Tópicos | Rio-2016

O Ministério Público Financeiro da França encontrou indícios concretos de corrupção envolvendo a escolha do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Três dias antes da escolha, ocorrida em outubro de 2009, em Copenhague, transferências de US$ 2 milhões para a família de Lamine Diack, então presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) e membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) foi feita por empresas do brasileiro Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, que havia firmado contratos de prestação de serviços com o governo de Sérgio Cabral.

Uma primeira transferência de recursos US$ 1,5 milhão foi realizada em 29 de setembro de 2009 entre a Matlock Capital Group, empresa de Arthur Soares com sede em Miami, nos Estados Unidos, e a Pamodzi Consulting, empresa de Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack, então presidente da IAAF e membro do COI. Uma segunda transferência, de US$ 500 mil, também proveniente da mesma empresa, beneficiou uma conta de Papa Diack na Rússia. As informações fazem parte de uma ampla investigação realizada pelo MP Financeiro em Paris sobre suspeitas de corrupção na atribuição de Jogos Olímpicos.

##RECOMENDA##

Segundo informações reveladas pelo jornal Le Monde, o brasileiro Arthur Soares é um dos pivôs da apuração realizada sobre a atribuição dos Jogos para o Rio. O empresário é considerado grande amigo do ex-governador do Rio Sergio Cabral, preso pela Polícia Federal em meio à Operação Lava Jato em 17 de novembro e réu por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro e pelo desvio de R$ 224 milhões em recursos públicos. Durante as gestões do ex-governador do PMDB, o Grupo Facility, então principal companhia de Arthur Soares, chegou a ser o maior prestador de serviços privado do Estado do Rio, somando contratos da ordem R$ 3 bilhões.

Ao lado do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cabral foi uma das principais autoridades da comitiva brasileira presente nas cerimônias de votação da cidade-sede dos Jos Olímpicos de 2016, realizada na capital da Dinamarca.

Os documentos relativos às transferências entre as empresas de Arthur Soares e Papa Diack foram entregues ao MP Financeiro de Paris pela Justiça dos Estados Unidos. Papa Diack, que também foi consultor de marketing da IAAF, vive hoje no Senegal e não deixa o país por ser objeto de um mandado internacional de prisão da Interpol. Seu pai, Lamine Diack, está em prisão domiciliar na França, denunciado por crimes de corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro em outro escândalo envolvendo a IAAF: o de ter feito vistas grossas para o programa de doping massivo promovido pela federação de atletismo da Rússia.

Essa investigação, levada a cabo pelo MP Financeiro francês, acabou gerando uma segunda sobre suspeitas de corrupção na atribuição dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que acontecerão em 2020, e do Rio, em 2016. Na época em que foi selecionada, a cidade do Rio ficou em segundo no primeiro turno de votação, eliminando Chicago e Tóquio, mas ficando atrás de Madri. No segundo turno, o Rio venceu por 66 votos a favor, contra 32 da capital espanhola.

À época, o então governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, protestou contra a escolha levantando novas suspeitas de corrupção sobre o COI. "Eu ouvi dizer que o presidente brasileiro (Lula) veio fazer promessas ousadas aos representantes africanos", afirmou Ishihara, que reclamou da "lógica invisível em obra pela atribuição dos Jogos Olímpicos".

Enquanto os japoneses - que depois venceriam a disputa seguinte, pelos Jogos de 2020, também com suspeitas de corrupção - reclamavam, Lamine Diack aplaudiu com entusiasmo a escolha do Rio de Janeiro, elogiando os méritos da cidade. "Está correto que a Olimpíada mostre seu apelo universal indo para a América do Sul pela primeira vez", afirmou então, entre abraços com as autoridades brasileiras.

Manter em funcionamento o Parque Olímpico da Barra custará pelo menos R$ 45 milhões à União apenas este ano. Esse é o valor reservado pelo Ministério do Esporte para gerir a principal instalação erguida para os Jogos do Rio. Nesse domingo (5), o parque sediou um evento esportivo apenas pela segunda vez desde o fim da Paralimpíada, em setembro do ano passado.

A União assumiu a administração da área em dezembro, em acordo firmado pelo ex-prefeito do Rio Eduardo Paes, então em fim de mandato, e o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, ambos do PMDB. O valor da operação não foi informado na ocasião, tendo sido definido apenas na semana passada. Ainda assim, poderá mudar.

##RECOMENDA##

"O custo é variável e dependerá do grau de utilização que o Parque Olímpico terá em 2017", informou a pasta ao jornal O Estado de S. Paulo. "O ministério do Esporte está avocando R$ 45 milhões para apoiar treinamentos e eventos esportivos no Parque Olímpico da Barra", continuou.

O planejamento desde antes da construção do parque era outro. A intenção inicial da Prefeitura do Rio era que o local fosse concedido para exploração da iniciativa privada. O plano surgiu ainda em 2011, quando a atual presidente do BNDES, Maria Sílvia Bastos Marques, assumiu o comando da Empresa Olímpica Municipal - ela deixaria o posto em 2014.

Encerrados os Jogos do Rio, a Prefeitura adiou três vezes o lançamento do edital para exploração do parque. A concorrência apresentada era de uma Parceria Público-Privada (PPP) com duração de 25 anos. O município esperava ter de bancar, como contrapartida, R$ 13 milhões por ano, na hipótese mais otimista. Na pior, o desembolso seria de R$ 22,5 milhões.

O plano, contudo, não deu certo. Em dezembro, o governo municipal apontou que apenas uma empresa havia demonstrado interesse em gerir a área, mas as garantias financeiras apresentadas foram rejeitadas. O processo todo acabou cancelado. Sem solução, o governo federal - responsável por aportar R$ 1,2 bilhão na construção do parque - assumiu diretamente a gestão das Arenas Cariocas 1 e 2, do Velódromo e do Centro Olímpico de Tênis.

INSTALAÇÕES - Ao mesmo tempo em que assumiu os custos do parque, o Ministério do Esporte está tratando de dar uma destinação prática às instalações. Fechado desde o fim dos Jogos Paralímpicos, em setembro, o local já se deteriora pela falta de manutenção.

Neste domingo, o Centro de Tênis sediou um evento amistoso de vôlei de praia, modalidade que nem sequer foi disputada no Parque Olímpico durante a Olimpíada. Futuramente, é possível que essa arena abrigue o Rio Open, competição que desde sua primeira edição, em 2014, é disputada em instalações provisórias montadas no Jockey Club, na zona sul da cidade. A mudança, no entanto, depende de mudanças no piso - atualmente o torneio é disputado no saibro, e o Centro de Tênis é de quadra rápida.

