Tópicos | GTP+

O  Grupo de Trabalho em Prevenção Posithivo (ONG GTP+) em conjunto com o Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco, a Universidade Federal Rural de Pernambuco e a Faculdade Pernambucana de Saúde, realizam neste fim de semana (2, 3 e 4), o HackaGTP+, um hackaton de inovação social inclusiva. 

O evento acontece no Apolo 235, no Porto Digital, bairro do Recife, e pretende desafiar os participantes a trazerem soluções inovadoras para o GTP+ e as pessoas acolhidas pelo espaço. Além dos desafios, haverá também workshops do Sebrae sobre Design Thinking, Modelo de Negócios e como construir um pitch.

##RECOMENDA##

As duas equipes vencedoras devem receber até R$22.500,00 por equipe (máximo de cinco pessoas), distribuído em bolsas de inovação por seis meses. No entanto, é necessário que todos os grupos tenham como integrante ao menos uma pessoa atendida pelo GTP+ ou voluntária da instituição.

O desafio proposto aos participantes é o da criação de soluções tecnológicas (aplicativo Web ou Mobile) que alavanquem negócios ou novos modelos de negócio dentro de uma das temáticas trabalhadas na ONG, como a Cozinha Confeitaria Escola e o Espaço Posithivo. As soluções geradas poderão ser exploradas comercialmente pelas equipes vencedoras em parceria com o GTP+.

O programa de bolsas oferecido às equipes vencedoras estará condicionado ao compromisso com a continuidade do projeto ao longo de seis meses e à participação no programa de formação em empreendedorismo e inovação através do Mind the Bizz, do Porto Digital.

De acordo com o coordenador geral do GTP+, Wladimir Reis, as soluções que a inovação tecnológica vai contribuir para o fortalecimento das pessoas vivendo com HIV/Aids, que estão em situação de vulnerabilidade, por meio da possibilidade da geração de renda e qualificação para o empreendedorismo.

O Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo, GTP+, ONG que atua na prevenção e no acolhimento de pessoas vivendo com HIV/Aids, está organizando uma campanha para doar cestas básicas e produtos de higiene para pessoas em situação de vulnerabilidade. Entre os beneficiados, estão pessoas LGBTs, egressos do sistema penitenciário e profissionais do sexo.

“A pandemia agravou ainda mais a situação dessa população vulnerável, e a cada dia as doações recebidas pela ong vêm diminuindo, tendo em vista que o GTP+ atende cerca de 300 pessoas cadastradas em situação de extrema vulnerabilidade”, postou a ONG no Instagram. Além da ação de combate à fome durante a pandemia da Covid-19, as doações subsidiam outras iniciativas da organização não governamental, a exemplo do programa “Mercadores de Ilusões”, que visa dialogar com profissionais do sexo sobre temáticas relacionadas às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e ao HIV/Aids.

##RECOMENDA##

Em 20 anos de existência, o Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo já atendeu mais de 42 mil pessoas, distribuiu milhares de preservativos, produziu cerca de 11 mil materiais informativos e também realizou testes rápidos para detectar ISTs.

Serviço:

Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo - GTP+

Endereço: Av. Manoel Borba, 545 - Boa Vista, Recife - PE, 50070-000

Telefone para doações: 81 3231-0905

Dados bancários:

Banco Itaú 341, Ag 3175 C/c 05336-6

PIX: gtp@gtp.org.br

Site: gtp.org.br

Já está funcionando o serviço Disk Prevenção e Cidadania, que promete orientar o público, de maneira gratuita, a respeito das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISts), da HIV/Aids, além de tirar dúvidas a respeito da Covid-19. Com funcionamento através do Whatsapp (81) 98657-7303, o projeto é uma iniciativa do Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+), voltada para o atendimento de pessoas vivendo com HIV/Aids, gays, travestis, transexuais, homens que fazem sexo com homens (HSH), familiares de LGBTQIA+’s em situação de cárcere e profissionais do sexo (travestis e transexuais).

O Disk Prevenção e Cidadania também visa fazer encaminhamentos para os serviços de saúde e promoção à cidadania, com funcionamento nas segundas, quartas e sextas-feiras, das 13h às 17h. “Esse serviço é mais uma forma para que a população que nós atendemos tenha acesso aos direitos básicos no tocante à prevenção ao HIV/Aids, saúde e a cidadania. Além disso, é um importante mecanismo nesse momento de pandemia que tanto tem atingido as populações mais carentes desse país”, ressalta o coordenador geral do GTP+, Wladimir Reis.

##RECOMENDA##

Entre abril e agosto de 2020, a instituição alcançou diretamente mais de 800 pessoas através das ações emergenciais do projeto "Não deixar absolutamente ninguém para trás". O GTP+ realizou atividades de prevenção à Covid-19, desde a assistência alimentar até os cuidados socioassistenciais para a população vulnerável. Foram 1.070 cestas alimentares entregues e 180 pessoas alcançadas em abordagens de ruas com profissionais do sexo e LBGTQIA+’s em situação de cárcere.

A pesquisa divulgada nesta quinta-feira (27) pelo Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+) sobre a população LGBT e soropositiva nas unidades prisionais da Região Metropolitana do Recife (RMR) também apresenta um recorte sobre religião. Segundo o levantamento, os privilégios da religião evangélica muitas vezes consiste em problemas para a população LGBT encarcerada, que é taxada de promíscua. Foram levantados dados socioeconômicos de 110 presos.

O estudo aponta que grande parte da população entrevistada (35,3%) não adota uma religião e 23,5% tem o exercício religioso prejudicado, dos quais 12,9% corresponde a pessoas que adotam o candomblé. Os seguidores do candomblé são majoritariamente mulheres trans e travestis. A maior parte (41,2%) segue o cristianismo.

