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O nome da religiosa baiana Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, a irmã Dulce, foi incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que fica no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília. A Lei 14584/23 foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada nesta quarta-feira (17) no Diário Oficial da União.

A lei se originou do PL 5727/16, do ex-deputado Carlos Bezerra (MT), aprovado pela Câmara em 2019 e pelo Senado em abril deste ano.

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A religiosa nasceu em Salvador em 26 de maio de 1914. Aos 13 anos, com o apoio do pai, começou a acolher mendigos e doentes em casa, transformando a residência da família em um centro de atendimento à população carente. Em 1933, na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, recebeu o hábito e adotou, em homenagem à mãe, o nome de irmã Dulce.

Em 1949, sem ter para onde ir com 70 doentes, a freira pediu autorização à sua superiora para abrigar os enfermos em um galinheiro próximo ao Convento Santo Antônio, na capital baiana. O episódio, que marca as raízes da instituição Obras Sociais Irmã Dulce, fez surgir a tradição de que o maior hospital da Bahia nasceu a partir de um galinheiro.  Irmã Dulce se manteve firme em sua missão de servir aos mais necessitados até morrer, aos 77 anos. No dia 13 de outubro de 2019, 27 anos após sua morte, ela foi canonizada pela Igreja Católica e proclamada Santa Dulce dos Pobres, a primeira santa brasileira nata.

*Da Agência Câmara de Notícias

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) aprovou nesta terça-feira (11) a inclusão do nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, a Irmã Dulce, canonizada na Igreja Católica como Santa Dulce dos Pobres, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. O livro encontra-se no Panteão da Liberdade e da Democracia Tancredo Neves, que fica na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Com a aprovação, o PL 5.641/2019 será analisado pelo Plenário e, se for aprovado, seguirá para a sanção do presidente Lula.

O relatório foi feito pelo senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) e apresentado pelo senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP). O texto aproveita um relatório anterior, de Otto Alencar (PSD-BA), que não chegou a ser votado.

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O parecer lembra que Irmã Dulce nasceu em 1914 em Salvador e desde muito jovem demonstrou empatia e solidariedade incomuns para com as pessoas mais pobres. Aos 13 anos, com o apoio do pai, começou a acolher mendigos e doentes em casa, transformando a residência da família num centro de atendimento à população carente. Foi nessa época, também, que começou a se dedicar à vida religiosa.  Após formar-se professora, entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em São Cristóvão (SE). No mesmo ano, aos 19 anos de idade, recebeu o hábito de freira e adotou, em homenagem à sua mãe, o nome de Irmã Dulce.

Suas obras sociais ajudaram a transformar a vida de milhares de pessoas por ela acolhidas. Após muita peregrinação, fundou em 1949 um albergue improvisado em um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio, em Salvador. O local deu origem ao hospital Santo Antônio, hoje o maior hospital da Bahia. Dez anos depois, foi instalada oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce e, no ano seguinte, inaugurado o Albergue Santo Antônio.

Por sua dedicação à população carente, Irmã Dulce foi indicada em 1988 pelo então presidente da República, José Sarney, ao Prêmio Nobel da Paz, indicação que contou com o apoio da Rainha Sílvia, da Suécia. O próprio papa João Paulo II, em sua primeira visita ao Brasil (1980), ao conhecer a obra da freira baiana, pediu-lhe pessoalmente que mantivesse seu trabalho com os pobres. 

"Irmã Dulce trabalhou incansavelmente, até o fim da vida, junto às pessoas mais necessitadas. Morreu aos 77 anos tendo deixado um grande legado à sua cidade, à Bahia e ao país. Em reconhecimento às suas obras sociais, foi canonizada em 2019 pela Igreja Católica, tendo recebido o título de Santa Dulce dos Pobres. É por sua dedicação aos pobres, necessitados e excluídos, por seu exemplo de caridade e desprendimento, que acreditamos ser justa a inclusão de Irmã Dulce no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria", destaca o relatório lido por Pontes. 

*Da Agência Senado

O presidente Jair Bolsonaro saudou nesta terça-feira (15) o trabalho social da Irmã Dulce, canonizada no último domingo (13), em cerimônia conduzida pelo papa Francisco no Vaticano, tornando-se a primeira santa brasileira.

"Primeiramente, temos uma santa brasileira, Irmã Dulce dos Pobres. O que fica da obra dela é nós tentarmos ser, pelo menos um dia por ano, o que foi Irmã Dulce, uma mulher que levou esperança para muita gente, com seu sacrifício, sua abnegação e seu determinismo", disse Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto que marcou a liberação de verbas para uma associação que leva o nome da santa. "Estamos muito felizes neste momento, afinal de contas, uma parte considerável da população brasileira é católica, e a grande parte é cristã", acrescentou.

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Na solenidade, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, assinou portaria que autoriza o repasse de R$ 18 milhões ao Hospital Santo Antônio (HSA) – Associação Obras Sociais Irmã Dulce (OSID). A unidade de saúde é considerada o coração das obras sociais Irmã Dulce, em Salvador.

O recurso federal será destinado ao custeio de estudos e pesquisas em saúde, à manutenção e reforma do hospital e à capacitação de recursos humanos. Atualmente, o complexo hospitalar realiza mais de 2 milhões de atendimentos por ano, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ao todo, o HSA dispõe de 954 leitos, que registram uma média de 17 mil internações e 12 mil cirurgias anuais. Além de um Centro de Tratamento Intensivo, o hospital oferece atendimento em 17 especialidades.

A unidade também é referência em reabilitação física, intelectual, auditiva e visual e em desintoxicação e tratamento a usuários de álcool. Por mês, são realizados 9,3 mil atendimentos para o tratamento do câncer. Além do atendimento em saúde, o Hospital Santo Antônio atua no ensino em saúde, com a oferta de residência médica e multiprofissional, e ensino em enfermagem.

A cantora Márcia Fellipe gerou revolta ao opinar sobre a canonização de Irmã Dulce, nesse domingo (13), no Instagram. A voz do hit "Aqui Ó Pro Meu Ex" criticou em uma postagem da Rede Globo a cerimômia do Vaticano que reconheceu Irmã Dulce como a primeira santa brasileira. 

"Ajudar ao próximo sim! Mais [sic] não faz de nenhum ser humano ser 'Santa'. Santo só o Senhor Jesus Cristo. Não se deixem enganar. Leiam a Bíblia", escreveu Márcia, deixando nos comentários o capítulo e versículo do apóstolo João. Em seguida à mensagem, a artista foi bastante criticada pelos internautas. "Que comentário péssimo. [...] Vai cantar tua música e pronto... pare de julgar os outros. Beijos de luz!", comentou um dos usuários da rede social.

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Após a repercussão do que havia dito, Márcia Fellipe se pronunciou. Ela entrou ao vivo no seu perfil do Instagram para esclarecer o imbróglio. "Eu só vim aqui pedir desculpa para não ofender ninguém e muito menos a Irmã Dulce, que ela sim é um exemplo a ser seguido como ser humano", explicou, mas deixou claro que a sua mensagem envolvendo Santa Dulce dos Pobres foi baseada nos ensinamentos bíblicos.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, falou sobre a canonização de Irmã Dulce.

Qual a importância, sobretudo para as comunidades de Salvador, da canonização de Irmã Dulce?

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Para muitos, falar de um santo ou uma santa parecia uma referência a quem morou na Europa e em séculos passados, já que a maioria dos santos conhecidos tem essas características. De repente, a comunidade baiana está descobrindo que os santos não são seres angelicais, distantes, mas pessoas próximas, que muitos conheceram ou das quais se ouve diariamente testemunhos. Tenho certeza de que, a partir da canonização de Irmã Dulce dos Pobres, será mais fácil explicar a todos que santidade não é um privilégio de poucos ou de pessoas especiais, mas está ao alcance de todos, e é obrigação de todos buscar a santidade.

Quais são os valores de vida de Irmã Dulce que mais devem ser lembrados pelos católicos?

Sua simplicidade, seu foco em Jesus Cristo, sua capacidade de vê-lo no necessitado e a capacidade que teve de esquecer-se de si mesma para responder às necessidades que se apresentavam e se multiplicavam a sua frente.

Podemos afirmar que o Brasil terá ainda muito mais santos?

Em 1991, João Paulo II disse que "o Brasil precisa de santos". Começou, então, uma corrida em torno de tais modelos; abriram-se dezenas de processos e, com surpresa, se percebeu que o que nunca faltou no Brasil foi a presença de pessoas extraordinárias - de verdadeiros santos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Às 10h34 (5h34 no horário de Brasília) deste domingo, 13, o papa Francisco oficialmente fez de Irmã Dulce, a Santa Dulce dos Pobres, a 37ª personalidade brasileira canonizada pela Igreja Católica. Ela é a primeira mulher nascida no País a se tornar santa.