Ainda neste ano, o Parque Olímpico deverá ser explorado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). A entidade está finalizando parceria para uso das instalações com o ministério. O acordo também deverá ser estendido ao Comitê Paralímpico Brasileiro e Comitê Brasileiro de Clubes.

Depois de meses acusando o Ocidente de montar um complô, as autoridades da Rússia pela primeira vez admitem que conduziram uma das maiores conspirações da história do esporte, num amplo esquema de doping envolvendo mais de mil atletas.

Investigações haviam apontando para um doping de Estado, conduzido com a ajuda do governo e num esquema para garantir medalhas. A apuração levou mais de um terço da equipe russa a ser excluída dos Jogos do Rio. Mas o Comitê Olímpico Internacional (COI) optou por manter o país no evento, alegando que não poderia haver uma punição coletiva.

##RECOMENDA##

Agora, a diretora geral da agência nacional de doping da Rússia, Anna Antseliovich, admitiu ao jornal The New York Times que houve uma "conspiração institucional".

Isso envolveu o serviço secreto russo, federações e centenas de atletas, tudo com o conhecimento do governo.

Um diretor do laboratório manipulou as amostras de urina nos Jogos Olímpicos e providenciou coquetéis de drogas para melhora da performance esportiva, corrompendo algumas das competições de maior prestígio mundial. Membros do Serviço Secreto Federal, sucessor da KGB, violou garrafas de amostras de urina. E um vice-ministro do Esporte ordenou durante anos que os atletas de elite que usavam substâncias proibidas fossem encobertos.

Segundo o jornal norte-americano, a mudança de tom pode ser motivada pelo desejo dos russos de se reconciliar com o COI e com as federações, sabendo que podem ser alvo de uma punição severa diante das revelações de Richard McLaren, o autor dos informes da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês).

Apesar do reconhecimento, as autoridades russas optam por preservar Vladimir Putin, insistindo que ele não pode ser responsabilizado. Segundo Antseliovich, os altos membros do governo não sabiam do esquema, uma versão que se contradiz com o que a Wada denunciou. Atletas que revelaram o esquema também insistem que o governo sabia de tudo.

"Fizemos muitos erros", admitiu Vitaly Smirnov, escolhido por Putin para reformar o sistema antidoping da Rússia. Ele, porém, também nega o envolvimento do presidente. No total, 650 atletas russos já foram denunciados.

Apesar de admitir o esquema, os russos insistem que o doping não é um problema apenas deles e que dados revelados de atletas ocidentais mostram que trapaças também ocorreram com algumas das maiores potências. Para os russos, porém, Moscou não é tratada da mesma forma pelas entidades internacionais. "O sentimento na Rússia é de que não tivemos a oportunidade de nos defender", disse Smirnov.

Para outras autoridades russas, o mesmo esquema feito por Moscou pode ter sido realizado por outros países nos Jogos de Londres-2012 e Pequim-2008, além de em outras competições. "É o sistema que está falido", alertou Victor Berezov, advogado do Comitê Olímpico Russo.

Moscou, com um time de cerca de 20 pessoas, está tentando reformar o sistema de controle de doping e, segundo o NYT, exemplos como o da Alemanha e França foram avaliados. Para Smirnov, porém, central no trabalho será mudar as mentalidades.

Mas parte da corrida dos russos por limpar seu nome tem relação com lucros. Vários eventos esportivos marcados para ocorrer na Rússia em 2017 foram cancelados e patrocinadores temem pela Copa de 2018, justamente na Rússia.

O Ministério do Esporte vai assumir a administração das instalações esportivas do Parque Olímpico da Barra da Tijuca - principal área dos Jogos Olímpicos de 2016. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

Segundo o prefeito, o órgão federal será responsável pelas Arenas Carioca 1, 2 e 3, pelo Velódromo e pelo Centro Olímpico de Tênis, que deverão ser transformados em centros de treinamento de alto rendimento, com gestão compartilhada com as confederações nacionais de esportes.

##RECOMENDA##

Pelo acordo, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB), também arcaria com a desmontagem da Arena do Futuro, onde aconteceram os jogos de handebol, e com a construção de quatro escolas que vão ocupar o local. A prefeitura executaria a obra, com recursos federais. O plano de trabalho já foi apresentado pela prefeitura ao órgão.

Eduardo Paes disse ainda não saber precisar quanto custaria a manutenção do centro de treinamento para o Ministério dos Esporte. Segundo ele, estas informações deverão ser apresentadas nesta sexta-feira.

Já a outra metade do parque, chamada de Vila Olímpica, será administrada por meio de uma Parceria Pública Privada (PPP), com a empresa Rio Mais. O local, transformado em uma área pública de lazer, será inaugurado nesta sexta-feira. Segundo o prefeito, a concessionária também poderá explorar comercialmente esta área.

O futuro do parque era incerto desde o término da Paralimpíada, em setembro. Isso porque a única empresa que demonstrou interesse pelo parque (Sanerio) não tinha conseguido apresentar garantias financeiras necessárias. Por isso, o processo de licitação foi cancelado pela prefeitura.

A decisão também seguiu orientação da Secretaria Especial de Concessões e Parcerias Público-Privadas (Secpar), que recomendou o cancelamento da licitação. Antes disso, abertura do processo havia sido adiada quatro vezes. Quando finalmente a concorrência foi aberta, o prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), havia declarado que cancelaria o processo por não concordar com os termos.

Quase quatro meses após ser detido no hotel em que estava hospedado, no Rio, o ex-membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) e presidente licenciado do comitê olímpico da Irlanda Pat Hickey está de volta à Irlanda. Ele chegou a Dublin nesta quinta-feira, um dia depois de pegar um voo do Rio a Londres.

Ele só teve seu passaporte liberado pela Justiça do Rio mediante o pagamento de fiança de R$ 1,5 milhão. De acordo com o jornal irlandês Irish Times, a Associação dos Comitês Olímpicos Nacionais (ANOC, na sigla em inglês) foi quem emprestou o dinheiro ao dirigente, pagando sua fiança.

##RECOMENDA##

O dirigente havia sido preso em agosto, durante os Jogos Olímpicos do Rio, acusado de cambismo. À época, Hickey chegou a ficar detido no Complexo de Gericinó, mas foi solto dias depois, beneficiado por um habeas corpus. Desde então, morava no Leblon à espera da devolução de seu passaporte, para que pudesse voltar para casa.

No acordo com a Justiça brasileira, o dirigente se compromete a atender a todas as demandas que surgirem no decorrer do processo judicial. Ele também precisou nomear representantes legais no País para receber intimações.

Pat Hickey, de 71 anos, foi indiciado por crime contra o torcedor, formação de quadrilha e marketing de emboscada. Segundo investigações da Polícia Civil, ele teria sido responsável pelo envio de ingressos do Comitê Olímpico da Irlanda para a empresa THG, que não era credenciada, e vendia os bilhetes a preços abusivos.

