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O ministro dos Portos, Edinho Araújo, esteve reunido na manhã desta terça-feira, 17, com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, para tratar do programa de escoamento de safra. Araújo disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que não há registros de problemas e que o escoamento é um "sucesso". Segundo ele, 97% dos caminhões que chegam aos portos estão agendados e a ocupação dos pátios tem variado entre 50% e 60%. O ministro garantiu, ainda, que o tempo de espera das cargas também foi reduzido.

"Em 2013, o tempo de espera era de 2 a 3 dias. Agora, caiu para 8 a 9 horas. Reduzimos o tempo de espera desses caminhões", disse. "Portanto, estamos economizando tempo, é um escoamento que está fluindo, fora problemas momentâneos, como greve e acidente", explicou.

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Araújo observou também que o andamento dos portos é acompanhado online e que o programa "Porto sem papel" tem funcionado adequadamente. "Está em pleno vigor, funcionando em todos os portos públicos. Estamos, agora, implantando nos privados", disse. "Tempo é dinheiro e é competitividade que estamos buscando", afirmou.

O governo busca firmar contratos de longo prazo com empresas especializadas em serviços de dragagem para manter a capacidade dos portos brasileiros de receber embarcações de grande porte. "Buscamos uma solução definitiva", disse ao Estado o ministro-chefe da Secretaria de Portos, Edinho Araújo. "Assim como fizemos concessões de rodovias, podemos fazer a concessão da malha líquida."

As concessões em dragagem e também em hidrovias foram anunciadas pela presidente Dilma Rousseff em seu discurso de posse. O ministro informou que o governo analisa modelos internacionais para definir a modelagem a ser aplicada no País. Uma possibilidade é conceder o serviço em um grupo de portos, o que permitirá às empresas utilizar os equipamentos numa espécie de rodízio. Outra possibilidade é fazer porto a porto.

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O governo tem enfrentado dificuldades para contratar serviços de dragagem para o Porto de Santos (SP). Na terça-feira, foi lançado o terceiro edital, cujas propostas devem ser entregues até março. As duas tentativas anteriores fracassaram. O governo não conseguiu ofertas na faixa de preço pretendida. O ex-ministro dos Portos César Borges chegou a falar na existência de um cartel. Desta vez, o prazo do contrato foi reduzido de três anos para 17 meses. Pelo serviço, o governo se dispõe a pagar R$ 378,5 milhões.

Outra novidade em preparação para o segundo mandato de Dilma é um plano de cabotagem para transportar cargas por navios entre os portos nacionais. Isso é visto como uma forma de reduzir custos de frete e desafogar as rodovias. O plano, em elaboração, pode envolver desoneração tributária para a construção de embarcações, admitiu o ministro. A falta de navios para cabotagem é um dos principais gargalos para desenvolvimento do serviço.

O governo chegou a elaborar, em 2013, um programa de estímulo para o setor. Mas nem chegou a anunciá-lo, por falta de espaço fiscal para estímulos tributários. Agora, os estudos foram retomados, em conjunto com o Banco Mundial. Edinho Araújo espera as conclusões em junho. Num ano difícil para os investimentos por causa do ajuste fiscal, dos eventuais racionamentos de água e energia e da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, a Secretaria de Portos é vista no governo como uma área capaz de gerar boas notícias. As investigações pouco atingem as empresas do setor, ao contrário do que ocorre nas áreas de rodovias, aeroportos e energia.

Araújo prometeu autorizar, até março, a prorrogação do contrato de arrendamento da Santos Brasil - que está para vencer em alguns anos, mas permite uma prorrogação. A empresa pretende investir R$ 3,126 bilhões na modernização de suas instalações. Esse contrato faz parte de um conjunto de quatro que estão sobre a mesa do ministro, com investimentos totais de R$ 6,5 bilhões. "Vamos dar celeridade a eles no primeiro semestre."

A nova Lei dos Portos permite a prorrogação antecipada dos contratos firmados após 1993, em troca de investimentos. Os pedidos são analisados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e submetidos à SEP. No momento, a agência analisa outros 23 pedidos, que somam R$ 4,7 bilhões em investimentos. Também resultado da nova lei, já foi autorizada a instalação de 38 Terminais de Uso Privado (TUPs), que somam investimentos de R$ 11 bilhões. Há mais 48 pedidos em tramitação, que somam R$ 12,9 bilhões.

Indicado ao cargo pelo vice-presidente da República, Michel Temer, e deputado eleito pelo PMDB de São Paulo, Araújo admite que a discussão sobre troca de comando nas companhias docas, subordinadas à pasta, é "inevitável". Segundo ele, os critérios serão "eficiência, competência e nenhum preconceito contra políticos". Em 2012, durante a discussão do novo marco regulatório dos portos, a politização das docas foi apontada pelo próprio governo como causa da má gestão do serviço no País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Tribunal de Contas da União (TCU) adiou, mais uma vez, decisão no processo de concessão de arrendamentos nos Portos de Santos (SP) e do Pará, que tramita na corte desde o final de 2013. O ministro Bruno Dantas pediu vista do caso na sessão plenária desta quarta-feira, 21. Sem a decisão, o governo segue impedido de leiloar as áreas.

Atualmente, o TCU discute recurso apresentado pela Secretaria Especial de Portos da Presidência da República contra decisão da Corte que impôs o cumprimento de 19 condições para publicação do edital. O governo questionou quatro dos 19 requisitos impostos pela ministra Ana Arraes - entre eles a definição de uma tarifa teto para os arrendamentos. As outras 15 condições, segundo avaliação do próprio TCU, já foram cumpridas.

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Em novembro, o ministro André Luís de Carvalho havia pedido vista do processo após o relator, ministro Aroldo Cedraz, ter aceitado os argumentos do governo. Nesta quarta-feira, a Corte retomou a discussão para votar a proposta formulada por Cedraz e pelo revisor, ministro Raimundo Carreiro. O tribunal, contudo, não chegou a se debruçar sobre o tema diante do pedido de vista.

Além do processo principal, há mais três casos a serem analisados pelo TCU sobre o arrendamento dos portos - um que questiona a avaliação da corte de que o governo cumpriu as 15 determinações impostas e outros dois relativos especificamente ao Porto de Santos.

