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O ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Lula) vai ter de esperar o julgamento na Lava Jato para saber como cumprirá o restante da pena no caso do mensalão. O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu aguardar uma definição do juiz Sérgio Moro, do Paraná, antes de julgar o pedido da Procuradoria-Geral da República de mandar o petista de volta para o regime fechado.

"Considerando que o sentenciado encontra-se preso preventivamente, sendo por ora irrelevante a decisão sobre regressão de regime, aguarde-se a sentença a ser proferida pelo Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba", despachou o ministro Barroso.

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu em outubro ao STF que Dirceu perca o benefício do regime aberto em prisão domiciliar, adquirido no cumprimento da pena do mensalão, depois que o ex-ministro voltou a ser preso por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

Para Janot, há indícios de que Dirceu cometeu crimes após a condenação pelo mensalão. O procurador-geral argumenta que não seria preciso esperar o julgamento na Lava Jato para que o ex-ministro voltasse ao regime fechado.

O petista foi condenado a 7 anos e 11 meses em 2013 por corrupção ativa no escândalo do mensalão e progrediu de regime em novembro do ano passado. Dirceu está em prisão preventiva desde o dia 3 de agosto em Curitiba, onde tramitam os processos da Operação Lava Jato que correm em primeira instância.

Na Lava Jato, Dirceu foi denunciado pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. De acordo com as investigações da Polícia Federal, ficou comprovado que o ex-ministro comandava um esquema de recebimento de propina que beneficiava o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, entre outros.

A defesa de Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão e sócio do ex-ministro José Dirceu, pediu à Justiça Federal que rejeite a denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato, que o acusa pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Seguindo a mesma linha da resposta à acusação contra Dirceu, a defesa de Luiz Eduardo afirma que a denúncia é inepta.

A denúncia do Ministério Público Federal diz que Dirceu e seu irmão receberam propinas de empreiteiras contratadas pela Petrobrás por meio da JD Assessoria e Consultoria, suposta empresa de fachada. O valor repassado ao ex-ministro, segundo a força-tarefa da Lava Jato chegou a R$ 11,8 milhões, via JD Assessoria.

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A defesa arrolou como testemunha o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia que fez delação premiada na Procuradoria-Geral da República. Pessoa relatou detalhes do contrato que firmou com a JD Assessoria. Ele disse que Luiz Eduardo o procurou 'pedindo um aditivo ao contrato', quando José Dirceu já era investigado no processo do Mensalão. O irmão do ex-ministro alegou ao empreiteiro que 'a JD Assessoria estava passando por dificuldades financeiras'.

Ainda segundo o empreiteiro, Luiz Eduardo o procurou para solicitar um segundo aditivo ao contrato, quando José Dirceu já estava preso, condenado no Mensalão por corrupção. O empreiteiro enfatizou que os valores pagos a Dirceu, a título de aditivos, eram destinados a ele e à empresa JD Assessoria e Consultoria LTDA., e o desconto feito em relação à quantia devida ao então tesoureiro do PT João Vaccari 'não fazia parte de algo pré-estabelecido'.

Ricardo Pessoa disse que comentou o assunto com João Vaccari e 'este se negou a abater o valor total, mas aceitou que fosse descontada parcela do valor dos aditivos'. Questionado se os valores dos aditivos ao contrato seriam para o PT ou para José Dirceu e a JD Assessoria, ele disse que 'acredita que tenha sido destinado para a empresa JD e para José Dirceu'.

"A impressão que se tem, ao ler as manifestações da autoridade policial e do órgão acusatório, é a de que, propositadamente, fecham-se os olhos para a patente comprovação da prestação de serviços profissionais pela JD Assessoria e Consultoria LTDA", reage a defesa. "E mesmo que não houvesse provas à exaustão quanto aos serviços prestados, vale dizer, ainda que não existisse qualquer registro de consultoria prestada, não é lícito exigir do imputado, como faz o Ministério Público, que faça prova de sua inocência. O ônus de provar o crime é da acusação!"

A resposta à acusação é subscrita por seis destacados advogados penalistas, todos da banca Podval, Antun, Indalecio, Raffaini, Beraldo Advogados - Roberto Podval, Odel Mikael Jean Antun, Paula Moreira Indalecio Gambôa, Luís Fernando Silveira Beraldo, Viviane Santana Jacob Raffaini e Jorge Coutinho Paschoal.

Os criminalistas sustentam que o irmão de Luiz Eduardo era 'profissional de renome, sempre foi consultor de prestígio, o que era absolutamente natural, dada sua trajetória de vida'." Conforme se viu, firmou contratos com diversas empresas dos mais diversos ramos de atividade. Daí a presumir que todos os contratos firmados com a empresa JD Assessoria serviram apenas como artifício para dissimular os repasses dos valores ilícitos decorrentes dos crimes antecedentes, é um salto muito grande, verdadeiramente absurdo."

"O que se vê nos autos é verdadeira subversão dos termos da lei processual penal, eis que não há elementos probatórios mínimos para caracterizar qualquer infração", assinalam os defensores do irmão do ex-ministro da Casa Civil de Lula. "Pelo contrário, toda a prova produzida pela própria autoridade policial deixou evidente que as consultorias realizadas e a conclusão do Ministério Público, em sentido contrário, foi calcada, exclusivamente, em presunções. Cabe ao órgão acusador, diverso do responsável pela investigação, provar os fatos trazidos em juízo. Esse dever-poder do Ministério Público, de promover a ação penal, não implica plena liberdade, melhor dizendo, implicando ato arbitrário, mas sim sua submissão aos ditames legais expressos, tais como o da presunção de inocência."

Os advogados sustentam que "o que se tem, a rigor, é a mera suspeita de lavagem de dinheiro por José Dirceu dada a presunção de inidoneidade dos serviços de consultoria prestados - que acabou acarretando, automaticamente, a imputação de condutas em tese tidas como criminosas também a Luiz Eduardo, não obstante a inexistência de quaisquer elementos da prática de crimes".

Os defensores também afirmam que a perícia da Polícia Federal 'não considerou' aspectos importantes acerca da distribuição de lucros da JD Assessoria e Consultoria Ltda.

"A JD Assessoria e Consultoria Ltda era optante pelo regime tributário do Lucro Presumido, o que explica o fato de que os impostos tenham sido recolhidos sobre a base de presunção prevista na legislação, base esta que não leva em consideração as deduções de despesas", alegam os advogados. "A distribuição foi feita de maneira contabilmente correta, levando-se em consideração o valor da receita, menos os impostos e contribuições a que estivesse sujeito à pessoa jurídica, conforme o regime tributário ao qual se submetia a JD Assessoria."

Ainda segundo os advogados do irmão do ex-ministro, os sócios da JD Assessoria e Consultoria Ltda optaram por fazer o pagamento de suas despesas pessoais e particulares pela conta corrente da pessoa jurídica. "Esses pagamentos foram levados à conta contábil "antecipação de sócios - pagamentos de despesas" e devidamente escriturados, demonstrando todos os valores recebidos.

Posteriormente, a somatória destes valores foi lançada em suas declarações de pessoa física, à receita, quando findo o calendário, o que não foi analisado pela perícia."

José Dirceu, preso na Operação Lava Jato em 3 de agosto, pediu ao juiz federal Sérgio Moro que rejeite a denúncia criminal por meio da qual o Ministério Público Federal imputa a ele os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Em resposta à acusação, o ex-ministro-chefe da Casa Civil (Governo Lula), por meio de seus advogados, sustenta a inépcia da denúncia e arrola quinze testemunhas, entre elas o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia e delator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, além do ex-presidente do Peru, Alan Garcia.

Em 104 páginas, os defensores de Dirceu buscam fulminar a acusação da força-tarefa da Lava Jato. Eles pedem que seja rejeitada a denúncia 'tendo em vista a absoluta inépcia da inicial'. E, caso o juiz Moro não entenda assim, eles pedem que seja rejeitada a denúncia 'por lhe faltar suporte probatório mínimo e idôneo (justa causa), reconhecendo-se a ausência de indícios mínimos de autoria e materialidade delitiva'.

