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A TIM anunciou nesta quarta-feira (14) um acordo para levar conexão 4G à base de pesquisa do Brasil na Antártida.

Criada em 1984, a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), situada na Península Keller, conduz estudos sobre fontes renováveis de energia, mudanças climáticas, conservação da fauna marinha e outras áreas de interesse científico.

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O projeto foi assumido pela TIM após a compra dos ativos móveis da Oi e prevê a ampliação do sinal 4G disponível na estação, que conta com um sistema de antenas com sensores inteligentes para reduzir o risco de interrupção dos serviços por acúmulo de gelo.

"É com muito orgulho que assumimos essa missão de garantir as comunicações móveis em um local tão importante para a pesquisa", disse o vice-presidente de assuntos regulatórios, institucionais e comunicação da TIM Brasil, Mario Girasole.

"Isso beneficiará tanto o fluxo de informações para a troca de conhecimento e condução das operações quanto a proximidade dos envolvidos na Estação Antártica com seus familiares. Nosso compromisso será transferir o poder das conexões de tecnologia móvel também para esse lugar extraordinário", acrescentou.

Para o secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, contra-almirante Marco Antônio Linhares Soares, a adesão à tecnologia é um marco na história da EACF.

"O Programa Antártico Brasileiro está comemorando 40 anos, e ter como aporte uma empresa que acredita em pesquisa como uma contribuição para a comunidade é de grande importância. Estamos confiantes de que nossa parceria com a TIM já é um grande sucesso", salientou.

Da Ansa

Um dos mais bem-sucedidos projetos científicos do Brasil completa 40 anos. O Programa Antártico Brasileiro, o Proantar, começou seus trabalhos no continente gelado em janeiro de 1982, quando os primeiros cientistas brasileiros desembarcaram por lá. A próxima temporada de pesquisa marcará também a ocupação definitiva da nova estação brasileira. Ela ficou pronta poucos meses antes do início da pandemia de covid-19. A presença brasileira na Antártida é também estratégica do ponto de vista geopolítico. O País faz parte do grupo de 29 nações com estações científicas no continente. Por isso, tem poder de voto e de veto sobre os rumos da exploração da região. O Tratado Antártico impede que nações reivindiquem o território. Também garante um regime de cooperação internacional voltado, basicamente, para a pesquisa científica.

A presença de militares na estação é constante. Sempre há um grupo de aproximadamente 15 pessoas, garantindo a manutenção da infraestrutura e da logística. Além disso, dois navios apoiam o trabalho científico no continente: o Ary Rongel e o Almirante Maximiano.

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Com 14,2 milhões de quilômetros quadrados (aproximadamente o dobro do território brasileiro) quase inteiramente cobertos por uma espessa camada de gelo durante todo o ano, a Antártida é o principal regulador térmico do planeta. Sua gigantesca massa de gelo controla circulações atmosféricas e correntes oceânicas. Afeta diretamente o clima e as condições de vida em todo o planeta. No continente, está a maior reserva de gelo (90%) e água doce (70%) do mundo. Há ainda recursos minerais e energéticos incalculáveis.

A aproximadamente 3.200 quilômetros de distância da Antártida, o Brasil é o sétimo país do mundo em proximidade com o continente. Ou seja, estudar e compreender os fenômenos naturais do continente é uma questão de sobrevivência para o País, sobretudo em tempos de aquecimento global. "As correntes marinhas que vêm da Antártida para o Brasil garantem a qualidade da água que permite o desenvolvimento dos peixes da nossa costa", exemplifica o coordenador científico da estação, Paulo Câmara, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo o pesquisador, a massa de ar frio e seco da Antártida que sobe para a América do Sul influencia o regime de chuvas quando se encontra com a massa de ar quente e úmido vinda da Amazônia. "O equilíbrio desse fluxo, em que ora uma massa predomina sobre a outra, garante os períodos alternados de seca e chuva, essenciais para a agricultura brasileira", explica ele. O aumento das temperaturas médias no planeta pode também gerar problemas graves para o Brasil, dada a proximidade com a Antártida. "Existem plataformas de gelo na Antártida do tamanho de Pernambuco", lembra o pesquisador Luiz Rosa, da UFMG. Ele estuda fungos que só existem no continente gelado. "Se essas plataformas derreterem, as cidades litorâneas do Brasil, sobretudo do Sul e do Sudeste, vão ser tremendamente afetadas."

RESERVA

Além disso, como lembra o especialista, o avanço acelerado das mudanças climáticas e a escassez de recursos naturais do planeta vão tornar a Antártida cada vez mais crucial para todo o mundo. O continente é uma espécie de último reduto dos recursos naturais da Terra, uma reserva para toda a humanidade.

Câmara e Rosa estiveram na estação no fim do ano passado. Estavam no primeiro grupo de cientistas brasileiros que foram à Antártida depois de praticamente dois anos de pandemia. Essa suspensão das pesquisas in loco afetou praticamente todos os países que atuam no continente gelado. E adiou a inauguração dos modernos laboratórios da nova Estação Comandante Ferraz.

A estação original, inaugurada em 1984, pegou fogo em 2012. O incidente deixou dois militares mortos e 70% das instalações destruídas. Com um investimento de quase US$ 100 milhões, a nova estação é uma das mais modernas do mundo. Foi inaugurada no início de 2020, logo quando foi decretado o início da pandemia de covid-19.

Naquele ano, não houve pesquisa brasileira na Antártica. Mas um grupo de militares ficou na estação, e os cientistas envolvidos seguiram com suas pesquisas em suas respectivas universidades. Em 2021, alguns poucos cientistas estiveram na nova estação. Entre eles, estava Câmara. Ele vistoriou os novos laboratórios, já em antecipação à temporada deste ano. "Montamos os laboratórios em 2019, mas, infelizmente, veio a pandemia e, em 2020 não tivemos operação científica, apenas logística", lembrou Rosa, do Instituto de Microbiologia da UFMG.

