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O lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, afirmou em sua delação premiada que a manutenção do engenheiro Nestor Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobras era sustentada pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) - preso na quarta-feira passada sob suspeita de tentar barrar as investigações da Operação Lava Jato.

Fernando Baiano, supostamente ligado ao PMDB, é acusado de ser um dos operadores de propina no esquema de corrupção instalado na estatal petrolífera entre 2004 e 2014.

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Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, em 9 de setembro deste ano, o lobista citou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu como parte das negociações para a indicação de Cerveró ao cargo. Segundo Baiano, ele e o ex-diretor tinham uma "relação de amizade".

"De acordo com informação repassada ao depoente pelo próprio Nestor Cerveró, ele foi nomeado para a Diretoria Internacional da Petrobras, em 2003, por indicação de Delcídio Amaral. Pelo que o depoente sabe, a indicação e nomeação de Nestor Cerveró foram tratadas com o então ministro da Casa Civil José Dirceu. Na época se dizia que todas as nomeações de diretores da Petrobras passavam pela Casa Civil da Presidência da República", diz o depoimento.

O delator declarou que Cerveró ligou para ele e contou sobre a indicação para a diretoria. "Pelo que o depoente sabia, a permanência de Nestor Cerveró no cargo era sustentada por Delcídio Amaral", disse.

Baiano disse ao Ministério Público Federal que "não tomou conhecimento de um repasse periódico" de valores da Diretoria Internacional da Petrobras para o senador.

'Negócios pontuais'

"O depoente acredita que apenas negócios pontuais levados por Delcídio Amaral para a Diretoria Internacional possivelmente geravam para ele alguma vantagem financeira indevida", afirmou, sem especificar quais seriam os negócios e os valores.

Nestor Cerveró e Fernando Baiano já foram condenados em processos na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. Em uma das ações, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato na primeira instância, impôs 12 anos e 3 meses de prisão para ex-diretor da Petrobras. O lobista pegou 16 anos. Em sua primeira condenação, Cerveró foi recebeu pena de 5 anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro na compra de um apartamento de luxo em Ipanema, no Rio.

O lobista deixou a cadeia, no Paraná, há duas semanas. Fernando Baiano ficou preso por um ano. O ex-diretor Cerveró está preso desde janeiro deste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, marcou para a sexta-feira (4) reunião extraordinária da Comissão Executiva Nacional da sigla para definir o futuro do senador e ex-líder do governo Delcídio Amaral (PT-MS), preso na semana passada sob acusação de tentativa de obstrução no andamento das investigações da Lava Jato. Em editorial divulgado no site do PT, Falcão reitera as críticas ao senador e diz que seu julgamento será político, pautado pelo Estatuto e Código de Ética da legenda. "Visto que, do ponto de vista penal, incube ao Ministério Público e ao STF dar seguimento ao inquérito e posterior denúncia, assegurados ao senador o devido processo legal e a ampla defesa".

No editorial, Falcão reitera as críticas ao senador petista, dizendo que é inquestionável que ele traiu a confiança do PT, do governo Dilma, de quem era líder no Senado, e frustrou o seu próprio eleitorado. "Todos sabemos que há uma seletividade nas investigações da Lava Jato, como também são nítidas as manobras para criminalizar o PT como instituição", diz o presidente do Partido dos Trabalhadores, argumentando que há morosidade e parcialidade nos casos do mensalão do PSDB e no escândalo conhecido como trensalão em São Paulo. E volta à carga: "Nada disso, contudo, exime o senador do delito de usar seu cargo em benefício próprio, com prejuízos para o PT, o governo e o próprio País, sobretudo ao cogitar o suborno e a fuga de um criminoso que estaria colaborando com a Justiça."

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Na sexta, a Executiva petista vai tratar da abertura de um processo disciplinar contra o senador, com base no que Falcão classifica de comportamento antipartidário e antiético. Segundo informações de membros da legenda, a decisão, contudo, terá de passar pelo crivo do Diretório Nacional, que é a instância que dará a palavra final sobre o futuro do senador petista.

No texto divulgado no site da legenda, Rui Falcão diz que embora haja controvérsias sobre se a Suprema Corte poderia ordenar a prisão de um senador sem que estivesse configurado o flagrante de um crime inafiançável, o Senado Federal decidiu validar essa decisão. "Trata-se de tema complexo, que envolve interpretações da Constituição, mas ao PT interessa separar o joio do trigo." Em outro trecho, defende-se das críticas que recebeu pela nota de repúdio a Delcídio, divulgada após a sua prisão, classificando-as de injustas.

"A Constituição assegura aos parlamentares imunidade para defesa de ideias, programas e atividades político-partidárias, porém, não se pode estendê-la a prática de atos delituosos, hipótese em que a imunidade, inviolável, converte-se em impunidade, a ser combatida sempre. Se queremos fazer recuar a ofensiva conservadora desfechada contra o PT, urge também combater, com rigor, o oportunismo, o personalismo e o relaxamento da vigilância contra comportamentos antipartidários que vicejam entre nós", justifica o presidente nacional do PT.

O presidente do PT Municipal em São Paulo, Paulo Fiorillo, afirma que a prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), ocorrida na quarta-feira (25), em uma operação da Polícia Federal, causa preocupação pelo impacto que terá nas eleições do ano que vem.

A reeleição de Fernando Haddad é prioritária para o partido. Desgastado com a Lava Jato e com a baixa popularidade da presidente Dilma Rousseff, manter o governo na maior prefeitura do País seria uma vitória importante para os petistas. "É óbvio que foi algo impactante e que estamos acompanhando para entender exatamente o que aconteceu e os desdobramentos. Estamos preocupados como todo mundo está", disse Fiorillo ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado.

