república islâmica.

"Nossos corações estão com o povo ucraniano, que defende sua soberania", disse Reza Pahlavi a jornalistas, após discursar em sua casa, em Washington, onde vive exilado, sobre os protestos que sacudiram o Irã nas últimas semanas.

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"Acusamos o regime islâmico não só de ter destruído por completo a nossa liberdade", como "agora também de cooperar com quem está pondo em risco a soberania de outro país", afirmou.

Nesta quinta, a União Europeia (UE) impôs sanções a três generais iranianos e uma empresa, acusados de fornecer estes drones, que mataram cinco pessoas em Kiev na segunda-feira e destruíram centrais elétricas e outra infraestrutura civil crucial na Ucrânia. O Reino Unido se somou a estas medidas.

Funcionários americanos e europeus dizem ter evidências de que a Rússia comprou drones iranianos de baixo custo que explodem com o impacto. Rússia e Irã negaram estes apontamentos em uma sessão do Conselho de Segurança da ONU, convocada pelos países ocidentais na quarta-feira.

Pahlavi disse que tinha poucas dúvidas de que o Estado clerical do Irã, que substituiu a monarquia de orientação oriental de seu pai, após a revolução de 1979, opera em todo o mundo.

"A pergunta não é o que o regime iraniano está fazendo. A pergunta é como o mundo vai reagir e se vai tomar medidas claras para condenar as ações do regime através de sanções com consequências dolorosas", expressou.

Pahlavi defende a formação de uma democracia secular no Irã e não necessariamente a restauração da monarquia, uma opção que tem um apelo limitado dentro do país.

A iraniana Elnaz Rekabi voltou à capital do seu país nesta quarta-feira depois de competir na escalada no Campeonato Asiático, disputado na Coreia do Sul, sem usar um véu na cabeça, um ato amplamente visto como apoio a manifestantes antigovernamentais em meio a semanas de protestos contra o hijab obrigatório. Seu paradeiro era motivo de preocupação.

Protestos em todo o país foram desencadeados após a morte de uma mulher de 22 anos em 16 de setembro. Mahsa Amini foi detida pela polícia por causa de suas roupas - e sua morte levou as mulheres a tirarem seus véus em público.

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Após o desembarque, Rekabi deu uma entrevista cuidadosa e sem emoção à televisão estatal do Irã, dizendo que ficar sem o hijab foi um ato "não intencional" de sua parte. No entanto, centenas de pessoas se reuniram do lado de fora do Aeroporto Internacional Imam Khomeini, incluindo mulheres que não usavam o hijab e aplaudiram "Elnaz, a campeã".

"Voltei ao Irã com paz de espírito, embora tivesse muita tensão e estresse. Mas até agora, graças a Deus, nada aconteceu", disse ela, que usava um boné de beisebol preto e um capuz.

O futuro que Rekabi enfrenta depois de voltar para casa permanece incerto. Apoiadores se preocuparam com a segurança de Rekabi após seu retorno, especialmente porque ativistas dizem que as manifestações viram as forças de segurança prenderem milhares até agora.

No início, Rekabi repetiu uma explicação postada anteriormente em uma conta do Instagram em seu nome, dizendo que não usar o hijab foi um ato "não intencional". Rekabi disse que estava em uma área de espera só para mulheres antes de sua escalada. "Porque eu estava ocupada colocando meus sapatos e meu equipamento, isso me fez esquecer de colocar meu hijab e então eu fui competir", afirmou.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) disse que realizou uma reunião conjunta com a Federação Internacional de Escalada Esportiva e autoridades do Irã. O COI informou que recebeu "garantias claras de que Rekabi não sofrerá nenhuma consequência e continuará treinando e competindo".

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, acusou nesta quinta-feira o governo dos Estados Unidos de exercer uma "política de desestabilização" contra o Irã, país que registra uma onda de manifestações após a morte da jovem Mahsa Amini.

