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As federações de futebol de Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai oficializaram, em cerimônia realizada nesta terça-feira, uma candidatura conjunta para sediar a Copa do Mundo de 2030, quando o evento completará 100 anos de sua criação. O lançamento foi realizado no Estádio Centenário de Montevidéu, palco da maioria dos jogos do primeiro mundial da história, em 1930, inclusive das semifinais e da final, vencida pelos anfitriões diante da seleção argentina.

Autoridades políticas e esportivas foram recepcionadas no lendário estádio pelo presidente uruguaio Luis Lacalle Pou. Reunidos, eles concretizaram uma candidatura que vem sendo planejada desde 2017. Inicialmente, a união era apenas entre Argentina e Uruguai, mas Chile e Paraguai se juntaram ao bloco, com o apoio da Conmebol.

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"Este é o sonho de um continente. A América do Sul entende que o futebol tem que reconhecer e não disputar, porque vão haver mais mundiais, porém é apenas uma vez que se completa 100 anos. Em uma ocasião como essa, é preciso voltar para casa", afirmou o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, em coletiva de imprensa."Acreditamos que o motivo seja mais que o suficiente para que a Fifa aceite esta como uma só candidatura".

Depois da estreia no Uruguai, a Copa do Mundo teve mais quatro edições na América do Sul, duas delas no Brasil (1950 e 2014), uma no Chile (1962) e uma na Argentina (1978). Entre os países da candidatura conjunta, o Paraguai é o único que jamais recebeu o evento em seus estádios.

A Fifa espera definir a sede da Copa de 2030 até 2024, e a proposta sul-americana deve ter concorrência. Em junho de 2021, Portugal e Espanha também se lançaram juntos em uma tentativa de sediar a edição centenária. Reino Unido e Irlanda cogitaram entrar na briga, mas desistiram do lançamento. Também foram especuladas propostas de países como Marrocos e Israel.

Depois da Copa do Catar, em novembro deste ano, a edição de 2026 será realizada conjuntamente por México, Canadá e Estados Unidos. Marrocos concorreu com o bloco norte-americano na votação realizada em 2018 e teve 32% dos votos contra 66% dos vencedores.

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, negou, nesta quarta-feira (20), pressões da China para não divulgar um relatório sobre o país e assegurou que o mesmo será publicado antes do término de seu mandato em agosto.

"Não existe uma carta das autoridades chinesas, a verdade é que há uma carta de países. Assim como há cartas de países que me pedem para publicá-lo, há cartas de países que me pedem para não o publicar. Isso é normal", disse Bachelet durante uma conferência de imprensa em Lima como parte de sua visita de trabalho ao Peru.

O relatório "será publicado antes que eu deixe o cargo" em agosto, afirmou.

"Posso dizer que seguimos trabalhando no escritório [do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos] para atualizar o relatório para compartilhá-lo com o país em questão, como se faz sempre antes de divulgar um relatório, para que faça os comentários factuais se houver erros, como se faz na prática habitual", detalhou a ex-presidente chilena.

Durante sua visita à China em maio, Bachelet instou as autoridades a evitar medidas "arbitrárias e indiscriminadas" em Xinjiang. Mas ressaltou que sua visita não era "uma investigação".

O governo chinês é acusado de manter uigures e outros indivíduos de minorias muçulmanas em centros de detenção em Xinjiang, de esterilizar as mulheres e obrigar essas pessoas a realizar trabalhos forçados. A China, por sua vez, nega todas as acusações.

Bachelet anunciou em 13 de junho que não concorreria a um segundo mandato para o cargo, pois pretende passar mais tempo com sua família e em seu país.

A ex-presidente chilena havia avisado sua decisão ao secretário-geral da ONU, António Guterres, dois meses antes, mas nenhuma informação vazou.

A funcionária foi duramente criticada nos últimos meses pelos Estados Unidos e importantes ONGs, que a acusam de falta de firmeza frente às violações de direitos humanos na China e de agir mais como "diplomata" do que defensora dos direitos humanos.

Protestos organizados por estudantes do segundo grau tomaram nesta quarta-feira, 1º, o centro de Santiago. O presidente, Gabriel Boric, reconheceu que o Chile "atravessa o pior momento para sua segurança" desde a redemocratização, em 1990.

Enquanto Boric fazia sua primeira apresentação das contas públicas ao Congresso, em Valparaíso, estudantes que pediam educação gratuita e o cancelamento de dívidas estudantis, protagonizaram novos incidentes na capital, que terminaram com dois policiais feridos e vários manifestantes presos.

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O presidente prometeu lutar contra a crise de violência, sem deixar de lado suas promessas de melhorar os direitos sociais. "O Chile merece viver em paz. Necessitamos recuperar os espaços públicos, com atividades comunitárias, culturais que atraiam todos", disse. Boric, de 36 anos, que assumiu o cargo em 11 de março, substituindo o conservador Sebastián Piñera. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Faltando ainda quase oito meses para a Copa do Mundo do Catar, a seleção brasileira se despediu dos estádios do País na noite desta quinta-feira (24) com festa. Se a atuação não foi uma primazia ao logo dos 90 minutos, a goleada por 4 a 0 sobre o Chile ao menos foi inconteste e deu ao torcedor que lotou o Maracanã a esperança de que o time pode, sim, sonhar com o hexa no fim do ano.

Havia quase 13 anos e meio que a seleção brasileira não fazia um jogo de Eliminatórias no Maracanã. É verdade que no período o mais icônico estádio do futebol brasileiro foi palco de quatro decisões envolvendo a seleção - duas de Copa América, uma de Copa das Confederações e outra de Jogos Olímpicos -, mas essa sensação de abrigar um jogo que leva para a Copa do Mundo estava em falta. Talvez por isso que nessa quinta, na última partida do Brasil em solo nacional antes do Mundial do Catar, os quase 70 mil torcedores que lotaram o estádio tenham abraçado o time de forma contundente.

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O clima nas arquibancadas era o melhor possível. Diferente do que fizera em outras épocas, a CBF vendeu as entradas com preços não tão distantes daqueles praticados em jogos da Série A. Assim, o público tinha o mesmo perfil, o do torcedor que grita, que canta e que provoca o adversário - às vezes até com termos impublicáveis. Para se ter uma ideia, antes da partida os jogadores do Chile tiveram de aquecer no belo gramado do Maracanã aos gritos de "eliminado, eliminado."

O torcedor também demonstrou sentimentos distintos em relação à seleção brasileira. Neymar foi ovacionado quando teve o nome anunciado pelo sistema de som. Os ex-flamenguistas Lucas Paquetá e Vinícius Jr foram muito aplaudidos. O técnico Tite, por sua vez, teve de ouvir forte vaia, talvez a maior desde que assumiu a seleção, há quase seis anos.

Tamanho entusiasmo nas arquibancadas foi correspondido em campo no primeiro tempo, em especial pelo trio ofensivo formado por Vinícius Jr, Antony e Neymar. Os três deram ao ataque da seleção algo que vinha fazendo falta e que sempre foi a essência do futebol brasileiro: o drible. Na direita, Antony envolvia a marcação com a naturalidade de um habitué do Maracanã de outros tempos. Na esquerda, Vinícius Jr era insistente no mano a mano e nas tabelas com Neymar. O principal jogador do Brasil, por sua vez, fazia o que se espera de alguém talhado para ser protagonista da seleção. Voltava para buscar o jogo, armava, orientava o time.