A cerimônia, na Praça São Pedro, no Vaticano, reuniu, segundo a guarda local, cerca de 50 mil pessoas e fez outros quatro novos santos: um teólogo inglês, uma freira italiana, uma freira indiana e uma catequista suíça.

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"Em honra da Santíssima Trindade, pela exaltação da fé católica e para incremento da vida cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, e Nossa, depois de refletir por muito tempo, ter invocado a ajuda divina e ouvido a opinião de irmãos bispos, declaramos e definimos santos os beatos John Henry Newman, Giuseppina Vannini, Maria Thresia Chiramel Mankidiyan, Dulce Lopes Pontes (Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes) e Marguerite Bays, e os inscrevemos no registro dos santos, estabelecendo que em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados entre os santos", afirmou o papa, no momento solene.

O público aplaudiu fervorosamente.

Foi visível o número de brasileiros entre os fiéis. Bandeiras do País e trajes verde e amarelo podiam ser notados em todas as partes da praça.

Agraciados pelos milagres de Irmã Dulce presentes no Vaticano

Em um dos momentos mais emocionantes da cerimônia, foi exibida uma relíquia de Irmã Dulce: um pedaço de osso de sua costela, impregnado em uma pedra de ametista.

O músico José Maurício, considerado curado milagrosamente por graça de Santa Dulce, estava presente. Foi a recuperação de sua cegueira o milagre decisivo para a canonização da santa brasileira. Na homilia, o papa destacou o fato de que dos cinco novos santos, três eram freiras. "Invocamos como intercessores", referiu-se aos novos santos. "Mostram-no que a vida religiosa é um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo."

Já o primeiro milagre de Irmã Dulce ocorreu em 2001, quando a sergipana Claudia Santos, hoje com 50 anos, enfrentava uma grave hemorragia após o parto do segundo filho e chegou a ficar em coma, com insuficiência renal. Após a equipe médica usar todos os recursos que poderia, a recomendação foi que se preparassem para a morte.

"Estou aqui desde as 20 horas de ontem. Eu não poderia deixar de vir. A emoção é muito grande de relembrar tudo aquilo que passou, hoje a minha fé é muito maior", afirmou à reportagem. "Depois do que passei, vi que nós realmente não somos nada."

Claudia começou a melhorar de forma milagrosa com a visita do padre José Almir de Menezes, devoto de Dulce. Ela compareceu ao Santuário Irmã Dulce, em Salvador, usando como pingente a santinha que recebeu do religioso durante as orações.

O milagre foi oficializado pelo Vaticano em 2011, dez anos após a recuperação de Claudia.

"Foi uma bênção de Deus, agradeço primeiramente a Deus e pela intercessão de Irmã Dulce. Não era nem para eu estar aqui, ela é minha santinha", afirmou.

Comitiva de autoridades brasileiras

A comitiva de autoridades brasileiras foi acomodada à esquerda do altar, em espaço reservado para convidados não religiosos. O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB); os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ); o governador da Bahia, Rui Costa (PT); e o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), estavam entre os presentes.

Além dos políticos brasileiros, participaram da cerimônia o presidente da Itália, Sergio Mattarella, o príncipe Charles, do Reino Unido, além de autoridades da Índia, da China, da Irlanda e da Suíça.

Antes da missa, o padre brasileiro Antonio Maria, o sanfoneiro cearense Waldonys e a cantora baiana Margareth Menezes tocaram e cantaram a música oficial da canonização da freira brasileira.

Na hagiografia de Irmã Dulce consolidada pelo Vaticano, ela passa a ser apresentada como alguém que "desde a infância, se destacou por uma grande sensibilidade para com os pobres e necessitados".

"Sua caridade era maternal, carinhosa", diz o texto, impresso no livreto da canonização. "A sua dedicação aos pobres tinha uma raiz sobrenatural e do Alto recebia forças e recursos para dar vida a uma maravilhosa atividade de serviços aos últimos."

O documento ainda afirma que, quando a freira morreu, já gozava de "grande fama de santidade".

Biografia

Nascida em 26 de maio de 1914 em Salvador, Irmã Dulce foi batizada Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes. Era filha de um dentista e professor da Universidade Federal da Bahia, Augusto, e uma dona de casa, Dulce. Perdeu a mãe aos 7 anos e, por isso, decidiu homenageá-la, adotando seu nome na vida religiosa, aos 19 anos - quando ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

Sua vocação para ajudar os mais necessitados se tornou pública na adolescência. Aos 13 anos, ela começou a acolher doentes e moradores de rua em sua casa. O centro de atendimento informal acabou conhecido como "a portaria de São Francisco".

Logo depois de assumir o hábito, tornou-se professora de uma escola mantida por sua congregação. Por formação, Dulce era normalista, oficial de farmácia e auxiliar de serviço social. Deu aulas principalmente de Geografia e História.

Criou um movimento operário cristão e, um pouco mais tarde, fundou a organização que existe até hoje, com destaque para o atendimento a doentes.

Irmã Dulce também gostava de artes, principalmente música. Em 1948, fundou o Cine Teatro Roma, palco de shows de grandes nomes da MPB, como Roberto Carlos e Raul Seixas. A religiosa ainda criaria cinemas em Salvador.

Ainda em vida, recebeu o apelido de "o anjo bom da Bahia". "Miséria é a falta de amor entre os homens", dizia a freira.

Em 1988, ela foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz.

"O amor supera todos os obstáculos, todos os sacrifícios. Por mais que fizermos, tudo é pouco diante do que Deus faz por nós", é outra de suas frases famosas.

Seus últimos 30 anos de vida foram especialmente difíceis por conta de um enfisema pulmonar, que reduziu sua capacidade respiratória em 70%. Irmã Dulce chegou a pesar apenas 38 quilos.

Canonização

Na história contemporânea da Igreja, é o terceiro caso mais rápido de canonização: Irmã Dulce se tornou santa 27 anos depois de sua morte. O papa João Paulo II foi canonizado nove anos após a morte; já Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), 19 anos depois.

O processo de canonização de Irmã Dulce foi iniciado em janeiro de 2000. Na ocasião, seus restos mortais que estavam na Igreja da Conceição da Praia, em Salvador, foram transferidos para a Capela do Convento Santo Antônio, na sede das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), na mesma cidade.

Em abril de 2009, o papa Bento XVI reconheceu suas virtudes heroicas. Irmã Dulce passou a ser considerada então venerável.

Em outubro de 2010, a Congregação para a Causas dos Santos atestou a autenticidade do primeiro milagre atribuído à religiosa - orações para ela, em 2001, teriam interrompido hemorragia de 18 horas de uma parturiente, em Sergipe. Em 22 de maio de 2011, Irmã Dulce foi beatificada em missa presidida pelo cardeal dom Geraldo Majella Agnelo, em Salvador.

Neste ano de 2019, veio o reconhecimento do segundo milagre: a cura de uma cegueira causada por glaucoma, em 2014. Em 14 de maio, papa Francisco anunciou que Irmã Dulce seria canonizada.

Mas o maior milagre de Irmã Dulce tem muito mais de árduo trabalho humano do que de forças divinas. Em 1959, a freira fundou uma instituição filantrópica em Salvador. A Osid é hoje um complexo composto de 17 núcleos, com uma gama de serviços gratuitos que vão de escola de ensino integral a hospital com tratamento de câncer. O centro médico atende a 2 mil pessoas por dia.

Anualmente, são realizados ali 2 milhões de procedimentos, com 12 mil cirurgias e 18 mil internações. Tudo de graça. O complexo realiza 3,5 milhões de atendimentos por ano.

O primeiro requisito para uma pessoa, religiosa ou leiga, virar santa católica, como ocorre com a freira baiana Irmã Dulce, que será canonizada hoje pelo papa Francisco, em Roma, é o clamor popular em torno de sua existência. Um candidato a santo tem de ter alguma vinculação com a condição de ser venerado por alguma característica ou comportamento, religioso ou social, que o torne diferente entre fiéis e atraia devoção.

A partir daí, o processo de consolidação da imagem pública religiosa, que termina com a aprovação papal, depende formalmente de três condições básicas a serem consideradas pelo Vaticano: martirização, comprovação de milagres ou, ainda, decreto do papa.