A iraniana de 22 anos morreu em 16 de setembro, três dias após sua detenção pela polícia da moral de Teerã por supostamente ter violado o rígido código de vestimenta das mulheres na República Islâmica.

"Após o fracasso dos Estados Unidos na militarização e sanções, Washington e seus aliados recorreram à política fracassada de desestabilização", afirmou Raisi durante uma reunião de cúpula no Cazaquistão, de acordo com seu gabinete.

Os iranianos "invalidaram a opção militar americana e (...) provocaram uma derrota humilhante à política de sanções e pressão máxima", acrescentou.

O governo dos Estados Unidos impôs uma série de sanções contra o Irã desde que o ex-presidente Donald Trump determinou a saída unilateral, em 2018, do acordo nuclear entre Teerã e as principais potências mundiais (Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia).

"O que causa o sucesso do povo iraniano e aterroriza as potências dominantes é a atenção da nação ao progresso baseado em sua força interna", disse Raisi.

O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, também acusou Estados Unidos e Israel, arqui-inimigos do país, de fomentar os "distúrbios".

"As ações do inimigo, como a propaganda, a tentativa de influenciar mentes, estimular a excitação, o fomento e até o ensino da fabricação de materiais incendiários, estão agora completamente claras", disse Khamenei na quarta-feira.

Os protestos deixaram dezenas de mortos e centenas de pessoas foram detidas.

O Irã vive um novo dia de protestos neste sábado (8) marcado por confrontos de rua e trabalhadores em greve, quase quatro semanas após a morte da jovem Mahsa Amini, que desencadeou uma onda de condenações no mundo e uma repressão sangrenta do regime.

Amini, uma curda iraniana de 22 anos, foi detida em 13 de setembro pela polícia de moral de Teerã por supostamente desrespeitar o rígido código de vestimenta para mulheres no Irã, que exige o uso do véu na cabeça.

Ela faleceu três dias depois no hospital e sua morte provocou protestos no país e movimentos de solidariedade em todo o mundo.

As manifestações, as mais importantes no Irã desde 2019, quando o povo foi às ruas contra o aumento do preço da gasolina, foram reprimidas violentamente.

Na sexta-feira, as autoridades iranianas disseram que a morte da jovem não foi causada por "espancamento", mas pelas sequelas de uma doença. Sua família, por outro lado, insiste que ela estava bem de saúde.

Os iranianos, incluindo estudantes universitários, voltaram às ruas neste sábado, apesar do presidente, o ultraconservador Ebrahim Raisi, ter dito aos estudantes da Universidade Al-Zahra, em Teerã, que eles não deveriam servir aos interesses do "inimigo".

Houve protestos em vários bairros de Teerã, a capital, assim como em Isfahan, Karaj, Shiraz e Tabriz, entre outras cidades.

Segundo a organização não governamental Iran Human Rights (IHR, com sede em Oslo), pelo menos 92 manifestantes foram mortos desde o início da repressão.

- "Mulher, vida, liberdade" -

Em Saqqez, cidade localizada no Curdistão (oeste) e de onde Amini era originária, um grupo de alunas se manifestou agitando os véus acima de suas cabeças, segundo vídeos gravados neste sábado, informou a ONG de direitos humanos Hengaw, com sede na Noruega. "Mulher, vida, liberdade", cantavam.

Em outro vídeo amplamente compartilhado no Twitter, um homem parece ter sido morto enquanto estava sentado ao volante de seu carro em Sanandaj, capital da província do Curdistão, onde tiros foram ouvidos.

O chefe de polícia da província, Ali Azadi, disse que a vítima foi morta "por forças anti-revolucionárias".

Em outras imagens amplamente compartilhadas, homens enfurecidos parecem se vingar de um membro da Basij, uma milícia islâmica que trabalha sob ordens do Estado, espancando-o severamente.

Outro vídeo chocante mostra uma jovem supostamente morta a tiros em Mashhad, no nordeste. Muitos usuários nas redes sociais compararam as imagens com as de Neda Agha Soltan, uma jovem que se tornou símbolo da oposição após ser morta a tiros nos protestos de 2009.