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Para o dirigente, o PT e a futura campanha de Haddad devem reforçar o diálogo com a população para separar o que são erros de indivíduos da instituição Partido dos Trabalhadores. "Se tem pessoas que erraram, elas vão ser punidas, mas tem que separar da instituição que é o partido, que promoveu políticas públicas importantes no País e aqui na capital. Esse é o legado do PT", afirmou.

Entre outras obras da gestão, Fiorillo acredita que Haddad deve citar medidas de combate à corrupção como uma vacina contra o discurso de que o PT está marcado por casos de desvios éticos. "Além das políticas públicas que mudaram a vida das pessoas na cidade, como ações na área da saúde, mobilidade, o passe livre para estudantes de baixa renda e desempregados, o Haddad implantou a Controladoria (Geral do Município), entre outras medidas de combate à corrupção. Isso vai ser um diferencial."

Fiorillo admite que será difícil construir esse discurso para o eleitorado, mas acha factível, apesar do que chama de campanha da mídia pelo desgaste da legenda. "Claro que não é fácil dialogar com todos e tem uma parcela da sociedade que pode não ter o mesmo entendimento de separar as coisas, mas com toda a crise o PT ainda tem a marca do legado social", defendeu.

Afastamento do partido

O petista disse não ver um afastamento de Haddad do partido para se descolar do desgaste da legenda. "A imagem do PT preocupa, mas ainda é o partido com maior recall entre o eleitorado, com toda a crise", disse. E destacou que Haddad tem dialogado com o PT municipal.

O dirigente admite que secretários e pessoas de confiança de Haddad podem estar traçando estratégias para o ano que vem separadamente do partido, mas considerou o movimento natural. "Pode até haver estratégias se desenhando separadamente, porque existem visões diferentes. Ainda não sentamos todos na mesma sala, na mesma mesa, até o ano que vem isso vai se alinhando."

No depoimento prestado anteontem à Polícia Federal, em Brasília, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), também mencionou o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, filiado ao PT.

Delcídio disse que, em conversa com o ministro da Justiça, comentou com Cardozo "que possivelmente haveria decisão favorável a Marcelo Odebrecht (empreiteiro preso desde 19 de junho na Lava Jato) em habeas corpus que tramitava no Superior Tribunal de Justiça".

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O senador relatou ainda suposta "preocupação de Michel com Zelada". "(Delcídio) Se referiu ao vice-presidente Michel Temer que, segundo informações que se tinha na época, mantinha relação com Jorge Zelada (ex-diretor da Petrobrás, sucessor de Cerveró, que também foi preso na Lava Jato)", registrou a PF.

A PF quis saber das relações de Delcídio com o banqueiro André Esteves. Num primeiro momento do depoimento, o senador disse que "não se via em condições de afirmar se o André citado no diálogo é o empresário André Esteves". Em seguida, quando o delegado federal mostrou a ele trecho do diálogo gravado por Bernardo Cerveró, à altura de 27 minutos e 14 segundos até 28 minutos e 24 segundos da gravação, em que faz menção a "André" e a "banqueiro", Delcídio confirmou que se tratava efetivamente de André Esteves. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse à Polícia Federal que em 2003 foi consultado pela então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff "acerca da possível nomeação" de Nestor Cerveró para a Diretoria Internacional da Petrobras. Na ocasião, Delcídio cumpria seu primeiro mandato no Senado.

Seu depoimento de anteontem foi dado na sede da Polícia Federal, onde está preso, em Brasília. "A então ministra Dilma já conhecia Nestor Cerveró desde a época em que ela atuou como secretária de Energia no governo Olívio Dutra (1999-2002), no Rio Grande do Sul", afirmou o senador. "Como a área de exploração de gás era bastante desenvolvida naquele Estado, havia contatos permanentes entre a Diretoria de Gás e Energia da Petrobras e a Secretaria comandada pela Dilma Rousseff", disse.

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O senador afirmou que "se manifestou favoravelmente" à indicação de Cerveró para o cargo "em face da experiência que (eles) tiveram conjuntamente no âmbito da Diretoria de Gás e Energia" da Petrobras. Cerveró era então gerente subordinado a Delcídio. O senador disse que em 1999 foi nomeado diretor de Gás e Energia da estatal petrolífera "atendendo a convite do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso".

Ele foi preso na quarta-feira sob suspeita de tentar barrar as investigações da Operação Lava Jato. Segundo a Procuradoria-Geral da República, em conluio com o advogado Edson Ribeiro, ele pretendia comprar o silêncio de Cerveró, preso e condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. O temor do senador, segundo a Lava Jato, é de que o ex-diretor o implique em temas suspeitos, como o da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que gerou prejuízo de US$ 792 milhões, segundo o Tribunal de Contas da União.

Outros dois delatores, Paulo Roberto Costa e Fernando Soares, o Fernando Baiano, já o citaram. Baiano disse que o petista recebeu US$ 1,5 milhão em propinas do esquema de corrupção instalado na Petrobras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), teria ficado chateado com as críticas que o ex-presidente Lula fez sobre ele, após a prisão do senador na última quarta-feira, 25, sob acusação de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. Delcídio ficou sabendo por visitas que Lula tinha classificado seu comportamento como uma "grande burrada" e expressou que não gostou das declarações.

