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Cerca de 150 pessoas que estavam no prédio da telefônica Oi invadido havia onze dias no Engenho Novo, na zona norte do Rio, desocupado à força pela Polícia Militar anteontem, continuam acampadas em frente à sede da Prefeitura, no centro, à espera de uma promessa de moradia. Elas têm perfil semelhante: mulheres ou casais desempregados ou subempregados (são ambulantes, pedreiros, domésticas sem carteira assinada), com dois filhos ou mais, moradores de favelas da região, que não têm mais como arcar com os aluguéis.

Doze crianças, entre elas dois bebês, de dois e três meses, uma grávida de nove meses e uma senhora de 82 anos estão no grupo que dormiu na porta da Prefeitura, sobre lençóis e sacos plásticos. Boa parte é egressa de comunidades cujos imóveis tiveram valores reajustados depois da instalação de Unidades de Polícia Pacificadora, como Jacarezinho, Manguinhos, Arará e Mandela (as áreas se valorizam com a diminuição da criminalidade).

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A maioria das pessoas ouvidas pelo Estado contou que paga cerca de R$ 300 reais por mês por quitinetes. Algumas estavam sob viadutos da zona norte. As que têm vínculo empregatício relatam ganhar salário mínimo (R$ 724).

Entre ficar de favor na casa de parentes e ocupar o edifício de quatro andares da Oi (um antigo almoxarifado desativado que ganhou o nome de Favela da Telerj, em alusão à antiga companhia telefônica do Rio), preferiram a segunda opção, mesmo sob risco de expulsão violenta.

Elas levaram eletrodomésticos e gastaram o pouco que tinham guardado para comprar material de construção para fazer divisórias entre os barracos - sem ventilação e de no máximo nove metros quadrados.

Ontem, com o prédio cercado pela PM, os pertences e entulho foram retirados de caminhão. Funcionários da Light desfaziam gatos de luz. Na sexta-feira, o confronto dos ocupantes com a PM resultou em 16 feridos, sendo nove policiais. Veículos foram incendiados, dois supermercados, saqueados e lojas e agências bancárias, depredadas.

Por volta de três mil pessoas estavam morando ali.

"Eu estava vivendo dentro de uma igreja evangélica no Jacarezinho e achei que valia ir a pena para o prédio. Sou camelô e pedi dinheiro para minha sogra para comprar água e refrigerante e vender no edifício mesmo. A polícia ficou com tudo, ainda bebeu na minha frente, debochando", contava Daniele Neves, de 28 anos, que deixou os dois filhos com a avó e a bisavó, temendo a ação da PM.

Com dois meses, o bebê Carlos Alessandro foi mantido com a mãe, que tem outros quatro filhos. Ontem de manhã, ela deixou o menino com a irmã, Adriana Aldeir, de 40 anos, sob uma sombra em frente à Prefeitura, para procurar um lugar para tomar banho. "Sabia que podia não dar certo, mas tinha que tentar. A polícia entrou como se fosse o Carandiru. É pedir muito querer um teto para morar?", dizia Adriana, que é doméstica e teme perder o emprego, num apartamento em Ipanema. "Não posso sair daqui sem pelo menos meu nome num cadastro".

O grupo chegou à Prefeitura na sexta à tarde. Servente aposentada, Gelsa Ramos, de 82 anos, que até dois anos atrás fazia faxina para conseguir sobreviver, não pretende sair dali. "Se nós não ficamos, o governo acha que não estamos precisando".

A manicure Angela Xavier, de 34 anos, admite que o grupo foi ingênuo ao acreditar que poderia ter uma nova vida no prédio. "Não achei que a justiça iria esnobar o pobre dessa maneira e proteger uma empresa que tem um prédio vazio há anos. A injustiça social desse País é inacreditável."