As autoridades impuseram restrições ao acesso à Internet para evitar aglomerações e a divulgação de imagens da repressão. Mas os manifestantes adotaram novas técnicas para repassar suas mensagens.

"Não temos mais medo. Lutaremos", dizia uma grande faixa afixada em um viaduto da rodovia Modares, que atravessa o centro de Teerã, segundo imagens verificadas pela AFP.

Um homem foi visto mudando a frase de um cartaz de "A polícia é a serva do povo" para "A polícia é a assassina do povo".

- Greves massivas -

Segundo a ONG Hengaw, "greves massivas" também ocorreram em Saqqez, Sanandaj e Divandarreh, no Curdistão; e em Mahabad, no oeste do país.

O Irã acusa repetidamente forças estrangeiras de alimentar os protestos, particularmente os Estados Unidos, seu inimigo jurado.

Raisi, que em julho pediu a mobilização de todas as instituições estatais para garantir o cumprimento das regras sobre o uso do véu, agora pediu unidade.

"Apesar de todos os esforços dos mal-intencionados, o povo forte e trabalhador do Irã islâmico superará os próximos problemas com unidade e coesão", disse o mandatário neste sábado, segundo o site presidencial.

Na semana passada, o governo anunciou a prisão de nove estrangeiros de países como França, Alemanha, Itália, Polônia e Holanda.

Na sexta-feira, a França recomendou que seus cidadãos em visita ao Irã deixem o país "o mais rápido possível" devido ao risco de detenção arbitrária.

O mesmo fez a Holanda, que aconselhou seus cidadãos a não viajarem para a República Islâmica. "A polícia às vezes age com dureza. As autoridades iranianas também podem deter arbitrariamente pessoas de nacionalidade estrangeira", disse.

O Irã prendeu uma repórter que cobria o funeral de Mahsa Amini nesta quinta-feira (29), disse seu advogado, a mais recente de uma série de prisões de jornalistas em ascensão desde que os protestos começaram após a morte de Amini depois de ser presa pela polícia moral.

Elahe Mohammadi foi convocada pelas autoridades judiciais, mas foi detida pelas forças de segurança a caminho do interrogatório, disse seu advogado Mohammad Ali Kamfirouzi no Twitter.

Mohammadi cobriu para o jornal iraniano Ham Mihan o funeral de Amini, de 22 anos, que morreu em 16 de setembro depois de passar três dias em coma após ser detida em Teerã.

O funeral de Amini em sua cidade natal de Saghez, na província do Curdistão, foi um dos pontos de partida para os protestos.

Na semana passada, as forças de segurança já revistaram a casa de Mohammadi em Teerã, acrescentou seu advogado.

Seu marido indicou no Twitter que, em um breve telefonema, a jornalista lhe disse que estava sendo transferida para a prisão de Evin, na capital iraniana, e que não foi informada das acusações contra ela.

Sua prisão ocorre depois que a polícia prendeu a jornalista do jornal Shargh, Nilufar Hamedi, que foi ao hospital onde Amini estava em coma e ajudou a divulgar o caso ao mundo.

Hamedi continua presa, também no centro de Evin, e seu marido disse que ainda não sabia do que ela estava sendo acusada.

ONGs de direitos humanos acusam o Irã de realizar uma campanha de prisão de jornalistas críticos às autoridades iranianas, especialmente aqueles que cobriram a morte de Amini.

Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), pelo menos 25 jornalistas foram detidos desde o início das manifestações.

As autoridades iranianas lançaram um alerta, nesta quinta-feira (29), às celebridades que apoiam os protestos desencadeados pela morte da jovem curda Mahsa Amini, 22, detida pela polícia moral.

"Tomaremos ações contra os famosos que sopraram as brasas" dos "distúrbios", disse hoje o governador da província de Teerã, Mohsen Mansouri, segundo a agência de notícias ISNA.

Vários atletas, atores e cineastas iranianos apoiam o movimento de protesto e pediram às autoridades que ouçam as demandas da população.