Como não poderia deixar de ser, foi por intermédio dos três que o Brasil abriu sua vantagem no fim do primeiro tempo. Primeiro, com Neymar batendo pênalti. Depois, com o atacante do Paris Saint-Germain fazendo o corta-luz em passe de Antony para Vinicius Jr. chutar cruzado.

A seleção também teve outras boas notícias. Guilherme Arana estava em grande noite, jogando boa parte do tempo avançado - em determinados momentos, foi quase um meia pela esquerda. Paquetá foi outro que teve papel fundamental no ataque. Se na véspera o técnico Tite chegou a dizer que não gostava de usar o termo "falso 9" para se referir à posição de Neymar, a atuação de Paquetá contra o Chile nos 45 minutos iniciais veio para mostrar que o técnico resolveu seu problema semântico dando a função a dois de seus atletas.

Com dois gols de vantagem para o Brasil e com o Chile em desespero - a derrota significava adeus à Copa do Mundo -, a etapa final foi de futebol menos vistoso e mais pegado. Tite aproveitou para rodar o elenco, com Coutinho, Richarlison, Bruno Guimarães, Fabinho e Martinelli ganhando chance. Coutinho e Richarlison ainda ampliariam para o Brasil. No fim, o 4 a 0 com gols de um ex-flamenguista, de um ex-vascaíno e de um ex-tricolor carioca deixaram a despedida do Brasil no Maracanã ainda mais completa.

FICHA TÉCNICA

BRASIL 4 X 0 CHILE

BRASIL - Alisson; Danilo, Marquinhos, Thiago Silva e Arana; Casemiro (Fabinho), Fred (Bruno Guimarães) e Lucas Paquetá (Philippe Coutinho); Vinicius Jr. (Martinelli), Antony (Richarlison) e Neymar. Téc. Tite

CHILE - Claudio Bravo; Isla, Paulo Díaz, Enzo Roco (Montecínos) e Suazo; Medel, Baeza (Fernández), Aránguiz e Vidal; Alexis Sánchez e Vargas (Meneses). Téc. Martín Lasarte

GOLS - Neymar, aos 44, e Vinícius Jr, aos 45 minutos do primeiro tempo; Philippe Coutinho, aos 26, e Richarlison, aos 46 do segundo.

CARTÕES AMARELOS - Lucas Paquetá, Casemiro, Neymar, (BRA); Paulo Díaz, Claudio Bravo (Chile).

ÁRBITRO: Darío Herrera (ARG)

PÚBLICO - 69.368 presentes.

RENDA - R$ 6.577.230,00.

LOCAL: Maracanã, no Rio (RJ).

Já classificado para a Copa do Mundo de 2022 (Catar), o Brasil enfrenta o Chile, a partir das 20h30 (horário de Brasília) desta quinta-feira (24) no estádio do Maracanã, pelas Eliminatórias. A partida, que terá a transmissão da Rádio Nacional, deve ser a última da seleção brasileira diante de sua torcida, isto porque os jogos preparatórios para o Mundial serão realizados fora do país.

A equipe comandada pelo técnico Tite lidera as Eliminatórias Sul-Americanas com 39 pontos, cinco à frente da Argentina, segunda colocada. Já o Chile aparece em sexto lugar, com 19 pontos, três atrás do Uruguai, quarto colocado, que fecha a zona de classificação direta ao Mundial. A quinta posição, que dá vaga à repescagem, é ocupada pelo Peru, com 21 pontos.

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Experiências no Brasil

Em situação tão confortável, o técnico Tite aproveitará a partida para fazer algumas experiências. No ataque, por exemplo, ele abriu mão de ter um jogador com características de centroavante, que permanece mais fixo na frente, para permitir que Neymar e Lucas Paquetá se revezem na referência nas ações ofensivas, ocupando a faixa central do ataque.

“Particularmente, não gosto de usar falso 9. Ele [Neymar] é um verdadeiro, é um atacante, com liberdade criativa. [...] O Neymar tem uma estrutura há bastante tempo na seleção brasileira para potencializar a criatividade dele. Cada um trabalha um pouco setorizado para que ele possa, nos seus setores, ter a criatividade, essa chegada. […] O Paquetá, por exemplo, joga de penúltimo atacante, de 9 também. No último jogo aconteceu uma substituição e ele jogou de 9, no Flamengo também jogou de 9. São jogadores versáteis, que se adaptam”, afirmou o comandante do Brasil.

Outra experiência no ataque é a entrada de Antony em uma das pontas. O atacante do Ajax (Holanda) atuou sete vezes e marcou dois gols, mas sempre saindo do banco. Já na lateral esquerda quem ganha uma oportunidade é Guilherme Arana. A expectativa é que o jogador do Atlético-MG receba liberdade para avançar e para colocar em prática uma de suas principais características, o apoio.

Com isso, a escalação inicial do Brasil deve ser a seguinte diante dos chilenos: Alisson; Danilo, Marquinhos, Thiago Silva e Guilherme Arana; Casemiro, Fred e Lucas Paquetá; Antony, Neymar e Vinícius Júnior.

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Vitória com bom futebol

Porém, mesmo com as experiências, o técnico Tite afirma que sua equipe buscará a vitória, de preferência com uma boa atuação: “Tomara que tenhamos competência para sair [de campo] com uma boa apresentação, [alcançando um] bom resultado, [com] sintonia, [e] uma energia legal. É isso que buscamos, esse é o nosso desafio, a pressão que temos”.

O Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, no Rio de Janeiro, receberá o último jogo da seleção masculina em território nacional pelas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo do Catar. O próximo duelo do Brasil, já classificado, será contra o Chile, no dia 24 de março (quinta-feira), às 20h30.

Inicialmente a seleção enfrentaria os chilenos na Arena Fonte Nova, em Salvador, conforme anunciou Juninho Paulista, coordenador da seleção, em outubro do ano passado. Mas, de acordo com a Confederação Brasileira de Futebo (CBF), as restrições de público vigentes na Bahia motivaram a troca do local do jogo.

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"Queremos estar cada vez mais próximo do torcedor. Ainda mais para esse jogo que será o último no Brasil antes da Copa do Mundo. Respeitamos e entendemos as restrições vigentes em Salvador, mas é nosso desejo atuar para o maior público possível dentro das normas sanitárias", disse Juninho Paulista.

O último jogo do escrete canarinho no Maracanã em confronto pela Eliminatória da Copa ocorreu em 2008, quando empatou em 0 a 0 com a Colômbia.

"Jogar no Maracanã também nos possibilita uma logística melhor de treinamentos e deslocamentos. Vamos utilizar a Granja Comary durante toda a preparação", acrescentou o coordenador de futebol.

O Brasil lidera a classificação geral das Eliminatórias Sul-Americanas, com 39 pontos.O país garantiu classificação na 13ª rodada, em novembro passado, ao derrotar a Colômbia, por 1 a 0, em São Paulo. O último jogo da seleção masculina será contra a Bolívia (8ª colocada), em 29 de março, na capital La Paz.

O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, disse que espera trabalhar do lado de Luiz Inácio Lula da Silva, que disputará as eleições de outubro e aparece em primeiro lugar nas pesquisas.

Eleito em 19 de dezembro, Boric, que completa 36 anos em 11 de fevereiro, vai tomar posse exatamente um mês depois e indicou que se reconhece mais na esquerda boliviana e brasileira do que na venezuelana.