##RECOMENDA##

"É muito comum nos presídios você encontrar pessoas andando com Bíblia, uma igreja, espaço para realização de culto", diz o advogado Lucas Enock, coordenador da pesquisa. "Existe uma predominância da religião de base cristã, principalmente evangélica e de linhas radicais, que preconizam a discriminação perante aquelas pessoas que não fazem parte daquele padrão heteronormativo. É comum os entrevistados falarem 'não posso exercer minha religião, porque sou chamado de macumbeiro, dizem que vão me agredir'", comenta Enock.

O GTP+ também verificou o acesso à hormonioterapia para pessoas trans e travestis. O grupo destaca que o tratamento hormonal é um importante instrumento garantidor da identidade de gênero e se relaciona com o direito à saúde, fisiológica e mental. 

De acordo com a organização, há diversas violações quanto ao direito do tratamento hormonal, como o não custeio do Estado para quem não pode bancar o tratamento e o impedimento de entrada dos medicamentos. "Diante desses percalços, as pessoas são obrigadas a custear os medicamentos, inserir o hormônio de forma autônoma no corpo sem qualquer acompanhamento médico. Ademais, é necessário introduzir os insumos medicamentosos de forma clandestina para dentro do estabelecimento penal", diz o texto.

Mais de 80% dos homens trans não recebem o tratamento. Cerca de 34,3% da população de homens trans, mulheres trans e travestis entrevistada responderam não fazer uso.

Sobre prevenção ao HIV e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o levantamento indica que não há problemas em relação à quantidade de preservativos destinados aos presos. O problema é que nem todos possuem livre acesso ao setor de saúde das unidades, geralmente necessitando de autorização de chaveiros e profissionais concessionados.

Quase 40% dos entrevistados informaram não utilizar preservativos regularmente. Muitos disseram não fazer uso de preservativo com seus companheiros, baseados em relação de confiança. Outros alegaram não gostar de utilizar. Outra questão ligada à transmissão do HIV é a livre realização de tatuagens pelos próprios presos, feita sem utilização de material adequado e descartável.

No tópico de emprego, as pessoas LGBT entrevistadas reclamaram da ausência de oportunidades. Essa população geralmente consegue atividades domésticas, como faxina e lavagem de roupas. Muitas dessas pessoas, principalmente mulheres trans e travestis, também se prostituem. Além dessas atividades não contarem para diminuição de pena, as retribuições costumam ser mínimas, servindo algumas vezes para troca por materiais de higiene e droga.

O Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+) divulga, nesta quinta-feira (27), o resultado de uma pesquisa sobre a população LGBT e pessoas vivendo com HIV e Aids nas unidades prisionais da Região Metropolitana do Recife (RMR). Foram levantados dados socioeconômicos de 110 presos, identificando que a população LGBT em restrição de liberdade é, no geral, negra, de baixa renda, com baixa escolaridade, distante da família e vivencia preconceitos no cotidiano.

Segundo a pesquisa, 56,2% dos entrevistados não têm uma referência familiar, ou seja, contato ou proximidade com algum parente. Segundo o advogado Lucas Enock, coordenador da pesquisa, há um afastamento muito grande da família, principalmente com relação às mulheres. "É uma porcentagem maior porque tem a quebra daquele papel social da mulher. É muito menos aceitável a mulher que está presa. E ela é presa muitas vezes por causa do vínculo amoroso com o companheiro", resume. Proporcionalmente, quase 80% das mulheres cis não identificaram referência familiar. De acordo com Enock, o distanciamento familiar de pessoas LGBT costuma ter início antes mesmo da prisão.

##RECOMENDA##

O estudo traz que 80% dos entrevistados são pessoas negras e pardas, mais da metade possuem de 19 a 29 anos (52,8%), não havendo ninguém acima dos 46 anos de idade - o que pode significar um indício de baixa expectativa de vida. Mais da metade possui ensino fundamental incompleto (54,7%) e renda familiar de até um salário mínimo (63,2%).

A Secretaria Executiva de Ressocialização contabiliza na RMR 104 pessoas reconhecidas como integrantes da população LGBT e 13 soropositivas. Apesar dos dados oficiais, o GTP+ identificou 110 pessoas e acredita que o quantitativo não corresponde à quantidade exata de pessoas que se enquadram no grupo populacional, porque nem todas que se enquadram foram entrevistadas, pois a participação era opcional, e por causa de subnotificação, visto ser comum elas não revelarem a orientação sexual e identidade de gênero abertamente.

O recorte aponta que 27% dos entrevistados respondem por tráfico, enquanto 28,9% estão na prisão por causa de crimes como patrimônio (roubo e furto). Ainda 17,1% respondem por homicídio e tentativa de homicídio, 5,2% por estupro e tentativa de estupro, 3,9% por agressão e 6,5%, outros tipos de crime.

A porcentagem de reeducandos LGBT que ainda não foram julgados é de 38,1%. Na pesquisa anterior, feita com base em entrevistas de 2018, essa taxa estava em 35%. Segundo Enock, o número da pesquisa não representa a realidade. Um mutirão mais recente feito com a Defensoria Pública indicou que 52,4% dos avaliados não possuíam condenação. "O acesso à justiça e o direito a assistência judiciária são um dos principais anseios da população pesquisada. Diante da notória vulnerabilidade socioeconômica das pessoas entrevistadas, muitas delas não possuem condições de contratar advogado particular para acompanhar os seus processos judiciais. Diante disso, é necessário o acompanhamento da Defensoria que possui um quadro reduzido de profissionais à disposição diante de um número excessivo de pessoas a serem assistidas", assinala texto do GTP+. Quase 80% das pessoas entrevistadas manifestaram necessidade de atendimento jurídico.

A pesquisa também indica que 35,5% dos presos LGBT sofreram algum tipo de violência, que as mulheres trans e travestis e homossexuais estão mais suscetíveis a serem vítimas de violência e que as agressões mais comuns são física e sexual, superando a verbal. O GTP+ ressalta que algumas circunstâncias podem ter influenciado na resposta, como a presença de agente no momento da pesquisa, execução de oficinas prévias sobre o tema e confiança na equipe do projeto. 

