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Investigada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, a coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, pediu exoneração do cargo. A saída da servidora da posição que ocupava desde outubro de 2019 foi publicada na edição do Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (7). Fantinato é enfermeira pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), no Paraná, e epidemiologista pelo Programa de Treinamento em Epidemiologia aplicada aos serviços do SUS (EPiSUS).

À frente do Programa Nacional de Imunizações, a ex-coordenadora foi a principal responsável pela definição do calendário vacinal com os imunizantes contra a Covid-19 e também fez a indicação dos grupos prioritários da campanha. Ambas as definições colocaram o Ministério da Saúde no centro de críticas em decorrência da insuficiência de doses e também da dificuldade de estabelecer critérios de prioridade.

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Francieli teve a quebra de seu sigilo telefônico e telemático, solicitada pela CPI, mantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em decisão do ministro Alexandre de Moraes. A pedido do senador Otto Alencar (PSD-BA), a CPI também requisitou uma acareação entre a servidora e a médica Luana Araújo, que chegou a ser anunciada como secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, mas não foi nomeada. A enfermeira, no entanto, deve prestar depoimento à Comissão, individualmente, nesta quinta-feira (8).

A edição do DOU desta quarta ainda nomeia o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes para o cargo de diretor do departamento de logística em saúde da Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde. A nomeação é assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos.

Em depoimento à CPI da Covid, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mudou a versão sobre o motivo de a infectologista Luana Araújo não ter sido efetivada para a Secretaria de Enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde. Após ter dito no Congresso que a não nomeação teria sido resultado de falta de "validação política", Queiroga disse nesta terça que a saída de Luana se deu em razão da divisão na classe médica sobre o tratamento precoce da Covid-19. Segundo o ministro, a decisão pela não efetivação partiu dele. À CPI, a infectologista relatou que seu nome não teria sido aprovado pelas demais instâncias do governo.

"Não houve óbices formais da Secretaria de Governo e da Casa Civil", disse Queiroga. "Não houve qualquer tipo de restrição da Casa Civil e Segov acerca das questões avaliadas naquela instância, mas naquele ínterim o nome começou a sofrer muitas resistências, em face dos temas que são tratados aqui, em que há divergência muito grande da classe médica, e entendi que naquele momento a despeito da qualificação não seria importante a presença dela para contribuir para harmonização desse contexto, então num ato discricionário do ministro resolvi não efetivar sua nomeação", afirmou Queiroga, responsável por indicar o nome de Luana para a secretária.

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Segundo ele, o nome foi pensado porque a infectologista era uma colaboradora eventual do ministério. "E identifiquei qualidades técnicas que poderiam ser úteis, dai sua indicação para o cargo", disse Queiroga, segundo quem um novo nome para a secretaria deverá ser indicado até esta sexta-feira, 11.

Os senadores da CPI contestaram a nova versão de Queiroga sobre a não nomeação de Luana. Eles então confrontaram o ministro com as declarações dadas por ele mesmo no passado, e com o relato feito pela médica à comissão. Segundo Luana, Queiroga lamentou o fato de sua nomeação não sair, e disse a ela que seu nome não teria sido aprovado no governo.

Agora, Queiroga tomou a decisão para si. "Em ato discricionário do ministro, resolvi não nomear Luana Araújo. Questão política (sobre nomeação) não é partidária, é da própria classe médica", afirmou o ministro, segundo quem a Casa Civil teria aprovado o nome da médica para a secretaria. "Não falei que era o Palácio (que vetou a nomeação). Se a Luana falou dessa forma foi uma questão de entendimento dela", respondeu. "Não é restrição, é que mudei minha decisão", continuou.

Estados

Na CPI da Covid, Queiroga se negou a comentar a ação protocolada pelo governo federal no Supremo Tribunal Federal (STF) contra medidas restritivas impostas por Estados para conter o avanço da pandemia. O ministro disse não ter sido ouvido sobre o tema porque, segundo sua justificativa, o assunto é jurídico, e não diria respeito ao Ministério da Saúde. "Discussão jurídica que não compete ao ministro da Saúde. Não foi ouvido sobre tema, tema da esfera jurídica, tem que esperar posição do STF", afirmou ele.

Questionado se entende que a ação é correta sob o ponto de vista da saúde pública, Queiroga disse apenas já ter "externado claramente" à CPI sobre as medidas de enfrentamento à Covid-19. "Eu já respondi a vossa excelência de maneira objetiva", afirmou o ministro ao relator da CPI, Renan Calheiros.

Queiroga disse também concordar com responsabilidade de União, Estados e municípios sobre enfrentamento à pandemia decidida pelo STF, e negou que setores do governo tenham contrariado as orientações do Ministério da Saúde sobre a adoção do isolamento social. "Podemos conduzir gestão respeitando direito de ir e vir das pessoas", afirmou o titular da Saúde.