Como mostrou o jornal O Estado de S.Paulo, durante almoço ontem na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em São Paulo, Lula mostrou perplexidade com a atitude de Delcídio de oferecer a familiares e advogados do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró dinheiro e ajuda para o ex-diretor fugir, em troca de não mencionar seu nome em delação premiada. Para o ex-presidente, Delcídio é um político experiente e sofisticado, que não poderia ter se deixado gravar de forma simples como foi feito pelo filho do ex-diretor, Bernardo Cerveró.

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Lula só deve sair em defesa de Delcídio se o senador apresentar uma defesa consistente sobre o ocorrido. Segundo pessoas próximas, o ex-presidente considera que a atuação do senador preso causou constrangimento para o governo e para o PT. Na manhã de ontem, durante o evento sobre redução da desigualdade social promovido pelo Instituto Lula, CUT e Fundação Friedrich Ebert, o petista preferiu ficar calado, apesar da insistência de outros participantes para que abordasse o tema em um de seus discursos.

Em setembro de 2006, a apenas duas semanas do primeiro turno das eleições gerais em que Lula foi reeleito, integrantes do Partido dos Trabalhadores foram presos pela Polícia Federal, em um hotel de São Paulo, ao tentar comprar um dossiê contra o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Tentando minimizar o episódio, o então presidente Lula afirmou que aquilo era obra de "um bando de aloprados", expressão pela qual o caso é lembrado até hoje.

Dieta

O líder do governo no Senado continua preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Portador de doenças como gastrite e diabetes, Delcídio está se alimentando com dieta especial, com restrições a carne vermelha, vísceras e frutos do mar. A dieta é oferecida pela própria PF. Como parlamentar, o petista possui a prerrogativa de ser mantido em sala especial. Investigadores afirmam que o senador tem se mostrado tranquilo.

A prisão de Delcídio Amaral (PT-MS) já traz implicações negativas para o governo. Com reunião do Congresso Nacional cancelada em razão da detenção do senador, o principal prejuízo foi o adiamento da votação sobre a nova meta fiscal. Outras pautas prioritárias e ligadas ao ajuste do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também seguem prejudicadas. Dentro da bancada do PT, a ordem é não perder o ânimo e correr para aprovar o que for preciso.

"O esforço é não deixar nada parar, tocar e concluir o ano apontando as saídas da economia para entrar em 2016 com outro clima, outras condições", afirmou Paulo Rocha (PT-PA). Para o senador, Delcídio dialogava com a oposição e demais setores da máquina política, mas outros articulares estão preparados para dar sequência às pautas de interesse do governo.

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A estratégia é dar espaço a outros nomes que já participavam da articulação. "Naturalmente, o Delcídio sempre dava uma ajuda em questões do orçamento, mas o grande articulador no Congresso é o (José) Pimentel (PT-CE)", argumenta Humberto Costa (PT-PE). Outros senadores que devem assumir protagonismo são os peemedebistas Romero Jucá (RR) e Eunício Oliveira (CE). Recém-chegado ao partido da base, Blairo Maggi (PR), também tem bom trânsito com demais parlamentares.

Prioridade

A meta fiscal é a maior preocupação do governo atualmente. Correndo o risco de ter as contas reprovadas novamente e estar suscetível a pedidos de impeachment, a presidente Dilma Rousseff buscava um relaxamento da meta que, em vez de superávit, lhe permitisse um déficit de R$ 119,9 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Palácio do Planalto avalia que terá de recomeçar do zero a recomposição da sua base aliada após a prisão do líder do governo, senador Delcídio Amaral (PT-MS). No governo, a impressão é que a articulação ficou totalmente combalida e será preciso agir muito rápido porque em pouco mais de 20 dias o Congresso vai entrar em recesso. Até lá, o Planalto precisa aprovar a nova meta fiscal de 2015, para que Dilma não corra o risco de descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, realimentando as discussões do impeachment.

Depois de um bom tempo sem se falar direito, o episódio fez com que Dilma e o vice-presidente Michel Temer acabassem conversando nesta quarta-feira, 25, sobre os problemas que vão enfrentar daqui para a frente. A avaliação era de que Delcídio, neste momento, havia se tornado uma peça fundamental em toda a articulação para aprovação de medidas consideradas fundamentais para o ajuste fiscal.

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Dilma embarca na noite de hoje para uma viagem de uma semana fora do País. Temer estará à frente da Presidência e terá ajudar na composição na semana que vem. Os dois precisam estar alinhados.

Novo líder

No meio deste turbilhão, ainda atônita, a presidente busca um novo líder do governo. Não quer que o nome seja do PT, como insistem em exigir os petistas. O Planalto chegou a pensar em anunciar o senador Wellington Fagundes (PR-MT) como substituto de Delcídio, mas a presidente preferiu adiar a decisão porque quer conhecê-lo melhor, enquanto aguarda também as tradicionais checagens da vida pessoal do parlamentar.

Chegou-se a cogitar a possibilidade de o senador, que está fora do País, ser convidado para acompanhá-la em um dos trechos da viagem da semana que vem, para que eles possam conversar melhor. Não há, porém, nada decidido porque o governo também avalia outros nomes.

Enquanto isso, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, passou o dia em reunião com parlamentares da base, trabalhando para reconstruir o que tinha sido tão duramente colocado de pé e que foi totalmente destruído com o "tsunami Delcídio". O governo, que tinha conseguido um fôlego no Congresso com parceria entre Berzoini e Jaques Wagner, na Casa Civil, se viu completamente sem energia depois das prisões.