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"Espero trabalhar ao lado de Luis Arce, na Bolívia, de Lula, se ele ganhar as eleições no Brasil, de Gustavo Petro, cuja experiência se consolida na Colômbia. Acho que pode ser um eixo interessante", declarou Boric em entrevista à rede britânica BBC, ao ser questionado se ele se reconhece em líderes da esquerda latino-americana.

"No caso da Nicarágua, não consigo encontrar nada lá, e no caso da Venezuela, é uma experiência que fracassou, e a principal demonstração de seu fracasso é a diáspora de 6 milhões de venezuelanos", acrescentou.

O futuro presidente do Chile ainda afirmou que valoriza "muito a experiência de Lula", mas que também procura "conhecer" a de Fernando Henrique Cardoso. "Não se pode ter referências estáticas", disse. 

Da Ansa

Entre 1.800 e 2.000 caminhões formam longas filas há dois dias do lado argentino do Paso Cristo Redentor, a mais importante passagem da fronteira com o Chile, devido a testes anticovid exigidos pelas autoridades chilenas, informaram nesta terça-feira (18) trabalhadores de transporte argentinos.

"Em algum momento, a rede de suprimentos vai ser cortada. Não é um funil, é um tampão. Na prática, a passagem está fechada", disse à AFP Daniel Gallart, da Associação de Proprietários de Caminhões de Mendoza (Oeste).

A situação na passagem fronteiriça em frente à província de Mendoza, na Cordilheira dos Andes, começou há 48 horas, quando o Chile endureceu seus controles sanitários aos motoristas argentinos, disse em um comunicado a Federação Argentina de Entidades Empresariais do Autotransporte de Cargas da Argentina.

"Estamos falando de 2.000 ou 1.800 caminhões. Vêm de todo o Mercosul. Segundo as estatísticas de tráfego, 50% são argentinos, 30% brasileiros e o restante de outros países", disse Gallart.

A federação de transportadores exigiu que o Chile habilite mais postos de atendimento, agora que voltaram os controles mais estritos. "Não questionamos a medida soberana de um país, mas sim as consequências que esta decisão provoca. Não somos contra testar os motoristas, mas isso deveria ser ágil", acrescentou em um comunicado.

As demoras representam perdas de milhões de dólares para o comércio internacional do país através de portos do Pacífico, quando a logística global já é afetada pela pandemia, segundo os caminhoneiros, que pediram a intervenção formal do Ministério das Relações Exteriores.

Cerca de 900 caminhões argentinos cruzam diariamente a passagem Cristo Redentor a partir da província argentina de Mendoza, 1.050 km a oeste de Buenos Aires. Em 2018, antes da pandemia, cruzaram a fronteira argentino-chilena por ali mais de 580.000 caminhões, segundo recente estudo binacional.

Os dois países avançam em seus planos de vacinação contra a Covid-19 e o Chile já dispôs iniciar a aplicação de uma quarta dose. Já receberam uma dose 86,1% dos 45 milhões de argentinos, 75,2% duas e 21,4% já tomaram o reforço.

Mas a Argentina atravessa atualmente uma onda de casos da variante Ômicron, com 120.000 contágios e quase 200 óbitos diários.

Fontes chilenas asseguram que a demora pode se agravar pelo trânsito de turistas argentinos rumo ao Chile, também obrigados a cumprir as exigências sanitárias.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira, 12, que não vai comparecer à posse de Gabriel Boric, eleito presidente do Chile em dezembro do ano passado. A cerimônia, marcada para o dia 11 de março, não será a primeira do tipo sem a presença do mandatário brasileiro. Bolsonaro tem costume de não prestigiar a posse de eleitos ligados à esquerda na América Latina e já faltou a pelo menos três eventos semelhantes.

Em 2019, primeiro ano de seu mandato, Bolsonaro não compareceu à posse de Alberto Fernández na Argentina, rompendo uma tradição de 17 anos. O último presidente brasileiro a não prestigiar uma posse no país foi Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando o argentino Eduardo Duhalde foi nomeado pelo Congresso Nacional após renúncia de Adolfo Rodríguez Saá. Fernández, que é um político de esquerda, havia derrotado o candidato preferido de Bolsonaro, Maurício Macri, que concorria à reeleição. O Brasil foi representado pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) no evento.

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Em 2020, Bolsonaro não viajou a La Paz para a posse do esquerdista Luis Arce, eleito presidente da Bolívia. Diferente de outras ocasiões, o governo brasileiro não enviou sequer um representante para a cerimônia, deixando a presença simbólica do País a cargo do embaixador brasileiro na Bolívia, cuja aparição é protocolar.

Em julho de 2021, o presidente também não compareceu à cerimônia de posse do também esquerdista Pedro Castillo, presidente do Peru. Na ocasião, o Brasil foi novamente representado pelo vice-presidente Mourão. Castillo é dirigente sindical e foi eleito sob temores de assumir uma postura radical à esquerda. Ele saiu vitorioso de um pleito acirrado contra sua adversária de direita, Keiko Fujimori, após uma apuração dos votos que durou vários dias.

Diferentemente dos episódios acima, Bolsonaro decidiu comparecer à posse do ex-banqueiro Guilherme Lasso no Equador em 2021. O presidente equatoriano defende pautas conservadores e representa a direita tradicional no país.

Gabriel Boric

O esquerdista Gabriel Boric foi eleito em dezembro de 2021 o presidente mais jovem da história do Chile, aos 35 anos de idade. Ele venceu o candidato da direita, José Antonio Kast, conhecido como o "Bolsonaro chileno". O Brasil foi o último país da América do Sul a cumprimentar a vitória.

O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, disse nesta segunda-feira (27) que, em matéria de política externa, seu futuro governo, que toma posse em 11 de março de 2022, vai priorizar o relacionamento com a Aliança do Pacífico, que o país integra junto com Colômbia, México e Peru.

"Vamos dar prioridade à Aliança do Pacífico no futuro. Já falei com vários dos presidentes, em particular com [Andrés] Manuel López Obrador, do México, com o presidente [Iván] Duque, da Colômbia, e também entrei em contato com a chancelaria peruana", disse.

Nascida por iniciativa do ex-presidente peruano Alan García (2006-2011), a Aliança do Pacífico foi formalmente selada em junho de 2012.

Boric, eleito presidente em 19 de dezembro com 55,8% dos votos contra o candidato de extrema-direita José Antonio Kast (44,1%), ressaltou, porém, que recusou o convite do presidente Sebastián Piñera para acompanhá-lo no final de janeiro a uma viagem à Colômbia para as cúpulas da Aliança do Pacífico e do Fórum para o Progresso e Desenvolvimento da América do Sul (Prosul).

O Prosul é formado por Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai e Peru. Foi criado em março de 2019 em Santiago.

"Parece que nossas prioridades hoje estão na formação de equipes aqui no Chile", disse o presidente eleito, que ainda deve criar seu gabinete e afinar a transição de comando.

Ele acrescentou que conversou anteriormente com Piñera sobre sua decisão, para que não fosse entendida como "um desprezo estatal".

"Quanto ao Prosul, me parece que se trata de uma agenda do próprio presidente Piñera, que está em seu direito", disse Boric, acrescentando que, quando assumir, alinhará sua agenda segundo os "grandes desafios" regionais e mundiais.

Entre eles, o presidente eleito destacou a pandemia do coronavírus - que no Chile registra 1,8 milhão de casos e 39 mil mortes - a crise climática, as crises migratórias, a cooperação econômica e o fortalecimento da democracia.

