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A Operação Calvário, que mira em um suposto esquema de corrupção na Paraíba, abriu novas frentes de investigação na política do Rio de Janeiro e de São Paulo. Homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), um acordo de delação cita caixa dois à campanha do governador Wilson Witzel (PSC), e propinas aos ex-deputados Cândido Vaccarezza (Avante) e Leonardo Picciani (MDB), que envolveram o lobista Jorge Luz, delator da Operação Lava Jato.

A Calvário atingiu o seu ápice em dezembro passado, quando foi decretada a prisão do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB). O ex-chefe do executivo do Estado chegou a ser preso no dia 20 de dezembro na operação, que mira em desvios de até R$ 134,2 milhões da Saúde em sua gestão. Por ordem do ministro Napoleão Maia, do Superior Tribunal de Justiça, Coutinho foi solto no dia seguinte.

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Um dos pilares da fase mais recente da Calvário, que também resultou em buscas contra o governador João Azevedo (Sem partido), é a delação de Daniel Gomes da Silva, empresário que detinha contratos na área da Saúde do Estado, mas também atua em outras regiões, como no Rio de Janeiro. Ele foi preso na operação em dezembro de 2018.

A delação de Daniel traz conversas de WhatsApp, áudios de reuniões com o ex-governador Ricardo Coutinho, a quem atribui o papel de líder da organização criminosa instalada na administração do Estado. Ele também diz que chegou a fazer doações de R$ 1 milhão para a campanha de João Azevedo, e que o atual governador manteve a "espinha dorsal" dos esquemas, ao nomear os secretários de Coutinho.

O acordo foi homologado pelo Superior Tribunal de Justiça em razão das citações dos governadores Wilson Witzel (PSC) e João Azevedo, e também de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, autoridades com foro perante à Corte.

Caixa dois a Witzel

Um dos anexos se refere a suposto caixa dois de R$ 115 mil à campanha do governador Wilson Witzel. Segundo ele, Robson dos Santos França, o Robinho, então assessor do senador Arolde de Oliveira - que já foi secretário de Transportes do Rio - se apresentou como intermediário e arrecadador da candidatura. "Me recordo que naquele ano, Robson me ajudou a receber de maneira mais célere créditos junto àquela Secretaria", afirmou.

O empresário diz ter estabelecido uma "relação de confiança" com Robson, e teria tratado "em diversos períodos eleitorais sobre ajuda financeira". "Assim aconteceu à época em que ele trabalhou nas campanhas do Arolde de Oliveira à deputado federal e, ainda, quando ele trabalhou na campanha do Antônio Pedro Índio da Costa à Prefeitura do Rio de Janeiro no ano de 2016, logo após assessorá-lo na Secretaria Municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação da Prefeitura no governo de Marcelo Crivella".

"Robson e eu mantínhamos uma boa e confiável relação desde o nosso primeiro contato, motivo pelo qual eu sempre o ajudei nas campanhas, apostando nas vitórias dos candidatos que ele apoiava e visando facilidades na obtenção de eventuais contratos com o poder público no futuro", narra o delator.

Em outubro de 2018, já no segundo turno, o delator diz ter sido procurado por Robson, que pediu recursos à campanha de Witzel. As tratativas foram, em parte, feitas pelo WhatsApp, e as mensagens foram entregues pelo empresário à Procuradoria-Geral da República.

"Ouvi Robinho pedir a Daniel uma ajudar maior para a campanha de Wilson Witzel (ou seja, mais dinheiro), que ele seria muito grato, pois estava na reta final da campanha e precisando muito de recursos", narra.

Vaccarezza e Picciani

Outro anexo da delação de Daniel Gomes trata de propinas para a contratação do Instituto Sócrates Guanaes para a gestão de hospitais estaduais de Niterói e Araruama, no Rio. O relato tem como protagonistas personagens que estão no centro da Lava Jato naquele Estado.

Um dos intermediários da propina seria o lobista Jorge Luz, que é delator e confessou ser operador de propinas de emedebistas. O empresário diz que Luz é sogro de um filho do ex-senador Ney Suassuna - também delatado por ele -, e que o teria conhecido na casa do parlamentar, em meados de 2013. Nessa época, eles discutiram a possibilidade de fazer "negócios juntos". Luz teria o convidado a prestar serviços para a Petrobras, mas Daniel diz ter recusado.

"Pouco tempo depois, Jorge Luz me procurou novamente e me contou que tinha um bom relacionamento no governo do Estado do Rio de Janeiro, em virtude da sua amizade com o então deputado federal Cândido Vaccarezza, que, por sua vez, estava fazendo negócios com o então governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e com o deputado federal Leonardo Picciani", relata.

O delator diz ter contado a Luz sobre "desentendimentos que tive com Secretário de Saúde Sérgio Cortes em razão de contratos entre a Toesa e o Rio de Janeiro" o que inviabilizaria a ele "assumir qualquer hospital no Estado no Rio de Janeiro pela CVB (Cruz Vermelha), uma vez que a instituição tinha a imagem muito associada" a Daniel.

"Ainda na mesma ocasião, sugeri o Instituto Pedro Ludovico - IPL, com sede no estado de Goiás, administrado por Rodrigo Teixeira de Aquino, que conheci à época em que Toesa tinha contratos privados no estado de Goiás, entre os anos de 2008 e 2009", afirmou.

O delator narra. "Para conduzir as tratativas, Jorge Luz me apresentou como seu representante um funcionário dele chamado Eduardo Coutinho, e, através de Cândido Vaccarezza, acionou Leonardo Picciani, que conseguiu marcar uma reunião com o então Secretário de Saúde Sérgio Cortes, para que, finalmente, Eduardo Coutinho apresentasse o IPL".

No entanto, a equipe de Cortes viria a dizer que o Instituto não teria experiência exigida para gerir as unidades de saúde. "Por essa razão, Sérgio Cortes pediu a Eduardo Coutinho que apresentasse outra OSS com a documentação adequada para que ele apontasse as licitações disponíveis e fizesse o direcionamento".