Durante a ação que resultou na sua prisão, os policiais civis apreenderam cerca de 1.000 ingressos que eram comercializados por valores bem acima dos fixados pela organização da Olimpíada.

O próximo ciclo olímpico promete ser de dificuldades para os atletas brasileiros. Sem o apelo de ter uma Olimpíada em casa e com a crise financeira atingindo governos e empresas privadas, ninguém mais esconde que o investimento no esporte nos próximos quatro anos será menor. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) corre para tentar fechar novos contratos de patrocínio, e até mesmo as campeãs olímpicas Martine Grael e Kahena Kunze demonstram receio quanto a isso.

Para os Jogos do Rio-2016, o COB recebeu investimentos na casa de R$ 1,4 bilhão nos últimos quatro anos. O País encerrou a competição com 19 medalhas e o 12.º lugar na soma total de pódios - a meta projetada era ser Top 10. Em Londres-2012, o Brasil havia conquistado 17 medalhas. Do montante recebido pelo COB, cerca de R$ 700 milhões vieram em repasses por meio da Lei Agnelo-Piva, e o restante com a injeção de recursos de patrocinadores privados.

##RECOMENDA##

O problema é que, agora, os contratos com empresas privadas estão se encerrando e até os repasses do governo tendem a diminuir. "Os patrocinadores que existem vão até 31 de dezembro, mas a equipe está trabalhando já. Não é um trabalho fácil, todos têm sentido isso. O próprio período não facilita, final de ano, início de ano, férias, mas certamente vamos ter resultados", afirmou o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, nesta quinta-feira.

Mesmo sem demonstrar muita convicção, ele acredita que alguns contratos poderão ser renovados. "O trabalho está sendo feito. Acho que a manutenção daqueles que quiserem é muito importante, porque já conhecem como a gente trabalha, as confederações, os atletas. Nós esperamos que possa seguir, senão já tem muitos que não estiveram e já demonstraram interesse em conversar."

Nuzman, contudo, admite que os valores serão menores. "Não se pode comparar os patamares de Jogos Olímpicos dentro de casa. Nenhum país conseguiu ter o mesmo patamar. Mas eu acho que o importante é que eles existam e que vão crescendo", destacou.

As campeãs olímpicas Martine Grael e Kahena Kunze também demonstram certa preocupação com patrocínios. "Patrocinador é sempre uma incógnita. Vida de atleta é assim mesmo, a gente nunca sabe como vai ser o dia de amanhã. A gente espera pelo melhor, mas preparadas para o pior", disse Martine.

A dupla também já sente os efeitos da crise. "Deu uma mexida (nos patrocínios). A gente tem a Embratel pelas leis de incentivo, mas por causa da crise eles estão meio indecisos. Ainda não foi aprovada, o que é um pouco ruim", comentou Kahena.

A dupla de velejadoras e o presidente do COB participaram da cerimônia que selou a parceria entre a Confederação Brasileira de Vela (CBVela) e BR Marinas, empresa que administra a Marina da Glória. O local, que sediou a competição de vela nos Jogos do Rio, será sede da confederação a partir de agora.

Primeiro caso de doping dos Jogos Olímpicos do Rio, a nadadora chinesa Chen Xinyi foi suspensa por dois anos pela Federação Internacional de Natação (Fina), que divulgou a sentença neste sábado (10). Ela já havia tido desclassificado o seu resultado no Rio-2016: o quarto lugar nos 100m borboleta.

De acordo com a Fina, Xinyi foi testada já durante a competição, em 8 de agosto, um dia depois de disputar a final dos 100m borboleta, sendo banida dos Jogos pela Corte Arbitral do Esporte (CAS), que julgou os casos de doping do Rio-2016. Assim, não pôde participar dos 50m livre, prova para a qual também estava inscrita.

##RECOMENDA##

Ela testou positivo para o diurético Hidroclorotiazida, considerado como um mascarante de substâncias dopantes. A jovem, de apenas 18 anos, era ré primária e, por isso, recebeu metade da pena máxima prevista para esse tipo de caso no Código Mundial Antidoping. Ela fica suspensa até 11 de agosto de 2018.

Mais de mil atletas russos foram beneficiados por manipulações no controle de doping entre 2011 e 2015, num esquema que envolveu uma "conspiração em uma escala sem precedentes" entre federações esportivas, agências antidoping e o próprio governo russo. As conclusões fazem parte do relatório final preparado pelo investigador Richard McLaren, à pedido da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), apresentados nesta sexta-feira.

Antes dos Jogos Olímpicos do Rio, realizados em agosto, seu informe preliminar apontou como o consumo de substâncias proibidas por atletas russos era promovido por programas secretos do governo russo, contando inclusive com o apoio dos serviços de inteligência.

##RECOMENDA##

As revelações levaram centenas de atletas e entidades a pedir a suspensão da delegação russa dos Jogos do Rio. Mas a opção do Comitê Olímpico Internacional (COI) foi a de manter a Rússia no grande evento e suspender apenas aqueles que não conseguissem provar que estavam limpos. Na época, McLaren acusou o COI de não entender que o doping era generalizado e organizado pelo estado russo.

Agora, suas conclusões revelam a dimensão do escândalo que envolveu diretamente o ex-ministro do Esporte da Rússia, Vitaly Mutko. O braço direito do presidente Vladimir Putin não foi autorizado a viajar ao Rio de Janeiro. Mas o Kremlin, ao invés de o demitir, o promoveu para o cargo de vice-primeiro-ministro.

"Esses atletas não agiam individualmente, mas dentro de uma estrutura organizada", disse McLaren, que chamou o sistema de "corrupto". "A manipulação de doping ocorreu desde 2011 e em uma conspiração em uma escala sem precedentes", disse.

"Houve uma sistemática manipulação de controle de doping", insistiu McLaren. "Mais de mil atletas podem ser identificados como tendo beneficiados de manipulações", explicou. Nos esportes de verão, esse número seria de pelo menos 600 e os nomes já foram repassados às federações internacionais.

Mais de 500 casos que deveriam ser positivos foram testados como "positivos" nos exames internacionais, permitindo que pudessem competir em provas internacionais e mesmo nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.

A Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), responsável por julgar casos de doping relacionados aos Jogos Olímpicos do Rio, decidiu nesta quinta-feira (8) pela retirada dos resultados de dois atleta flagrados em exame antidoping em agosto, ambos medalhistas: o halterofilista romeno Gabriel Sincraian e o boxeador russo Misha Aloian.

O resultado positivo de Sincraian para testosterona exógena foi divulgado ainda em agosto, após o encerramento dos Jogos. Bronze da categoria até 85kg, ele perderá a medalha, que será herdada por Denis Ulanov, do Casaquistão.