No domingo (25), por exemplo, o diretor de cinema iraniano Asghar Farhadi, vencedor do Oscar, pediu ao mundo que mostre "solidariedade" com os manifestantes.

"Convido todos os artistas, cineastas, intelectuais, ativistas dos direitos civis em todo mundo (...) todos que acreditam na dignidade humana e na liberdade, a se solidarizarem com as poderosas e corajosas mulheres e homens do Irã, fazendo vídeos, escrevendo, ou de qualquer outra maneira", escreveu Farhadi em uma mensagem de vídeo publicada no Instagram.

O ex-astro da seleção iraniana de futebol Ali Karimi também publicou várias mensagens de apoio às manifestantes em suas redes sociais.

No início da semana, o atacante iraniano Sardar Azmoun, craque da seleção e jogador do Bayer Leverkusen, disse que não poderia ficar calado diante das inúmeras mortes deixadas pela repressão.

"Isso não pode ser apagado da nossa consciência. Vocês deveriam ter vergonha!", escreveu ele nas redes sociais.

O Irã tem protestos em pelo menos 46 cidades do país, com a televisão estatal sugerindo que ao menos 41 pessoas tenham morrido em meio às manifestações dos últimos dias. As manifestações ocorrem desde 17 de setembro, com a contagem a partir de declarações oficiais em ao menos 13 mortos, além de mais de 1.200 manifestantes presos.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã afirmou neste domingo, 25, que convocou o embaixador britânico para protestar contra o que descreveu como atmosfera hostil criada pela mídia em língua farsi sediada em Londres. Teerã também criticou agências de notícias e convocou o embaixador da Noruega no país para protestar contra recentes declarações do presidente do Parlamento norueguês, Masud Gharahkhani.

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O estopim dos protestos foi a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, detida pela polícia da moralidade do país e morta enquanto estava sob custódia das autoridades. Confrontos entre manifestantes e as forças de segurança continuavam a ocorrer.

Amini foi detida pela polícia em Teerã por supostamente estar com seu véu islâmico muito frouxo sobre a cabeça. A polícia afirma que ela morreu por um ataque cardíaco e que não sofreu maus-tratos, mas sua família coloca a versão em dúvida. A morte da jovem gerou forte condenação de países do Ocidente e da Organização das Nações Unidas.

Houve, porém, também manifestações a favor do governo em várias cidades do Irã neste domingo. Milhares participaram de um ato na Praça da Revolução (Enghelab), e algumas autoridades estiveram presentes, entre eles o porta-voz do gabinete de governo, Ali Bahadori Jahromi.

Pelo menos 35 pessoas morreram nas manifestações iniciadas há mais de uma semana no Irã, após a morte de uma jovem detida pela polícia moral por usar o véu de forma "inapropriada" - conforme balanço oficial divulgado neste sábado (24).

Os manifestantes tomaram as ruas das principais cidades do Irã, incluindo sua capital, Teerã, por oito noites consecutivas desde a morte de Mahsa Amini, de 22 anos. Esta jovem curda foi declarada morta depois de passar três dias em coma.

"O número de pessoas que morreram nos recentes distúrbios no país subiu para 35", informou a imprensa estatal, elevando o número oficial anterior de pelo menos 17 mortos, incluindo cinco membros das forças de segurança.

Na província de Guilán (nordeste), o chefe da polícia anunciou hoje "a prisão de 739 manifestantes, incluindo 60 mulheres", apenas nesta região, desde o início dos protestos, segundo a agência de notícias iraniana Tasnim.

Na sexta-feira (23), novos protestos aconteream em todo país. Os vídeos que circulavam na Internet mostraram confrontos em Teerã e em outras grandes cidades, como Tabriz. Em algumas imagens, viam-se agentes das forças de segurança nas cidades de Piranshahr, Mahabad e Urmia atirando, com o que parecia ser munição real, contra manifestantes desarmados.