ESTRUTURA

A nova estação ocupa uma área de 4,5 mil metros quadrados e tem capacidade para abrigar 64 pessoas. Os quartos, cada um com duas camas e um banheiro privativo, recebem militares e pesquisadores com muito mais conforto do que na estação anterior. Além disso, oferece acesso à internet 4G, sala de vídeo, áreas de reunião, academia de ginástica, ambulatório médico para emergências e 17 laboratórios de pesquisa de última geração. A segurança foi uma das maiores preocupações na construção da nova estrutura. Ela é capaz de enfrentar abalos sísmicos, nevascas e ventos de até 200 quilômetros por hora.

Também conta com modernas estruturas contra incêndios. Elas impedem que o fogo se espalhe rapidamente, como aconteceu na antiga estação. De acordo com especialistas, a nova estação está entre as mais modernas do continente, comparável apenas às duas bases americanas. "A gente tem uma Ferrari nas mãos", comparou Rosa. "Só precisamos do combustível e dos recursos para dirigi-la."

Entre as unidades de pesquisa já reativadas estão a estação meteorológica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o módulo VLF (Very Low Frequency), que realiza estudos sobre a propagação eletromagnética na parte mais alta da atmosfera terrestre, a ionosfera. Para a temporada de pesquisas deste ano estão previstos 22 projetos, entre eles os de Rosa e Câmara.

O pesquisador da UnB estuda como pode vir a ser a futura vegetação na Antártida à medida que as temperaturas globais aumentarem. "Nós extraímos DNA do ar para ver o que está presente na Antártida. E tem coisa para caramba. O ambiente não é tão prístino (antigo) como se imagina. Já encontramos partículas genéticas de maçã, banana, abóbora", contou Câmara. "Por enquanto, essas espécies não florescem por lá por conta do gelo, mas o que pode acontecer no futuro?"

O cientista disse que imagina a Antártida, em cem anos, como um pampa, com vegetação gramínea. "Mas o continente está esquentando, o gelo está derretendo, em mais algumas centenas de anos, quem sabe, podemos ter até mesmo um pé de jaca por lá", brinca.

Veterano das pesquisas na Antártida, o antropólogo Alexander Kellner, do Museu Nacional da UFRJ, estuda a pré-história do continente gelado - que nem era tão gelado assim. O projeto Paleoantar descobriu, por exemplo, provas fósseis de uma vegetação exuberante no passado, bem como da presença de animais grandes, como plesiossauros e pterossauros, répteis marinhos e alados.

POSIÇÃO ESTRATÉGICA

"A gente sente que está sempre tendo de lutar por espaço", criticou Kellner. "É preciso entender que é a presença da atividade científica na Antártida que garante a posição estratégica brasileira de tomar decisões sobre o continente. Essa atividade deveria ser mais valorizada. Precisamos ampliar a nossa presença científica, ir mais ao sul, expandir nosso horizonte."

Livro conta aventura de jornalistas no continente gelado

No fim de 2019, os jornalistas do Estadão Luciana Garbin e Clayton de Souza passaram 12 dias na Antártida. Acompanharam os últimos retoques na nova Estação Comandante Ferraz. A estrutura seria inaugurada oficialmente em 15 de janeiro de 2020. As reportagens publicadas ao longo da viagem e os diários pessoais mantidos por Luciana deram origem ao livro Expedição Antártida: Uma viagem pelo extremo sul do planeta (Editora Letras do Brasil), que será lançado neste sábado, 26.

Com orelha assinada pelo cientista Paulo Câmara, textos inéditos de Luciana, editora executiva do Estadão, e fotos exclusivas de Clayton, editor de Fotografia, o livro conta a aventura dos dois jornalistas pela região mais fria do globo. Também fala dos desafios de fazer uma grande reportagem num dos ambientes mais inóspitos da Terra. Embora já haja atividade turística na Antártida, ela é ainda incipiente. "Abordamos desde a história dos primeiros desbravadores do continente até a moderna tecnologia usada na nova estação, passando pela vida no navio, a questão climática e a geopolítica", diz a jornalista. "Falamos de muitas coisas, mas de uma forma que as pessoas sentissem que estão embarcando nessa viagem conosco, já que é uma viagem ainda muito restrita."

Além de contar a história do continente e sua importância para o clima, o livro aborda o dia a dia de cientistas e militares no navio Ary Rongel, que apoia as pesquisas na Antártida. Discute ainda as pesquisas em andamento pelas instituições brasileiras no continente e a questão geopolítica da ocupação da Antártida. Os jornalistas também visitaram a estação científica mais próxima da brasileira, a polonesa.

RELATO PESSOAL

Foram ainda à Ilha Deception, que foi originalmente ocupada por antigos caçadores de baleias. Luciana lembra de ter tido um momento de pânico ao sobrevoar de helicóptero a cratera alagada do vulcão, com sua paisagem que lembra a superfície lunar. "Enquanto o Clayton estava entusiasmado, fazendo muitas fotos, eu pensava: ‘Meu Deus, tenho duas crianças em casa, o que estou fazendo aqui?’ Até sensações e pensamentos entraram no livro."

Serviço

Expedição Antártida, uma Viagem ao Extremo Sul do Planeta

Autores: Luciana Garbin e Clayton de Souza (fotos)

Editora: Letras do Brasil

154 páginas, ilustrado com fotos, R$ 54

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um grupo de cientistas chilenos descobriu na Antártida cerca de 20 espécies desconhecidas de bactérias hiperresistentes aos antibióticos, que podem transferir sua capacidade de resistência a outros micro-organismos e com isso provocar um risco para a saúde global.

O professor assistente do departamento de Biologia da Universidade do Chile, Andrés Marcoleta, juntamente com a pesquisadora Macarena Varas e seu assistente, Alexis Gaete, fizeram duas expedições à península antártica e às Ilhas Shetland do Sul entre 2017 e 2019.