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), está reunido na tarde desta quarta-feira, 9, com representantes de quinze associações de moradores e também de organizações não governamentais do Complexo da Maré, na zona norte, para discutir o plano de ações sociais da prefeitura para a região, ocupada há pouco mais de uma semana por forças de segurança.

Além de Paes, também participam os secretários Claudia Costin (Educação), Hans Dohman (Saúde), Pierre Batista (Habitação), Marcus Belchior (Conservação) e Adilson Pires (vice-prefeito e secretário de Assistência Social). O encontro ocorre na Escola Municipal Bahia, na Maré. Tropas do Exército fazem a segurança do lado de fora do prédio.

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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou no início da noite desta terça-feira (8) o que chamou de uma "política de enfrentamento de atos ilícitos" envolvendo a ocupação de unidades do Minha Casa, Minha Vida por milicianos no Rio de Janeiro e por traficantes no Pará. "O governo não vai permitir que malfeitores, que criminosos ou quaisquer pessoas queiram deturpar esse programa", disse.

O ministro assinou uma portaria com o governo do Rio de Janeiro e o Ministério das Cidades, responsável pelos desembolsos federais no Minha Casa, que servirá de ensaio para um trabalho conjunto entre as polícias Militar e Federal no combate à ocupações irregulares de unidades do programa.

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O documento é uma resposta do governo federal a denúncias de que milicianos e traficantes estão expulsando os moradores das casas recebidas do programa habitacional que serve de vitrine para a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff. O recém-empossado governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse que a parceria deve ajudar a combater fraudes praticadas pela "chaga que é a milícia" no Estado.

Segundo o ministro das Cidades, Gilberto Occhi, a portaria pode ser assinada por outros Estados e cidades. A ideia da proposta é que seja criada uma espécie de ouvidoria interministerial para receber e apurar denúncias de irregularidades no Minha Casa, Minha Vida. As investigações devem ser conduzidas pelas PM e a PF.

O quadro de saúde do mototaxista Fábio da Silva de Barros, de 28 anos, atingido no braço direito na noite de segunda-feira (7), no Complexo da Maré, é estável. Ele foi submetido a uma cirurgia vascular no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio, e está internado no setor pós-cirúrgico. Barros poderá ser transferido para a enfermaria ainda nesta terça-feira (8).

Homens armados atacaram na segunda pelo menos cinco pontos no conjunto de favelas. Depois que Barros foi baleado, um grupo de mototaxistas chegou a fechar três pistas da Avenida Brasil.

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Tropas das Forças Armadas foram atacadas por criminosos em pelo menos quatro pontos no Complexo da Maré, na zona norte do Rio, entre a noite desta segunda-feira (7) e a madrugada desta terça-feira (8). Ocupantes de um Corolla preto efetuaram diversos disparos contra militares na Rua C4, na Vila dos Pinheiros, e também na Avenida do Canal 2, nas imediações da Avenida Brasil, na entrada do Conjunto Esperança.

Nestes dois locais, os bandidos também atiraram contra pontos de mototáxis. No segundo ataque, o mototaxista identificado Fabio da Silva Barros, de 28 anos, foi baleado. A tropa acionou uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que levou o ferido para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro. Revoltados, um grupo de mototaxistas chegou a interditar duas faixas da pista sentido zona oeste da Avenida Brasil, na altura da Maré.

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Os militares também foram atacados a tiros por traficantes em dois pontos da Maré: na Baixa do Sapateiro e no Morro Timbau. Em nota, o comando da Força de Pacificação informou que "Embora tenha ocorrida a pronta resposta pela tropa em todos os eventos citados, não foi possível realizar a detenção de nenhum integrante das organizações criminosas, tendo em vista que os mesmos realizavam os disparos e imediatamente se evadiam do local".

Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, a atuação das Forças Armadas no Complexo da Maré, no Rio, vai até julho e estará ligada ao esquema de segurança da Copa do Mundo. "Esperamos que, até lá, a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) tenha condições de estar instalada. Queria sublinhar que isso está ocorrendo concomitantemente com a preparação para a Copa", disse. A ocupação ocorreu na manhã deste sábado, 5. O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), recentemente empossado com a renúncia de Sérgio Cabral, anunciou um projeto educacional para a Maré, descrito como "uma cidade da educação", com escolas profissionalizantes, do ensino médio e um centro de orientação vocacional. Segundo Pezão, o projeto já têm terrenos e as obras estão para começar.

As ações policiais no Complexo da Maré, na zona norte do Rio, que antecederam a ocupação da região pelas Forças Armadas na manhã deste sábado (5) resultaram na morte de 16 criminosos, segundo balanço divulgado pela Secretaria de Segurança. Outros oito, sendo dois menores, foram feridos. Houve 36 confrontos entre policiais militares e bandidos, diz a nota.

A operação preliminar durou duas semanas, entre os dias 21 de março e 4 de abril e envolveu as Polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal. As mortes ocorreram durante ações da PM. O balanço aponta ainda 162 prisões e 51 menores apreendidos. Foram apreendidas armas, munições e drogas como maconha, cocaína, crack e heroína.

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Na véspera da ocupação da Maré, a Polícia Federal apreendeu armas, munição e drogas transportadas em um caminhão frigorífico, na Rodovia Presidente Dutra, altura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Uma investigação da PF indica que o carregamento, que saiu do Paraná, seria distribuído em favelas que já têm Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), como Jacarezinho, Manguinhos e Rocinha. A intenção era reforçar o poderio dos grupos responsáveis por ataques recentes a UPPs e que resistem à pacificação da Maré.

A operação terminou com a prisão do traficante Illan Nogueira de Sales, o Capoeira. Foram apreendidos seis fuzis, 38 pistolas, munições, carregadores e sete kits de rajada de pistola Glock, que aumentam o poder de fogo da arma. O motorista do caminhão frigorífico teria recebido R$ 10 mil para fazer o transporte.

As 15 favelas que compõem o Complexo da Maré, na zona norte do Rio, começaram a ser ocupadas pelas Forças Armadas na manhã deste sábado, numa operação envolvendo tanques e outros veículos militares, que transportam 2.500 agentes. O conjunto de favelas, que tem 10 quilômetros quadrados de área e 130 mil habitantes, estava ocupado pela Polícia Militar desde o último domingo.

Apesar do avanço dos blindados do Exército e da Marinha pelo complexo da Maré, a rotina nas comunidades praticamente não mudou. Até pouco antes das 7 horas deste sábado (5), não havia registro de confrontos nem de prisões.

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A única novidade era que moradores se aglomeram perto dos tanques militares para fotografá-los. "Arma a gente já viu muitas, é comum, mas tanque de guerra eu não conhecia", disse uma moradora que se identificou apenas como Maria do Carmo, de 47 anos.

Às vésperas do início da atuação de 2.500 militares do Exército e da Marinha na Garantia da Lei e da Ordem (GLO), a presidente Dilma Rousseff (PT) usou a conta pessoal no microblog Twitter para afirmar que as Forças Armadas "mais uma vez demonstram seu compromisso" com o País. Dilma também destacou o papel dos militares ao prestar ajuda a populações afetadas por enchentes em Rondônia e no Acre.

"A partir de amanhã, as Forças Armadas vão atuar com a PM (Polícia Militar) do Rio na pacificação do Complexo da Maré", afirmou Dilma, ressaltando que os militares ajudarão a preservar a segurança dos moradores da região.

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"As Forças Armadas mais uma vez demonstram seu compromisso com a nação em duas importantes ações em curso no País ao dar integral suporte à segurança pública e a pacificação da Maré no Rio de Janeiro e ao dirigir e coordenar o apoio às populações que sofrem com o isolamento pelas enchentes em Rondônia e Acre", prosseguiu a presidente.