Pouco depois de o governo emitir nota oficial - com quatro dias de atraso - para cumprimentar o presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, o presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou pela primeira vez a vitória do líder de esquerda no país sul-americano. "Praticamente metade da população se absteve ou não foi votar. A outra metade foi votar e deu 55% para o tal do Boric", disse o presidente em transmissão ao vivo nas redes sociais.

De acordo com Bolsonaro, a nota enviada pelo governo apenas nessa quinta (23) foi uma determinação sua.

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"Cheguei de viagem e determinei ao Itamaraty apresentar cumprimentos formais ao presidente eleito do Chile", afirmou o chefe do Executivo, que retornou hoje de férias de seis dias no Guarujá, litoral de São Paulo.

O atraso em cumprimentos a presidentes eleitos em países estratégicos é uma prática incomum na diplomacia.

"Ao reafirmar a solidez dos laços de amizade e cooperação, o governo brasileiro assinala a disposição de trabalhar com as autoridades chilenas no fortalecimento das iniciativas bilaterais e regionais em prol dos objetivos de desenvolvimento econômico, de defesa da liberdade e da democracia e de respeito ao Estado de Direito", afirma a nota do governo.

Depois de quatro dias do resultado das eleições no Chile, o governo brasileiro emitiu nesta quinta, 23, uma nota de cumprimentos ao presidente eleito do país sul-americano, o líder de esquerda Gabriel Boric. A demora é uma prática inusual na tradição diplomática e causou indignação entre diplomatas chilenos, como mostrou o Estadão/Broadcast Político.

Em comunicado encaminhado à imprensa pelo Ministério das Relações Exteriores, o Executivo diz desejar êxito ao novo presidente. "Ao reafirmar a solidez dos laços de amizade e cooperação, o governo brasileiro assinala a disposição de trabalhar com as autoridades chilenas no fortalecimento das iniciativas bilaterais e regionais em prol dos objetivos de desenvolvimento econômico, de defesa da liberdade e da democracia e de respeito ao Estado de Direito", afirma.

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A vitória de Boric foi anunciada no domingo, 19, e reconhecida no mesmo dia pelo outro candidato, José Antonio Kast, de extrema-direita, que recebeu apoio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho "zero três" do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O próprio chefe do Executivo, no entanto, evitou externar um eventual apoio a Kast, após se desgastar no Itamaraty e na comunidade internacional com o apoio prestado à candidatura à reeleição do então presidente americano Donald Trump, derrotado por Joe Biden.

O governo do Chile anunciou nesta segunda-feira (20) a reabertura de 10 fronteiras terrestres com Argentina e Peru, que ficaram fechadas por quase dois anos devido à pandemia de Covid-19, mas com requisitos rigorosos para os visitantes.

As passagens terrestres serão reabertas em duas etapas: na próxima quarta (22) em Futaleufú, Huemules e na Passagem de Integração Austral, no sul de Chile, todas fronteiriças com a Argentina.

Já em 4 de janeiro será a vez das passagens de Chacalluta, no limite norte com o Peru, e as de Agua Negra, Los Libertadores, Pino Hachado, Cardenal Samoré e Dorotea, com a Argentina.

"Atualmente temos a passagem habilitada nos aeroportos de Iquique, Antofagasta, Região Metropolitana [Santiago], Punta Arenas e estão chegando cruzeiros. Agora é a vez de habilitar as passagens fronteiriças terrestres", explicou o subsecretário de Turismo, José Luis Uriarte, durante a divulgação do boletim sobre a situação da pandemia no Chile.

Os estrangeiros que entrarem no Chile por essas fronteiras terão que confirmar que receberam o ciclo de vacinação completo, apresentar uma declaração juramentada, contar com um seguro de saúde e, quando chegarem, serão submetidos a um exame PCR, explicou Uriarte.

O Chile tinha previsto reabrir algumas fronteiras terrestres no final de novembro, mas a chegada da variante Ômicron ao país atrapalhou os planos do governo.

O fechamento das fronteiras aéreas, terrestres e marítimas foi decidido em 17 de março de 2020, quase duas semanas depois que o primeiro caso de covid-19 foi confirmado no Chile. Desde novembro do ano passado, o país anunciou a liberação gradual de entrada para turistas, primeiro por via aérea.

Desde que chegou ao Chile, a pandemia já provocou 1,7 milhão de casos e 38.000 óbitos. O país sul-americano, no entanto, se destaca pelo bem-sucedido programa de vacinação, com mais de 90% da população maior de 18 anos imunizada com o ciclo completo.

O esquerdista Gabriel Boric venceu o ultradireitista José Antonio Kast neste domingo, 19, tornando-se o presidente mais jovem do Chile desde a redemocratização do país. Com 70% das urnas apuradas, Boric INHA uma vantagem de 500 mil votos em relação ao seu adversário. O resultado era esperado, já que as últimas pesquisas de opinião davam uma pequena margem de vitória ao esquerdista.

O novo governo assumirá o comando do Chile em março do próximo ano e encontrará pela frente uma série de desafios: a unificação do país, após uma campanha marcada pela polarização, a inflação e a implementação das regras da nova Constituição chilena, que começou a ser elaborada este ano e pode entrar em vigor em 2022.

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Boric, um deputado de 35 anos - a idade mínima para se candidatar - , vinculado aos protestos massivos de 2019, defendeu em sua campanha um Estado de bem-estar com atenção especial às pautas feminista, ambientalista e regionalista. Kast, um advogado católico de 55 anos, levantava as bandeiras da redução do Estado e dos impostos, do combate à migração irregular e dos valores tradicionais.

De olho em conquistar os eleitores de centro, os dois candidatos vinham buscando moderação desde o fim do primeiro turno. "Boric adotou parte do discurso de Kast sobre ‘ordem social’ e teve que mudar o conceito de ‘refundação’, com o qual trabalhava, para o de ‘reforma’, com uma orientação mais social-democrata", afirma o sociólogo do Centro de Estudios Publicos Aldo Mascareña. "Kast, por sua vez, foi orientado a oferecer garantias de que os direitos conquistados no Chile não recuariam, mantendo sua ênfase na segurança."

Essa moderação pode ajudar a conquistar a governabilidade e unir o país. Boric não terá apoio suficiente para garantir maioria simples na Câmara dos Deputados. A aliança Aprovo Dignidade, pela qual se elegeu, alcançou apenas 37 cadeiras, bem abaixo dos 55 deputados necessários para garantir maioria simples. O bloco Fuerza Social Cristiana, que apoiou a candidatura de Kast, conquistou apenas 15 cadeiras, e só poderia governar se construísse alianças com o Chile Podemos Más, dono de 53 cadeiras.

Além disso, Boric terá o desafio de conquistar o eleitorado chileno, que não manifestou apoio massivo nem a sua candidatura nem à de José Antonio Kast. Mais da metade da população apta a votar não compareceu às urnas no primeiro turno, e entre os votantes, cerca de 20% estavam indecisos ou pretendiam votar branco ou nulo no segundo turno, de acordo com uma pesquisa da AtlasIntel realizada entre os dias 1 e 4 de dezembro.