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Com pás, recipientes estéreis e um equipamento moderno para medir parâmetros ambientais, eles tentavam determinar quão resistentes os micro-organismos que habitavam ali eram em relação a bactérias de outros ambientes.

Após coletar centenas de bactérias endêmicas, eles descobriram que cerca de 20 eram totalmente desconhecidas e com características de "hiperresistência", explicou Marcoleta à AFP.

Para determinar seu incrível poder de resistência, os cientistas cultivaram 12 amostras e as expuseram a diferentes tipos de antibióticos usados para tratar doenças infecciosas e metais que têm propriedades bactericidas, como o cobre, o arsênico ou o cádmio.

"Praticamente nenhum antibiótico causou efeito nestas bactérias. Têm muitas propriedades de resistência. Talvez esta resistência sirva em seu ambiente natural para resistir a outros compostos tóxicos", disse Marcoleta.

"Muitas delas (bactérias) são multirresistentes a antibióticos clássicos ou têm produção de algum metabolito que estamos em processo de caracterização, que tem atividade antibiótica sobre algumas bactérias que têm interesse clínico", acrescentou a doutora Varas.

Os cientistas se preocuparam com esta nova descoberta, pois "cada vez detectamos com maior frequência infecções por bactérias que são muito resistentes às substâncias que hoje em dia estão disponíveis para tratar estas infecções", acrescentou Marcoleta.

As infecções por 'superbactérias' mataram 1,2 milhão de pessoas em 2019, segundo um estudo publicado em janeiro na prestigiosa revista médica britânica The Lancet.

Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde declarou uma crise sanitária mundial diante da resistência aos antimicrobianos e criou um grupo de trabalho para estudar tratamentos alternativos.

"Estas capacidades de resistência das bactérias antárticas poderiam ser adquiridas por bactérias patógenas (que causam doenças), uma situação que provocaria sérios problemas sanitários em nível global", indica o estudo a respeito desta pesquisa publicada na revista Science of the Total Environment.

- As Pseudomonas -

Marcoleta detalha que entre as bactérias encontradas que causaram especial interesse estão as Pseudomonas, predominantes no solo da Península Antártica e parentes de outras que vivem em áreas urbanas, responsáveis por doenças graves como a fibrose cística.

Mas, como estas bactérias poderiam prejudicar o ser humano?

"Felizmente, tudo indica que as ditas Pseudomonas antárticas não são patógenas, mas sim, poderiam atuar como fonte de genes de resistência e ser transferidas com relativa facilidade a Pseudomonas patogênicas", acrescenta o estudo.

Neste caso, adverte, "teríamos um problema sanitário porque haveria novos genes de resistência que estariam contribuindo para esta crise de resistência aos antimicrobianos".

Especialistas afirmam que saber detalhes sobre os genes destas bactérias presentes na Antártida também ajudariam no desenho de possíveis novos antibióticos.

- Bactérias e mudanças climáticas –

Os cientistas começaram um novo estudo no qual buscam determinar como estas bactérias poderiam ser transportadas da Antártida para o resto do mundo.

"A península antártica, onde continuaremos pesquisando, é uma das áreas mais afetadas pelo degelo provocado pelas mudanças climáticas", afirma Marcoleta.

Ano a ano e em um ritmo intenso, solos estão descongelando e deixando expostos reservatórios de genes de resistência.

Os pesquisadores pretendem determinar como esta situação impacta as bactérias e se sua informação genética poderia se disseminar por plantas ou animais que estejam ali.

Em recente entrevista concedida ao portal Newshub, a cantora Lorde admitiu já ter escolhido o nome de seu novo álbum. Na ocasião, a artista comentou que o nome do novo projeto veio graças a uma viagem inspiradora feita pela Antártida. Seu último álbum de estúdio foi o ‘’Melodrama’’, lançado em 2017.

“Na verdade, eu escolhi o nome do disco em torno dessa viagem”, afirmou. “Voltando de lá, eu pensei: ‘É isso!'”. No entanto, a artista neozelandesa não deu nenhuma pista sobre o título do próximo álbum, assim como sua data de lançamento.

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Todavia, Lorde tem planos de lançar um livro de imagens e poesias em fevereiro de 2021, cujo conteúdo é embasado na mesma viagem realizada pela cantora.

Eles são hoje o único grupo de brasileiros no único continente livre da Covid-19. São dezesseis militares da Marinha do Brasil - 15 homens e uma mulher - que desde janeiro ocupam a nova Estação Antártica Comandante Ferraz. Escolhidos para a missão de passar 13 meses na Antártida muito antes de o novo coronavírus surgir na China, eles se dividem entre o alívio de estar longe da doença e a preocupação de ter de acompanhar a distância o que ocorre com parentes e amigos no Brasil.

"É uma mistura de sentimentos", resume o capitão de fragata Luciano de Assis Luiz, chefe da estação. "Fico alegre por mim e por minha equipe porque somos privilegiados por não ter contato com a doença, mas triste porque nossos familiares estão no Brasil vivendo isso e não temos como dar o aporte necessário."

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Luciano falou com o Estadão por videochamada na terça-feira da semana passada. Estava ao lado da médica e capitã-tenente Letízia Aurilio Matos. Ela conta que os pais são idosos e saíram do Rio por causa da pandemia. Uma prima - médica como ela - testou positivo para a Covid-19 e está se tratando em casa.

"Não é fácil não", resume. "Ficar longe gera ansiedade. Mas a gente pede para a família falar a verdade. Está todo mundo bem realmente? Marco horário, faço reunião pelo computador e digo 'quero ver tal e tal pessoa'. Porque às vezes eles querem nos proteger, dizer que está tudo bem, mas só ficamos aliviados quando vemos todo mundo. A gente se preparou para o isolamento, eles não."

Os 16 militares brasileiros na Antártida compõem o chamado Grupo Base Ferraz. Eles desembarcaram na Ilha Rei George, onde fica a estação brasileira, em 4 de novembro de 2019 com a missão de permanecer ali até a primeira quinzena de dezembro deste ano. Ocuparam, a princípio, o Módulo Antártico Emergencial (MAE) até a inauguração oficial da estação, em 15 de janeiro.