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"É o caso do português São Nuno de Santa Maria", explica o frei carmelita Evaldo Xavier, um especialista em Direito Canônico. São Nuno também era carmelita e morreu aos 71 anos em 1431. Ele foi beatificado por decreto em 1918. A canonização, porém, só aconteceu quase um século depois, em 2009, pelo papa Bento XVI. "Nesses casos, o papa dispensa a comprovação de milagres", afirma o frei. No Brasil, é o caso também de São José de Anchieta, jesuíta espanhol que morreu em 1597, canonizado como Apóstolo do Brasil em 2014 pelo papa Francisco. Anchieta, enviado ao Brasil quando tinha apenas 19 anos, foi declarado santo por ter uma vida dedicada à evangelização.

Pode-se ainda ser santo também por ter sido um mártir em função da fé, quando igualmente são dispensados milagres, prossegue frei Xavier. A Igreja tem casos recentes, de 2017, de reconhecimento de mártires como os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, além do leigo Mateus Moreira, todos assassinados por soldados holandeses no século 17 no interior do Rio Grande do Norte. Com eles há ainda um grupo de 27 pessoas, homens, mulheres e crianças, todos tornados santos pelo mesmo motivo. São os Mártires de Cunhaú e Uruaçu. No caso do último dia 2, a menina cearense Benigna, de 12 anos, que sofreu abuso sexual no Crato, no interior do Estado, foi também beatificada pelo Vaticano como mártir.

Milagres

Por fim, um santo pode passar a existir formalmente para os fiéis católicos pela comprovação de milagres. Com um caso comprovado, torna-se beato. Para a canonização e posterior declaração de santidade, porém, é preciso a comprovação de um segundo milagre: é o caso de Santa Dulce dos Pobres. "Esse caso de Irmã Dulce foi muito rápido. Há santos que demoram séculos", argumenta o frei.

Na relação de comprovações exigidas pelo Vaticano para a declaração de santidade por milagres, examinadas por historiadores e especialistas em Direito Canônico, segundo o frei Xavier, há também a necessidade de os documentos serem redigidos em latim. "É a língua oficial da Igreja", diz.

O rol de santos, beatos, veneráveis e servos de Deus, pessoas destacadas pela fé na Igreja, é longo. O Brasil tem 36 santos, 37 com Dulce dos Pobres, além de uma lista de 52 beatos, outros 15 na condição de veneráveis, ou seja, com virtudes heroicas reconhecidas em processos na Igreja. E mais 68 pessoas têm processos abertos na Congregação (Servos de Deus). No grupo de santos mártires do RN havia mulheres e crianças, uma preocupação da Igreja com a família, diz dom Jaime Vieira Rocha, arcebispo de Natal, encarregado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de chefiar a Congregação Para a Causa dos Santos no Brasil.

Entrevista: 'O papa tem favorecido canonizações'

Dom Jaime Vieira Rocha, arcebispo de Natal, encarregado da Congregação Para a Causa dos Santos no Brasil, da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB), destaca a "celeridade" na canonização de Santa Dulce dos Pobres. "Ela fica em terceiro lugar, atrás apenas de Madre Teresa e de São João Paulo II", lembra.

A quem se encaminha o pedido para ser santo?

Há uma Congregação de Roma, o Dicastério para a Causa dos Santos. É a referência para a qual devemos nos voltar e pedir assessoria e orientação, para aí encaminhar e instaurar os processos de beatificação e canonização na Igreja.

Quais as etapas?

Um exemplo: aqui em Natal temos um padre muito santo desde o século 19, padre João Maria, que morreu no século 20. Ele já é tido como santo de Natal. A partir daí, a Igreja precisa preparar o processo de sua futura beatificação e ele já passa a ser, para a Igreja onde viveu, onde está sendo registrada a piedade popular, a devoção ao milagre, um Servo de Cristo. Abre-se então o processo para beatificação. Iniciado o processo na Congregação, em Roma, ele vai ser visto como "venerável". Aí o processo passa a ser de investigação, pesquisa e comprovação de milagres, virtudes heroicas, até ser beatificado. É preciso comprovar um milagre para ser beato. Depois, com outro, pode ter a graça da proclamação de santo.

É o caso de Irmã Dulce?

Atualmente, estamos muito voltados para esta realidade, que nos eleva para uma transcendência para a dimensão da fé, do povo de Deus, da vida da Igreja, porque temos a graça e a alegria da canonização da Santa Dulce dos Pobres. É muito importante porque a Irmã Dulce passou por essas etapas. O primeiro milagre, que serviu para a beatificação; o segundo, que serviu para a canonização. No mundo, o papa Francisco tem favorecido a canonização e beatificação de santos... canonizou Anchieta, dom Oscar Romero.

Olhando os tempos da Igreja, o processo ficou mais rápido?

Nesse caso, uma das peculiaridades é justamente a celeridade do processo. Ela ficou em terceiro lugar na história das canonizações e beatificações, com apenas 27 anos de estudos depois da morte, atrás apenas de São João Paulo II, 9 anos depois da morte, e Santa Teresa de Calcutá, 19 anos. É muito louvável.

Canonização e turismo

Desde que o papa Francisco anunciou, em maio, a canonização de Irmã Dulce, Salvador, onde a freira nasceu, viu crescer o turismo em espaços que marcaram a vida da religiosa. Foi no Largo de Roma, na Cidade Baixa, que a freira construiu sua vida. Lá estão as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), instituição que faz atendimento gratuito de saúde, e o Santuário de Dulce dos Pobres.

De maio até agora, o número de visitas explodiu. "A gente recebia cinco ônibus, de repente são 12, 18 - tudo sem avisar", diz Rosa Brito, coordenadora de Turismo Religioso da Osid. O aumento de visitantes levou a Osid a criar um roteiro para relembrar os passos de Irmã Dulce, que viveu em Salvador até morrer, aos 77 anos. O ponto de partida é a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia - onde foi sepultada, em 1992.

De lá, o tour segue para a Igreja São João Paulo II, nos Alagados, bairro onde, em 1935, Irmã Dulce começou seu trabalho de assistência. Inclui ainda o Largo de Roma e a Capela das Relíquias, para onde foram transferidos os restos mortais da freira. Já a parada final é a famosa Igreja do Senhor do Bonfim, a 500 metros do Largo. O roteiro, em convênio com duas agências, custa de R$ 90 a R$ 170.

Totens

A prefeitura de Salvador também investe no Caminho da Fé, que liga o Bonfim ao Largo de Roma. A proposta é criar um espaço de oração para os fiéis, que poderão ver informações sobre a história do Bonfim e da Irmã Dulce nos 14 totens no trajeto. A caminhada leva 15 minutos - tempo para rezar um terço. E a obra deve terminar em abril de 2020.

João Paulo II

Quando esteve no Brasil em 1991, o papa João Paulo II disse que o País precisava "de santos, de muitos santos". "A santidade é a prova mais clara, mais convincente, da vitalidade da Igreja em todos os tempos e em todos os lugares", afirmou o pontífice, que àquela altura proclamava a beatificação de Madre Paulina, uma italiana com ampla atividade no religiosa no Brasil, que morreu em 1942, aos 77 anos, e foi canonizada em 2002.

Não demorou muito para que o próprio Karol Wojtyla, que morreu em 2005, virasse um santo. São João Paulo II foi canonizado em abril de 2014. A observação profética sobre o suprimento da carência brasileira de santos cumpre-se mais uma vez com a Igreja recebendo no Vaticano mais uma canonização hoje, a da baiana Irmã Dulce como Santa Dulce dos Pobres, em evento que inclui missa de Ação de Graças, às 5 horas deste domingo. A Igreja ainda prepara uma festa na Arena Fonte Nova, em Salvador, para comemorar a canonização do "Anjo Bom" da Bahia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que acompanha a comitiva de parlamentares do Brasil que foi a Roma participar da cerimônia de canonização de Irmã Dulce neste domingo (13), deu explicações sobre os gastos da viagem pelo Twitter.

"Vejo aqui vários comentários sobre as despesas da minha vinda à cerimônia de canonização, no Vaticano. Como já declarei anteriormente, abri mão das diárias do Senado Federal, como faço em todas as viagens oficiais, e me hospedei na Embaixada do Brasil em Roma", explica.

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Ontem, o subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, pediu à Corte que investigue os gastos da comitiva oficial do governo no evento. Além de Alcolumbre, a comitiva é composta ainda pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Mais cedo, durante a cerimônia de canonização da freira - a primeira santa nascida no Brasil -, o presidente do Senado disse que é uma honra inexplicável fazer parte deste momento. "Salve Santa Dulce dos Pobres, abençoe o nosso País."

Alcolumbre ainda disse que o Papa Francisco tem atuado para aumentar o diálogo da fé entre as nações e entre as religiões, estimulando o fortalecimento de valores comuns para a justiça e a paz no mundo. "A Igreja Católica brasileira vive um grande momento com a canonização da Irmã Dulce. Parabéns a todos", disse.