A inflação será outro grande problema. O país está sob pressão há meses e o orçamento das famílias começa a ser atingido. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Chile subiu 0,5% em novembro, acumulando 6,3% neste ano e 6,7% em 12 meses, no maior valor desde dezembro de 2008. Nesta semana, o Banco Central acelerou a retirada de estímulo monetário e elevou a taxa básica de juros em 125 pontos, maior índice desde 2014, para tentar conter a inflação. A previsão, informou o Banco Central, é de que a economia cresça entre 1,5 e 2,5% em 2022 e 0,0 e 1,0% em 2023.

A implementação da nova Constituição também pode ser um dilema. Com possibilidade de ser implementada ainda em 2022, ela irá condicionar o mandato do próximo presidente, que começará a governar com as normas atuais mas será responsável por implementar as novas normas e fazer uma verdadeira transição no país. Seu texto pode inclusive tornar o governo provisório ou modificar sua forma, passando do atual regime presidencial para um semipresidencial, por exemplo.

Além disso, a Convenção Constitucional que redige a nova Carta Magna é de maioria progressista. Embora Boric esteja mais alinhado aos valores da Convenção que Kast, ele também deve ter dificuldades para conciliar as coisas, diz Kenneth Bunker, analista político e fundador do site TresQuintos. "A Convenção claramente está mais à esquerda que Kast, mas também está mais à esquerda que Boric", afirma. "Ela é muito semelhante ao programa de Boric no primeiro turno, mas seu novo programa, apresentado para o segundo turno e trabalhado para mostrar moderação, o posicionou mais ao centro do que a Convenção."

Votação

A votação foi iniciada às 8h deste domingo (horário local, também 8h no Brasil) em mais de 2.500 centros abertos em todo o país. Embora mais de 15 milhões de chilenos estivessem aptos a votar, esperava-se uma alta abstenção, aos moldes do que aconteceu no primeiro turno. Os dados oficiais ainda não foram divulgados.

O processo eleitoral registrou ao menos um grande incidente. No fim da manhã, eleitores denunciaram problemas com o transporte público,enquanto tentam se locomover aos centros de votação. Pontos de ônibus em diversas regiões da cidade registravam grandes filas, em uma cena que se repetiu em outras cidades. Os prefeitos de Santiago, Quilpué e Maipu protestaram contra a situação.

As campanhas dos dois candidatos se manifestaram sobre o caso. Boric afirmou que menos de 50% do transporte público estava funcionando no país e chegou a afirmar que o governo do presidente, Sebastián Piñera, buscava "boicotar" as eleições. "Mais adiante, veremos as responsabilidades. O importante agora é garantir o voto", disse o candidato. Kast se manifestou mais tarde, dizendo "É um dia que todos temos que colaborar. A nós, interessa que grande parte das pessoas vá votar."

A ministra dos Transportes, Gloria Hutt, reconheceu o problema ao longo do dia. "Há episódio de congestionamentos em vias importantes, e isso afeta a fluidez dos trajetos do transporte público, quando não há via exclusiva. Com isso, os tempos de espera aumentaram", disse em entrevista coletiva.

O porta-voz do governo, Jaime Bellolio, por sua vez, negou as acusações de que há uma estratégia em prática para que as pessoas não votem neste segundo turno. "Temos cerca de 75% mais ônibus circulando do que em um domingo normal", disse o representante do Executivo.

Milhões de chilenos vão às urnas neste domingo, 19, para escolher o novo mandatário do país. Na disputa, estão os candidatos Gabriel Boric, de esquerda, e José Antonio Kast, representante da ultradireita. Estas eleições são consideradas as mais polarizadas desde o retorno do país à democracia, em 1988.

Pesquisas de opinião dão vitória a Boric, mas divergem na vantagem, que pode ir de 5 a 14 pontos. Especialistas afirmam, no entanto, que as perspectivas são muito incertas e que o resultado será definido voto a voto, levando em conta a estreita margem entre os dois candidatos no primeiro turno: 2 pontos percentuais.

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Boric, um deputado de 35 anos - a idade mínima para se candidatar - , vinculado aos protestos massivos de 2019, defende um Estado de bem-estar com atenção especial às pautas feminista, ambientalista e regionalista. Kast, um advogado católico de 55 anos, defende a redução do Estado e dos impostos, o combate à migração irregular e se posiciona contrariamente ao casamento gay e ao aborto.

Com os dois candidatos trazendo propostas mais drásticas do que as dos grandes blocos de centro-direita e centro-esquerda que dividem o poder no país há três décadas, o próximo presidente será o mais esquerdista desde Salvador Allende (1970-1973) ou o mais direitista desde Augusto Pinochet.

O estudante de serviço social Claudio Mauricio Rivera Retamal, de 29 anos, dará seu voto a José Antonio Kast. "Creio que ele vai fortalecer a segurança pública, dar mais ferramentas à polícia, e ativar a economia por meio da paz e da tranquilidade", afirma. Crítico dos estallidos sociales, como ficaram conhecidos os protestos massivos de 2019, Claudio defende os Carabineros - uma polícia específica do Chile - o que o leva a temer um futuro governo de Boric. "Tenho medo que ele vença, porque neste cenário a polícia não vai ter o mesmo apoio, e eu quero que as pessoas possam viver tranquilas, andar tranquilas pelas ruas", afirma.

O comerciante Marcelo Castillo, por outro lado, defende que Boric é o único candidato capaz de trazer paz ao país. "A origem da violência e da situação em que estamos é a desigualdade. O modelo econômico chileno tem gerado sobretudo desigualdade", afirma. "Muitas pessoas estão sendo segregadas da educação, do trabalho, da saúde. São essencialmente jovens, e foram eles que saíram às ruas para os estallidos sociais", diz. "Se quero que minha empresa continue funcionando, preciso que esses jovens tenham oportunidades de educação, saúde e trabalho."

Embora mais de 2.500 centros de votação estejam abertos e 15 milhões de chilenos estejam aptos a votar, espera-se uma alta abstenção nestas eleições. A baixa participação é uma tradição no país desde 2012, quando houve uma mudança no sistema eleitoral - de inscrição voluntária e voto obrigatório a inscrição automática e voto voluntário. Se em 1989, por exemplo, 92,4% dos chilenos foram às urnas no primeiro turno da eleição presidencial, em 2013 a taxa de participação ficou em 49,3%. Nem mesmo os protestos de 2019 e o processo da nova Constituinte foram capazes de mudar o cenário.

A falta de alinhamento entre as propostas dos candidatos e os anseios da população são um dos motivos principais para a alta abstenção no Chile, afirma o analista político e fundador do site de informação eleitoral e análise política TresQuintos Kenneth Bunker. "Embora o problema seja estrutural, ele também tem muito a ver com os candidatos que disputam o segundo turno. Sabemos que quando os candidatos são muito agressivos em suas campanhas, quando há muita polarização, os argumentos não interessam muito às pessoas", afirma. "Se não há proposições claras, as pessoas simplesmente não vão votar."

Para ele, não é que as pessoas não se interessem pelo o que acontece na política, mas elas sentem que os partidos e candidatos em jogo não são capazes de satisfazer suas demandas. "No Chile, os partidos políticos não parecem ter as raízes na sociedade que uma vez tiveram. O eleitorado chileno é composto por pessoas moderadas, independentes, de centro, e não há nenhum partido político que encontre essa forma. Os dois candidatos que temos hoje vieram de extremos e propõem ideias que podem ser extremas para as pessoas, e nenhum partido político hoje se atreve a fazer uma campanha política de centro."

