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O Dia Nacional da Umbanda será comemorado neste 15 de novembro, mas existe uma questão forte a enfrentar. A intolerância religiosa é uma preocupação entre seus seguidores. O pai Fernando D’Oxum, da Tenda Espírita São Lázaro, do bairro Pita, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, disse que nos anos 1980 houve uma expansão da religião no Brasil, mas a partir daí ocorreu um "grande processo negativo por parte de integrantes de algumas igrejas pentecostais, que começaram a demonizar esta religião".

Segundo o babalorixá, dos anos 2000 para cá, a religião afro-brasileira vem ressurgindo. “Até por causa de uma escola muito poderosa, que é a escola paulista que nos ajudou muito na divulgação do culto no Brasil, e hoje está espalhada no país todo, com grande força em São Paulo, Rio de Janeiro e não posso tirar a grande força também que é a do Rio Grande do Sul”, afirmou.

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A preocupação é dividida com o pai Wilker Jorge Leite Filho, do Templo Umbandista Estrela do Amanhã (Tueda), de Bangu, na zona oeste do Rio, para quem a intolerância atualmente não ocorre mais de uma forma velada. “Isso existe, e acho que vai existir sempre. Se estamos em um planeta de prova e expiação, se estamos ainda crescendo aqui no planeta Terra, ainda tem uma mistura muito grande de espíritos com entendimento, espíritos sem entendimento, então, essa ignorância ainda vai existir por muito tempo”, ressaltou.

Ocorrências

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro indicam que, em 2021, houve 33 ocorrências de ultraje a culto religioso em todo o estado do Rio de Janeiro. Em relação a 2020, representa um aumento de 10 casos.

Naquele ano, as delegacias da Secretaria de Estado de Polícia Civil fizeram 1.564 registros de ocorrência de crimes que podem estar relacionados à intolerância religiosa, o que significa mais de quatro casos por dia. No total, estão incluídos os casos de injúria por preconceito (1.365 vítimas); e preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedência nacional (166).

De acordo com o instituto, a injúria por preconceito “é o ato de discriminar um indivíduo em razão da raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedência nacional tem por objetivo a inferiorização de todo um grupo étnico-racial e atinge a dignidade humana”.

“A tipificação criminal é determinada pela ridicularização pública, impedimento ou perturbação de cerimônia religiosa”, destacou o ISP, que tem o objetivo de mostrar para a sociedade que intolerância religiosa é crime e tem que ser denunciada.

Tendas

Outra dificuldade desta religião é saber quantas tendas e casas de santo existem no Brasil. Pai Fernando D’Oxum disse que não tem a informação de quantas estão instaladas no país, mas, atualmente, em São Gonçalo são cerca de 400. O líder espiritual defendeu a realização de uma pesquisa que possa identificar a localização das casas de santo e qual é a população de povos de terreiros de umbanda no país

“Seria maravilhoso se a gente conseguisse mapear, mas por conta da violência, alguns terreiros escolhem ficar absolutamente escondidos, porque têm medo de que, uma vez expostos, esses grupos neopentecostais agressivos possam ir lá e depredar o patrimônio. Tem uma discussão sobre violência a ser feita ainda”, ressaltou.

Segundo Fernando D’Oxum, é difícil verificar o número de umbandistas no Brasil. “As pessoas, em um censo, por exemplo, não dizem que são umbandistas, elas se dizem espíritas, e aí já começa uma grande confusão. Esta tem sido uma batalha nossa para que o umbandista se reconheça como umbandista e não como espírita. Fora os que no censo se dizem católicos, porque têm um acesso mais facilitado.

Para o pai Fernando D’Oxum, a Umbanda é uma religião que nasceu na cidade de São Gonçalo e foi anunciada pelo médium Zélio Fernandino de Moraes, no dia 16 de novembro de 1908, embora, na véspera, o médium tenha feito uma manifestação na cidade vizinha Niterói, data que acabou sendo marcada como Dia da Umbanda.

“É uma religião brasileira que a gente entende como 100% brasileira, com influências do povo indígena, dos hindus e de várias vertentes da religiosidade brasileira e, logicamente, do catolicismo. É uma religião que se predispõe à caridade, à prática de ajuda ao outro e que hoje está presente em quase todos os continentes. Uma religião que avançou mundo à fora”, disse pai Fernando.

Sincretismo

Na visão do babalorixá, a umbanda toma um pouco a vertente da matriz africana do candomblé quando começa a reconhecer e adaptar os orixás, que são os guias, e que chegaram com os negros do povo da áfrica no Brasil.

Além disso, tem o sincretismo, que surgiu da necessidade das pessoas escravizadas associarem um orixá a um santo da igreja católica. Foi assim que São Sebastião é Oxossi, São Jorge é Ogum, Nossa Senhora dos Navegantes e Iemanjá, Nossa Senhora da Conceição é Oxum e Santa Bárbara é Iansã, entre outros. Assim, os escravizados podiam professar a sua fé nas fazendas onde viviam.

De acordo com pai Fernando, o sincretismo vem se modificando ao longo dos anos e, atualmente, algumas casas não fazem mais altares com santos católicos. “Algumas casas de Umbanda não fazem mais sincretismo nos altares, ou seja, os santos católicos em algumas casas já não estão mais presentes nos altares.”

Por considerar São Gonçalo como o berço da umbanda, que é muito poderosa na cidade, diante dos desafios desta religião, o babalorixá propõe a criação de uma lei municipal que determine a inclusão dela no calendário oficial da cidade.

Preservação

Pensando em preservar o patrimônio histórico, a tenda espírita criou o projeto do Museu da Umbanda, que ainda não tem uma sede física, mas vem avançando desde 2009. Pai Fernando destacou que uma peça importante desse patrimônio foi perdida com a demolição da casa do médium Zélio Fernandino de Moraes, em Neves, bairro de São Gonçalo, onde a Umbanda foi anunciada em 1908. A prefeitura da época não realizou a desapropriação do imóvel.