As Forças Armadas vão atuar com 2.500 militares do Exército e da Marinha a partir do próximo sábado, 5, na Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Complexo da Maré, na zona norte do Rio. Serão 2.050 homens da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército e 450 da Marinha. Darão apoio à ocupação 200 PMs do Rio e uma equipe avançada de policiais civis da 21ª DP (Bonsucesso).

A ocupação vai contar com blindados do Exército e da Marinha, além de diversas outras viaturas para transporte de tropa e logística, motocicletas e aeronaves do Comando de Aviação do Exército.

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Caso necessário, a Aeronáutica também poderá participar da Força de Pacificação, que será comandada pelo general de brigada Roberto Escoto, comandante da Brigada de Infantaria Paraquedista. A base será montada no quartel do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio), na Avenida Brasil, nas imediações do Complexo da Maré.

Inicialmente, a GLO está prevista para terminar no dia 31 de julho, mas poderá ser prorrogada. Os militares aturarão em quinze favelas da Maré, com área aproximada de dez quilômetros quadrados. Mais detalhes serão divulgadas em entrevista na tarde desta quinta-feira, 3, do general de brigada Ronaldo Lundgren, chefe do Centro de Operações do Comando Militar do Leste. A Maré foi ocupada pela PM, com apoio de blindados da Marinha, no último domingo.

O Comando Militar do Leste divulgará, em entrevista coletiva às 14h desta quinta-feira (3), detalhes da ocupação militar do Complexo da Maré que deverá começar a partir do próximo sábado. A Operação de Garantia da Lei e da Ordem foi autorizada pela presidente Dilma Rousseff e deverá durar pelo menos até 31 de julho.

As forças de segurança estaduais ocupam a região desde o fim de semana passado, mas não têm efetivo para continuar no local por muito mais tempo. Por isso, o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), que deixa o cargo hoje para disputar as eleições de 2014, pediu a ajuda das Forças Armadas para manter a segurança até que possa ser instalada uma Unidade de Polícia Pacificadora.

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O Complexo da Maré, conjunto de favelas na zona Norte do Rio de Janeiro alvo de ocupação das forças de segurança neste domingo (30), era considerado "peculiar" pelas autoridades por estar sob a influência de duas facções criminosas, o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP), mais duas milícias. Por essas características, a Maré não foi incluída no roteiro das primeiras ocupações e implementações das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

"Nós estávamos deixando mais para frente, justamente porque não é um trabalho trivial", afirmou o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. "Tem a sua peculiaridade, mas nós temos um trabalho muito integrado, e isso facilita", disse em coletiva nesta manhã.

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O conjunto de favelas da Maré está em uma área estratégica, próximo à Linha Vermelha, à Linha Amarela, à Avenida Brasil e ao Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão). Segundo Beltrame, tem mais de 130 mil moradores e é maior do que os complexos da Penha e do Alemão juntos (ambos já pacificados). "É uma cidade dentro de uma cidade."

Segundo o último balanço divulgado, 118 pessoas foram presas. Entre os detidos estão três pessoas ligadas ao chefe do tráfico na Maré, Marcelo Santos das Dores, o Menor P. Uma delas, Daiane Rodrigues, é sua namorada.

Beltrame ainda esclareceu que o mandado coletivo expedido para a operação não significa que as forças de segurança farão uma varredura nas casas de todos os moradores. Segundo ele, as equipes de inteligência identificaram regiões onde podem estar escondidas pessoas procuradas pela Justiça, além de drogas. "Às vezes não é possível identificar o ponto exato, uma casa em específico, mas sabemos que é naquela rua", explicou o secretário.

O secretário de Segurança Pública ainda afirmou, sobre os recentes ataques às UPPs, que os serviços de inteligência trabalham para identificar e prender quem está por trás desses crimes. "(A UPP) Tirou dois milhões de pessoas de um império do fuzil. Nós temos de ir para cima dessas pessoas (que atacam as UPPs)", afirmou Beltrame.

