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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou a aposta nos conselhos de participação popular para governar. Em dois meses de mandato, ele criou ou recriou quatro desses fóruns de debate de políticas públicas. Marca das gestões petistas anteriores, a instalação dos conselhos foi alvo de críticas pela pouca efetividade de atuação e pelo risco de cooptação de movimentos sociais.

Nos seus dois primeiros governos, entre 2003 e 2010, Lula montou 15 conselhos. Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que ele criou mais grupos que os antecessores Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso juntos. Os três ex-presidentes criaram 11.

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A recriação desses grupos por Lula se contrapõe à política adotada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que, ao assumir, extinguiu diversos conselhos federais. A medida foi revertida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entidades nacionais e internacionais avaliaram que a decisão tinha o interesse de "desmontar" mecanismos de participação popular. A extinção dos fóruns foi feita em paralelo à redução de investimentos e ações na área social.

Lula assinou, no primeiro dia de seu terceiro mandato, um decreto que autorizou a recriação dos conselhos Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e de Juventude e de Fomento e Colaboração. Numa outra cerimônia no Planalto com a presença de representantes de movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o presidente criou o Conselho de Participação Social, uma idealização atribuída à primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. O grupo deve funcionar como um fórum de negociação entre militância e governo.

Todos esses colegiados estão subordinados à estrutura da Secretaria-Geral da Presidência da República, chefiada pelo ministro Márcio Macêdo. Cada grupo tem um estatuto próprio, que estabelece seus integrantes, a periodicidade dos encontros e as políticas públicas que devem ser discutidas. O governo, porém, ainda não concluiu a organização das funções de todos os conselhos.

Representação

O Conselho de Participação Social, por exemplo, teve suas atribuições definidas em decreto e deve ter 68 representantes de movimentos e entidades da sociedade civil. As reuniões devem ocorrer a cada três meses.

Um dos principais objetivos dos integrantes desse grupo é fazer com que o governo crie um orçamento participativo no Plano Plurianual (PPA). Segundo o decreto assinado por Lula, o objetivo do grupo é "assessorar o presidente da República no diálogo e interlocução com as organizações da sociedade civil e com a representação de movimentos sindicais e populares", sendo, portanto, uma instância consultiva.

Durante a cerimônia de criação do grupo, Lula pediu aos movimentos populares que tivessem paciência com o governo, pois, segundo ele, a montagem dos ministérios ainda era recente por causa das crises que desestabilizaram o País nos últimos anos. Afirmou ainda que as entidades seriam tratadas com "igualdade" e teriam suas demandas ouvidas pela Presidência e ministros.

Até o momento, porém, ainda não há definição de todos os integrantes do Conselho de Participação Popular.

Impacto

Ao longo das primeiras gestões de Lula, esses fóruns não tiveram impacto de influenciar decisões de ministros e do próprio presidente, segundo o cientista político Leandro Consentino. "Um dos pressupostos da democracia é a participação popular engajada naquelas determinadas demandas. A questão é a efetividade", observou.

Professor do Insper, Consentino fez ressalvas aos grupos. "As políticas ditas participativas no Brasil são apenas consultivas. Então, a gente acaba tendo muito debate, bastante discussão, mas pouca efetividade para além do que os participantes queriam de antemão e gostariam de implementar."

Para Consentino, os conselhos precisam ser aperfeiçoados para entregar resultados concretos. "O histórico petista das gestões anteriores nos mostra algo ambíguo, no sentido de ter a importância de trazer os movimentos sociais para perto, mas que, de alguma forma, sinalizou com a busca desses conselhos como uma forma de legitimidade para justificar as políticas públicas", avaliou. "Por vezes, os movimentos e as pessoas ali presentes são escolhidos a dedo para legitimar as ações do governo e dar um viés de legitimidade do ponto de vista popular, o que nem sempre é verdade."

O cientista político Rodrigo Prando, professor do Mackenzie, afirmou que o problema desses fóruns de discussão surge quando movimentos sociais deixam de ter a capacidade de criticar o governo e são cooptados.

"Quando o governo torna movimentos e organizações sociais linhas auxiliares do partido político, aí se perde a capacidade de crítica que é necessária para colaborar com o governo e criticá-lo quando for necessária a crítica", disse o professor.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, defendeu nesta segunda-feira (8), na abertura do 5º Forum Interconselhos, a proposta do governo federal de criar conselhos de participação popular, mas afirmou que é possível ter essa participação sem o decreto. De acordo com a ministra, o governo já faz conferências temáticas, possui conselhos nacionais e o próprio Fórum sem precisar da legislação, mas que é preciso consolidar em lei a participação social. "É preciso para que não haja retrocesso e para que a gente rejeite de forma bastante firme insinuações, inclusive preconceituosas, de bolivarianismo nas ações do governo federal", afirmou.

O decreto sobre a Política Nacional sobre Participação Social foi editado no final de maio e previa que órgãos da administração federal direta e indireta deveriam ouvir instâncias de participação social antes de definir políticas públicas. A medida foi bombardeada pela oposição e mesmo por integrantes da base do governo, que acusavam o governo de tentar interferir com as prerrogativas do Congresso. O decreto foi posto em votação no final de outubro, dois dias depois do segundo turno das eleições, e foi derrotado.