Um grupo de pelo menos 25 autoridades e políticos brasileiros está no Vaticano na manhã deste domingo (13) para a cerimônia de canonização de Irmã Dulce. Oficializada primeira santa brasileira, Santa Dulce dos Pobres nasceu em Salvador, em 1914, e teve a canonização autorizada em maio pelo papa Francisco após o Vaticano reconhecer seu segundo milagre.

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), publicou nas redes sociais na manhã deste domingo um vídeo filmado na Praça de São Pedro. Acompanhado da mulher, Rui Costa afirma que o momento é de grande emoção para os conterrâneos.

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"Este momento não é especial apenas para quem é católico, mas para todos os baianos que acreditam no poder de fazer o bem ao próximo", disse o governador.

O prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), também está no Vaticano para acompanhar a canonização de Dulce, que é conhecida no Estado como Anjo Bom da Bahia.

"Pedi que ela continue guiando os nossos caminhos e olhando pelos que mais precisam", afirmou.

ACM Neto alega que pagará os gastos da viagem do próprio bolso. A presença de políticos e autoridades do governo brasileiro na cerimônia, porém, tem sido alvo de polêmica.

O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP) postou em sua conta no Twitter uma foto da Praça de São Pedro e afirmou ser 'uma honra inexplicável fazer parte deste momento'. Nas respostas ao tuíte, vários usuários questionaram os gastos com a viagem oficial. "Tá faltando alguma coisa aí? Está bem instalado? Qualquer coisa pode gastar mais!!", ironizou um deles.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) também acompanha a cerimônia e postou fotos da comitiva brasileira. O grupo foi acomodado ao lado esquerdo do altar, espaço reservado para não-religiosos. "Irmã Dulce, que com grande amor e fé intercedeu pela saúde e vida de milhares de brasileiros, torna-se Santa de todo nosso Brasil e do mundo!", saudou Mourão.

Neste sábado, 12, o subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, pediu à Corte que investigue os gastos da comitiva oficial do governo no evento. Além de Alcolumbre e Mourão, a comitiva é composta ainda pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Veja outros nomes:

Deputados que foram à canonização de Irmã Dulce

André Fufuca (PP-MA)

Celio Studart (PV-CE)

Elmar Nascimento (DEM-BA), líder do DEM

José Rocha (PL-BA), líder do PL

Daniel Almeida (PCdoB-BA), líder do PCdoB

Adolfo Viana (PSDB-BA)

Arthur Oliveira Maia (DEM-BA)

Eduardo da Fonte (PP-PE)

Flávio Nogueira (PDT-PI)

Leur Lomanto Júnior (DEM-BA)

Nelson Pellegrino (PT-BA)

Paulo Azi (DEM-BA)

Senadores que foram à canonização de Irmã Dulce

Jaques Wagner (PT-BA)

Angelo Coronel (PSD-BA)

José Serra (PSDB-SP)

Weverton (PDT-MA)

Roberto Rocha (PSDB-MA)

Elmano Férrer (PODEMOS-PI)

Ciro Nogueira (PP-PI)

Na primeira quinzena de agosto deste ano, a professora aposentada Miralva Tito Moreno Oliveira, 74 anos, preparava-se para um procedimento cirúrgico no Hospital da Bahia, em Salvador, para retirada de cálculos que podiam chegar ao ureter, quando o médico a informou que não seria mais necessária a operação.

“Dona Miralva, a senhora não tem a pedra mais”, disse o urologista conforme relato da paciente à reportagem. De acordo com o exame pré-operatório feito no hospital, o cálculo não estavam lá. Miralva Oliveira temia dor e desconforto se as pedras chegassem e crescessem no ureter. O risco havia sido detectado por um exame de ultrassom e confirmado por ressonância magnética.

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A paciente mostrou, então, ao médico o santinho impresso da beata Irmã Dulce, que ela mantinha sobre o abdome, pedindo intercessão de Irma Dulce, a futura Santa Dulce dos Pobres. Emocionada, Miralva Oliveira descreve ter recebido “uma graça” do “Anjo Bom da Bahia” que foi canonizada hoje (13) na Praça São Pedro, no Vaticano; e se tornou a primeira santa brasileira. A celebração litúrgica reuniu cerca de 50 mil pessoas.

A ex-paciente comemora a canonização da religiosa, "uma santa brasileira e baiana! A gente só pode ter orgulho de louvar a Deus”, diz Miralva.

Para a pesquisadora baiana Thiaquelliny Teixeira Pereira, que escreveu tese de doutorado sobre a construção social da santidade, Irmã Dulce já é considerada santa pelos brasileiros e, em especial, pelos baianos. "População brasileira é pouco entendida na questão da liturgia, é um povo de muita fé e de pouco conhecimento teológico", observa. "[Há] Pessoas que são cultuadas pela população baiana à procura de milagres, de terem suas aflições respondidas", revela a pesquisadora.

Conforme o jornalista Graciliano Rocha, autor da biografia Irmã Dulce, a santa dos pobres, são comuns relatos de fieis, como Miralva Oliveira, descrevendo recuperação da saúde e o recebimento de outras graças após fazer orações e promessas à Irmã Dulce.

“Há um imenso mosaico de fé popular. A devoção à Irmã Dulce mobiliza todo o tipo de gente, de qualquer classe social”, descreve o biógrafo que realizou pesquisa por oito anos no Brasil, no Vaticano e até nos Estados Unidos. Segundo ele, nos vinte anos após a morte da beata (entre 1992 e 2012) mais de 10 mil relatos de graças foram descritos em cartas de fieis.

“É impossível não perceber beleza na devoção das pessoas”, observa o biógrafo após leitura de amostra dessas mensagens para escrever o livro. Há nas cartas “a inquietação genuína dos devotos”, principalmente de “causas ligadas à saúde”.

Hospital no lugar do galinheiro

Para o Graciliano Rocha, a vinculação à saúde tem muito a ver com o trabalho e o legado que a beata deixou após 60 anos dedicados à vida religiosa e à assistência aos mais pobres. Atualmente, as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) contabilizam 2,2 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano, e dispõem de 954 leitos em cinco hospitais.

Segundo descreveu Maria Rita de Souza Brito, sobrinha da freira e superintendente das Osid, à agência de notícias do Vaticano, o complexo hospitalar interna, por ano, 18 mil pessoas, realiza 12 mil cirurgias, atende 11,5 mil pessoas em tratamentos de câncer.

As obras sociais tiveram início no ano de 1949, quando Irmã Dulce ocupou um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio para cuidar de 70 doentes. Onze anos depois, a futura santa cuidava de um hospital que dispunha de 160 leitos.

“Era um momento que não havia direito à saúde pública. As pessoas para serem atendidas em hospital público tinham que ter carteira de trabalho assinada. O hospital dela era o único que não rejeitava ninguém. Isso foi fundamental para que o colapso da cidade de Salvador não tenha sido pior na segunda metade do século 20. Isso é a base da santidade que ela tinha em vida”, avalia o biógrafo.

Sérgio Lopes, assessor corporativo das Osid, avalia que erguer a infraestrutura de atendimento hospitalar - e que também oferta ensino fundamental para 750 crianças e adolescentes, e fornece 1,7 milhão de refeições gratuitas por ano – “foi o primeiro milagre de Santa Dulce dos Pobres.”

O assessor crê que a canonização “vai aumentar a visibilidade” do trabalho da Osid e ajudar o fechamento das contas. O atendimento à saúde é feito graças a convênios com o Sistema Único de Saúde (SUS).  No ano passado, o dinheiro não foi suficiente. Conforme Lopes, restou um déficit de R$ 11 milhões que foi coberto posteriormente por repasses do Ministério da Saúde e doações, que equivalem a 5% do orçamento anual.

Invasão de casa

Assim como a história do galinheiro transformado em hospital, outras passagens alimentam a visão de que Irmã Dulce dedicou sua vida a acolher as pessoas mais humildes, como um menino ardendo em febre que a procurou pedindo para “não morrer na rua”. De acordo com o biógrafo Graciliano Rocha, o menino tinha 15 anos, trabalhava vendendo jornal na rua, era franzino e, provavelmente, sofria de malária. "Foi a primeira pessoa que a futura santa tirou das ruas", relembra Graciliano.

O local era próximo à Igreja do Bonfim, e ao avistar uma casa vazia e fechada, Irmã Dulce pediu a um passante que arrobasse o imóvel, assegurando que ela assumiria a responsabilidade. A freira providenciou colchão e um candieiro para o menino passar a noite, forneceu alimento, pediu que a irmã do pároco da Igreja do Bonfim cuidasse do garoto. Ela depois voltou com o médico.