"O entrevistado nem sempre vai dizer abertamente sobre essa a situação vivenciada de violência ou até mesmo não reconhece essa violência, achando que determinados comportamentos são comuns", diz o coordenador a pesquisa. "Em 2018, Pernambuco foi considerado o estado que menos repassar informações ao Ministério da Justiça. Essa situação se agrava agora diante da pandemia. Inclusive, o CNJ considera que houve um decréscimo de 83% dos casos relatados de tortura e maus tratos", completa.

O GTP+ contabilizou que 55,4% da população LGBT identificada consome maconha. "Tais substâncias se inserem por diversos meios nas unidades prisionais, como por meio das visitas de familiares", diz o grupo. Na pesquisa, pessoas afirmaram usar loló (9%), crack (18,1%), cola (7,2%), cocaína (12,7%) e nenhuma droga (23,6%). O grupo destaca que esses números devem ser refletidos, pois além de estarem associados às condições de vulnerabilidade social, estão diretamente relacionados com o tipo de sustento da população LGBT na sociedade.

O GTP+ esteve no Centro de Observação e Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (COTEL), Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima e do Recife (CPFAL e CPFR), Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), Penitenciária Agro-industrial São João (PAISJ), Presídio ASP. Marcelo Francisco Araújo (PAMFA), Presídio Frei Damião de Bozzano (PFDB), Presídio de Igarassu (PIG), Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (PJALLB) e Penitenciária Professor Barreto Campelo (PPBC)

Na próxima terça (30), o GTP+ vai celebrar o Dia do Orgulho LGBTI com uma live na qual será debatido o tema: Orgulho LGBTI e os Desafios na Atualidade. Participam do bate papo Maria Clara de Sena, do projeto Trans Latina, e Henrique Costa, assistente de projetos do GTP+ e ativista do Movimento Negro. A transmissão começa às 17h, no @gtposithivo

Maria Clara de Sena é militante dos Direitos Humanos, tendo sido a primeira trans refugiada do Brasil. Atualmente é participante do projeto Trans Latina e também trabalha pelo CRC self-help no Canadá além de ser a idealizadora do balé T. Mediando a conversa estará Henrique Costa, assistente de projetos do GTP+ - entidade coordenada por pessoas vivendo com o vírus HIV e Aids -, e ativista do Movimento Negro. O público poderá participar do debate mandando perguntas através do Instagram.

##RECOMENDA##

Devido ao isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus, muitas pessoas se encontram em situação de vulnerabilidade. Diante disso, o Grupo de Trabalho em Prevenção Posithivo (GTP+) está recebendo doações para compra de cesta básicas, materiais de limpeza e higiene, para auxiliar à população sempre assistida pela ONG, além da manutenção das atividades da organização.

“Precisamos da sua ajuda para fazer ainda mais por quem precisa e está passando necessidades. Doe! Sua doação pode salvar vidas”, ressalta o GTP+. Para quem deseja contribuir com esta causa, as doações podem ser feitas através de depósito bancário. Seguem os dados:

##RECOMENDA##

Banco Itaú 341

Ag. 3175, C/C 05336-6

CNPJ: 05.087.086/000155. 

Para doações presenciais, o público deve entrar em contato com o telefone (81) 98882-8276.

Há 30 anos, em 1⁰ de dezembro é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. A data foi instituída em 1987 pela Assembleia Mundial de Saúde e Organização das Nações Unidas (ONU), para buscar mais solidariedade a quem foi infectado pelo HIV/Aids. A Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é causada pelo vírus do HIV e acomete o sistema imunológico. De 1980 a junho de 2018, foram identificados 926.742 casos da doença no Brasil. O país tem registrado, anualmente, uma média de 40 mil novos diagnósticos de Aids nos últimos cinco anos. Apesar disso, houve uma redução de 16% no número de detecções nos últimos seis anos.

De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, em 2017, quando analisada a taxa de mortalidade nos estados, Pernambuco tem números acima da média nacional, que foi de 4,8 óbitos por 100 mil habitantes, e também lidera os casos no Nordeste, tendo uma taxa de óbitos entre soropositivos de 5,6. Dados divulgados pelo Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP)+ apontam que no Estado, uma média de duas pessoas morrem por dia com a doença e a cada seis horas uma contrai o vírus.

##RECOMENDA##

A pernambucana Maria da Silva*, que nesta reportagem ganhou nome fictício, se tornou parte dessas estatísticas assustadoras; há 22 anos precisou criar uma rotina e foi informada de que seria para a vida toda. Todos os dias, todas as manhãs, ela se levanta, pega um copo de água e coloca goela adentro três comprimidos responsáveis por manter o seu corpo funcionando bem. “Eles me dão anos de vida e mais tempo com os meus filhos”, garante a diarista, que aos 18 anos foi diagnosticada como portadora do vírus HIV, oito dias após ter dado a luz a um de seus oito filhos.

Aos 40 anos, a recifense sente que já viveu dez décadas e renasceu várias vezes. Ganhou chances de resistir aos problemas que enfrenta por ter o vírus. Se viu no limite entre a vida e a morte ainda jovem, deitada na cama de um hospital habitado por estranhos, sem a presença dos parentes ao seu redor. Perdeu as contas de quantas vezes precisou ser socorrida, caiu doente e tudo se repetiu. O semblante de Maria na década de 1990, na época da descoberta, era esmorecido. “Fui abandonada pela minha mãe e a família. Achavam que eu estava com a pior doença do mundo, não tive apoio. Colocavam água quente no meu lençol como se eu fosse uma indigente”, lamenta.