Renovação

A Tenda Espírita São Lázaro não faz iniciação de crianças e adolescentes. Lá, somente aos 18 anos podem ser iniciados, mas antes disso, a partir dos 13 anos podem participar do grupo jovem Bala e Pimenta onde recebem informações sobre a Umbanda e a doutrina espírita.

“A missão do grupo é sempre difundir a nossa doutrina. O que a Umbanda é realmente com seus preceitos tudo que realmente prega até mesmo para nós, jovens, espalharmos no nosso meio o que é a Umbanda realmente e tirar um pouco do preconceito. O grupo é para expandir a nossa doutrina entre os jovens do nosso terreiro”, afirmou o estudante Samuel Salustiano da Costa, 17 anos, o coordenador do grupo.

“Nesse momento, de descobrir o que eu quero ser, qual o caminho que vou seguir na minha vida, a umbanda me ajuda muito nessa fase de jovem, O que a religião passa e mais me representa é a inclusão, o estender a mão a todos, o amor incondicional e a caridade”, revelou Samuel.

O contato do pai Wilker com a umbanda foi com a própria família que seguia esta religião. Com 16 anos ele começou a desenvolver a mediunidade e com 19 anos fez a coroação para babalorixá. “Sempre foi permitido a mim olhar, ter contato com outras crenças religiosas, mas eu já nasci umbandista. Sempre gostei desde pequenininho. Não me lembro com interesse em outras. Pela minha criação e o que meus pais me passaram sempre respeitei, visitei Igreja Católica, protestante por convite, mas a minha convicção sempre foi umbandista”.

Celebrações

A umbanda tem também muito a celebrar pelos seus 115 anos. Para isso, foi elaborada uma longa programação para comemorar sua participação entre as representações religiosas no Brasil.

Em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, a prefeitura, por meio da Comissão da Semana da Umbanda, criada para organizar as celebrações, preparou uma agenda que começou na segunda-feira (13) com o debate Legalização e Justiça - um caminho possível para o fim das violências contra os povos de terreiro. O evento foi realizado na Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), naquele município.

A programação tem ainda a exposição Pelos Caminhos da Umbanda, no hall principal da Câmara Municipal de São Gonçalo, promovida pelo Instituto Carta Magna da Umbanda. A ideia da mostra, que vai até amanhã (16), foi apresentar a construção da religião brasileira de matrizes africanas e indígenas, a partir de suas práticas, ritos, territórios e historicidade.

Também amanhã, às 17h, durante uma sessão solene em homenagem às lideranças da umbanda na Câmara Municipal de São Gonçalo, os homenageados receberão a medalha Zélio Fernandino de Moraes.

Na sexta-feira (17), haverá um show do cantor e compositor gonçalense Altay Veloso, no Teatro Municipal de São Gonçalo, às 19h. A apresentação vai terminar com a bateria da escola de samba Porto da Pedra. Os shows serão gratuitos e sujeitos à lotação.

Encerrando a programação da semana, no sábado (25), será o momento do Encontro dos Povos de Terreiros de São Gonçalo, das 14h às 20h, na Praça Zélio Fernandino de Moraes, Marco Zero da Umbanda, no bairro de Neves. Lá, as homenagens serão dirigidas a lideranças religiosas, com o Banda com Banda, cerimônia de hasteamento da bandeira da umbanda e uma feira de artesanato e gastronomia.

A Rede de Articulação da Jurema Sagrada e Umbanda em Pernambuco (RAJUPE), em parceria com o Instituto Carta Magna de Umbanda - ICMU, celebra os 115 anos da Umbanda no Brasil. As atividades ocorrem no dia 5 de setembro, nas dependências da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco. Na ocasião, os povos de Matrizes afro brasileiras de UMBANDA serão recebidos pelo deputado estadual João Paulo (PT), vice presidente da Comissão de Educação e Cultura da ALEPE, e autor da lei que estabelece o 5 de setembro como DIA ESTADUAL DA UMBANDA EM PERNAMBUCO.

"Pernambuco avança no quesito reparação, enfrentamento às violências simbólicas ao racismo institucional e estruturante da sociedade brasileira e o combate ao racismo religioso”, diz Jorge Arruda, sacerdote de Umbanda e Presidente Estadual da Carta Magna da Umbanda e Diretor Nacional do Instituto Carta Magma de Umbanda.

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Serviço:

ENCONTRO ESTADUAL DA UMBANDA EM PERNAMBUCO E LANÇAMENTO DA LEI ESTADUAL DA UMBANDA EM PERNAMBUCO

DIA 05 DE SETEMBRO 

Auditório Ênio Guerra-ALEPE 

Hora: 14h

Da assessoria

 Neste sábado (13), umbandistas de todo o Brasil comemoram o Dia dos Pretos-Velhos. O termo faz referência aos africanos escravizados no país, que mesmo com suas idades avançadas, usaram a fé e a sabedoria para resistirem ao sistema de escravidão, sendo assim, são comemorados e reverenciados no mesmo dia da Abolição da Escravatura.

Segundo o Babalorixá Pai Alan de Oxalufan (em Iorubá: Òsàlúfón), a população negra de terreiro, se utiliza do dia para cobrar igualdade de direitos, mesmo após 135 anos do fim da escravidão. "Falar sobre esse dia é muito simbólico para nós, pretos e povo de terreiros. Não existe abolição, sem haver a verdadeira liberdade ao povo, sem justiça social, equidade de direitos, saúde, educação, moradia e alimentação. Então essa abolição para de gente não aconteceu. O dia 13 de maio não é dia de negro, e sim, um dia de reinvidicar e lutar por mecanismos que nos der de fato, condições de uma vida digna, e assim, viver a nossa liberdade", afirmou.