“Irmã Dulce atendeu o menino. No dia seguinte, tinha diante de si uma cancerosa, que ela atendeu. Depois apareceram mais alguns necessitados, e ela foi atendendo”, complementa Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador, em entrevista por escrito à Agência Brasil. O arcebispo ressalta que Irmã Dulce “era de baixa estatura, pesava somente 45 quilos, tinha uma saúde muito precária, dormia três ou quatro horas por noite etc. E, no entanto, foi à luta. Foi fazendo o que podia fazer, à medida em que os desafios se multiplicavam à sua frente”.

O religioso também assinala que “mais e mais as pessoas estão descobrindo a importância da vida de Irmã Dulce e do legado que nos deixou. E isso é muito importante porque o número de pobres, doentes e necessitados só aumentou e, por isso, há necessidade de muitas outras Irmãs Dulce.”

“O trabalho de Irmã Dulce era dedicado aos pobres mais pobres, aos desvalidos, aos sem casa, aos que estavam na sarjeta: o marginal, a prostituta, o bandido. Ela tinha o coração aberto a todo mundo”, comenta o advogado Antônio Gilvandro Martins Neves, que conheceu Irmã Dulce no final dos anos 1960 e teve sua ajuda para fundar uma casa de estudante em Salvador e depois manter um hospital beneficente em Paramirim, no interior da Bahia.

O biógrafo Graciliano Rocha acredita que a dedicação aos mais humildes pesou favoravelmente na decisão de canonizar Irmã Dulce. “Ela via no pobre a figura de Jesus Cristo a ser acolhido. Esse era o imperativo ético e religiosos que a movia”, comenta. Para a Thiaquelliny Teixeira Pereira, a canonização de Irmã Dulce não vai reverter o quadro social que se agrava segundo estatísticas oficiais que atestam aumento de pobreza e desigualdade, “mas é sempre bom ter em evidência alguém reverenciável que olha para os pobres”.

*Com informações do Vatican News

Incansável em sua missão de dar atendimento médico aos menos favorecidos, irmã Dulce ergueu um gigantesco complexo de saúde e assistência social no nordeste do Brasil, que a converteu, muito antes de ser canonizada neste domingo pelo Vaticano, na "santa dos pobres".

Ao "anjo da Bahia", como era chamada pelos que a viam nas ruas de Salvador com seu hábito azul e branco, são atribuídos dois milagres: ter estancado a hemorragia de uma mulher após um parto e devolvido a visão de um homem que esteve cego durante 14 anos.

Sua canonização, 27 anos após sua morte, foi o terceiro processo mais rápido da história, atrás apenas do Papa João Paulo II (2014) e da madre Teresa de Calcutá (2016). Maria Rita Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914 em uma família abastada.

Filha de um dentista e de uma dona de casa que morreu de parto quando ela tinha apenas sete anos, descobriu sua vocação ainda adolescente, quando atendia mendigos e doentes na porta da casa da família. Aos 19 anos se tornou freira e adotou o nome de "Dulce", em homenagem à mãe.

Começou atuando nos bairros mais pobres de Salvador e chegou a invadir propriedades desocupadas para abrigar doentes que pediam sua ajuda.

Em 1949, transformou o galinheiro de um convento em uma enfermaria improvisada, que logo teria 70 leitos para se transformar em um grande complexo de hospitais e centros públicos de saúde: as Obras Sociais da Irmã Dulce (OSID), que hoje atende anualmente cerca de 3,5 milhões de pessoas.

- Uma freira conectada -

Na época em que a saúde pública não chegava a toda a população, irmã Dulce abriu todas as portas necessárias para cumprir sua missão.

Como escreve seu biógrafo Graciliano Rocha em "Irmã Dulce, a santa dos pobres", ela "sempre interpretou com competência a direção dos ventos políticos e, assim, cativou os poderosos para ter acesso aos cofres públicos".

Com um metro e meio, uma voz fraca - resultado de uma cirurgia nas cordas vocais - e uma enorme perspicácia, irmã Dulce foi tecendo relações com a elite política e empresarial sem rejeitar qualquer tendência.

Se relacionou praticamente com todos os ocupantes do Palácio do Planalto, dos generais da ditadura ao presidente José Sarney (1985-1990), com quem se comunicava diretamente por telefone.

De grandes empresários, como Norberto Odebrecht, a pequenos comerciantes, todos se esforçavam para atender seus pedidos.

Entre a fila de necessitados que pediram sua ajuda no final dos anos 1960 estava o escritor Paulo Coelho, que havia fugido de uma casa de saúde onde esteve internado e não tinha dinheiro para comer.

"Chegou a minha vez e a freira me perguntou: 'O que você quer?'. Eu disse, 'Queria voltar para casa, mas não tenho dinheiro. A senhora tem dinheiro?'. Aí ela disse, 'Dinheiro eu não tenho'. Escreveu num bloquinho 'Vale duas passagens para o Rio' [e disse] 'Vá à rodoviária e dá esse papel lá'", contou o escritor no programa Conversa com Bial, da TV Globo.

"Me lembro como se fosse hoje: o cara pegou aquele bloquinho e disse, 'Já sei, entra aí no ônibus, vai. A irmã Dulce vive pedindo coisas e a gente não tem como negar", lembrou, emocionado.

O escritor, que vive em Genebra e é um doador frequente da OSID, anunciou uma contribuição extra de 1 milhão de reais por ocasião da canonização.

- Cuidar da saúde alheira -

Apesar de todo o cuidado com o próximo, irmã Dulce não cuidava da própria saúde, trabalhando sem descanso durante longos períodos em jejum e sem dormir.

"Nunca ninguém a convenceu a trabalhar menos, inclusive quando já era sexagenária e sua saúde estava debilitada. Era a última a ir dormir e a primeira a se levantar no convento, ao lado do hospital", destaca Rocha no livro.

Em 1955, prometeu que se sua irmã escapasse de uma gravidez de alto risco dormiria o resto da vida sentada, e cumpriu.

Nos trinta anos seguintes dormiu em uma cadeira de madeira, até voltar a repousar em cama, a partir de 1985, por ordem médica.

Mas já era tarde e uma doença pulmonar crônica foi degradando sua capacidade respiratória.

Irmã Dulce faleceu em março de 1992, aos 77 anos, após uma longa permanência em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) instalada em seu quarto.

O papa João Paulo II, que a encontrou em Salvador em 1980, a visitou no leito de morte em 1991 e após rezar por ela declarou: "este é o sofrimento do inocente, igual ao de Jesus".

O Papa Francisco canonizou neste domingo, na Basílica de São Pedro, a Irmã Dulce, a primeira santa nascida no Brasil em 1914.

A nova santa brasileira, cujo nome verdadeiro era Maria Rita Lopes, foi proclamada santa diante de inúmerosos bispos, religiosos e missionários de seu país que atualmente participam no Sínodo para a defesa da Amazônia.

"Hoje agradecemos ao Senhor pelos novos santos, que andaram com fé e agora os evocamos como intercessores", disse o Papa Francisco ante a multidão reunida na praça.

"Três são religiosos e nos mostram que a vida consagrada é um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo", acrescentou.

Um enorme retrato da missionária, bem como dos outros quatro santos canonizados na cerimônia deste domino, foi exposto em frente à fachada da basílica.

A Irmã Dulce devotou sua vida a servir os mais necessitados e desenvolveu um trabalho social em sua terra natal, Bahia, onde fundou vários hospitais de caridade e uma rede de apoio social que dirigiu até sua morte em 1992, aos 77 anos.

A nova santa alcança a glória dos altares graças a duas curas inexplicáveis, de acordo com o processo de beatificação iniciado em 1999.

Ao "anjo da Bahia", como era chamada pelos que a viam nas ruas de Salvador com seu hábito azul e branco, são atribuídos dois milagres: ter estancado a hemorragia de uma mulher após um parto e devolvido a visão de um homem que ficou cego durante 14 anos.

Sua canonização, 27 anos após sua morte, foi o terceiro processo mais rápido da história, atrás apenas do Papa João Paulo II (2014) e da madre Teresa de Calcutá (2016).

- Candidata ao Nobel da Paz -

A freira conheceu o papa João Paulo II, com quem teve duas reuniões em 1980 e em 1991, quando foi hospitalizada por problemas de saúde em função de uma doença pulmnar crônica.

Seu humanismo e trabalho de caridade levaram o então presidente do Brasil, José Sarney, a candidatá-la em 1988 ao Prêmio Nobel da Paz.

