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Outubro é o mês do Círio, maior manifestação de fé dos paraenses, e muitos são os testemunhos contados pelos devotos de Nossa Senhora de Nazaré. Zuleide Ferreira não cansa de propagar sua devoção a Maria.

Um episódio marcou Zuleide. Ela tem uma amiga que é evangélica e que duvidava se Jesus aceitava as orações em nome de Maria. Até que ocorreu uma situação difícil na vida da amiga de Zuleide. Ela se separou do esposo e havia um ano que o ex-marido não aparecia para ver os filhos, que já estavam entrando em depressão por saudades do pai.

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Depois de muito sofrimento, a amiga procurou Zuleide e pediu para que ela a acompanhasse em uma oração. Depois de ouvir tudo o que havia acontecido, Zuleide perguntou quem iria fazer a oração e a amiga disse que a devota de Nossa Senhora poderia fazer. “Eu disse: ‘Tu sabes que eu só oro em nome de Maria’, mas ela concordou e eu orei”, detalhou.

Eu disse: “Senhor, eu quero te implorar a tua misericórdia para essa família. Toque, Senhor Jesus, no coração desse pai, desse esposo que está afastado da família, que há um ano não fala com a esposa e com os filhos, que ele possa ser tocado, que esses adolescentes não entrem em depressão. Olhe com o teu olhar de amor e abençoa com a tua misericórdia, em nome do santo nome do imaculado coração da tua mãe, Maria Santíssima, com todos os títulos que ela tem”, disse a devota.

Zuleide concluiu a oração pedindo para Deus tirar a dúvida do coração da amiga e pediu uma confirmação. “Que esse pai ligue imediatamente e procure esses filhos; se não, que o Senhor toque nele de outra forma”, disse ela.

Depois disso Zuleide foi para casa. No outro dia, por volta das 9 horas, a amiga a procurou dizendo que depois que ela havia ido embora, após a oração, ela ouviu baterem na porta e, quando abriu, era o marido, pedindo para dormir lá. “Ela acordou os filhos e foi aquela alegria, aquele abraço, aquele choro, aquela reconciliação do laço de amor que estava quebrado”, detalhou Zuleide, muito emocionada.

Para ela, nada disso teria acontecido se não fosse a fé. “Com a graça de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, essa bênção foi concedida por Jesus, em nome do imaculado coração de sua mãe, Nossa Senhora de Nazaré”, concluiu.

O Círio de Nazaré é uma das maiores procissões católicas do mundo e chega, em 2019, à sua edição 227.

 

 

Em Pernambuco, atos de intolerância religiosa podem passar a gerar multa. A medida passará a valer caso um projeto de lei, de autoria do deputado estadual Ricardo Costa (MDB), seja aprovado na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). No texto, ele classifica como intolerância discriminação por motivo de crença ou função religiosa, o fato de impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso ou a destruição de objeto de culto religioso.

A punição, segundo a proposta, também se estende para a pessoa física ou jurídica que induzir ou instigar as práticas. As penalidades serão de advertência ou multa que varia de 50 a 50 mil Unidades de Referência Fiscal (UFIRs), convertido em real seria aproximadamente de R$ 151,37 a 151,3 mil, de acordo com a intensidade do ato. Por exemplo, caso a atitude intolerante também renda agressão física, violência verbal ou destruição de objetos religiosos sempre será aplicada a pena de multa, não inferior a 10 mil UFIRs.

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O projeto de lei diz que o valor arrecadado pelas multas aplicadas “será revertido para a realização de Campanhas de Conscientização e ações, contra o racismo, violência aos idosos, às crianças, às mulheres e contra a intolerância religiosa”.

"Glória ao pai, glória ao filho e ao espírito santo, assim como era no princípio, agora e sempre, por todos séculos dos séculos. Amém". Segurando um ramo de pinhão-roxo colhido no quintal de sua casa, a rezadeira Ciza Batista finaliza o ritual de sua bênção. Em suas mãos santas, ela mantém viva a tradição secular "capaz de curar males da mente e do corpo".  

Na busca pelo alívio de desconfortos emocionais e espirituais, muitos recorrem ao apoio místico das rezadeiras. Na infância, familiares costumam levar os filhos com frequência para receber a bênção através da reza. Em Pernambuco, a tradição não desapareceu ao longo dos anos, mas tornou-se mais rara, principalmente nos centros urbanos. Apesar disso, as senhoras da oração poderosa ainda resistem e fazem de suas preces um alento em meio ao sofrimento de quem busca na fé uma esperança.