"Assim, em nova reunião, Jorge Luz me contou que o seu amigo ex-deputado federal Sérgio Tourinho Dantas era responsável pelo jurídico do Instituto Sócrates Guanaes - ISG, com sede no estado da Bahia e representado por André Guanaes (irmão do Publicitário Nizan Guanaes). Naquela reunião, Jorge me explicou que o ISG já estava qualificado como OSS na SES/RJ, mas nunca havia ganhado licitações no estado por falta de interlocução política. Eu verifiquei que os documentos do ISG atenderiam as exigências da SES/RJ e JORGE marcou reunião para me apresentar os responsáveis pelo instituto", explica.

O delator afirma que Jorge Luz "voltou a procurar o então Deputado Federal Cândido Vaccarezza, tendo este novamente indicado que a interlocução entre o ISG e o Governo do Estado seria realizada pelo então Deputado Federal Leonardo Picciani".

"Também foi acionado novamente Eduardo Coutinho para fazer a interlocução com Leonardo Picciani, em diversas reuniões ocorrida no Rio de Janeiro e em Brasília, informando sobre as demandas de interesse do ISG, bem como nos atualizar dos trâmites e movimentos de Sergio Cortes na SES/RJ. Ou seja, a negociação foi perfectibilizada pelos mesmos personagens que anteriormente trataram da contratação IPL", relata.

A contratação, segundo o delator se efetivou, e se deu graças à interlocução do deputado emedebista. Após a assinatura do contrato para a unidade de Araruama, ele narra ter "definido com Jorge Luz e André Guanaes as empresas que seriam contratadas efetivar os desvios necessários para formar o caixa da propina, assim como as pessoas que iriam trabalhar no Hospital Roberto Chabo".

"Nesse sentido, a partir do início da gestão daquele hospital, fazíamos periodicamente uma reunião para distribuir o valor arrecadado entre nós (planilhas em anexo) e, posteriormente, repassávamos o valor previamente definido (planilhas em anexo) à Leonardo Picciani via Eduardo Coutinho e Candido Vacareza, via Jorge Luz", afirma o delator, que entregou áudios de reuniões e planilhas de pagamentos. Os repasses, segundo os registros do empresário, chegaram a R$ 167 mil.

Entre as gravações entregues à Justiça, o delator entrega conversas em que discute a possibilidade de colaboração de Jorge Luz com outros investigados e chega a questionar o interesse do lobista em delatar Picciani.

Jorge Luz teve sua delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Ele cita repasses milionários a Renan Calheiros (MDB), Anibal Gomes (MDB) e Jader Barbalho (MDB), por exemplo.

O ex-deputado Cândido Vaccarezza, que chegou a ser preso pela Lava Jato na Operação Abate, deflagrada em agosto de 2017, tem seu nome presente em planilhas de Jorge Luz, com o codinome "parceiro". Ele foi denunciado e responde a ação penal por supostas propinas de contratos da Petrobras.

Já Leonardo Picciani faz parte do clã investigado pela Operação Lava Jato no Rio. Ele não foi eleito em 2018, ao cargo de deputado federal, e chegou a ser ministro dos Esportes do governo Michel Temer.

Seu pai, Jorge, e seu irmão, Rafael, chegaram a ser presos na Operação Cadeia Velha. Jorge está condenado a 21 anos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região em razão de supostos esquemas de propinas envolvendo a Fetranspor, na gestão Sérgio Cabral (MDB).

Defesas

O Núcleo de Imprensa do Governo do Estado do Rio se manifestou sobre a citação a Witzel: "Robson dos Santos França, assessor do senador Arolde de Oliveira citado na referida delação, não trabalhou na campanha do governador Wilson Witzel; todas as informações sobre a campanha foram prestadas à Justiça Eleitoral e as contas foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral; a campanha de Wilson Witzel não teve caixa dois e o governador condena tais práticas".

A reportagem busca contato com as defesas de Cândido Vaccarezza e Leonardo Picciani. O espaço está aberto para manifestações. Também entrou em contato com o Instituto Sócrates Guanaes e aguarda resposta. O espaço está aberto para manifestações de defesa.

A Primeira Seção Especializada do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região condenou ex-líderes do MDB na Assembleia Legislativa do Rio, presos em 2017 na Operação Cadeia Velha, desdobramento da Lava Jato. Os emedebistas Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi eram acusados pelo Ministério Público Federal de operar esquema de propina para favorecer a Fetranspor, entidade que reúne empresas de ônibus urbanos, e a Odebrecht. Os crimes teriam ocorrido na gestão de Sérgio Cabral (MDB).

Ex-presidente da Casa, Picciani foi condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa a 21 anos de prisão. Ele ainda terá de pagar uma multa de R$ 11 milhões.

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Albertassi, ex-líder do partido, foi condenado a 13 anos e 4 meses de prisão e multa de R$ 6 milhões por organização criminosa e corrupção. A pena imposta a Melo, que também presidiu a Assembleia, foi de 12 anos e 5 meses de prisão e multa de R$ 7 milhões.

Cinco desembargadores votaram a favor das condenações. O relator Abel Gomes propôs as penas e a manutenção da atual prisão preventiva. Foi acompanhado pelos outros quatro magistrados do TRF-2.

Presos em Bangu 8, Melo e Albertassi não foram ao julgamento desta quinta-feira, 28. Picciani, que atualmente cumpre pena em prisão domiciliar, também não compareceu.

Sem foro

Também nesta quinta e na Operação Cadeia Velha, o juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, condenou o empresário do ramo de transportes Jacob Barata Filho, o empresário Felipe Picciani, filho de Jorge Picciani, o ex-presidente da Fetranspor Lélis Teixeira e mais oito por participação no esquema na Assembleia.

Jorge Picciani, Albertassi e Melo eram parlamentares quando a ação penal foi aberta - por isso foram julgados elo TRF-2. Os 11 condenados por Bretas não tinham foro e seus casos foram enviados à Justiça comum.

Barata Filho foi condenado a 12 anos de prisão por corrupção ativa. "Os motivos (de sua conduta) são reprováveis, consistentes na compra de apoio na Alerj com o intuito de perpetuar seu domínio no mercado de transporte público", disse Bretas.

A pena imposta a Felipe Picciani foi de 17 anos e 10 meses por lavagem de dinheiro por meio de empresa da família e organização criminosa. Teixeira foi condenado a 13 anos por corrupção ativa qualificada.