Foi beatificada por Bento XVI em 2011 após a verificação de um primeiro milagre, conforme estabelecido pelas normas do Vaticano.

- Novos santos -

As outras novas santas proclamadas por Francisco neste domingo são a italiana Giuseppina Vannini (Judith Adelaide Agata), fundadora das Filhas de São Camilo, que morreu em 1911; a indiana Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família, falecida em 1926, e a leiga suíça Margarita Bays, da Terceira Ordem de São Francisco de Assis, que morreu em 1879.

São figuras emblemáticas da igreja, assim como o cardeal britânico John Henry Newman, o primeiro santo inglês a não ser um mártir desde a Reforma.

Newman, nascido em Londres em 1801, foi ordenado sacerdote da igreja anglicana, da qual foi pastor em Oxford.

Por um longo tempo, ele foi um crítico da Igreja católica, que chegou a acusar de heresia.

No entanto, anos depois, em meados do século XIX, ele se converteu ao catolicismo na Inglaterra.

Para a ocasião, o príncipe Charles - que um dia deverá liderar a Igreja da Inglaterra - representou o Reino Unido.

Neste domingo (13), às 5h da manhã em Brasília (10h em Roma), a soteropolitana Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes (1914–1992), nominada como Irmã Dulce desde 1933, torna-se a primeira santa nascida no Brasil reconhecida pela Igreja Católica Apostólica Romana. Torna-se Santa Dulce dos Pobres.

A canonização ocorre nove anos após o colegiado de cardeais e bispos da Congregação para a Causa dos Santos, da Cúria Romana, atestar o primeiro milagre atribuído à Irmã Dulce descrito no processo de beatificação da religiosa iniciado pela Arquidiocese de São Salvador da Bahia. A decisão do colegiado é baseada em avaliação de peritos de saber científico (como médicos) e teólogos.

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O milagre que levou à beatificação foi a intercessão da freira, a pedido de orações de um padre, para salvar a vida de uma mulher que deu à luz a um menino e estava desenganada por causa de uma hemorragia depois do parto, que os médicos não conseguiam conter. O caso ocorreu nove anos após a morte de Irmã Dulce (2001), em uma cidade do interior de Sergipe.

Para a canonização, a Constituição Apostólica exige a comprovação de um segundo milagre e semelhante ritual processual e comprobatório. A segunda graça, conforme publicado pela Arquidiocese de Salvador, foi a recuperação da visão do músico e maestro José Maurício Bragança Moreira, após 14 anos sem enxergar por causa do glaucoma.

“Eu fui paciente de glaucoma muito grave que me cegou durante 14 anos. No dia do milagre, 10 de dezembro de 2014, o meu coral ia cantar, mas a minha esposa nem me deixou sair de casa por causa do derrame que eu tive nos olhos devido a uma conjuntivite viral. Eu passei a noite sem conseguir dormir e por volta das 4h eu peguei a imagem de Irmã Dulce, que fica na cabeceira da minha cama, a coloquei nos meus olhos e pedi que ela aliviasse a minha dor”, descreve Moreira em relato publicado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

De acordo com o músico, após colocar o santinho impresso sobre os olhos, sentiu sono e adormeceu. “Quando eu acordei de manhã, a minha esposa me deu umas compressas de gelo e foi quando eu comecei a enxergar o gelo e a ver a minha mão, e aos poucos a visão foi voltando. O momento que começou o retorno da visão foi pouco tempo depois da oração. É um milagre”, afirma. Após o reconhecimento do milagre pela Igreja, o Papa Francisco anunciou a canonização de Irmã Dulce.

Vocação social

A vocação religiosa de Irmã Dulce é revelada ainda na adolescência sob influência de uma tia paterna. Ela tornou-se freira no começo da década de 1930 pela Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em São Cristóvão (Sergipe).

Formada como professora, teve como primeira missão ensinar a crianças em colégio de sua congregação em Salvador. A vocação para as causas sociais teve início naquela década quando passou a prestar assistência à comunidade pobre de Alagados, e a participar da União Operária São Francisco.

Em 1937, funda o Círculo Operário da Bahia, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup. Em 1939, Irmã Dulce inaugura o Colégio Santo Antônio, escola comunitária voltada para operários e filhos de operários.

Dez anos depois, ocupa um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio de Salvador para acolher 70 doentes. Em 1959, é instalada oficialmente as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) e no ano seguinte é inaugurado o Albergue Santo Antônio.

Celebração

O Santuário de Irmã Dulce, em Salvador, ao lado da sede das Osid permanecerá aberto durante toda noite de sábado (12) e a madrugada de domingo para a vigília à espera das canonizações que o Papa Francisco presidirá no Vaticano.

Junto com a santa brasileira, serão canonizados os beatos John Henry Newman (1801-1880), cardeal, fundador do Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra; Giuseppina Vannini, Madre Josefina (1859-1911), italiana, fundadora das Filhas de São Camilo; a Maria Teresa Chiramel Mankidiyan (1876-1926), indiana, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família; e Margherita Bays (1815-1879), suíça, da Ordem Terceira de São Francisco de Assis.

A primeira missa em honra à Santa Dulce dos Pobres ocorrerá em Roma na igreja San't Andrea della Valle, segunda-feira(14), 24 horas depois da canonização. No dia 20 de outubro, domingo, em Salvador, haverá a celebração pela canonização da Santa. Será no estádio de futebol Arena Fonte Nova, com abertura dos portões ao meio-dia. Os ingressos gratuitos estão à disposição nas diversas paróquias da Arquidiocese de Salvador e começaram a ser distribuídos no início deste mês.

O subprocurador-geral junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, pediu à corte de contas que apure a legalidade e transparência dos gastos do poder público com viagens de autoridades para a cerimônia de canonização de Irmã Dulce, no Vaticano, que ocorre neste domingo, 13.

A comitiva oficial que representará o governo brasileiro no evento é capitaneada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, e conta com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. Há ainda outras duas comitivas formadas por parlamentares da Câmara e do Senado.

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Membro do Ministério Público que atua juntamente ao TCU, Furtado solicitou ainda que o órgão determine que os diversos órgãos federais envolvidos se abstenham de realizar despesas até que elas sejam "devidamente motivadas, justificadas e submetidas à devida transparência".

Na representação, o subprocurador afirma que o tipo de despesa em jogo, "caso exorbitante e fora da razoabilidade", afronta ao princípio da moralidade administrativa.

Na representação, Furtado cita uma frase atribuída à Irmã Dulce: "É preciso ter certeza de estar fazendo a coisa certa". "Guiado por esse ensinamento, deriva que de todos os administradores, sobretudo daqueles que ocupam os cargos mais altos na estrutura do Estado, deve-se exigir muito mais", afirma Furtado.

O subprocurador afirma também que a legalidade do custeio dessa viagem deve ser "detidamente apurada pelo TCU", "tendo em vista que o Estado é laico". "Ainda que se defenda haver amparo legal para o custeio de viagens oficiais para a cerimônia de canonização da Irmã Dulce - embora a questão da legalidade deva ser detidamente apurada pelo TCU no caso que se apresenta, tendo em vista que o Estado é laico -, entendo que o tipo de despesa que se pretende realizar, caso exorbitante e fora da razoabilidade, afronta ao princípio da moralidade", escreveu.

Gastos

Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), integrantes da comitiva que viajam acompanhados de suas mulheres - caso de Mourão, Alcolumbre e Maia - informaram que as despesas serão pagas separadamente. Maia e Alcolumbre afirmaram que ficarão hospedados na Embaixada do Brasil em Roma. Alcolumbre disse ainda que não receberá as diárias a que tem direito, e a assessoria de Maia afirmou que o deputado representará a Casa "sem ônus para a Câmara". Segundo regras da Câmara e do Senado, a diária para deputados é de US$ 428 e para senadores, de US$ 416.

O ex-presidente da República José Sarney, o procurador-geral da República, Augusto Aras, o embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Henrique da Silveira Sardinha Pinto, e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que também participam da cerimônia de canonização, disseram que vão pagar a viagem do próprio bolso.

Só se fala em Irmã Dulce. Ou, a partir deste domingo (13), oficialmente Santa Dulce dos Pobres. Uma caminhada pelos arredores da Praça São Pedro, no Vaticano, na manhã ensolarada deste sábado (12) é a certeza de ouvir - em bom português - alguma história de devoção, admiração ou agradecimento pela freira baiana que será a 37ª santa brasileira.

Não há um número exato do tamanho da caravana brasileira que deve marcar presença durante a cerimônia deste domingo. Estimativas extraoficiais que circulam entre jornalistas variam de 6 mil a 15 mil pessoas. No total, a missa deve reunir 30 mil fiéis na Praça São Pedro, a partir das 10h15 (5h15, horário de Brasília).