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Miriam reconheceu que o momento, em ano eleitoral, não foi o melhor para editar o decreto, mas pediu união dos conselhos em torno da proposta. "A gente precisa se unir, já fizemos isso durante o processo de crítica (ao decreto). É claro que o momento não era o mais favorável, muito ainda influenciado pela disputa eleitoral, mas eu acredito que isso precisa voltar à pauta, com força, porque isso é democrático", disse a ministra. "Quem tem medo da participação da sociedade não é democrático."

Um dos poucos partidos a apoiar a manutenção do decreto presidencial que instituiu a Polícia Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação (SNPS), o Psol anunciou nesta quarta-feira, 28, que vai protocolar um projeto com conteúdo similar à iniciativa do governo.

Nesta terça-feira, 28, a presidente reeleita Dilma Rousseff teve a primeira derrota na Câmara após a vitória no segundo turno, ao ver o decreto derrubado pelos parlamentares. De iniciativa dos deputados Chico Alencar (Psol-RJ) e Jean Wyllys (Psol-RJ) e do líder da legenda na Casa, Ivan Valente (SP), o projeto prevê poucas mudanças no texto da administração federal.

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A bancada pedirá regime de urgência na tramitação. De acordo com Chico Alencar, Wyllys e Valente, a nova proposta retira a indicação política dos conselhos, uma vez que a nomeação dos coordenadores deixa de ser prerrogativa do Poder Executivo e passa a ser dos membros dos conselhos.

"O sistema se autogere, não tem participação do governo", explicou o deputado do Psol de São Paulo. A proposição estabelece ainda a paridade obrigatória na composição dos conselhos entre integrantes da sociedade civil e do Executivo, sugere a convocação de conferências a cada dois anos e determina que o comitê gestor passe a ser organizado pelo sistema. "O álibi da interferência do governo não existe mais", emendou.

Wyllys rebateu as críticas de que o decreto "usurparia" as prerrogativas do Congresso. "Um dos argumentos levantados era de que isso era prerrogativa do Legislativo. Já que esse é o problema, tomamos a iniciativa nós", justificou. Nesta terça-feira, o PT contou apenas com o apoio do PC do B, parte do Pros e do Psol em defesa do decreto presidencial.

Nesta quarta-feira, o líder do PT na Câmara, Vicentinho (PT), lamentou a suspensão do decreto que criou novas instâncias de participação popular. "Deixa-se de avançar na participação direta da sociedade", concluiu. Editado no fim de maio, o decreto de Dilma - apesar de não criar novos conselhos populares - estabelece que órgãos e entidades da administração pública federal, direta e indireta, deverão ouvir instâncias de participação social para a formulação de políticas públicas. O mesmo valeria para agências reguladoras.

Desde que foi publicada, a medida foi bombardeada pela oposição e por integrantes da base (principalmente o PMDB), que a acusaram de ferir prerrogativas do Parlamento e de ser "bolivarianista".

Após a derrubada do decreto da presidente Dilma Rousseff, que cria os conselhos populares, pela Câmara dos Deputados, o senador pernambucano Humberto Costa (PT) prometeu defender a proposta da presidência no Senado. O petista acredita que o decreto “não tem nada de bolivariano ou antidemocrático”. 

“Não iremos discutir de maneira acanhada. O nosso entendimento é de que a proposta cria mecanismos consultivos ao Poder Executivo, cria canais de diálogo com a sociedade e isso nada interfere no Legislativo. Iremos mostrar isso aqui no plenário”, ressaltou Humberto.

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O senador criticou o veto na câmara e afirmou que e população perde com a decisão. "Quem perde, de fato, é a população, que deixa de ter um marco jurídico por meio do qual pode articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração federal e a sociedade civil".

Humberto lembrou que programas e políticas importantes para a área da saúde como, por exemplo, o Mais Médicos, o Samu e a Farmácia Popular, foram discutidos e aprovados no âmbito do Conselho Nacional de Saúde. “Pergunto, diante disso: a democracia brasileira foi arranhada em algum momento por conta disso?”, comentou. 

O parlamentar falou na tribuna do Senado nesta quarta-feira (29). Ele também cobrou agilidade para aprovação de uma reforma política por meio de um plebiscito e lembrou os protestos do ano passado. “Não há dificuldade em entender o que disseram os cidadãos nas suas manifestações, principalmente em junho do ano passado. A voz das ruas só é rouca para quem faz ouvidos moucos”, afirmou.

 

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PDMB-AL), afirmou nesta quarta-feira, 29, que o decreto presidencial regulamentando a criação de conselhos populares não deve ser aprovado na Casa, repetindo-se a derrota sofrida ontem pelo governo na Câmara. "Já havia um quadro de insatisfação com relação a essa matéria (antes das eleições). Ela ser derrubada na Câmara não surpreendeu, da mesma forma que não surpreenderá se ela for e será derrubada no Senado Federal", disse.