Em um vídeo compartilhado pela ONG Iran Human Rights, com sede na Noruega, um membro uniformizado das forças de segurança dispara com um fuzil de assalto AK-47 contra manifestantes no Ferdowsi Boulevard, em Teerã.

Segundo a organização, outras imagens mostram o "fluxo de forças de segurança do Estado (...) em uma rodovia em Teerã", na noite de sexta-feira.

Também houve uma onda de prisões de ativistas e de jornalistas, incluindo Niloufar Hamedi, do jornal reformista Shargh, que noticiou a morte de Amini. Desde segunda-feira, pelo menos 11 jornalistas teriam sido detidos, conforme a organização Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

De acordo com o grupo de direitos curdos Hengaw, com sede na Noruega, os manifestantes "tomaram o controle" de partes da cidade de Oshnavih, na província do Azerbaijão Ocidental.

Segundo a Anistia Internacional, com sede em Londres, evidências coletadas em 20 cidades no Irã indicam "um padrão terrível das forças de segurança iranianas, atirando, deliberada e ilegalmente, com munição real contra manifestantes".

Em paralelo, milhares de pessoas saíram às ruas de Teerã na sexta-feira em uma manifestação a favor do hijab, em homenagem às forças de segurança que tentam sufocar o que a imprensa oficial chama de "conspiradores". Também houve manifestações de apoio às forças de segurança em cidades como Ahvaz, Isfahan, Qom e Tabriz.

- Gestos de desafio -

Amini morreu após ser detida pela polícia moral iraniana, encarregada de aplicar e fazer cumprir o rígido código de vestimenta das mulheres no país. Segundo as ONGs, ela recebeu um golpe na cabeça enquanto estava presa. A informação ainda não foi confirmada pelas autoridades, que abriram uma investigação a esse respeito.

Alguns manifestantes tiraram seu hijab em sinal de desafio e o queimaram, ou cortaram simbolicamente o cabelo, em meio à ovação da multidão, de acordo com imagens publicadas nas redes sociais.

Na sexta-feira, o ministro iraniano do Interior, Ahmad Vahidi, insistiu em que Amini não havia sido agredida.

"Relatórios foram recebidos de agências de supervisão, testemunhas foram entrevistadas, vídeos foram revisados, opiniões forenses foram obtidas e se comprovou que não houve qualquer agressão", declarou Vahidi.

A Anistia Internacional rejeita, no entanto, a investigação oficial e pede ao mundo que tome "medidas significativas" contra a repressão "sangrenta".

burs/dv/pc/avl/tt

Ao menos 36 pessoas morreram na repressão dos protestos que explodiram há uma semana no Irã após a morte de uma mulher detida pela polícia da moral, denuncia uma ONG com sede em Nova York.

Mahsa Amini, 22 anos, foi detida pela polícia da moral em 13 de setembro em Teerã por utilizar "roupas inapropriadas". Ela faleceu três dias depois no hospital e sua morte provocou uma onda de protestos no país.

De acordo com ativistas, ela foi agredida de maneira fatal na cabeça, mas as autoridades iranianas negaram qualquer envolvimento das forças de segurança e anunciaram uma investigação.

Um meio de comunicação estatal informou que 17 pessoas morreram nas manifestações, mas várias ONGs, incluindo o Centro para os Direitos Humanos no Irã (CHRI), com sede em Nova York, anunciaram balanços mais graves.

"As autoridades reconheceram a morte de pelo menos 17 pessoas, mas fontes independentes citam 36 óbitos", denunciou o CHRI no Twitter.

"O número deve aumentar. Os líderes mundiais devem pressionar as autoridades iranianas para permitir protestos sem o uso de força letal", acrescentou a ONG.

Após a morte de Mahsa Amini, manifestações foram registradas nas principais cidades do Irã, incluindo Teerã, Isfahan (centro) e Mashhad (nordeste).

A Anistia Internacional denunciou recentemente uma "repressão brutal" e advertiu que as forças de segurança usaram balas de borracha e gás lacrimogêneo contra a multidão.