Aos 40 anos, a recifense sente que já viveu dez décadas e renasceu várias vezes. Ganhou chances de resistir aos problemas que enfrenta por ter o vírus. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

A vida de Maria nunca foi fácil, mas os percalços aumentaram quando aos nove anos, a mãe se separou de seu pai e ele a abandonou com 15 filhos para criar. Era maria e mais 14 irmãos que vagavam nas periferias do Recife procurando o que comer. Desde então, passaram muitos padrastos e todos molestavam ela e as suas irmãs. “Passei pouco tempo com minha mãe na infância porque vivia fugindo de casa, não gostava deles, era abusada. Fui muito danada e sempre fugia de casa, não aceitava aquilo”, relembra.

Não restaram tantas escolhas senão ir morar na rua. Arrumava confusões, se escondia, foi levada para a Fundação do Bem Estar do Menor, na época a Febem, atual Funase e aos 14 anos saiu de lá após uma rebelião. “Prometi a deus e a mim de que nunca mais cairia naquele lugar. Só queria estar ali porque tinha alimentação e um dormitório. A rua era muito violenta, mas não queria estar encarcerada, eu tinha vontade de viver”, detalha.

Maria vagava pelo Recife, teve filhos, engravidou de novo, se mudou para o Rio de Janeiro e foi morar em um colégio interno para grávidas. Por lá, passou três anos, não se recorda bem o tempo, mas nunca se acostumou com a estadio dos cariocas. Eram rudes, preconceituosos e não havia emprego por lá. No Recife, precisou se prostituir nas esquinas para alimentar seus filhos porque era uma forma de conseguir um trocado com o corpo.

Grávida de cinco meses de uma das filhas, ela foi orientada a fazer um exame de HIV pelo seu histórico de vida sem muitos cuidados, principalmente nas relações sexuais. Mas, na época, o exame demorava para ser entregue pelo serviço público e foi liberado quando ela já estava amamentando a pequena há oito dias.

Foram meses de espera e o resultado positivo trouxe espanto por Maria não saber do que se tratava o vírus, perigo e o medo do futuro. “Ainda me lembro, os médicos me orientaram a parar imediatamente de amamentar a minha filha e por um milagre divino ela não foi infectada pela doença. Considero isso um livramento porque pelo leite eu poderia ter passado algo que odeio ter para a minha filha, sem culpa alguma nisso”. Ela não sabe com quem pode ter pego a doença, mas admite que a vida desregulada e sem cuidado tem poucos caminhos possíveis, sendo um deles esse.

Pouco tempo depois, Maria passou a tomar a medicação e desde então não pode esquecer nenhum dia dos remédios, com quem tem uma relação de ódio e amor. “Sei da importância dos comprimidos, mas as vezes passamos por muita humilhação, sabe? Eles têm um efeito colateral muito forte e causam enjoos e tontura”, conta. Ela se refere ao período em que ainda trabalhava fazendo faxinas na casa de algumas pessoas, mas sempre que tomava a medicação, passava mal e precisava largar mais cedo. “Eles ficavam desconfiados e sempre descobriam do HIV de alguma forma. E aí, eu me sentia presa na doença porque mais uma vez era mandada embora, humilhada”.

Na comunidade onde vive, o assunto ainda é um tabu. Maria é mulher negra, moradora de periferia, pobre e portadora do HIV. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

São 22 anos convivendo com o preconceito ao seu redor, alimentando a esperança de que um dia a cura será viabilizada para todos, sem a interferência da indústria farmacêutica. Maria encara a vida como uma batalha a cada dia, ao acordar agradece pela vida e por ter filhos companheiros ao seu lado. “Eles nunca me abandonaram. Tenho muito orgulho disso e sempre procuro explicar que eles também precisam se proteger ao ter relações sexuais. O mundo é difícil e tem muita maldade”.

Na comunidade onde vive, o assunto ainda é um tabu. Maria é mulher negra, moradora de periferia, pobre e portadora do HIV. Ela mora em uma casa de um só vão e logo na entrada, onde fica a cozinha, já conseguimos enxergar o quarto, bicicletas no teto, panelas penduradas nos canos e fios expostos. As paredes laterais são coladas com as dos vizinhos e a espessura que as divide é pequena. Por isso, a família evita falar alto sobre Aids, HIV e medicações para os outros moradores do beco não descobrirem a doença. “Sei que eles desconfiam, mas eu tenho medo de retaliações, de rejeição, assim como aconteceu com a minha família quando eu era jovem. Prefiro me preservar”, explica.

Após ser diagnosticada com HIV, Maria da Silva nunca conseguiu um emprego formal. O sonho de ser auxiliar de cozinha, no entanto, ainda é vivo e ela pretende batalhar para conseguir um espaço em algum restaurante da cidade. Recentemente, ela fez um curso com duração de seis meses para se especializar na área, voltou a estudar e está aprendendo a ler e escrever em um colégio do bairro. “Já sei escrever até meu nome”, revela. Mas, na última tentativa em uma cozinha, foi informada de que por conta de sua aparência não seria aceita. “Meus dentes estão todos quebrados, tenho muitas bolhas no braço, também. Mas é tudo por causa do HIV, da diabetes e das sequelas que fiquei das vezes que quase morri nos hospitais”.

Ter as portas abertas de algum empreendimento realizaria um dos sonhos de Maria para poder dar uma melhor condição de vida aos filhos e netos. Hoje ela consegue se manter com o benefício que conseguiu do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), um salário mínimo e com o auxílio de ONGs que ajudam pessoas positivas em Pernambuco. “Tem época que a medicação falta no Estado e a gente fica aqui doido. Aí como conhecemos muitos amigos que também se tratam, pegamos emprestado porque a gente não pode ficar sem. Meu corpo estoura, a minha imunidade fica muito baixa, pego doenças oportunistas como a pneumonia e minha vida não segue”.