O maior desafio é atravessar o inverno, quando a sensação térmica cai a menos de 20 graus negativos, a escuridão cobre 20 das 24 horas do dia e os mares em volta da estação congelam. De meados de março, quando os dois navios da Marinha que viajam para a região vão embora, até novembro, quando as embarcações retornam levando militares e pesquisadores, eles permanecem isolados.

Neste ano, por causa da Covid-19, estão tendo de viver um isolamento dentro do isolamento. Em épocas normais, são comuns, por exemplo, as visitas à Estação Polonesa Henryk Arctowski, a mais próxima da base brasileira, distante cerca de nove quilômetros. Mas agora, por causa da pandemia, o contato com os vizinhos é só por vídeo ou WhatsApp. "Ninguém aqui ou lá apresentou sintomas do vírus. Mesmo assim, estamos mantendo o isolamento", explica Luciano. "É lógico que, caso tenha necessidade de salvar uma vida ou de mantimentos, por exemplo, algo que afete a estadia na Antártida, teremos contato com eles, mas por precaução estamos deixando essa possibilidade apenas para algum caso de emergência."

Outra missão extra causada pela pandemia deverá ser a desinfecção dos produtos atirados pelos Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB) durante o inverno. Como não é possível pousar na estação brasileira, o cargueiro voa periodicamente sobre ela nos meses mais frios do ano e despeja palets com produtos perecíveis e outro itens de necessidade. Para evitar que o vírus chegue até a estação por meio desses carregamentos, foi criado um protocolo de limpeza de todo o material desde a origem, no Rio, bem como dos compartimentos do avião. Já em solo antártico, o grupo base reforçará a desinfecção para que o vírus não atinja o último continente ainda livre de contágio. Ainda não há data prevista para o primeiro voo.

Outro cuidado deverá ser com a tripulação dos navios quando as viagens marítimas forem retomadas, no fim de 2020. Segundo o chefe da Comandante Ferraz, todos terão de fazer exames para ver se têm o novo coronavírus, assim como os integrantes do grupo base que substituirá o atual. "Nós estaremos há 13 meses isolados e nossa imunidade, querendo ou não, estará mais baixa para qualquer outro vírus. Então é importante que esses exames sejam feitos antes de eles virem para cá", afirma Luciano.

Dependendo da evolução da pandemia no Brasil, até a próxima Operação Antártica Brasileira (Operantar) pode ser afetada. "Caso seja encontrada uma vacina, uma cura, a Operantar poderá seguir sua programação normal. Mas, se fosse pegar a situação atual e levar para o final do ano, eu diria que a nossa operação será basicamente logística, de aporte de mantimentos e combustível para estação, mas reduzindo bastante as pesquisas", diz o oficial. "Porque muitas pesquisas são realizadas nos navios e quanto mais pessoas no navio pior."

Nem o frio que afasta tantos microrganismos da Antártida promete ter efeito sobre a doença. Letizia conta que pesquisas já identificaram outros vírus, como o H1N1, em fezes de aves na região. E ainda não é possível saber o estrago que a Covid-19 poderia fazer por lá. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Antártida vem apresentando dias de calor anormal neste verão e atingiu, no último domingo, 9, a temperatura mais alta do registro histórico, 20,7 °C. A medição foi feita na Ilha Marambio, na Península Antártica, por pesquisadores brasileiros.

O recorde anterior havia acabado de ser batido, três dias antes, quando pesquisadores argentinos detectaram a temperatura de 18,3°C na base Esperanza, também na Península Antártica. Antes disso, o dia mais quente tinha sido 24 de março de 2015, com 17,5°C, de acordo o Serviço Nacional Meteorológico da Argentina.

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Para toda a região Antártica, que inclui outras ilhas sub-antárticas fora da massa continental, a temperatura mais alta foi de 19,8°C medida na Ilha Signy em janeiro de 1982.

"A semana entre 6 e 11 de fevereiro foi historicamente anormal. Todos os dias, na metade do dia, tivemos temperaturas acima de 16°C. E no dia 9 teve esse pico", explica o pesquisador da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Carlos Schaeffer, coordenador do Terrantar.

O projeto, ligado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) da Criosfera, conta com 23 estações meteorológicas em vários pontos do continente, em um raio de 1.500 km. A base de Marambio fica relativamente próxima da Esperanza e da Estação Antártica Comandante Ferraz, do Brasil, recém-inaugurada. Lá, no mesmo dia, a máxima foi de 17°C.

Apesar de ainda ser cedo para associar essa anomalia às mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global, o registro chama a atenção dentro de um histórico de temperaturas mais altas.

"O que temos é um registro meteorológico, que ocorre num espaço de curta duração, mas eles podem ser parte de um sinal de uma tendência que vai se propagar no longo prazo. A mudança climática implica em uma evolução no tempo. Mas é um marco. Pela primeira vez se registram mais de 20°C. Pode ser sinal de alguma perturbação no sistema que vai levar a um novo patamar que a gente não sabe ainda qual vai ser", afirma Schaeffer.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) havia informado na semana passada, quando foram anunciados os dados da Esperanza, que um comitê vai verificar a medição para estabelecer se de fato trata-se de um recorde. Em geral, somente as estações com longo período de medição e que fazem parte da rede da OMM entram no registro oficial. A base brasileira é mais recente, tem somente dez anos de série histórica, então poderá não ter o dado registrado oficialmente.

Segundo a OMM, a Península Artártica - ponta noroeste do continente mais próxima da América do Sul - está entre as regiões do planeta que estão se aquecendo mais rapidamente. Já foram 3°C nos últimos 50 anos. Na região, a quantidade de gelo perdida anualmente pela camada de gelo cresceu na ordem de seis vezes entre 1979 e 2017. Cerca de 87% das geleiras (corredeiras de gelo que deslizam do interior do continente para o mar) ao longo da costa oeste da península recuaram nos últimos 50 anos. Em algumas deles, esse recuo foi acelerado nos últimos 12 anos.