Queiroga também afirmou que continuará "insistindo" até o fim para que a população adote medidas não farmacológicas, como distanciamento social e uso de máscara, para combater a Covid-19. Questionado mais uma vez se tem insistido com o presidente Jair Bolsonaro para que o mandatário pratique essas orientações, Queiroga confirmou. "Perfeitamente, o compromisso é individual, o benefício é de todos. Reitero aqui", respondeu.

"É necessário que haja adesão das pessoas, como médico tem paciente que eu já orientei a parar de fumar de maneira reiterada, ele não deixa, ele morre fumando e eu não abandono ele. Eu vou ficar insistindo até o final a cerca de medidas não farmacológicas", disse.

Pós-graduada na Universidade John Hopkins, a infectologista Luana Araújo já embalou clubes de jazz, antes de ganhar destaque ao se posicionar contra senadores negacionistas na CPI da Covid-19, na quarta (3). Pianista desde os dois anos, a epidemiologista assume os vocais da banda The Lioness e tem um EP com músicas autorais gravado.

Fora dos laboratórios de pesquisa e das unidades de saúde, Luana assume o sobrenome Mariano e já integrou o circuito de shows do Rio de Janeiro. Orientada desde cedo por professores do Instituto Villa-Lobos, em São Paulo, aos 11 anos ela tocou no Festival de Inverno de Campos do Jordão e ganhou uma bolsa de estudos em Viena, na Áustria, onde se formou musicista, segundo o Extra.

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Com diversas apresentações em clubes de jazz da Europa e dos Estados Unidos, a médica gravou cinco faixas em Belo Horizonte e lançou seu primeiro EP com a banda em 2016.

Em seu depoimento na CPI, Luana reprovou o tratamento precoce oferecido aos pacientes da Covid-19 e criticou a "politização" que, na sua visão, enfraquece o enfrentamento à pandemia no Brasil.

Confira o trabalho autoral de Luana com a banda Lioness

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Ao afirmar aos senadores da CPI, nesta quarta-feira (2), que “informação correta também é medicação”, em referência às fake news que se multiplicam na atual crise sanitária, a infectologista Luana Araújo enfatizou ser preciso uma mudança de eixo para modificar o atual cenário pandêmico no país. Para isso, são essenciais, segundo a médica, investimento em comunicação clara e unificada para a população, precocidade no diagnóstico, educação quanto às medidas sanitárias e de ação, testagem em massa, propagação da vacina e uma ação proativa do Ministério da Saúde.  

Ao final do depoimento, que durou mais de sete horas, a infectologista respondeu à senadora Simone Tebet (MDB-MS) que “faltou planejamento, coordenação e compreensão da situação em que nos encontrávamos e que continua”.

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“Faltam equipes técnicas, faltam gestões profissionalizadas da saúde, faltam profissionais de saúde pública em todas as instâncias, temos um longo caminho a percorrer. O importante era que se recuperasse o tempo perdido e passasse a ter ações mais assertivas”, afirmou.

Simone esclareceu que se utilizou de perguntas de um documento enviado pela Casa Civil da Presidência da República aos seus ministros de estados “com acusações esperadas na CPI”. Para a senadora, “o Brasil errou e é preciso buscar responsabilidades, doa a quem doer”.

Questionada pelo senador Humberto Costa (PT-PE) sobre qual seria o atual cenário se houvesse uma maior preocupação com a atenção primária no combate à pandemia, Luana foi categórica em dizer que a resposta à crise pandêmica não pode estar focada na atenção terciária.

“Eu não posso focar em hospitais simplesmente toda a minha estratégia de combate à pandemia, ou em leitos de CTI, porque eu já estou atrasada. É preciso mudar o eixo de resposta para a atenção primária, não só para um diagnóstico precoce, mas principalmente para educação, aconselhamento e acompanhamento das pessoas. Então, quando eu digo que a pandemia é uma crise de confiança também, isso poderia ter sido amenizado pelo uso da atenção primária. Espero que seja utilizada de forma mais contundente daqui pra frente”.

Aos senadores Eduardo Braga (MDB-AM) e Marcos Rogério (DEM-RO), Luana esclareceu que há dificuldades para as pessoas compreenderem a diferença entre abordagem precoce de um paciente, “tratamento precoce” e profilaxia.

A médica explicou que o paciente com suspeita de covid-19 precisa ter acesso a diagnóstico imediato, ser educado quanto às medidas de distanciamento social, quanto à evolução da doença, quanto ao monitoramento, precisa ser informado quanto ao que esperar da doença, como e onde procurar auxílio.

“Quando a gente fala de profilaxia, a gente está se referindo a impedir que a pessoa adoeça ou diminuir a chance, o risco, de a pessoa adoecer. A gente está falando na intervenção vacinal majoritariamente e, associadas a ela, nas outras estratégias não farmacológicas de comportamento. Com relação à intervenção precoce, ela não significa adoção de terapêutica, não necessariamente; ela significa uma intervenção pra que a gente tente diminuir o risco de agravamento e/ou diminuir ou cessar a cadeia de transmissão”.