##RECOMENDA##

Já o doping de Mikhail Aloyan ainda não havia sido revelado. Medalhista de prata na categoria até 52kg, ele testou positivo para um estimulante proibido, em exame colhido após a final, quando perdeu para Shakhobidin Zoirov, do Usbequistão.

Aloyan, bronze nos Jogos de Londres, em 2012, nesta mesma categoria, e bicampeão mundial em 2011 e 2013, chegou a correr o risco de não estar no Rio-2016. A Associação Internacional de Boxe Amador (Aiba), porém, autorizou a participação dos 10 boxeadores russos inscritos, alegando que nenhum deles tinha histórico de doping.

Com a desclassificação de Aloyan, quem deve herdar a medalha de prata é Hu Jianguan, da China, vencido por ele na semifinal. Já Ceiber Ávila, da Colômbia, batido nas quartas de final, ficaria com o bronze. Essa decisão, porém, será tomada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

A história da menina negra e homossexual, criada na Cidade de Deus e que, superando o preconceito, ganhou o ouro olímpico foi a mais inspiradora dos Jogos do Rio. Essa é a opinião da Associação de Comitês Olímpicos Nacionais (ANOC), entidade que reúne 206 comitês olímpicos pares do COB e que entregou à brasileira Rafaela Silva o prêmio de "Performance mais inspiradora do Rio-2016".

A campeã olímpica da categoria até 57kg foi até Doha, no Catar, para receber a premiação na terça-feira durante o evento de gala da entidade, que se reúne ali para sua assembleia geral. Mais de mil delegados participam do encontro.

##RECOMENDA##

Os grandes prêmios da noite, porém, foram entregues ao sul-africano Wayde van Niekerk e à porto-riquenha Monica Puig, eleitos melhores atletas do Rio-2016. Ele bateu o recorde mundial dos 400m no atletismo para vencer essa prova na Olimpíada. Mesmo correndo na raia 1, superou em 0s15 a marca de Michael Johnson que, desde 1999, parecia insuperável.

Ela, número 34 do ranking mundial, venceu favoritas para conquistar a primeira medalha de ouro da história de Porto Rico, no tênis. Nascida em Miami, nos Estados Unidos, ela se dedica de forma ímpar ao país de seus pais, abrindo mão de torneios profissionais para jogar por Porto Rico inclusive em eventos menores, como os Jogos Centro-Americanos.

Entre os vencedores dos prêmios entregues pela ANOC, destaque para a seleção de Fiji de rúgbi sevens, que deu, com ouro, a primeira medalha do seu país e foi eleita a melhor equipe masculina. A seleção feminina de hóquei sobre a grama da Grã-Bretanha ficou com o prêmio feminino.

A Grã-Bretanha, apesar de ter sido segunda colocada no quadro de medalhas, também venceu como melhor comitê olímpico nacional. Foi um prêmio ao fato de os britânicos, pela primeira vez na história, terem tido um desempenho melhor na Olimpíada seguinte a sediar os Jogos do que quando foram anfitriões.

Jovens talentos brasileiros têm acumulado bons resultados em competições de base e já despontam como fortes candidatos ao pódio nos Jogos de Tóquio, em 2020. É uma geração de atletas que está no radar do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e deverá ser acompanhada ainda mais de perto pelos torcedores neste ciclo olímpico após conquistas de peso no cenário esportivo internacional.

Nos Jogos do Rio-2016, por exemplo, 20 atletas com potencial para representar o País em Tóquio participaram do Projeto Vivência Olímpica, cujo objetivo do COB foi estimular e transmitir experiência de competição a esses garotos. O mesmo já havia sido feito pela entidade quatro anos antes, nos Jogos Olímpicos de Londres, com outros 16 jovens atletas.

##RECOMENDA##

O objetivo é melhorar os resultados alcançados no último ciclo olímpico. Na lista de atletas convidados pelo COB para viajar para a Inglaterra em 2012 estavam nomes como Thiago Braz (atletismo), Isaquias Queiroz (canoagem velocidade), Felipe Wu (tiro esportivo) e Martine Grael (vela), que quatro anos mais tarde se consagraram ao conquistar medalhas nos Jogos do Rio.

"O COB já está trabalhando há alguns anos na preparação da geração que vai competir nos Jogos Olímpicos de 2020. Com essa ação de levar atletas para vivenciarem o ambiente olímpico, pretendemos quebrar a ansiedade natural que antecede uma competição como esta", explicou o ex-judoca Sebastian Pereira, gerente de Performance Esportiva do COB e líder do Projeto Vivência Olímpica.

O jornal O Estado de S.Paulo mostra a história de alguns atletas de destaque nas categorias de base que já estão mostrando bons resultados e a expectativa é de poderem brilhar em 2020. Eles sonham em representar o País e fazer história nos Jogos do Japão. Para eles, a contagem regressiva para Tóquio-2020 já começou.

VÔLEI DE PRAIA - Duda Lisboa tem mais troféus e medalhas do que muitos atletas experientes. Com um currículo invejável, a jogadora de vôlei de praia tem tudo para brilhar nas areias de Tóquio. Aos 18 anos, desde cedo ela é apontada como talento precoce e tem o esporte no sangue. "Minha mãe era jogadora e é até hoje a minha técnica. Desde novinha ela me treinava. Ela jogou até os 40 anos e eu sempre competi na praia. Cheguei a jogar na quadra pelo colégio e era boa também", contou a garota, que é filha de Cida, ex-atleta que criou um Centro de Treinamento em São Cristóvão, na região metropolitana de Aracaju, em Sergipe.

Foi lá que Duda iniciou a trajetória que culminou em feitos incríveis para uma adolescente. Quando tinha apenas 15 anos, tornou-se a primeira jogadora a disputar três Mundiais de base, sendo campeã sub-19 e vice sub-23, ao lado de parceiras diferentes. Também foi medalha de ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude e é tricampeã mundial sub-19. "Eu guardo tudo em casa. Tenho várias troféus e medalhas", disse.

Com tantas conquistas, ela sempre foi tratada como um talento a ser lapidado e já faz parte da seleção brasileira adulta. Neste ano, foi eleita a melhor novata no Circuito Mundial e a atleta que mais evoluiu no Circuito Brasileiro. "Estou sempre treinando. No CT, tem academia e quadras. Meu sonho é ir para os Jogos de 2020", afirmou.

Após a Olimpíada do Rio, ela teve uma conversa com a medalhista de prata Ágatha, que decidiu romper a dupla com Bárbara Seixas. Elas, então, combinaram de formar uma parceria para o próximo ano. "Será uma experiência muito boa. Espero que ela possa me passar tudo para chegarmos bem lá na Olimpíada de Tóquio", comentou.