Imagens de satélite mostraram rachaduras crescendo rapidamente nos últimos dias na geleira da Ilha Pine. Segundo a OMM, esta é uma das principais artérias da camada de gelo da Antártida Ocidental. Duas grandes fendas foram identificadas pela primeira vez no início de 2019 e cresceram rapidamente para aproximadamente 20 km de comprimento.

Vira e mexe ele surge na conversa. Como nome próprio: o Drake. E não tem quem venha ou volte de navio da Antártida que não ouça alguma história assustadora sobre o "mar mais perigoso do mundo". São relatos de marinheiros experientes sobre ondas de 8, 9, 10 metros de altura que fazem as embarcações chacoalharem por várias horas e muita gente passar mal - ou "marear" a bordo.

Terror dos primeiros exploradores da região, o percurso de cerca de mil quilômetros entre a Antártida e a Terra do Fogo, no extremo da América do Sul, agora se baseia em dados meteorológicos bem mais precisos. Numa viagem do continente gelado a Punta Arenas, no Chile, passa-se no mínimo 36 horas na Passagem de Drake, período que pode se estender dependendo das condições. O plano é sempre cruzá-lo entre uma frente fria e outra. Nem sempre, porém, é possível.

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"Pegamos um Drake muito tenso no dia 29 de janeiro de 2009", lembra o capitão de fragata da Marinha Romivaldo Silva Vasques, imediato do navio brasileiro de Apoio Oceanográfico Ary Rongel, lembrando que as ondas chegaram a 9 metros e o vento, a 60 nós, ou 111 km/h. "Nós sabíamos que haveria mau tempo, mas não tanto. Foi uma situação que testou o limite do navio. Sua inclinação chegou a 45º e ele ficou pensativo se ia emborcar", brinca. "Eu era encarregado da carga do navio e passei a noite toda acordado."

Antes da entrada no Drake, todos os objetos dos navios são peiados (amarrados na linguagem naval), para que não "voem" na hora em que o mar estiver "batendo" e o navio, "jogando". Como o labirinto humano não foi feito para chacoalhar, é comum enjoar e vomitar.

Algumas condições impulsionam o mau humor do Drake. O meteorologista e primeiro-tenente da Marinha Luiz Felipe Neris Cardoso explica que a região está num cinturão de baixa pressão associado a tempo severo: chuvas fortes, rajadas de vento, mar agitado e neve. "O mar nessa área gera ondas conhecidas como marulhos, com períodos superiores a dez segundos, que costumam pegar o navio de través e bochecha, ou seja, de lado e de bico", explica. Quanto mais lateralmente a onda bate no navio, mais ele joga. E maior o risco de marear.

"Minha recomendação com o Drake nervoso é que quem não está de serviço fique na beliche ou na refeição", diz o comandante do Ary Rongel, Antonio Braz de Souza, que cruzou o Drake pela 31.ª vez na semana passada. Um dos truques é não ficar de estômago vazio. Outro, tomar remédio contra enjoo.

Oração

 

Em sua quarta e última operação antártica, Souza conta que toda vez que vai enfrentar o Drake senta em sua cadeira e faz uma oração. "É coisa de marinheiro. Antes de entrar, rezo uma ave maria e peço pela segurança do navio." Num dos cantos do passadiço do Ary Rongel, há uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes.

Ele afirma que com sete dias de antecedência é possível ter uma predição, mas a previsão fica melhor nos últimos três dias. Com as informações sobre ventos e ondas recebidas do Centro de Hidrografia da Marinha, o comandante decide se vai encarar o Drake ou esperar a frente fria se afastar. Ferramenta da qual antigos navegadores não podiam desfrutar. Não por acaso até o britânico Francis Drake, que dá nome ao mar, fugiu dele. Cauteloso, preferiu desviar pelo Estreito de Magalhães, de águas mais tranquilas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Marinha está negociando a compra de mais um navio polar para atuar na Antártida. O plano é, dentro de cinco a sete anos, ter uma nova embarcação para substituir o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel, que já tem 38 anos e vem sendo usado nas operações no continente desde 1994.

Há duas semanas, foi publicado no 'Diário Oficial' da União um aviso de chamamento público para empresas interessadas em fornecer o novo navio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O astrobiólogo francês Cyprien Verseux, que vive em uma base na Antártida, postou uma foto do seu almoço no Twitter que viralizou nas redes sociais nesta quarta-feira (3). Na imagem, o pesquisador mostra o seu espaguete completamente congelado por conta do clima do local, que chega a 70 graus negativos.

Verseux é o líder de um grupo de 13 pesquisadores que estão vivendo isolados na base ítalo-francesa Concordia, no rigoroso inverno da Antártida. Todos eles fazem parte do Programa Nacional de Pesquisa na Antártida (PNRA).

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O pesquisador francês tentou almoçar do lado de fora da base em que vive, mas o seu espaguete congelou antes de conseguir dar a primeira garfada. Além disso, o mais curioso é que o garfo ficou suspenso no ar, preso apenas pelo macarrão congelado.

Em outra foto, Verseux mostra a sua tentativa de quebrar um ovo em uma frigideira. No entanto, a gema e a clara do ovo ficaram congeladas no ar. Na base Concordia, onde os pesquisadores fazem estudos nas áreas de glaciologia, química e física, as condições de trabalho são complexas. No inverno antártico, que vai de maio até outubro, a temperatura pode chegar a 80 graus negativos. Já no verão, entre novembro e janeiro, é registrado no continente até 45 graus negativos.

Os pesquisadores também enfrentam as fortes rajadas de vento e falta de oxigênio devido à altitude.

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Da Ansa

Um iceberg se desprendeu da Antártida e a navegação próxima ao continente está em risco, de acordo com cientistas nesta quarta-feira (12). As informações são da Reuters.