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No bairro de Paratibe, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, vive a rezadeira Ciza Batista, de 73 anos. A aposentada tem mais de seis décadas de experiência e diz que sua missão é rezar e ser uma porta-voz do conforto divino. Em seu quintal, ela colhe as plantas necessárias para realizar o ritual e diz que a procura das pessoas ainda é grande. “Já benzi gente de outros estados que vieram só para me encontrar”, conta.

A benzedeira Ciza explica que não “aprendeu” a rezar, mas ganhou esse dom das mulheres de sua família. A bisavó rezava os escravos e os donos engenho, ainda no século 19. A fé foi passada para a avó, que era escrava e também adquiriu o dom. Aos sete anos, Ciza observava a sua avó e começou a reproduzir a prática em seus irmãos, de quem cuidou desde muito nova. “Mas não é a reza que cura, nem eu. É a fé no divino”, esclarece.

Para receber a reza não precisa marcar um horário e nem pagar uma taxa. Longe disso. Ciza diz que benzer os necessitados é um ato de caridade e de elevação espiritual. “Quem chega na minha casa é sempre bem-vindo. O único pedido que faço é que ao procurar qualquer rezadeira, é preciso ter fé para que as palavras tenham força. Não adianta receber a bênção sem acreditar na força divina”, pontua.

Os motivos de quem procura as rezadeiras são muitos. Falta de atendimento médico ou desesperança no sistema de saúde, tradição familiar ou para cuidar de casos que, para a cultura popular, pode ser tratado por uma benzedeira. Espinhela caída, vento virado, mau-olhado, erisipela e cobreiro*, além de outros incômodos físicos e emocionais. Criança, adulto ou idoso, não há idade estabelecida e qualquer pessoa pode ser benzida.

Com um rosário ou um ramo na mão, a rezadeira recita uma oração em cima da pessoa por alguns minutos. A planta pode ser vassourinha, arruda, pinhão, aroeira e outras. Em alguns casos, o malefício só é curado após um banho com erva-doce para limpar o corpo e a alma.

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Detentora da sabedoria ancestral, a rezadeira Inácia do Nascimento, de 85 anos, nasceu no município de Limoeiro, no Agreste pernambucano, e ainda muito jovem veio morar no Recife. Ainda no interior, ela diz que começou a rezar porque ficou doente e nenhum remédio ou médico conseguia identificar qual era o problema dela. “Um dia foi a um profissional e ele disse que eu não tinha nada e poderia tentar me benzer”, relembra.

Na década de 1950, Inácia procurou um rezador e descobriu o que tinha. “Ele me disse que se eu não cuidasse da minha saúde mental, iria morrer de mau-olhado. O benzedor me rezou apenas uma vez e fiquei curada". Mais de mais sessenta anos depois daquele dia, a rezadeira ainda acredita na cura pela fé, mas diz que a prática é não para todo mundo. “A crença tem que ser inabalável das duas partes”, diz.

Atualmente, Inácia diz que só reza por necessidade das pessoas que a procuram, mas que já foi mais atuante. Ao longo dos anos, ela relembra que a prática nunca foi devidamente aceita pela Igreja Católica e é vista por muitos como ineficiente. A resistência das rezadeiras, no entanto, é forte e viva.

Em seu livro, “Médicos e curandeiros: conflito social e saúde”, Maria Loyola diz que os rezadores estão ligados ao catolicismo popular. "Eles organizavam preces coletivas nas capelas rurais e costumavam também dar bênçãos para curar doenças. Se definem como especialistas da cura e não como membros de alguma religião. O que prevalece é sua função terapêutica e não sua função religiosa”, explica.

Referências de conforto e alívio para uma parcela da população brasileira, principalmente nas periferias e nas zonas rurais, as benzedeiras passam confiança e sobrevivem repassando os seus dons de forma empírica, já que não há uma forma de ‘aprendizado’ da tradição.

*Alguns males que podem ser curados pela fé, segundo as benzedeiras:

Mau-olhado (ou quebranto) é a doença causada pela energia negativa do olhar de pessoas invejosas ou maldosas. Na tradição popular, às vezes a transmissão não é intencional, mas os sintomas são graves. Depressão, angústia sem fim e pessimismo. Sabe-se que foi atingido quando de repente começa a espirrar e bocejar sem parar.