O Planalto continua avaliando que Delcídio cometeu erros crassos e inadmissíveis. "Uma lambança", na avaliação de um dos interlocutores da presidente, o que impediria qualquer tentativa de defendê-lo. Mesmo sabendo da possibilidade de o senador fazer delação premiada, o governo não vai trazer o problema para si e descarta trabalhar em prol do seu ex-líder. A estratégia é evitar, ao máximo, que a nova crise política prejudique ainda mais a já abalada imagem de Dilma.

Interlocutores da presidente avaliam ainda que a prisão de Delcídio não trouxe para o governo apenas problemas políticos e econômicos. O episódio, na opinião de auxiliares, fechou totalmente as portas do Judiciário para o Planalto a qualquer movimento e conversas que eventualmente precisassem ocorrer. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ator e produtor Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, foi saudado como "herói nacional" nas redes sociais, mas também acusado de ser "farinha do mesmo saco". Ele é responsável pela gravação da conversa que levou à prisão o senador Delcídio Amaral (PT-MS), o banqueiro André Esteves, presidente do Banco BTG Pactual, e outros alvos da Operação Lava Jato. Seu pai está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

Em seu perfil no Facebook, as postagens eram positivas, bem como algumas menções no Twitter. "Je suis Bernardo Cerveró! Possivelmente o cara que pode ter mudado o curso da história do Brasil!", escreveu um internauta no microblog.

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Já na página do grupo de ex-alunos do colégio particular carioca onde o ator estudou, um post de desagravo à denúncia dividiu os internautas. "Bernardo Cerveró, que se expôs e botou o primeiro senador em exercício de mandato na cadeia, que fez o Senado passar por esse constrangimento no dia de hoje (anteontem), é ex-aluno do CSVP (Colégio São Vicente de Paulo)! Obrigado, Bernardo!", diz a primeira mensagem no grupo.

Em tom contrário, outro participante do grupo escreveu: "Só fez isso pra defender o pai bandido. É tudo farinha do mesmo saco".

Reação

Bernardo começou a estudar teatro no colégio, onde o professor Almir Telles dava aulas extracurriculares na década de 1990. O ator e diretor Diogo Vilela disse que foi surpreendido pela iniciativa de Bernardo, com quem já trabalhou.

"Estamos neste momento do Brasil vivendo na encruzilhada dos riscos. Todo mundo está precisando resolver o que está acontecendo no País. E essa foi a medida que ele encontrou. E surpreendeu a todo mundo, acho que até aos familiares. Porque foi um gesto definitivo para uma pessoa", declarou Vilela ao Estado.

Bernardo foi o produtor executivo da peça "Ary Barroso, do Princípio ao Fim", escrita, dirigida e encenada por Vilela. Ele também foi dirigido por Vilela na peça Jornada de Poema, em que o filho do ex-diretor da Petrobras atuou com a atriz Glória Menezes. "Foi um convívio super afetivo, ele sempre com a filha. É um produtor excelente", afirmou Vilela. O ator acrescentou que já não mantinha contato com Bernardo quando apareceram as primeiras denúncias contra Cerveró.

No colégio, os colegas lembram de Cerveró como "boa-praça", que não ostentava riqueza. No Rio, a instituição é famosa por atrair famílias de perfil mais progressista. Seus alunos e professores tiveram participação ativa na militância contra a ditadura militar e nos protestos pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor - que foi aluno do colégio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A oposição resistiu, mas acabou decidindo encabeçar a apresentação de uma representação no Conselho de Ética do Senado contra o líder do governo na Casa, Delcídio Amaral (PT-MS).

Diante da possibilidade de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também investigado na Operação Lava Jato, protelar o acionamento do colegiado para dar início ao processo de cassação do mandato, partidos de oposição decidiram esperar até terça-feira para agir. Antes reticentes, líderes de PSDB, DEM, PPS e Rede conversaram na tarde de ontem e traçaram o "plano B" por "prudência", como disse um dos líderes.

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Aliados de Renan o aconselharam a protelar ao máximo a representação contra o senador preso na manhã de anteontem, após ser flagrado em uma gravação articulando um plano de fuga para Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobrás preso desde janeiro, para impedir que ele fechasse acordo de delação premiada.

"Se a Mesa não fizer a notificação da decisão do plenário ao Conselho de Ética, vamos fazer na terça-feira", disse o líder o PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB). Para ele, não é necessário esperar a denúncia da Procuradoria-Geral da República, pois as provas já reveladas são suficientes para que façam a representação.

Horas antes, no entanto, a postura da cúpula tucana era de cautela. "Estamos aguardando que a presidência do Senado Federal faça o que achar mais adequado", disse o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), no início da tarde de ontem. Questionado sobre a possibilidade de Renan não acionar o conselho, o tucano disse que, só então, discutiriam o assunto. "(Se Renan não representar), aí vamos discutir se nós o faremos, o conjunto das oposições. Mas me parece que este começa a ser consenso no Senado Federal: o comunicado feito ao Supremo chega também ao Conselho de Ética", afirmou Aécio.

Amizade

Nos bastidores, deputados e senadores de oposição diziam que, por amizade, ninguém queria dar início ao processo de perda de mandato do petista. Considerado "o mais tucano dos petistas", Delcídio já foi filiado ao PSDB e ocupou uma diretoria da Petrobrás durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. "Do ponto de vista pessoal, lamento a prisão do senador Delcídio. Mas, do ponto de vista institucional, ela me pareceu necessária", afirmou Aécio. "Nem nós da oposição poderíamos imaginar o tamanho dessa máfia, ninguém poderia pensar isso do Delcídio", declarou o tucano em entrevista à Rádio Jornal, do Recife.