Prestes a se desprender há alguns meses, o iceberg de um trilhão de toneladas mede 5.800 quilômetros quadrados. Um professor da Universidade de Swansea, Adrian Luckman, afirma que é difícil prever o futuro do iceberg, mas é provável que ele se separe em fragmentos". 

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Ainda assim o gelo aumenta os riscos ambientais, uma vez que o derretimento acelera o deslocamento de geleiras continentais e aumenta a altura das águas em nível global. Apresenta, ainda, risco para as embarcações, principalmente os navios de turismo, uma vez que a península é o principal destino dos que saem da América do Sul. 

Devido às mudanças climáticas, um dos animais símbolos da Antártida, o pinguim-imperador, pode ter sua última marcha em 2100, segundo informam os pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS).

A pesquisa apontou que o aumento da temperatura e o derretimento do gelo são os principais motivos da redução do número da espécie, que é o maior e mais pesado da "família". Até o final do século, é estimada que haja uma redução de 19% da população de pinguins-imperadores.

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Que a espécie sofre risco de extinção, não é novidade. Mas, os pesquisadores franceses usaram um novo modelo de análise, mais complexo e que considera um número mais amplo de fatores - incluindo a maneira como os pinguins reagem às mudanças climáticas, migrando para locais mais adequados para sua sobrevivência.

Com a nova análise, os pesquisadores previram que, nos próximos 20 anos, a quantidade de membros da espécie deve ficar estável ou aumentar "levemente" se eles encontrarem melhores condições de sobrevivência.

No entanto, a partir de 2050, é previsto que o número de pinguins-imperadores diminua ano a ano, podendo a espécie desaparecer da Antártida por volta do ano 2100. 

Um pedaço de iceberg de 5 mil quilômetros quadrados está para se desprender de uma plataforma de gelo na Antártida.

O fato é resultado de uma fenda que se abriu na geleira em 2010 e que atualmente passa dos 130 quilômetros de extensão. A fissura entre a plataforma de gelo e o iceberg, chamado de Larsen C, já possui 100 metros de largura e 500 de profundidade.

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Pesquisadores do Levantamento Antártico Britânico (BAS) e do Projeto Midas – parceria entre as Universidades de Swansea e Aberystwyth, no País de Gales – vêm monitorando a situação da plataforma de gelo desde 1994 e preveem que o derretimento de Larsen C significará um aumento de 10 centímetros de altura nos oceanos do mundo. “Seu derretimento é preocupante porque acelera o deslocamento de geleiras continentais para o litoral antártico, o que poderia afetar seriamente a altura das águas globais”, explicou Adrian Luckman, um dos líderes do Projeto Midas. 

Para os especialistas, a plataforma irá seguir os exemplos de suas irmãs, Larsen A e B. A primeira e menor das três, soltou-se da plataforma em 1995 e já derreteu completamente. A segunda perdeu um fragmento grande no ano de 2002 e, desde então, foi derretendo rapidamente. A previsão dos especialistas é de que o derretimento completo de Larsen C ocorrerá até 2020.

Um grupo de cientistas argentinos comprovou que só faltam uns 20 quilômetros para que uma massa de gelo 30 vezes maior que a cidade de Buenos Aires se desprenda da Antártida para o mar, informaram hoje (21) fontes oficiais. As informações são da agência de notícias alemã DPA.

Os cientistas do Instituto Antártico Argentino (IAA) sobrevoaram a geleira denominada Barreira Larsen C, para registrar e analisar l evolução da fratura, indicou um informe realizado pelo Ministério da Defesa da Argentina.

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Segundo as estimativas do IAA, a superfície que se desprenderá tem uns 5.900 quilômetros quadrados. O desprendimento de enormes massas de gelo alterará o nível da água do mar que as circunda, disseram os cientistas.

Preocupação

O fenômeno é seguido "com preocupação" pelos especialistas, que mencionaram a possibilidade de que a fratura e sua progressão esteja vinculada "às mudanças climáticas globais, ainda que não haja conclusões" a respeito, disseram.

A camada de gelo se encontra a uns 500 quilômetros ao sul da Base Marambio da Argentina na Antártida. Os cientistas argentinos sobrevoaram a zona durante mais de cinco horas e atravessaram o Círculo Polar Antártico.

Em fevereiro passado a glacióloga Daniela Jansen, do Instituto Alfred-Wegener de Investigação Polar e Marinha sediado em Bremerhaven (Alemanha), recordou que em 2002 outro iceberg se desprendeu da barreira Larsen C e esta "continua quebrando-se".

Longo percurso

"Quanto mais gelo se funde na água, mais aumenta o nivel do mar", agregou Jansen. Ela explicou que o novo iceberg gogamte poderá  deslocar-se por milhares de  quilômetros e percorrer a península Antártica, primeiro para o norte e depois rumo ao leste.

“É provável que a massa de gelo termine derretendo-se antes de chegar às Ilhas Geórgias do Sul, 1.400 quilômetros a leste da costa argentina, indicou Jansen.

Da Agência DPA

Cientistas verificaram que um dos maiores icebergs do mundo, localizado na Antártida, pode se desprender a qualquer momento. Uma rachadura na plataforma de gelo Larsen C cresceu e agora apenas 20 km de gelo seguram o bloco de 5 mil km².

As plataformas de gelo da Antártida são as porções que flutuam sobre a água, de acordo com a Nasa. A Larsen C é a maior plataforma de gelo no norte da Antártida. 

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Segundo a BBC, os cientistas já acompanham a rachadura por muitos anos. Ela começou a ser observada mais atentamente após colapsos das plataformas de gelo Larsen A, em 1995, e Larsen B, em 2002. Já em 2016, os pesquisadores alertaram que a rachadura em Larsen C aumentava rapidamente.

No final do ano, entretanto, o ritmo da rachadura cresceu e avançou 18 km em duas semanas. "Se o iceberg não se desprender nos próximos meses, ficarei espantado", disse à reportagem da BBC Adria Luckman, responsável pela pesquisa.