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O rito de canonização costuma ocorrer logo no início da cerimônia, após a oração inicial e a saudação do papa. Além de Irmã Dulce (1914-1992), serão oficializados santos o teólogo e cardeal inglês John Henry Newman (1801-1890), a religiosa italiana Giuditta Vannini (1859-1911), a religiosa indiana Maria Thresia Chiramel Mankidiyan (1876-1926) e a catequista e costureira suíça Margherita Bays (1815-1879).

Os cinco nomes serão apresentados oficialmente pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o posto ocupado atualmente pelo cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu. Quando o papa rezar a fórmula da canonização, os cinco se tornam canonizados.

Será um momento de festa. A expectativa é grande, sobretudo dos brasileiros. A auditora federal Sheila Weber, de 42 anos, veio de Salvador "não para pedir nada para a nova santa, mas só para agradecer". Filha de mãe judia e de pai que não segue religião, ela conta que quando tinha 6 anos descobriu que fazia aniversário no mesmo dia que a Irmã Dulce, 26 de maio. Com uma curiosidade: no mesmo dia em que ela completaria 7 anos, a freira faria 70. "Quis conhecê-la pessoalmente e minha mãe me levou", conta.

Foi o começo de uma tradição. Até a morte da religiosa, todos os anos elas se viam no aniversário. "Quando eu era criança eu levava moedinhas. Era meu jeito de tentar ajudar nas obras dela", recorda-se. "Também fazia desenhos que mostrava para ela. Sempre atenciosa e acolhedora."

Depois da morte de Irmã Dulce, ela diz que decidiu se tornar voluntária das obras sociais criadas pela freira. Atua na Osid, a instituição, há 19 anos.

A médica hemoterapeuta Marília Sentges, de 61 anos, também conviveu de perto com a religiosa. Quando estava no quinto ano da faculdade, na Escola Bahiana de Medicina, conheceu as obras da freira. E começou a atuar na instituição. Hoje coordena o banco de sangue do hospital. "Da convivência com ela, o que mais me marcou foi o olhar humano com que ela lidava com médicos e pacientes. Circulava e conversava com todos, sempre com carinho e amor", comenta. "E isso não dependia de religião: ela tratava a todos da mesma maneira, fosse o católico, fosse do candomblé. Ela não fazia distinção."

Marília revela que havia uma coisa que deixava a Irmã Dulce brava. "Ela não gostava nem de ouvir quando alguém chamava o hospital de 'hospital da Irmã Dulce'", relata. "Corrigia na hora: 'o hospital é de Deus, não é meu'. Falava que se fosse dela, a obra acabaria com sua morte. Sendo de Deus, jamais iria acabar."

A religiosa realmente atraiu e segue atraindo a admiração de adeptos de outras religiões. Evangélica, a administradora de empresas Maria de Oliveira, de 29 anos, saiu de Salvador e veio para Roma para acompanhar de perto a canonização da sua conterrânea. "Mesmo não sendo católica, vejo em Irmã Dulce a essência do amor de Deus. Ela é o amor de Deus manifestado", explica.

No caso dela, a Osid marcou profundamente a vida pessoal. Quando sua mãe sofreu um AVC, ela passou por vários hospitais públicos e, segundo Maria, não foi tratada como ela esperava. "Então ela foi assistida pela Osid. Ali teve mais do que assistência médica. Teve amor, carinho, assistência humana", relata. A mãe acabou morrendo em 2014. Mas, nas lembranças de Maria, ficou a gratidão pela dignidade recebida - método Irmã Dulce de cuidar dos doentes.

Em comum, a fé na santa e a incredulidade dos médicos. A religiosa baiana Maria Rita Lopes Pontes, mais conhecida como Irmã Dulce, será elevada aos altares, ou seja, canonizada, no próximo domingo (13), graças a milagres concedidos a uma grávida e a um cego. Será a primeira santa católica nascida no Brasil, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.

Necessário para a canonização, o segundo milagre reconhecido pelo Vaticano foi a cura instantânea da cegueira do maestro José Maurício Moreira, atualmente com 51 anos, que convivia com a cegueira havia 14 quando ocorreu o que era considerado impossível. "Eu descobri que tinha glaucoma em 1992, com 23 anos. Tratei essa doença durante quase dez anos, mas não foi o suficiente porque, quando eu descobri, já tinha perdido muito do nervo óptico", conta Moreira. Apesar de passar por alguns tratamentos, em 2000 estava completamente cego.

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Foi em 2014, ao contrair uma conjuntivite com sintomas muito intensos, que o maestro fez um pedido a Irmã Dulce e recebeu muito mais do que esperava. "Em uma noite de muita dor e sofrimento, eu peguei uma imagem de Irmã Dulce, coloquei sobre os olhos e, com toda a fé que sempre tive, pedi que ela curasse minha conjuntivite. Não pedi para voltar a enxergar, os médicos já tinham dito que eu praticamente não tinha mais nervo óptico." Algumas horas depois, ele foi capaz de ver as próprias mãos, e a "nuvem de fumaça" que bloqueava seus olhos começou a se dissipar gradativamente.

Houve ainda uma segunda surpresa, após a alegria de recobrar a visão. Ao se consultar com o médico que já cuidava da conjuntivite, o maestro foi informado de que nada havia mudado fisicamente.

De acordo com os exames clínicos, ele continuava cego, já que o nervo óptico estava muito danificado. "Irmã Dulce era assim: se alguém pedisse a ela para subir dois degraus, ela já colocava a pessoa lá em cima na escada. Ela não fazia o bem pela metade, ia até o final", acrescenta.

A imagem da freira utilizada naquele momento pertencia anteriormente à mãe. José Maurício Moreira cresceu assistindo às contribuições de sua família às ações de Irmã Dulce e chegou a conhecê-la. Em entrevista ao Estado, ressaltou que, para os baianos, o "Anjo Bom" sempre foi santa.

O parto

Já o primeiro milagre atribuído à Irmã Dulce, que levou à beatificação (estágio anterior à canonização) em 22 de maio de 2011, agraciou uma mulher que não a conhecia antes do episódio. Claudia Santos, hoje com 50 anos, recuperou-se de uma grave hemorragia pós-parto, cujo sangramento foi subitamente interrompido.

Moradora do município de Malhador, no interior de Sergipe, deu à luz o segundo filho em 2001. Após o parto normal, ela apresentou uma hemorragia incontrolável, que a levou à UTI. Os médicos realizaram todos os procedimentos possíveis, mas já havia poucas esperanças de salvar a vida da paciente. "Chegou um momento em que o médico falou para minha família que não tinha mais o que fazer, só aguardar o falecimento", afirma.

A paciente foi então transferida para a capital do Estado, Aracaju, onde recebeu a visita de um religioso de sua cidade. "Padre Almir foi me visitar e levou uma santinha, Irmã Dulce. Ele rezou e me entregou a santinha. Depois disso, foi cada dia uma melhora", acrescenta Claudia. Segundo ela, nem o médico que realizou o parto acreditou quando a viu chegar ao hospital para uma revisão. Hoje, Claudia Santos é devota de Irmã Dulce e agradece sua vida à intercessão naquele momento.

Processo

Iniciado em janeiro de 2000, o processo de canonização da Santa Rita dos Pobres foi o terceiro mais rápido da história contemporânea da Igreja Católica, atrás de João Paulo II (nove anos após sua morte) e Madre Tereza de Calcutá (19 anos depois). "Foi um dos processos mais rápidos da atualidade", comenta o Frei Giovanni Messias, reitor do Santuário de Irmã Dulce.

Ele explica que, "para acontecer tanto o processo de beatificação quanto de canonização, é preciso uma análise minuciosa da vida do candidato, até mesmo para comprovar as virtudes de santidade, fé, caridade, amor, esperança". Para finalizar o processo de canonização, excluindo o caso de mártires, cobra-se a comprovação de dois milagres. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A comitiva que representará o governo brasileiro na cerimônia de canonização de Irmã Dulce na Santa Sé, na Itália, será capitaneada pelo vice-presidente Hamilton Mourão e terá os chefes do Legislativo e do Judiciário e 19 parlamentares.

Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, além do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, integram o grupo que viajaria nesta quinta-feira, 10. A volta está prevista para o início da próxima semana.

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A Secretaria de Imprensa da Presidência da República não informou, até a publicação deste texto, o quanto será gasto com a viagem. Os nomes dos representantes do governo brasileiro foram oficializados no Diário Oficial da União desta quinta-feira.

Sete senadores e 12 deputados e o secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, compõem comitivas oficias do Congresso. Baldy viaja a convite de Maia e disse que pagará suas despesas.