Para Marcos Rogério, “levando-se em consideração o cenário de 2020", a afirmação da médica "não seria respondida pela vacina, porque ainda não a tínhamos”. O senador questionou ainda o porquê de a depoente considerar frágil a plausibilidade teórica da ação médica ao receitar medicamentos, como a hidroxicloroquina, aos pacientes.

Ao afirmar que não há ferramenta farmacológica que possa ser utilizada de forma inicial, a médica, que possui um site para esclarecimento de informações científicas, sobre a covid-19, expôs que muitas drogas têm efeito antiviral apenas in vitro.

“Quando a gente vai transferir essa potência antiviral in vitro para a complexidade dos organismos multicelulares e organizados, a gente tem menos de 10% de sucesso nessa transferência. A hidroxicloroquina tem vários mecanismos de ação, mas nenhuma dessas circunstâncias foi rovada ser eficaz na questão da covid-19 propriamente dita”.

Luana reforçou, ainda, que nunca houve evidências sólidas pelo "tratamento precoce", ao que classificou como uma questão "anacrônica” e reducionista. Ela fez um apelo pelo investimento na ciência.

“A gente está vendo muitas pessoas entrarem num quadro de covid-19, agravando e, quando vai tentar a intervenção, já não há mais o que fazer, daqui a pouco, está intubado e a taxa de óbito para quem vai para esse processo é muito alta, lamentavelmente”, pontuou Marcos Rogério.

Testagem em massa

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) afirmou que o país está na posição de número 77 quando se refere à questão da testagem, com 149 testes por cada mil habitantes. Ela questionou informação acerca da quantidade de 7 milhões de testes vencidos, o que representaria um valor da ordem de R$ 700 milhões. Pediu, inclusive, que a CPI averigue essa situação.

“O que me foi informado é que esses testes não venceram; mas eles teriam sido trocados por outros testes com validade superior pra que eles ainda pudessem ser usados”, disse Luana.

Ao afirmar que a testagem em massa é um dos pilares da resposta eficaz à pandemia, a infectologista considerou ser mais importante estar atento ao fato que o “padrão ouro” de testagem no país — o chamado teste PCR — leva muito tempo para conferir resposta e, com isso, se perde a oportunidade de interrupção da cadeia da doença.

“A nossa estratégia de testagem, até o momento, foi baseada num tipo de teste, que vocês já devem ter feito, muitos aqui, chamado PCR, que é aquele em que a gente coloca um swab no nariz. Infelizmente, pelo tamanho do nosso país e pelas dificuldades técnicas de realização de um teste que precisa de uma estrutura laboratorial grande e complexa, leva muito tempo pra gente ter o resultado desse teste. Então, na hora em que o paciente recebe de volta esse resultado, a gente já perdeu a oportunidade de interrupção da cadeia de transmissão da doença, que é o que a gente precisa hoje”, detalhou.

A infectologista disse esperar que o plano de testagem em massa seja levado a cabo pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de forma a ser “bastante assertivo e trazer bons resultados”.

Vacinação

Ao senador Jorginho Mello (PL-SC), que questionou algumas mortes terem ocorrido no pais mesmo após a imunização, a infectologista garantiu que a vacina confere proteção individual e populacional, mas que nunca é 100%, sendo muito maior o número de mortes pela sua falta.

Luana afirmou, contudo, ser importante também a manutenção de outras medidas de contenção ao vírus durante a pandemia, já que não há como imunizar a todos ao mesmo tempo.

A médica classificou como uma estratégia “não inteligente” a tese de imunidade de rebanho e disse que a vacina “induz uma resposta ao mesmo tempo muito mais sólida do que infecção natural e num período de tempo mais curto”.

Nessa linha, Eliziane apontou resultados obtidos em experiência com a imunização da população adulta com CoronaVac em Serrana (SP).

“Temos um resultado de uma experiência de Serrana, que acaba nos trazendo realmente muita esperança por conta da eficiência da CoronaVac. Por exemplo, a imunização de toda população adulta no município do interior paulista com a vacina fez os casos sintomáticos da covid-19 despencarem 80% no caso de internação e em 95% em relação às mortes”,  expôs Eliziane.

Zenaide Maia (Pros-RN) também ratificou a importância da vacina no braço, com manutenção das medidas sanitárias e de isolamento, além de campanhas educativas nacionais.

*Da Agência Senado

 

A data do novo depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, à CPI da Covid provocou um novo bate-boca na comissão, entre o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), e o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO). Ao ouvir de Aziz que o novo interrogatório do Queiroga será na próxima terça-feira (8), Marcos Rogério questionou a escolha do presidente da CPI e pediu ele "deixasse o ministro trabalhar".

