Depois de anos de insucesso, em 2011 o Santa Cruz recomeçava para o futebol brasileiro. Na série D do nacional, com comando de Antônio Luiz Neto na presidência e de Zé Teodoro na beira do campo, iniciava-se a arrancada de volta à Série A que culminaria na gestão de Alírio Morais e de Marcelo Martelotte no comando técnico.
Os primeiros passos para o recomeço
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28 de outubro de 2010
O Santa Cruz começava nesta data o planejamento para a sua terceira participação consecutiva na Série D do ano seguinte. Endividado, sem técnico e apenas com jogadores da base no elenco, Antônio Luiz Neto assumia a presidência tricolor para tentar reaver a esperança depositada em seu antecessor, Fernando Bezerra Coelho, que não havia conseguido realizar muitos avanços no departamento de futebol do clube.
Luiz Neto tinha em sua chapa como gerente de futebol durante a campanha o ex-jogador Sandro Barbosa, nome que durou apenas 15 dias após a vitória nas urnas. Depois de divergências com o colegiado de futebol existente na época, o zagueiro aposentado decidiu não ficar muito tempo no cargo. Ataíde Macedo, até então coordenador da base, foi efetivado em seu lugar e Constantino Júnior, oposicionista durante a eleição ocorrida no mês anterior, assumia a diretoria da principal área do clube.
A nova diretoria coral começou a agir já nos primeiros dias de trabalho e no início de novembro já tinha um novo técnico, Zé Teodoro. Nome que no princípio não agradou aos tricolores pelo fato de que Zé estava sem fazer bons trabalhos havia algum tempo. A primeira ação do comandante ao assumir a equipe que tinha apenas garotos formados no clube foi colocar Sandro de volta na rotina do Santa, desta vez para ser seu auxiliar técnico.
As primeira contratações geraram mais desconfiança nos torcedores corais, com nomes como Tiago Cardoso, Landu, Leandro Souza e tantos outros que eram desconhecidos da grande maioria tricolor. E quando veio o primeiro jogo da equipe, um empate com o Chã Grande em 1 a 1, muitos pensaram que mais um ano de sofrimento estava por vir. Naquela ocasião o time foi formado por Tiago Cardoso, Bruno Leite, Thiago Mathias, Leandro Souza e Alexandre Silva; Jeovânio, Memo, Weslley e Mário Lúcio; Landú e Laécio.
13 de Fevereiro de 2011
Começava o estadual de 2011. A postura do time que entrava em campo apresentou sinais de melhora e, fora de casa, diante do Vitória, no Carneirão, o Santa goleou. Um 3 a 0 convincente com gols de Thiago Mathias, Laécio e Renatinho, esse último um dos muitos jogadores da base que começariam a ganhar destaque no ressurgimento coral. Naquele domingo, os tricolores começavam a reescrever capítulos vitoriosos na sua história.
8 e 15 de maio de 2011
O campeonato seguiu e o Santa, até então colocado por muitos fora da briga do título estadual daquele ano, surpreendia nos clássicos, vencia e convencia, e diante dos times do interior fazia a força da camisa prevalecer novamente. Terminou a primeira fase na liderança. Chegou à final. Um Clássico das Multidões contra o Sport, que brigava pelo inédito hexacampeonato. O primeiro jogo era na Ilha. Mas nada disso importou para o time coral, que venceu a partida com três improváveis heróis: Gilberto, formado nas categorias de base e apontado antes da competição como um dos piores atacantes do time; Landú, atacante conhecido por não marcar muitos gols; e o principal deles, o goleiro Tiago Cardoso, que ganhava naquela partida o título de 'paredão' do Arruda.
No jogo da volta, em casa, com a vantagem no placar agregado, o Santa Cruz acabou perdendo por 1 a 0, gol marcado por Marcelinho Paraíba, nos acréscimos do segundo tempo. A derrota não importou. Depois de seis anos, o grito de ‘É Campeão’ voltava para a Avenida Beberibe. Mas como dizia Zé Teodoro, nada estava ganho.
O Santa Cruz ainda tinha pela frente sua maior missão do ano, abandonar a última divisão do Campeonato Brasileiro. Para a Série D, o Tricolor manteve boa parte do grupo campeão estadual, apenas Gilberto saiu, vendido para o Internacional-RS. Para repor a saída do atacante, a diretoria coral trouxe dois nomes que se destacaram no Pernambucano, Kiros e Flávio Caça-Rato. Ambos, porém, não tiveram grande participação na campanha coral naquele ano.
17 de Julho de 2011
No Almeidão, na Paraíba, diante do Alecrim, do Rio Grade do Norte, o Santa Cruz começava mais uma campanha na Série D. Repetindo o retrospecto do estadual, o Tricolor venceu bem os potiguares, 3 a 1, com gols de Thiago Matias e Thiago Cunha, duas vezes. Mas o que importou não foi só o placar do jogo. Naquele dia um dilúvio caía nos Estados de Pernambuco e Paraíba, e mesmo assim a torcida tricolor voltava a estabelecer de vez a relação de confiança no time que ganharia repercussão nacional e internacionalmente.
Mais de 15 mil pessoas foram ao Estado vizinho para conferir a estreia coral na Série D. O público inclusive se tornou o maior que um clube pernambucano já levou como visitante.
9 de Outubro de 2011
Iniciava-se uma verdadeira decisão pelas quartas-de-final da Série D, valendo uma vaga na semifinal e muito mais que isso, a saída do ‘inferno’ do futebol brasileiro. Santa Cruz e Treze entravam em campo na Paraíba. Em um duelo digno de final de campeonato, o jogo terminou empatado num heróico 3 a 3 para os Pernambucanos, que se recuperaram no placar após estarem perdendo por 3 a 1. O segundo e terceiro gols do time tricolor foram marcados por Fernando Gaúcho, tentos que iriam virar decisivos para o acesso para a Série C.