HANDEBOL - O meia Gabriel Jung foi convocado pela primeira vez para a seleção masculina de handebol após os Jogos do Rio. Aos 19 anos, ele é um dos atletas que estão sendo observados pelo técnico Washington Nunes na renovação da equipe visando ao Mundial no próximo ano, na França, e aos Jogos de Tóquio, no Japão, em 2020.

"Tenho muita vontade de chegar lá. É um sonho para qualquer um. Sei que ainda tem muito chão, então tenho de treinar bastante, aprender e ganhar experiência", afirmou o rapaz, que atua no Barcelona B, da Espanha, time em que está há um ano e meio e já se sente completamente adaptado à realidade da Europa.

Gabriel é de Caçador, em Santa Catarina, e começou a jogar por acaso. Como era grande para sua idade, e canhoto, foi logo chamado para uma equipe. "Na época tinha 12 anos e acho que tinha o perfil que o técnico precisava. Aí com 15 anos fui para São Paulo, para jogar no Pinheiros", explicou.

Como era muito novo, sua família ficou um pouco apreensiva com essas mudanças. No entanto, recebeu o apoio de todos e não demorou para se transferir para o Barcelona B. "É uma equipe que disputa uma liga inferior. Tem atletas da base, mas também jogadores de 30 anos. É um jogo mais tático e muito estudado", contou.

Ele mora com um atleta grego e outro espanhol. Vem aprendendo bastante e sabe que está sendo uma grande experiência, ainda mais por estar em um clube grande da Espanha. "Nosso ginásio fica perto do estacionamento dos jogadores do futebol. Às vezes vemos eles passando de carro, mas não temos contato com eles", disse.

Com 1,96 m de altura, o garoto é uma aposta do técnico Washington Nunes, que assumiu a seleção masculina após a Olimpíada e vem monitorando os 50 atletas brasileiros que atuam no exterior. "O Gabriel tem um potencial muito grande, é um menino com um talento especial, assim como o Panda e o Cauê. Todos eles são atletas com uma grande capacidade de jogo e que podem brilhar em 2020", comentou.

Após o ouro olímpico, Thiago Braz projeta saltos cada vez mais altos no atletismo e garante que é possível quebrar o recorde mundial. "Tudo é possível. Mas para isso preciso estar focado, treinando e respeitando meus adversários", disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta segunda-feira (7). "Quero saltar cada vez mais alto (risos)! Mas, brincadeiras à parte, aos poucos estou voltando aos treinos e o meu desejo é estar sempre muito bem preparado para cada competição."

Grande nome do Brasil nos Jogos do Rio, o garoto de Marília, de 22 anos, conta que sua vida mudou completamente após seu feito no salto com vara. "Todos os dias, por onde eu passo, recebo o carinho das pessoas e isso é sensacional. Quanto aos prêmios, recebi tudo direitinho, como qualquer outro atleta", lembra.

##RECOMENDA##

Apesar de talentoso, ele surpreendeu no Engenhão durante a Olimpíada ao superar o favorito francês Renaud Lavillenie, que é recordista mundial com 6,16m. Na disputa com o rival, Thiago marcou 6,03m, cravando sua melhor marca na carreira e o recorde olímpico, enquanto o adversário não conseguiu superar o sarrafo nesta altura e ficou com a prata.

"Nossa relação é normal, a gente se respeita, nós não temos contato toda hora, mas quando nos encontramos ele é sempre educado. A rivalidade só acontece dentro das competições", revela. Na lembrança da torcida está a bronca do francês com o público, que vaiou o atleta e atrapalhou um pouco seu desempenho.

A medalha coroou uma trajetória de superação do rapaz. Quando tinha apenas 2 anos, foi abandonado pelos pais e criado por seus avós paternos, Maria do Carmo e Orlando, e por um tio, Fabiano. Mas ele lida com naturalidade com tudo isso e não fala de dificuldades ou dramas, pelo contrário.

"Eu não me sinto um coitado por isso, muito pelo contrário. A respeito do meu passado e à história da minha mãe, não haveria problema em uma aproximação com ela, afinal de contas, ela é minha mãe. Sei que tanto ela quanto meus avós têm participação fundamental na minha história, minha mãe me gerando e meus avós me criando", afirma.

Por causa dessa relação próxima com os parentes, ele dedicou o ouro olímpico para aqueles que participaram efetivamente em sua criação e fez questão de reencontrá-los após os Jogos do Rio. "Esse contato foi maravilhoso! Eu só tenho de agradecer ao apoio que os meus avós e o meu tio me deram. Sem eles, nada disso seria possível."

O ano de 2016 tem sido especial para Thiago. Além do ouro e do reconhecimento internacional, ele foi indicado pela Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) como atleta do ano ao lado de grandes nomes dos esporte, como Usain Bolt, Mo Farah, Ashton Eaton e David Rudisha, entre outros. "É uma honra estar ao lado de todos eles. Estou superfeliz", comenta.

Até o atacante Neymar pediu votos para o atleta, que é agenciado pela empresa de sua família. "Sou gerenciado pela NN Consultoria, assim como o jogador Neymar Jr. A empresa é dos pais dele e eles fazem um trabalho muito legal com todos os seus gerenciados. Ainda não encontrei com ele devido às nossas agendas. Eu estou no Brasil e ele na Espanha em pleno campeonato. Mas tenho certeza que teremos muitas oportunidade de nos encontrarmos."

O grande trunfo de Thiago é treinar com Vitaly Petrov, técnico que comandou nomes como Sergey Bubka e Yelena Isinbayeva. Os dois atletas foram os maiores nomes da modalidade e ele espera chegar ao status de ambos no esporte. "Era o meu grande sonho treinar com o Vitaly, ele é um cara espetacular e além de ser meu técnico se tornou um pai pra mim. Os meus maiores exemplos são o Sergey Bubka e a Yelena Isinbayeva, eles tiveram uma carreira brilhante e quem sabe um dia chego no mesmo nível", diz.

Por ser jovem, Thiago é um atleta que ainda tem muito a crescer. Ele vive em Fórmia e quer corresponder à altura nos próximos desafios para iniciar o próximo ano com o pé direito. Sempre saltando alto. "Minha rotina na Itália se resume em comer, treinar e descansar. Neste momento estou voltando gradativamente aos meus treinos e a minha primeira competição é em janeiro de 2017", conclui.

Gabriel Sincraian pode perder a medalha de bronze que conquistou na categoria até 85kg do levantamento de peso nos Jogos Olímpicos do Rio. O romeno foi flagrado em exame antidoping realizado durante a competição por consumo do agente anabólico testosterona. A Federação Internacional de Levantamento de peso (IWF, na sigla em inglês), porém, não deu maiores detalhes sobre o caso.