"Sabe o que ele estava fazendo ontem? Anunciando a Copa América ao lado do presidente Bolsonaro", rebateu Aziz. "E peça a ele para não mentir dessa vez", continuou o senador.

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"Vossa excelência não tem autoridade para dizer que ele estava mentindo", afirmou então Marcos Rogério, que ouviu de Aziz uma reclamação. "O senhor não respeita ninguém, rapaz", disse o presidente da CPI. "Continuamos com a impressão de que não há ministro da Saúde", interveio o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL).

Marcos Rogério contestou a escolha de Queiroga depor antes do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), alvo de operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (02). Aziz então destacou que, a pedido do colega, adiantou o testemunho do governador para a próxima semana, no dia 10. Antes, Lima iria falar à CPI no dia 29 de junho.

A médica infectologista Luana Araújo, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, reforçou a ineficácia de medicamentos usados no "kit covid". Luana afirmou que apesar de o Sistema Único de Saúde (SUS) não ter patrocinado a distribuição dos medicamentos, ela aconteceu "fartamente" no território nacional. Para a médica, se os fármacos fossem úteis, "a gente não teria os números que a gente tem hoje".

Luana afirmou que a questão pode ser solucionada de maneira simples usando a matemática, cruzando os dados da letalidade da doença onde os medicamentos foram utilizados. "Existem Estados que se a gente pegar a letalidade da doença e cruzar a letalidade da doença nas cidades com a distribuição dos kits, a gente vai ver que ele não teve qualquer impacto nesse sentido", afirmou.

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A médica disse também não acreditar que gestores adotem o "kit covid" por "ma-fé", mas que existe a necessidade de um preparo maior para lidar com a saúde no País. Para a infectologista, faltam profissionais de saúde pública integrados à gestão de todos os níveis. "Não dá pra ter um infectologista somente numa cidade de grande porte, ou médio grande porte", declarou, defendendo uma "granularidade" de profissionais de cidades para cidades.

A médica também fez questão de destacar que "ciência não é opinião". "Eu posso juntar a opinião de um milhão de pessoas, elas vão ser, ainda assim, opiniões. Ciência é método. Ciência é feita com desenvolvimento de atividades específicas que se encadeiam para que a gente tire de nós a responsabilidade de arcar com fatores de confusão", declarou.

Luana também respondeu ao senador Marcos do Val (Podemos-CE) de que todas as suas posições referentes à saúde em seu depoimento foram feitas de forma técnica e condizentes aos maiores especialistas do mundo. "Eu não estou aqui sozinha, eu represento uma classe enorme desse País de cientistas muito sérios", afirmou. Do Val, contudo, pediu que Luana "respeitasse" a opinião de especialistas contrários a ela.

"Eu respeito todos os meus colegas senador, e louvo o esforço que todos tem feito, mas existe uma diferença entre respeito e responsabilização, que é uma coisa que todos nós respondemos", declarou a infectologista, dizendo ter bastante confiança no seu conhecimento e na sua competência para discorrer sobre o tema.

Convidada por Queiroga para ocupar o cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Luana deixou a equipe do ministro dez dias depois de ser indicada para o cargo, antes mesmo de sua nomeação se confirmar. Ao comentar sobre o caso, o ministro da Saúde afirmou que além de "validação da técnica", era necessário "validação política" para nomeação.

A médica infectologista Luana Araújo, cujo nome não foi aprovado pelo governo para integrar o Ministério da Saúde mesmo após anúncio do titular da pasta, Marcelo Queiroga, frisou, mais uma vez, aos senadores que a ciência ainda não conseguiu encontrar um tratamento inicial para pacientes com Covid-19. "Não existe tratamento inicial da doença", disse, após a insistência do senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) em falar sobre a existência de medicamentos que, administrados no início da doença, impediriam sua evolução.

Luana destacou que a comunidade científica tem feito testes, mas que até o momento não houve resposta eficaz. "Não temos nenhuma ferramenta farmacológica para ser usada de forma inicial que impeça evolução da doença", repetiu a médica.

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A médica ainda explicou que o uso de corticoide para tratar pessoas com Covid-19 se dá numa fase bastante específica, quando há necessidade da hospitalização e uso de oxigênio suplementar. Luana ressaltou, por sua vez, que seu uso precoce tem um efeito negativo, que pode levar a uma queda da resposta imunológica. "Mas ele não tem impacto na carga viral, ele tem ação anti-inflamatória", respondeu ela ao questionamento de Marcos Rogério.

Ela ainda explicou ao senador porque medicamentos como a cloroquina, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, não funcionam para tratar a Covid-19. "Não é que a gente não queira que as pessoas não tenham acesso, pelo contrário, nossa vida seria mais fácil, perdi amigos, perdi colega de plantão da Fiocruz que era um gênio, morreu salvando a vida das pessoas. Se houvesse oportunidade a gente teria usado. Infelizmente, não tem", declarou a médica.