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"Falar do dia de hoje é falar de Luís Gama, Maria Firmina, Zumbi e Dandara, que são os verdadeiros abolicionistas da nossa história. Pretos e pretas que lutaram por uma sociedade de pessoas iguais", completou o líder religioso.

Pai Alan comanda junto a sua esposa, a Mãe Zélia da Oya T'Ògún, o terreiro Ilé Asè Oya t'Ògún Dewa, que fica localizado no município de Moreno, na Região Metropolitana do Recife. O local neste sábado está reverenciando os ancestrais negros da religião.

"Lembramos neste dia dos nossos pretos velhos e pretas velhas, homens e mulheres escravizados que lutaram e prepararam o caminho para hoje possamos professar a nossa fé. Se hoje podemos falar da causa negra é porque esses ancestrais prepararam o ambiente para a gente. Eles representam o amor ao próximo, o respeito aos mais velhos e o carinho", salientou.

Essas entidades trabalham sobre o amparo de Omolú, o orixá guardião das almas, e são conhecidas por transmitirem humildade, orientação e força espiritual. Eles possuem uma especialidade em ajudar as pessoas nas questões ligadas à saúde, família e emprego. Além disso, para a tradição africana, eles possuem habilidades que desfazem magias, energias densas e "mau olhado".

A influenciadora digital Juju Salimeni foi ao Instagram, nesse domingo (9), para mostrar um pouco do seu momento de fé na umbanda. Compartilhando fotos de sua visita ao local, ela escreveu: "Fim de semana abençoado cuidando da alma com meus pais e irmãos de santo". Depois que fez a postagem, Juju acabou recebendo uma chuva de críticas.

Diversas pessoas resolveram atacar Juju por conta de sua religiosidade, o que acabou gerando revolta nos seguidores fiéis da beldade. Os fãs da ex-panicat não perderam tempo e trataram rapidamente de defendê-la.

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"Eu sou cristã e sinceramente acho um absurdo as pessoas comentarem 'tá repreendido'. Repreendido o quê, gente? Que falta de respeito com as pessoas. Cada um faz suas escolhas e vive suas crenças de acordo com o que se sente bem, pelo menos deveria ser assim, né? Sejam felizes e parem de se meter na vida alheia. Se não for pra ajudar ou levar uma boa palavra, calem-se", disse uma usuária da rede social.

Confira a postagem de Juju Salimeni:

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A socióloga Rosângela "Janja" da Silva, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), rebateu a publicação da primeira-dama Michelle Bolsonaro que compartilhou, nesta terça-feira, 9, um vídeo em uma rede social em que associa religiões de matrizes afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda, às "trevas". As imagens resgatam a participação de Lula durante um encontro com grupos de religiões africanas em Salvador.

"Eu aprendi que Deus é sinônimo de amor, compaixão e, sobretudo, de paz e de respeito. Não importa qual a religião e qual o credo. A minha vida e a do meu marido sempre foram e sempre serão pautadas por esses princípios", escreveu Janja, esposa de Lula, no Twitter.

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O vídeo foi inicialmente divulgado pela vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos-SP) no Instagram nesta segunda-feira. Nele, Lula aparece diante de uma religiosa recebendo pipoca sobre a cabeça. "Lula já entregou sua alma para vencer essa eleição", escreveu a vereadora bolsonarista. Michelle então recompartilhou no Instagram. "Isso pode, né? Eu falar de Deus, não", questionou.

O município de Sumaré, no Interior de São Paulo, sofre uma onda de intolerância religiosa contra terreiros de Umbanda. Três casas foram vandalizadas desde setembro e fieis estão apreensivos pela falta de uma atuação mais contundente do Poder Público.

Imagens quebradas e roupas de santo rasgadas junto com peles de tambores utilizados nas giras (cultos) descrevem o rastro de destruição deixado nas casas pelos criminosos. As informações são da Folha de S. Paulo.

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"Sumaré está esperando um corpo de um pai ou uma mãe de santo estendido no meio do terreiro, com um tiro no peito, para selar a intolerância religiosa e o racismo religioso", afirmou Fabiana Cavalcanti, dirigente da Casa de Caridade Pai João de Oyó, que fala pela maioria dos pais e mães de santo da cidade. 

Em um intervalo de 90 dias, o primeiro ataque ocorreu na madrugada de 11 de setembro, no Terreiro Oxalá e Iemanjá, no Jardim Bela Vista, onde até o relógio de energia foi arrancado do poste. Menos de um mês depois, na manhã do dia 7 de outubro, o alvo foi a casa espiritual Pai João da Guiné, no Jardim Picerno. O terceiro local foi depredado no início de novembro, mas não chegou a ser invadido. Teve a fachada vandalizada e o toldo removido.

Os relatos convergem sobre a presença de um Chevrolet Corsa, que costuma rondar os terreiros antes dos ataques. A placa foi levantada e consta como um modelo Meriva. "Vários pais e mães reclamaram sobre isso. Disseram que ele passa bem devagar, tira várias fotografias e sai cantando pneu. Estamos bem apreensivos", comentou Fabiana.

Devido ao medo de novos ataques, religiosos começaram a vigiar as casas na tentativa de identificar os criminosos. "Cada casa coloca um dos filhos para vigiar a entrada. É perigoso, mas orientamos para apenas tentar tirar fotos e filmar", apontou a representante.

Os pais e mães de santo destacam que procuraram políticos locais desde a primeira invasão e acionaram o Ministério Público, mas nenhuma ação foi percebida na prática e eles ainda teme pela insegurança.