Além disso, Boric e Kast não atraem nem ao menos todos os eleitores que irão votar. De acordo com a pesquisa mais recente da AtlasIntel, realizada entre os dias 1 e 4 de dezembro, 20% dos eleitores estão indecisos ou devem votar em branco ou nulo no segundo turno das eleições.

A votação será encerrada às 18h (horário local, também 18h no Brasil). Os resultados preliminares são esperados algumas horas depois. Quem vencer deverá encontrar muitos desafios pela frente. O próximo presidente, que assumirá em março de 2022, precisará lidar com a recuperação econômica pós-pandemia, a inflação e a implementação das regras da nova Constituição chilena, que começou a ser elaborada este ano e pode entrar em vigor em 2022.

O pai alemão do candidato presidencial chileno José Antonio Kast foi membro do partido nazista de Adolf Hitler, revelou uma carteira de identidade descoberta pela agência Associated Press. O documento desmente as declarações do candidato de que seu pai teria prestado apenas o serviço militar compulsório durante a 2ª Guerra.

Autoridades alemãs confirmaram esta semana que uma carteira de identidade armazenada no Arquivo Federal do país mostra que um jovem de 18 anos chamado Michael Kast ingressou no Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, ou NSDAP, em 1º de setembro de 1942, no auge da guerra de Hitler na União Soviética.

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Embora o Arquivo Federal não tenha conseguido confirmar se Michael Kast era o pai do candidato à presidência, a data e o local de nascimento listados no cartão correspondem aos seus. Uma cópia do cartão de identidade, identificado com o número de membro 9271831, foi postado nas redes sociais em 1º de dezembro pelo jornalista chileno Mauricio Weibel.

O surgimento da carteira de identidade é uma nova reviravolta nas eleições presidenciais do Chile, que serão decididas no próximo domingo, 19, em um segundo turno marcado como uma batalha de extremos entre a esquerda e a direita.

Kast, de 55 anos, do recém-formado Partido Republicano, venceu o primeiro turno no mês passado, superando o segundo colocado, o esquerdista Gabriel Boric, por dois pontos de vantagem.

Pinochet

A família Kast tem laços profundos com a ditadura militar do general Augusto Pinochet, que assumiu o poder no Chile após um golpe em 1973. Seu irmão, Miguel Kast, foi presidente do banco central do ditador.

"Se ele estivesse vivo, teria votado em mim", disse Kast sobre Pinochet durante a campanha de 2017, na qual obteve apenas 8% dos votos. "Teríamos tomado chá juntos no palácio presidencial."

Na campanha deste ano, Kast enfatizou os valores familiares conservadores, atacou migrantes do Haiti e da Venezuela e criticou Boric, dizendo que ele era um fantoche dos comunistas chilenos.

Kast fez incursões junto aos eleitores da classe média preocupados que Boric -- um millennial ex-líder estudantil -- pudesse interromper três décadas de estabilidade econômica e política que fizeram do Chile a inveja de muitos na América Latina. Para ressaltar essas preocupações, Kast viajou na semana passada para Washington e se reuniu com investidores americanos, bem como com o senador Marco Rubio, o principal republicano no subcomitê que supervisiona as relações dos EUA com a América Latina.

Alguns de seus partidários mais radicais também lançaram uma campanha de terror online envolvendo um tweet falso do presidente venezuelano de esquerda Nicolás Maduro e falsas alegações de que migrantes estão ocupando cabines de votação, entre outras peças de desinformação.

As últimas pesquisas de opinião dão uma ligeira vantagem no segundo turno para Boric, que se voltou para o centro para obter o apoio dos eleitores temerosos de um retorno ao passado tumultuado do país.

Não está claro se Kast sabia do cartão de membro do NSDAP de seu pai. Carolina Araya, porta-voz da campanha de Kast, não quis comentar o caso, mesmo sendo questionada repetidamente pela Associated Press. Mas, no passado, Kast rejeitou com raiva as alegações de que seu pai era um apoiador do movimento nazista, descrevendo-o como um recruta forçado no exército alemão.

"Por que você usa o adjetivo nazista?", perguntou em uma aparição na TV em 2018, na qual disse estar orgulhoso de seu pai e acusou um proeminente jornalista chileno de tentar espalhar mentiras.

"Quando há uma guerra e a inscrição (militar) é obrigatória, um jovem de 17 ou 18 anos não tem a opção de dizer, 'eu não vou', porque eles serão submetidos à corte marcial e mortos a tiros no dia seguinte", disse ele mais tarde naquele ano em comentários postados em suas mídias sociais.

Não há evidências de que Kast teve um papel nas atrocidades do tempo de guerra, como a tentativa de exterminar os judeus da Europa. Mas, embora o serviço militar fosse obrigatório, a adesão ao partido nazista era voluntária.

Alguns alemães aderiram entusiasticamente ao partido, enquanto outros o fizeram acreditando que ele traria vantagens em uma sociedade onde se esperava que grande parte da vida pública se alinhasse à ideologia nazista. "Não temos um único exemplo de alguém que foi forçado a entrar no partido", disse Armin Nolzen, historiador alemão que pesquisou extensivamente a questão da filiação ao NSDAP.

Kast se juntou ao partido em 1942 cinco meses depois de completar 18 anos -- a idade mínima exigida para ser membro. Ele provavelmente foi membro da Juventude Hitlerista por pelo menos quatro anos antes de se juntar ao partido e teria sido recomendado pelo líder do distrito, disse Nolzen. Ao todo, o partido tinha 7,1 milhões de membros naquele ano -- cerca de um décimo da população.

Michael Buddrus, do Instituto Leibniz de História Contemporânea de Berlim, alertou contra superestimar a importância da filiação ao NSDAP para pessoas tão jovens, mas concordou que Kast deve ter ingressado por vontade própria.

Visto que Kast entrou para o exército logo depois, Buddrus disse que era possível que o adolescente nunca tivesse participado ativamente de uma reunião de festa ou pago taxas.

"Se você é um membro do partido, você é um membro do partido", disse Richard F. Wetzell, pesquisador do Instituto Histórico Alemão em Washington. "Ser um membro do partido o vincula ao partido e sua ideologia, embora muitos possam ter aderido por razões puramente oportunistas."

Guerra

Um livro de 2015 sobre os colaboradores civis de Pinochet, escrito pelo jornalista chileno Javier Rebolledo, afirmou que o Kast mais velho a princípio relutou em aderir ao Partido Nazista. Mas ele foi persuadido por um sargento a fazê-lo quando estava sendo enviado para a península da Criméia, diz Rebolledo, citando um livro de memórias da esposa de Kast.

A guerra na época foi dominada pela Batalha de Stalingrado, um ponto de inflexão para o ataque da Alemanha nazista à União Soviética, que resultou em cerca de 2 milhões de mortos e na rendição local das forças do Eixo alguns meses depois.

Quando a guerra estava terminando, Kast, então servindo na Itália, obteve uma identidade falsa indicando que ele era membro do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, de acordo com Rebolledo.

Depois de duas vezes escapar da prisão nas mãos das forças aliadas, ele retornou à Alemanha e foi descoberto durante o período de desnazificação do pós-guerra. Mas quando ele confessou seu engano, um simpático promotor ficou com pena e, em reconhecimento à sua honestidade, queimou seu registro no exército, de acordo com o livro de Rebolledo.

O jovem Kast acusou o jornalista chileno de tirar as memórias de sua mãe de contexto e distorcer os fatos para atribuir motivações sinistras às atividades de seu pai durante a guerra.