Luana disse ainda que o adoção de medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras e o distanciamento social para o combate a pandemia da Covid-19, deveria ter sido adotadas desde o começo da disseminação da doença no País.

A médica infectologista Luana Araújo, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, criticou a falta de coordenação do governo federal para o combate à pandemia no Brasil. "A coordenação entre esferas de governo é absolutamente fundamental", afirmou a médica. Segundo ela, é necessário "uma mensagem única" por parte das autoridades do País para lidar com problemas como a pandemia.

Luana recorreu a uma alegoria militar para explicar o caso. "É uma estratégia quase que militar. Você tem um inimigo importante, e aí você começa a dispersar seus soldados, cada um faz uma coisa, como é que a gente tem força para lidar com aquilo? Não tem, então é uma questão até de bom senso", afirmou a infectologista.

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Para Luana, faltou a pactuar as decisões referentes ao combate da pandemia com todas as esferas de governo. "Eu acho que essa é uma das razões pelas quais o ministro Queiroga insistiu tanto na criação dessa secretaria, que tem por objetivo fazer essa coordenação, promover uma melhor coordenação nesse momento". O nome da médica foi vetado no governo para assumir a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde.

A infectologista comentou sobre a realização da Copa América no País. Segundo ela, o uso de protocolos rígidos "ameniza riscos", mas não os anula. "Acho que quando a gente toma uma decisão como essa a gente precisa pesar todos os prós e contras desse tipo de situação", afirmou. Ela disse não acreditar que este é o momento oportuno para o evento. "É um risco desnecessário de ser corrido nesse momento", afirmou.

Luana Araújo afirmou, também, que em regimes democráticos o combate à pandemia também se faz por meio de "comunicação clara e de mensagem única" à sociedade. Do contrário, a população fica perdida, na avaliação dela. "Se cada um diz uma coisa, em quem eu acredito? Principalmente se não tenho conhecimento técnico para avaliar (a informação)", disse em resposta aos questionamentos do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). "Estratégias claras de comunicação de mensagem única baseada em ciência são fundamentais", afirmou Luana.

A médica disse que defende a liberdade das pessoas de manifestarem suas opiniões, mas ressaltou que isso gera consequências, devendo haver uma responsabilização. "Eu defendo a liberdade das pessoas, mas também a responsabilização", disse. "Se você não segue isso (preceitos da ciência), precisa entender o tamanho da consequência de passar essa informação para as pessoas".

"Acho que minha posição, alinhada a ciência, já ficou bastante clara, o direito de todo cidadão ser informado, mas também acho que todos nós temos responsabilidade sobre aquilo que a gente coloca em relação a pandemia, se negativos ou positivos, teremos que lidar com eles em algum momento", afirmou Luana.

Para ela, em situações de desespero as pessoas absorvem a informação que melhor atende aos seus anseios. Por exemplo, tomando "qualquer coisa" que alguém lhe indique, mesmo que não haja comprovação da ciência. Por isso, a médica defendeu que as pessoas sejam responsáveis sobre o que divulgam.

Luana também destacou que, para cada fase da pandemia se exigem ferramentas diferentes, mas que isso não foi discutido em nenhum momento no Brasil. "Não que eu tenha visto". "Não tenho a ilusão de viver em lockdown absoluto para sempre, mas existem ferramentas específicas para cada fase da pandemia", disse ela no depoimento.

Ela também voltou a comentar sobre a autonomia médica, dizendo ser "temerário" que decisões como a do Conselho Federal de Medicina (CFM), "coloquem nas costas dos médicos" a responsabilidade de usar medicações sem eficácia. A especialista também negou que o "jogo político" seja sua área.

Luana Araújo afirmou não saber se os ataques que recebeu por criticar o que chamou de "pseudo" tratamento precoce e defender o distanciamento social para combate à pandemia estão relacionados ao fato de seu nome ter sido vetado no governo para assumir a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde.

A médica comentou que a hipótese, levantada pelo senador Tasso Jereissati, a ela, a deixa "extremamente envergonhada". "Se o veto ao meu nome foi por conta de minha posição científica, técnica e necessária para exercer essa posição, a mim só me resta lamentar, não sei se foi, mas se foi, considero trágico", respondeu ela.

Luana também foi questionada se chegou a ser inquirida por alguma pessoa do suposto "gabinete paralelo" de aconselhamento ao presidente na pandemia. "De forma alguma", disse ela, respondendo ainda que não conheceu ninguém da família Bolsonaro.

Freixo

O líder da Minoria na Câmara, deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), elogiou a postura da médica Luana Araújo no depoimento à CPI da Covid. Para Freixo, Luana "mostra que o desgoverno Bolsonaro não quer profissionais qualificados para enfrentar a pandemia, quer apenas cúmplices para seus crimes".