Inicialmente, a entidade havia anunciado que Sincraian estava em uma lista de quatro atletas que tiveram seus resultados anulados na Olimpíada, todos após testarem positivo em exame antidoping. Depois, a IWF voltou atrás, separando o romeno dos demais, cujos casos já eram públicos.

##RECOMENDA##

Tomasz Zielinski, da Polônia, campeão europeu da categoria até 94kg, nem chegou a disputar a Olimpíada, após ser flagrado em exame antes dos Jogos. O irmão dele, Adrian Zielinski, também foi expulso do Rio. Izzat Artykov, do Quirgistão, perdeu o bronze da categoria até 94kg, que ficou com o colombiano Luis Javier Mosquera. Já Chagnaadorj Usukhbayar, da Mongólia, foi julgado já durante os Jogos. Ele não completou a prova na categoria até 69kg.

Já o caso de Sincraian só foi divulgado nesta quinta-feira. Ele chegou a cumprir dois anos de suspensão após ser flagrado pelo uso de Stanozolol e agora deve ser suspenso por oito anos, uma vez que é reincidente. O bronze deve ser herdado por Denis Ulanov, do Casaquistão.

A medalha seria a 18.ª do Casaquistão, que ficaria a uma de se igualar ao Brasil, que ganhou 19. A prova de Sincraian teve um brasileiro, Welisson Silva, que terminou no 18.º lugar.

Encerrados os Jogos do Rio, o Comitê Olímpico Internacional (COI) volta suas atenções para a efetivação dos resultados das duas edições anteriores, retirando medalhas de atletas flagrados na reanálise de exames antidoping. Nesta quinta-feira (6), foi a vez da russa Anna Chicherova perder o bronze conquistado no salto em altura em Pequim, em 2008.

Chicherova é um dos principais nomes do atletismo russo, ainda suspenso pelo doping sistemático. Ela ganhou o ouro olímpico em 2012 e tem ainda cinco medalhas em Campeonatos Mundiais, subindo ao pódio em todas as edições desde 2007. Em 2011, sagrou-se campeã em Daegu, enquanto que no ano passado, novamente no Ninho do Pássaro, ficou com o bronze.

##RECOMENDA##

Como de costume neste tipo de processo, Chicherova vai ter que devolver a medalha, o diploma e o pin (broche) que recebeu por ser terceira colocada na prova de Pequim. No quadro de medalhas, nada muda, porque quem ficou em quarto e vai ganhar uma posição também é atleta da Rússia: Yelena Slesarenko.

Antes do Rio-2016, o COI realizou a reanálise de parte das amostras colhidas nos Jogos de Pequim e Londres, aproveitando-se da tecnologia recente. Encontrou mais de 50 casos positivos, mas as punições estão sendo divulgadas a conta-gotas. Na semana passada, o COI confirmou que o Brasil herdará o terceiro lugar do revezamento 4x100m feminino em Pequim, após doping de uma atleta campeã pela Rússia.

MAIS DOPING - Também nesta quinta, a Federação Internacional de Levantamento de Peso anunciou que Norik Vardanian testou positivo para uma substância conhecida como Turibol durante os Jogos de Londres. Competindo pela Armênia, país em que nasceu, ele ficou em 11.º lugar na categoria até 94kg. Depois, naturalizou-se norte-americano, ficando com a prata no Pan de Toronto, em 2015.

Curiosamente, ele era um dos candidatos a ainda ganhar uma medalha dos Jogos de Londres. Com Vardanian, já são sete atletas da mesma prova flagrados no doping. Por enquanto, o ouro deve ir para o quinto colocado. O bronze, para o nono.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, levantou suspeitas sobre uma possível manipulação na escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, quando a capital fluminense derrotou Chicago, cidade onde ele construiu sua carreira política.

O mandatário contou à revista "New York Magazine" que uma delegação "muito bem preparada" havia viajado a Copenhague, na Dinamarca, para fazer uma apresentação, acompanhada da primeira-dama Michelle Obama.

##RECOMENDA##

"Recebi uma ligação dizendo que todos pensavam que, se eu fosse ao local, teríamos boas chances de ganhar. Então fui. Mais tarde entendemos que as decisões do COI [Comitê Olímpico Internacional] são similares às da Fifa, um pouco manipuladas", acrescentou.

Realizada no fim de agosto, a entrevista só foi divulgada pela revista na última segunda-feira (3). "Segundo todos os critérios objetivos, a candidatura americana era melhor", disse. Chicago foi a primeira das quatro cidades candidatas a ser eliminada, antes de Tóquio e Madri. 

A debandada do Brasil de técnicos de alto rendimento depois dos Jogos Olímpicos do Rio continua. Depois de quase uma dezena de estrangeiros não terem seus contratos renovados, agora quem vai deixar o País é o brasileiro Renato Araújo, treinador-chefe da seleção masculina de ginástica artística que conquistou três medalhas no Rio-2016. Ele trabalhava na equipe há 15 anos.

Em entrevista à Agência Estado nesta segunda-feira, o treinador pessoal de Caio Souza e Sergio Sasaki revelou que aguarda apenas o visto de trabalho para se mudar de mala e cuia para o Canadá, terra da namorada. Ele já informou os atletas da seleção e também o Comitê Olímpico do Brasil (COB), que era quem o empregava.

##RECOMENDA##

"Minha namorada é de lá, e ficava isso de eu ir para lá, ela vir para cá. Essa mudança foi programada para ser depois da Olimpíada. Os mais próximos a mim, como o Sasaki, acompanharam o processo. Eles sabiam da minha ideia de sair. O Jorge Bichara (gerente de performance do COB) também sabia, nunca escondi de ninguém", contou.

Renato estava na seleção brasileira adulta desde 2001 e, no Flamengo, ajudou a lapidar Diego Hypolito e Sergio Sasaki, entre outros. Demitido do clube em 2013 junto com os atletas, seguiu treinando eles até assumir como treinador-chefe do Brasil no ano passado.

Na seleção, dividia as decisões com os técnicos individuais de cada atleta. A tendência é que, com a saída dele, quem assuma a função de chefe seja Cristiano Albino, do Pinheiros, que trabalha com Francisco Barretto e Arthur Nory Mariano e auxiliava Renato.

Antes dele, a seleção já havia perdido Fernando Carvalho Lopes, que se tornou técnico pessoal de Diego Hypolito em São Bernardo do Campo (SP) e que, na véspera da Olimpíada, foi afastado após ser acusado de abuso sexual em caso que corre sobre segredo de Justiça no ABC. Diego, desde então, é treinado por Marcos Goto, que formou e segue como técnico de Arthur Zanetti. Também auxiliava Renato na seleção.

"De alguma forma eu deixei alguma coisa para ser continuada. Deixei um legado. Tem outros grandes técnicos no Brasil e eles vão dar essa continuidade no trabalho que vinha sendo feito. A gente teve três anos seguidos como finalista de Mundial e Olimpíada por equipes, medalhas", lembrou.