Qualquer que seja seu histórico, Kast migrou para o Chile em 1950, seguido um ano depois por sua esposa e dois filhos mais velhos, e se estabeleceu em Paine, uma comunidade rural ao sul da capital Santiago. Por fim, o casal construiu uma pequena empresa vendendo frios em um quiosque à beira da estrada em uma rede nacional de restaurantes e fabricantes de alimentos embalados.

Uma lei de 1995 aprovada pelo congresso do Chile concedendo ao Kast mais velho a cidadania destaca suas profundas raízes católicas e "grande espírito de justiça social" que se traduziu em sua função de ajudar a construir cinco capelas, hospitais e um centro juvenil, além de fornecer a funcionários para sua empresa, Cecinas Baviera, com possibilidade de compra de casa própria.

Mas havia um lado mais sombrio no sucesso do clã. Segundo Rebolledo, agitadores de esquerda e camponeses ameaçaram expropriar os negócios da família durante o governo socialista de Salvador Allende. No dia seguinte ao golpe de Pinochet contra Allende, a polícia em Paine agiu, fazendo desaparecer em plena luz do dia um jovem militante, Pedro Vargas, que vinha organizando trabalhadores na Baviera, enquanto esperava na fila para comprar pão.

Com o desaparecimento de Vargas, um membro de sua família angustiado pediu ajuda a Michael Kast.

"Achei que ele fosse ajudar", disse a pessoa à AP sob a condição de anonimato, por medo de retaliação, quase cinco décadas depois. "Mas ele me disse para ir para casa, que havia uma guerra acontecendo e era uma questão de vida ou morte. Eu não pude acreditar."

Hoje, a poucos quilômetros de onde mora o aspirante a presidente, símbolos das paixões que encheram a vida encurtada de Vargas -- um livro, uma balança de justiça, uma foto de seu cachorro -- decoram um dos 70 mosaicos em homenagem a cada uma das vítimas roubadas da bucólica cidade que tem a distinção de ter sofrido o maior número de desaparecimentos per capita em todo o Chile.

O Chile registrou neste sábado (4) seu primeiro caso da variante Ômicron da Covid-19. Um estrangeiro que mora no país voltou da Gana em 25 de novembro e seu teste PCR no aeroporto de Santiago teve resultado positivo, afirmaram autoridades. O estrangeiro, que havia tomado duas doses da vacina da Pfizer, está em bom estado de saúde e em quarentena, enquanto outros passageiros do voo em que ele estava vinham sendo monitorados, disseram, em comunicado, oficiais de saúde em Valparaíso.

Holanda

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Na Holanda, a princesa Beatrix, de 83 anos, também foi diagnosticada com covid-19. Ela foi rainha por 33 anos até abdicar em 2013, quando seu filho mais velho, Willem-Alexander, se tornou rei. Fonte: Associated Press.

A seleção brasileira feminina derrotou o Chile, nesta quarta-feira, na Arena Amazônia, por 2 a 0, e conquistou o Torneio Internacional de Manaus. A equipe nacional somou três vitórias na competição, pois havia vencido também a Índia (6 a 1), no jogo que marcou a despedida da volante Formiga, e a Venezuela (4 a 1). Já o Chile somou triunfos sobre Venezuela (1 a 0) e Índia (3 a 0).

O primeiro tempo começou equilibrado com a equipe chilena apresentando uma boa formação tática. O destaque foi a atacante Urrutia. Mesmo assim, foi a seleção brasileira que criou as maiores oportunidades. Uma com Ary Borges e outra com Kerolin.

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O Brasil passou a ter o controle da partida após os 25 minutos. Com melhor preparo físico, a equipe da técnica Pia Sundhage passou a pressionar na marcação e ficar mais tempo no campo de ataque.

Antonia, pelo lado direito, criou boas oportunidades, que não foram aproveitadas, principalmente, por Debinha, que perdeu pelo menos duas boas oportunidades para abrir o placar no final do primeiro tempo.

As duas equipes voltaram do vestiário mais agressivas para a etapa final. Cada time teve uma oportunidade, mas foi o Brasil que abriu o placar, aos cinco minutos, com Kerolin, que completou um contra-ataque muito veloz.

A partida permaneceu bem disputada até os 20 minutos, quando foi possível notar uma queda física, apesar das alterações feitas. O Brasil continuou mais ativo e com uma marcação bem feita, que culminou com um erro na saída de bola chilena. Giovana aproveitou para fazer o segundo e concretizar a vitória.

Candidatos radicais da esquerda e da direita farão o segundo turno no Chile, em uma disputa considerada a mais imprevisível desde a redemocratização do país, em 1990. Com 65,52% das urnas apuradas até a conclusão deste texto, o ultradireitista Jose Antonio Kast, de 55 anos, do Partido Republicano, liderava com 28,42% dos votos ante a 24,90% do deputado de esquerda Gabriel Boric, de 35 anos, do Convergência Social.

O segundo turno acontece em 19 de dezembro, e o resultado é imprevisível. Pela primeira vez desde a redemocratização do Chile os partidos que governaram o país até hoje não estarão na disputa.

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"É um dado forte: depois de 30 anos as duas coalizões que governaram o Chile não vão para o segundo turno e correm o risco de ficar em 4.º e 5.º lugar", afirmou Daniel Zovatto, diretor para América Latina e Caribe do Instituto para Democracia e Assistência Eleitoral Internacional (Idea). "Teremos um segundo turno muito polarizado, onde Kast inicia com uma certa vantagem, e o nível de participação eleitoral será uma de várias chaves."

Boric passou a campanha pregando uma mudança no modelo econômico liberal e defendendo bandeiras da esquerda radical, como um novo sistema de aposentadorias que assegure um valor mínimo de 250 mil pesos para todos os maiores de 65 anos, salário mínimo de 500 mil pesos até 2025, 500 mil novos empregos para mulheres e jornada de trabalho de 40 horas semanais.

Nas questões de gênero, o deputado defende criminalização da violência contra mulheres, legalização do aborto e plano de direitos sociais LGBT.

Já Kast - um admirador da ditadura de Augusto Pinochet, que durou de 1973 até 1990 - apostou suas fichas em um discurso de retomada da "ordem, segurança e liberdade", após a violenta revolta popular enfrentada pelo atual presidente, Sebastián Piñera, em outubro de 2019.

Kast propõe uma "batalha cultural, ideológica e programática para retomar o caminho da verdadeira dignidade humana e o desenvolvimento", inspirada pelo que chama de "trinômio República-liberdade-família". Defende o fim da agenda de gênero (em 2017, num tuíte, criticou um suposto "lobby gay") e subsídios familiares apenas para casais casados.

Chile tem fim do ciclo pós-ditadura Pinochet

Analistas afirmaram que as eleições de domingo devem encerrar um velho ciclo político do país, pois os dois favoritos se distanciaram das coalizões com partidos tradicionais, que governaram o Chile nas últimas décadas após o fim da ditadura.

"É um ciclo de consolidação de um modelo de acumulação capitalista que se encerraria agora", disse o analista político da Universidade de Santiago, Marcelo Mella. "Pode-se sustentar que são as últimas eleições do velho ciclo, já que elas podem terminar com um resultado diferente", disse Raúl Elgueta, cientista político da mesma universidade.

Embora Boric e Kast sejam personalidades políticas com trajetória longa e ocupem assentos na Câmara dos Deputados (Boric, desde 2014, e Kast, desde 2002), são muito menos célebres que os protagonistas de disputas anteriores.