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A defesa é subscrita pelos criminalistas Roberto Podval, Odel Mikael Jean Antun, Paula Moreira Indalecio Gambôa, Luís Fernando Silveira Beraldo, Viviane Santana Jacob Raffaini e Jorge Coutinho Paschoal.

Os advogados alegam que a tese da acusação se vale dos delatores Milton Pascowitch e seu irmão, José Adolfo. "Não é preciso ser muito inteligente para prever que certos delatores se aproveitariam do fato de terem tido relacionamentos comerciais lícitos (e naturalmente documentados) com a empresa do peticionário, para, escudados neste fato, lançarem o nome de Dirceu aos leões."

O Ministério Público Federal e a Polícia Federal afirmam que Dirceu, por meio de sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, recebeu propinas do esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. A denúncia diz que os valores direcionados a Dirceu chegaram a R$ 11,8 milhões e diz que a JD Assessoria era fachada porque não fazia efetivamente serviços de consultoria.

"José Dirceu está sendo acusado, por ser José Dirceu", afirmam os defensores.

O documento é iniciado com o título "A crônica da morte anunciada".

"Tudo era, de fato, muito previsível. Empurrar a Dirceu a responsabilidade e a autoria de fatos criminosos, nesse contexto, era tarefa fácil. Mais que isso. Aos olhos dos delatores, era moralmente pouco desconfortável: José Dirceu já estava destruído, preso por outro processo criminal. Milton Pascowitch e seu irmão, evidentemente não hesitariam em atacá-lo, ainda que para isso fosse necessário mentir, ainda mais quando em troca poderiam receber - como de fato receberam - benefícios."

Os advogados desafiam."A denúncia oferecida foi absolutamente prematura, e somente seria juridicamente viável, se estivesse alicerçada não apenas nas palavras de interessados réus colaboradores, mas também em indícios mínimos e válidos de autoria e materialidade delitiva. Por incrível que pareça, a inicial de duzentas e dez páginas, foi oferecida apenas quatro dias após o último termo de depoimento de Milton Pascowitch. Nenhuma investigação séria de suas alegações foi feita. Não houve sequer tempo hábil para tanto."

Eles insistem, taxativamente. "Uma leitura cuidadosa da denúncia revela todo um exercício de palavrório, rótulos, e uso dos comandos informáticos "copiar e colar", numa sistemática repetitiva que, no fundo se redunda, exclusivamente, às palavras de dois colaboradores: Milton Pascowitch e de seu irmão Jose Adolfo. Cabe, pois, a defesa, demonstrar que o que fez a acusação, neste caso, foi um exercício falacioso de poluir os autos com um confuso amontoado de palavras, procurando transformar documentos lícitos, rotulando-os de ilícitos, a seu bel prazer. O que sobra, no frigir dos ovos, são unicamente as palavras de (del)atores."

Ao rebater os crimes atribuídos ao ex-ministro, os advogados assinalam. "O que fez a acusação neste tópico foi coroar seu festival de presunções não autorizadas, falta de descrição típica adequada, confusões, repetições e incongruências com a utilização de mais uma de suas técnicas para, de maneira falaciosa, buscar eximir-se de demonstrar os indícios de autoria e a prova da materialidade delitiva dos crimes imputados. Prometeu provar o que alegava no tópico futuro, e quando o tópico futuro chegou, disse que não ia provar porque deveria José Dirceu provar o contrário. De se relembrar, que a única oportunidade que lhe deu para que fosse ouvido, foi após sua prisão, sem franquear-lhe acesso a todos os procedimentos que hoje são mencionados na exordial."

"E assim, sem dispor de indícios válidos de crime, imputou além do crime de organização criminosa e de corrupção, o crime de lavagem de dinheiro", prosseguem os defensores. "E para provar a derradeira imputação, a de lavagem, mais uma vez, vale-se de presunções. Utiliza-se a documentação de relações jurídicas existentes e justificáveis (compra de bens e reforma de imóveis, por exemplo), presumindo, sem qualquer elemento válido, uma origem ilícita aos valores envolvidos."

A defesa do ex-ministro diz que ele 'nunca escondeu ter tido negócios com as empresas que hoje estão, por uma razão, ou outra, envolvidas no caso Petrobras'. "José Dirceu sempre foi consultor de renome, o que era absolutamente natural, dada sua trajetória de vida. Conforme se viu, firmou contratos com diversas empresas dos mais diversos ramos de atividade. Daí a presumir que todos os contratos firmados com a empresa JD "serviram apenas como artifício para dissimular os repasses dos valores ilícitos decorrentes dos crimes antecedentes", é um salto muito grande, verdadeiramente absurdo."

Em outro trecho da resposta à acusação, os advogados de José Dirceu afirmam. "Não há, portanto, qualquer indício de que os valores decorrentes dos serviços de consultoria prestados pela empresa JD Assessoria, os quais foram devidamente declarados, seriam objeto de operações complexas de lavagem de dinheiro. É estarrecedora a inversão feita pelo Ministério Público Federal para transformar documentos que justificam relações jurídicas corriqueiras, em provas de materialidade delitiva do crime de lavagem de dinheiro."

A defesa investe, ainda, contra a versão de que Dirceu indicou o engenheiro Renato Duque para a Diretoria de Serviços da Petrobras - foco de propinas para o PT, segundo a Lava Jato. "Não é possível permitir que José Dirceu seja considerado autor de crimes tão graves, porque "há rumores" de que indicou Renato Duque para assumir o cargo de Diretor na Petrobras, e porque "dentre os contatos de agenda de telefone apreendido com Milton, consta o de Dirceu."

Os advogados repudiam a acusação da Procuradoria da República de que Dirceu seria o 'instituidor' do esquema de propinas. Destacam que o ex-gerente da Engenharia da estatal, Pedro Barusco, devolveu US$ 97 milhões que recebeu de propinas. "Ora, se já a mera suposição de que o peticionário teria participado da pretensa organização criminosa mostra-se enorme despropósito, totalmente absurda a asserção de que ele teria papel de proeminência, inclusive indicando e mantendo no cargo os agentes públicos que corruptos, se, conforme mais à frente se imputa, os valores, supostamente direcionados a José Dirceu (valor de R$ R$ 11.884.205,50) não chegam perto nem de 2% do montante desviado por Barusco. Tudo se resume às declarações absolutamente vagas e inverossímeis de Milton Pascowich, interessado em ver sua pena diminuída."

"Logo se vê que a acusação percebe a fragilidade dos elementos que dispõe contra José Dirceu. Por isso, num exercício que muito se assemelha à máxima de Joseph Goebbles, no sentido de que 'uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade', passa a repetir fatos vazios a cada cerca de dez páginas."

No caso de o juiz Moro determinar a abertura da ação penal contra José Dirceu, os advogados pedem perícia complementar e arrolam quinze testemunhas, sete delas residentes no Brasil e seis no exterior, entre elas o empresário mexicano Carlos Slim, do Grupo Telmex, 'para quem José Dirceu prestou consultoria', e o ex-presidente do Peru, Alan Garcia, 'com quem José Dirceu se reuniu por pelo menos duas vezes quando esteve naquele país, nos dias 23 de janeiro e 26 de novembro de 2007". Segundo a defesa, Garcia é 'testemunha apta a demonstrar as relações políticas de José Dirceu no exterior, para a prospecção de negócios de seus clientes na JD Assessoria e Consultoria Ltda'.

O ex-primeiro ministro do Peru Jorge Del Castillo também foi arrolado. "As testemunhas residentes no exterior e ora arroladas são pessoas que, à época dos fatos, participaram diretamente de reuniões e compromissos realizados pelo peticionário naqueles países e poderão confirmar, portanto, que José Dirceu lá esteve para efetivar os serviços de assessoria e consultoria para os quais fora contratado. Deste modo, é indispensável a expedição de cartas rogatórias para a oitiva das testemunhas ora arroladas, sob pena de violação ao princípio constitucional da ampla defesa."