Destacado pela presidente Dilma Rousseff como novo ministro da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP), o deputado Edinho Araújo (PMDB-SP) afirmou que, depois de três horas de conversa com técnicos e o atual titular da Pasta, César Borges, nesta terça-feira, 30, já tem "condições de iniciar os trabalhos". "Ele (Borges) me apresentou muito dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos, os relatórios, eu já tenho estudado um pouco e, portanto, temos condições de iniciar os trabalhos. É claro que é uma Pasta que exige muita atenção, cuidado, trabalho, e vamos fazer isso", afirmou.

O novo ministro disse que teve apenas uma conversa com Dilma, pouco antes de acertar a nomeação. A presidente, segundo ele, pediu foco na busca por investimentos no setor. "A presidenta procurou realçar que é preciso muito trabalho e que ela quer que o setor avance, destrave e melhore, considerando a importância dele dentro do contexto da nossa economia", disse.

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Araújo chega ao comando de Portos pela mão do vice-presidente Michel Temer. A pasta de Portos será o sexto ministério do PMDB no governo Dilma - o partido chefiava cinco Pastas até agora. De acordo com o novo ministro, sua chegada reforça a responsabilidade do PMDB no governo e exige bom desempenho para manter o espaço alcançado. "Eu sou um homem do PMDB nesse governo de aliança, de coalizão. Acho que fazendo um bom trabalho, espero que esse resultado vá ocorrer, o PMDB ganha com isso", considera.

Deputado federal no final do terceiro mandato e indo para o quarto período na Câmara, após reeleição em outubro, Araújo ainda estuda como será a ocupação dos cargos do segundo escalão do ministério pelo PMDB. "Estou tomando pé da situação e vamos fazer algumas alterações, sempre buscando gente competente e com espírito público", disse. "Acho que o PMDB ganha com trabalho. Essa é a minha responsabilidade".

Experiência

Edinho Araújo não tem experiência no setor portuário. Ele creditou a nomeação para a Secretaria de Portos ao histórico como deputado estadual e federal, além de prefeito das cidades paulistas de Santa Fé do Sul e São José do Rio Preto. "Eu sou político e não nego", disse. "Sou um político com sensibilidade para as questões sociais e com muita disposição de contribuir para a economia do País, ouvindo técnicos competentes. Procurarei me cercar de técnicos", indicou.

O novo titular de Portos acredita que irá compensar a falta de conhecimento técnico com a habilidade política para dialogar com prefeitos e governadores sobre novos projetos portuários. "A questão portuária no Brasil e a organização dos portos envolve mão de obra, capital, investimento e interage com municípios e Estados. E vamos fazer esse trabalho", disse.

O futuro ministro dos Portos, deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP), afirmou que existe "ceticismo" do setor em relação a sua nomeação para o cargo. O novo ministro disse que compreende a desconfiança diante da sua falta de experiência no segmento portuário. "Eu compreendo que haja uma certa preocupação e ceticismo por parte do empresariado do setor, porque não tem convivência comigo", reconheceu.

Araújo já foi deputado estadual em São Paulo por três vezes e, em outubro, foi eleito para o quarto período na Câmara. Ele foi também prefeito das cidades paulistas de Santa Fé do Sul e São José do Rio Preto. "Os empresários precisam procurar saber o meu histórico", disse.

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O ministro afirmou que pretende vencer a desconfiança escalando um corpo técnico "competente e com espírito público". Segundo ele, este será o caminho para atender à determinação da presidente Dilma Rousseff de buscar investimentos. "O objetivo é focar na modernização dos portos e dialogar com o setor privado", observou.

A prioridade será conversar com o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a Lei 12.815/2013, a MP dos Portos. O órgão federal de fiscalização avalia a nova legislação desde o ano passado, o que tem atrasado novos arrendamentos de áreas para novos portos. A expectativa do governo era ter conseguido em novembro a liberação do tribunal para rodadas de concessão, o que não se confirmou depois que o ministro André Luís de Carvalho pediu vista do processo. "Eu considero que agilizar, resolver e pacificar essa questão junto ao Tribunal de Contas é a principal prioridade", disse Araújo.

Sem o aval do TCU, a Secretaria de Portos não pode fazer o arrendamento de áreas no porto de Santos e em terminais do Pará. O embate entre o ministério e o tribunal começou depois que a ministra Ana Arraes impôs 19 alterações à proposta do governo de licitar áreas com base na Lei dos Portos. O ministério conseguiu se acertar com a ministra sobre 15 desses pontos, mas o principal deles ficou pendente: a fixação de tarifa teto para as licitações.

O novo ministro irá apelar para o argumento de que o tribunal deve, agora, acelerar a análise da matéria para evitar o represamento de aportes privados em projetos importantes para o comércio exterior brasileiro. "Vou solicitar audiências e conversar com os ministros para que possamos desobstruir (os investimentos). Eu tenho absoluta convicção que o tribunal é sensível à importância desta lei e que é preciso termos todos um entendimento comum para destravar a competitividade e a própria economia. Acho que ninguém é contra, o que precisamos é encontrar os pontos de convergência", considerou.

O ministro da Secretaria de Portos, César Borges, disse nesta quarta-feira (12), que o governo aguarda há mais de um ano a liberação dos estudos portuários enviados ao Tribunal de Contas da União (TCU). A demora do tribunal em liberar esses estudos, disse o ministro, tem retardado o processo de arrendamento de novas áreas portuárias. Atualmente, o TCU está avaliando o primeiro de quatro blocos de áreas para serem arrendadas, envolvendo o Porto de Santos (SP) e portos do Pará. "Tem mais de um ano que esses estudos são analisados pelo TCU sem nenhuma decisão", criticou.

Cartel em dragagem

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O ministro também chamou atenção para as dificuldades que o governo tem enfrentado na contratação de serviços de dragagem, ou seja, a retirada de sedimentos do fundo de terminais portuários. Segundo o ministro, as poucas empresas que atuam no setor "se aproximam muito de um cartel". Borges citou como exemplo a dificuldade para contratação de serviços previstos no Porto de Santos. "Santos está indo para a terceira tentativa de contratação de dragagem. Já fizemos duas licitações, mas as empresas não apresentam preço compatível", disse o ministro, que participa nesta quarta do 1º Encontro da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), em Brasília.

A conclusão das obras de ampliação do Canal do Panamá, prevista para o ano que vem, tem provocado uma corrida por modernização e ampliação dos terminais de contêineres. Com a abertura das eclusas, as companhias de navegação terão à disposição uma nova geração de navios de grande porte para circular pela costa brasileira.