Uma autoridade dos Estados Unidos disse nesta terça-feira (23) que o Irã concordou em retirar as exigências estabelecidas para as inspeções nucleares da ONU, no que parece ser uma última concessão que sinalizaria o renascimento do acordo nuclear de 2015.

A informação surge depois que autoridades americanas disseram que o Irã estava atenuando seu pedido para que Washington removesse a poderosa Guarda Revolucionária de uma lista terrorista. Essa é uma questão-chave nas negociações indiretas.

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O Irã tentou encerrar uma investigação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em três instalações nucleares não declaradas e sobre as quais a agência diz ter dúvidas sobre trabalhos nucleares anteriores.

Em junho, o Irã desligou várias câmeras da AIEA depois de ser censurado por não explicar adequadamente sobre antigos vestígios de urânio.

Um alto funcionário dos EUA disse que o Irã "fez concessões em questões cruciais", mas apontou como "categoricamente falsos" os informes sobre concessões feitas pela parte americana.

"Além das restrições nucleares que o Irã deve aplicar, a AIEA pode mais uma vez implementar o regime de inspeção mais abrangente já negociado, permitindo detectar qualquer esforço iraniano para adquirir secretamente uma arma nuclear", disse o funcionário, que pediu para não ser identificado.

"Grande parte dessa vigilância internacional continuaria por um tempo ilimitado", disse ele.

Concessões de ambos os lados são esperadas como parte de uma tentativa de reviver o acordo nuclear de 2015, que é profundamente impopular tanto para alguns radicais iranianos quanto para o Partido Republicano dos EUA.

O então presidente republicano Donald Trump retirou os Estados Unidos desse acordo em 2018.

Seu sucessor, o democrata Joe Biden, prometeu retornar, mas foi confrontado com a insistência do Irã de que as sanções impostas a ele por seus planos nucleares fossem suspensas.

Os Estados Unidos rejeitaram, nesta segunda-feira (22), a acusação de que estariam retardando as negociações sobre o acordo nuclear com o Irã e garantiram que ainda há "questões pendentes" a resolver.

"Estamos motivados pelo fato de o Irã parecer ter cedido em algumas de suas exigências inaceitáveis, como a retirada da Guarda Revolucionária" da lista de organizações terroristas, disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price.

"Estamos mais perto de um acordo do que há duas semanas", disse o porta-voz em conferência de imprensa, mas afirmou que "ainda há questões pendentes que devem ser resolvidas, lacunas que devem ser preenchidas", sem dar detalhes.

Por vários meses, Teerã condicionou qualquer acordo à remoção da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, da lista negra de organizações terroristas dos Estados Unidos.

Apesar das intensas negociações, os Estados Unidos ainda não responderam formalmente ao "texto final" apresentado pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, enquanto o Irã já o fez com vários comentários.

Teerã criticou nesta segunda-feira os Estados Unidos por "retardarem" sua resposta às propostas do Irã ao texto.

Em 26 de julho, Borrell, que lidera os esforços para que os Estados Unidos e o Irã cheguem a um entendimento, apresentou um projeto de acordo às partes para estudo e pediu a todos os atores nas negociações que o aceitassem para evitar uma "crise perigosa".

As discussões foram retomadas em 4 de agosto na capital austríaca para uma nova tentativa de salvar o acordo internacional de 2015 entre Irã, Estados Unidos, Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia.

"A ideia de que teríamos retardado as negociações de qualquer maneira simplesmente não é correta", disse Price, observando que os Estados Unidos ainda estão "examinando" as respostas iranianas e que Washington responderá assim que "esta revisão e suas consultas terminarem".

O Irã e as grandes potências do planeta assinaram um acordo para limitar o poder nuclear da nação islâmica com o objetivo de impedir o desenvolvimento de uma bomba nuclear. Mas, em 2018, o então presidente americano, Donald Trump, retirou seu país unilateralmente do acordo e impôs pesadas sanções ao Irã.