Renan rebateu ainda afirmação dada mais cedo pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, de que a derrota na Câmara foi uma revanche por causa do resultado da eleição. "É uma vitória de Pirro, quando o Congresso, de maneira persistente, insistente, acabou criando um decreto legislativo que derrota o decreto da presidente. Nada mais anacrônico, contra os ventos da história, nada mais do que uma tentativa triste de se colocar contra uma vontade irreversível do povo brasileiro, que é de participação", comentou Carvalho.

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O presidente do Senado avaliou a declaração como desconhecimento do ministro sobre a polêmica gerada pelos conselhos no Congresso desde que Dilma sugeriu o tema. "Mais uma vez o ministro Gilberto Carvalho não está sabendo nem do que está falando", disse.

Renan disse que os conselhos nunca foram consenso entre deputados e senadores. "Essa dificuldade já estava posta desde antes das eleições. Ela apenas se repete. Essa coisa da criação de conselho é uma conflituosa, não prospera de forma conceitual. Deverá cair", afirmou.

O senador disse, contudo, que a substituição do decreto presidencial por um legislativo, aprovado na Câmara cancelando o documento elaborado pela presidente Dilma, não significa uma derrota do governo. "Não enxergo como derrota, absolutamente", considerou.

O projeto aprovado pela Câmara precisa passar por uma comissão do Senado para ir à votação no plenário da Casa. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), contudo, pretende apresentar um pedido de urgência para que ele vá direto para o plenário. Já o PT prepara uma manobra para voltar com o texto original do Palácio do Planalto.

Líder do PT no Senado, o senador Humberto Costa saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff (PT), nesta quarta-feira (29), e afirmou que vai tentar reverter a decisão da Câmara Federal em derrubar o Decreto 8.243/2014, que cria a Política Nacional de Participação Social. Nessa terça-feira (28), os deputados aprovaram um projeto de decreto legislativo cancelando o decreto presidencial, sob a alegação de que a iniciativa reduziria o papel do Legislativo.

Para Humberto, a justificativa dos parlamentares é baseada em um falso pressuposto. "Vamos tentar mudar esta decisão porque ela está baseada no pressuposto falso. De que esse decreto estaria retirando qualquer tipo de poder do Congresso Nacional, o que não é verdade. O Congresso continua autônomo e soberano, o governo apenas esta organizando o funcionamento de estruturas que já existem", frisou. 

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Editado em maio por Dilma, o decreto presidencial previa que todas as instâncias da Administração Pública Federal consultem os conselhos populares antes de elaborarem ou executarem uma política pública.

 

 

Após o PMDB da Câmara liderar uma rebelião da base aliada e, junto com a oposição, aprovar projeto que suspende os efeitos de decreto da presidente Dilma Rousseff sobre os conselhos populares, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse nesta quarta-feira (29), que o governo não se abaterá com a derrota, definida por ele como uma "vitória de Pirro", de uma "vontade conservadora de impor uma derrota política" para a presidente.

"É uma vitória de Pirro, quando o Congresso, de maneira persistente, insistente, acabou criando um decreto legislativo que derrota o decreto da presidente. Nada mais anacrônico, contra os ventos da história, nada mais do que uma tentativa triste de se colocar contra uma vontade irreversível do povo brasileiro, que é de participação", comentou o ministro, ao discursar na abertura da 42ª Reunião do Conselho das Cidades, em Brasília.

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"Aqueles que votaram a favor desse decreto legislativo que derruba o decreto de participação social foram exatamente contra uma lógica: o povo brasileiro não aceita uma postura de mero espectador."

Ao todo, o governo federal conta com 35 conselhos, que enfrentam uma série de dificuldades de funcionamento, como falta de transparência, reuniões pouco produtivas e critérios questionáveis na escolha de representantes.

Dos atuais conselhos existentes, 14 foram criados durante os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sete na era Fernando Henrique - e nenhum no governo Dilma. Os conselhos da Saúde e da Educação remontam à década de 1930.

"Esse decreto mexia tão pouco nas estruturas. (A decisão da Câmara) É uma vitória que não significa nada a não ser a vontade conservadora de impor uma derrota política à presidente, mas uma derrota que não nos abate", disse Carvalho.

"O decreto legislativo vai ao Senado, seria muito importante uma forte presença dos senhores e senhoras, para deixar claro do que se trata, não se pode aceitar a tentativa de coibir a participação social", discursou o ministro, dirigindo-se aos conselheiros do Conselho das Cidades.

Monitoramento

Os conselhos foram idealizados para auxiliar a administração pública federal na formulação e monitoramento de políticas públicas e desempenham, na maioria dos casos, papel consultivo. O decreto de Dilma pretende "fortalecer e articular" esses mecanismos de "atuação conjunta" entre governo federal e a sociedade civil, definindo diretrizes gerais de atuação.

Para críticos, a medida institui um poder paralelo dentro do Estado, usurpando prerrogativas do Congresso. Para defensores, democratiza as decisões públicas.

O texto não altera a composição dos conselhos já existentes nem cria automaticamente mais instâncias. "Nunca falamos em imitar o chavismo porque não nos cabe, não me cabe julgar essa adjetivização, falamos simplesmente em organizar e aprofundar a participação social. Participação social tem de ser um método de governo no nosso País, e disso não abriremos mão", ressaltou Carvalho.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, reiterou na tarde desta quarta-feira que o decreto que institui a política nacional de participação social não merece ser revogado e alertou que uma eventual anulação do texto significa ir na "contramão" das demandas da sociedade brasileira. Em uma nova ofensiva para evitar a derrubada do decreto no Congresso Nacional, o ministro participa hoje de audiência pública na Câmara dos Deputados para tratar do tema.