"É dever do Estado proteger o cidadão e a casa de oração, seja ela católica, evangélica, budista, kardecista, seja de matriz africana. Sentir esse racismo religioso, essa intolerância religiosa comendo a gente vivo, deixa a gente bastante chateado", critica Fabiana.

O Ministério Público comunicou que um inquérito foi instaurado, mas não sabe a quantidade de boletins relacionados à intolerância religiosa que foram registrados desde o ano passado. A justificativa é que o Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo ainda não repassou as informações.

Na quinta (25), o presidente da Câmara Municipal, o vereador William Souza (PT), encaminhou ofícios à Secretaria Municipal de Segurança Pública, ao comandante do 48º Batalhão da Polícia Militar do Interior e ao delegado de Sumaré.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado confirmou a investigação no 2º Departamento de Polícia de Sumaré do caso ocorrido em outubro. "A unidade também investiga um fruto de fios em um centro espírita ocorrido em 11 de setembro. Diligência prosseguem visando a identificação dos autores de ambos os delitos. Quanto ao B.O registrado pela Delegacia Eletrônica, o mesmo foi indeferido por divergências nos dados", complementou.

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Com o tema "sou uma, mas não sou só", o povo de terreiro sai em cortejo pelas ruas da área central do Recife na sua 15ª caminhada. O evento, que marca o início do mês da Consciência Negra na capital pernambucana, começou a sua concentração às 14h no Marco Zero.

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A saída aconteceu às 17h, sendo puxada por baianas e cantos aos orixás, e será encerrada às 20h desta quarta-feira (03).

Mãe Elza, coordenadora da Caminhada dos Terreiros, declara que este é um ano atípico, “mas nós enfrentamos a pandemia e estamos aqui dizendo não ao racismo e não a discriminação religiosa”. Para ela, o povo de terreiro não poderia deixar de estar nas ruas neste mês da Consciência Negra.

“A gente tinha que estar nas ruas e dizer que este mês é importantíssimo, mas não é o único mês que se pode discutir o negro e a negra no Brasil”, salienta. 

Sobre o tema da caminhada, ela destaca que é importante juntar as pessoas contra a intolerância, seja ela de qualquer religião. “Deus não tem religião. Ele está aqui para todos e neste momento ele nos abençoa. Nesta caminhada nós temos judeus, cristãos, todos juntos dizendo não a discriminação religiosa”, diz.

Chacon Viana, coordenador do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira do Recife, aborda que a Caminhada dos Terreiros vem para abrir um mês que é muito difícil, “mas também para provar que as pessoas precisam entender que a gente busca novas possibilidades para o nosso povo, cobrando mais respeito, emprego e cidadania. Precisamos estar juntos, independente de crença, Deus é um só e o inimigo está em todos os cantos”, aponta.

Participando pela décima vez do cortejo, a pedagoga Iramires Aragão, 55 anos, assevera que para desconstruir o preconceito é preciso que o povo preto seja visto. 

“É tempo de aquilombar-se mais do que nunca e nos mostrar. A gente só vai conseguir quebrar essa raiva e esse preconceito que existe se formos vistos. É tempo de estarmos nas ruas mostrando nossa estética a partir das nossas vestes, dos nossos cabelos e dizer que estamos aqui, somos de santo e trago a minha ancestralidade”, acentua.

Ela reforça ainda a pertinência do tema desta 15ª caminhada e garante que Jesus Cristo está presente em todos os lugares. “Ele disse que onde tiver mais de uma pessoa falando meu nome, eu estarei presente. A gente só fala de amor, só fala em Cristo e eu estou aqui para agradecer”, pontua

Quando falamos em São Cosme e São Damião lembramos, na hora, da tradição de distribuir doces para as crianças no dia 27 de setembro. Na família da jornalista Aline Monteiro, isso acontece há muitos anos. A mãe fez uma promessa a esses santos pela saúde dos filhos e, desde então, oferece guloseimas para os pequenos no mês de setembro. A promessa acabou e Aline ainda vai para rua dar continuidade à tradição que a mãe começou anos atrás.

"Hoje em dia já não é mais a promessa, mas a gente continua a tradição. Acredito que mais em agradecimento, à perpetuação, à repercussão da fé que continua. E claro, pedindo mais e mais saúde", conta Aline.

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Mas você sabe como começou esse hábito? Ou até mesmo quem foram esses santos para quem tantas pessoas fazem promessas?

O professor Agnaldo Cuoco Portugal, do Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB), explicou que, na religião católica, Cosme e Damião eram dois irmãos gêmeos, considerados curandeiros - médicos na comunidade onde viviam. 

Para o catolicismo, não havia nenhuma ligação entre os irmãos e as crianças ou a distribuição de doces. Essa prática veio da associação que os escravos fizeram de Cosme e Damião a orixás da umbanda e do candomblé: os Ibejis, filhos gêmeos de Xangô e Iansã.

O professor explicou que, como havia muita repressão na época da escravidão no Brasil aos cultos africanos, os negros precisavam adorar suas divindades sempre associando a algum santo católico. E foi isso que aconteceu com são Cosme e são Damião.

"Naquela época, os escravos africanos não tinham a possibilidade de cultuar os seus orixás, as suas divindades livremente. Eles tinham que fazer essa associação com alguns santos católicos, pra não serem perseguidos. A tradição de dar doces tem a ver com esses dois orixás crianças que foram associados a Cosme e Damião", explica o professor.

Agnaldo Cuoco disse ainda que muitas dos nossos costumes hoje têm relação com a religião, que é um traço muito marcante no Brasil. Locais sagrados, festas e tradições estão sempre muito ligadas a uma história religiosa.