Os advogados de Jorge Picciani, Albertassi e Melo afirmaram que vão recorrer da decisão. As defesas dos outros condenados não responderam até a publicação desta matéria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Preso havia nove meses, Felipe Picciani, filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio Jorge Picciani (MDB), teve a libertação determinada pelo juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas, nesta sexta-feira, 24. Ele havia sido preso na Operação Cadeia Velha, em novembro do ano passado, sob acusação de participar de negócios ilícitos do pai.

As investigações haviam indicado que Felipe, o único dos filhos adultos de Picciani que não está na política - Rafael Picciani é deputado estadual e Leonardo Picciani, federal, ambos pelo MDB -, tinha ingerência na área financeira da empresa da família, a Agrobilara.

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A empresa estaria envolvida num esquema de lavagem de dinheiro de propina paga a deputados da Alerj por empresários de ônibus do Estado. Isso se daria por meio de venda de gado a preços superfaturados. A defesa vinha sustentando que não havia provas do envolvimento de Felipe em operações de compra e venda de gado e que ele é apenas um zootecnista, a cargo de seleção genética de bovinos.

Bretas considerou que não foram apresentados fatos que justificassem a medida extrema da prisão, e que não foram encontrados, até agora, elementos da participação de Felipe na organização criminosa investigada.

Nesta sexta-feira, o filho de Picciani fora ouvido pela primeira vez pelo juiz. Pouco depois, Bretas expediu o alvará de soltura. Durante o seu depoimento, ele negou todas as acusações e disse que reagiu com surpresa ao fato de ter seu nome envolvido pelo ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, Jonas Lopes. "Meu pai até me disse que não sabe o que passa no coração de cada um, num momento de aperto, para falar o que estão falando", disse ao juiz.

Felipe também afirmou que só se encontrou duas vezes com Lopes, em seu gabinete, para falar sobre criação de gado - o conselheiro estaria interessado em implantar em sua fazenda técnicas usadas na Agrobilara.

Mais cedo, a reportagem havia falado com Leonardo Picciani - ex-ministro do Turismo, no cargo até abril - sobre sua campanha à reeleição, e ele comentou a situação do irmão. "O caso dele é uma das maiores injustiças do País. É um zootecnista, jamais teve envolvimento político. A vida dele sempre foi a fazenda. É alguém que não tem nenhum conhecimento dos fatos dos quais é acusado. Uma prisão temporária que já dura nove meses de alguém que sequer condenado é. Hoje está sendo ouvido pela primeira vez. Eu lamento que ele viva essa situação, mas confio que em breve a justiça poderá ser feita, apesar de tardia."

Em manifestação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a manutenção da prisão dos deputados estaduais Jorge Picciani (MDB-RJ) e Paulo César de Melo (MDB-RJ), presos em novembro na Operação Cadeia Velha sob a acusação de participarem de um esquema de propinas no setor de transporte público. Para a PGR, os fatos investigados "evidenciam um monumental esquema de corrupção" no Rio de Janeiro que começou na década de 1990 e perdurou até o ano passado.

"Trata-se de esquema consolidado no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, sob o comando do paciente (Picciani e Paulo César de Melo) e dos demais parlamentares envolvidos, sendo necessária a prisão não somente para fazer cessar a prática delitiva como também para permitir que as investigações transcorram sem os percalços que ocorreriam com a liberdade dos investigados", defendeu a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques.

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A manifestação da subprocuradora, assinada no último dia 11, foi feita no âmbito de habeas corpus impetrado pela defesa de Picciani no STF, contra decisão do ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou liminar para soltar o emedebista.

Em novembro, o ministro Dias Toffoli, do STF, negou os pedidos de liberdade de Picciani e de Melo.

Para a PGR, tanto no caso de Picciani quanto no de Mello, não há "situação de constrangimento ilegal" que justifique a concessão de habeas corpus.

A Procuradoria-Geral da República ressalta que a prisão dos deputados fluminenses foi decretada após a existência de "graves indícios" de crimes, justificando a necessidade da prisão como "único meio de se resguardar a ordem pública, a instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal".

Presos na quinta-feira, 16, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio, deputado Jorge Picciani, o deputado Paulo Melo e o líder do governo, deputado Edson Albertassi, todos do PMDB, foram soltos na tarde nesta sexta-feira, 17. Eles ficaram menos de 24 horas na cadeia.

A casa decidiu pela soltura por 39 votos a 19, e houve uma abstenção. Eles devem retomar suas funções parlamentares já na terça-feira que vem (segunda é feriado). A decisão dos colegas saiu às 16h35 e os deputados foram liberados às 18 horas. O secretário da Mesa Diretora da Alerj entregou a decisão à cadeia pública de Benfica, onde estão os deputados e também o ex-governador Sergio Cabral (PMDB) - que nesta sexta-feira faz um ano preso.

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Os três peemedebistas foram embora de Benfica no mesmo veículo, de vidros escurecidos. Eles haviam chegado na quinta-feira por volta das 19h20. A prisão foi determinada na quinta-feira pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). Os três parlamentares teriam recebido propina de empresas do setor de transportes.

Presos nesta quinta-feira, 16, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio, deputado Jorge Picciani, o deputado Paulo Melo e o líder do governo, deputado Edson Albertassi, todos do PMDB, devem ser soltos ainda nesta sexta-feira, 17.

A casa decidiu pela soltura deles por 39 votos a 19, e houve uma abstenção. Eles devem retomar suas funções parlamentares já na terça-feira que vem (segunda é feriado).

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O secretário da Mesa Diretora da Alerj se encaminha para entregar a decisão à cadeia pública de Benfica, onde estão os deputados e também o ex-governador Sergio Cabral (PMDB) - que nesta sexta-feira faz um ano preso.

A prisão foi determinada na quinta-feira pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). Os três parlamentares teriam recebido propina de empresas do setor de transportes.

Por quatro 4 a 2, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta sexta-feira, 17, o parecer que determina a suspensão da prisão do presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB), e dos deputados Paulo Melo (PMDB) e Edson Albertassi (PMDB), e pela retomada imediata dos cargos parlamentares.

O deputado Rafael Picciani (PMDB), filho de Jorge Picciani e integrante da CCJ, absteve-se. Os deputados Carlos Minc (sem partido) e Luiz Paulo Corrêa (PSDB) votaram pela manutenção das prisões. A votação do parecer da CCJ foi reservada. Antes de a análise começar, os jornalistas foram convidados a se retirar.