Para os estudiosos, a causa do fenômeno não é climático, mas geográfico. Acredita-se que o aquecimento global tenha acelerado a provável ruptura do iceberg. 

Conforme a Nasa, como o iceberg vai flutuar, não contribuirá diretamente com o aumento do nível do mar. Novas rupturas podem ocorrer, entretanto, e geleiras que forem ao mar e derreter aumentarão diretamente o nível do mar.

A partir de dezembro de 2017, uma área de 1,55 milhão de quilômetros quadrados na Antártida terá proteção especial para a conservação da vida marinha. A decisão foi tomada, em uma reunião na Austrália, pelos países que integram a Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos da Antártida, da qual o Brasil faz parte. Todos os países-membros da comissão concordaram com a proposta, feita pelos Estados Unidos e pela Nova Zelândia.

A maior área de proteção marinha do mundo, localizada no Mar de Ross, vai limitar ou proibir totalmente algumas atividades para atender a conservação específica, a proteção do habitat, o monitoramento de ecossistemas e o manejo de pesca. Em 72% da área de proteção haverá uma zona de proibição total de pesca, enquanto outras áreas vão permitir a captura de alguns peixes para investigação científica.

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Secretário-executivo da comissão, Andrew Wright lembrou que a decisão levou vários anos para ser tomada. “Alguns detalhes sobre a área de proteção ainda estão sendo finalizados, mas não há dúvidas sobre o estabelecimento da zona protegida e estamos incrivelmente orgulhosos de ter chegado a este ponto', disse Wright.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse, em nota, que a aprovação da proposta foi um progresso extraordinário e que não aconteceu por acaso, mas “graças a muitos anos de persistentes estudos, intensas negociações e diplomacia baseada em princípios. Aconteceu porque nossas nações entenderem a responsabilidades que partilhamos para proteger esse lugar único para as futuras gerações”, disse.

A Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos da Antártida foi estabelecida por um acordo internacional em 1982, com o objetivo de promover a conservação da vida marinha no continente. Além da União Europeia, 24 países fazem parte da comissão: Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Chile, China, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, República da Coreia, Namíbia, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Rússia, África do Sul, Espanha, Suécia, Ucrânia, Reino Unido, Estados Unidos e Uruguai.

Cientistas argentinos revelaram na quarta-feira (18) que identificaram restos de uma ave gigante que viveu há 50 milhões de anos na Antártida, cuja envergadura é a maior já registrada. Os restos, encontrados nas proximidades da base argentina Marambio na Antártida, em 2014, foram identificados pela equipe de paleontólogos do Museu de Ciências Naturais de La Pampa (centro-sul).

"Há quase três anos começaram a aparecer restos do que pensávamos que podia ser esta ave, e depois encontramos um osso que confirmou que se tratava de um pelagornítido cuja envergadura, com as asas estendidas, ultrapassa 6,4 metros", disse à AFP Carolina Acosta Hospitaleche, pesquisadora neste projeto.

O paleontólogo Marcos Cenizo, diretor do Museu de La Pampa, confirmou que se trata do maior exemplar encontrado até hoje.

"O comprimento do úmero deste exemplar antártico é um pouco maior que a do Pelagornis sandersi, que era a ave com maior envergadura de asas de que se tinha registro até o momento", disse Cenizo, um dos autores do estudo publicado na revista científica Journal of Paleontology.

De acordo com Cenizo, "a forma de suas asas lhes permitiam planar e atravessar grandes distâncias sobre os oceanos". Segundo especialistas, na Antártida conviviam dois tipos de pelagornítidos, um de até cinco metros de altura e de envergadura, e outro que ultrapassava sete metros.

As aves provavelmente desenvolveram tamanhos tão gigantescos há cerca de 50 milhões de anos, quando um período de aquecimento da temperatura dos oceanos provocou uma grande produtividade biológica dos mares antárticos, permitindo que os pelagornítidos e os pinguins tivessem alimento suficiente para crescer, disseram os pesquisadores.

Apesar da estatura, a espécie recentemente identificada teria sido bastante leve, pesando entre 30 e 35 quilos - "quase como uma pluma", disse Cenizo.

Uma violenta tempestade de neve complicou nesta quinta-feira (25) a tentativa de resgate do quebra-gelo australiano "Aurora Australis", que ficou preso na Antártida com 68 pessoas a bordo.

O incidente ocorreu na manhã desta quarta-feira às 09h15 de Sydney (19h15 de Brasília de terça-feira), quando a imponente embarcação vermelha realizava uma missão de abastecimento da base australiana Mawson, assolada por ventos superiores a 130 km/h.

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"No total, 68 membros da expedição e da tripulação estão a bordo, todos sãos e salvos", indicou em um comunicado a Divisão Antártica Australiana (AAD). "A tempestade de neve complica a avaliação dos danos, mas a tripulação já realiza uma inspeção a partir do interior" do navio, acrescentou.

O "Aurora Australis" ficou preso em West Arm, em Horseshoe Harbour, na Baía de Holmes.

A tripulação consertou um buraco "situado em uma zona do barco que não apresenta nenhum risco para a estabilidade do navio e também não há nenhum risco de perda de combustível", acrescentou a AAD.

"As tentativas de desencalhar o navio serão realizadas quando as condições meteorológicas se acalmarem. A tripulação precisará de ao menos três dias para realizar a avaliação completa do barco quando for recuperado", acrescentou a fonte.

A AAD declarou que o vento não deve soprar acima dos 55 km/h para poder transferir o barco ao continente branco. A tempestade deve se acalmar na noite desta quinta-feira.

A Austrália conta com três bases permanentes na Antártida - Mawson, Davis e Casey - assim como uma estação na ilha de Macquarie, que o "Aurora Australis" abastece habitualmente.