A defesa chama também o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, que fez delação premiada e citou quase duas dezenas de políticos como supostos beneficiários de recursos ilícitos.

O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, afirmou em sua delação premiada que fez uma doação de R$ 100 mil, nas eleições de 2010, a pedido do ex-ministro José Dirceu, para a campanha de seu filho, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR).

"Atendendo a pedido de José Dirceu em 2010, fez uma contribuição oficial para a campanha do filho dele para o cargo de deputado federal no valor de R$ 100 mil", afirmou Pessoa, em seu termo de delação 21 feito na Procuradoria Geral da República, no dia 28 de maio.

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Na terça-feira, 15, o ex-ministro virou réu em ação penal da Operação Lava Jato, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Segundo o Ministério Público Federal, Dirceu - que está preso desde 3 de agosto - teria usado sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, para receber propinas do esquema de desvios e contratos superfaturados na Petrobras, entre 2004 e 2014.

Ao todo, Zeca Dirceu declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o recebimento de R$ 1,5 milhão em doações, nas disputas de 2010. A doação dos R$ 100 mil da UTC não aparece nos registros de contas do candidato. O valor foi repassado, segundo consta nos registros oficiais, no dia 17 de setembro, para o Comitê Financeiro Único do PT no Paraná. No dia 22 de setembro, o comitê repassou R$ 100 mil para a candidatura de Zeca.

Nas eleições de 2010, Zeca Dirceu foi eleito deputado federal pelo PT do Paraná com 109 mil votos, sendo o segundo deputado mais votado do partido no Estado. "Este pedido foi muito antes dos contratos de consultoria com José Dirceu", acrescentou o empreiteiro. "Não abateu esta contribuição de qualquer valor devido, seja ao PT ou a José Dirceu."

O dono da empreiteira UTC - uma das acusadas de cartel e corrupção na Petrobras - confessou em sua delação premiada que pagou R$ 1,4 milhão para Dirceu por consultorias no Peru, em 2012, e depois outros R$ 1,7 milhão como 'ajuda', quando ele já estava condenado e depois preso pelo processo do mensalão.

"Como José Dirceu já estava envolvido com o processo do Mensalão, Luiz Eduardo (irmão do ex-ministro e sócio), em certa data, veio procurar o declarante pedindo um aditivo ao contrato", registrou a Procuradoria-Geral da República.

"Luiz Eduardo afirmou que a JD estava passando por dificuldades financeiras", contou Ricardo Pessoa.

A UTC foi uma das empreiteiras acusadas de cartel e corrupção em contratos da Petrobras, que fatiavam obras e pagavam propinas de 1% a 3% para PT, PMDB e PP - partidos da base de sustentação do governo Dilma Rousseff.

"Depois da prisão de José Dirceu, claramente não houve nenhuma prestação de serviços", garantiu Pessoa, apontando que com certeza os pagamentos desse segundo aditivo foram feitos sem qualquer consultoria prestada.

Registrado

A Operação Lava Jato já havia recebido a confirmação de três outros delatores de que foram feitas doações para a campanha de Zeca Dirceu, a pedido do pai: os operadores de propina Milton Pascowitch e seu irmão José Adolfo e o Julio Gerin Camargo. Os três ligados diretamente aos recebimentos de valores por parte do ex-ministro no esquema de corrupção na Petrobras. Cada um declarou ter repassado R$ 10 mil para a campanha.

O filho do ex-ministro recebeu ainda mais R$ 10 mil de Raul Ramires, da Hope Recursos Humanos, uma das empresas alvo da 17ª fase da Lava Jato - Operação Pixuleco. Ela teria pago propina de R$ 500 mil por mês ao grupo ligado a José Dirceu dentro da Petrobrás, entre os anos de 2003 e 2014. A empresa presta serviços para a estatal na área de recursos humanos.

Em nota, a assessoria de comunicação do deputado Zeca Dirceu disse que todas as doações recebidas na campanha de 2010 foram legais e aprovadas pela Justiça Eleitoral. "Os nomes dos doadores são de conhecimento público desde 2010 e eles já foram, no início deste ano, divulgados novamente por vários órgãos de imprensa. Durante o debate sobre a Reforma Política, o deputado defendeu o fim das doações de empresas para candidatos, assim como obteve destaque na luta para impor rígidos limites às despesas de campanhas e duras penas a quem infringi-los."

Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão e sócio do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, devolveu uma propina de R$ 25 mil, em dezembro de 2014, ao lobista Milton Pascowitch - pivô da ordem de prisão contra Dirceu na Operação Pixuleco, desdobramento da Operação Lava Jato. Em decisão que abre ação penal e coloca no banco dos réus o ex-ministro, o irmão dele e mais 13 investigados, o juiz federal Sérgio Moro destaca que eles "inovaram artificiosamente o estado do processo".

Segundo o Ministério Público Federal, Pascowitch e seu irmão José Adolfo teriam depositado nos dias 18 e 19 de agosto de 2014 R$ 25 mil na conta de Luiz Eduardo. O irmão do ex-ministro, "posteriormente, preocupado com a investigação na Operação Lava Jato, devolveu os valores em 26 e 30 dezembro de 2014".

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A Procuradoria da República sustenta que Luiz Eduardo fez dois depósitos na conta da Jamp Engenheiros - dos irmãos Pascowitch - o primeiro no dia 26 de dezembro de 2014, de R$ 15 mil, e outro em 30 de dezembro de 2014, de R$ 10 mil. "Tais aportes foram realizados por Luiz Eduardo com a finalidade de induzir o Juízo Federal (Sérgio Moro) dessa 13ª Vara Federal, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal em erro, pois visavam a inovar artificiosamente o estado dos R$ 25 mil que recebera em sua conta, devolvendo-os à Jamp, e conferindo às transações uma falsa roupagem de empréstimo", afirma a força-tarefa da Lava Jato.

Para os investigadores, a conduta de Luiz Eduardo e dos irmãos Pascowitch "pretenderam produzir efeitos nos processos penais que foram instaurados no ano de 2015". O lobista foi preso na Lava Jato e fez delação premiada, na qual revelou uma suposta rede de propinas que envolvia o ex-ministro.

Na época em que Luiz Eduardo fez a devolução do dinheiro, a Polícia Federal e a Procuradoria já tinham em mira o ex-ministro Dirceu. A investigação avançava em direção à JD Assessoria e Consultoria, empresa por meio da qual Dirceu teria recebido propina do esquema Petrobras, via empreiteiras, entre 2005 e 2014.

"Há que se ressaltar que Milton, em decorrência do acordo de colaboração que celebrou com Ministério Público Federal, reconheceu o engendre criminoso e a real finalidade dos aportes efetuados pela Jamp a Luiz Eduardo, assim como da posterior restituição", apontou a denúncia, recebida por Moro.

Nesta terça-feira, 15, o juiz Sérgio Moro recebeu denúncia da Procuradoria da República, que acusa Dirceu, Vaccari e outros 13 alvos da Operação Pixuleco por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Defesa

O criminalista Roberto Podval, que defende Dirceu, disse que vai esperar a intimação da Justiça Federal. "Aí teremos dez dias para apresentarmos a defesa preliminar", disse Podval.

Ele não quis adiantar a tese que apresentará ao juiz federal Sérgio Moro. "Acho delicado apresentar (a versão) pela imprensa. Temos que respeitar o juiz."

Durante as investigações da Polícia Federal, Podval reiterou que o ex-ministro jamais pegou propinas. Ele sempre afirmou que a JD Assessoria e Consultoria recebeu por trabalhos efetivamente realizados por Dirceu, inclusive no exterior.