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"Não se trata de uma acusação qualquer; estamos falando de corrupção, desvio de verba e formação de quadrilha", enumerou o deputado Marcelo Freixo (PSOL), logo após a divulgação do resultado. "A Assembleia pode e deve fazer um debate, mas anular a decisão da Justiça é um equivoco muito grande."

A Polícia Militar está usando bombas de gás para dispersar cerca de mil manifestantes que se concentram em frente à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), onde deputados estaduais votam pela manutenção ou não da prisão de três parlamentares, entre eles o atual presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB). O lançamento das bombas provoca correria pelas ruas do centro do Rio.

O ato começou por volta das 13h, e vinha transcorrendo sem maiores incidentes até às 16h. Segundo os manifestantes, uma liminar da Justiça autorizava o acesso do público às galerias da Alerj, mas com a demora da chegada da decisão um grupo tentou invadir a Assembleia. Foi aí que a PM passou a fazer uso das bombas.

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Os manifestantes ocupavam a Avenida Primeiro de Março. Um carro de som, bandeiras de partidos de esquerda e de grupos sindicais também são usados no ato. Os discursos são feitos por líderes de movimentos e pessoas que se apresentam como "cidadãos comuns". Todos pedem pela manutenção da prisão de Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMDB. Os três passaram a noite confinados na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio.

O advogado de defesa do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Nélio Machado, disse que o "tribunal errou" ao determinar a prisão preventiva do seu cliente, Jorge Picciani, e também dos deputados Paulo Mello e Edson Albertassi. Os três são parlamentares pelo PMDB do Rio. "Estão punindo suposto pecador sem dar a ele o direito de defesa", afirmou.

Machado argumenta que os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) fizeram um pré-julgamento ao avaliar nesta quinta-feira, 16, as denúncias do Ministério Público Federal (MPF) de envolvimento dos parlamentares em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro.

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"Estão confundindo prisão preventiva com pena antecipada. O que se vê na decisão é que se toma como verdadeira a versão de pessoas que têm a posição de colaboradoras em troca de vantagens. Ninguém leu o depoimento dele (Picciani) na polícia", disse Machado.

O advogado disse que não há tempo hábil para tentar liberar o presidente da Alerj por meio de habeas corpus e que a melhor opção será aguardar o posicionamento da Assembleia, que poderá suspender a decisão do TRF-2.

"Amanhã é sexta-feira. Segunda-feira é feriado. Tudo isso conspira em nosso desfavor", acrescentou. Em sua opinião, a prisão só deveria acontecer depois de os deputados estaduais se manifestarem.

Na manifestação ao Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2), que originou a Operação Cadeia Velha, desdobramento da Lava Jato, o Ministério Público Federal afirma que o ‘principal propósito’ da empresa Agrobilara, controlada pelo presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB) e sua família, é a lavagem de dinheiro. A Agrobilara tem sede em Uberaba (MG), cidade onde a Polícia Federal prendeu Felipe Picciani, filho de Jorge, na manhã desta terça-feira, 14. O presidente da Assembleia fluminense foi levado para depor.

A Procuradoria cita, no documento, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e a empreiteira Carioca Engenharia. Em delação, uma executiva da empresa disse que ‘comprou vacas superfaturadas’ da Agrobilara.

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"Os negócios no ramo de gado de Jorge Picciani servem para lavagem do produto de crimes antecedentes de corrupção praticados por ele, mas também, em demonstração de grande sofisticação, praticados por terceiros (Carioca Engenharia), para pagamento de propina em espécie a Cabral e para lavagem do produto do crime de corrupção de outros funcionários públicos", afirma o Ministério Público Federal.

Controlam a Agrobilara os peemedebistas Leonardo Picciani, ministro dos Esportes (Governo Michel Temer), Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, e Rafael Picciani, deputado estadual.

"Sem dúvida o deputado Jorge Picciani conta com a colaboração indispensável de seu filho Felipe Picciani, que no site do Grupo Monte Verde (Agrobilara) é apresentado como zootecnista que se dedica integralmente à Monte Verde. Aliás, a dedicação à Agrobilara, além da submissão às diretrizes de seu pai na condução dos negócios fica patente nos e-mails trocados entre eles, o que significa dizer que Felipe age em consonância com o principal propósito da empresa, ou seja, lavagem de ativos dos crimes praticados por seu pai e por outras pessoas da esfera de conhecimento do seu pai (empresários e funcionários públicos)", diz a Procuradoria.

Jorge e Felipe Picciani foram citados também na delação premiada do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Jonas Lopes de Carvalho Júnior. O delator relatou que ajustou com Picciani pai ‘o subfaturamento da operação de compra do gado’.

"Procurou, então, Felipe Picciani para lhe auxiliar; que chegou a ir a Fazenda de uma agropecuária da família Picciani em Uberaba/MG (Agrobilara), por meio de avião particular, jato, que saiu do aeroporto Santos Dummont", narrou. "Nessa oportunidade, estava acompanhado do deputado estadual Jorge Picciani e seu filho Felipe Picciani, ambos sócios da referida agropecuária."

Segundo o delator, na ocasião, ele ‘comprou 100 novilhas Girolando, ao custo de R$ 600 mil’. Jonas Lopes Júnior declarou ter ajustado com pai e filho ‘a emissão de notas fiscais referentes ao gado em valores inferiores da quantia real do preço ajustado’.

"O valor correspondente às notas fiscais foi quitado mediante pagamento em 24 parcelas de R$ 50 mil cada; que Felipe comparecia ao Gabinete da Presidência do TCE/RJ para recolher o dinheiro ou na residência do colaborador (Jonas Lopes Júnior); que os recursos utilizados no pagamento em espécie do gado eram provenientes dos ativos auferidos ilicitamente em razão do cargo de Conselheiro do TCE/RJ", relatou.

Jonas Lopes Júnior disse na delação premiada que o velho cacique Jorge tinha conhecimento ‘da origem ilícita dos recursos porque sabia especificamente que o colaborador ajustava o recebimento de vantagens indevidas’ para o Tribunal de Contas.

O ex-conselheiro narrou ainda uma segunda compra junto a família Picciani. Desta vez, afirmou, Felipe o procurou e disse que ‘outra empresa de sua propriedade, de nome Agrocopa, iria vender seu plantel’.