Após reunião da executiva do PSDB, Aécio Neves também cobrou nesta quinta um posicionamento da presidente Dilma Rousseff sobre a prisão do líder de seu governo no Senado. Ele classificou o silêncio de Dilma como algo "extremamente grave e incompreensível" diante das denúncias. "É incrível que a presidente da República não se manifeste, como se não tivesse absolutamente nada ver com isso, como se os delatores presos, réus confessos e já condenados, como o caso do Cerveró, não tivessem sido indicados pelo seu governo." O senador lembrou do período eleitoral para fazer críticas à presidente. "A presidente da República, tão afeita, na época eleitoral, às cadeias de rádio e televisão para comemorar qualquer feito ou suposto feito do seu governo, é incompreensível e reprovável que ela não olhe nos olhos dos brasileiros, em primeiro lugar, para admitir a sucessão de equívocos do seu governo, e, agora, para explicar aos brasileiros a sua responsabilidade em relação a estas denúncias."

Aécio também reprovou a nota divulgada pela cúpula do PT, eximindo-se de prestar solidariedade ao congressista. "Um dos mais sórdidos documentos que demonstram a falta de coragem de um partido político que é o primeiro a virar as costas para o seu líder", disse o senador. "A nota lançada pelo PT, além de inoportuna e covarde, como disse o presidente do Senado (Renan Calheiros, PMDB-AL), vai ficar escrito como um dos mais deprimentes momentos deste parido que, na minha avaliação, vive seu estertores", completou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) afirmou nesta quinta-feira (26) à Polícia Federal, em Brasília, que pretendia "ajudar" o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró a sair da prisão por "uma questão humanitária". Delcídio prestou depoimento na Superintendência da PF, onde está preso preventivamente desde anteontem. Ele negou que buscasse impedir Cerveró de fazer acordo de delação premiada.

Segundo o senador, ele disse a Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, que iria ajudar o ex-diretor "apenas por uma questão humanitária", com o intuito de confortar Bernardo. No entender da Procuradoria-Geral da República, no entanto, Delcídio buscava obstruir o avanço das investigações e evitar que Nestor Cerveró firmasse acordo de delação premiada.

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Em uma conversa que Bernardo gravou com seu telefone celular no dia 4 de novembro, o senador disse que intercederia no Supremo Tribunal Federal para ajudar Cerveró a conseguir um habeas corpus. Questionado ontem pela PF sobre expressões utilizadas no diálogo, Delcídio afirmou: "Foram com intuito de dar uma palavra de esperança e de conforto para o familiar de um réu que está preso, mas jamais falei com qualquer ministro do STF sobre o assunto." De acordo com o petista, ele foi procurado pelo filho do ex-diretor da Petrobras por meio do advogado.

"Apenas dei essa palavra de conforto vendo o desespero do filho de um dos presos. Ele (Bernardo) se apresentou a mim pedindo ajuda. Eu disse que ia ajudar e tentar interceder, mas isso foi apenas uma questão humanitária, para confortar o familiar do réu preso da Lava Jato", afirmou o senador à PF.

No diálogo gravado por Bernardo, Delcídio, um assessor de seu gabinete e o advogado Edson Ribeiro chegam a planejar um roteiro de fuga para Cerveró deixar o Brasil após conseguir a liberação pelo Supremo. A intenção, conforme os relatos, era levar o ex-diretor da Petrobras para a Espanha.

'Relação próxima'

A PF quis saber de Delcídio sobre a participação do advogado, ex-defensor de Cerveró e até ontem procurado pela Interpol também por envolvimento no episódio. O senador disse que o advogado entrou em contato com ele e pediu uma reunião. "Levou junto (na reunião) o Bernardo. Eu o recebi. Eu tinha uma relação próxima com Nestor Cerveró e com a família do Nestor Cerveró. Por esse motivo, eu os recebi. Na conversa, Edson Ribeiro começou a relatar que tinha entrado com habeas corpus (para Cerveró), relatou o drama pessoal, o sofrimento pessoal que Nestor Cerveró está passando. Eu disse que ia tentar ajudar, mas foi uma palavra de conforto ao filho (Bernardo)", reiterou.

Delcídio deverá ser ouvido novamente pela PF. Existem outras questões que os investigadores querem submeter ao senador, como, por exemplo, sua ligação com o banqueiro André Esteves, presidente do BTG Pactual, que, conforme as tratativas gravadas por Bernardo, ficaria responsável por uma mesada de R$ 50 mil para a família de Cerveró em troca do silêncio do ex-diretor da Petrobras.

O senador foi confrontado com o áudio da conversa com o filho de Cerveró e reconheceu sua voz na gravação." "O senador deu as explicações de maneira contundente", afirmou o advogado. Maurício Silva Leite. Ele disse que o petista aguarda "sereno o desenrolar das investigações, mas muito chateado".

Segundo Leite, o senador não tentou subornar Cerveró nem obstruir a Lava Jato. "Isso não ocorreu." Colaborou Dida Sampaio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve apresentar denúncia contra o senador Delcídio Amaral (PT-MS) até segunda-feira (30). A previsão dos procuradores leva em conta o prazo mais curto para oficializar a acusação perante o Supremo Tribunal Federal (STF) no caso de investigado que já está preso.

Delcídio está desde a manhã desta quarta-feira (25) detido na superintendência da Polícia Federal de Brasília por tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava Jato. A prisão foi solicitada pela PGR e autorizada pelo ministro Teori Zavascki.

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Ao encaminhar o pedido de prisão do petista, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou também a abertura de um inquérito para apurar a tentativa de embaraço das investigações de organização criminosa. O inquérito foi aberto por Zavascki e cabe agora à Procuradoria apresentar a acusação formal contra o senador, que deverá ser analisada pela 2ª Turma da Corte.