Nem todos os portos, entretanto, terão infraestrutura adequada para receber essas megaembarcações, com 366 metros de comprimento e 51 metros de largura. Alguns até poderão permitir a atracação no cais, mas a produtividade poderá cair. Um terminal que hoje recebe dois navios de 250 metros, por exemplo, só terá espaço para uma embarcação. Por isso, os donos de terminais de contêineres já estão com projetos prontos para ampliar e reforçar o cais, aprofundar o berço de atracação e comprar equipamentos maiores, como os portêineres com lança de alcance de até 52 metros.

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As empresas que têm direito à renovação dos contratos de arrendamento estão incluindo a adequação dos terminais nos projetos apresentados para o governo federal. Pela nova lei dos portos, aprovada em 2013, os terminais que têm cláusula de renovação dos arrendamentos poderão pedir a antecipação desde que apresentem um projeto de expansão.

Há hoje na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) cerca de 20 pedidos para renovação antecipada dos contratos. Sete já seguiram para aprovação da Secretaria de Portos (SEP), que tem meta de avaliar todos até o fim deste ano. Mas o órgão alerta que o cronograma é preliminar. Alguns processos são mais complexos que outros e podem demandar mais tempo de análise, afirma a secretaria.

O presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, destaca que, no total, são 40 pedidos entre renovação antecipada e ampliação de área (sem renovação de contratos). Se aprovados, os planos representarão investimentos de R$ 7 bilhões no setor, afirma o executivo. "Mas o processo está muito devagar, muito burocrático."

Entre os pedidos em análise na SEP estão o do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) e o Tecon da Santos Brasil. Antonio Carlos Duarte Sepúlveda, diretor-presidente do terminal santista, o maior do Brasil, diz que o programa apresentado pela empresa prevê investimentos de R$ 1,1 bilhão durante quatro ou cinco anos.

O plano inclui a compra de oito novos portêineres (guindastes sobre trilhos que embarcam e desembarcam contêineres) de 52 metros, expansão do cais e aprofundamento do berço de atracação para 17 metros. "Além disso, queremos aumentar a capacidade do ramal ferroviário. Hoje, o transporte pelos trilhos tem participação de apenas 5% no terminal. É muito pouco. O mundo trabalha com 30%", afirmou.

Sepúlveda destaca que a inauguração do Canal do Panamá e a chegada de grandes navios representa um grande marco para o setor. Como o volume de carga em contêineres está aumentando, até mesmo na área de grãos, a circulação de grandes embarcações significará melhora na produtividade dos terminais - no Tecon de Santos, o índice médio está em 108 contêineres movimentados por hora.

Além de adequar o terminal aos grandes navios, o plano da Santos Brasil tem o objetivo de fazer frente aos novos concorrentes, que estão no seu calcanhar: a Brasil Terminal Portuário (BTP) e a Embraport, inaugurados em 2013, em Santos. A BTP, que tem como sócios a dinamarquesa Maersk e a suíça MSC, ultrapassou o Tecon em movimentação em setembro - no ano, o Tecon ainda é líder. Além disso, BTP e Embraport já nasceram adaptadas aos padrões dos grandes navios.

Expansão

O Grupo Libra, que também sente os reflexos da concorrência com os dois novos terminais, espera autorização da SEP para um projeto de expansão de quase R$ 800 milhões. Em Santos, a Libra Terminais tem três áreas, sendo que uma delas vence em setembro do ano que vem. As demais, em 2018 e 2020.

Nesse caso, no entanto, o plano ainda depende de acordo sobre uma dívida antiga da Libra com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos. "Mas acreditamos que até o fim do primeiro trimestre tenhamos uma resposta", diz o diretor da Libra, Roberto Teller.

Em operação desde 2011, o Porto Itapoá, em Santa Catarina, é um dos mais novos terminais de contêineres do País, mas também já tem pedido de expansão da área em análise na Antaq. O diretor do terminal, Marcio Guiot, afirma que a expectativa é iniciar em 2015 as obras que vão quadruplicar a capacidade atual.

A expansão será dividida em duas fases, somando R$ 1 bilhão de investimentos. Quando concluídas as obras, o terminal terá capacidade para movimentar 2 milhões de teus (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). O atual cais, de 630 metros de comprimento, passará a ter 1.200 metros; e o pátio, de 156 mil metros quadrados, será aumentado para 450 mil metros quadrados.

"Esperamos iniciar nossa expansão de berço e área e compra de equipamentos maiores no primeiro trimestre de 2015", diz Guiot.

Na avaliação do consultor da Porto Assessoria, Nelson Carlini, também presidente do Conselho de Administração da Logz (formada por fundos de investimentos administrados pela BRZ), os terminais de contêineres melhoraram bastante nos últimos anos, investindo em máquinas novas e treinamento. "O problema é a baixa profundidade do canal de acesso marítimo." Manteli completa: "Os terminais fazem a movimentação rápida, mas os navios demoram para entrar e sair por causa das limitações no acesso. O governo precisa fazer a parte dele". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Do alto dos 76 metros de altura do superguindaste chinês comprado pelo Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), a imagem é de um Lego gigante, em que as peças são movimentadas sem parar de um lado para o outro. De baixo, o cenário é aparentemente caótico, com contêineres coloridos espalhados por todos os cantos, ruas imaginárias e caminhões indo e vindo num ritmo frenético. Mas essa operação, que para um leigo seria traduzida como bagunça, é estrategicamente calculada - e organizada - para economizar tempo. Nesse mercado, ganha quem consegue encher ou esvaziar um navio em menos horas.

Desde que assumiu o comando do TCP, no Porto de Paranaguá (PR), há três anos, Luiz Antônio Rodrigues Alves transformou essa tese num mantra dentro da empresa. Primeiro, investiu pesado na expansão e modernização do terminal. Depois, estabeleceu um plano de carreira para os funcionários - são 800 no total - e criou bônus para quem melhorasse os índices individuais de produtividade. "Hoje todos sabem quais os objetivos a serem alcançados no dia para ter o seu bônus. As pessoas ficaram mais motivadas."

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A estratégia deu tão certo que a movimentação média mensal de contêiner por hora cresceu 183% no período. Em 2010, antes de o fundo Advent International comprar 50% do TCP, o índice era de 30 movimentos por hora. Hoje está em 85 movimentos. Isso significa que um navio com 900 contêineres (450 para desembarcar e 450 para embarcar) demorava 30 horas no cais e agora, 11 horas. "Essa redução do tempo significou uma economia de R$ 120 milhões por ano para toda a cadeia", afirma Alves.