Vento (ou Ventre) Virado acomete crianças quando se brinca de jogá-las para o alto. Causa mal estar, vômito e diarréia. Para curar, as benzedeiras viram a criança de cabeça para baixo e batem seus pés na folha de uma porta.

Espinhela caída é o nome popular de uma doença chamada Lumbago. Causa dor na boca do estômago, costas e pernas, além de um cansaço físico anormal. Espinhela é um osso pequeno que fica no meio do peito, entre o coração e o estômago que pode envergar para dentro. No ritual da bênção, a rezadeira tira a medida do dedo mínimo ao cotovelo e depois, de um ombro a outro, se as medidas não coincidirem, é detectada a doença. Segundo a crença, médicos não conseguem identificar.

Erisipela é uma infecção de pele causada por bactérias e pode ser acompanhada de febre. A enfermidade se espalha pelos vasos linfáticos e geralmente ataca as pernas, principalmente de mulheres. A princípio, aparecem manchas vermelhas, depois incham e surgem bolhas. Também é conhecida por “Vermelhão” e “Gota”. Para tratar a doença, a rezadeira utilizava um terço, uma faca e um ramo de figueira  molhada em azeite e aplica na parte doente fazendo o formato da cruz e rezando.

O Cobreiro também uma doença de pele e traz borbulhas na pele e causa muitas dores. Pode se originar devido a alguns bichos rastejantes (cobras, lagartos ou lagartixas) entrarem em contato com sua roupa e deixarem seu veneno. Para o tratamento, as rezadeiras utilizam palhas de alho e cortam as feridas ao mesmo tempo que rezam.

*Fotografia: Paulo Uchôa/LeiaJáImagens

A popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu uma queda no Recife, após a série de denúncias envolvendo seu nome em irregularidades que estão sendo investigadas pela Justiça Federal. Na capital pernambucana, a conjuntura negativa teria reflexo nos votos destinados ao ex-presidente, caso ele estivesse concorrendo a um cargo eletivo hoje, ao menos é o que indica um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), divulgado nesta segunda-feira (22). De acordo com a amostra, 76,2% dos recifenses já votaram em Lula, no entanto, se ele fosse candidato atualmente 62,9% não o elegeriam. 

Ao responder a pesquisa, encomendada pelo Portal LeiaJá em parceria com o Jornal do Commercio, 23,8% dos entrevistados observaram nunca ter votado no líder petista. Já quando o questionamento foi sobre uma possível candidatura hoje, apenas 35,6% pontuou que votaria em Lula e 1,4% não soube responder. 

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Na primeira vez que foi eleito, em 2002, o ex-presidente recebeu 389,8 mil votos na capital pernambucana no primeiro turno e 502,2 mil no segundo. Já em 2006, quando disputou a reeleição, Lula foi o preferido por 518,6 mil recifenses no primeiro turno e por 588 mil no segundo. Por ser o primeiro pernambucano a ocupar a Presidência da República, o apelo regional se enraizou entre os eleitores e criou-se o que hoje é conhecido no meio político como “Lulismo”. 

A influência do petista, entretanto, tem sido colocada de lado entre seus defensores ferrenhos. “Há uma queda visível do ‘Lulismo’ no Recife. As denúncias de corrupção ajudam o nível de descrença. Podemos dizer que houve uma decepção eleitoral dos recifenses”, analisou cientista político e coordenador do IPMN, Adriano Oliveira. 

Maioria do recifenses não admira Lula

Assim como o percentual de recifenses que votariam no ex-presidente teve uma redução considerável, o nível de admiração do líder petista também caiu. Dos entrevistados pelo IPMN, 62,8% afirmou não admirar Lula enquanto 37,2% disse que admira. Destes a maioria são das classes D e E (51%), já daqueles a maior parcela está nas classes B e C (70%). 

Indagados se um dia chegaram a admirar Lula, 61,9% dos entrevistados respondeu que sim e 38,1% afirmou que não.

O LeiaJá foi às ruas do Recife para ouvir a opinião das pessoas sobre o governo Lula. Confira no vídeo abaixo:

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O possível envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em irregularidades investigadas pelas operações Lava Jato e Zelotes, da Polícia Federal, tem ampliado a descrença da população quanto à honestidade do petista. No Recife, um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) constatou que 65,5% da população não acredita que o líder do PT é honesto, enquanto 26,8% dizem que sim. 