Podval enalteceu a decisão de Moro que excluiu do processo a filha de Dirceu, Camila, também denunciada pela Procuradora da República. "É um ato de bom senso do juiz Sérgio Moro excluir a filha do Zé Dirceu da ação penal. Isso tira o peso enorme das costas de um pai em saber que a filha não será processada injustamente."

Já o criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende João Vaccari Neto, afirmou que o ex-tesoureiro do PT "jamais solicitou ou recebeu qualquer quantia de origem ilegal ou proveniente de propina".

"Todas as solicitações efetivadas por meio de doações ao PT ocorreram por intermédio de depósito bancário, com recibo, prestadas as contas às autoridades competentes", afirmou D’Urso.

"A defesa de Vaccari se manifesta no sentido de que apresentará a resposta à essa acusação, mais uma vez sustentando que ela reside exclusivamente em delação premiada, não havendo nenhum elemento de prova a corroborar o que foi apresentado pelo Ministério Público Federal", disse D’Urso.

O criminalista disse que é "desnecessário salientar que a lei proíbe expressamente qualquer condenação com base em delação premiada".

"De modo que a defesa reitera que esta acusação é totalmente infundada por não apresentar justa causa para a própria ação penal", concluiu o penalista.

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula) agora é réu da Operação Lava Jato. Nesta terça-feira o juiz federal Sérgio Moro recebeu denúncia da Procuradoria da República, que acusa Dirceu, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e outros 13 alvos da Operação Pixuleco, desdobramento da Lava Jato, por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Dirceu e Vaccari, quadros históricos do PT, estão presos em Curitiba, base da Lava Jato. A Procuradoria afirma que o ex-ministro recebeu, por meio de sua empresa de consultoria, a JD Assessoria, propina de empreiteiras contratadas pela Petrobras. O ex-tesoureiro do partido é acusado de ter arrecadado vantagens ilícitas para sua legenda.

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Ao todo eram 17 denunciados pela Procuradoria. O juiz Sérgio Moro, no entanto, rejeitou a acusação, 'por falta de justa causa', contra uma filha de Dirceu, Camila Ramos de Oliveira e Silva, e a arquiteta Daniela Leopoldo e Silva Facchini, que reformou a casa do ex-ministro em Vinhedo (SP), por R$ 1,8 milhão.

Os novos réus da Lava Jato são:

1) José Dirceu de Oliveira e Silva;

2) João Vaccari Neto;

3) Julio Gerin de Almeida Camargo;

4) Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura;

5) Olavo Hourneaux de Moura Filho;

6) Luiz Eduardo de Oliveira e Silva;

7) Roberto Marques;

8) Júlio César dos Santos;

9) Renato de Souza Duque;

10) Pedro José Barusco Filho;

11) Gerson de Melo Almada;

12) Cristiano Kok;

13) José Antunes Sobrinho;

14) Milton Pascowitch;

15) José Adolfo Pascowitch.

Ainda segundo a denúncia parte das propinas acertadas pela Engevix Engenharia com a Diretoria de Serviços e Engenharia da Petrobras era destinada a Dirceu e ao empresário e lobista Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura, ligado ao PT, 'por serem responsáveis pela indicação e manutenção de Renato Duque' no comando da unidade estratégica. Segundo o Ministério Público Federal, as propinas foram repassadas aos dirigentes da Petrobras, ao partido e aos acusados entre 2005 a 2014.

"Das propinas, metade ficava para os agentes da Petrobras e a outra metade ficava para o Partido dos Trabalhadores, sendo ainda parcela desta destinada a agentes políticos específicos, entre eles José Dirceu e Fernando Moura", diz a decisão do juiz da Lava Jato.

O dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, confessou em sua delação premiada, que pagou R$ 1,7 milhão ao ex-ministro da Casa Civil (governo Lula) José Dirceu, em 2012 e 2013, quando ele estava condenado e depois preso pelo processo do mensalão, como 'ajuda".

"Como José Dirceu já estava envolvido com o processo do Mensalão, Luiz Eduardo (irmão do ex-ministro e sócio), em certa data, veio procurar o declarante pedindo um aditivo ao contrato", registrou a Procuradoria Geral da República, no termo de colaboração número 21 do empreiteiro, de 28 de maio.

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"Luiz Eduardo afirmou que a JD estava passando por dificuldades financeiras", contou Pessoa. A UTC foi uma das empreiteiras acusadas de cartel e corrupção em contratos da Petrobrás, que fatiavam obras e pagavam propinas de 1% a 3% para PT, PMDB e PP - partidos da base de sustentação do governo Dilma Rousseff.

O empreiteiro revelou que "aceitou realizar o aditivo, sabendo que a força de trabalho não era mais o importante, mas apenas para ajudar José Dirceu". Um ano antes, Pessoa contratara a JD Assessoria e Consultoria - empresa do pelo ex-ministro usada após ele deixar o governo Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005. O objetivo era prospectar negócios no Peru. O contrato era de um ano, por R$ 1,48 milhão.

Esse primeiro contrato foi firmado em fevereiro de 2012 e o primeiro aditivo, já com Dirceu condenado no mensalão, em fevereiro de 2013. "No meio deste caminho, José Dirceu foi preso." O ex-ministro-chefe da Casa Civil foi preso em novembro daquele ano - passando a cumprir pena em regime domiciliar, no ano seguinte. Atualmente, Dirceu está detido preventivamente, em Curitiba, alvo da Lava Jato.

Sem serviços. "Depois, Luiz Eduardo veio e solicitou um segundo aditivo. Nesta época, José Dirceu já estava preso", afirmou Pessoa. Ele disse ter relutado, mas aceitou. O segundo aditivo foi assinado em fevereiro de 2014 - mês anterior à deflagração da fase ostensiva da Lava Jato.

"Depois da prisão de José Dirceu, claramente não houve nenhuma prestação de serviços", garantiu Pessoa, apontando que com certeza os pagamentos desse segundo aditivo foram feitos sem qualquer consultoria prestada.

Abatimento do PT. O empreiteiro afirmou ter resolvido comentar o assunto com o ex-tesoureiro nacional do PT João Vaccari Neto - preso desde março, acusado de ser operador de propinas do partido no esquema montado na Petrobrás - e que ele se "mostrou ciente da ajuda" dada a Dirceu.

"O declarante então buscou abater os valores pagos a título de ajuda para José Dirceu relativo aos dois aditivos, com os valores que o declarante devia ao PT, relacionados aos contratos da Petrobrás", registrou a PGR. O termo é um dos pelo menos 11 que foram baixados do Supremo Tribunal Federal (STF), onde foi feito o acordo, para a Justiça Federal, em Curitiba - onde estão os processos envolvendo alvos sem foro privilegiado.

"João Vaccari se negou a abater o valor total, mas aceitou que fosse descontada parcela do valor dos aditivos", contou Pessoa. Somados, os dois aditivos contratuais da UTC com a JD valiam R$ 1,74 milhão.

"O declarante logrou abater, dos valores a título de propina que pagava ao PT, a quantia de R$ 1.690.000,00", registrou a PGR. Pessoa entregou uma tabela, que foi juntada no termo, para comprovar o que diz.

"Essa tabela possui a sigla "URJ", que era a sigla criada para se referir à propina decorrente da Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro)". Uma segunda linha desta mesma tabela entregue pelo empreiteiro traz a anotação "V/JD" na coluna "contato" e "1.690" na coluna valor total.

"Esta anotação representa justamente o abatimento dos valores pago a José Dirceu, no valor de R$ 1,69 milhão, em relação aos valores que devia para Vaccari, referente às obras da Petrobrás/Comperj", registra a PGR. O valor pago para o PT via ex-tesoureiro referente a essa obra seria R$ 15,5 milhões.

Na agenda de Pessoa entregue aos investigadores da Lava Jato, estão anotadas também o encontro inicial com Dirceu, na sede da JD em São Paulo, em dezembro de 2011, e o almoço que teve em dezembro de 2012 no apartamento do ex-ministro, em São Paulo.