MAIS PERDAS - Quem também vai para o Canadá é Ricardo Pereira, técnico da equipe feminina do Flamengo, que tem Flávia Saraiva, Rebeca Andrade e Jade Barbosa. Ele foi assistente do russo Alexander Alexandrov, treinador-chefe da seleção feminina na preparação para a Olimpíada. Alexandrov, que estava no País desde 2013, também já se despediu.

A debandada, porém, não é só na ginástica. Foram embora o argentino Rubén Magnano (basquete masculino), o espanhol Jordi Ribera (handebol masculino), o italiano Ettore Ivaldi (canoagem slalom), o croata Ratko Rudic (polo aquático masculino) e o norte-americano George Morris (hipismo saltos), entre outros.

O basquete brasileiro agoniza e os Jogos Olímpicos do Rio-2016 escancararam a sua fragilidade. Foram cinco derrotas em cinco partidas da seleção feminina na Arena da Juventude, em Deodoro, e apenas duas vitórias em cinco confrontos do time masculino. As duas equipes foram eliminadas na primeira fase da competição. O desempenho ruim no maior evento esportivo que o País já recebeu reflete a penúria enfrentada pela modalidade nos últimos anos, especialmente entre as mulheres. O pessimismo gerado com os fracassos seguidos, aliado ao cenário atual, pode afetar ainda mais o futuro do basquete do Brasil.

Presidente da Federação Paulista de Basquete (FPB), Enyo Correia aponta que o fraco desempenho das seleções nacionais tem afetado diretamente no desenvolvimento do esporte. "Os resultados internacionais negativos dificultam a massificação do basquete, a criança não se sente estimulada a jogar. Estamos sofrendo com isso", afirmou o dirigente em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S.Paulo.

##RECOMENDA##

A falta de perspectiva também está associada à realidade vivida pelos clubes brasileiros. No feminino, apenas seis equipes disputam o Campeonato Paulista - São Bernardo, Santo André, Jundiaí, Franca, São José e Presidente Venceslau -, por exemplo. A tabela irregular, composta por jogos seguidos e depois longo espaçamento, é uma forma de se adaptar às necessidades dos participantes.

Custo das viagens, cronograma conflitante com outras competições e até divisão de quadra são as justificativas desse cenário catastrófico. "Quando um clube tem de fazer uma longa viagem, ao invés de jogar no sábado e também no sábado da semana seguinte, a equipe faz uma única viagem e joga sábado e domingo, em dias seguidos, podendo dar esse espaçamento em virtude dos custos para o clube", explicou o dirigente. É dinheiro que se economiza.

E Arilza Coraça, técnica do Santo André, faz seu diagnóstico. "Tivemos Olimpíada, Jogos Abertos, Regionais e, por causa disso, o Paulista foi se adequando. A Federação atendeu aos pedidos dos times. Há outros impedimentos. Nossa quadra não é usada só pelo basquete feminino, dividimos com vôlei masculino, basquete em cadeira de rodas e outras categorias".

A falta de "testemunhas" nas arquibancadas vazias em Jundiaí (SP) na vitória do São José sobre o time da casa, por 95 a 63, na noite de 23 de setembro, uma sexta-feira, não é exceção. A armadora Cacá Martins, de 24 anos, reconhece o declínio da modalidade. "O basquete feminino já vem com dificuldade há bastante tempo. Peguei uma boa fase do Paulista. Quando comecei, achava competitivo. Hoje, temos de conviver com poucos times e às vezes o salário não é tão bom, a competição acaba ficando mais fraca", comparou.

A jogadora, com passagem pela seleção, deixou o São Bernardo no mês passado e está à espera de um clube para poder disputar a Liga Nacional de Basquete Feminino (LBF). Tenta manter a boa condição física por conta própria e, enquanto isso, passa a dar mais atenção para a graduação de Pedagogia. Ela não é a única atleta que faz faculdade. A treinadora Arilza conta que muitas de suas jogadoras também são estudantes.

A Federação Paulista de Basquete trabalha para que o Estadual de 2017 tenha 10 equipes femininas. Americana, campeã dos Jogos Abertos no último dia 18, optou por não disputar o Paulista este ano. "Nossa ideia é 100% de isenção na taxa de arbitragem aos clubes, não só no feminino. O número de times do masculino no Paulista é superior, mas vem caindo, principalmente na base, que é o celeiro dos times no futuro", disse Enyo Correia. A condição dos Regionais enfraquece a seleção.

Preocupada com o restante do ano, Arilza pede ações imediatas. "Ao invés de pensar em 2017, deveríamos olhar para 2016. Vi um comunicado que, a partir de outubro, a mensalidade da Federação aumentará. Não é momento de propor aumento", criticou. Ela lembra da época em que as atletas e a comissão técnica do time do interior se envolveram na coleta de latinhas de alumínio na rua, papelão e jornal para aumentar a arrecadação. "Estou vendo chegar esse tempo outra vez", disse. "Estamos em um momento de crise. Não consigo vislumbrar perspectiva boa daqui até o fim do ano. Quero acreditar que a partir de 2017 tudo vai melhorar. Sou otimista, mas vejo uma situação sombria para o esporte em geral".

O presidente da FPB, com mandato até fevereiro de 2020, alega que a sua maior dificuldade é a questão financeira. Segundo Enyo Correa, a captação de recursos esbarra na crise do País e a Olimpíada concentrou boa parte dos investimentos. Ele diz que a dívida acumulada pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB), de R$ 10 milhões, "respinga nos Estados." E assegura: "A Federação pode fazer um pouco mais".

O Comitê Olímpico Internacional (COI) puniu três boxeadores, sendo dois deles irlandeses e um britânico, que participaram dos Jogos Olímpicos do Rio e fizeram apostas em lutas disputadas na grande competição realizada em agosto.

Por meio de nota publicada em seu site oficial, o COI informou que aplicou "severas reprimendas" aos irlandeses Michael Conlan e Steve Donnelly, assim como ao britânico Antony Fowler por violarem as regras que proíbem atletas que participam da Olimpíada realizem apostas na competição.

##RECOMENDA##

Nenhum destes pugilistas ganharam medalhas nos Jogos do Rio, sendo que o COI falou que todas as apostas envolveram lutas de boxe do evento olímpico. Entretanto, a entidade revelou que não houve intenção de manipular qualquer um destes combates por meio destas apostas.

Pelas regras do COI, não só atletas, mas também os dirigentes envolvidos com os Jogos Olímpicos não podem realizar apostas em partidas da competição e são orientados a denunciar qualquer suspeita de manipulação de resultados por meio deste tipo de prática.