"Que bálsamo ouvir Luana Araújo na CPI depois das pedradas de ontem", exaltou Freixo no Twitter, em referência ao depoimento da médica Nise Yamaguchi na sessão de terça-feira (1º). O deputado ainda fez uma crítica ao governo do presidente Jair Bolsonaro pela compra de máscaras impróprias e superfaturadas. Nesta manhã, o jornal Folha de S.Paulo publicou que o foi enviado um documento à comissão que aponta a compra de máscaras impróprias a profissionais de saúde pelo Ministério da Saúde e por valor acima do praticado no mercado. Segundo a reportagem, foram gastos cerca de R$ 350 milhões com os 40 milhões de máscaras.

"O desgoverno Bolsonaro gastou R$ 350 milhões em máscaras superfaturadas que não protegem adequadamente os profissionais de saúde", pontuou. Segundo ele, a CPI tem o dever de investigar o caso.

A médica infectologista Luana Araújo, que depõe à CPI da Pandemia nesta quarta-feira (2), disse que falar sobre o tratamento precoce diante da Covid-19 é o mesmo que debater sobre "de que borda da Terra plana vamos pular". O terraplanismo é uma das defesas dos adeptos ao bolsonarismo no país.

Ressaltando a falta de eficácia comprovada da cloroquina contra a doença causada pelo novo coronavírus, ela foi direta ao tratar sobre o assunto: "Ainda estamos aqui discutindo uma coisa que não tem cabimento. É como se estivéssemos discutindo de que borda da terra plana vamos pular. Não tem lógica”.

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A médica ainda complementou que é a favor de uma terapia precoce contra a Covid, caso o tratamento realmente exista: "Todos nós somos favoráveis a uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, não pode ser uma política de saúde pública. Essa é uma discussão delirante, esdrúxula, anacrônica e antiproducente”.

Luana também argumentou que quem defende algo sem comprovação científica expõe a população a situações de vulnerabilidade.

“Eu vi declarações de muitas pessoas, também do presidente. A gente precisa multiplicar lideranças com informações corretas. Na hora que qualquer pessoa, independente do seu cargo, sua posição social, defende algo que não tem comprovação cientifica você expõe a população do seu grupo a uma situação de vulnerabilidade”, declarou.

A Dra Luana Araújo frisou ainda que quem defende tratamento precoce está sujeito a responsabilização pela consequência disso. “Todo mundo que diz isso tem responsabilidade do que acontece depois”.

A médica Luana Araújo afirmou à CPI da Covid não ter sido informada pelo ministro Marcelo Queiroga do motivo pelo qual seu nome não foi aprovado para comandar a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, apesar de ter sido anunciado pelo titular da Pasta. "Não foi me dada nenhum tipo de justificativa pela minha saída", disse. Luana deixou a equipe de Queiroga dez dias depois de ser indicada para o cargo, antes mesmo de sua nomeação se confirmar.

"O que me foi dito é que existia um período entre criação da secretaria e um processo chamado apostilamento de cargos, que deveria ser feito para que minha nomeação fosse publicada. Estava programada para uma segunda (a nomeação), não saiu, foi para terça-feira, não saiu, quando chegou na quarta-feira já tinha entendido o que tinha acontecido, que não ia funcionar", disse. Ela relatou ter sido chamada então à noite para ser informada pelo ministro que sua nomeação não sairia.

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A médica disse não saber se a causa da recusa foram suas falas contra o tratamento precoce defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. Observou, porém, que suas declarações foram publicadas pela imprensa. "Mas quem pode esclarecer isso melhor não sou eu", afirmou a médica. "Não sei lhe responder sobre isso, mas se isso aconteceu é extremamente lamentável", disse ela.

"Essa pergunta deve ser direcionada ao ministro, a minha posição absolutamente pública não é opinião. Na Medicina temos opinião até momento que se substitui por evidências, elas tiram da responsabilidade do profissional juízo de valor", afirmou a médica.

Luana também disse não saber se o seu nome barrado tem relação com o chamado "gabinete paralelo" de aconselhamento ao presidente Bolsonaro em assuntos da pandemia. "Não tive informações sobre aconselhamento paralelo, não conheci o presidente da República", afirmou.

Em certo momento, a médica chegou a dizer que, a ela, Queiroga teria lhe dito que sua nomeação não passaria pela Casa Civil. "O próprio ministro me falou. Disse que lamentava mas que meu nome não ia passar pela Casa Civil", contou.

Mas, depois, fez um adendo afirmando não saber se o problema foi especificamente nessa pasta. "Eu falei Casa Civil porque é onde entendo que esse nome seja aprovado ou não, eu não sei se é esse o processo", afirmou ela.

'Polarização esdrúxula'

A médica infectologista também comentou durante depoimento à CPI da Covid que, devido à "polarização esdrúxula" que ocorre no País com relação à pandemia, "os maiores talentos" dentro das áreas da saúde não "estão disponíveis" para trabalhar junto ao Ministério da Saúde.