"Neste almoço que José Dirceu pediu, por intermédio de Luiz Eduardo, o primeiro aditivo ao contrato", detalhou Pessoa. "José Dirceu em geral não fazia tais pedidos, que era feitos por Luiz Eduardo, na frente de Dirceu". O ex-ministro, segundo o empreiteiro, "assentia com os pedidos e estava claramente de acordo".

Influência

Pessoa afirmou que Dirceu "indicou Renato Duque ao cargo de Diretor de Serviços". "José Dirceu tinha uma influência muito grande no Partido dos Trabalhadores", afirmou Pessoa, em seu termo de delação número 21 - sobre a propina paga ao ex-ministro, com dinheiro desviado de contratos da Petrobrás.

O empresário afirmou que conhecia Dirceu há algum tempo e que "passou a ter maior proximidade com ele especialmente logo após a saída dele da Casa Civil, que ocorreu em julho de 2005?.

Afastado do governo como peça central do escândalo do mensalão, o ex-ministro virou consultor e passou a trabalhar via JD Assessoria e Consultoria, que tinha com o irmão Luiz Eduardo Oliveira e Silva. "Sabia que ele era uma pessoa influente e continuava a sê-lo", registrou a PGR, no termo de Pessoa. Essa influência era tanto no PT como no governo federal.

O empresário afirmou que "via José Dirceu com frequência no mesmo hotel" em que ele se hospedava no Rio de Janeiro. Como diversos representantes de empresas, como OAS, Engevix, Galvão Engenharia, teriam comentado com ele que o ex-ministro "auxiliava na 'abertura de mercados', em especial na América Latina'", Pessoa diz ter aproveitado um café da manhã para se aproximar dele.

Foi um encontro casual em que Dirceu, durante o café, teria perguntado a ele: "Você não vai para o exterior?". Pessoa afirmou que ele se referia uma expansão da UTC para outros países.

O empreiteiro disse ter explicado que por a UTC não ser tão grande, "não poderia gastar muito dinheiro à toa". "No entanto, José Dirceu disse que poderia ajudá-lo", afirmou Pessoa, que disse ter entendido como uma oferta de serviço. O ex-ministro orientou o empresário a procurá-lo no escritório da JD, em São Paulo.

No primeiro encontro Pessoa disse ter ido acompanhado do lobista Julio Gerin Camargo, também delator da Lava Jato. "José Dirceu foi bastante direto e objetivo, dizendo que poderia auxiliá-lo em diversos países", contou Pessoa. O ex-ministro teria citado Peru, Colômbia, Equador, Cuba e Espanha.

"José Dirceu disse que conhecia os países e o governo destes países, tendo acesso político a estes", declarou o dono da UTC. A empresa decidiu contratar então a JD para prospectar negócios no Peru.

"Dirceu disse que iriam firmar um contrato de consultoria e assim fazer uma 'agenda política', para que (a UTC) tivesse oportunidades - ou seja, obras - nas áreas de óleo e gás e infraestrutura no Peru", registra a delação.

O ex-ministro teria comentando que "tinha contatos políticos no Peru e que o (Ollanta) Humala, presidente do Peru, havia sido eleito e seria fácil ter acessos políticos".

Pessoa foi questionado pelos procuradores da PGR sobre quais eram suas expectativas ao contratar os serviços de consultoria de Dirceu. "Esperava que, em razão da intervenção de José Dirceu, a autoridade relevante no estrangeiro assim se posicionasse: 'Eu vou dar a obra para este cara aqui porque o José Dirceu pediu'", respondeu o empreiteiro.

Pessoa disse que tinha "confiança de que José Dirceu poderia prover isto, até mesmo porquê tinha ouvido no mercado que José Dirceu logrou efetivamente isto para outras empresas".

Os termos de delação de Pessoa, enviados pelo STF à Curitiba, tiveram sigilo levantado nesta sexta-feira, 11, pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato. As afirmações do empreiteiro geraram a abertura de uma representação criminal, que vai apurar os pagamentos à JD.

A UTC foi uma das empreiteiras que pagou por consultorias de Dirceu. A JD recebeu entre 2005 e 2013 um total de R$ 39 milhões, sendo que pelo menos R$ 9 milhões de empreiteiras do cartel que atuava na Petrobrás.

Defesas

O ex-ministro José Dirceu nega o recebimento de propinas. O criminalista Roberto Podval, que defende Dirceu, apresentou à Justiça contratos e notas dos recebimentos pela JD Assessoria da UTC. Ele afirma que os valores são legais referentes à consultoria de prospecção de negócios no exterior.

O advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, que defende João Vaccari Neto, afirmou que o ex-tesoureiro do PT 'jamais arrecadou propinas'.

D'Urso é taxativo. "O sr. Vaccari jamais recebeu qualquer doação ilegal. Todas as doações foram realizadas ao PT, depositadas na conta bancária e prestado contas às autoridades."

A arquiteta Daniela Facchini, responsável pela obra da casa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu em um condomínio de luxo em Vinhedo (SP), entregou à Polícia Federal documentos, fotos, plantas arquitetônicas, notas fiscais e planilhas relacionadas à reforma. José Dirceu está preso preventivamente desde o dia 3 de agosto quando foi deflagra da Operação Pixuleco, desdobramento da Lava Jato. O ex-ministro é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A obra teria sido custeada pelo lobista Milton Pascowitch para José Dirceu. O imóvel estava em nome da empresa TGS, de Julio César Santos, ex-sócio de Dirceu.

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Em documento anexado aos autos da Operação Lava Jato, a arquiteta afirma que a obra custou R$ 1.814.546,19. Deste total, segundo ela, R$ 1,3 milhão foi depositado em sua conta corrente. A diferença, afirmou Daniela Facchini, foi entregue em espécie pelo lobista Milton Pascowitch.

"Este valor (R$ 1,8 milhão) se refere a obra por completo, incluindo a parte civil, mobiliário, paisagismo, enxoval, utensílios de cozinha, sistema de segurança, dentre outros", afirmou a defesa da arquiteta em petição à PF. "Os valores da taxa de administração (12%) a qual fazia jus a requerente (Daniela Facchini) foram sendo retidos, totalizando R$ 194.257,71."

À PF, a arquiteta afirmou que não conhece José Dirceu e só o viu pessoalmente por alguns minutos quando o ex-ministro se aproximou da casa que estava em obra, mas não entrou no terreno. "Ressalva que José Dirceu morava na casa ao lado da casa que estava em reforma", afirmou em depoimento.

Pascowitch é um dos delatores da Operação Lava Jato. Seus depoimentos deram início à Pixuleco e levaram o ex-ministro para a prisão.

Em depoimento, Daniela Facchini afirmou que conhece Milton Pascowitch há cerca de 5 anos. Segundo a arquiteta, ela foi apresentada ao lobista pelo marido.

"Tem relacionamento social com Milton Pascowitch e é amiga da Mara, esposa de Milton Pascowitch. Que antes da prisão de Milton Pascowitch frequentava a residência deste, da mesma forma que ele e a família frequentavam a residência da depoente", diz depoimento de Daniela Facchini.

A força-tarefa da Lava Jato afirmou que, independentemente de seu papel como líder político no passado, o ex-ministro José Dirceu deve ser condenado por haver "provas e evidências" de que ele praticou "crimes graves" no esquema de corrupção bilionário na Petrobras. O procurador Deltan Dallagnol disse esperar que Dirceu receba uma pena superior a 30 anos de prisão. "Não estamos julgando o José Dirceu, mas atos e fatos concretos", disse Dallagnol.

A denúncia feita nesta sexta-feira, destacou Dallagnol, centra em integrantes do que a Polícia Federal classificou como "núcleo político" da operação, composto por políticos que desviavam recursos para partidos e para uso próprio, além de seus familiares e representantes. Nesse núcleo, foram denunciados José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e outras sete pessoas - nove dos 17 denunciados hoje. Entre as acusações estão organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção.