Ele explica que o tempo de espera de uma embarcação no cais virou o principal argumento de um terminal na disputa por novos clientes. "Cada hora de um navio parado tem um custo de US$ 6 mil. Nossa missão é atendê-lo da forma mais rápida possível. Quanto menos tempo o navio ficar atracado melhor", afirma o presidente executivo do TCP, que tem como principais concorrentes os modernos terminais de Itapoá e Navegantes, em Santa Catarina. "Na região, a competição entre os terminais é ferrenha", afirma o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli.

Ranking

Hoje, o TCP está em segundo lugar no ranking dos maiores terminais de contêineres do País, abaixo apenas da Santos Brasil. Para alcançar a vice-liderança, a empresa investiu R$ 365 milhões na expansão do cais e na compra de novos equipamentos. Entre portêineres, RTGs, reach stacker, caminhões e scanners, equipamentos modernos usados dentro do terminal para movimentar os contêineres, a empresa soma 104 máquinas - eram 30 equipamentos antes da ampliação.

A empresa também reforçou o volume de carga que chega no terminal pelos trilhos, com a construção de uma linha paralela à existente. Isso permite que mais de um trem entre no terminal ao mesmo tempo para descarregar. Cerca de 23% de toda carga de exportação do TCP é transportada por ferrovia - na Santos Brasil, a participação é de 5%. A meta para o ano que vem é ampliar em 40% o volume de contêineres movimentados por ferrovia. "Isso representará 100 caminhões a menos nas estradas por dia", diz Alves.

Os investimentos, concluídos em meados deste ano, quase dobraram a capacidade do terminal, de 800 mil para 1,5 milhão de teus (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Mas os avanços não devem parar por aí. Antes mesmo de concluir o programa de expansão, o TCP já tinha um pedido para aumentar sua capacidade.

Trata-se do processo de renovação antecipada da concessão do terminal, que está associada a um programa de investimentos. O marco regulatório do setor portuário, aprovado no ano passado, condicionou a prorrogação dos contratos a um plano de expansão dos terminais, que será aprovado ou não pelo governo federal. A proposta do TCP, que teria mais 25 anos de concessão a partir de 2024, já passou pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e está em análise na Secretaria de Portos (SEP).

O programa do TCP prevê investimentos de R$ 1,1 bilhão, sendo R$ 540 milhões aplicados até 2018. O objetivo é adequar o terminal à frota de navios de 360 metros de comprimento, diz Alves. "Isso implica maior profundidade do canal de acesso marítimo, maior extensão do cais e equipamentos maiores."

Segundo ele, com o projeto, o cais de atracação ganhará mais 220 metros, passando para 1.099 metros de extensão. A retroárea, essencial para a movimentação e armazenagem dos contêineres, subirá de 320 mil metros quadrados para 500 mil metros quadrados. Com isso, a capacidade do terminal saltará para 2,5 milhões de teus.

"Hoje tenho capacidade de movimentação, mas não consigo receber grandes navios. Por isso, operamos com uma capacidade ociosa grande para garantir ao cliente que sua carga será embarcada (ou desembarcada) no menor tempo possível", diz Alves. Na avaliação dele, os terminais terão de ficar cada vez maiores para atender os navios mais rapidamente. "Os terminais brasileiros ainda são muito pequenos comparados ao resto do mundo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Comissão Portos, entidade que representa empresas operadoras e usuárias dos terminais portuários, avalia mover uma ação direta de inconstitucionalidade contra o novo marco legal do setor, aprovado em 2013, por ferir o preceito do acesso universal ao trabalho.

A nova Lei dos Portos determina que todas as contratações de empregados sejam feitas por intermédio dos Órgãos Gestores de Mão de Obra (Ogmos), uma instância que recruta e aloca trabalhadores. Até então, os terminais davam preferência aos cadastrados nesses órgãos, mas também podiam recrutar no mercado.

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Mauro Salgado, presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), enxerga um potencial aumento de custo dos trabalhadores. Ele explica que, podendo contratar diretamente e mantendo um quadro estável, o terminal treina seus trabalhadores e ganha produtividade, o que significa menor preço.

Essa garantia, avalia, não existe se há uma intermediação e o uso de trabalhadores avulsos. "A contratação com carteira assinada é uma evolução natural e desejável", afirma Salgado. "É a desprecarização do trabalho." Outro problema é que deve aumentar a base de trabalhadores cadastrados nos Ogmos, diz a Fenop. E esses organismos garantem uma renda mínima aos integrantes de sua base. "Esse é um custo adicional que teremos de carregar", diz Salgado.

Questionada, a Secretaria de Portos não se manifestou. Dentro do governo, a avaliação é que esse debate só deverá avançar a partir de 2015, já sob o novo governo. As estimativas da Comissão Portos indicam que, em três anos, o contingente de trabalhadores contratados por intermédio dos Ogmos esteja em 31 mil, o mesmo nível de 1999. Atualmente, são 23 mil.

"O problema é que os Ogmos às vezes montam equipes superdimensionadas, que o operador não acha necessário", explica o presidente executivo da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), Luis Henrique Teixeira Baldez. "Isso pode aumentar o custo." Por enquanto, porém, não houve impacto significativo nas tarifas, segundo ele.

Equilíbrio

"Os operadores querem contratar livremente, e com isso não vamos concordar", diz o presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP), Eduardo Guterra. Ele avalia que a nova lei criou uma situação de equilíbrio entre empresas e trabalhadores. O principal avanço, segundo o sindicalista, é um programa de treinamento da mão de obra portuária que já está em andamento.

O sindicalista rebateu a afirmação de que o trabalhador portuário avulso tenha uma situação precária em comparação àquele com carteira assinada. "Ele paga Imposto de Renda, INSS, tudo", disse. "É como se o Ogmo tivesse assinado a carteira dele." O superdimensionamento de equipes tampouco existe, segundo Guterra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Secretaria de Portos, César Borges, avalia que há grandes oportunidades de negócios para empresas chinesas no setor portuário brasileiro. O ministro acompanhou almoço no Palácio Itamaraty, em Brasília, entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente da China, Xi Jinping. "Estamos há algum tempo conversando com chineses na área de infraestrutura, particularmente em ferrovias. Eu já tinha visitado a China, e a própria presidente Dilma vem comandando esse processo, então espero que os chineses venham participar desse esforço de infraestrutura", comentou Borges, ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. "Seria estratégico para eles participar desse setor de logística no Brasil. Estamos começando uma conversa (em portos)."