Notas

De acordo com Jonas Lopes Júnior, foi usado o mesmo modus operandi da primeira compra. O ex-presidente da Corte de Contas fluminense relatou que os recursos usados ‘para aquisição do gado da Agrocopa também tinham origem ilícita’.

"Não sabe afirmar se foram pagos pelo gado R$ 450 mil ou R$ 500 mil", afirmou. "As notas fiscais eram emitidas em valor inferior ao de fato devido; que registra que alguns animais foram adquiridos de forma correta, com registro na nota fiscal do valor efetivamente pago; que a diferença paga em espécie foi entregue a Felipe Picciani e André Monteiro, sócios da Agrocopa; que os pagamentos se deram no Gabinete da Presidência do TCE/RJ e também na residência do colaborador."

Para os investigadores da Cadeia Velha, ‘a segunda compra é marcada pela iniciativa de Felipe, evidenciando que esse tipo de negócio faz parte da sua rotina, tanto é que sem qualquer pudor recolhia o dinheiro no próprio Tribunal de Contas do Estado do Rio’.

"As circunstâncias não dão margens a dúvidas acerca da vontade de Felipe e Jorge Picciani colaborarem em operação de lavagem de recursos procedentes de corrupção por parte do conselheiro do TCE/RJ. Afinal, ambos concordaram em emitir nota fiscal abaixo do preço devido das mercadorias, bem como receber a diferença em espécie, além de Jorge Picciani estar a par do caráter venal do funcionário público com quem negociou, até porque participou de negociatas com ele em mais de uma oportunidade", afirma a Procuradoria da República na 2ª Região.

Os procuradores destacam que o ‘sucesso’ de Jorge Picciani nos negócios está ligado à sua posição política. "O poder político aparece como o caminho para o enriquecimento pessoal, na medida em que quanto mais poder mais negócios", anota o Ministério Público Federal.

"Não por acaso foi escolhido pelo político um ramo de negócio propício a manipulações e acertos entre as partes, que se beneficia da tributação favorável dada ao setor agropecuário e, sobretudo, com pouco controle e fiscalização do Estado, tudo a dificultar o controle de lavagem de ativos por esse setor da economia, apesar das normas implementadas em 2012, para coibir tal prática em negócios com gado."

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, negou as acusações e classificou a prisão do filho de "uma covardia" para atingi-lo. "Felipe é zootecnista, bom pai, bom filho, bom amigo, que não tem atuação política. Todos que o conhecem o respeitam e sabem do seu caráter e correção."

Picciani afirmou que nunca recebeu vantagem em troca de favores. "A Alerj não atua a serviço de grupos de interesse, não interfere em aumento de tarifas e não votou isenção de IPVA para ônibus, porque isso foi feito por decreto do Executivo, quando eu nem sequer tinha mandato", disse o peemedebista.

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Ele negou ter conta no exterior. "Meu patrimônio é absolutamente compatível com a renda oriunda das minhas atividades empresariais e isso já foi comprovado em investigação devidamente arquivada."

Edson Albertassi afirmou, em nota, que sua defesa "ainda não teve acesso ao inquérito". Paulo Melo negou as acusações. "Nunca tive nenhum envolvimento com essas pessoas, nenhum tipo de encontro para tratar disso", afirmou, após seu depoimento na Polícia Federal.

‘Conjecturas’. A defesa de Jacob Barata Filho afirmou que a decisão de decretar sua prisão "não trouxe novas acusações e se baseou nas mesmas conjecturas que já foram tidas por insuficientes" pelo Supremo.

A Assembleia do Rio disse que "repudia as acusações de que teria beneficiado empresários". "O parlamento não atua em função de interesses espúrios de quem quer que seja."

A defesa de José Carlos Lavouras, que está preso em Portugal desde julho, afirmou que a prisão "foi imposta irregularmente, pois já havia sido decretada anteriormente pelo juiz Marcelo Bretas". A Odebrecht informou que colabora com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. O Estado não localizou as defesas de Lélis Teixeira e Marcos Teixeira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Presidente da Assembleia Legislativa e do PMDB-RJ, o deputado Jorge Picciani afirmou neste sábado, 18, que a decretação de calamidade pública nas finanças do Estado facilitará a ajuda federal ao Rio de Janeiro e abrirá caminho para o governador Francisco Dornelles "restabelecer prioridades". Segundo Picciani, o governo do Estado destinará recursos para pagamento de servidores, segurança, saúde e educação. Na próxima semana, o governo federal deverá editar medidas provisórias para garantir cerca de R$ 3 bilhões ao Rio de Janeiro.

Picciani disse que "medidas duras" citadas na noite de sexta-feira, 17, por Dornelles se referem ao corte de 30% dos gastos do Estado e extinção de cinco secretarias, medidas anunciadas pelo governo há dez dias. Entre as iniciativas, está a reavaliação de todos os programas sociais e a suspensão temporária do programa de superação da pobreza, Renda Melhor. O deputado negou que a "racionalização de todos os serviços públicos essenciais" mencionada no decreto signifique redução dos gastos com saúde e educação para dar prioridade à Olimpíada. "Não existe essa hipótese", respondeu.

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"Esse decreto dá tranquilidade ao governo federal para ajudar mais o Rio de Janeiro e dá instrumentos para o governador restabelecer as prioridades do Estado: salário (do funcionalismo) em dia, restabelecer a segurança da população, garantir o funcionamento das escolas e recursos para a saúde. A saúde precisa de R$ 200 milhões por mês, mas atualmente tem entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões. Dornelles agora assumiu o caixa do Estado", diz Picciani.

O presidente da Assembleia cobrou das secretarias e outras instituições públicas do Estado a redução dos gastos, com revisão de contratos e demissões de cargos comissionados. "Medidas duras são os cortes nas despesas, que serão muito significativos. São medidas difíceis, mas têm que ser tomadas, cada secretaria tem o dever de cortar cargos de confiança, de rever contratos. O governador assumiu o compromisso de que isso será realizado e a Assembleia vai acompanhar", afirmou Picciani. Segundo o deputado, Dornelles disse na sexta-feira ter formado uma comissão para rever os cem maiores contratos do Estado.