A União Europeia (UE) apresentou um "texto final" para as negociações que buscam a retomada do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano de 2015, indicou nesta segunda-feira (8) uma autoridade da UE.

"Temos trabalhado durante quatro dias e o texto está na mesa", afirmou a autoridade aos jornalistas, em condição de anonimato. "A negociação já terminou, esse é o texto final (...) e não será renegociado", acrescentou a fonte.

Em Teerã, o governo iraniano disse estar examinando o texto.

"Assim que recebemos essas ideias, transmitimos nossa resposta e considerações iniciais para eles, mas essas questões exigem naturalmente uma maior revisão e considerações adicionais", informou a agência estatal IRNA, citando um diplomata não identificado.

Após um impasse de meses nas negociações, diplomatas do Irã, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha retornaram na quinta-feira (04) a Viena para uma rodada de negociações com o objetivo de tentar salvar o acordo.

Esse diálogo busca garantir que o programa nuclear de Teerã tenha fins civis, uma vez que o Irã foi acusado de tentar adquirir uma arma atômica, apesar do país negar.

O acordo internacional de 2015 ficou no limbo após a decisão dos Estados Unidos em retirar-se unilateralmente em 2018, durante o governo de Donald Trump, reestabelecendo as sanções contra o Irã. Por sua vez, o país começou a desligar-se progressivamente de seus compromissos nucleares.

Os presidentes do Irã, Rússia e Turquia se reúnem em Teerã nesta terça-feira (19) para negociações focadas principalmente no conflito da Síria, mas também na guerra na Ucrânia e seu impacto na economia mundial.

Esta é a primeira cúpula presidida por Ebrahim Raisi desde que assumiu o cargo há um ano e a segunda viagem de Vladimir Putin ao exterior desde que lançou sua ofensiva na Ucrânia em 24 de fevereiro.

A reunião tripartite ocorre dias após a viagem do presidente dos EUA, Joe Biden, ao Oriente Médio, onde visitou Israel e Arábia Saudita, dois países hostis ao Irã.

A cúpula se concentrará na Síria, onde Rússia, Turquia e Irã são os principais atores na guerra que devastou o país desde 2011. Moscou e Teerã apoiam o governo de Bashar al-Assad e Ancara apoia os rebeldes. Os três países lançaram o chamado processo de Astana em 2017, cujo objetivo oficial é levar a paz à Síria.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan chegou em Teerã na noite de segunda-feira e foi recebido na manhã desta terça por seu homólogo iraniano no Palácio de Saadabad.

Juntamente com seu homólogo russo Vladimir Putin, eles participarão de "uma reunião de chefes de Estado que são garantidores do processo de paz" na Síria, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em 12 de julho.

O Irã informou durante o fim de semana dois novos progressos técnicos em processos de enriquecimento de urânio, que permitem avanços no desenvolvimento do programa nuclear do país, em pleno bloqueio das negociações para tentar retomar o acordo de 2015.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), organismo da ONU, informou aos Estados membros que a República Islâmica começou a "alimentar a cascata de centrífugas modernas" na usina de Fordo, modificadas recentemente para ganhar eficiência.

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O avanço permite "mudar mais facilmente a configuração da cascata" e passar rapidamente de um nível de enriquecimento para outro, explicou a AIEA em um relatório em maio.

A agência das Nações Unidas é responsável por vigiar o cumprimento dos compromissos assumidos entre o Irã e as potências mundiais em 2015, que motivou a retirada das sanções econômicas ocidentais contra Teerã em troca de restrições das atividades nucleares iranianas.

Mas após saída dos Estados Unidos do acordo em 2018, durante a presidência de Donald Trump, e o retorno das sanções, o Irã começou a se afastar progressivamente de suas obrigações.

E as negociações retomadas em 2020 estão paralisadas.

No início de 2021, o Irã anunciou o início do processo para produzir urânio enriquecido a 20% em Fordo, muito acima dos 3,67% estabelecidos no Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) de 2015.