Segundo a médica, nos dias que ela esteve à frente da secretaria, ela procurou "dentro e fora" do ministério por especialistas que pudessem compor o grupo, mas tais especialistas "não queriam trabalhar" junto à pasta.

"Os senhores acham que as pessoas, de fato, que têm interesse em ajudar o País e competência a fazer isso, neste momento, se sentem muito compelidas a aceitar esse desafio? Não se sentem", afirmou a médica.

Luana, contudo, fez uma avaliação positiva de Queiroga. "Um ministro extremamente proativo, competente, capaz", disse a médica sobre o chefe da pasta. Ao comentar sua participação no ministério, Luana disse não ter encontrado nenhuma resistência interna ao seu trabalho, e disse também ter mantido contato apenas com o ministro e alguns poucos secretários.

A médica também destacou que nos poucos dias que atuou na secretaria, o fez como consultora de Queiroga em "diversos assuntos", como testagem em massa do País, programa esse que disse esperar "do fundo do coração" que fosse levado adiante. "É público que nosso programa de testagem até este momento é um programa com inúmeras falhas, é um programa reativo, é um programa que precisava retomar as rédeas do diagnóstico", afirmou a especialista na CPI.

A CPI da Pandemia ouve, nesta quarta-feira (2), a médica infectologista Luana Araújo repudiou a politização da pandemia da Covid-19 no Brasil. Para a médica, a união da ciência com a participação popular ajudaria no êxito do combate à proliferação da doença no país. 

A infectologista, que não chegou a ser oficialmente nomeada para a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, disse que convidou os profissionais mais talentosos de sua área para trabalhar na pasta, mas eles não aceitaram por conta da "polarização esdrúxula" e da "politização incabível" do momento.

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"Infelizmente, por tudo que vem acontecendo, por essa polarização esdrúxula, essa politização incabível, os melhores talentos que temos para trabalhar nessas áreas não estavam exatamente à disposição", afirmou a médica à CPI.

Luana Araújo defendeu também a autonomia médica no tratamento de pacientes, mas afirmou que a decisão do profissional deve ser baseada em pilares como “conhecimento científico acumulado”, “ética” e “responsabilização”.

Para a infectologista Luana Araújo, pessoas que defendem algo sem comprovação científica, como a cloroquina, expõem seu grupo a extrema vulnerabilidade. "Todo mundo que diz isso tem responsabilidade sobre o que acontece depois", disse.

Gabinete paralelo e rejeição da indicação

A médica informou não ter conhecimento sobre existência de gabinete paralelo dentro do governo e que foi o próprio ministro Marcelo Queiroga a comunicou que sua nomeação não sairia, pois não teria aval da Casa Civil.

Luana disse ainda que sofre ameaças à integridade, invasão à privacidade e falsas acusações desde o início da pandemia, como ocorre com outros infectologistas. As ameaças a fizeram abrir um site científico e educativo sobre a Covid-19.

*Com informações da Agência Senado

A médica infectologista Luana Araújo iniciou sua fala à CPI da Covid afirmando ser "intolerável" o cenário de mais de 460 mil mortes provocadas pela pandemia do novo coronavírus no Brasil. Convidada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para ocupar o cargo de Secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Luana deixou a equipe de Queiroga dez dias depois, antes mesmo de sua nomeação se confirmar.

Em declaração inicial aos senadores, ela relatou ter afirmado a Queiroga que só aceitaria o convite se lhe fossem garantidas a autonomia necessária e respeitadas a cientificidade e tecnicidade. "Pleiteei autonomia, não insubordinação ou anarquia. Precisaria ter autonomia necessária para agir, no que fui prontamente respondida pelo ministro de forma afirmativa e concreta", afirmou ela.

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Em fala enfática sobre a necessidade de combater a pandemia com medidas técnicas e científicas, Luana afirmou ser "imperativo" que se deixe de lado o que "não presta mais". "Pelos nossos erros perdemos a confiança do povo", disse a médica. "Ciência não tem lado, é bem ou mal feita. É ferramenta de produção de conhecimento pra servir a população. Essa distância ou oposição entre populações e ciência não existe. Ciência deve ser protegida. Vivência de crise sanitária complexa e gigantesca exige resposta multifatorial", disse a médica.

Ela disse ainda que, quando convidada por Queiroga para falar sobre o posto na Saúde, o ministro lhe apresentou um projeto sólido, baseado em evidências, "de superação desses obstáculos no contexto brasileiro". "Uma necessidade de alguém técnico e competente, uma secretaria técnica, um desejo antigo seu (de Queiroga). Sua apresentação foi consonante aos meus valores", disse.

"320 dias, mais de 320 dias. Esse seria o tempo que teríamos que ficar quietos para respeitar um minuto de silêncio para cada uma das mais de 460 mil mortes pelo covid-19", começou dizendo aos senadores. "Isso é intolerável, e toda pessoa deve fazer o que estiver a seu alcance para impedir essa hecatombe", declarou.