De acordo com o ministro, os chineses podem ter interesse em participar do processo de modernização dos portos e investir na construção de terminais de uso privado (TUPs). Borges disse que iria receber (na Secretaria) uma empresa chinesa que já trabalha com o Brasil em dragagem. "É uma área em que a cooperação pode aumentar e muito", comentou o ministro, que não citou o nome da empresa. A reunião não consta na agenda oficial do ministro.

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Mais cedo, em declaração à imprensa, o presidente da China, Xi Jinping, disse que o país está disposto a "conduzir com o Brasil cooperação estratégica na construção de ferrovias e obras de infraestrutura para elevar o nível da nossa cooperação em todos os aspectos".

O governo deve aprovar em breve a renovação antecipada dos contratos de dois arrendamentos no Porto de Santos, disse o ministro da Secretaria Especial de Portos (SEP), Antonio Henrique Silveira. Segundo ele, está em fase final a análise dos pedidos para os terminais da Ageo e da Copape Terminais e Armazéns, ambos no Porto de Santos.

"Estamos em tratativas com os interessados exatamente para fazer os ajustes finais das propostas, de forma que elas fiquem robustas. Acreditamos que, em um prazo relativamente curto, tudo será equacionado e o aditivo poderá ser assinado", afirmou.

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A aprovação para os dois primeiros pedidos foi recomendada à SEP pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). De acordo com o diretor-geral do órgão regulador, Mário Povia, outras seis propostas devem ser liberadas até o fim de junho. Em seguida, elas seguem para análise da secretaria.

A renovação antecipada dos contratos é uma tentativa do governo para destravar investimentos na área portuária. Desde o lançamento do programa, em dezembro de 2012, nenhum arrendamento foi concedido à iniciativa privada. Os estudos para a concessão de áreas nos Portos de Santos e no Pará estão parados no Tribunal de Contas da União (TCU).

Reunião

Para evitar que essa iniciativa também atrase, o governo se preveniu. De acordo com Silveira, as conversas com o TCU sobre a renovação antecipada dos arrendamentos já começaram. "Isso está andando de forma bastante adequada, inclusive já tivemos reunião com o TCU e expusemos as nossas prioridades."

Cerca de 20 contratos estão em análise e podem ser prorrogados antecipadamente. São concessões mais recentes, posteriores a 1993, data da legislação portuária vigente antes do novo marco, aprovado no ano passado.

Já a concessão dos arrendamentos mais antigos, anteriores a 1993, permanece paralisada. Silveira defendeu o governo das críticas de atraso e disse a liberação cabe ao TCU.

Rigidez

Segundo ele, as observações feitas pelo tribunal a respeito dos estudos foram respondidas na segunda quinzena de março. O ministro criticou a rigidez do órgão em relação ao processo. "Se o assunto já tivesse sido deliberado pelo TCU em abril, já teríamos isso resolvido", afirmou.

"Pela primeira vez em minha experiência de interação com o TCU, foram feitas 19 determinações", afirmou, qualificando a experiência como "extrema".

Os estudos foram relatados pela ministra Ana Arraes, mãe do pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos. Nos bastidores, a avaliação é que a discussão foi politizada, pois o marco retira dos Estados a prerrogativa de leiloar áreas, transferindo-a para a União. Assim, o governo pernambucano perderia o direito de comandar o Porto de Suape, por exemplo.

O investimento bilionário feito pelo governo federal nos últimos anos não foi capaz de ampliar a capacidade da maioria dos portos para receber a nova geração de navios. Sem manutenção adequada, alguns portos já perderam o ganho obtido com a dragagem de aprofundamento, que custou R$ 1,6 bilhão aos cofres públicos, segundo dados da Secretaria de Portos (SEP).

Cada um centímetro perdido na profundidade do canal significa deixar de carregar, por exemplo, oito contêineres (ou R$ 24 mil) por navio. Quanto maior a profundidade de um porto maior é o tamanho das embarcações que podem atracar nele - ou seja, mais produtos podem ser carregados numa única viagem e menor tende a ser o custo logístico.

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As limitações, no entanto, têm afetado portos como Santos (SP), Salvador (BA), Itapoá (SC) e Rio Grande (RS), entre outros. Quase todos passaram por obras do Programa Nacional de Dragagem (PND), lançado em 2007 para adequar os portos à nova frota de navios. Pelas regras da época, o governo federal ficava responsável pela dragagem de aprofundamento e as Companhias Docas, que administram os portos, fariam a manutenção. "Mas o resultado não foi o esperado", afirma o secretário de infraestrutura portuária da Secretaria de Portos, Tiago de Barros Correia.

Segundo ele, o PND I foi um aprendizado, com alguns casos emblemáticos de contratos, problemas de execução da obra e dificuldades de homologação da nova profundidade. No Porto de Rio Grande, por exemplo, a dragagem dos canais ainda não trouxe grandes resultados.

As novas profundidades obtidas com a obra não foram homologadas pela Marinha, o que significa limitar a entrada de navios maiores no porto. Segundo a administração de Rio Grande, a homologação só deve ocorrer no segundo semestre de 2014.

Risco

"O governo investiu pesado para ampliar a capacidade do porto, mas com a falta de homologação, as áreas correm o risco de assorearem novamente", afirma o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli. O próximo a aguardar a homologação da Marinha é o Porto de Santos, que teve de refazer a dragagem depois que uma ressaca assoreou o canal de acesso e reduziu o calado (distância da lâmina d’água até a quilha do navio) dos navios que atracam no estuário de 13,2 de até 12,3 metros.

A dragagem feita de forma emergencial foi concluída semana passada. A profundidade do canal foi para 15 metros, mas, para garantir a segurança, o calado autorizado tem de ser, pelo menos, 10% menor que a profundidade. A nova medida, no entanto, ainda dependerá de aprovação da Marinha. Neste momento, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) está fazendo a batimetria do canal, que deve durar três semanas, e só depois o relatório será enviado para a Marinha.

Segundo Correia, da SEP, a dificuldade de homologação tem sido decorrente da falta de profundidade linear das áreas dragadas. "Como as máquinas são grandes, não conseguem entregar todas as áreas com 15 metros exatos, por exemplo. Alguns locais podem ter 16 metros, outros 14,9 metros. Por isso, a Marinha não homologa a nova profundidade."

Para um executivo do setor, que prefere não se identificar, as batimetrias realizadas no País fogem dos padrões recomendados pela Organização Hidrográfica Internacional (OHI, na sigla em inglês). "Sendo assim, é natural que a Marinha não abra mão da segurança, que é o que se espera dela."