"Nós estamos estabelecendo esse diálogo tendo consciência, sim, da fragilidade dessa ainda incipiente democracia e da fragilidade do próprio processo de participação social. Nós (governo federal) temos dito que esse decreto apenas arruma a casa, não merece ser revogado, até porque questões mais importantes, aí sim, estruturantes da participação social, só poderão ser resolvidas num debate com o Congresso Nacional e a sociedade através de uma verdadeira reforma política", disse Carvalho.

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"Nós iniciamos um longo debate com disposição muito grande de diálogo e o cuidado é que esta Casa (a Câmara) e o Senado não pratiquem, ao tentar revogar esse decreto, um ato que vai na contramão de tudo que é demandado pela sociedade brasileira. A legitimação, a legitimidade do Legislativo e do Executivo está hoje em xeque e a melhor contribuição que podemos dar para que essas casas sejam cada vez mais legítimas é exatamente combinando a democracia representativa com a democracia participativa", afirmou o ministro.

O decreto 8.243, editado em maio por Dilma, não cria automaticamente novas estruturas, mas institucionaliza a relação da máquina pública com os movimentos sociais e a sociedade civil. Para críticos, a medida institui um poder paralelo dentro do Estado, usurpando prerrogativas do Congresso. Para defensores, democratiza as decisões públicas. "O decreto não inova, não cria nenhuma instância nova, não cria nenhuma estrutura nova, não cria despesas, não há por que esse decreto ser tratado como projeto de lei, uma vez que a Constituição assegura à presidenta a possibilidade de ela emitir decretos que organizam a administração pública", destacou Gilberto Carvalho.

O governo federal conta atualmente com 35 conselhos, que enfrentam uma série de dificuldades de funcionamento, como falta de transparência, reuniões pouco produtivas e critérios questionáveis na escolha de representantes, conforme informou o jornal O Estado de S.Paulo no mês passado. Dos conselhos existentes, 14 foram criados durante os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sete na gestão Fernando Henrique Cardoso e nenhum no governo Dilma.

O plenário da Câmara dos Deputados acaba de aprovar o requerimento de urgência constitucional para o projeto de decreto legislativo que susta os conselhos populares criados pela presidente Dilma Rousseff. Foram 294 votos favoráveis, 54 contra e três abstenções. Falta ainda votar o mérito da proposta.

Só PT, PCdoB e PSOL votaram contra o decreto legislativo do líder da bancada do DEM, Mendonça Filho (PE). A oposição e até mesmo partidos aliados se mobilizaram contra decreto presidencial que orienta órgãos públicos a adotar consultas populares por meio de conselhos.

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Editado no final de maio, o decreto nº 8.243 de 2014 institui a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). O texto, apesar de não criar novos conselhos de consulta popular, estabelece que órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta deverão ouvir instâncias de participação social para a formulação de políticas públicas. O mesmo vale para agências reguladoras. Criados para auxiliar o governo no acompanhamento de políticas públicas, os conselhos têm na maioria dos casos função consultiva.

Desde que foi publicado em maio, o decreto de Dilma tem sido bombardeado pela oposição, que acusou o Palácio do Planalto de ferir prerrogativas do Legislativo. O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pediu ao governo que o decreto fosse revogado e que o tema fosse enviado ao Congresso via um projeto de lei, mas não houve acordo.

O próprio Alves foi um dos mais empenhados a garantir a derrubada do decreto. No início de julho, ele leu um pronunciamento em Plenário no qual disse que o texto, "inconstitucional", está "em desarmonia com o princípio da separação de poderes".

"É uma invasão à nossa área de responsabilidade", declarou hoje o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE). "Por que a presidente Dilma não envia ao Parlamento, via projeto de lei, um modelo de ouvir a população? Porque ela não deseja e isso mostra um viés autoritário do seu governo".

Isolado no Congresso, o PT tem contra-argumentado que a decisão de Dilma nada mais faz do que ampliar canais de democracia direta. "Dizer que aumentar, qualificar e ampliar a democracia direta significaria retirar poder de Parlamento é uma visão absolutamente equivocada", rebateu o líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS).

O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse esperar um bom quórum amanhã, 15, para dar início à semana do esforço concentrado antes do início do recesso parlamentar de julho. A sessão extraordinária marcada para esta noite começou com baixo quórum: 97 deputados na Casa, quando são necessários 257 parlamentares em plenário para deliberar.

Após semanas de baixa produtividade em razão da Copa do Mundo, Alves avisou que a Câmara retomará os trabalhos com a votação da Medida Provisória (MP) 641, que altera regras de comercialização de energia, e do decreto legislativo que visa barrar os conselhos populares criados pela presidente Dilma Rousseff. O peemedebista disse que o decreto não é mais uma bandeira da oposição e sim um desejo da Casa de colocar para apreciação do plenário. "Não é a oposição, a Casa quer votar. É a Casa que quer se manifestar sobre o decreto e o fará", declarou.