Nascida de sete meses, ela avalia que é impaciente e após sofrer tanto na vida, perdeu um pouco a fé na empatia das pessoas ao seu redor. “Hoje em dia eu nem tento mais explicar que Aids e HIV não são bichos, são completamente controlados por remédios. Ninguém quer saber, prefiro me resguardar porque a vida me tornou essa pessoa dura, não tenho mais paciência”.

[@#video#@]

Conheça outras histórias de pessoas que convivem com o vírus do HIV clicando nas imagens a seguir:

 











 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

— Eles me bateram bastante e me levaram para o Cotel. E lá, quando eu entrei, nem os agentes penitenciários tiveram a sensibilidade de me informar porque eu estava encarcerada. Eu só descobri que era traficante quando procurei um canto para dormir na cela e os outros presos pediram a minha “nota de culpa” e eu entreguei o papel. Nele dizia que eu tinha sido presa em flagrante em posse de R$ 32 e 18 pedras de crack.

Há oito anos, Cleide Gomes*, que nesta reportagem ganhou nome fictício, hoje com 26 anos, era presa e nem imaginava que passaria pelo pior pesadelo da sua vida. Ela trabalhava como profissional do sexo nos principais pontos de prostituição do Recife, sempre migrando. Em uma dessas temporadas, optou por trabalhar no centro da capital pernambucana e o local ficava próximo a pontos chave do tráfico de drogas, além de ser violento. Para que as profissionais se sentissem mais seguras, elas se organizavam e pagavam R$ 50 cada para policiais que faziam a ronda na área ficarem de olho.

##RECOMENDA##

Mas, Cleide relembra que o clima nunca foi tão amistoso com os agentes públicos, eles a revistavam, escolhiam algumas para bater, levavam na cadeia e depois soltavam. Em uma dessas abordagens, uma policial mulher começou a revistar o corpo de Cleide. Ela a apalpava em todos os locais do corpo e quando chegou na região da genitália, descobriu que a profissional do sexo era uma mulher travesti e ficou indignada. “Eles não perguntavam nada, só vinham, começavam a tocar os nossos corpos e a gente era obrigada a aceitar tudo. A policial ficou muito irritada por ter tocado no meu pinto sem saber e começou a me bater, me bateram muito e cortaram o meu cabelo”, relembra Cleide.

Cleide entrou para o mundo da prostituição ainda jovem, não sabia que travesti podia fazer outra coisa". Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Pouco tempo depois do ocorrido, ela tentou firmar um acordo com as outras travestis que trabalhavam na região, de que não iriam mais pagar nenhum centavo aos policiais, já que eles estavam batendo nelas e atrapalhando o desenrolar do local de trabalho das mulheres. “Eu lembro que nem todo mundo concordou, algumas meninas continuaram a pagar aos guardas e a gente dava nelas. Eu ficava revoltada e isso começou a ser percebido por eles, que eu batia de frente e colocava a minha voz sem medo nenhum”, destaca Cleide, admitindo que ir de encontro a voz da polícia para quem é marginalizado é muito perigoso.

Em uma dessas noites, de acordo com Cleide, como ela já estava “marcada” pelos agentes, foi algemada e apanhou muito. Depois, foi levada a central de plantões e logo em seguida presa. Cleide sempre alegou inocência e afirmava rotineiramente que nunca tinha traficado e seu trabalho era outro.

Encarcerada, para ela injustamente, sem direito a nenhuma voz, começou a perder as esperanças no Estado e na Justiça. Passou a encarar a nova realidade como parte de sua rotina e aceitou por algum tempo que seu futuro seria na prisão.

Cleide entrou para o mundo da prostituição ainda jovem, não sabia que travesti podia fazer outra coisa. Ao contar a família que queria viver como travesti foi expulsa de casa e passou a morar na rua com outras colegas. Aos 15 anos, encontrou uma transgênero e se identificou. “Ela me disse que se eu quisesse ser mesmo, meu único trabalho era programa. Eu me vi nela, percebi que isso era eu. Também queria aquela aparência de mulher. Foi aí que comecei a modificar o meu corpo. Tinha acabado o ensino médio e na época fui aprovada no vestibular para cursar enfermagem”, cita.

A família dela nunca a aceitou bem e apesar de seu companheiro na época não ter gostado da sua escolha, teve de conviver com ela. “Ele foi o meu primeiro e único amor. Mas mesmo com o olhar estigmatizado da travesti, eu quis ser”. Trabalhou em Pernambuco, em outros estados e também na Europa. Em uma semana boa e movimentada, Cleide conta que chegava a apurar R$ 15 mil. “Eu confesso que sempre quis sair da vida de fazer programa, mas eu não via outras alternativas. Travesti não podia ter emprego formal. As pessoas eram e ainda são preconceituosas. É só olhar ao redor e contar quantas estão atuando profissionalmente em áreas distintas”. lamenta.

Em 2010, assim que foi presa, ela relata que para sobreviver na prisão, precisava realizar trabalhos tipicamente femininos, na lavagem de roupas, na massagem de outros presos e também se prostituindo para ter onde dormir. Mas, por ela ter o curso técnico de enfermagem, conseguiu certo “privilégio” trabalhando nas enfermarias dos presídios. Foi transferida muitas vezes, sempre que acontecia uma rebelião, a levavam para outro presídio e a colocavam na enfermaria.

Após dois anos presa, Cleide foi transferida para o antigo presídio Aníbal Bruno, hoje transformado no Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife. Ela e mais duas travestis foram colocadas dentro de uma cela com mais de cem homens. Eram 103 pessoas dividindo um espaço minúsculo, em que não mal cabiam vinte presos. “Quando eu cheguei, o preso mais velho da cela, geralmente é o mais respeitado, me deu a mão, me ofereceu um canto para dormir e consegui até comer. Durante o dia ele foi gentil comigo e me preservou”. Ela detalha ainda que não imaginava que seria estuprada.