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Segundo a força-tarefa, Dirceu e Vaccari não atuavam de forma conjunta, mas em paralelo. O dinheiro que passava por Vaccari era destinado ao Partido dos Trabalhadores enquanto, no caso do Dirceu, o desvio seria feito em benefício próprio. A PF identificou repasses de R$ 14 milhões a Vaccari e de R$ 11,8 milhões a Dirceu - valores contemplados pela denúncia, que se refere a contratos da Engevix.

Renato Duque e Pedro Barusco, respectivamente ex-diretor de Serviços e ex-gerente da Petrobras, considerados do núcleo administrativo, também foram denunciados. O procurador Roberson Pozzobon destacou que Duque permaneceu no cargo com apoio de José Dirceu.

Segundo a força-tarefa da Lava Jato, há evidências de que o delator Milton Pascowitch fez operar uma espécie de "banco criminoso", com uma série de rebuscadas e complexas operações de lavagem de dinheiro. No caso de Dirceu, houve contratos com sua consultoria, repasses em dinheiro, além de repasses ocultos através do pagamento de imóveis, reformas a imóveis e até do uso de uma aeronave, usada por Dirceu ao longo de dois anos. O sistema instalado permitiu até que Dirceu virasse sócio oculto de um terço da aeronave através de Pascowitch, aponta a denúncia.

Pozzobon destacou que foram identificados contratos com a consultoria de Dirceu, a JD, enquanto o ex-ministro era processado e após ser condenado no processo do mensalão. O delegado Igor Romário de Paula, integrante da força-tarefa, que também participa da coletiva, destacou que a postura do ex-ministro demonstra "total desrespeito pelas instituições" e elogiou a rapidez do trabalho dos investigadores no caso da Lava Jato, da investigação em si até a denúncia. Romário de Paula, ao responder uma pergunta dos jornalistas, esclareceu que não há intenção de investigar toda a vida Dirceu, mas que a equipe trabalha sobre os fatos que vêm à tona ao longo da investigação.

Mobilização

Integrantes da força-tarefa aproveitaram a coletiva para falarem sobre a importância da Lava Jato para a democracia e para o bem da população. Dallagnol chamou por várias vezes a corrupção de "problema que corrói a democracia" e disse que o governo hoje não atua em benefício do povo. O procurador afirmou que a "cura" para o problema é mais democracia e com respeito às instituições. Dallagnol lembrou que o Brasil está perto de celebrar o dia da Independência, em 7 de setembro, mas vive ainda um "Estado de exploração" de agentes públicos corruptos.

Pozzobon falou da importância de mudar a cultura da celebração de contratos no setor público. "É chegada a hora de essas empresas não mais contratarem com o setor público", afirmou. O procurador defendeu também a importância da adoção de medidas preventivas, como as 10 medidas contra corrupção sugeridas como projeto de lei popular pelo Ministério Público Federal.

A denúncia apresentada hoje contra 17 pessoas pede ressarcimento de R$ 60 milhões de recursos públicos desviados. A força-tarefa identificou também centenas de ligações e visitas presenciais a Milton Pascowitch que evidenciam a participação de pessoas no esquema criminoso. Foram detectados 129 atos de corrupção ativa e 31 de corrupção passiva de 2004 a 2011.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse nesta quinta-feira, 27, em depoimento à CPI do BNDES na Câmara dos Deputados, que não conhece Fábio Luiz Lula da Silva, o "Lulinha", em resposta à questão do deputado Caio Narcio (PSDB-MG), sobre se manteria relações com o filho do ex-presidente Lula. O presidente do BNDES negou também ter relações com o dono da UTC, Ricardo Pessoa, e com o ex-ministro José Dirceu.

Diante das negativas, o deputado mineiro perguntou se Coutinho abriria mão do seu sigilo telefônico. "Ceder o sigilo telefônico à CPI não é decisão minha, mas uma prerrogativa da comissão", limitou-se a responder.

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Coutinho também afirmou não haver ingerência de Dirceu em nenhum dos projetos tratados pelo BNDES. Condenado no caso do mensalão, Dirceu foi preso novamente no âmbito da Operação Lava Jato. "Mas não sei se Zé Dirceu participou de algum processo quando era ministro da Casa Civil, já que o ministério tem assento nos conselhos do banco", ponderou.

Ele voltou a dizer que o ex-presidente Lula também não tem influência sobre os contratos firmados pelo banco. Os parlamentares levantaram coincidências entre os países que receberam financiamentos do BNDES e aqueles que são alvo das ações do Instituto Lula na América Latina e na África.

"A política de exportação é uma política de busca de mercado pelas empresas brasileiras. O BNDES não participa de tratativas no exterior para obtenção de contratos, que são firmados pelas empresas privadas", afirmou. "Nunca houve interferência do presidente Lula nesses processos junto ao BNDES. Questões relativas às atividades do ex-presidente devem ser esclarecidas pelo Instituto lula, não posso responder pela instituição", completou.

O presidente do BNDES negou que o banco priorize investimentos feitos em outros países, como Cuba e Venezuela. Esse questionamento gerou um princípio de bate-boca entre parlamentares da oposição e da base do governo. "Os números mostram que a infraestrutura no Brasil é mais importante que crédito a outros países. O crédito a exportação de serviços de engenharia é menor que 2% dos desembolsos do BNDES", respondeu.

Apesar de estar na condição de convidado na CPI, Coutinho disse que não tem problemas em se comprometer a dizer somente a verdade, como juram os depoentes que são convocados para falar na comissão.

Luiz Eduardo Oliveira e Silva, irmão do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, declarou à Polícia Federal que recebeu "pagamentos mensais de R$ 30 mil em espécie" do lobista Milton Pascowitch, apontado como pagador de propinas na Diretoria de Serviços da Petrobras - cota do PT na estatal. Os repasses, segundo Luiz Eduardo, ocorreram entre 2012 e 2013.

O irmão de Dirceu afirmou, porém, que "não solicitou quaisquer valores a Milton Pascowitch". Ele disse que o lobista "começou a pagá-lo de forma espontânea, a título de ajuda para despesas variadas".

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O pagamento mensal para o irmão de Dirceu foi um dos motivos que levaram o juiz federal Sérgio Moro a decretar nesta sexta-feira (7) a prorrogação da prisão temporária de Luiz Eduardo por mais cinco dias - ele foi preso na segunda-feira, mesmo dia da prisão do ex-ministro. Luiz Eduardo declarou ter ficado "incomodado com a justificativa" de Pascowitch e, por isso, teria indagado o lobista sobre como seriam quitados aqueles valores. Pascowitch teria dito ao irmão de Dirceu que "a pendência seria resolvida posteriormente".

Pascowitch também foi preso na Lava Jato e fez delação premiada. Revelou a rotina de pagamentos de propinas de empreiteiras para a empresa de Dirceu, a JD Assessoria e Consultoria. A Polícia Federal suspeita que a empresa foi criada para captar recursos ilícitos de empreiteiras supostamente favorecidas por ele em contratos bilionários na Petrobras. Em troca da delação, Pascowitch ganhou prisão domiciliar.

O irmão do ex-ministro afirmou não saber se Dirceu solicitara que os valores fossem repassados por Pascowitch a ele. Disse ainda que em 2013, pediu ao lobista "que cessasse os pagamentos, ainda mais pelo fato de que seu irmão havia sido preso" - naquele ano, Dirceu foi preso após ser condenado no mensalão.

Contrato

Em seu depoimento, Luiz Eduardo disse ainda que procurou naquele ano a OAS, cuja cúpula foi condenada recentemente por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro na Lava Jato, e pediu que a empreiteira firmasse um contrato com uma empresa de comunicação e que esta fizesse repasses a Dirceu.