Nise Yamaguchi

O começo dos trabalhos da CPI da Covid, nesta manhã, foi dedicado à avaliação de senadores sobre a oitiva da médica Nise Yamaguchi, que prestou depoimento ontem ao colegiado. Enquanto membros governistas do colegiado reclamaram do tratamento dado a médica, senadores responsáveis pelos questionamentos mais duros à especialista defenderam que Nise não poderia "mentir deliberadamente" sem ser confrontada.

Governistas, como Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI), reclamaram das interrupções ao depoimento da médica. Entre os principais pontos de reclamação dos governistas, estava a série de perguntas do senador e médico Otto Alencar (PSD-BA), que confrontou a médica com uma série de questões técnicas Nise não soube responder.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que também figurou entre os que fizeram questionamentos mais duros à médica, defendeu que qualquer cidadão que comparece ao parlamento para "deliberadamente enganar, mentir, omitir" será confrontado com dados. "Um eventual momento de um exagero de retórica não vai deixar, não vai eclipsar, não vai ocultar o fato", disse o parlamentar, afirmando que Nise compareceu ao senado para "desinformar".

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) concordou com Vieira. Para o cearense é "surpreendente" que defensores do presidente Jair Bolsonaro fiquem "surpresos com as intervenções técnicas" feitas a Nise nesta terça-feira, enquanto o presidente continua a continuar a usar "grosserias" e "palavras de baixo calão" para atacar seus adversários.

Os senadores da CPI da Pandemia ouvem nesta quarta-feira (2) a médica infectologista Luana Araújo. Luana foi nomeada para o cargo de Secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde e foi demitida depois de 10 dias.

O requerimento apresentado pelo senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, aponta que a demissão ocorreu por iniciativa do presidente da república Jair Bolsonaro. 

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O ministro da saúde, Marcelo Queiroga, afirmou em reunião na Câmara dos Deputados que o nome de Luana foi barrado pelo Palácio do Planalto. O presidente da CPI, senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, afirma que esse depoimento pode ser esclarecedor: “O depoimento da Dra. Luana é muito importante. É muito mais importante do que a gente estar discutindo se cloroquina é bom ou não para a saúde”.

A reunião da CPI da Pandemia está marcada para às nove e meia da manhã, horário de Brasília. Você pode acompanhar a reunião pela Rádio Senado, pela TV Senado, pelo youtube da TV Senado ou pelo aplicativo Senado Notícias.

*Da Agência Senado

 

A recém-criada Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 está sem comando. O Ministério da Saúde informou, neste sábado (22), que a médica infectologista Luana Araújo, anunciada para o cargo de secretária há apenas dez dias, não ocupará mais a função.

"A pasta busca por outro nome com perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas", disse a pasta em nota.

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O decreto que criou a secretaria foi publicado no dia 10 de maio. Dois dias depois, em evento em Brasília, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a médica como a chefe do órgão.

O governo foi criticado por montar uma secretaria específica para combater a covid-19 na estrutura do ministério somente 15 meses após o primeiro caso da doença no Brasil.

Segundo publicou a Revista Veja, Luana Araújo não aceitou determinações impostas pelo Palácio do Planalto e abriu mão de aceitar o cargo.

Em depoimento à CPI da Covid, Queiroga afirmou que tem total autonomia para liderar o ministério e não recebe pressões do presidente Jair Bolsonaro.

Após a confirmação do recuo da médica, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), suplente da CPI, solicitou a convocação de Luana "para que seja possível esclarecer as razões que a levaram a pedir exoneração do cargo de secretária de enfrentamento à covid no Ministério da Saúde após apenas uma semana de trabalho".

Como mostrou o Estadão, Luana Araújo é defensora da vacinação em massa, já declarou ser favorável a medidas restritivas e contra o "kit covid", mesmo para pacientes com sintomas leves. Ela já afirmou também que "todos os estudos sérios" demonstram a ineficácia da cloroquina e que a ivermectina é "fruto da arrogância brasileira" e "mal funciona para piolho".

Durante uma live com o vereador Rafael Pacheco (Podemos), de Adamantina, interior de São Paulo, sua cidade de origem, ela também criticou o uso de hidroxicloroquina contra a Covid-19.

"A hidroxicloroquina a gente já sabia que não ia funcionar. E todos os estudos sérios, bem feitos, multicêntricos - quer dizer, feitos ao redor do mundo ao mesmo tempo -, cheio de recursos mostram que não funcionou. E ponto", disse Luana na live. "A ivermectina é fruto da arrogância brasileira. O brasileiro não investe em ciência, mas acha que tem a chave para resolver as coisas."

O uso desses remédios foi defendido diversas vezes por Bolsonaro, pessoas do governo e aliados políticos desde o início da pandemia. O presidente também acumula críticas da comunidade científica por ser flagrado em aglomerações sem máscara, questionar a eficácia do isolamento social e dar declarações confusas sobre vacinação.

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