"A religião tem um papel de raiz, de fonte de vários elementos da cultura. Permite a você marcar o dia, por exemplo. Esse dia especial, que está ligado a tal coisa. Ou os lugares, tal lugar é especial, é um templo, é uma catedral, é um terreiro, é uma casa de santo. Então, a religião está ligada à cultura de diversas maneiras", resume o professor.

Em 1969, a religião católica alterou o dia de são Cosme e são Damião para o dia 26 de setembro para não chocar com a data que se celebra são Vicente de Paula. Mas, pela tradição, a maioria das pessoas ainda comemora no dia 27.

A Prefeitura do Recife realizará, nesta terça-feira (21), no Museu da Abolição, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, a 1ª Mostra de Saúde dos Terreiros: práticas de cuidado na saúde. O encontro faz referência ao Dia Nacional de Combate ao Racismo Religioso, presente no calendário brasileiro desde 2007. A data traz o marco da resistência pela liberdade de culto de religião de matriz africana no Brasil.

Das 8h30 às 12h, a mostra contará com apresentações culturais, discussões sobre as religiões de maior expressividade no culto afro-brasileiro, como Candomblé, Jurema e Umbanda, além de pensar estratégias de combate ao racismo religioso na saúde.

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O encontro é promovido pela Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife, através da Coordenação da Política de Saúde da População Negra, e pela Secretaria de Assistência Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos do Recife, através da Gerência de Igualdade Racial. Os principais objetivos são o reconhecimento dos terreiros como espaços de promoção à saúde e o resgate de histórias africanas e afro-brasileiras. Além disso, a Mostra de Saúde nos Terreiros busca desconstruir imagens estigmatizadas do negro e de suas manifestações culturais e religiosas.

A coordenadora da Política de Saúde da População Negra do Recife, Kéthully Silva, explica que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece o preconceito com os cultos afro-brasileiros como racismo religioso, e não apenas intolerância religiosa. “A religiosidade praticada pela população negra é muitas vezes demonizada. Há muito mais violência direcionada às religiões de matriz africana e afro-brasileira do que direcionada às demais religiões que seguem um padrão eurocêntrico. E não se trata apenas de uma aversão à religiosidade em si, mas sim uma coisificação das tradições africanas e afro-brasileiras, não ferindo somente a religiosidade, mas toda população negra, sendo um resquício do racismo”.

*Da assessoria

Há cinco séculos que a Igreja Católica domina a preferência religiosa no Brasil. No entanto, segundo pesquisa do Datafolha, o número de evangélicos (30%) tem se aproximado do número de católicos (50%). Espíritas (3%), adeptos das religiões afro-brasileiras (2%), outras religiões (2%), ateus (1%) e judaica (0,3%) são as religiões que aparecem em seguida. Se juntar todos esses números, além dos evangélicos e católicos, não chega nos 10% das pessoas que dizem não ter religião alguma.

À Folha de São Paulo, o pesquisador em demografia José Eustáquio Alves revela que até 2032 o número de evangélicos pode superar o de católicos no Brasil, já que anualmente, desde 1991, os católicos caíram 1% ao ano, enquanto os evangélicos cresciam 0,7%. 

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A projeção feita pelo pesquisador é que em 2032, a religião evangélica seja a realidade de 39,8% da população, enquanto os católicos se resumiriam a 38,6% da população. "Não sei se este crescimento vai continuar. Não existe nenhum determinismo nesta questão, mas é uma possibilidade que está aberta e os evangélicos podem, sim, ser maioria absoluta lá pelos idos de 2050. O futuro dirá?", indaga José Eustáquio.

Nesta quinta-feira (26) é comemorado o Dia de São Cosme e Damião pelos seguidores da religião católica, já na sexta-feira (27) são os seguidores de religiões de matriz afro que celebram a data. Na maiores dos templos religiosos a festa é regada a muitos doces, que são distribuídos para as crianças.

No processo de sincretismo religioso, os africanos escravizados utilizavam imagens dos santos católicos Cosme e Damião para cultuar, de forma disfarçada, os orixás gêmeos Ibeji, representados como duas crianças. Por isso, no dia dos santos, os terreiros celebram a alegria e a inocência das crianças. “Os devotos desses santos, ao fazerem os pedidos e cumprirem os mesmos, distribuíam doces para sociedade como forma de agradecimento e assim a tradição permanece até hoje” explica o sacerdote umbandista Pai Paulo d’Oxum.

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Na tradição católica, Cosme e Damião foram dois médicos gêmeos que viveram na região conhecida como Ásia Menor entre os séculos III e IV da nossa era. Eles eram caridosos e faziam milagres curando pessoas e animais sem cobrar nada em troca. Por causa da fé cristã, foram degolados por ordem do imperador romano Diocleciano. 

Segundo o sacerdote Pai Paulo d’Oxum, os seguidores da umbanda e do candomblé também fazem distribuições de guloseimas em outras datas comemorativas do catolicismo. “Realizamos o mesmo ato na Páscoa e no Natal, são datas católicas mas respeitamos e a distribuição dos doces acabou sendo incorporada nas religiões de matriz afro”, afirma.

 

 

Realizar oferendas aos orixás é uma prática muito comum entre as religiões de matriz africana, seja para agradecer ou pedir que os caminhos se abram. Porém, muitas pessoas não têm a consciência de preservar o meio ambiente no ato da oferenda, e o que era pra ser um presente ao sagrado acaba sendo um desrespeito.

Pensando nessa situação e em levar a mensagem de preservação da natureza, Mãe Renata Monankulo, realizou um mutirão para limpar os arredores de uma cachoeira próximo a Araçariguama, interior de São Paulo. "Eu fiquei muito triste porque as pessoas não tem cuidado com o meio ambiente. Decidi agradecer as forças da natureza limpando o local para que, quando eu precisar, ele também esteja limpo", explica.