Também participaram da coletiva o coronel do Corpo de Bombeiros Marcio de Souza Magalhães, o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, o comandante-geral da Polícia Militar, Luis Catros, o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), José Lima, o capitão da Marinha Ricardo Pilar, o secretário de Estado de Assistência Social, Pedro Fernandes, e o promotor do Ministério Público (MP) Paulo Roberto Cunha.

Após a solenidade de hasteamento das bandeiras do Brasil e do Estado do Rio na Vila do Pinheiro, cerca de 30 crianças seguiram até a base montada pelo Batalhão de Choque da PM no local e pediram para conhecer o veículo blindado, conhecido como Caveirão, por dentro. A viatura sempre foi encarada pelos moradores como maior símbolo da repressão policial nas comunidades.

O trabalho da polícia agora será conquistar a confiança e simpatia dos moradores. "A reação das crianças nos surpreendeu. Fomos recebidos com sorrisos e palmas", disse o comandante do Batalhão de Choque, tenente-coronel André Vidal.

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Um dos primeiros a entrar no Caveirão foi o estudante Renato Santos, de 13 anos. "Vimos muito ele (Caveirão) por aqui. Costumava entrar na comunidade em alta velocidade e muitas vezes dando tiro. A gente se assustava e corria. Mas hoje é diferente. Deu até vontade de entrar".

Os policiais do Batalhão de Choque montaram uma espécie de trincheira com sacos de areia e uma cobertura camuflada nas proximidades da base da Vila do Pinheiro. O objetivo é controlar a movimentação de pessoas e veículos no local e evitar ataques de traficantes à base. Outras duas trincheiras semelhantes serão instaladas pelo Batalhão de Choque no Morro do Timbau e na localidade conhecida como Ilha do Macaco.

Treze pessoas foram presas nesta manhã, durante a ocupação no Complexo de Favelas da Maré - entre elas Daiane Rodrigues, apontada como namorada do traficante Marcelo Santos das Dores, o Menor P, detido em apartamento em Jacarepaguá, na zona oeste, na quarta-feira (26), pela Polícia Federal. Com os casos de hoje, sobe para 118 o número de presos, desde 21 de março, quando teve o início a Operação Cerco, que preparou a ocupação.

Nesta manhã, a Polícia Militar apreendeu 452 quilos de maconha, submetralhadora, além de carregadores. A Polícia Rodoviária Federal recuperou duas motos e um Eco Sport roubados.

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Entre 21 e 29 de março, foram apreendidos sete fuzis, duas metralhadoras, 18 granadas, 33 pistolas e 10 revólveres, além de 15,4 quilos de cocaína, 37,7 quilos de maconha e 5 quilos de crack, entre outras drogas.

Hoje, no total, a PM prendeu quatro pessoas; a PF, cinco; e a PRF quatro - três com os veículos roubados mais uma pessoa que tinha mandado de prisão por estelionato.

Equipes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) realizam uma faxina na praça em que foram hasteadas a bandeira do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro e também nas principais vias da Vila do Pinheiro, no Complexo da Maré. Montanhas de lixo estão sendo retiradas com auxílio de caminhões caçamba e tratores. Garis também realizam a limpeza de um valão que passa ao lado da praça. Mas o trabalho será árduo: dentro do valão há sofás, colchões e grande quantidade de lixo e lama.

Alguns garis dizem que eram impedidos por traficantes de trabalharem em determinados pontos da favela. E que por isso a limpeza levará semanas. Além da Comlurb, outras empresas de serviços públicos também já estão na Maré, como a Light (concessionária de energia).

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O secretário de segurança do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame afirmou nesta manhã que a tranquilidade com que ocorreu a ocupação do conjunto de favelas do Complexo da Maré, na zona Norte do Rio, não surpreendeu. A operação durou 15 minutos e nenhum tiro foi disparado.