O COI anunciou também que, para poderem se tornar elegíveis para a Olimpíada de 2020, em Tóquio, os três pugilistas punidos terão de ser submetidos a um "programa educacional". Para completar, os comitês olímpicos irlandês e britânico também receberam reprimendas por supostamente "não terem informado devidamente" seus atletas sobre as regras que proíbem as apostas no evento olímpico.

O Rio se despediu neste domingo (19) de seus surpreendentes e bem sucedidos Jogos Paralímpicos com festa e música, mas enlutados pela morte de um ciclista iraniano no penúltimo dia de competição. O Maracanã voltou a ficar lotado, com os paratletas sentados no gramado enquanto os fogos de artifício anunciavam o início do adeus.

Entre os primeiros artistas a se apresentar estava Johnathan Bastos, um brasileiro que nasceu sem braços, o que não o impediu de se transformar num reconhecido músico. Ele interpretou um incrível solo de violão com os pés.

##RECOMENDA##

Depois foi a vez de Ricardinho, astro da seleção brasileira de futebol de 5 para deficientes visuais, que fez o Maracanã ficar de pé portando a bandeira nacional. E, como na abertura, também houve tempo para a polêmica. Desta vez foi um músico da banda Nação Zumbi, que mostrou para as câmeras a parte de trás de seu violão onde se lia a frase "Fora Temer".

Além disso, a despedida paralímpica, com que o Brasil põe fim ao ciclo de grandes eventos realizados nos últimos anos, não foi só festa. 

No sábado, o atleta iraniano Bahman Golbarnezhad, de 48 anos, faleceu durante a prova de ciclismo de estrada, manchando com o luto o final dos Jogos.

O primeiro falecimento registrado durante Jogos Paralímpicos deixou o movimento "unido na dor", segundo descrição do presidente do Comitê Internacional (CPI), Philip Craven, durante seu discurso. No domingo podia ver-se a meio mastro tanto a bandeiro Paralímpica como a iraniana, enquanto a cerimônia respeitou um minuto de silêncio em homenagem ao atleta falecido.

Como nos Jogos de Londres-2012, a China foi a grande vencedora no Rio com 239 medalhas (107 de ouro), muito à frente de Grã-Bretanha, Ucrânia, Estados Unidos e Austrália, que completaram o top 5. Apesar de bater o recorde pessoal de medalhas, o Brasil terminou na oitava colocação, longe da meta de ficar entre os cinco maiores países paralímpicos.

Nesta edição dos Jogos foram batidos 103 recordes mundiais, diminuindo ainda mais a fronteira entre o olimpismo e o paralimpismo.

- Contra os pronósticos -

Entre as emoções da final de uma aventura que começou há sete anos, quando o Rio foi eleito sede dos Jogos, também pairava no ar o alívio da organização ao provar equivocados todos os prognósticos de que o evento seria um fracasso.

"Missão cumprida", afirmou Carlos Nuzman, presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio.

Em relação à instabilidade política -responsável pela polêmica destituição da ex-presidente Dilma Rousseff em 31 de agosto- e a severa recessão econômica que assola o Brasil há meses, Nuzman admitiu que foi "uma missão repleta de muitas dúvidas".

Antes de declarar encerrados os Jogos, com Tóquio tomando o bastão para 2020, Craven afirmou que o Brasil havia conseguido superar uma prova complicada. "Estes Jogos apontam claramente para um futuro muito brilhante desta jovem e maravilhosa nação", afirmou.

Uma forte preocupação precedeu os primeiros Jogos Paralímpicos da América Latina, que à complexa conjuntura brasileira somaram-se as dificuldades financeiras da organização e o veto à Rússia, impedida de participar devido ao gigantesco escândalo de doping estatal.

Mais cedo, Craven afirmou que a Rússia precisará de uma "mudança importante" para ser readmitida nas competições paralímpicas. Mas, contra todos os prognósticos, os Jogos foram um sucesso.

Há um mês, somente haviam sido vendidos cerca de 12% dos ingressos para assistir às competições. Finalmente, foram vendidos mais de 2,1 milhões de ingressos dos 2,5 milhões disponíveis. Uma marca superada apenas pelos Jogos de Londres-2012.

Ao contrário do que aconteceu nos Jogos Olímpicos, nos quais alguns estádios apresentavam partes das arquibancadas vazias devido aos altos preços dos ingressos, as Paralimpíadas se tornaram um plano atrativo e barato (entre 10 a 20 reais o ingresso) para muitas famílias brasileiras.

Tanto que no último sábado foi batido o recorde de público registrado em uma rodada de Jogos Olímpicos (153.000 pessoas), com mais de 170.000 pessoas presenciando o dia de competições.

- Fim de festa para o Brasil -

Ao apagar a pira olímpica no Rio, se extinguiu também o ciclo de grandes eventos que fizeram o mundo virar as atenções para o Brasil.

Ficam para trás a Copa do Mundo e a Copa das Confederações de futebol, o congresso da ONU sobre o meio-ambiente Rio+20, a Jornada Mundial da Juventude com o papa Francisco, além dos Jogos Olímpicos. Todos concentrados num período de quatro anos e sob a sombra das dúvidas, dos atrasos e do repúdio popular em protestos nas ruas, mas que acabaram sendo um grande sucesso.

A conta da organização dos Jogos (Olímpicos e Paralímpicos) terá custado 2,8 bilhões de dólares, uma quantia prevista desde 2009, garantiu o Comitê. Acabada a festa, resta ao Brasil olhar-se no espelho para tentar reencontrar a força que o fez conquistar o mundo na última década.

Assim como acontecera na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos, a festa de encerramento também teve protesto contra o presidente da República, Michel Temer. Mas, em vez das vaias, a manifestação foi "silenciosa": guitarrista da banda Nação Zumbi, Lucio Maia exibiu para as câmeras de TV a inscrição "Fora, Temer" atrás do instrumento musical.

O protesto aconteceu cerca de 35 minutos após o início da festa de encerramento. Como o palco fica longe das arquibancadas, a inscrição só pôde ser vista pela TV, na transmissão ao vivo. O músico aproveitou o momento em que o câmera do palco lhe filmava de perto para virar a guitarra e mostrar a inscrição.

##RECOMENDA##

Nas redes sociais, o público se dividiu com a atitude do guitarrista. Enquanto muitos aprovaram o protesto, outros criticaram a atitude. Na cerimônia de abertura, Michel Temer esteve no Maracanã e foi vaiado quatro vezes. Ele não compareceu à festa de encerramento.

Entre as autoridades estavam presentes Eduardo Paes, prefeito do Rio; Luiz Fernando Pezão, governador licenciado; Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados; Raul Jungmann, ministro da Defesa; Leonardo Picciani, ministro do Esporte, entre outros.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando