Numa conversa, ontem, com este blogueiro, o prefeito de Garanhuns, Izaías Régis (PTB), explicou os motivos que o levaram a não recepcionar o governador Paulo Câmara (PSB), que passou o dia na cidade inaugurando obras, dando novas ordens de serviço e coordenando, por fim, o seminário “Pernambuco em ação”. Aos que o acusam de mal-educado e de ter pisado na bola, o trabalhista afirma que não passou por cima da chamada liturgia do cargo. “Não fui para não ser acusado de ter me apropriado de um evento do Governo para fazer cobranças e desabafos”, enfatizou.
“Se tivesse participado do seminário, poderia ter constrangido o governador, que não trata bem Garanhuns”, acrescentou. Régis reclama que nem nas parcerias celebradas com o município o Estado vem cumprindo as sua obrigações. Ele cita, por exemplo, o acordo para colocar em operação a unidade avançada do Samu, que atende não apenas Garanhuns e mais dez municípios da região, representando, hoje, um grande sorvedouro de recursos para os cofres municipais.
Pelo modelo, a União entra com 50% e os 50% restantes são rateados entre o Estado e o Município. Mas o Estado, segundo ele, não vem repassando a sua parte, levando o município a cobrir praticamente os restantes dos 50%. “Há um atraso de 17 meses, no valor mensal de R$ 62,5 mil. Na prática, isso representa R$ 1,062 milhão”, afirma. Outro programa em atraso, segundo ele, é o da Farmácia Básica, algo em torno de R$ 1,3 milhão. “Deste passivo, o Governo nos repassou apenas R$ 64 mil”, diz ele, com a ressalva de que teve que entrar com um processo judicial.
“Isso é uma vergonha, uma desmoralização”, assinalou. O prefeito disse, ainda, que, embora o Governo do Estado tenha espalhado placas informando que tem obras em Garanhuns, as poucas que existem, como um campo de futebol no parque Euclides da Cunha, a pavimentação de dois bairros e o calçamento em dois distritos, com recursos do FEM, o fundo de apoio aos municípios, estão paradas porque o Estado não repassa o dinheiro.
Pelas contas do prefeito, o que entrou de fato nos cofres da Prefeitura, já com a devida prestação ao Estado, representa um valor de R$ 2,7 milhões referentes ao primeiro FEM. “O segundo não está sendo cumprido e por isso mesmo as obras estão paradas”, ressaltou. Quanto às declarações do governador, de que o município se negou a fazer a doação de um terreno para construção da Escola Técnica, o prefeito afirmou que ofereceu uma área no parque de exposições, que era do Estado e foi doada ao município.
“No nosso patrimônio mobiliário não havia um terreno dentro das exigências colocadas pelos técnicos do Estado, chegamos a negociar o terreno do parque, mas as negociações não avançaram”, afirmou. O prefeito disse, por fim, que cobraria do governador o que classificou de caos na segurança pública. “Garanhuns sedia um dos maiores batalhões da PM no Estado e não há um só soldado nas ruas para fazer a segurança da população”, afirmou.
Por fim, o prefeito disse que sabia que haveria reação dos seus adversários no município se viesse a fazer um pronunciamento tão duro em cima dos pontos que antecipou ao blog. “O governador fala em reforçar o policiamento com mais 1,5 mil PMs, mas já estão indo para reserva mais de dois mil soldados”, destacou, para alfinetar. “Estamos diante de um Governo desastroso e tudo isso não iria soar bem aos ouvidos dos aliados governistas em nosso município”.
DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA – A ausência do prefeito Izaias Régis não impediu que o seminário em Garanhuns se constituísse num dos mais prestigiados pelas lideranças que dão sustentação ao Governo. Estavam presentes 21 prefeitos, inclusive de outras regiões, como a Metropolitana, entre os quais Júnior Matuto, de Paulista. Da Assembleia Legislativa, 11 deputados, além de seis deputados federais e um senador da República – Fernando Bezerra Coelho. Com isso, o Governo quis dar uma demonstração de que tem um amplo arco de alianças para reconduzir Paulo Câmara ao Palácio das Princesas em 2018.
Humberto que se prepare!– O ministro da Educação, Mendonça Filho, disse, ontem, ao blog, que está com a munição preparada para enfrentar a convocação do senador Humberto Costa (PT), para prestar contas dos seus últimos atos, como o fim do programa “Ciência sem fronteiras”. “Vou mostrar ao senador que quem depenou a educação brasileira foi o seu partido nas gestões de Lula e Dilma”, afirmou. Segundo o ministro, com o montante gasto para mandar 30 mil estudantes ao Exterior, o Governo pagaria merenda de 40 milhões de alunos da educação básica. Em 2015, o programa consumiu R$ 3,2 bilhões.
Desmentido o recuo– O presidente Michel Temer negou que o Governo esteja recuando ao aceitar negociar pontos da Reforma da Previdência com o Congresso. “Eu autorizei o nosso relator, deputado Arthur Maia, a fazer as negociações que fossem necessárias e depois, ao final, nós anunciaríamos o que tiver sido ajustado. Vai levar uns dias aí, mas já está autorizado. Prestar obediência ao que o Congresso Nacional sugere, não pode ser considerado recuo. Nós estamos trabalhando conjugadamente”, disse Temer.
Dinheiro novo– Em audiência com o ministro da Integração Nacional, Hélder Barbalho, o governador Paulo Câmara recebeu a confirmação que confirmou mais um repasse, no valor de R$ 16 milhões, para a Adutora do Agreste. Segundo o presidente da Compesa, Roberto Tavares, com os recursos em conta à companhia tem condições de aumentar de 15 para 19 o número de frentes de trabalho espalhadas na região do Agreste, intensificando as obras até o final deste mês. Para concluir a primeira etapa do projeto da Adutora do Agreste, que corresponde ao conjunto de obras para atender 23 municípios da região - e que já está licitado - ainda é preciso o repasse de R$ 636 milhões do governo federal.
Esforço concentrado – No seminário de Garanhuns, ontem, ficou clara a estratégia dos aliados governistas de ajudar Paulo Câmara a reverter a sua imagem, com depoimentos sobre as ações do seu Governo. "Por onde eu passo neste Estado, encontro obra do governador Paulo Câmara. O governador colocou água em Canhotinho. Vai botar água em Caetés e em Capoeiras. Investe na segurança, educação, saúde. Paulo é um governador que serve ao povo 24 horas por dia. Antes mesmo de estar no cargo já o fazia porque é servidor público, passou em um concurso", destacou Fernando Monteiro, da bancada do PP na Câmara Federal.
CURTAS
MAIS POBRES– Ao autorizar o relator da reforma da Previdência a fazer mudanças no projeto encaminhado ao Congresso, o governo federal fixou três princípios que devem nortear essas alterações: que seja preservado o que se considera a espinha dorsal da reforma; que haja um limite para a perda fiscal decorrente dessas mudanças; e que as mudanças sejam para beneficiar os mais pobres, e não para atender a pressões corporativas.
FEIRA– O prefeito do Cabo, Lula Cabral (PSB), participou da 23ª Intermodal South América, a maior Feira do setor de Logística, Transportes de Cargas e Comércio Exterior da América Latina. Na oportunidade, visitou o estande de Suape, onde foi recebido pelo presidente Marcos Batista e pela diretora de Relações Institucionais de Suape, Rizelma Ferreira. "O Cabo pertence ao território estratégico de Suape e a atração de novos negócios é de suma importância para a economia da Região”, afirmou.
Perguntar não ofende: A reforma da Previdência virou letra morta?