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Uma sessão extraordinária já foi convocada para amanhã às 12h na tentativa de votar os projetos que seguem na pauta. Às 19h está marcada sessão conjunta do Congresso Nacional para apreciação dos vetos presidenciais. "Vamos tentar votar amanhã o dia todo", afirmou.

O presidente chegou a enviar um e-mail convocando os parlamentares a comparecerem à sessão desta noite. Ele lamentou a dificuldade de reunir um quórum mínimo para deliberar no início da semana. "Uma segunda-feira já não é fácil, tem o processo eleitoral que se inicia, principalmente com a Copa terminando, complica mais ainda", avaliou. Enquanto aguardava a chegada dos deputados, Alves aproveitou para posar para fotos na rampa do Congresso Nacional.

LDO

Nos bastidores, líderes partidários acreditam que o quórum seguirá baixo durante toda a semana, o que inviabiliza a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Oficialmente o recesso parlamentar começa na próxima sexta-feira (18), mas se a LDO não for aprovada nesta semana, o Congresso não pode interromper suas atividades nas duas semanas previstas em lei. O relatório da LDO sequer foi votado na Comissão Mista de Orçamento (CMO) por falta de quórum e o presidente da comissão, deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), considera "praticamente impossível" votar o projeto no plenário do Congresso nos próximos dias.

Caso a LDO não seja votada, Alves pretende propor aos líderes das bancadas a realização de sessões às terças e quartas-feiras. O esforço concentrado de agosto e setembro, que inicialmente seria realizado apenas na primeira semana de cada mês, pode acontecer também na terceira semana de agosto e setembro. Como o plenário da Casa entrará em reforma para melhorar a acessibilidade de deficientes físicos, os deputados devem utilizar o auditório Nereu Ramos pelos próximos dois meses a partir da última semana de julho. "Tem muita coisa acumulada, estou me despedindo da Casa e quero cumprir todos os compromissos", afirmou o peemedebista, que concorre ao governo do Rio Grande do Norte.

O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), acaba de colocar em votação o requerimento de urgência para apreciação do projeto de decreto legislativo que visa barrar os conselhos populares criados pela presidente Dilma Rousseff. Mais cedo, Alves se reuniu com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência da República) e foi informado que o Palácio do Planalto não recuaria da decisão de implementar os conselhos.

Em pronunciamento, Alves disse que o decreto presidencial está "em desarmonia com o princípio da separação de Poderes". "Diante desse quadro de inconstitucionalidade e em atenção às críticas parlamentares, juristas e cientistas políticos, envidaram-se esforços com vistas à revogação do decreto, mas as tratativas com o Poder Executivo não prosperaram", declarou.

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Neste momento, o líder do DEM e autor do decreto legislativo, deputado Mendonça Filho (PE), pediu para que a urgência não fosse colocada em votação por causa do quórum baixo e o risco da proposta ser derrubada.

Em meio à polêmica sobre o decreto que institui a política nacional de participação social, o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, reconheceu há pouco que o governo poderia ter feito um "processo muito mais amplo de comunicação" sobre o tema, mas defendeu o combate às acusações de que a matéria seja "chavista" ou "bolivarianista".

"Nós poderíamos ter feito um processo muito mais amplo de comunicação. Muita gente não viu (o decreto), não leu, não gostou e criticou. Nós precisamos, de fato, melhorar o nosso processo de comunicação", afirmou Carvalho, durante entrevista concedida à Fundação Perseu Abramo, antes de participar da convenção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília.

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"Eu acho que o que nós precisamos é desmontar essa ideia de que essa coisa dos conselhos 'é uma coisa meio chavista', 'meio bolivarianista'. Eu não quero aqui adjetivar, não estou falando que é uma coisa equivocada o bolivarismo, não me cabe esse papel. Estou dizendo que (o decreto) é uma outra filosofia de governo onde a sociedade comparece com muita autonomia pro debate, isso faz parte da educação democrática do País", disse o ministro.

O decreto de Dilma pretende "fortalecer e articular" mecanismos de "atuação conjunta" entre governo federal e a sociedade civil, definindo diretrizes gerais de atuação. O texto orienta todos os órgãos federais a adotar consultas populares, mas não altera a composição dos conselhos já existentes nem cria automaticamente mais instâncias.

Convencimento.

Ao falar com jornalistas após a entrevista, Carvalho reiterou que o governo não cogita desistir do decreto. "O que o governo pensa é que o decreto deve ser mantido, nós queremos dialogar com o Congresso, buscando convencer o Congresso, com todo o respeito, evidentemente, de que não vale a pena gastar energia votar contra um decreto que, na verdade, não muda em nada substancialmente a realidade", afirmou o ministro.

Para Carvalho, o Congresso Nacional poderia contribuir no debate sobre participação social com a convocação de audiências públicas para discutir o assunto.

"O Congresso assumiria um papel, um papel de vanguarda, de protagonizar esse debate. Uma forma em que é uma relação ganha-ganha e quem vai ganhar mais é o Brasil", comentou Carvalho. "O decreto fica lá, mas o Congresso assume um papel protagonista em convocar um debate sobre a participação social e sobre esse anseio das ruas em participar da política."