Pelo Código de Processo Penal e pelo regimento interno do STF, a PGR tem cinco dias, de quando recebido o material de investigação, para oferecer a denúncia contra investigado preso. O prazo expira na segunda-feira. O não cumprimento do prazo processual dá margem para que a defesa do senador pleiteie o relaxamento da prisão preventiva. Na PGR, o grupo ligado a Janot trabalha para encaminhar de forma célere a acusação ao STF.

Delcídio será acusado de tentar barrar as investigações e usar a condição política a seu favor. Em conversas gravadas por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o petista tenta comprar o silêncio do ex-dirigente da estatal para evitar menções a seu nome ou ao banco BTG Pactual em eventual delação premiada.

Nas tratativas, o parlamentar promete usar de influência e procurar políticos e ministros do STF para conseguir um habeas corpus a favor de Cerveró, além de oferecer uma mesada à família do ex-diretor e traçar uma rota de fuga para o preso.

A peça de acusação deve conter ainda os nomes dos outros três presos: o advogado Edson Ribeiro, o assessor Diogo Ribeiro e o banqueiro André Esteves. Todos são investigados por tentativa obstruir as investigações de uma suposta organização criminosa.

Não há prazo de vencimento para a prisão preventiva decretada. No entanto, denúncia ao STF, Janot pode apontar se é necessário manter a prisão do parlamentar ou se o congressista pode ser solto. A manifestação do PGR dependerá de nova análise do ministro Teori Zavascki.

No momento, a Procuradoria não pretende pedir o afastamento de Delcídio Amaral do cargo. Na avaliação dos procuradores, preso, o senador não oferece risco às investigações. A posição da Procuradoria - vista também na discussão sobre o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - tem sido a de deixar que o próprio Congresso encontre soluções internas sobre o mandato de investigados, sem interferência na esfera judicial.

O senador Delcídio Amaral (PT/MS) disse na manhã desta quinta-feira, 26, que estava 'sereno' a um amigo que levou café da manhã para ele na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde o ex-líder do governo está preso desde quarta-feira, 25. Ao interlocutor, Delcídio perguntou da mulher e dos filhos. O petista foi preso sob suspeita de obstruir as investigações da Operação Lava Jato.

Nesta quinta-feira, 26, desde as 15h30, Delcídio presta depoimento na Polícia Federal. Ele depõe acompanhado pelo advogado Mauricio Leite. O depoimento está sendo tomado pelo delegado Tiago De Lamare, do Rio Grande do Sul, que já trabalhou com a força-tarefa da Java Jato.

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Delcídio passou a noite em uma sala especial da PF. Como parlamentar, o petista possui a prerrogativa de ser mantido em sala especial. No local, foi montada uma cama de solteiro. O banheiro fica fora da sala em que ele está preso e é compartilhado com os policiais.

Com problemas de estômago, o senador tem recebido comida de fora da Superintendência.

Em troca de mensagens por um aplicativo de telefone, os senadores petistas Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA) mostraram-se consternados mesmo depois de terem votado pela manutenção do colega de partido e líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (MS), preso após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Paim e Pinheiro foram os únicos petistas que contrariaram a orientação da bancada e defenderam que Delcídio deveria permanecer em detenção preventiva durante votação ontem à noite no plenário do Senado.

"Foi duro, mas foi acertada a nossa posição", disse Walter. "De fato, está doendo até agora", respondeu Paim, ao acrescentar à mensagem um coração partido. Por 59 votos a favor, 13 contra e uma abstenção, os senadores entenderam numa votação aberta que Delcídio tem de permanecer preso. Ele é suspeito de tentar evitar que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró o implicasse numa delação premiada da Operação Lava Jato.

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No dia seguinte à votação, o senador gaúcho disse que "não tinha alternativa" que não a manutenção da pena do colega de bancada diante das evidências reveladas pela documentação encaminhada pelo Supremo ao Senado. "Ninguém aqui contestou o dossiê, infelizmente é lamentável o documento que chegou aqui, ficamos constrangidos e perplexos", disse ele, ao destacar que a Casa não queria criar obstáculos para que o Supremo realizasse as investigações.

Paim, que também defendeu a votação aberta para decidir o futuro do colega, definiu o clima no Senado de "tristeza e constrangimento". Um dos raros senadores na Casa hoje, o petista sugeriu que Delcídio se licencie por 120 dias do mandato de senador para se defender. "Por mais duro que a gente seja numa hora dessas, é legítimo o direito dele de defesa", disse.

O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), não apareceu ainda na Casa e está em conversas com aliados para discutir o que fazer com o caso envolvendo o petista - ele poderia mandar, por conta própria, um pedido para o Conselho de Ética, como acaba de sugerir o PSDB.

O senador gaúcho disse que pedirá até o final do ano a desfiliação do PT, mas afirmou que só vai decidir um novo partido em 2016. Disse que o caso envolvendo Delcídio não influenciou sua decisão.

Um ex-petista, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), também votou pela manutenção da prisão do colega e definiu assim o espírito da Casa: "Não é bom, mas é um sensação de dever cumprido". Ele defendeu que o Senado aprecie logo o futuro de Delcídio. "Acho que está claro que ali houve um grave ato de quebra de decoro".

Contudo, Cristovam acredita ser difícil resolver o caso até o fim deste ano. Ele teme, contudo, que a demora possa favorecê-lo. "Vai passar o Natal, o carnaval, espero que não termine esmorecendo o sentimento", disse. "A gente tem que fazer o mais rápido possível, respeitando os ritos".