Os problemas nos portos, no entanto, vão além da demora na homologação. Há um descompasso entre a profundidade dos terminais e dos canais de acesso - o que significa que os navios têm de obedecer à medida mais baixa. Em Santos, os berços de atracação tem profundidade que varia de 11,5 a 14 metros - o canal tem 15 metros.

Em Salvador e Aratu, a dragagem foi contratada para elevar a profundidade para 15 metros. "Mas a obra não foi completa e os usuários continuam reivindicando melhorias. Apenas um berço teve ampliação da profundidade para 13,9 metros. Os demais continuam com medidas entre 8 e 12 metros", afirma o diretor executivo da Associação dos Usuários de Portos da Bahia (Usuport), Paulo Villa. O secretário da SEP explica que houve casos, no PND I, em que a responsabilidade pela dragagem dos berços era da iniciativa privada ou das Companhias Docas.

No Porto Itapoá, em Santa Catarina, a situação é contrária: o berço de atracação tem 16 metros, mas o canal de acesso não passa dos 14 metros. A limitação fica ainda mais grave devido a uma restrição numa curva de 90 graus no canal que só permite navios com calado de 11 metros, explica o diretor do porto, Márcio Guiot. Assim, o terminal é obrigado a reduzir o calado dos navios que atracam em seu cais para 11 metros. Ou seja, os benefícios de se ter uma profundidade natural elevada estão perdidos.

O terminal privado, um dos mais modernos do País, está localizado na Baía da Babitonga, onde também há o porto público de São Francisco do Sul, que foi beneficiado pelo PND I. "Precisamos de uma readequação da largura do canal e uma suavização da curva. Eliminando as restrições, o ganho por navio poderia chegar a R$ 4,8 milhões", afirma Guiot. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Caso a presidente Dilma Rousseff seja reeleita, o governo vai discutir a partir do próximo ano a possibilidade de privatizar em um único bloco portos administrados pelo poder público, em um modelo semelhante ao anunciado no fim de 2012 para os portos de Ilhéus, na Bahia, e de Imbituba, em Santa Catarina.

A informação foi dada nesta sexta-feira, 4, em Washington pelo ministro dos Portos, Antonio Henrique Silveira, durante encontro com potenciais investidores. "Temos trabalho em dois portos pequenos, em Santa Catarina e na Bahia, e em 2015 essa questão vai voltar em um debate mais aberto", disse Silveira, sem mencionar as operações que poderiam ser concedidas de maneira integral para a iniciativa privada.

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O ministro participou de encontro com representantes de empresas do setor promovido pelo Brazil-US Business Council. Antes de Washington, ele esteve no Panamá, no Fórum Econômico Mundial sobre América Latina.

Nos dois eventos, ele apresentou o atual plano de modernização dos portos, que prevê o arrendamento de áreas dentro de cada unidade, mas não a concessão integral a um operador. Por enquanto, os únicos casos em que este modelo pode ser adotado são os de Ilhéus e Imbituba. O primeiro pode ser concedido ainda este ano, enquanto o segundo está em fase de estudos, afirmou Silveira.

Por enquanto, o governo pretende licitar 159 áreas em 25 portos, que atrairiam investimentos de R$ 17,2 bilhões até 2017. Outro programa prevê a autorização para construção e exploração de terminais privados de carga. Desde dezembro, foram realizadas 18 licitações, no valor de R$ 8 bilhões. "Recebemos novos pedidos continuamente, que são processados de maneira automática."

Silveira disse esperar que o Tribunal de Contas da União (TCU) dê sinal verde dentro de duas semanas para o início das licitações de arrendamento das 159 áreas. "Falei com os técnicos do tribunal na semana passada e eles me informaram que já concluíram o relatório final e que os prospectos são positivos." Mas o ministro reconheceu que não há garantia de que suas expectativas se cumprirão.

Se a decisão sair em duas semanas, o leilão de arrendamento de áreas do porto de Santos poderá ser realizado em maio, estimou Silveira. Esse é o primeiro projeto da fila do programa de concessões, lançado há um ano e três meses. O do Pará viria cerca de um mês depois.

Mas o otimismo de Silveira pode ser exagerado. Segundo reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" na terça-feira com base em conversas com auxiliares da presidente Dilma Rousseff, o próprio Palácio do Planalto duvida que o programa avance neste ano.

Os processos estão suspensos, à espera de decisão do TCU sobre as licitações dos portos de Santos e Pará e sobre um questionamento mais amplo relativo à suspeita de favorecimento da Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP), empresa contratada para desenvolver os projetos de concessão.

Não é só o Tribunal de Contas da União (TCU) que tem restrições às propostas do governo para as licitações de área em portos públicos. O setor privado também criticou duramente o desenho para os portos do Pará, de Paranaguá e de Salvador. Motivo: nos três casos, os projetos previam uma capacidade menor do que a projetada pelas empresas que atuarão nos portos.

No caso do Pará, houve até uma moção contrária aprovada na Câmara de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura. O projeto elaborado pela Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP) não levou em conta o que a cadeia do agronegócio havia planejado para a região. Depois da pressão, o governo recuou e redesenhou os arrendamentos no Estado.

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A mesma polêmica surgiu nos portos de São Sebastião (SP), Paranaguá (PR), Salvador (BA) e Aratu (BA), que compõem o Bloco 2 de licitações. A EBP foi novamente acusada de subdimensionar os terminais e não levar em conta as sugestões de quem já opera na área.

Para esses, o processo recomeçará do zero, por determinação do TCU. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) espera iniciar em abril as audiências públicas.

Adiantar o serviço

A intenção do governo é ir adiantando a conversa com os interessados, enquanto espera a decisão do TCU sobre Santos e Pará. Assim, os futuros estudos e editais já serão formatados conforme as orientações do tribunal.

O governo espera iniciar em maio as audiências públicas para leiloar 36 áreas no Nordeste e no Norte do País. O porto de Suape (PE) está nesse bloco, assim como Maceió (AL), Recife (PE), Cabedelo (PB), Itaqui (MA) e Santana (AP).

As críticas ao trabalho da EBP levaram o governo a mudar procedimentos para elaborar estudos que embasam concessões. No Ministério dos Transportes, responsável pelos leilões de rodovias e ferrovias, adotou-se o Processo de Manifestação de Interesse (PMI), no qual as empresas se candidatam a formular os estudos.