Para o ministro, a discussão sobre o papel dos conselhos e das conferências "é ótima", porque "a imprensa nunca se dedicou" ao tema antes da polêmica envolvendo o decreto. Mesmo assim, Carvalho disse que viu a controvérsia com "uma surpresa extraordinária" e a atribuiu ao resultado desse "grande debate eleitoral e de forças que têm medo" do avanço da democracia.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse nesta quarta-feira que o Palácio do Planalto foi surpreendido pela reação contrária ao decreto de consulta popular assinado pela presidente Dilma Rousseff, mas que o governo está disposto a insistir no debate e descarta a possibilidade de voltar atrás. O ministro pediu que o Congresso Nacional transforme "esse limão em limonada".

"Tratávamos desse decreto como simplesmente 'arrumação da casa', simplesmente um texto pra dar organicidade àquilo que na prática já existe", afirmou Carvalho, que participa hoje de uma mesa de debate com militantes, ativistas e blogueiros. O principal assunto da conversa é o decreto que institui a política nacional de participação social, alvo de críticas da oposição no Congresso Nacional, que o considera "autoritário" e "bolivariano".

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O decreto de Dilma pretende "fortalecer e articular" mecanismos de "atuação conjunta" entre a administração pública federal e a sociedade civil, definindo diretrizes gerais de atuação. O texto orienta todos os órgãos federais a adotar consultas populares, como conselhos e audiências públicas, mas não altera a composição dos conselhos já existentes.

"Por uma onda propalada por uns meios de comunicação que nitidamente fazem guerra ideológica contra qualquer tentativa de democratização mais profunda, há uma pressão enorme sobre o Congresso a ponto de alguns parlamentares proporem um decreto legislativo que revogue o decreto da presidente Dilma", criticou Carvalho.

"A gente foi surpreendido e estamos assustados até com essa reação porque não a esperávamos, mas hoje a gente avalia que é um bom debate, que nos interessa. Aquilo que passava em branco passou a ser objeto de um debate, a nossa atitude agora não é de nos insurgir contra o Congresso, mas de propor ao Congresso transformar esse limão em limonada, abrir debate público para que o Congresso tome esse papel a si", prosseguiu o ministro. "O decreto não tem por que ser revogado, a tem de comprar essa briga."

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a afirmar nesta sexta-feira, em entrevista ao Broadcast Político, que vai colocar em votação os projetos de decreto legislativo que visam a sustar o decreto presidencial que criou os conselhos populares. Renan disse defender uma "solução negociada", mas, se isso não for possível, incluirá na pauta propostas que visam a anular os efeitos da decisão tomada pela presidente Dilma Rousseff.

"Creio que essa política de criação dos conselhos deveria ser feita por medida provisória ou projeto de lei", afirmou ele, que já tratou do assunto diretamente com Dilma. "Dessa forma, o Congresso participaria diretamente na formatação da norma", completou Renan, que, por ora, não estipulou um prazo para tal solução negociada.

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O decreto de Dilma prevê que órgãos das administrações direta e indireta do governo federal criem conselhos deliberativos nos quais a sociedade civil opinaria sobre programas, políticas e iniciativas oficiais. Os críticos da medida dizem que ela abre espaço para a criação de um poder alternativo ao Congresso e dentro da máquina pública, a partir do aparelhamento dos conselhos por movimentos sociais.

Para Renan, a atuação do Congresso no caso permite o "aprofundamento da democracia". Ele citou que o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), já apresentou um projeto de decreto legislativo para sustar a iniciativa do governo. Na Câmara, partidos de oposição também obstruíram as votações do plenário esta semana por causa do decreto. Pressionado, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), prometeu também votar uma proposta para derrubar o decreto se o governo não revogasse a medida. Apesar da movimentação dos presidentes da Câmara e do Senado, o governo não tem dado mostras de que vai recuar da edição do decreto.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu nesta terça-feira, 10, que a proposta de instituir a Política de Participação Social e o Sistema de Participação Social se deem por meio de projeto de lei ou de uma Medida Provisória. O senador disse ter feito a sugestão em conversa hoje com a presidente Dilma Rousseff. "Sempre defendi a ampliação popular, mas não é aconselhável que se recorra a um decreto para tal", afirmou em discurso no plenário.

O governo divulgou, em 26 de maio, um decreto que institui um sistema de consultas à sociedade civil, por meio de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas de debate e fóruns, audiências e consultas públicas. "Quem representa o povo é o Congresso Nacional e, por este motivo, o ideal - eu falei isso para a Presidente da República ontem e queria repetir aqui - é que a proposta seja enviada através de um projeto de lei ou mesmo através de uma medida provisória para que seja aqui aprimorada, para que possa receber as insubstituíveis colaborações e aprimoramentos dos deputados e dos senadores", completou Renan.

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A divulgação do decreto desencadeou uma série de reações de parlamentares, que acusam a presidente de "autoritarismo", comparando a iniciativa com práticas "bolivarianas" ou "chavistas", em referências aos governos repressivos dos vizinhos brasileiros. No Senado, inclusive, o PSDB apresentou uma proposta de decreto legislativo com o objetivo de sustar os efeitos da decisão de Dilma.