Em discurso no plenário, a senadora Ana Amélia (PP-RS), que também votou por manter preso o colega, ressaltou a força das instituições, numa comparação com a Venezuela. "Nós tivemos ontem uma sessão histórica, podemos ir para a casa com a certeza do dever cumprido e que contribuímos com o nosso voto para que as instituições saíssem fortalecidas, especialmente o Senado da República", destacou.

Mesmo preso preventivamente após tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), não perde a prerrogativa de senador e terá direito a receber R$ 33,7 mil mensais de salário.

De acordo com o regimento interno da Casa, um senador que estiver "temporariamente privado da liberdade" terá direito a uma licença automática. "Considerar-se-á como licença concedida, para os efeitos do art. 55, III, da Constituição, o não comparecimento às sessões do Senado temporariamente privado da liberdade, em virtude de processo criminal em curso", diz o texto do regimento.

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Por sua vez, o artigo e inciso da Constituição ao qual o regimento faz referência ressalva que um senador em licença não perde o mandato se deixar de comparecer a um terço das sessões de votação da Casa. Essa é uma das exigências para que os parlamentares não percam o mandato por falta.

Nesse caso específico de afastamento, conforme entendimento do Senado, o petista não precisa abrir mão do mandato em favor do suplente. Ontem à noite , os senadores decidiram em plenário manter Delcídio preso. O entendimento em votação aberta é que o petista, ao tentar evitar que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró o implicasse numa delação premiada da Operação Lava Jato, tem de permanecer detido enquanto perdurar a detenção do Supremo Tribunal Federal (STF). O senador foi detido na manhã desta quarta-feira, 25.

O presidente do PT paulista, Emídio de Souza, disse ser pessoalmente favorável à expulsão do senador Delcídio Amaral (MS) do partido. O dirigente destacou ainda que a decisão deveria ser tomada de forma rápida, dada a gravidade do caso - Delcídio foi preso na quarta-feira, 25, após ser flagrado em um áudio tentando obstruir as investigações da Lava Jato.

"Pessoalmente sou favorável à expulsão, não é uma posição do diretório de São Paulo", disse Emídio, após participar de evento promovido pelo Instituto Lula, com a presença do ex-presidente, na capital. Questionado se o partido deveria tomar logo a decisão de expulsar Delcídio, respondeu: "Muito rápido, porque é muito grave a situação".

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Emídio argumentou que, diferentemente dos casos do ex-tesoureiro João Vaccari e do ex-ministro José Dirceu, que foram condenados e presos mas continuam nos quadros do PT, o caso de Delcídio "não tem nada a ver com política". "Não vamos pagar por coisas que não cometemos", destacou.

O dirigente paulista comparou o caso do senador com o então deputado estadual Luiz Moura, que foi expulso após ser divulgada a suspeita de ligação dele com a facção criminosa PCC.

Emídio disse que não seria uma precipitação e defendeu que o partido não precisa esperar uma condenação de Delcídio para expulsá-lo. "O PT tem autonomia pra expulsar o filiado que quiser no momento que quiser", afirmou. E frisou que ele e a direção paulista apoiam a nota emitida na quarta-feira, 25, pelo presidente nacional da legenda, Rui Falcão, que disse que o partido não deve solidariedade ao senador. "O PT não está obrigado a prestar solidariedade aos atos de todo e qualquer filiado, ele (Delcídio) tem que responder na medida da responsabilidade dele", afirmou. "O PT já paga um preço alto por suas posições políticas, por erros individuais nós não podemos pagar", completou.

Bancada no Senado

Emídio demonstrou não concordar com a posição da bancada petista, que votou majoritariamente pela revogação da prisão de Delcídio na noite de quarta-feira. O senador Humberto Costa (PE), líder da bancada, chegou a dizer em plenário que a direção do partido emitiu a nota à revelia da bancada e que o documento não representava a posição dos senadores petistas. "A bancada do PT no Senado vai ter que se explicar, eu não concordo, eu apoio a nota do Rui Falcão", disse Emídio. "A bancada deve ter feito a análise de elementos para isso, mas a direção de São Paulo apoia integralmente o Rui."

Nove senadores do PT votaram pela revogação da prisão de Delcídio Amaral. Apenas dois votaram para que a decisão do Supremo Tribunal Federal fosse mantida e para que ele continuasse preso: Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA).

O senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso na manhã desta quinta-feira (25) por tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava Jato, passou a noite em uma sala especial na superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Hoje, o parlamentar recebeu a visita de seu advogado e deve prestar depoimento na própria superintendência. Como parlamentar, o petista possui a prerrogativa de ser mantido em sala especial.

A possível transferência do senador para o Complexo Penitenciário da Papuda exige determinação do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que autorizou a prisão de Delcídio. A solicitação para transferência pode ser feita pela defesa, pelo Senado ou pela própria Polícia Federal se constatar que há necessidade de retirá-lo da superintendência.

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Nesta manhã, Delcídio recebeu a visita do advogado Maurício Leite, que foi acompanhado por outros dois advogados para um primeiro contato com o parlamentar após a prisão.

Já o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, permanece na sede da Superintendência da PF no Rio de Janeiro. A prisão do executivo é temporária e tem duração máxima de cinco dias. Caso seja prorrogada ou transformada em prisão preventiva - sem data para acabar -, Esteves pode ser transferido para Brasília. Ontem, a defesa do banqueiro entrou com um pedido de revogação da prisão no Supremo Tribunal Federal.