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A ação reuniu 22 filhos da casa Inzo Kaiango, onde Mãe Renata é dirigente e sacerdotisa. Ao todo, foram recolhidos mais de 50 sacos de lixo com diversos resíduos de garrafas, aparelhos de barbear, tecidos, latas de alimentos e diversos plásticos. "O certo é fazer as oferendas de maneira sustentável, em cima de folhas, sem plástico, óleo ou qualquer outro material que possa agredir a natureza, principalmente nos comemorações de final de ano, quando as pessoas costumam agradecer e fazer pedidos para Iemanjá nas praias. Ao invés de oferecer um vidro de perfume, despeje um pouco de alfazema no mar, apenas as pétalas das flores, ou seja, tudo o que a natureza pode decompor", orienta Mãe Renata.

Para o Pai Rodrigo Queiroz, presidente do Instituto Cultural Aruanda, ainda falta educação e consciência ecológica entre os fiéis, além de uma compreensão clara do que significa a religião de culto à natureza em todas as esferas de atuação. "Uma conscientização popular se faz necessária. O equívoco do religioso mal instruído no manejo das oferendas é um reflexo da falta de cultura ecológica nacional", afirma.

 

Uma cadela foi morta a facadas como oferenda por dois homens suspeitos. A polícia encontrou uma carta perto de um prato cheio de sangue dentro da casinha da cachorra, onde um dos suspeitos pedia para que fosse promovido no trabalho e a sua situação financeira melhorasse.

A cadela foi encontrada morta pela equipe da Polícia Militar do Distrito Federal, numa ronda pelo Núcleo dos Bandeirantes, na noite deste último domingo (20). Próximo ao animal estava um homem, sujo de sangue que, depois de ser abordado, entrou em sua residência, onde foi encontrado a tigela com o sangue da cadela e a carta de oferenda.

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Segundo o Correio Braziliense, o suspeito de 27 anos informou aos PMs que o animal havia sido atropelado, o que foi desconfiado pela equipe, já que havia um rastro de sangue de onde o animal estava jogado até a casa dos suspeitos.

Na carta, o suspeito pede para ser escolhido no processo seletivo para ocupar nova função no trabalho e conseguir um aumento no salário. "Peço que abra os nossos caminhos e tire qualquer obstáculo aos nossos projetos, que possamos aumentar nossos ganhos e superar a crise financeira", estava escrito na carta oferendada à um santo da Umbanda. Os dois suspeitos, um jovem de 27 e outro homem de 30 anos, segundo a polícia responsável pelo pedido, assinaram um Termo Circunstanciado de ocorrência (TCO) e foram liberados.

Milhares de católicos reservam o dia 8 de dezembro para professar a fé e prestar homenagens à Nossa Senhora da Conceição. Mas, apesar de ser um dos símbolos da religião católica, pessoas de outras crenças, como a Umbanda e, até mesmo, da religião evangélica, também participam da festa seja lhe prestando homenagem ou trabalhando durante os dias destinados a ela no morro, na Zona Norte do Recife, que recebe seu nome.

Na subida principal do Morro da Conceição, o vendedor Sérgio Pereira comercializa quadros com imagens religiosas há 25 anos. Evangélico, ele não se incomoda em vender imagens de santos católicos; entidades da Umbanda, como Preto Velho; e orixás, como Iemanjá.

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“Os outros crêem em imagens, tudo bem. Cada qual com sua religião”, diz. Ele também revela que os quadros de Preto Velho são os mais procurados pelo público que sobe o morro, seguidos pelos de Iemanjá. “Dezembro é o mês dela, né?”, explica. Ele garante nunca ter sofrido qualquer tipo de preconceito dentro da festa católica por vender seus produtos.

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Interessado em um destes quadros de Preto Velho, o auxiliar de serviços gerais Luciano Araújo, acompanhado pela esposa, Liliane Maria, negociava com o vendedor. O casal é umbandista e Luciano disse gostar muito desta entidade. Mas, apesar de serem da Umbanda, os dois estavam subindo o morro para homenagear a santa católica. Luciano explicou os motivos: “Ela já me fez uma surpresa. Pedi por um emprego, eu confiei nela e ela me deu. Eu gosto de um ‘xangôzinho’, mas essa santa é muito boa”, disse sorridente.

O centro do Recife recebe, nesta quinta-feira (1º), a 12ª edição da Caminhada dos Terreiros de Pernambuco, tradicional cortejo das religiões de matriz africana. O evento tem como objetivo assegurar a visibilidade e o respeito às religiões de matriz africana, como o candomblé, a jurema e a umbanda.

A celebração começa às 14h com concentração no Marco Zero, onde haverá falas de lideranças, danças e cânticos para os orixás. Por decreto instituído em 2015, a caminhada também celebra a abertura do Mês da Consciência Negra. 

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A caminhada seguirá pela Avenida Marquês de Olinda, Ponte Buarque de Macedo, Praça da República, Dantas Barreto, Avenida Guararapes e Pátio de São Pedro. A celebração é promovida pela Associação Caminhada dos Terreiros de Pernambuco, com apoio da Prefeitura do Recife, organização do Movimento Negro Unificado e Ilè Egbe Ase Awo.

Em 2017, a Ouvidoria da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) recebeu duas denúncias relacionadas à intolerância religiosa ou preconceito/racismo. Já neste ano, foram computadas 29 notificações do tipo. Para o governo, o crescimento significa que a ouvidoria está sendo mais utilizada pela população.

“Teatro num terreiro de ‘macumba’”? A estranheza, geralmente, é a reação inicial do público ao convite para assistir a peça Ganga meu ganga, o rei, do Grupo Teatral Ariano Suassuna. A iniciativa de levar a montagem aos terreiros de umbanda e candomblé da Região Metropolitana do Recife (RMR) nasceu exatamente da vontade de desmistificar tais espaços e quebrar esse preconceito naqueles que desconhecem as religiões de matriz africana e seus templos. O grupo está em circulação com com o espetáculo até o mês de novembro e deve percorrer oito cidades da RMR levando sua arte e as mensagens de respeito e tolerância.