Mais cedo, ao chegar ao Congresso para a convenção nacional do PMDB, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que o decreto tem sido mal interpretado, não cria novas estruturas nos órgãos. "Não tem nenhum sentido bolivariano ou chavista. Ele apenas institucionaliza o que já existe", afirmou o dirigente partidário.

Em tom crítico à proposta petista de regulamentação da mídia, Renan se disse contra qualquer tentativa de controle da liberdade de expressão. "O único controle tolerável é o controle remoto. E o controle remoto não deve ficar na mão do Estado, mas nas mãos dos cidadãos" disse. "A simples menção ou pretensão de abolir o direito à liberdade de expressão, a qualquer pretexto, inclusive administrativo, financeiro ou comercial, como ocorreu em países vizinhos, é insana. Não pode, e não deve haver", finalizou.

Conflitos

Assunto usado como gancho para falar sobre o decreto, a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que redefiniu o número de cadeiras de deputados federais, voltou a ser alvo de críticas de Renan, que aproveitou a oportunidade para dar mais uma alfinetada no Judiciário.

"Há duas semanas, fomos surpreendidos com decisão do Tribunal Superior Eleitoral, ao usurpar uma competência exclusiva do Congresso Nacional e fixar o tamanho das bancadas dos Estados na Câmara dos Deputados. Obedientes à lei, recorremos e estamos aguardando o pronunciamento da Justiça, marcado para esta semana, já que a Constituição Federal determina que esta é uma definição que cabe à lei complementar", afirmou o senador.

Diante da divergência entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o vice Michel Temer (PMDB) em relação à melhor forma de criar os conselhos de consulta popular, a Casa Civil da Presidência da República tentou nesta sexta-feira, 6, amenizar a polêmica. Segundo nota da Casa Civil enviada ao Estado, Temer "tem muita experiência política e parlamentar e, seguramente, sua opinião também será levada em conta nessa questão".

O Palácio do Planalto, não sinaliza, no entanto, se poderá encaminhar um projeto de lei ao Congresso sobre o tema, para envolver os parlamentares na discussão, como sugeriu Temer, ou se promoverá qualquer alteração no texto. "É provável que venha a ter um projeto de lei sobre isso. É uma matéria que está sendo discutida. Os conselhos são sempre úteis, mas vale mais um projeto de lei para integrar o Congresso Nacional nesta discussão", afirmou Temer ao Estado na última quarta-feira, 5.

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Na quinta-feira, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado "Conselhão", a presidente defendeu o decreto. "Somos a favor da consulta, nós somos a favor da participação de todos os segmentos no processo de estruturação das políticas do governo. Muitas cabeças pensam mais do que só a cabeça do Executivo", afirmou Dilma. Para a oposição, no entanto, o decreto seria uma forma de burlar a democracia representativa e permitiria o "aparelhamento" desses conselhos por aliados do governo. Em resposta ao Estado, a Casa Civil informou que "com um pouco de esclarecimento" "essa questão poderá ser superada".

Mesmo com o apoio de dez partidos na Câmara dos Deputados ao pedido de urgência na votação de um projeto de decreto legislativo que pretende barrar os conselhos populares criados por decreto da presidente, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), se recusou a colocar o projeto em pauta.

Segundo o Estado apurou, há dentro do governo uma corrente que avalia que seja difícil transformar a criação de conselhos em projeto de lei porque seria complexo amarrar tantas pontas num único texto, já que os conselhos existentes foram instalados por diferentes instrumentos, como decretos e leis.

Publicado no dia 23 de maio, o decreto assinado por Dilma cria nove instâncias de negociação e comunicação com a sociedade civil. O texto, que institui a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), regula a relação do governo com os setores organizados. Os integrantes não serão remunerados e as propostas apresentadas não precisam necessariamente ser levadas adiante pelo poder público. O governo não é obrigado a atender as sugestões dos conselhos na elaboração das políticas públicas.

O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), classificou na tarde desta quinta-feira de "equivocada" a decisão do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), de não pautar o projeto que visa a sustar os efeitos de um decreto da presidente Dilma Rousseff que cria conselhos populares.

Mendonça Filho também disse que discorda da avaliação de Alves, que em entrevista exclusiva ao Broadcast ao Vivo afirmou que a oposição utiliza um discurso injusto e "político-eleitoral" nas críticas à decisão de Dilma. "O Conselho não pode ter uma força maior do que o voto", disse o deputado do DEM. "Do contrário, você governaria só com conselhos".

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Na semana passada, Dilma editou um decreto que cria nove instâncias de negociação e comunicação com a sociedade. A norma, prevista pelo Planalto desde 2010, teve sua redação acelerada a partir das manifestações do ano passado.

Para Mendonça, autor do projeto que quer derrubar a norma editada por Dilma, as queixas da oposição não são eleitorais. "Mesmo se não fosse um ano de eleição, eu adotaria a mesma postura. Estou fazendo uma defesa institucional, porque é uma agressão ao Poder Legislativo", avaliou. Ele também argumentou que sua proposta deveria ser pautada, uma vez que conta com o apoio de 10 partidos na Casa.