A amostra, divulgada nesta segunda-feira (22), foi encomendada pelo Portal LeiaJá em parceria com o Jornal do Commercio. De acordo com os dados da pesquisa, 77,5% dos entrevistados têm conhecimento das denúncias contra o ex-presidente e 17,8% não ouviram falar sobre o assunto. 

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Uma série de acusações pesa sobre o petista, entre elas, a provável participação dele na venda de Medidas Provisórias (MP), editadas durante o seu governo, para conceder benefícios fiscais a montadoras de veículos por R$ 2,5 milhões; além da compra de um tríplex no Guarujá, reformado pela empresa OAS – uma das empreiteiras envolvidas nas fraudes em contratos da Petrobras; e da reforma do Sítio Atibaia, feita pela Odebrecht, também investigada na Lava Jato.  

Indagados se acreditavam ou não nessas denúncias 68% dos entrevistados pelo IPMN disseram que sim, enquanto 24,7% apontaram que não e 7,3% não souberam responder. Aos que disseram ter ouvido falar, o Instituto questionou sobre qual denúncia mais teria chamado a atenção deles. Questões ligadas às fraudes na Petrobras e outros meios de lavagem de dinheiro foram as mais citadas espontaneamente pelos entrevistados, 9,8% cada; desvio de verbas (9,3%), o caso do triplex no Guarujá (8,1%), a reforma do sítio Atibaia (6,4%) e o tráfico de influência com a empresa Odebrecht (5,8%) também foram citados. 

Apesar da descrença da população, a gama de acusações envolvendo o ex-presidente tem dividido os setores políticos. Para os aliados, a divulgação de casos que possam ter a participação de Lula é uma investida da oposição para enfraquecer o retorno do petista na corrida eleitoral em 2018. Já os oposicionistas acreditam ser este o momento oportuno para mostrar ao país o que eles chamam de “a verdadeira face de Lula”. 

Sob a ótica do cientista político e coordenador do IPMN, Adriano Oliveira, as acusações podem pesar contra o ex-presidente eleitoralmente. “Lula precisa torcer para que as denúncias cessem e no momento oportuno, que eu acredito já ser agora, explicar que todas elas, se são verdadeiras ou inverídicas. Ele precisa quebrar o silêncio e se explicar para a população”, recomendou o estudioso.

Dados da pesquisa

A pesquisa do IPMN ouviu 624 pessoas no Recife, nos dias 15 e 16 de fevereiro. O nível de confiabilidade é de 95% e a margem de erro é de 4,0 pontos percentuais para mais ou para menos.

“Tire os sapatos! Aqui só entra descalço, pois o solo é sagrado”, avisa a placa em frente ao terreiro. O som forte do tambor, os cânticos entoados e o cheiro de ervas convidam a entrar. O bairro é Vasco da Gama, Recife. Na parte interna da casa, velas de diversas cores, pratos de comida espalhados pelo chão e imagens de orixás e caboclos, completam o cenário. Gritos e gemidos saem de uma sala, algumas pessoas que estão no espaço começam a se debater, e a falar uma linguagem desconhecida. A cena descrita faz parte de uma cerimônia de umbanda, chamada gira, na qual as pessoas rezam, cantam, dançam e incorporam várias entidades.

Este mesmo ritual ocorre em todo o País desde a constituição da crença, datado de 15 de novembro de 1908. Há dois anos, a data foi oficializada como o Dia Nacional da Umbanda.  Porém, devido ao preconceito e o desconhecimento que o culto ainda carrega pouco se tem a comemorar. “Para muita gente a umbanda é sinônimo do mal, de ‘macumba’, despacho”, diz o engenheiro e funcionário público, Jairo Jogaib.

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Carioca, Jairo teve o primeiro contato com a religião há 14 anos, no Recife. “Eu era católico, assim como meus pais. Fui parar na umbanda por acaso. Minha esposa foi chamada por uma amiga para fazer uma consulta e fui acompanhar. Assim que cheguei senti uma coisa diferente e quando começaram a tocar os atabaques entrei em alfa. Depois disso não parei mais de ir”, relata.

Hoje, médium, o engenheiro ajuda a mãe de santo nos trabalhos realizados em um centro umbandista, localizado no Ipsep, zona sul da capital. “Na nossa casa tem a desobsessão, fluído terapia, um tratamento de saúde que é uma aplicação de luzes através da mente. Realizamos vários outros trabalhos sem cobrar nada por isso. É caridade pura, buscamos fazer apenas o bem”.