O vice-presidente Michel Temer sondou o líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), para comandar o Ministério do Esporte em seu eventual governo. Segundo interlocutores do parlamentar, ele sinalizou a Temer que aceitaria a tarefa. A indicação, contudo, ainda não foi fechada.

Temer separou o ministro do Esporte como cota do PMDB do Rio de Janeiro. A negociação foi feita entre o vice e o deputado estadual Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Estado e pai do líder do PMDB na Câmara. A ideia inicial era indicar o deputado federal licenciado Marco Antônio Cabral para o cargo.

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Filho do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, o nome de Marco Antônio enfrentou resistência entre alguns membros da bancada do PMDB na Câmara, por ele ser "muito novo". Atualmente, Marco Antônio está licenciado do mandato parlamentar, pois ocupa o cargo de Secretário do Esporte no governo do Estado do Rio.

Ao dar a pasta do Esporte para Picciani, Temer consegue atender, ao mesmo tempo, a cúpula do PMDB do Rio e a bancada do partido na Câmara dos Deputados, liderada por Picciani. Os deputados reclamaram bastante após Temer oferecer o comando do Ministério da Saúde ao PP. A bancada queria ficar com a pasta.

Antes de o nome de Picciani começar a ser ventilado, a bancada afirmava que o Ministério do Esporte era apenas da cota do PMDB do Rio. Para acalmar os deputados, Temer ofereceu para a bancada o comando do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e da Secretaria da Aviação Civil, a qual o vice ainda avalia se manterá ou não no atual status de ministério.

Para o MDS, Temer já articulou com a bancada a indicação do deputado federal Osmar Terra (RS). O parlamentar gaúcho faz parte da ala do PMDB que articulou o impeachment e apoiou o deputado Hugo Motta (PB) como adversário de Picciani na última disputa pela liderança do PMDB na Câmara. Para a Aviação Civil, o nome ainda não foi fechado.

Ciente de que perdeu força com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff em andamento no Congresso Nacional, o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), líder do partido na Câmara, tenta, agora, se reaproximar da maioria da bancada da legenda na Casa e do vice-presidente da República, Michel Temer.

Num dos acenos ao grupo majoritário do partido na Casa, Picciani abriu mão de indicar o deputado Rodrigo Pacheco (MG) e aceitou um acordo com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para indicar Osmar Serraglio (PR) para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

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Até então um dos principais aliados da presidente Dilma Rousseff na Câmara, Picciani também aconselhou o então ministro Marcelo Castro (PMDB-PI) a deixar o comando do Ministério da Saúde. Castro reassumirá sua vaga na Câmara.

O gesto agradou a Temer e à maioria da bancada, que reclamava do fato de peemedebistas permanecerem no governo mesmo após a legenda ter anunciado o rompimento com a gestão petista. Marcelo Castro entregou seu cargo na quarta-feira, 27. Também na quarta-feira, Picciani foi ao encontro de Temer no Palácio do Jaburu. O líder peemedebista queria ouvir do correligionário como a bancada da sigla na Câmara será contemplada em eventual governo do vice, em caso de afastamento de Dilma Rousseff. No encontro, o deputado disse ao vice que a bancada deseja manter o Ministério da Saúde, o que ficou de ser avaliado por Temer, segundo interlocutores de Picciani. A pasta também é cobiçada pelo PP.

Liderança

Picciani sabe que perdeu força com o processo de impeachment da petista e que isso pode ameaçar sua permanência na liderança do PMDB.

Em dezembro, o peemedebista foi destituído do posto de líder do partido por deputados da ala pró-impeachment. Em seu lugar, assumiu o mineiro Leonardo Quintão. No entanto, cerca de uma semana depois, Picciani foi reconduzido à liderança do PMDB na Câmara ao apresentar lista de assinaturas com apoio ao nome dele para o cargo.

Nesta nova fase, o deputado recalcula rotas para concretizar a vontade de se tornar presidente da Casa.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), afirmou nesta quarta-feira, 27, que o ministro da Saúde, Marcelo Castro, vai entregar o cargo antes da votação da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo Senado, prevista para 11 de maio.

Procurado pela reportagem, Marcelo Castro se mostrou surpreso com a divulgação da informação por Picciani. O ministro evitou confirmar diretamente quando vai deixar o posto. "Vou conversar com Picciani e com o governo nos próximos dias antes para ver como faço", afirmou.

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Marcelo Castro chegou ao comando do Ministério da Saúde em outubro do ano passado por indicação do líder do PMDB. Na época, Picciani também indicou o deputado Celso Pansera (RJ) para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Com sua saída, Castro deve retomar seu mandato de deputado federal.

Castro será o sexto ministro do PMDB a deixar o governo Dilma após o partido deixar a base aliada. Já tinham deixado os cargos os peemedebistas Henrique Eduardo Alves (Turismo), Helder Barbalho (Portos), Mauro Lopes (Aviação Civil), Eduardo Braga (Minas e Energia) e Pansera. Apenas Kátia Abreu (Agricultura) segue no cargo.

Líder do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Picciani (RJ) criticou nesta segunda-feira, 25, setores do PSDB que apoiam o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas pregam independência em um eventual governo de Michel Temer. Fazem parte desse grupo o governador Geraldo Alckmin e o presidente do partido, senador Aécio Neves (MG), derrotado por Dilma na disputa presidencial de 2014. Em outra frente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra (SP) sustentam que, se Temer aceitar propostas feitas pelo PSDB e houver convite, tucanos devem fazer parte do novo ministério.

"O PSDB fez críticas dizendo que o problema do País era a presidente. Se não for ela (Dilma) a presidente, me parece que cabe a eles (PSDB) ajudarem na reconstrução do País, senão vai ficar muito nítido que o problema do País também eram aqueles que trabalhavam pelo quanto pior melhor", afirmou Picciani.

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O peemedebista disse ainda que a atual crise se deve não só a erros do governo, mas também da oposição. Segundo ele, a oposição jamais se conformou com o resultado das eleições, apostou no quanto pior melhor, votou inclusive contra bandeiras históricas do PSDB e apostou em cenário de caos para que pudesse retornar ao poder.