“De início, eu não fiquei preocupada quando fui colocada com mais duas travestis para uma cela com cem homens. Eu tinha certa ascensão lá dentro, trabalhava e era de certa forma respeitada, eles me conheciam e não imaginei que fossem me fazer mal. Mas, mesmo assim, pedi aos agentes que não deixassem nós três lá. Não adiantou”, conta. Cleide relembra que a noite se aproximou muito rápido e detento mais velho da cela a segurou pela mão e disse que queria ter relações sexuais.

“Eu não queria. Entrei em uma briga corporal e ele me furou com um pedaço de madeira. Fiquei toda machucada e cedi. Ele me estuprou a noite toda, por vários dias. Ele gostava da minha aparência feminina, era um objeto sexual. Ele me preservava porque me queria só para ele, apesar de outros homens também me estuprarem. As outras meninas também estavam sendo abusadas. Foi um pesadelo e não tinha o que ser feito. Tive que aceitar”.

Cleide relembra que quando retornou à cela após a triagem, apontou o homem que a estuprava todas as noites e foi informada pela enfermeira: “ele é soropositivo”. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Após vários dias de estupro, uma das travestis apresentou uma fissura anal de tanto ter relações com os outros presos e o sangramento de uma levou as três mulheres à sala da enfermaria para realizar uma triagem. Elas denunciaram a situação que acontecia nas noites, dentro da cela. “Estavam trancafiadas por vinte dias sendo molestadas. Eu contei a enfermeira e pedi para que saíssemos daquele local. A gente podia ser transferida. Mas nada foi feito. Mais uma vez. Naquela época não tinha pavilhão específico para LGBTs”.

Cleide relembra que quando retornou à cela após a triagem, apontou o homem que a estuprava todas as noites e foi informada pela enfermeira: “ele é soropositivo”. A gestão do presídio nada fez, no entanto. Sem muita informação dos processos que poderiam ser adotados após se expor à prática sexual sem preservativos, o corpo de Cleide começou a enfraquecer alguns meses depois. “Eu não sabia dos métodos que poderiam ser aplicados a mim, como hoje conheço a PEP*. Mas eles existiam. E era obrigação do Estado me proteger. Eles falharam comigo. Os presos continuaram me estuprando e eu não podia me prevenir, achava que era o meu fim”, lamenta.

*PEP – Profilaxia Pós-Exposição – é o uso de medicamentos antirretrovirais por pessoas após terem tido um possível contato com o vírus HIV em situações como: violência sexual; relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha), acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou em contato direto com material biológico). A PEP deve ser iniciada logo após a exposição de risco, em até 72 horas; e deve ser tomada por 28 dias.

Ainda no ano de 2012, Cleide descobriu que estava infectada pelo HIV e caiu em depressão. Continuou na cela com os mesmos homens até o fim do ano. “Não tive o acompanhamento básico, não conseguia me prevenir, não tive tratamento humanizado e só comecei a tomar a medicação alguns meses depois do diagnóstico sair”, relata. Seu corpo era usado todos os dias. Ela só conseguiu observar um futuro diferente quando conheceu Maria Clara, agente de direitos humanos do Projeto Mercadores de Ilusão, que promove a prevenção, a cidadania, o protagonismo e autonomia dos profissionais do sexo, bem como tem representações em instâncias e espaços de controle social, atuando na promoção dos direitos humanos.

No cárcere, Cleide conheceu Clara e pela primeira vez descobriu que uma travesti também podia trabalhar muito além da prostituição. “O projeto me ajudou muito a conseguir realizar exames e ganhar os medicamentos de forma correta, além de explicar o que eu tinha, como deveria me tratar e trabalhar para eu me aceitar e seguir em frente”, analisa.

Três anos se passaram e quando Cleide já estava desacreditada na inocência, em 2013, conseguiu ser absolvida da pena e foi liberado. Após uma investigação, descobriram a filmagem de uma câmera de segurança de um hotel na rua onde a travesti foi presa em flagrante. As imagens mostravam que os policiais roubaram a bolsa dela e colocaram o dinheiro e a droga para forjar o crime de tráfico. “Assim que fui inocentada, eu comecei a processar o Estado. Fui presa injustamente, fui estuprada e infectada com HIV. Sofri muito”.

Decidida a ganhar a causa, Cleide precisou deixar de lado o processo porque recebeu visitas intimidadoras dos policiais que participaram da sua prisão, já que eles conseguiam o endereço que ela residia com facilidade. Fora da prisão, voltou a morar com seu companheiro de vida e conseguiu um trabalho fixo com carteira assinada, que preferiu não detalhar para não se expor.

No segundo semestre de 2018, ela estava indo visitar o marido no cárcere e enquanto aguardava a liberação do lado de fora do presídio, foi atingida por um tiro no centro do peito. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Oito anos depois, ela conta que parou de trabalhar como profissional do sexo para se preservar porque as pessoas soropositivas precisam de uma vida mais regrada e com mais cuidados. Ainda sente muita dor ao olhar para o passado e converte a revolta de seu corpo em militância na causa LGBT e no movimento Aids, a quem ela considera como único acolhedor nesse processo de descoberta e tratamento. “Eu tive a sorte de conhecer o GTP+, tiveram sensibilidade comigo e com meu corpo, era vista como ser humano”.

Tudo que aconteceu na vida de Cleide gerou muita revolta não só nela, mas também no seu marido, que hoje se encontra preso por cometer assaltos. “O sistema não é justo. Nossas ações muitas vezes liberam o nosso sentimento de raiva, por tudo que passamos”, comenta. No segundo semestre de 2018, ela estava indo visitá-lo no cárcere e enquanto aguardava a liberação do lado de fora do presídio, foi atingida por um tiro no centro do peito. “Eu estava sentada na kombi, esperando dar a hora de ir embora, quando começou um tiroteio. A bala entrou e não saiu”, conta. Ela foi socorrida, internada e conseguiram salvá-la. Ganhou uma cicatriz para se lembrar por toda a vida da posição que ocupa, à margem.