Integrantes da comitiva que viajam acompanhados de suas mulheres - caso de Mourão, Alcolumbre e Maia - informaram que as despesas serão pagas separadamente. Maia e Alcolumbre afirmaram que ficarão hospedados na Embaixada do Brasil em Roma. Alcolumbre disse ainda que não receberá as diárias a que tem direito. Segundo regras da Câmara e do Senado, a diária para deputados é de US$ 428 e para senadores, de US$ 416.

O ex-presidente da República José Sarney, o procurador-geral da República, Augusto Aras, o embaixador do Brasil na Santa Sé, Henrique da Silveira Sardinha Pinto, e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que também participam da cerimônia de canonização, disseram que pagarão a viagem do próprio bolso. A canonização de Irmã Dulce será realizada na manhã de domingo na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Na semana passada, a Coluna do Estadão mostrou que a viagem de Augusto Aras custaria R$ 67,5 mil ao cofres do Ministério Público Federal. Depois, no entanto, o procurador-geral da República disse que iria custear suas despesas com recursos próprios. Pelas estimativas do próprio Ministério Público Federal, a passagem de Aras em classe executiva sairia por R$ 22,1 mil.

O procurador-geral também abriu mão de sete diárias que a Procuradoria custearia, no valor de R$ 13,6 mil. Viajam com ele os subprocuradores-gerais Alcides Martins e Maria das Mercês Gordilho Aras, mulher do PGR. Aras pediu licença do cargo entre os dias 9 e 15 de outubro para representar a instituição no evento no Vaticano.

Na semana passada, Rodrigo Maia disse que o compromisso no Vaticano não atrapalharia o andamento dos trabalhos da Câmara, já que o evento aconteceria em dias em que os deputados normalmente não estão em Brasília.

No Senado, porém, a viagem de parlamentares causou ruído na agenda da reforma da Previdência, que já havia sido comprometida pelo impasse em torno da liberação de recursos para Estados e municípios.

Veja quem são os deputados e senadores que viajam para a Itália:

Deputados

André Fufuca (PP-MA)

Celio Studart (PV-CE)

Elmar Nascimento (DEM-BA), líder do DEM

José Rocha (PL-BA), líder do PL

Daniel Almeida (PCdoB-BA), líder do PCdoB

Adolfo Viana (PSDB-BA)

Arthur Oliveira Maia (DEM-BA)

Eduardo da Fonte (PP-BA)

Flávio Nogueira (PDT-PI)

Leur Lomanto Júnior (DEM-BA)

Nelson Pellegrino (PT-BA)

Paulo Azi (DEM-BA)

Senadores

Jaques Wagner (PT-BA)

Angelo Coronel (PSD-BA)

José Serra (PSDB-SP)

Weverton (PDT-MA)

Roberto Rocha (PSDB-MA)

Elmano Férrer (PODEMOS-PI)

Ciro Nogueira (PP-PI)

Quando os olhares do mundo religioso e político estiverem atentos ao Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, que ocorre de 6 a 27 de outubro no Vaticano, o papa Francisco canonizará Irmã Dulce dos Pobres, a 37ª santa brasileira - nesta conta, são considerados todos os santos os que viveram no Brasil, mesmo que tenham nascido em outros países.

A baiana Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, Irmã Dulce dos Pobres, morreu em 1992, aos 77 anos. Com sua canonização e a de outros quatro novos santos, no próximo domingo, 13, o Papa Francisco atinge a marca de 892 santos em seu pontificado, segundo informações divulgadas pela Congregação das Causas dos Santos, órgão do Vaticano responsável pelos processos de reconhecimento.

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"Destaco sua simplicidade, seu foco em Jesus Cristo, sua capacidade de vê-lo no necessitado e a capacidade que teve de esquecer-se de si mesma, para responder às necessidades que se apresentavam (e se multiplicavam) à sua frente", declarou à reportagem o arcebispo de Salvador, Bahia, e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, sobre as virtudes da nova santa.

Segundo o religioso, a celebração deve contar com 30 bispos que estarão lá especificamente para o evento, além dos 58 bispos que participarãm do sínodo. Além disso, outros cerca de 100 sacerdotes devem estar na missa de canonização.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou em transmissão ao vivo feita em seu Facebook que foi convidado para participar da cerimônia de canonização de Irmã Dulce. A celebração vai ser realizada no dia 20 de outubro, no estádio Fonte Nova, em Salvador (BA).

O presidente esteve reunido nesta quinta-feira (4), por 15 minutos, com Dom Murilo S.R. Krieger, arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, e com Maria Rita Lopes Pontes, superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce.

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"Recebi a visita hoje de católicos, onde me convidaram para 20 de outubro, na cerimônia de canonização da irmã Dulce. A intenção dessas canonizações é que o que a pessoa fez sirva de exemplo para quem está aqui na Terra ainda. Com toda a certeza, estaremos em Salvador", disse o presidente.

José Maurício Bragança Moreira, de 50 anos, ficou cego aos 36 por um glaucoma e tinha de se locomover com um cão-guia. Em 10 de dezembro de 2014, pediu ajuda a Irmã Dulce, colocando uma imagem nos olhos e rezando para reduzir suas dores. Repentinamente e de forma inexplicável, após uma forte conjuntivite ao acordar, se deu conta de que tinha voltado a enxergar. Por causa desse milagre, Santa Dulce dos Pobres será elevada aos altares no dia 13 de outubro, conforme anunciado simultaneamente nesta segunda-feira (1º) em Roma e em Salvador.

"Eu não pedi para voltar a enxergar, mas ela me devolveu a graça da visão", afirmou o maestro. O milagre intriga médicos, porque, ainda hoje, os exames realizados em Maurício apontam as lesões que lhe tiraram a visão - e atestam a cegueira.

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Conforme o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, o milagre aceito pelo Vaticano passou por três etapas de avaliação: aval científico dado por peritos médicos; pareceres de teólogos e a aprovação final pelo colégio cardinalício. "Uma graça só é considerada milagre após atender a quatro pontos básicos: a instantaneidade, que assegura que a graça foi alcançada logo após o apelo; a perfeição, que garante o atendimento completo do pedido; e a durabilidade e permanência do benefício e seu caráter preternatural, não explicado pela ciência."

Além dos dois milagres reconhecidos pelo Vaticano - um primeiro em 2010, que elevou a freira à categoria de beata -, as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) registram mais de 10 mil outros relatos de fiéis não só do Brasil, mas de outras partes do mundo. Eles se referem à cura de câncer e outras doenças, superação de vícios, sobrevivência a acidentes graves, entre outros pontos.

A arquidiocese planeja uma grande festa. "No dia seguinte à canonização, 14 de outubro, haverá uma missa na Igreja de Santo Antônio dos Portugueses (em Roma), igreja do século 17. Será a Missa da Santíssima Trindade, agradecendo o dom de Irmã Dulce. E aqui em Salvador a celebração será na Arena Fonte Nova, no dia 20 de outubro", contou o arcebispo. Oficialmente, a santa, que morreu em 13 de março de 1992, passará a ser lembrada no calendário litúrgico católico no dia 13 de agosto. Entre os canonizados lembrados nesta data estão os santos Ponciano e Hipólito.

Além de Irmã Dulce, serão canonizados durante o Sínodo da Amazônia os beatos John Henry Newman, cardeal fundador do Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra; Giuseppina Vannini (antes Giuditta Adelaide Agata), fundadora das Filhas de São Camilo, na Itália; Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família, na Índia, e Margherita Bays, Virgem, da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, da Suíça.

"Será uma honra para Brasil e ao mesmo tempo um compromisso. Deus está dizendo: é possível ser santo, basta seguir o exemplo desta pequenina", disse d. Murilo.

Canonizador

Irmã Dulce se torna santa apenas 27 anos após a morte. Somente a santificação do papa João Paulo II, nove anos após sua morte, e de Madre Teresa de Calcutá, 19 anos após seu falecimento, exigiram menos tempo. Irmã Dulce será a primeira santa nascida no Brasil, que até agora só tem um santo brasileiro de nascimento - Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, o Frei Galvão.

Francisco é o papa que mais criou santos na história. Conforme o serviço Vatican News, foram 879 até outubro. O líder anterior em canonizações foi João Paulo II, canonizado por Bento XVI, que elevou 482 aos altares. As cerimônias foram na Praça São Pedro, no Vaticano, e até em outros países, como Portugal e Sri Lanka. Na lista estão José de Anchieta e Andrea de Soveral, Ambrogio Francesco Ferro, Matteo Moreira e 27 companheiros - conhecidos como mártires de Cunhaú e Uruaçu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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