"Os partidos da oposição agiram de forma absolutamente mesquinha com o País, botaram seu interesse político de retomar o poder à frente da agenda do País. Isso não pode acontecer na possibilidade de o vice-presidente assumir a Presidência", afirmou Picciani, entrevistado no programa "Deles e Delas", na Rede CNT, que vai ao ar no próximo sábado.

Embora tenha feito parte da minoria de deputados do PMDB que votou contra o impeachment, Picciani disse que não se sente ameaçado na liderança do partido e garantiu que a bancada estará unida na sustentação de um possível governo Temer. O deputado reiterou a tese de que a presidente Dilma não cometeu crime de responsabilidade e afirmou que "a Câmara errou" ao decidir que pelo prosseguimento do processo, agora em discussão no Senado. Mas elogiou Temer e prometeu apoio ao companheiro de partido.

"Mesmo sendo do partido dele (Temer), votei contra o impeachment, não porque acho que ele não tem capacidade de governar, ao contrário, se acontecer, ele tem total capacidade de cumprir sua função, eu o apoiarei e o PMDB estará unido nesse apoio", afirmou.

Questionado sobre o futuro do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Picciani disse que não faz "pré-julgamento". Cunha responde a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética e é alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

"Seria fundamental que se conclua o procedimento aberto na Casa sobre quebra de decoro, com o Conselho de Ética cumprindo seus prazos regimentais e o plenário decidindo se ele é inocente ou culpado. A outra parte é a denúncia do STF e ele está respondendo. Cabe ao Supremo fazer o julgamento o mais rápido possível", afirmou.

Para Picciani, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê antecipação das eleições presidenciais, feita por senadores independentes na semana passada, é "utopia política" sem viabilidade jurídica. "Do ponto de vista da utopia política, uma nova eleição sempre legitima o resultado que dela decorre. Mas há um impedimento quase insuperável: não temos previsão no nosso ordenamento jurídico para que ocorram novas eleições. Mudar a regra com um mandato em andamento, isso sim seria um golpe (...) A ideia parece muito bonita à primeira vista, mas não tem previsão legal."

Embora seja contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff, o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), será porta-voz da decisão da maioria dos 66 deputados de votar a favor do impeachment, na votação em plenário marcada para o próximo domingo, 17. Picciani aguarda apenas a reunião da bancada, marcada para a manhã desta quinta-feira, 14, para anunciar a decisão da maioria. O líder afirmou que não haverá fechamento de questão, em que os parlamentares são obrigados a seguir a decisão majoritária, sob pena de sofrerem punições que podem chegar à expulsão.

"O PMDB estará o mais unido possível. Vou vocalizar a posição majoritária da bancada. É mais do que liberação da bancada (em que cada deputado vota como quiser)", disse Picciani à reportagem, nesta quarta-feira, 13.

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O líder reuniu-se com o vice-presidente Michel Temer na segunda e na terça-feira. Nos últimos dias, Temer conversou com mais de vinte deputados peemedebistas, o que fez ampliar o número de votos a favor do impeachment dentro da bancada. Picciani acertou com o vice que ajudaria a consolidar a unidade do partido, embora esteja decidido a votar em plenário contra o impeachment. Picciani tem dito que, se o impeachment for aprovado e o vice assumir, "cem por cento da bancada estará com Temer".

Picciani disse à reportagem que não há possibilidade de se abster na votação de domingo. "Vou votar contra o impeachment e a bancada vai respeitar minha posição", declarou. O líder disse que não haverá punição para os deputados que, como ele, ficarem ao lado da presidente. Segundo Picciani, a aprovação do fechamento de questão exige reunião conjunta da bancada e da executiva nacional do PMDB, com aprovação pela maioria dos dois grupos. "A bancada não defende fechamento de questão. Não existe convocação da executiva nacional, nada foi marcado", afirmou.

Embora esteja clara a posição amplamente favorável ao impeachment no PMDB, o líder evita cálculos de número de votos e diz que vai aguardar a reunião desta quinta-feira. Aliados de Picciani afirmam que o cenário hoje é de cerca de dez votos contra o impeachment e quase 60 a favor. A bancada deverá crescer de 66 para 68 ou 69 deputados, com a chegada de parlamentares que estão licenciados para exercerem cargos no Executivo, como os ministros da Saúde, Marcelo Castro, da Aviação Civil, Mauro Lopes, e da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, que anunciaram a decisão de voltar à Câmara para votar contra o afastamento da presidente.

Desde o início do processo de impeachment, Picciani vinha dizendo que havia um grupo grande de deputados que votaria de acordo com a tendência majoritária pró ou contra o impeachment. Caso a disputa entre governo e oposição estivesse paritária, o líder calculava poder entregar entre 25 e 28 votos contra o afastamento da presidente. Nos últimos dias, porém, houve grande migração de votos pelo afastamento no PMDB. Deputados indecisos e antes favoráveis a Dilma passaram a adotar o discurso de sustentação de um possível governo Michel Temer, que já começaria com o voto contra o governo no próximo domingo.

Após o desembarque oficial do PMDB do governo, o líder do partido na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), disse nesta terça-feira, 29, que, a partir de agora, votará matérias na Casa de acordo com sua "consciência", com as "decisões da bancada" e com "o que for melhor para o Pais". "Vamos defender temas. O que julgarmos importante para o País defenderemos", afirmou.

Apesar de não ter participado da reunião que aprovou o rompimento, por ser contra o desembarque, o líder assumiu o discurso partidário. Disse que, a partir de agora, "ninguém mais está autorizado" a assumir cargos no governo. "Quem ficar fica por conta própria. A liderança não encaminhará mais pleitos por cargos", afirmou.

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O recuo também foi dado pelo indicado por Picciani para integrar a Secretaria da Aviação Civil (SAC), deputado federal Mauro Lopes (MG). O mineiro decidiu que entregará o cargo nos próximos dias, depois que conversar com a presidente Dilma, o vice-presidente Michel Temer e a bancada do PMDB de Minas Gerais, que já rompeu oficialmente com o governo.

O cargo foi oferecido pelo Planalto a Mauro Lopes como uma das últimas tentativas de manter o PMDB na base aliada. Lopes tomou posse na semana retrasada. Também indicados por Picciani, os ministros Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde) querem ficar nos cargos.