"Nenhum dos dois é um candidato comparável a Lagos, Bachelet ou Piñera", escreveu o comentarista Carlos Correa no jornal La Tercera, de Santiago, referindo-se aos ex-presidentes Ricardo Lagos e Michele Bachelet, do Partido Socialista, e ao atual ocupante do cargo.

Os novos rostos da política chilena são um dos muitos resultados da onda de protestos de 2019 e 2020, apelidada de Santiagaço, que desembocou na eleição de uma Assembleia Constituinte para o país.

Políticos de partidos tradicionais serão fiéis da balança

Os dois candidatos que representam os tradicionais partidos chilenos ficaram de fora da disputa do segundo turno. O advogado da direita liberal Sebastián Sichel, que concorre como independente, mas com apoio do governo, e a ex-ministra de Michelle Bachelet, Yasna Provoste, de centro-esquerda, poderão ser fiéis da balança no segundo turno.

Piñera, que deixa o cargo desgastado, nem se deu o trabalho de defender sua gestão após votar e preferiu elogiar a democracia chilena. "Para aqueles que são eleitos, nunca se esqueçam que devem estar a serviço das pessoas. Pedimos para que todos contribuam para melhorar a qualidade da nossa política", disse após sair do Estádio Municipal da comuna de Las Condes. "Todos os votos contam, todas as opiniões importam", afirmou.

José Antonio Kast é o candidato ultraconservador à presidência do Chile. Com um discurso pouco convencional, ele flerta com a ditadura de Augusto Pinochet e com o nacionalismo populista. Até bem pouco tempo, sua candidatura estaria restrita a um nicho de saudosistas do general. Mas hoje, com o presidente Sebastián Piñera em queda livre, Kast tornou-se um bastião do conservadorismo chileno e herdou o apoio da direita moderada. Ele chega à eleição como favorito: segundo pesquisas feitas nesta semana, ele teria 44% dos votos no segundo turno, e derrotaria o seu provável oponente, o socialista Gabriel Boric, que teria 40% dos votos.

"As autoridades não são capazes de manter a ordem pública e a esquerda relativiza a violência. Se não mudarmos, vamos direto para o precipício e para o subdesenvolvimento", diz uma propaganda de Kast. No seu programa de governo, duas propostas chamam a atenção: eliminar o atual Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) e retirar o Chile da ONU.

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Segundo Kast, o INDH protege apenas manifestantes - e não a polícia. No caso da ONU, segundo ele, não faz sentido o Chile participar de uma organização que tem como membros Nicarágua, Venezuela e Coreia do Norte. Foi com esse tipo de diatribe que ele decolou, deixando para trás Sebastián Sichel, aliado de Piñera, e Gabriel Boric, o nome da esquerda.

APOIO. Segundo a cientista política Danae Mlynarz, a razão do crescimento de Kast é seu discurso bélico. "É mais que seu discurso de ódio, presente em suas falas homofóbicas, sexistas e xenófobas", afirma. Sobre imigração, por exemplo, ele promete construir uma vala na fronteira com Peru e Bolívia para impedir a entrada de estrangeiros.

Para Cristóbal Rovira, cientista político da Universidade Diego Portales, Kast mobiliza vários setores do seu eleitorado porque trabalha com "diferentes agendas", algo característico da direita populista radical. Um desses setores é a "família militar", da qual fazem parte pessoas vinculadas ao regime militar de Pinochet ou têm saudades da ditadura. "Ele coloca em dúvida se o julgamento feito contra os militares foi realmente justo", afirma.

Com tal linha de pensamento, era inevitável que Kast gravitasse na direção de Donald Trump e Jair Bolsonaro. Em 2018, ele esteve no Rio de Janeiro e se encontrou com o presidente brasileiro. De presente, deu a Bolsonaro uma camisa da seleção chilena de futebol e uma cópia do livro El Ladrillo, que aborda as mudanças econômicas realizadas pelos economistas liberais de Chicago durante os anos de ditadura militar do Chile.

"Que a gente siga fortalecendo a relação entre os dois países e juntos possamos construir uma aliança que derrote definitivamente a esquerda na América Latina", disse Kast, na ocasião, pelo Twitter. Hoje candidato à presidência, ele é chamado pela imprensa e por analistas de "Bolsonaro chileno".

MODERAÇÃO. Apesar da admiração por Bolsonaro e de não ter muito freio na língua, Kast vem tentando se controlar nas últimas semanas e descolar a sua imagem de radical adepto do bolsonarismo. O objetivo é estratégico: angariar mais votos.

Em um debate no fim de setembro, Sichel, um conservador moderado, questionou Kast a respeito de sua paixonite por Bolsonaro. Falando como um bom político, de olho no segundo turno, ele respondeu que não apoia completamente o brasileiro. "Ele fez coisas importantes, como a redução da criminalidade e da corrupção no Brasil. E isso eu apoio", afirmou.

Filho de um ex-oficial do Exército nazista que imigrou para o Chile, Kast, um advogado, foi deputado federal por quatro mandatos seguidos. Em sua segunda tentativa de chegar à presidência, terá pelo caminho o maior rival ideológico: Gabriel Boric, ex-líder estudantil, que deve atrair o voto da esquerda. O segundo turno ocorre em 19 de dezembro.

Perfis

José Antonio Kast

Ultraconservador

"Se Augusto Pinochet estivesse vivo, certamente votaria em mim"

Líder da extrema direita, contrário ao aborto e favorável ao indulto para os agentes da ditadura de Augusto Pinochet, ele se aproveitou da imagem ruim de Piñera e atraiu os votos dos conservadores moderados, o que lhe rendeu um lugar como um dos favoritos para chegar ao segundo turno.

Gabriel Boric

Socialista

"Um país socialmente fragmentado não pode crescer"

Foi presidente da Federação dos Estudantes, quando surgiu para a política defendendo o ensino gratuito. Deputado de 35 anos, idade mínima para se candidatar à presidência, ele se define como socialista e tornou-se o favorito da esquerda para disputar o segundo turno contra Kast, o candidato ultraconservador.

Yasna Provoste

Centro-esquerda

"Estou localizada no quadrante da experiência, mas longe da elite"

Foi ministra da Educação de Michelle Bachelet e é o nome escolhido pela centro-esquerda. Senadora democrata-cristã, seria uma das favoritas não fosse a polarização política que derrubou as forças políticas tradicionais. No entanto, em um eventual segundo turno, a senadora pode acabar sendo o fiel da balança.

Sebastián Sichel

Direita moderada

"Ser presidente é mais do que ser um líder estudantil, requer muita experiência"

Foi ministro de Sebastián Piñera e presidente do Banco del Estado de Chile - o único estatal do país. Entrou na disputa para ser a voz do conservadorismo chileno e herdar os votos do presidente. No entanto, a baixíssima popularidade de Piñera faz com que ele esteja ameaçado de nem sequer chegar ao segundo turno.

Marco Enríquez-Ominami

Esquerda progressista

"No Chile de hoje, ser de esquerda é antes de tudo ser um inconformado"

Cineasta e filósofo de 48 anos. Ex-socialista, concorre à presidência pelo Partido Progressista. Foi deputado entre 2006 e 2010. Já disputou quatro eleições. Seu melhor desempenho foi em 2009, quando obteve mais de 20% dos votos, a maior votação até hoje de um candidato independente.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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