Discriminação, desconhecimento e medo

Sobre o preconceito, Jairo diz que costuma levar na brincadeira. “As pessoas ficam chocadas quando falo qual é minha religião. Trabalho no Tribunal Regional Federal e faço questão de dizer que sou umbandista. Nas quartas, aviso que vou para o centro. Quando vejo que alguém acha estranho, na mesma hora brinco que vou fazer uma macumba e que se no outro dia a pessoa for parar no hospital a culpa foi minha”, diz aos risos.

O funcionário público faz questão de completar a frase explicando o que é macumba. “É uma árvore africana enorme e por isso tem muita sombra. Era embaixo dela onde as pessoas cultivavam seus deuses. E era da madeira dessa espécie de onde saíam os tambores utilizados em cerimônias religiosas. Foi daí que veio o nome macumbeiro, e não tem nada de ruim nisso”, detalha.

Não é como a mesma naturalidade que a enfermeira Júlia Lins encara a intolerância religiosa. “Sou filha de santo, faço consultas, mas não é para todo mundo que revelo. Já fui vítima de muito preconceito”, desabafa. 

Júlia não entra na taxa dos 0,3 % da população brasileira que se declara seguidor da religião. “Prefiro falar que sou espírita, pois os próprios praticantes não conhecem a filosofia da crença, misturam com o candomblé (religião afro-brasileiras), a jurema (doutrina de matriz indígena). Nós não usamos sangue, não fazemos sacrifícios de animais. A nossa filosofia prevê a humildade e a caridade, mas boa parte dos centros, mais conhecidos como terreiros, cobram pelo trabalho. Essa não faz parte da minha crença”, argumenta.

Foto: Úrsula FreireA enfermeira completa falando sobre o medo que as pessoas têm da religião. “Existe, sim, o despacho com intuito de fazer mal as outras pessoas. E as negatividades. Mas não ocorre em todos os centros (terreiros) e só funciona para quem não é do bem. Todo mal que é feito para pessoas de coração bom, acaba voltando para quem fez”.

Outro ponto citado pela umbandista é a incorporação. “A maioria da sociedade pensa que ao entrar em um terreiro, vai ‘baixar um santo’ e perder a consciência. Não funciona assim. Não é qualquer pessoa que pode incorporar. Existe uma preparação para isso, e leva um tempo”, completa.

“As pessoas deveriam visitar um centro umbandista para conhecer. Não precisa seguir a religião, é só para não ficar tirando conclusões cheias de preconceito”, finaliza a filha de santo. 

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Após a Procissão da Bandeira, primeira atividade 109ª Festa de Nossa Senhora da Conceição, realizada neste sexta (29), outra ação mobilizará os fiéis na Zona Norte do Recife. Com concentração a partir das 17h e saída prevista para as 18h, a procissão do Terço dos Homens será realizada pela nona vez. 

O cortejo sai da Igreja da Harmonia, em Casa Amarela, e segue pela Estrada do Arraial, Rua Padre Lemos, Rua Pedro Allain, até cruzar a Avenida Norte e subir o Morro da Conceição pela Rua Itaquatiara (via utilizada pelos ônibus). São previstos cerca de 100 grupos de igrejas católicas de todo o Estado. 

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Após a procissão, é celebrada a missa de abertura do novenário da tradicional Festa do Morro, às 19h, com o pároco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Morro, padre José Roberto França. Na sequência, a programação cultural da festividade é aberta com o pároco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Beberibe, frei Rosivaldo, acompanhado por uma banda. 

Com informações da assessoria

Apesar da constituição do país garantir liberdade de crença, funcionários do Governo são acusados de fecharem igrejas em pelo menos três regiões nos arredores de Jacarta. Uma delas teria sido destruída no dia 21 de março.

A Indonésia é conhecida por ser o país com o maior número de muçulmanos em sua população. São 90% dos 240 milhões de cidadãos. Casos de intolerância estão crescendo e apenas na primeira metade de 2012 mais de 300 incidentes deste tipo foram realizados no país.

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O Domingo de Páscoa foi de comemoração para Cristãos que foram até o Palácio Presidencial, em Jacarta, para orar. A cerimônia teve a duração de duas horas e contou com a presença de homens, mulheres e crianças. A reunião também serviu para protestar contra a falta de segurança para as minorias religiosas.

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