Mas isso não a fez uma pessoa fraca, pelo contrário, foram muitas situações difíceis que teve de enfrentar para estar viva e pronta para ajudar outras pessoas. “Eu aprendi muito sobre tudo, principalmente sobre a importância de se prevenir, de lutar pelos seus direitos e de entender que a vida pode ser tranquilamente vivida por uma pessoa soropositiva, mas o alerta tem que estar ligado a tudo. Porque a gente pode também decair muito rápido, se o tratamento não for seguido à risca”, finaliza.

[@#video#@]

Conheça outras histórias de pessoas que convivem com o vírus do HIV clicando nas imagens a seguir:









 

 

 

 

 

 

 

 

De 2007 até junho de 2018, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) 247.795 casos de infecção pelo HIV no Brasil. Nesse período, o levantamento aponta um total de 169.932 (68,6%) diagnósticos em homens e 77.812 (31,4%) em mulheres. Embora qualquer um possa ser infectado pelo HIV, estão mais vulneráveis homens que fazem sexo com homens, mulheres trans, trabalhadores sexuais, jovens, pessoas que usam álcool e outras drogas e pessoas privadas de liberdade.

Em 2013, quando tinha 33 anos, o estudante Mauro Santos*, que nesta reportagem ganhou nome fictício, foi diagnosticado com o vírus em um dos exames rotineiros que fazia anualmente. Ele não preferiu se estender ao contar o contexto em que foi infectado, mas relembra que estava em um relacionamento sério com outro homem e que teria se tornado soropositivo através dele, por um descuido no preservativo.

##RECOMENDA##

Mauro reconhece que estava em um grupo de risco, apesar da vivência em movimento social desde o ano de 2002, atuando na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, alertando sobre os perigos da Aids em escolas e ambientes de aprendizado. “Eu não era um completo ignorante. Eu sabia de tudo e aceitei o risco quando me expus ao meu companheiro na época”, diz.

"Ao receber a notícia, a sensação foi de desespero porque é algo que todo mundo está sujeito, mas ninguém quer para si. Eu procurei me recompor porque sabia da importância do meu psicológico para tocar a minha vida e foi o que eu fiz", relembra.

Mauro convive com o HIV há cinco anos e confessa já ter passado por altos e baixos. Ele iniciou seu tratamento no Hospital Correia Picanço, em 2014, para tomar a medicação e lhe foi informado que o melhor horário para se medicar seria à noite por causa dos efeitos colaterais. “A tontura é angustiante e mistura com a depressão, causa um desespero. Tive que fazer de tudo para que a minha mãe não percebesse. Em uma das minhas primeiras quedas, eu me sentia acabado, passei o dia mal. Era o início de tudo, estava me acostumando”, relata.

“Eu não era um completo ignorante. Eu sabia de tudo e aceitei o risco quando me expus ao meu companheiro na época”, diz. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O estudante decidiu que não contaria a família sobre sua saúde porque tinha medo da reação deles e preferiu viver em silêncio sobre esse assunto. “Até hoje a minha família não sabe, e eu prefiro que seja assim porque é outra cultura, minha mãe já é mais velha e tenho receio dela não aceitar. Só quem sabe são poucos amigos porque precisei desabafar”.

Reconstruir a vida na condição de soropositivo é uma batalha diária porque a sociedade ainda é muito reativa quando se fala em Aids. E Mauro sentiu isso na pele. No último relacionamento que se envolveu, após duas semanas conhecendo melhor a outra pessoa, precisou revelar a sua condição de saúde porque a preocupação com o outro é fundamental para acabar com o HIV de uma vez. “Estava com esse homem e quando contei, o resultado não me surpreendeu. Ele preferiu se afastar e seguimos em frente no caminho oposto”, conta.

Muitas pessoas ainda acham que a doença pode ser transmitida pelo ar, no beijo, ou em um simples abraço. Mas longe dos gestos afetuosos transmitirem algo de ruim.  “O preconceito é algo que eu já sentia por ser gay, mas agora é duplo porque quando alguém fala algo negativo de um soropositivo, eu ouço e me sinto ofendido, mas nem sempre posso falar algo”, afirma.

O tratamento contra o HIV disponível atualmente no Sistema Único de Saúde (SUS) é um coquetel de três medicamentos responsáveis por inibir o máximo possível a reprodução do vírus no corpo, enquanto mantém o sistema imunológico atuante e protege contra infecções oportunistas.

Mauro relata que sabe dos riscos de ficar sem a medicação e condena o sistema de saúde de Pernambuco porque em 2018 foram no mínimo duas semanas com a medicação em falta. “A minha sorte foi que eu nunca deixo meus remédios acabarem, sempre pego antes. Então eu tinha certo estoque, mas muitos amigos me ligaram pedindo, desesperados sem saber o que fazer e a quem recorrer nessas horas”, comenta o estudante, que diz fazer parte de um grupo de WhatsApp para soropositivos trocarem informações e se ajudarem.

Um dos sonhos que ele carrega para diminuir o impacto da doença na sua vida é que criem uma vacina para tomar mensalmente. “Evitaria da gente ter que tomar as medicações todos os dias, vai ser muito melhor”, opina esperançoso.

Uma pesquisa internacional avaliou o efeito de injeções espaçadas de dois antirretrovirais em mais de 200 pacientes. Em dois anos, 87% dos que receberam a dose uma vez ao mês suprimiram o vírus. Mas, para que o estudo possa se expandir e se tornar seguro e efetivo, precisa passar por uma nova fase de pesquisas com um número bem maior de voluntários. Ainda não há expectativa para que seja aplicado ao mercado.