A incursão deve continuar nos próximos dias, e na sequência vem a fase chamada de "estabilização". Uma reunião entre Ministério da Defesa, Polícia Civil e Polícia Militar deve estabelecer, nesta semana, quando a área será repassada às Forças Armadas.

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A ideia, segundo Beltrame, é que o Exército entre na Maré no "curtíssimo prazo". "A partir da assinatura da GLO, a área fica sob total responsabilidade do exército. Alguns policiais permanecem, e o nosso trabalho de inteligência continua", afirmou Beltrame, referindo-se ao decreto presidencial de Garantia da Lei e da Ordem, que confere poder de polícia ao Exército.

O último balanço divulgado pelas autoridades mostra que 102 pessoas foram presas, 13 delas durante a ocupação, além de apreensões de drogas, armas e munições - inclusive de uso restrito. Durante a coletiva, mais uma prisão foi contabilizada.

Além da entrada do Exército, os planos de curtíssimo prazo preveem identificação dos pontos de maior necessidade dos moradores do complexo. O secretário de Estado de Assistência Social, Pedro Fernandes, disse que as primeiras ações envolverão a confecção de identidade, carteira de trabalho e outros documentos, incentivo às crianças para irem à escola e melhorias na iluminação pública e na rede de água e esgoto. "Criamos um comitê específico para isso, e a meta é de no máximo em 15 dias dar uma resposta a essas questões básicas", afirmou Fernandes.

Representantes da Anistia Internacional e da ONG Redes da Maré estão distribuindo panfletos com orientações aos moradores do Complexo da Maré para conscientizá-los de seus diretos e garantias individuais. Os panfletos alertam os moradores para denunciarem possíveis invasões de residências sem mandados judiciais e revistas truculentas pelas forças de segurança que ocuparam a região na madrugada deste domingo (30).

Após a cerimônia de hasteamento das bandeiras do Brasil e do Estado do Rio numa praça na Vila do Pinheiro, um membro da Cruz Vermelha soltou uma pomba branca para celebrar a paz. "Que as crianças e moradores tenham uma vida tranquila daqui para frente e que essa mudança traga mais educação, saúde e melhores condições de vida para todos da Maré", disse Gilberto de Almeida, da Cruz Vermelha.

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O comandante do Batalhão de Choque, tenente coronel Andre Vidal, disse que as forças de segurança foram bem recebidas pelos moradores. "Cumprimos o objetivo primeiro, que foi a tomada pacífica do terreno. A população nos recebeu com sorrisos e aplausos".

As favelas Parque União e Nova Holanda, até então dominadas pelo Comando Vermelho, ficarão ocupadas pelo Batalhão de Operações Especiais. As comunidades que eram controladas pelo Terceiro Comando Puro serão patrulhadas pelo Batalhão de Choque. Já as favelas Praia de Ramos e Parque Roquette Pinto, que eram dominadas por milicianos, ficarão sob a Polícia Rodoviária Federal, devido à proximidade com a superintendência da PRF. O esquema funcionará até o próximo fim de semana, quando todas as 16 favelas da Maré serão ocupadas pelo Exército.

A presidente Dilma Rousseff (PT) assinou, na noite desta sexta-feira (28), decreto que autoriza o emprego das Forças Armadas na Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro. De acordo com o Palácio do Planalto, o decreto presidencial será publicado na edição da próxima segunda-feira (31) do Diário Oficial da União (DOU). A GLO confere poder de polícia às Forças Armadas, isto é, autorização para patrulha, vistoria e prisões em flagrante.

Segundo o Ministério da Defesa, o período e o território de vigência da GLO, bem como o efetivo que será empregado na Maré, só serão divulgados após a publicação do decreto presidencial.

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Militares que participaram da preparação da ocupação, no entanto, dizem que o Exército entrará nas 16 favelas da Maré no próximo fim de semana. Na madrugada deste domingo (30), o complexo será ocupado por cerca de mil homens da Polícia Militar, que terão o apoio de blindados da Marinha e de Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants) da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Polícia Federal.