Em defesa da criação de conselhos populares para a implementação e o acompanhamento de políticas públicas – instituída pela presidente Dilma Rousseff (PT) por decreto no fim do mês passado –, o senador Humberto Costa (PT) ressaltou que a iniciativa fortalece a democracia no Brasil e questionou as críticas da oposição à medida. Nesta quarta-feira (4), o senador afirmou que “causa profunda estranheza” a resistência do DEM e do PSDB no Congresso Nacional de querer barrar a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS).

“Por que essa resistência em dar mais poder de participação aos brasileiros para gerir os próprios rumos? Por que essa raiva em dar mais voz ao cidadão no exercício do regime democrático? Será que alguns neste país continuam se achando melhores do que o conjunto da população e seguem considerando o povo incapaz de opinar sobre as políticas públicas que são do seu interesse direto?”, questionou o petista. 

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De acordo com o parlamentar, a medida é legal e baseada na Constituição, que impulsiona a participação popular em várias etapas da construção das políticas públicas que vão servir à própria sociedade.

“Conselho e comissão de políticas públicas, conferência nacional, ouvidoria, mesa de diálogo, fórum interconselhos, audiência e consultas públicas e um ambiente virtual de participação social darão uma nova e mais profunda dimensão à democracia do Brasil neste começo do Século 21”, avalia.

Para Humberto, o comportamento da oposição é questionável. “Estranhem aqueles que querem excluir você, cidadão, dos processos decisórios. O discurso de que isso é uma usurpação do poder do Congresso é balela! O povo, por meio de nós, que somos seus representantes eleitos, continuará exercendo na Câmara e no Senado o seu poder”, concluiu o petista. 

Nesta terça-feira (3), o líder do Democratas (DEM) na Câmara Federal, Mendonça Filho, pedirá apoio aos líderes partidários para votar a urgência do seu projeto de decreto legislativo (PDC 1.491/2014) para revogar o decreto presidencial que cria os conselhos populares. Com a urgência, o PDC é incluído na pauta do plenário. O democrata argumenta que o Decreto 8.243/2014, que instituiu a Política Nacional de Participação Social (PNPS), é antidemocrático ao aparelhar ideologicamente a máquina pública com pessoas escolhidas pelo próprio governo para participar das decisões governamentais. O projeto, assinado também pelo deputado Ronaldo Caiado (GP), foi protocolado na última sexta-feira (30).

A intenção do líder é também conseguir apreciar o mérito do projeto ainda esta semana. Segundo Mendonça, o tema é urgente porque agride a democracia, a Constituição Federal e o parlamento brasileiro, composto por pessoas legitimamente eleitas pelo povo. “Dilma agora quer enterrar a democracia por meio de decreto elaborado na surdina, sem nenhum respeito às instituições do País, principalmente, ao Congresso responsável pela elaboração de normas que tratam do tema”, completou.   

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O parlamentar ainda repudia a medida da presidente Dilma porque a dirigente cria agora um grupo de privilegiados de sindicatos, movimentos sociais e demais entidades ligadas ao PT para participar e interferir em políticas públicas. “É oficializar o chavismo no Brasil”, protesta.

O deputado Mendonça Filho (PT) apresentou nesta sexta-feira (30) o Projeto de Decreto Legislativo 1.491/2014 para barrar a intenção da presidente Dilma Rousseff (PT) de criar “conselhos populares” em órgãos públicos, com membros indicados pelo próprio governo. O parlamentar não descarta acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a medida, que ele chama de  “antidemocrática”.

A intenção do parlamentar é pedir o apoio do colégio de líderes, aprovar a urgência de votação do projeto e colocá-lo em plenário ainda na próxima semana. O democrata repudiou o Decreto 8243/2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS).

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De acordo com o parlamentar, a tentativa de criar conselhos compostos por “cidadãos, coletivos, movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”, conforme apresentado no Artigo 2º da Norma, é “um eufemismo para o aparelhamento ideológico por meio de movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados ao governo”.

“É uma invasão à esfera de competência do parlamento brasileiro e uma afronta à ordem constitucional do País. A democracia se dá por meio dos seus representantes no Congresso, legitimamente eleitos. Não bastasse as tentativas de controle da mídia e a ideologização e o aparelhamento da cultura no país, agora eles querem impregnar toda a máquina governamental”, comentou Mendonça. De acordo com o líder. Dilma quer mudar o sistema brasileiro de governo, enterrar a democracia por meio de um decreto. "Dilma usa os anseios da população para colocar um escorpião antidemocrático na proposta", criticou Mendonça.

De acordo com o deputado, Dilma fere o princípio básico da igualdade prevista em uma democracia, privilegiando determinados cidadãos politicamente alinhados ao governo para que sejam mais ouvidos. "Dilma quer criar uma estrutura paralela de poder e dividir o cidadão em 1ª e 2ª classe", relatou.

Em sua opinião, o PT tenta impor um sistema semelhante ao que ocorreu na Venezuela. "É puro chavismo", sentenciou.

"O decreto foi tratado na surdina, sem nenhum tipo de respeito às instituições democráticas e, em especial, ao parlamento, que deveria ser o verdadeiro responsável pela elaboração de normas no que tangem a esse tema", frisou o democrata.

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