Com a saída do posto, Lopes evita ser expulso do partido. Peemedebistas já admitem que o processo de expulsão dele por ter assumido a SAC, contrariando moção que proibia membros do PMDB de assumir cargos no governo, não deverá ter seguimento. Atualmente, o processo está sendo analisado pela Comissão de Ética da sigla.

Lista

Peemedebistas da ala oposicionista e aliados de Picciani avaliam que ele arrefeceu sua postura pois está ciente de que o desembarque do PMDB deve provocar ao aumento de deputados favoráveis ao impeachment. A ala oposicionista já calcula que a bancada poderá chegar a ter até 60 votos favoráveis e apenas oito contrários ao impedimento.

Aliados e opositores de Picciani ressaltam que o parlamentar tem consciência de que, se não seguir a maioria da bancada (hoje pró-impeachment), poderá ser alvo de uma nova lista para destituí-lo da liderança. No fim do ano passado, ele chegou a ser destituído do cargo por lista, mas conseguiu retomá-lo dias depois, também por meio de lista. Aliados apontam ainda que a flexibilização do discurso foi influenciada pela decisão de deixar oficialmente o governo dos diretórios do PMDB do Rio e de Minas, principais apoiadores dele na liderança do partido.

No caso do Rio, o movimento foi liderado pelo pai do líder, o deputado estadual Jorge Picciani. Picciani diz que não houve mudança de sua postura, embora reconheça que a situação do governo está complicada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Reconduzido à liderança do PMDB na Câmara nessa quarta-feira (17) Leonardo Picciani (RJ) disse a interlocutores que indicará o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Já para o comando da Comissão Mista de Orçamento (CMO), que também caberá ao PMDB, ele deve indicar o deputado Sérgio Souza (PR).

Rodrigo Pacheco é advogado e está em seu primeiro mandato de deputado federal. Caso seja escolhido presidente da CCJ, ele comandará a principal comissão da Câmara. O colegiado é responsável por analisar a admissibilidade de todas as matérias que tramitam na Casa e por julgar recursos apresentados por deputados para questionar decisões de outras comissões, Conselho de Ética e plenário.

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Souza também está no primeiro mandato de deputado. Ele já tinha ocupado o posto de senador entre 2011 e 2014 no lugar da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que deixou o Senado para assumir a Casa Civil do governo Dilma Rousseff. O parlamentar paranaense será indicado para a CMO por Picciani, pois, este ano, caberá à Câmara indicar a presidência do colegiado. Em 2015, o posto ficou com a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES).

Formada por senadores e deputados, a CMO também é uma das principais comissões do Congresso Nacional. Ela é responsável por analisar projetos relativos ao Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Orçamento da União. O colegiado é responsável ainda por julgar as contas do presidente da República, após elas serem analisadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Candidaturas

Os deputados indicados por Leonardo Picciani deverão enfrentar candidaturas avulsas articuladas por aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Após ser derrotado na disputa pela liderança do PMDB nesta quarta-feira, Cunha articula lançamento de candidaturas avulsas para as principais comissões permanentes, como a CCJ. O objetivo é tentar manter sua influência na Casa.

Embora a prática na Câmara dos Deputados seja de os líderes partidários indicarem seus deputados para a presidência da comissão após divisão das vagas de acordo com o tamanho das bancadas, aliados de Cunha querem quebrar a tradição. Eles apostam no Regimento Interno que estabelece que os dirigentes dos colegiados devem ser eleitos.

Um dia após o deputado Leonardo Picciani (RJ) ser reconduzido à liderança do PMDB na Câmara com apoio do Planalto, ele almoça no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Michel Temer, que comanda o partido. Candidato derrotado por 37 votos a 30, Hugo Motta (PB), que foi para a disputa com apoio irrestrito do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também foi convidado para o encontro desta quinta-feira (18).

Temer já havia telefonado para Picciani para cumprimentá-lo. A presidente Dilma Rousseff ainda não havia conversado com o líder reconduzido até esta madrugada. Leonardo Picciani passará o dia em Brasília resolvendo questões da liderança e deve voltar ao Rio de Janeiro ainda hoje. Com isso, um encontro com Dilma deve acontecer apenas na próxima semana.

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Após a vitória, Picciani reuniu seus apoiadores em um restaurante italiano em Brasília. Mas não só peemedebistas compareceram. Deputados de outras legendas, como Paulo Teixeira (PT) e Julio Delgado (PSB) também foram ao jantar.

Assim como na noite anterior, Eduardo Cunha foi o principal alvo de comentários e piadas. Para peemedebistas, a derrota sofrida ontem pelo presidente da Câmara servirá para que ele "coloque os pés no chão". A avaliação geral era de que ele ficou bastante abatido após o resultado. Uma imagem de TV congelada em que Cunha aparece com feição de perplexidade circulou em um celular na festa, provocando risos.

O que também provocou risos foram as piadas feitas com o ministro da Saúde, Marcelo Castro, exonerado na quarta-feira para votar em Picciani e já readmitido hoje, segundo publicação no Diário Oficial da União (DOU). "Este ministro é bom mesmo. Acabou com o 'chicunCunha'. Agora só falta dengue e zika", diziam parlamentares fazendo trocadilho com a chikungunya e citando as demais doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypt.

Aos colegas deputados, Castro se dizia aliviado por sua polêmica decisão de deixar o cargo em plena crise ter surtido efeito positivo para Picciani e, consequentemente, para o Planalto.

Mesmo não tendo votado para dar oportunidade ao seu suplente, o ministro Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), também apareceu ao jantar. Castro e Pansera foram indicados por Picciani para ocupar ministérios em outubro do ano passado.

Apesar das considerações sobre Cunha feitas pelos convidados do jantar, Picciani explicitava sua intenção de retomar diálogo com o presidente da Câmara, seu ex-aliado de quem se afastou no ano passado ao ficar mais próximo do Planalto. Picciani buscou deputados próximos a Cunha, inclusive o próprio Hugo Motta, para conseguir restabelecer a ponte.

Outro tema da noite foram as especulações em torno de quem era o segundo voto em branco da tarde de ontem. Apenas José Fogaça (RS) havia comunicado aos dois lados da disputa que adotaria postura neutra.

Picciani esperava ter ontem ao menos 41 votos, mas comemorava a vantagem de sete votos. Na eleição do ano passado, derrotou Lúcio Vieira Lima (BA) por apenas um voto de diferença.

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