A diferença em relação ao que acontecia anteriormente é que, agora, a intenção de contratar estudos para determinada concessão é divulgada mais amplamente, dando oportunidade de participação a um número maior de empresas. Para elaborar os estudos da concessão da BR-163 de Sinop (MT) a Miritituba (PA), por exemplo, apareceram 20 candidatos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um ano e três meses após seu lançamento, o programa de concessões de áreas em portos públicos continua encalhado. Os leilões de áreas nos portos de Santos (SP) e do Pará, os primeiros da fila, não têm nem previsão de data para começar. O processo está pendente de decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) desde janeiro deste ano, envolto numa mistura de dúvidas técnicas, suspeitas de favorecimento e politização.

É um cenário difícil, a ponto de a presidente Dilma Rousseff avaliar, segundo auxiliares, que o programa não avançará este ano. Essa visão é compartilhada por outros membros da equipe. Oficialmente, o governo não jogou a toalha. O ministro dos Portos, Antônio Henrique Silveira, tem dito que será possível realizar os primeiros leilões ainda no primeiro semestre de 2014. Para isso, porém, dependem da boa vontade do TCU.

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"A demora é ruim para o País", disse o presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli. O governo estima que as áreas de portos públicos, uma vez licitadas, vão mobilizar investimentos de R$ 17,2 bilhões.

Os leilões de Santos e Pará aguardam três decisões do tribunal: duas referentes às licitações propriamente ditas e uma sobre a suspeita de tratamento privilegiado à Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP), contratada para fazer estudos e projetos de todos os portos a serem licitados. Sem sinal verde para os três, avaliam os técnicos, é impossível prosseguir.

Restrições

As duas primeiras são consequência de uma decisão tomada pelo TCU em dezembro. Naquele mês, o plenário aprovou um relatório da ministra Ana Arraes sobre os estudos econômicos que embasam as licitações nos portos de Santos e Pará, o chamado Bloco 1. Ela fez 19 restrições que, na prática, inviabilizaram os leilões.

O governo, então, decidiu reagir. Considerou que quatro dos 19 pontos não tinham consistência e recorreu. Com isso, foi criado um novo processo para tratar só dos recursos, cuja relatoria está com o ministro Aroldo Cedraz. Paralelamente, foram apresentadas explicações para os outros 15 pontos levantados por Ana Arraes em janeiro. As respostas ainda estão em exame na área técnica. Só depois serão encaminhadas à ministra.

Questionado, o tribunal informou que a questão dos portos tem recebido tratamento prioritário. Porém, não é possível prever prazo para a votação dos processos em plenário.

O terceiro problema é o questionamento à escolha da EBP - empresa privada, formada por bancos, que monopolizou os estudos dos portos, aeroportos e rodovias do programa de concessões. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo em outubro.

O processo, que discute a atuação da EBP só em portos, entrou na pauta de votações quatro vezes, mas não houve decisão. Houve três pedidos de vista. Na quarta-feira, o processo foi retirado da pauta. Na ocasião, o ministro Raimundo Carrero avisou que, quando retornar, será sua vez de pedir vista.

Eleições

Para o governo, o processo foi politizado. Ana Arraes é mãe do governador Eduardo Campos (PSB), pré-candidato à Presidência. Em 2012, quando o governo propôs um novo marco regulatório para os portos, ele foi contra. A causa foi um dispositivo que centralizou no governo federal a tarefa de licitar as áreas nos portos. Até então, isso ficava a cargo dos Estados. E o Porto de Suape, o principal de Pernambuco, está no terceiro lote de áreas a serem colocadas em leilão.

Para os auxiliares de Dilma, a maior prova da politização é que a equipe de Ana Arraes, ao preparar seu relatório, deu à licitação dos portos um tratamento mais rigoroso do que o sugerido pela área técnica do TCU. Normalmente, o que ocorre é o contrário: os técnicos pesam a mão e os ministros, políticos, amenizam as restrições.

O TCU informa que essa não é a primeira vez que um ministro endurece o parecer dos técnicos. Diz, ainda, que a ministra Ana se baseou em critérios puramente técnicos ao elaborar seu voto. Para Manteli, da ABTP, o governo economizaria tempo se dialogasse com o Tribunal de Contas da União antes de colocar os estudos para as licitações em audiência pública. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Sob pressão do Tribunal de Contas da União (TCU) e de decisões judiciais liminares, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) decidiu ontem, em reunião extraordinária da diretoria, fazer novas consultas, audiências públicas e adaptar os estudos para concessão e arrendamento das áreas e instalações portuárias em Paranaguá (PR), Salvador, Aratu (BA) e São Sebastião (SP).

Alvos de intensa disputa de bastidores, esses portos estão incluídos no segundo lote de licitações portuárias, lançado para consulta pública no início de outubro de 2013.

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TCU. A medida da Antaq tenta antecipar-se às condicionantes exigidas pelo TCU nos estudos técnicos apresentados para o primeiro lote de concessões nos portos de Santos e do Pará. Em dezembro, o plenário do tribunal listou 19 questionamentos técnicos ao analisar a licitação do chamado bloco 1.

A revisão, que deve incluir alterações em editais, minutas jurídicas e contratos de concessão, deve implicar um atraso no cronograma original das concessões. Após novas consultas e audiências públicas, todos os documentos terão de ser submetidos e aprovados pelo TCU. Estima-se uma demora de pelo menos três meses no procedimento burocrático.

Em breve nota, a Antaq informou ontem ter revogado o processo. O programa de investimento nos portos, lançado pelo governo em meados de 2013, previa aportes totais de R$ 54,2 bilhões - R$ 31 bilhões até 2015. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O processo de licitação de áreas públicas no Porto de Paranaguá sofreu, na quinta-feira (20), uma derrota parcial na Justiça Federal. Decisão liminar do juiz Itagiba Catta Preta Neto, obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo, determinou à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) receber, analisar e responder a todos as sugestões enviadas pelas 36 empresas associadas ao Sindicato dos Operadores Portuários do Paraná (Sindop) durante o processo de audiência pública no Paraná, encerrado em 25 de outubro de 2013.

A decisão do juiz da 4ª Vara Federal do Distrito Federal também obriga a Antaq a apresentar as respostas antes de enviar ao Tribunal de Contas da União (TCU) as minutas de editais e contratos de concessão das áreas de Paranaguá.

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Na prática, a liminar favorável ao mandado de segurança coletivo apresentado pelos operadores paralisa o processo de licitação do segundo bloco de áreas e instalações portuárias, que inclui ainda os terminais de Salvador, Aratu e São Sebastião. Enquanto não responder, a Antaq não poderá tocar a concessão de Paranaguá.

A licitação das áreas do Porto de Paranaguá tem enfrentado a oposição de usuários, operadores e trabalhadores desde a audiência pública. Descontentes com os estudos feitos pela Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP), consultoria criada pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros oito bancos, os integrantes do Conselho da Autoridade Portuária de Paranaguá mobilizaram apoio político para impedir os leilões.

O lobby contra os leilões se tornou parte do embate pré-eleitoral entre o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), e sua adversária, a ex-ministra da Casa Civil e senadora Gleisi Hoffmann (PT). De lá para cá, o governo federal tentou endurecer o jogo, e o governo do Paraná ameaçou questionar o leilão na Justiça.

Respostas

A Antaq afirmou não ter sido notificada da decisão liminar, mas informou ter recebido 1,8 mil documentos com sugestões para todo o segundo bloco. Os operadores do Paraná estimam ter enviado ao menos mil contribuições à Antaq, das quais 400 propostas teriam de ser respondidas com argumentos específicos, após análise de croquis, mapas e projetos enviados pelas empresas.

O juiz federal considerou que a análise e resposta às contribuições "tempestivamente enviadas" pelas empresas não causará "nenhum prejuízo a quem quer que seja". "Por outro lado, impedir sua participação pode resultar em prejuízo irreparável ou de difícil reparação", escreveu Catta Preta.

Até aqui, a Antaq se recusava a responder contribuições cujo conteúdo excedesse mil caracteres. E só as aceitava por meio eletrônico e para assuntos predeterminados. "Eles se recusavam a responder o que recebessem por meio físico e o que estivesse fora dos quesitos autorizados", diz o presidente do Sindop, Edson Cezar Aguiar. "Agora, deve haver uma demora no processo, já que eles têm que responder tudo em detalhe. São coisas relevantes."

A licitação dessas áreas ainda depende, por decisão do TCU, de um novo período de audiências públicas, a ser aberto até o início de março. Antes disso, porém, a Antaq e a Secretaria de Portos (SEP) têm de resolver os termos da licitação do primeiro bloco, em Santos e nos portos do Pará. O TCU impôs 19 condicionantes para aprovar os editais do leilão. A SEP atendeu parcialmente às modificações e questionou quatro delas. O TCU ainda não se pronunciou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Criticada pela oposição por financiar a obra do Porto de Mariel, em Cuba, a presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira, 28, que a parceria com a ilha de regime comunista é fundamental para o País e definiu a aliança como um jogo de "ganha-ganha". "É uma visão pequena não perceber a natureza estratégica desse investimento", afirmou a presidente.

Na segunda-feira, 27, Dilma anunciou um novo empréstimo, desta vez de R$ 290 milhões, para a Zona de Desenvolvimento Especial do Porto de Mariel, localizado a 45 quilômetros de Havana. O crédito vai se somar aos R$ 802 milhões já investidos na construção do porto, que teve a primeira etapa inaugurada agora.

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Pré-candidato à sucessão de Dilma, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ironizou a injeção de recursos do governo na ilha dos irmãos Castro. "Dilma anunciou sua primeira obra de infraestrutura. Em Cuba", comentou Aécio. "Não vamos comparar a quantidade de portos que tem no Brasil e em Cuba, que tem um porto", afirmou a presidente. "Nós continuamos fazendo investimentos no Brasil na área de portos. O Brasil financiou o porto de Mariel, mas quem forneceu bens e serviços foram empresas brasileiras. Isso leva ao fortalecimento dos países. É um processo de ganha-ganha. Cuba ganha e o Brasil também ganha."

A presidente destacou, ainda, que o mercado latino-americano tem 600 milhões de consumidores, muitos deles podendo ser beneficiados pelo Porto de Mariel. Dilma teve duas reuniões bilaterais nesta terça-feira: com Pena Nieto, presidente do México, e José Miguel Insulza, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira, 28, que o governo continua fazendo investimentos na área de portos no Brasil. "A parceria do Brasil com Cuba é estratégica, como é estratégica a parceria que está acontecendo aqui hoje", disse, durante coletiva de imprensa antes de participar da II Cúpula da Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos (Celac), em Havana.

Dilma afirmou que o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Porto de Mariel, em Havana, não significa que o governo tenha deixado de investir em portos no Brasil. A presidente destacou as diferenças entre os países latinos americanos, lembrando que o objetivo da cúpula é justamente a construção de consenso entre eles. "O Brasil deu uma demonstração disso ao financiar Mariel através da cooperação com Cuba", comentou a presidente, lembrando ainda que o operador do empreendimento é de Cingapura.

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"Por que um país como Cingapura investe em Cuba? Porque isso significa uma forma importante de construção das diferentes cargas e descargas no mundo. O investimento tem característica estratégica", afirmou Dilma. "Não vamos comparar o Brasil, a quantidade de portos, com Cuba", disse. "É uma visão extremamente pequena não perceber o investimento estratégico", reforçou.

Os portos de Suape (PE) e de Paranaguá e Antonina (PR) não sofrem com a paralisação de trabalhadores e operam normalmente nesta sexta-feira (24), segundo informações das assessorias de imprensa dos respectivos portos. Em Suape, a administração portuária informou não ter recebido nenhuma informação de funcionários com braços cruzados.

No caso dos portos paranaenses, a assessoria de imprensa informou que a manifestação atinge portos sob administração federal e este não é o caso de Paranaguá e Antonina, pois a autoridade portuária, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), é uma entidade estadual.

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Na Bahia, a paralisação não afeta a operação dos três principais portos do Estado - Salvador, Aratu e Ilhéus - informou a Companhia Docas (Codeba), responsável pela administração dos terminais. De acordo com a estatal, a paralisação abrange apenas funcionários dos setores administrativos dos portos baianos. Os trabalhadores responsáveis pelas operações dos terminais não foram impedidos de entrar nos portos e cumprem as funções normalmente.

A Federação Nacional dos Portuários (FNP) informou que a paralisação desta sexta-feira foi marcada para o período das 7 às 13 horas. Segundo a FNP, a manifestação serve como uma "advertência" ao governo federal para reivindicações a respeito de plano de carreira, regulamentação de atividades da Guarda Portuária e regularização de pagamentos da previdência complementar da categoria. Uma nova paralisação, desta vez de 24 horas, foi programada para o próximo dia 30.

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