Luiz Eduardo afirmou no depoimento à Polícia Federal que em 2013, após a prisão de seu irmão, "houve rescisão de bons contratos que a JD Consultoria mantinha, inclusive envolvendo a OAS". "A fim de solicitar ajuda para José Dirceu, o declarante pediu que a OAS firmasse contrato com a Doppio Serviços de Informação, a fim de que esta repassasse quantias a José Dirceu", relatou o irmão do ex-ministro.

A empresa Doppio pertence ao jornalista Luiz Rila, que trabalhou para o ex-ministro e afirmou à reportagem ter fechado um contrato com a empreiteira em 2013. "Tive contrato com a OAS concomitante ao trabalho (de assessor de imprensa) com o José Dirceu, mas não fiz repasses para ele", disse Rila. Procurada, a defesa da empreiteira informou que não iria comentar o caso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Faltando um dia para a veiculação da propaganda partidária do Partido dos Trabalhadores (PT) em rede nacional de rádio e TV, parlamentares da oposição incentivam, nas redes sociais, à população aderir a mais um panelaço. A gravação vai ao ar nesta quinta-feira (6), às 20h nas rádios e às 20h30 na TV. 

Com duração de dez minutos, a propaganda deverá tentar driblar os resultados negativos da avaliação da presidente Dilma Rousseff (PT) nas últimas pesquisas e a crise econômica vivenciada no País. Outra dificuldade da legenda é ter que veicular a gravação partidária na semana que o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, foi preso. 

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Enquanto o partido prepara a gravação para mostrar propostas positivas, a oposição usa as redes sociais para convidar às pessoas para o panelaço. No Facebook do deputado federal Bruno Araújo (PSDB), ele postou uma imagem com uma panela, a data e o horário da veiculação e a frase: “panelaço neles!”.

Quem também usou o Facebook para instigar a população foi o senador Ronaldo Caiado (DEM). Na imagem, o democrata avisa: “10 minutos de panelaço em todo o Brasil”.

 

 

O lobista da construtora Engevix Milton Pascowitch, preso na manhã desta quinta-feira (21) na 13ª fase da Operação Lava Jato, é o alvo central das investigações envolvendo o suposto recebimento de propinas pelo ex-ministro José Dirceu, pelo ex-diretor de Serviços da Petrobras e o PT. Pascowitch pagou R$ 1,4 milhão ao ex-ministro José Dirceu e R$ 1,2 milhão para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque - também preso, desde 16 de março, envolvido no escândalo de corrupção e cartel na estatal.

A Jamp pagou a JD Assessoria e Consultoria Ltda., do ex-ministro José Dirceu, em 2011 e 2012. O ex-ministro alegou que foi por serviços de consultoria internacional prestados para a construtora Engevix Engenharia, em Cuba e no Peru.

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Para os investigadores da Lava Jato, a Jamp era uma empresa de fachada de Pascowitch usada para esquentar o dinheiro da propina. Não há aparente relação justificável para a relação comercial formal entre as partes, acreditam os procuradores.

O que reforça a suspeita é o depoimento de um dos sócios da Engevix, Gérson de Mello Almada, no dia 18 de março. O vice-presidente da empreiteira confessou ter pago por serviços de "lobby" ao operador de propina, como forma de garantir seus contratos na Petrobras.

Pascowitch seria um abridor de portas na estatal, graças aos seus contatos com membros do PT, entre eles o tesoureiro do partido João Vaccari Neto. O que chamou a atenção dos investigadores foi que Almada admitiu ter contrato as consultorias internacionais da JD para abrir mercado em Cuba e no Peru, mas disse desconhecer a relação comercial entre Jamp e a empresa do ex-ministro - conforme justificou Dirceu em nota oficial à imprensa, um dia depois.

A JD nega qualquer irregularidade e diz que os contratos foram legais. Jamp e a própria Engevix pagaram juntas R$ 2,6 milhões ao ex-ministro José Dirceu - também por serviços de consultoria, entre 2008 e 2012.

Duque

Na casa de Duque, no Rio, a Polícia Federal já havia encontrado contrato de consultoria da D3TM Consultoria e Participação, empresa de Duque, com a Jamp Engenheiros Associados, de 2013, no valor de R$ 1,2 milhão.

"(A D3TM) A empresa era fachada do ex-diretor para receber propina de quando ele era ex-diretor da Petrobras, que continuou até 2014", afirmou o procurador da República Carlos Fernando Lima, um dos coordenadores da força-tarefa da Lava Jato, em entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira, em Curitiba.

A própria Engevix, também contratou os serviços de consultoria do ex-diretor de Serviços em 2014, segundo comprovam contratos e notas apreendidas nas buscas feitas pela PF.

Duque está preso desde o dia 16, depois que foi deflagrada a Operação Que País é Esse - décima fase da Lava Jato. Pelo menos 11 notas fiscais apreendidas mostram pagamentos mensais da Jamp de R$ 100 mil para a D3TM entre maio de 2013 e abril de 2014, quando Duque comunicou que não poderia mais cumprir seu contrato. O documento de encerramento da parceria foi encontrado também.

Além da Jamp, a D3TM foi contratada também por outras empreiteiras acusadas de cartel e corrupção na Petrobras, como a UTC, a OAS e a Iesa. O ex-diretor de Serviço - principal alvo da Lava Jato no esquema de corrupção da estatal - era indicado do PT e ocupou o cargo entre 2003 e 2012. Ele nega qualquer irregularidade envolvendo os contratos da estatal. Preso pela primeira vez em 14 de novembro, foi solto dias depois por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu passa o fim de semana em sua casa, em Brasília, após fazer uma nova rodada de exames para averiguar uma possível evolução de um hematoma que teve no cérebro. O mal-estar que teve na segunda-feira está associado, pelo menos por enquanto, a um "pico de pressão", segundo sua assessoria de imprensa. O ex-ministro, que tem 69 anos, é hipertenso, faz controle com remédios e já é adepto de uma dieta com sal reduzido para conter a doença.

Dirceu teve uma dor de cabeça no fim da última segunda-feira e realizou uma ressonância, na terça, em Brasília. Após uma primeira avaliação de que teria tido uma "ectasia do espaço liquótico bifrontal" - nome técnico para hematoma no cérebro -, a indicação é de que deveria realizar novos exames para acompanhar a evolução do quadro clínico. As avaliações foram feitas na tarde de ontem e o ex-ministro não chegou a ser internado, também de acordo com a assessoria.

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Os resultados das análises devem começar a sair a partir da próxima segunda-feira e o intuito é saber se ficou alguma sequela desse episódio e como deve ser tratada, em caso positivo. A assessoria garante, no entanto, que aparentemente não houve qualquer mudança no estado clínico do ministro, que passa bem e está "tranquilo" em sua residência, descansando.

Acusado de ser o mentor do mensalão, Dirceu foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012 por prática de corrupção ativa no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A pena foi de sete anos e 11 meses de prisão, mas ele já obteve o direito de cumprir parte dela em regime domiciliar.

O ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, foi submetido a exames na manhã desta sexta-feira, 27, hoje em um hospital de Formosa (em Goiás, a cerca de 80 quilômetros de Brasília) após uma forte dor de cabeça nesta semana. Condenado no processo do mensalão, o petista cumpre pena domiciliar. Ele já está em casa e passa bem.

Segundo sua assessoria de imprensa, Dirceu fez uma ressonância magnética depois de ter um pico de hipertensão na última segunda-feira (23). "Na terça, após o primeiro exame, a equipe médica havia diagnosticado uma 'mínima ectasia do espaço liquórico bifrontal' - um possível hematoma. A ressonância de hoje tem o objetivo de medir a evolução do quadro clínico", informa a nota.

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A assessoria afirmou que o ex-ministro sempre sofreu de pressão alta e, com quase 70 anos, passa por exames de saúde periódicos.

O total de R$ 1,4 milhão que a JD Assessoria e Consultoria, do ex-ministro José Dirceu, recebeu da Jamp Engenheiros Associados, em 2011 e 2012, foi referente a serviços de consultoria prestados à empreiteira Engevix Engenharia, em Cuba e no Peru. É o que afirmou ontem o ex-ministro, por meio de nota oficial.