Em conversas gravadas pelo filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Esteves é apontado por Delcídio como um possível financiador do pagamento de vantagens indevidas à família do ex-dirigente da estatal. Nas conversas, o senador tentava comprar o silêncio de Cerveró para evitar menção a seu nome e ao nome do Banco BTG Pactual em um acordo de delação premiada.

O chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, também preso ontem, passou a noite em uma cela da superintendência da PF em Brasília. Já o advogado Edson Ribeiro, que também teve ordem de prisão decretada, foi localizado nos Estados Unidos e deve ser trazido a Brasília assim que os trâmites burocráticos para sua prisão forem realizados. Ele foi incluído na lista de "procurados" da Interpol com autorização do ministro Teori Zavascki.

Cercado por jornalistas ao acompanhar um evento do Instituto Lula em São Paulo, o presidente do PT, Rui Falcão, evitou nesta quinta-feira, 26, emitir novas opiniões sobre a prisão do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS). O dirigente foi questionado se o caso é diferente da situação do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, preso e condenado em primeira instância na operação Lava Jato.

"Tem uma diferença clara entre atividade partidária e atividade não partidária", respondeu Rui Falcão. Vaccari tem a solidariedade das lideranças petistas e não foi expulso da legenda. Já Delcídio pode ser expulso em reunião da Executiva Nacional do PT que será convocada para deliberar sobre o destino do senador.

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Vaccari foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tendo a Justiça considerado que ele foi responsável por desvios em contratos da Petrobras que teriam sido destinados aos cofres do PT. Delcídio foi flagrado em áudio negociando uma pensão para a família do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e até uma fuga do ex-executivo da estatal. Em troca, não seria citado em delação premiada de Cerveró.

Falcão disse que ainda não há data definida para a reunião em que a direção decidirá se expulsa Delcídio, mas que tenta marcá-la para a semana que vem. "Temos que consultar a agenda dos 18 membros da Executiva, mas seguramente será nos próximos dias", garantiu.

Nesta quinta-feira, Falcão emitiu uma breve nota sobre a prisão do senador. Nela, disse que "o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade" com Delcídio.

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a inclusão do nome do advogado Edson Ribeiro na difusão vermelha da Interpol. O advogado teve ordem de prisão preventiva decretada pelo STF por tentativa de obstrução das investigações Lava Jato em parceria com o senador Delcídio Amaral (PT-MS).

O advogado foi localizado nesta quinta-feira, 25, nos Estados Unidos e os trâmites para seu retorno são considerados como em estágio avançado. Num primeiro momento havia a informação de que ele havia sido preso, o que foi corrigido depois pela Polícia Federal. Por motivos de segurança, a cidade onde ele está não foi divulgada.

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Com base em gravações feitas pelo filho de Cerveró, a Procuradoria-Geral da República entendeu que Ribeiro passou a atua em favor de Delcídio tentando dissuadir seu cliente - o ex-diretor da Petrobras - a firmar um acordo de delação premiada.

A decisão de Zavascki de incluir o advogado na chamada lista vermelha foi comunicada à Procuradoria Geral da República (PGR) na noite desta quinta-feira - mesmo dia em que Delcídio foi preso.

O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), acusou o lobista e delator da Lava Jato, Fernando Antonio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, de proteger o empresário Gregório Marin Preciado em seus depoimentos à força-tarefa da Lava Jato. Segundo o senador, Preciado era quem realmente "organizava" os negócios de Baiano, que operava pagamentos de propinas na diretoria Internacional da Petrobras para vários políticos

"A delação quando ele (Fernando Baiano) conta quando me conheceu quando eu era diretor (de Gás e Energia da Petrobras, cargo ocupado por Delcídio entre 1999 e 2001) e o Nestor era gerente, que ele foi apresentado a mim por um amigo. Ele poupou ao Gregorio Marin Preciado", relatou o senador em conversa gravada com Edson Ribeiro, advogado de do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

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O diálogo de 1h35 min que revela o esforço do parlamentar para evitar a delação do ex-diretor foi gravado por Bernardo Cerveró, filho do executivo da estatal, e serviu para embasar a prisão preventiva do senador nesta quarta-feira, 25.

Delcídio ainda lembra outra reunião da qual participou , ocorrida na Espanha, que as autoridades rastrearam os participantes, menos Preciado. "E as conversas que nós ouvimos é que numa dessas reuniões que ocorreram (...) os caras (em referência ao Ministério Público Federal) já rastrearam quem tava nessa reunião e existia um espanhol nessa reunião que eles não souberam identificar quem era. Bingo!", exclama o senador que é logo completado por Edson Ribeiro: "Gregório".

O parlamentar então, conclui que Preciado é o responsável pelas negociatas de Fernando Baiano e lembre que se encontrou com o empresário durante um almoço com José Serra no qual ele afirmou que era cunhado do tucano. "Ou seja o Fernando tá na frente das coisas mas atrás quem organiza é o Gregório Marin. O Serra me convidou para almoçar outro dia e ele (Gregório Marin Preciado) rodeando no almoço rodeando, rodeando que ele é cunhado do Serra ", afirmou Delcídio. Preciado é casado com uma prima de Serra.

Além das acusações de Delcídio, Baiano relatou em sua delação premiada que Gregório Preciado teria sido um dos operadores que o ajudou a movimentar no exterior, por meio de empresas de fachada, a propina de US$ 15 milhões destinada e funcionários da estatal referentes à polêmica compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras em 2006.

O jornal O Estado de S. Paulo não conseguiu localizar Gregório Preciado. Consultado, José Serra não havia se manifestado sobre o assunto até o fechamento da reportagem.

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