Meses depois, o país superou 60% e se aproximou de 90%, nível necessário para desenvolver uma bomba atômica (intenção que Teerã nega).

O tema será abordado pelo presidente americano Joe Biden em sua visita ao Oriente Médio na próxima semana.

"Meu governo continuará aumentando a pressão diplomática e econômica até que o Irã esteja pronto para voltar a respeitar o acordo", escreveu Biden em uma coluna publicada pelo jornal Washington Post no sábado.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, condenou, neste sábado, o mais recente ataque aéreo de Israel à Síria e criticou as recentes ameaças da Turquia sobre outra incursão planejada de Ancara no norte do país. As declarações do diplomata ocorrem no início de sua visita à Síria, onde ele deve discutir relações mútuas e assuntos regionais com altos funcionários sírios.

O Irã tem sido um dos mais fortes apoiadores do presidente sírio, Bashar Assad, enviando milhares de combatentes de toda a região para ajudar suas tropas no conflito de 11 anos na Síria. A guerra matou centenas de milhares e deslocou metade da população pré-guerra do país de 23 milhões.

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A visita de Amirabdollahian começou horas depois que Israel realizou um ataque aéreo em uma vila costeira síria perto da fronteira com o Líbano, ferindo duas pessoas, segundo relatos da mídia estatal na Síria.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse recentemente que está planejando outra grande incursão militar na Síria para criar uma zona de proteção de 30 quilômetros ao longo da fronteira com a Turquia, prometendo lutar contra combatentes curdos sírios aliados dos EUA pelo território.

"Entendemos as preocupações de nossa vizinha Turquia, mas nos opomos a qualquer medida militar na Síria", disse Amirabdollahian, acrescentando que o Irã está tentando resolver o "mal-entendido entre a Turquia e a Síria por meio do diálogo".

Amirabdollahian se encontrou neste sábado com Assad, que disse ao enviado iraniano que os "pretextos da Turquia para justificar sua agressão na Síria são falsos, enganosos e não têm nada a ver com a realidade". O gabinete de Assad também citou o presidente dizendo que a presença militar da Turquia na Síria viola o direito internacional. Fonte: Associated Press.

Cinco pessoas morreram e várias ficaram feridas, vítimas de um forte terremoto que estremeceu o sul do Irã na manhã deste sábado (2), informou a agência estatal IRNA.

Segundo a televisão estatal, 49 pessoas ficaram feridas após três tremores sucessivos na província de Hormozgan (sul), principalmente na localidade de Sayeh Khosh, a mais afetada.

O primeiro terremoto de magnitude 6,0 teve seu epicentro 100 km ao sudoeste da cidade portuária de Bandar Abbas, na província de Hormozgan, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).

Foi seguido por duas réplicas duas horas depois, de magnitudes 5,7 e 6, a 10 km de profundidade.

De acordo com imagens da televisão, vários edifícios residenciais desmoronaram em Sayeh Khosh e a cidade mergulhou na escuridão após um corte de energia.

Em Bandar Abbas, capital da província, onde vivem meio milhão de pessoas, as pessoas passaram a noite nas ruas após o tremor e longas filas se formaram nos postos de gasolina, segundo a televisão estatal.

A eletricidade também foi cortada em quase 30 aldeias nas áreas afetadas, segundo a mesma fonte.

As operações de busca e resgate estão quase no fim, disse o Crescente Vermelho do país, segundo a televisão.

"Estamos nos concentrando em receber as vítimas do terremoto", disse o governador da província, Mehdi Dousti, na televisão, acrescentando que 50% da cidade de Sayeh Khosh foi destruída.

Uma pessoa morreu em novembro do ano passado quando a província de Hormozgan foi atingida por dois terremotos de magnitude 6,4 e 6,3.

O Irã está localizado à beira de várias placas tectônicas e é atravessado por várias falhas, o que o torna um país com alta atividade sísmica.

Seu terremoto mais mortal foi de magnitude 7,4 em 1990 que deixou 40.000 mortos no norte do país.

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