16 de Outubro de 2011
Chegava ao fim o calvário coral iniciado em 24 de agosto de 2008 com a queda para a Série D. Com a vantagem, o time comandado por Zé Teodoro não se arriscou muito e manteve o 0 a 0 contra o Treze. Alívio tricolor. Retorno garantido para a Série C.
Após o jogo do acesso, a equipe ainda chegou à decisão da competição, mas acabou sendo derrotada pelo Tupi-MG e ficou com o vice-campeonato. Pouco importava, afinal nenhum torcedor queria mais lembranças dessa época.
Depois do iminente sucesso, o marasmo
Querendo repetir os feitos do ano anterior, o Santa Cruz iniciava uma nova temporada. O clube não conseguiu repetir a superioridade na campanha feita na edição anterior do Campeonato Pernambucano, mas mesmo assim chegou à final da competição, mais uma vez contra o Sport. Desta vez o primeiro jogo foi realizado no Arruda e terminou empatado em 0 a 0.
Na segunda partida, uma decisão emocionante que terminou em 3 a 2 e deu ao tricolor o bi-campeonato estadual daquele ano. Branquinho, Dênis Marques (foto) e Luciano Henrique fizeram a alegria da torcida coral e aumentaram as esperanças de já naquele ano voltar para a Série B.
Porém, após o início do nacional, o time não emplacou bons resultados. Talvez devido ao grande período que a competição passou paralisada devido a problemas judiciais, quase dois meses, que acabaram resultando no aumento de participantes na disputa com a inserção do Treze e do Rio Branco. A campanha coral acabou sendo abaixo do esperado, uma vez que os tricolores não passaram nem da primeira fase da disputa. O saldo negativo no brasileiro acabou resultando na queda do técnico até então considerado herói, Zé Teodoro, e do assistente Sandro. Iniciava-se uma nova reformulação no elenco tricolor.
Um novo começo
Sob o comando de um velho conhecido dos torcedores tricolores, Marcelo Martelotte, o Santa Cruz iniciava o ano de 2013 com um elenco cheio de caras novas, algumas se tornariam peças de grande importância no ano. A estreia foi contra o CRB, pela Copa do Nordeste, e a equipe foi a campo escalada com: Tiago Cardoso; Everton Sena, Cesar, Vagner e Tiago Costa; Anderson Pedra, Sandro Manoel, Natan e Renatinho; Caça-Rato e Philco. A vitória veio por 1 a 0, gol de Philco. Mas, o que chamou atenção foi o estilo da equipe atuar, que havia mudado completamente da época em que os corais eram comandados por Zé Teodoro. Um futebol mais ofensivo, que fugia da postura dos contra-ataques, característica comum nos dois anos anteriores. Era hora do Santa Cruz voltar a se impor em campo.
Apesar do bom início na Copa do Nordeste, o título ainda era um sonho distante e não fazia parte dos planos, pois o tricolor acabou eliminado pelo Fortaleza na fase mata-mata. Já no Pernambucano, a equipe chegou a sua terceira final consecutiva, de novo contra o Sport: era a terceira conquista para a sala de troféus do Arruda. Com o empate em 2 a 2 no primeiro jogo no Arruda, os corais foram para a segunda partida precisando da vitória. E conseguiram 2 a 0. Um gol de Sandro Manoel e outro daquele que viria a se tornar o principal personagem do time no ano, Flávio Caça-Rato.
Mais uma vez esperanças renovadas para o Brasileiro, porém, antes do início da competição, o clube teve sua grande perda. Martelotte, técnico que havia modificado o estilo de jogo tricolor, trocava o Santa Cruz pelo Sport. Para o seu lugar retornava Sandro Barbosa. O desempenho dele na equipe não manteve a mesma regularidade do antecessor e, correndo o risco de amargar mais uma temporada na terceira divisão, a diretoria coral resolver trocar o comando da equipe no deccorer da competição. Vica foi o nome escolhido para comandar o time do Arruda.
O novo técnico já chegou promovendo importantes mudanças, a principal delas barrar o ídolo Dênis Marques e promover o então esquecido André Dias para a titularidade. Começava ali mais uma ressurreição tricolor. O time reencontrou as vitórias e chegou às quartas de final. O adversário ainda era desconhecido; Betim e Mogi Mirim disputavam a vaga judicialmente. Os mineiros conseguiram a vitória nos tribunais, mas não no campo. Na primeira partida, 1 a 0 para os pernambucanos, gol de Tiago Costa. No segundo jogo, um Arruda com 60 mil torcedores ecoou um só grito “Ah, é Caça-Rato!” A partida estava empatada em 1 a 1, resultado que ainda garantia o acesso do Santa Cruz, mas o Betim era melhor em campo naquele momento até que, após cruzamento na área, a bola passou por toda defesa e sobrou para o CR7 de cabeça fazer a alegria dos corais e sacramentar, o Tricolor de volta à Série B.
A equipe ainda conseguiu conquistar o título de campeão brasileiro da Série C, o primeiro nacional do clube, diante do Sampaio Corrêa, e mais uma vez Caça-Rato decidiu. Ele fez o segundo gol da vitória por 2 a 1. Fechava-se o ciclo tricolor nas piores divisões do nacional. No ano seguinte o Santa Cruz lutaria na Série B pelo acesso à elite do futebol nacional.
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