Rebeldes mataram pelo menos 92 pessoas em uma onda de ataques contra forças de segurança iraquianas neste domingo, atirando contra soldados em um posto do exército e jogando bombas em uma fila de recrutas policiais que esperavam para se inscrever para vagas de emprego, disseram autoridades do governo iraquiano. No final deste domingo, cinco carros-bomba explodiram. Apenas em Bagdá, 32 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas. A escalada de violência atingiu pelo menos 12 cidades e feriu cerca de 285 pessoas.
Nenhum grupo assumiu imediatamente responsabilidade pelos ataques, mas forças de segurança são um alvo frequente do braço iraquiano da Al-Qaeda, que busca se reerguer, minar o governo e tomar de volta áreas de onde foi expulsa antes da saída das tropas norte-americanas do país no ano passado.
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Também neste domingo, o vice-presidente sunita do Iraque, Tariq al-Hashemi, que fugiu do país em dezembro, foi condenado à morte, depois que um tribunal de Bagdá o declarou culpado de ter planejado, ao lado do genro, o assassinato de um advogado e de uma autoridade de segurança do governo.
Al-Hashemi, que negou as acusações, fugiu do Iraque depois que o governo xiita o acusou de terrorismo no fim do ano passado. O caso despertou uma crise no governo iraquiano, alimentando o ressentimento de sunitas e curdos contra o primeiro-ministro Nouri al-Maliki, um xiita acusado por críticos de monopolizar o poder.
Um porta-voz da al-Hashemi não emitiu comentário imediato e disse que o vice-presidente iria liberar um comunicado.
O julgamento teve um total de 10 audiências e contou com depoimentos de antigos guarda-costas do vice-presidente, que disseram receber ordens e serem pagos para realizar os ataques. O governo xiita do Iraque acusou al-Hashemi de envolvimento em 150 atentados, assassinatos e outros ataques entre 2005 e 2011 - muitos supostamente executados por seus guarda-costas e outros empregados. Al-Hashemi havia dito anteriormente que seus guarda-costas foram provavelmente torturados ou coagidos a testemunhar contra ele.
É improvável que os ataques deste domingo no país tenham sido orquestrados para coincidir com o veredicto do vice-presidente foragido. Mas, juntos, a onda de violência e o veredicto podem dar força aos insurgentes sunitas no Iraque.
No ataque mais sangrento do domingo, homens armados invadiram um pequeno posto do exército iraquiano na cidade de Dujail antes do amanhecer, matando pelo menos 10 soldados e ferindo outros oito, de acordo com policiais e funcionários de hospitais da cidade vizinha de Balad, cerca de 80 quilômetros ao norte de Bagdá. As autoridades falaram sob condição de anonimato por não estarem autorizadas a divulgar informações.
Horas depois, um carro bomba atingiu um grupo de recrutas policiais que esperavam em uma fila para se inscrever para vagas de trabalho na companhia estatal Northern Oil, nos arredores da cidade de Kirkuk, no norte do país. O comandante da polícia municipal, brigadeiro general Sarhad Qadir, afirmou que sete recrutas foram mortos e 17 feridos. Segundo ele, todos eram muçulmanos sunitas. Qadir atribuiu o ataque a Al-Qaeda, mas não deu mais detalhes sobre o assunto.
A carnificina se estendeu até o sul do país, onde bombas coladas em dois automóveis estacionados explodiram na cidade de Nasiriyah, dominada por xiitas, 320 quilômetros a sudeste de Bagdá. As explosões ocorreram perto do consulado francês e de um hotel. O diretor-adjunto de saúde local, Dr. Adnan al-Musharifawi, disse que duas pessoas foram mortas e três ficaram feridas no hotel e que um policial iraquiano ficou ferido no consulado. Conforme Al-Musharifawi, nenhum diplomata francês estava entre os mortos.
Em Paris, o Ministério das Relações Exteriores da França disse que "condena com a maior severidade" a onda de ataques no Iraque.
O Ministério do Interior iraquiano culpou, em comunicado, a Al-Qaeda pelo ocorrido. "Os ataques de hoje aos mercados e às mesquitas são (destinados) a provocar tensões políticas e sectárias", citou. "Nossa guerra contra o terrorismo continua e nós estamos prontos", relata o documento.
O restante dos ataques que provocaram mortes ocorreram por meio de carros-bomba que explodiram desde a cidade portuária de Basra, no sul, até Tal Afar, a noroeste de Bagdá, perto da fronteira com a Síria. As informações são da Associated Press.