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Ganga meu ganga, o rei é uma adaptação do livro homônimo de Albemar Araújo, autor pernambucano e integrante do Grupo Ariano Suassuna, que narra a história da disputa da coroa do maracatu herdada por uma filha do orixá Iansã. A primeira montagem do espetáculo ocorreu em 2010 e, agora, ele vai até os espaços sagrados da religião de matriz africana como uma forma de oportunizar aos seus frequentadores, e demais pessoas das comunidades ao entorno, um momento de arte e reflexão. “Inicialmente, as pessoas são movidas pela curiosidade. Quem não conhece costuma achar que ali é um lugar de negatividade. Mas, na verdade, é um lugar tão sagrado quanto qualquer outro templo religioso. A falta de sensibilidade, por não conhecer, não deixa elas verem isso”, diz Albanita Almeida, diretora do espetáculo e atriz.

Além do uso do chão dos terreiros como palco, para que aconteça uma desmistificação em relação às religiões de matriz africana, toda peça gira em torno desse universo. O cenário, o texto e a música, executada ao vivo, remetem a elementos presentes no candomblé, como detalhes sobre cada orixá, seus cânticos e gastronomia, entre outros. O objetivo é estimular o respeito às diferentes crenças através do conhecimento. “A gente quis despertar isso nas pessoas. Essa é a maneira para entender a diversidade religiosa que existe no nosso país.”, afirma Albanita.

Arte como ferramenta

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Sagrado

Dentro do grupo, apenas os atores Manoel Teixeira e Alisson Arruda, que também é sonoplasta, fazem parte da religião de matriz africana mas, apesar de professarem diferentes fés, todos acabam impactados pela energia dos locais por onde passam. “No teatro, o palco é um espaço sagrado. Quando estou num terreiro, estou exatamente neste palco sagrado“, diz Albanita, que é católica. Ela representa uma mãe de santo na trama e confessa que os espaços são primordiais para a composição de sua personagem.

Sobre a resposta do público, e dos frequentadores das casas onde o espetáculo é encenado, a diretora garante ser sempre positiva. Após cada apresentação é realizado um debate no qual a plateia pode fazer questionamentos e colocar suas percepções. O resultado tem, sido bastante satisfatório: “Onde chegamos somos abraçados”.

Próximas apresentações

Sábado (22) | 19h

ILÊ AXÉ OMÔ OGUNDÊ

Travessa Joaquim Távora, 794

PAULISTA/PE

Gratuito

29 DE OUTUBRO | 19h

EREM PROFESSORA EURIDICE CADAVAL

Avenida Frei Serafim,262, Centro- Itapissuma/PE

05 de Novembro | 19h

CENTRO ESPÍRITA SÃO JERÔNIMO ILÊ AXÉ DE XANGÔ

Rua Granito, 761,Cajueiro Seco, Jaboatão dos Guararapes/PE

12 de Novembro | 19h

ILÊ OGUIAN OLABOMAXÓ

Rua Malaquias Felipe da Costa, 11, Fragoso, Olinda/PE

Gratuito

26 de novembro | 19h

CENTRO CULTURAL ESTRELA DE LIA

Avenida Benigno Cordeiro Galvão, s/n, Praia de Jaguaribe, Ilha de Itamaracá/PE

Gratuito

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Motivado pelo crescente número de ataques aos praticantes de religiões de matriz africana, o candomblecista Léo Akin Olakunde, junto com um amigo e a namorada, criou um aplicativo chamado Oro Orum- Axé eu respeito. A ferramenta recebe denúncias de intolerância religiosa e está disponível para os sistemas Android e iOS. Tem até a opção de SOS para a vítima chamar por socorro e o uso é totalmente gratuito.

Nos últimos dois meses, o estado do Rio de Janeiro registrou ataques a 32 terreiros, sendo que oito aconteceram em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Alguns casos foram registrados em vídeo pelos próprios agressores que, na cidade em questão, eram traficantes que se auto denominavam evangélicos. Nova Iguaçu é o município carioca com a maior concentração de terreiros.

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A iniciativa foi inspirada em um aplicativo apresentado no Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro que serve para os moradores denunciarem casos de abuso e violência policial. É possível enviar vídeos, fotos e textos nas denúncias. “Precisamos de políticas públicas, mas também de segurança para as vítimas denunciarem”, afirmou o criador do aplicativo.

O Grupo Teatral Ariano Suassuna, de Igarassu, abre temporada de encenações do espetáculo 'Ganga meu Ganga, o rei', por oito terreiros de Candomblé e Umbanda da Região Metropolitana do Recife. Com o propósito de desmistificar o preconceito religioso e difundir a influência africana no Estado, o espetáculo é aberto a todos os públicos. As apresentações serão seguidas de debates com a plateia e contarão com intérprete de libras.

Com oito atores em seu elenco, 'Ganga meu Ganga, o rei', tem como palco os próprios espaços religiosos. Em cena, os personagens falam de romance e drama dentro da perspectiva da religião de matriz africana. No próximo domingo (8), a encenação será no centro Espírita Palácio de Iemanjá, em Araçoiaba. Em seguida, o circuito passará por por Abreu e Lima, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista e Itamaracá, sempre aos domingos, até novembro.

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Programação

Domingo (8) | 19h

CENTRO ESPÍRITA PALÁCIO DE IEMANJÁ

Rua João José De Freitas, Nº 40, Centro.