O navio quebra-gelos australiano "Aurora Australis" encalhou durante uma tormenta e está preso na Antártida com 68 pessoas a bordo, entre membros da tripulação e passageiros, anunciou nesta quinta-feira o governo australiano.

O incidente ocorreu às 22H15 GMT de terça-feira (19H15 Brasília), quando o navio realizava uma missão de abastecimento da base australiana Mawson, em meio a ventos de 130 km/h.

"No total, 68 membros da expedição e da tripulação estão a bordo, todos sãos e salvos", informou a Divisão Antártica Australiana (AAD). O "Aurora Australis" está encalhado em West Arm, no Horseshoe Harbour.

"A tempestade de neve complica a avaliação dos danos, mas a tripulação já realiza uma inspeção a partir do interior" do navio.

A Austrália conta com três bases permanentes na Antártida - Mawson, Davis e Casey - e com uma estação na ilha de Macquarie, que o "Aurora Australis" abastece habitualmente.

A Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, que reúne também a Marinha do Brasil, divulgou na tarde desta segunda-feira (21) o procedimento para realizar uma nova licitação internacional para reconstruir a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), destruída há dois anos e meio por um incêndio que matou dois militares. A previsão é de que a nova estação custe US$ 110,5 milhões. "Este será o valor-teto para essa licitação", afirmou o contra-almirante Marcos Silva Rodrigues, secretário da comissão.

O governo já tentou, no final de 2012, uma licitação apenas com empresas nacionais, estimada em R$ 147,4 milhões, mas não houve interesse. "As empresas alegaram, principalmente, a questão do câmbio, do estudo de impacto ambiental que não estava completo e o preço, que eles achavam que estavam no limite", justificou.

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O contra-almirante indicou que "o preço (atual) está muito próximo (do valor) da estação coreana, que foi construída pela empresa Huyndai", destacando que já há interesse na obra por empresas chinesas, sul-coreanas e chilenas. Segundo Rodrigues, a nova rodada "será uma licitação nacional e internacional", ou seja, pode haver consórcio entre uma nacional e uma estrangeira. "A Marinha está interessada em preservar a política do governo de estimular as empresas nacionais", disse.

O edital será lançado na próxima quarta-feira (24) no Diário Oficial da União e, no sábado (26) em veículo de imprensa internacional. A partir daí, as empresas terão 45 dias para apresentar propostas, com resultado do certame em outubro. A nova estação terá 4,5 mil metros quadrados.

A principal diferença em relação à licitação frustrada foi a realização de um novo estudo do terreno, que custou R$ 1,3 milhão. "Estávamos prevendo que teria rocha a cada 10 metros (de profundidade), mas vimos que tem a apenas 100 metros", disse. Entre as novidades da nova estação, estará o novo modelo de cogeração de energia, que será usado também para aquecimento de água. "Nossa matriz de energia vai ser inteligente. Vamos trabalhar com geração eólica, solar e diesel", afirmou.

Rodrigues destacou o resgate da estação como parte da inserção do Brasil em uma geopolítica científica, com a finalidade de manter "a presença do governo brasileiro e a permanência do Brasil como membro do conselho antártico." "Quando falamos da Antártica, não falamos apenas do continente em si. Temos 14 milhões de metros quadrados, sendo 98% da superfície coberta de gelo, com 76% da água doce, e 176 tipos de minerais", observou.

O Brasil chegou à Antártida com uma estação própria em 1984. Em fevereiro de 2012, um incêndio destruiu a base científica e militar. A Marinha iniciou, então, uma operação de resgate dos equipamentos lá instalados para evitar que fosse absorvido pelo gelo. "Depois do desmonte, só sobraram as partes remotas", disse Rodrigues.

O desmonte da estrutura, instalada em uma região de 2.550 metros quadrados, retirou 9,5 toneladas da partes metálicas. "Em nenhum momento a nossa bandeira deixou de tremular no mastro principal da nossa base", afirmou.

Depois do desmonte, foi estabelecido um módulo antártico emergencial no local, onde 15 militares permanecem para resguardar o território brasileiro. A desocupação significaria a perda do direito de exploração e pesquisa na estação. "Tínhamos um desafio, que era manter a pesquisa brasileira na Antártida", finalizou Rodrigues.

A enorme camada de gelo da Antártida Ocidental está sofrendo um colapso lento de uma forma irrefreável, revelaram dois novos estudos. Cientistas alarmados afirmaram que isso significa elevação ainda maior do nível do mar do que eles imaginavam.

Os resultados preocupantes não serão vistos em breve. Os cientistas se referem a centenas de anos, mas durante esse tempo o derretimento que já começou poderia, eventualmente, adicionar 1,2 metro a 3,6 metros aos atuais níveis do mar. Esse ritmo é mais rápido do que cientistas previam.

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Um estudo da NASA que analisou 40 anos de dados de solo, aviões e de satélite sobre o que os pesquisadores chamam de "o ponto fraco da Antártida Ocidental" mostra que o derretimento está ocorrendo mais rápido do que os cientistas haviam previsto, cruzando um limiar crítico que deu início a um processo semelhante a um dominó.

"Parece estar acontecendo rapidamente", disse o glaciologista da Universidade de Washington Ian Joughin, autor de um dos estudos. "Nós realmente estamos testemunhando os estágios iniciais."

É provável que isso ocorra por causa do aquecimento global provocado pelo homem e pelo buraco na camada de ozônio, que mudaram os ventos da Antártida e aqueceram a água que corrói as bases do gelo, disseram os pesquisadores em entrevista coletiva na Nasa nesta segunda-feira.

"O sistema está em uma espécie de reação em cadeia que é irrefreável", disse o glaciologista da Nasa Eric Rignot, principal autor do outro estudo, que foi publicado na revista Geophysical Research Letters. "Cada processo nesta reação está alimentando o próximo." Segundo ele, limitar as emissões de combustíveis fósseis para reduzir a mudança climática provavelmente não irá deter o derretimento, mas pode diminuir a velocidade do problema. Fonte: Associated Press.

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