NÃO PUBLICAR AINDA Contrários à gestão do presidente Arnaldo Barros, sócios do Sport criaram um grupo que faz duras críticas à atuação do mandatário leonino. Denominado “Democracia Rubro-Negra”, o movimento foi criado há três anos para debater internamente assuntos relacionados ao clube, no entanto, nesta quarta-feira (21), os ideais do movimento foram levados ao público por meio de um texto divulgado para veículos de imprensa.
No manifesto, o grupo demonstra preocupação com alguns problemas que envolvem o Sport, como o vexame da eliminação da Copa do Brasil deste ano, bem como o movimento critica os baixos públicos da Ilha do Retiro, a “infeliz opção de não jogar a Copa do Nordeste”, “crise com Luxemburgo”, atrasos salariais, relação com as torcidas organizadas, entre outros inúmeros assuntos.
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Ao todo, 51 assinaturas de torcedores do Sport aparecem no texto do movimento. Um dos coordenadores do manifesto, o advogado Pedro Josephi, em entrevista ao LeiaJá nesta quarta-feira, afirmou que o número de participantes deve aumentar, contando com a partição de novos sócios e de torcedores não associados. De acordo com ele, além dos pontos mencionados no texto do movimento, o grupo acredita que da época do ex-presidente João Humberto Martorelli até o atual mandato de Arnaldo Barros houve um processo de elitização do Sport que afastou os torcedores mais pobres da Ilha do Retiro.
Pedro Josephi ainda diz que a proposta do grupo não é pedir a saída de Arnaldo da presidência, uma vez que ele foi eleito pelos sócios do clube. Por outro lado, o movimento espera que o presidente possa atender às demandas sugeridas pela torcida. O advogado ainda convocou outros torcedores rubro-negros que tenham interesse em integrar o grupo.
“Com sucessivas gestões desastrosas, no âmbito do futebol e nas finanças do clube nos últimos dois anos, a gente resolveu apresentar ideias, sugestões e reflexões. A gente não tem pretensão eleitoral alguma, qualquer torcedor pode participar das nossas reuniões e assinar o manifesto. A ideia do manifesto surgiu em especial após a eliminação da Copa do Brasil e depois das notícias que o clube está em débito com alguns jogadores”, explica Pedro Josephi em entrevista ao LeiaJá.
O coordenador do manifesto também acredita que é preciso haver um barateamento das associações e ingressos do clube. “O Sport não pode ser apenas para o sócio. Essa dicotomia que Martorelli criou e que Arnaldo reproduz de que o clube é para os sócios, para a gente fez com que a torcida do Sport em sua integralidade se afastasse ainda mais. Existem pessoas que não têm condições de ser sócias do clube. É uma discussão que queremos fazer, baratear os preços dos ingressos”, argumentou Pedro Josephi.
O movimento também cobra a criação de um “Portal da Transparência”. Segundo o texto do manifesto, a ideia é que ele “forneça aos rubro-negros, de forma fácil e clara, acesso a balancetes financeiros, receitas e despesas com contratos, valores de compra e venda de jogadores”. “Essas informações podem e devem estar disponíveis para os verdadeiros donos do Sport: os seus sócios e torcedores. A falta de transparência nas transações financeiras é o que abre espaço para conchavos com empresários ou para dívidas que vêm sido roladas para frente como as oriundas das compras de Rithely, André e Rogério”, complementa o texto.
Outro ponto do manifesto aborda a relação do Sport com as torcidas organizadas. Assim como na gestão de Martorelli, Arnaldo fortaleceu o rompimento do clube com as uniformizadas, em especial a Torcida Jovem. “Uma das marcas que Arnaldo Barros ostenta com orgulho é de ter afastado as torcidas organizadas do clube. O problema é que ele afastou a torcida inteira, organizada e não organizada. Na verdade, o movimento de elitização que Arnaldo Barros e seu grupo propunham para o Sport (Arena com ingressos caríssimos, como visto em outras partes do País) precisava de um bode expiatório que pudesse associar com o crime. Fez parte de uma estratégia maior de afastar a massa mais pobre dos torcedores do Sport da Ilha, não só a Torcida Jovem”, aponta o grupo por meio do manifesto.
“Na hora do desespero, recorria ao povão, colocando ingressos a 10 reais quando o Sport estava quase caindo para a Série B. Este modelo é um engodo. Propomos que o Clube não tenha relações com nenhuma torcida organizada que faça apologia ao crime e à violência, mas que não passe uma régua única nas torcidas que mantém seu propósito original: torcer e ajudar o Sport. São torcedores que amam o Clube como cada um de nós, que ajudam a preparar a festa para os jogos, bandeirões, faixas, papéis picados”, complementa.
O LeiaJá procurou a assessoria de imprensa do Sport para que o presidente Arnaldo Barros respondesse às críticas divulgadas no manifesto. Porém, até o fechamento desta matéria, não fomos atendidos. Leia o texto na íntegra do manifesto divulgado pelo movimento Democracia Rubro-Negra.