"A JD Assessoria e Consultoria assinou o contrato com a Jamp em março de 2011 também com o objetivo de prospectar negócios no exterior para a Engevix", afirma a nota.

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A Jamp pertence a Milton Pascowitch, acusado de operar propina para a Engevix na Diretoria de Serviços da Petrobrás, cota do PT no esquema de corrupção na estatal. Para a Operação Lava Jato, a contratação e os pagamentos são suspeitos.

Na quarta-feira, em depoimento à Justiça Federal, o vice-presidente da Engevix, Gérson de Mello Almada - preso desde 14 de novembro de 2014 - confirmou que contratou os serviços da JD, de Dirceu, para "lobby internacional", Cuba e Peru. Negou que a consultoria fosse algum tipo de propina.

Afirmou também que fez pagamentos Pascowitch, um lobista com capacidade para "abrir portas" na Petrobrás via seus contatos políticos do PT. O empreiteiro citou o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, e o próprio Dirceu como contatos.

"O empresário Milton Pascowitch, sócio da Jamp, trabalhou por 17 anos na Engevix. A JD manteve o trabalho de consultoria para a construtora por meio da empresa de Pascowicth", informou a nota do ex-ministro da Casa Civil, que passou a ser consultor após se ver envolvido no escândalo do mensalão, caso no qual foi condenado e está, no momento, cumprindo pena em regime aberto.

Pagamentos

Quebra de sigilo fiscal da JD mostrou que a Engevix pagou R$ 1,1 milhão, entre 2008 e 2011, para a JD, de forma mensal, com valores variando de R$ 20 mil a R$ 50 mil.

Investigadores da Lava Jato e o juiz federal Sérgio Moro consideraram "estranho" o fato de os pagamentos estarem amparados por contrato de seis meses, assinado em novembro de 2010, posterior aos primeiros depósitos. O documento contratual entregue pela própria defesa do ex-ministro registra ainda valor de R$ 300 mil.

Com a nova informação de que os serviços para a Engevix incluíram pagamentos da Jamp, os investigadores da Lava Jato consideram que a JD conseguiu R$ 2,5 milhões da empreiteira, pelo lobby que sequer apresentou resultados, segundo afirma o sócio da empreiteira.

A Lava Jato suspeita que as consultorias de Dirceu podem ter sido usadas para ocultar pagamentos de propina. "As histórias, entre si, elas são conflituosas. A Engemix não admite que conhecia a relação da Jamp com a JD. Isso está no depoimento do (Gérson de Mello) Almada", afirmou o procurador Carlos Fernando Lima, um dos coordenadores da força-tarefa da Lava Jato.

Para a Justiça Federal, a defesa do ex-ministro entregou cópias do contrato assinado entre a Jamp e a JD e as notas fiscais com pagamentos, que foram mensais no período de dois anos.

"O que temos é uma série de justificativas, para um relacionamento, que não batem. Cada vez que eles justificam, depois os fatos mostram o contrário. Um fala uma coisa, depois vem outro e fala outra coisa", afirmou Carlos Lima.

"A JD Assessoria e Consultoria assinou o contrato com a Jamp em março de 2011 também com o objetivo de prospectar negócios no exterior para a Engevix. O empresário Milton Pascowitch, sócio da Jamp, trabalhou por 17 anos na Engevix. A JD manteve o trabalho de consultoria para a construtora por meio da empresa de Pascowitch. O valor do contrato era de R$ 1,5 milhão. A JD seguiu atuando nos mercados de interesse do cliente na América Latina, sobretudo Peru e Cuba, conforme confirmam os executivos da Engevix", di a íntegra da nota de Dirceu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal cruzam as notas fiscais, contratos e movimentações financeiras do ex-ministro José Dirceu e de sua empresa a JD Assessoria e Consultoria - que foi contratada por empresas do cartel acusado de corrupção na Petrobras. A suspeita é que contratos de consultorias serviram para "esquentar" dinheiro de propina pago a Dirceu.

Uma das notas emitidas em dezembro de 2006 para a construtora OAS no valor de R$ 30 mil era de "antecipação referente a serviços prestados de consultoria e assessoria". Sua defesa entregou à Justiça Federal no Paraná, base da Operação Lava Jato, contratos relativos ao período de 2006 a 2012 com a construtora OAS, apontada como integrante do cartel na estatal. Também foram entregues notas fiscais referentes a esses serviços.

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Entre os documentos, estão contratos e notas da Engevix Engenharia, da Egesa Engenharia e da Sigma Engenharia, Construções e Comércio Camargo Corrêa e Jamp Engenheiros Associados Ltda. Dois documentos têm interesse especial para os investigadores. Os referentes à Sigma, que foi comprada pela Delta Engenharia e Montagem Industrial Ltda - já investigada na Operação Saqueador, por suspeita de corrupção envolvendo o lobista Adir Assad, preso na segunda-feira, 16, pela Operação Que País é esse.

Outro documento diz respeito aos pagamentos para a Jamp, que pertence ao operador de propinas na Engevix, Milton Paschowicht. Em seu depoimento nesta terça-feira, 17, um executivo da empreiteira, Gerson Almada, afirmou ter viajado ao Peru com Dirceu e o operador para tratar de contrato.

O ex-ministro José Dirceu deixou nesta quinta-feira, 3, o Centro de Progressão Penitenciária (CCP) para trabalhar no escritório do advogado José Gerardo Grossi, em Brasília. Condenado por participação no mensalão, Dirceu cumpre desde novembro uma pena de 7 anos e 11 meses de prisão no regime semiaberto.

O ex-ministro trabalhará das 9h às 18h em atividades diversas no escritório. Receberá salário mensal de R$ 2,1 mil e não poderá advogar. No horário de almoço, poderá se deslocar até 100 metros para fazer as refeições. Para chegar ao trabalho, poderá usar transporte público ou particular.

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Regras

Grossi esteve na Vara de Execuções Penais para se informar sobre regras do trabalho externo. O preso deve executar apenas atividades internas e fica sob fiscalização direta do empregador. Este tem de informar ao juiz de Execuções Penais faltas e afastamentos e, todo mês, encaminhar ao CPP comprovante de frequência.

Semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o trabalho externo de Dirceu e derrubou decisão do presidente da Corte, Joaquim Barbosa, que havia negado o pedido, sob o argumento de que o ex-ministro não cumpriu um sexto da pena. Após anunciar aposentadoria, em maio, Barbosa deixou a relatoria do mensalão.

Nessa quarta, o ex-ministro foi transferido do complexo penitenciário da Papuda, em Brasília, para o Centro de Progressão Penitenciária, estabelecimento que abriga presos autorizados pela Justiça a trabalhar fora da cadeia. Também foram levados ao CPP o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que vai trabalhar na CUT, e o ex-deputado Valdemar Costa Neto (PR), que dará expediente num restaurante.

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu começará a trabalhar nesta quinta-feira (3), às 9 horas, no escritório do advogado José Gerardo Grossi, em Brasília. Dirceu cumpre pena por participação no esquema do mensalão.

Nesta quarta (2), ele foi transferido da penitenciária da Papuda para o Centro de Progressão Penitenciária (CPP), que é o estabelecimento prisional no Distrito Federal que abriga presos autorizados a trabalhar fora da cadeia. De acordo com Grossi, Dirceu trabalhará no escritório das 9 horas às 18 horas.

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A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal confirmou na tarde desta quarta-feira, 2, que já foram transferidos para o Centro de Progressão Penitenciária (CPP) o ex-ministro José Dirceu, o ex-deputado Valdemar Costa Neto e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. A transferência ocorreu por volta das 14h.

Os três cumpriam pena no complexo penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, por envolvimento com o mensalão, e foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A transferência ocorreu porque eles foram autorizados a trabalhar fora da cadeia. No CPP ficam os presos com direito a prestar expediente externo.

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