ARAÇOIABA/PE

Gratuito

15 DE OUTUBRO | 19h

AXÉ LAYRA OMIM KAIA LOFIMRua transamazônica, nº 575

ABREU E LIMA/PE

Gratuito

22 DE OUTUBRO | 19h

ILÊ AXÉ OMÔ OGUNDÊ

Travessa Joaquim Távora, 794.

PAULISTA/PE

Gratuito

29 DE OUTUBRO | (a definir: local e horário)

OLINDA/PE

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Modelar, esculpir, pintar e seguir fielmente os formatos de cada imagem religiosa - tudo com bastante atenção. Esses são apenas alguns dos inúmeros processos para criação de objetos místicos que são procurados por milhares de religiosos. Cada um deles, independentemente da crença que representa, possui uma carga de significado e beleza pelas cores, formato e tamanhos.

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Criar representações religiosas que possuem toda essa singularidade, através das imagens que são veneradas por milhares de pessoas, é uma realidade vivenciada por Adriano Alves desde os sete anos de idade. Hoje com 43, a história familiar do artesão se confunde diretamente com a profissão que ele segue, de ‘santeiro’, produzindo imagens de santos católicas e de orixás do candomblé. 

O ensinamento veio do pai, responsável por desde cedo guiar os passos do filho, que aos poucos começou a fazer suas peças. “Meu pai sempre fez tudo. Ele sempre foi o meu grande exemplo para mim porque não tive minha mãe ao lado, que acabou abandonando a família. Com ele, aos poucos aprendi a fazer muita coisa que sei e pratico atualmente”, fala o artesão, satisfeito.

Morador do bairro de Água Fria - Zona Norte da cidade do Recife -, Adriano revela que a família o ajuda e a filha, com oito anos, também já tem interesse pela produção. “Minha família cresceu vendo isso, então é comum eles ajudaram até dentro de casa. Minha filha, por exemplo, auxilia como pode e é sempre muito curiosa, como eu era”, relata.

Independente da crença, Adriano produz em grande escala santos católicos e imagens de orixás. Quando questionado se a sua religiosidade influência em sua produção, ele responde de forma simples, “Eu acredito em Deus e apenas faço!”, confira a seguir a entrevista com o artesão que explica o processo.

Trabalhando também em uma fábrica de produção de imagens religiosas, Arilson Cabral, de 43 anos, se dedica à confecção de Ilú - instrumento utilizado no Candomblé e na Umbanda. Para ele, que já seguiu a religião de Umbanda, construir essas peças tão representativas é um mérito que foi conquistado aos poucos. Segundo Arilson, ele trabalhava em uma ferragem quando foi convidado para a fábrica. “Eu era ferreiro e casualmente o dono na empresa perguntou se eu gostaria de trabalhar com carteira assinada. Com esse convite, não tive dúvida. Mesmo sem nem saber como fazer, tentei e persisti por dois meses e há doze anos estou aqui”, conta o senhor ao LeiaJá.

Cabral fala que respeita todo tipo de doutrina e que o maior prazer de trabalhar produzindo ilús está na satisfação de levar o sustento para casa e manter a família.

Diferente dos dois, a dupla de amigos Francisco Buarque e Pedro Pettrus utiliza a crença espiritual para produzir as próprias peças. Depois de trilharem caminhos distintos, eles se reencontraram e formaram uma parceria que está rendendo uma satisfação que vai além do plano material, através da Oficina de Artes Govinda.

De seguimento distinto à arte, o administrador Francisco, de 47 anos, buscou na arte religiosa o refúgio para encontrar o seu próprio eu, e difundir sua crença através de peças que representam o Santíssimo e obras exotéricas. No terraço de sua casa e no quintal é possível observar e sentir a energia de sua religiosidade.

Em entrevista ao LeiaJa.com, Francisco conta que o que o levou a trabalhar com a arte foi a procura do respeito à mãe natureza, à espiritualidade e a busca da felicidade. Para isso, ele encontrou na Mata do Uchôa, juntamente com o amigo Pettrus, objetos que começaram a ser utilizados na produção de arte.

Segundo o seu sócio Pedro Pettrus, a mata se transformou em um ambiente de comunhão e troca. Os artistas utilizam o bambu da região, mas atuam no reflorestamento do local e interagem com os moradores do Uchôa. O artista Pedro Pettrus, que trabalha com arte há mais de 20 anos, conta que a parceria está conseguindo unir trabalho com a espiritualidade.   

As religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, celebram hoje (27) o dia de São Cosme e São Damião. Os gêmeos nascidos na região da Arábia Saudita eram médicos formados na Síria e pertenciam a uma tradicional família cristã. Foram perseguidos e mortos pelo Império Romano no século IV e beatificados 200 anos mais tarde. No catolicismo, a data oficial é o dia 26 de setembro e, com a vinda de escravos africanos e o choque cultural com os colonizadores, a data também passou a ser celebrada pelo Candomblé e Umbanda.

Para os católicos, a data é importante porque celebra a data de nascimento dos irmãos que abandonaram as “riquezas” materiais em troca da sua filosofia: atender pacientes gratuitamente em troca de disseminar o cristianismo. Para os africanistas, a data representa a oportunidade de celebrar os Erês ou Ibejis que denominam essas duas entidades, infantis, alegres e festeiras, que têm uma relação muito próxima com os orixás.

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Gabriel Avelar, 20, umbandista desde os 11, destaca que o que mais o atrai nas festividades é a oportunidade de fazer o bem a outras pessoas através da entidade que materializa. “As crianças que nos visitam (espiritualmente) no terreiro, manifestam uma alegria e um amor que é inexplicável. Então, emprestar seu corpo físico para uma manifestação como essa, não tem preço”, afirmou. A celebração também inclui auxilio psicológico e espiritual para pessoas com problemas emocionais.

Por Wagner Silva

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