Depois que o controle do território for retomado pelas forças de segurança, apenas a PM permanecerá na região, realizando operações de busca a traficantes, armas e drogas. No próximo fim de semana, os PMs serão substituídos pelos militares do Exército, que patrulharão as comunidades até o segundo semestre, quando serão implantadas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na região.

Mandado de busca

A Justiça do Rio expediu mandado de busca coletivo em duas favelas da Maré (Nova Holanda e Parque União) durante a ocupação do complexo, que terá início na madrugada deste domingo.

A decisão da 39ª Vara Criminal se limitou a estas duas comunidades porque é resultado de um inquérito da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) da Polícia Civil que investiga, desde o início do ano, traficantes do Comando Vermelho que atuam na região.

Para evitar denúncias de abusos, a Justiça determinou que apenas delegados poderão entrar nas casas dos moradores para cumprimento do mandado de busca coletivo. Para isso, a Polícia Civil deve montar uma força-tarefa com 20 delegados, que deverão entrar nas duas favelas depois que a região for retomada pela PM e pela Marinha.

O Ministério Público Militar também planeja pedir à Justiça Militar a expedição de mandado de busca coletivo para permitir ao Exército vasculhar as residências de todas as 16 favelas da Maré, assim que o Exército entrar na região para substituir a PM. O mesmo ocorreu durante a ocupação dos complexos do Alemão e da Penha, em 2010.

O Exército ocupará o Complexo da Maré, na zona norte do Rio, no dia 7 de abril. A ação foi batizada de Operação São Francisco e contará com 1,5 mil militares, na primeira etapa, que patrulharão as ruas do entorno, enquanto policiais militares e civis entrarão no conjunto de favelas. Na segunda fase, 4 mil agentes das Forças Armadas (que inclui Marinha e Aeronáutica) e da Força Nacional de Segurança atuarão na comunidade, até a implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) prevista para o segundo semestre deste ano. Três batalhões da Brigada de Infantaria Paraquedista estão de prontidão para a ocupação da comunidade, que seguirá os mesmos moldes da operação no Complexo do Alemão.

O Exército já realizou operações na área nesta quarta. As ações, porém, não caracterizam o início da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que será usada na ocupação definitiva do conjunto de favelas. Para isso, ainda é preciso a publicação de um decreto presidencial. Até lá, as Forças Armadas só poderão atuar na Maré em missões de levantamento de área e serviços de inteligência, que já estão sendo feitos. Com a GLO as Forças Armadas terão poder de polícia e poderão fazer patrulhas, vistorias e prisões em flagrante.

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Cinco batalhões da Polícia Militar ocupam morros na zona norte do Rio desde a noite dessa sexta-feira (21). No Complexo da Maré, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Grupamento Aéreo do Comando de Operações Especiais (COE) ocupam as favelas Parque União e Nova Holanda para fazer uma "varredura" em busca de armas e drogas. Até as 10h deste sábado (22), não havia registro de confronto, prisão ou apreensão.

O Batalhão de Choque realiza operação no Morro do Chapadão, em Costa Barros, também em busca de armas e drogas que poderiam ter sido deixadas por bandidos que atuavam na região. Suspeitos já teriam sido presos e carros, motos e drogas teriam sido apreendidos.

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Já a operação no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, começou por volta das 20 horas de sexta. A favela fica na área do 41º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Irajá, que contou com o apoio do 9º BPM (Rocha Miranda) e 14º BPM (Bangu) para a ocupação.

Na sexta-feira, o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciaram o envio de tropas federais para ajudar na segurança pública da capital.

Em Madureira, um ônibus foi incendiado por cerca de 20 adolescentes encapuzados na Rua Pirapora, perto da Rua Conselheiro Galvão, também na noite de ontem.

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