Aos 23 anos uma médica informou que o resultado do seu exame tinha sido reagente e que ele estava com o vírus. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

O profissional do sexo José Carlos* - nesta reportagem ganhou nome fictício -, 27, que trabalho com o corpo desde os 14 anos, lamenta não ter conhecido a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV antes de ser diagnosticado com o vírus. O PrEP é o uso preventivo de medicamentos antes da exposição reduzindo a probabilidade da pessoa se infectar com vírus e pode ser utilizada por grupos de alto risco, gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH); pessoas trans; trabalhadores/as do sexo e parcerias sorodiferentes (quando uma pessoa está infectada pelo HIV e a outra não).

Não deu tempo. Aos 23 anos, uma médica informou que o resultado do seu exame tinha sido reagente e que ele estava com o vírus. José era casado e tinha uma filha. Quando decidiu contar a sua esposa, teve medo de dizer como poderia ter pego porque a prostituição era algo secreto e ela nem desconfiava. “Fui muito irresponsável, falei que tinha pego com alguma mulher porque tinha a traído na rua, mas não tive coragem de revelar a forma que ganhava dinheiro”, esclarece.

A mãe e o pai ficaram em choque, sem entender direito como seria a vida do filho daquele momento em diante, mas José sempre demonstrou tranquilidade porque fez pesquisas, passou a frequentar reuniões no GTP+ e em outras ONGs, e as conversas no ciclo de amigos próximos também o acalmavam. “A minha mãe ainda se preocupa muito comigo, quando saio para beber e perco noites de sono. A gente sabe que não pode exagerar porque a doença chega muito rápido. Mas minha mente sempre foi mais aberta, consigo me acalmar para poder tranquilizar quem está ao meu redor”.

José se considera heterossexual e que o fato de transar com homens em seu trabalho não altera sua sexualidade. “Gosto de mulheres, quero encontrar uma para que eu possa me apaixonar de novo, espero que ela me aceite. Mas, são negócios e mantenho relações sexuais com homens principalmente para sobreviver”. Ele conta que já frequentou saunas gays, cinemas, e pontos de prostituição por muitos anos, mas agora mantém um caso com um pastor de uma igreja evangélica que pediu “exclusividade”.

Mas, apesar disso, continua trabalhando com programa quando aparece alguma oportunidade. “É um trabalho que não tem crise, não abala, quem quer sexo vai procurar isso, eles pagam para isso. Quem me conhece, me procura porque gosta de mim. Mas sei que ficando velho, vou perder clientes e essa é a tendência, os mais novos são mais procurados”.

Mesmo sendo portador do HIV, ele diz que leva uma vida tranquila, saudável e sempre que vai fazer sexo, faz o uso da camisinha. Com os medicamentos que fazem parte do coquetel, as perspectivas de vida para soropositivos estão cada vez melhor. Pior mesmo é o preconceito que só aumenta. “O desconhecimento é muito grande, tenho medo de nunca conseguir casar de novo. É um assunto que parece um monstro para tantas pessoas e é tão simples de ser entendido. A gente sofre demais, mas não me entrego”, admite.

Para ele, os casos de HIV entre jovens aumentaram porque falta conscientização, principalmente nas periferias, em que o acesso a educação sexual é mais precário. “Muitas pessoas se drogam, precisam trabalhar com o corpo, e estão vulneráveis. O estado precisa intervir urgente e criar novas medidas mais eficazes para essa molecada ter mais conhecimento”, opina.

José não se arrepende de ter entrado na prostituição para se manter e por consequência ser infectado, mas sente mágoa de seu passado e presente e gostaria de largar o sexo por dinheiro de uma vez por todas. “Quero ter um trabalho como qualquer outro, uma vida mais digna, me cuidar mais. Só que nem tudo é tão simples assim, o dinheiro fácil é atrativo, mas da mesma forma que ele vem com facilidade, vai embora também”, analisa.

[@#video#@]

Conheça outras histórias de pessoas que convivem com o vírus do HIV clicando nas imagens a seguir:

 

 

 

 

 




 

 

 

 

 

 

— No velório do meu companheiro, a família dele jogou cal em seu corpo, lacrou o caixão com madeira e prego e pediu que ninguém tocasse nele porque tinha morrido com Aids.

##RECOMENDA##

Emocionado ao relembrar um dos momentos mais difíceis de sua trajetória, Wladimir Reis, 58, hoje se tornou coordenador do Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+), fundado em 2000 por pessoas com HIV e seus familiares.

Na década de 1990, Wladimir Reis e o seu companheiro trabalhavam na mesma empresa no Porto de Suape, na cidade do Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, em uma indústria náutica. Ele relembra que Alberto, seu namorado, era homossexual, mas havia casado com uma mulher porque ela tinha engravidado e eles precisavam manter a aparência para a sociedade. Longe dos holofotes, os dois eram só amores. Alberto gostava de se cuidar, era vaidoso, andava sempre com os cabelos arrumados e as unhas cortadas, se recorda Wladimir, em tom de saudosismo.

Em 1994, em três semanas, ele percebeu que Alberto estava mudado, com o físico abalado, sem se cuidar e o aspecto de doente. “Ele dizia que não estava legal, mas não sabia o que estava acontecendo. Eu também não tinha ideia do que estava por vir”, relembra. Poucos dias depois de perceber a mudança, ele recebeu a ligação da esposa de Alberto e foi informado de que ele estava passando mal. “Eu ainda me lembro, consegui um carro com a minha chefe na época, ela também me ajudou a marcar uma consulta em uma clínica no centro do Recife. Fui buscá-lo na casa dele o fomos direto para o consultório do médico”.

Alberto já não se locomovia, estava fraco. Quando o doutor fez a radiografia, apontou que o quadro de saúde era de pneumonia, mas que não era grave e que ele podia ir para casa. “Era uma sexta-feira e o médico me disse para levá-lo ao Otávio de Freitas na segunda-feira, e lá poderiam conseguir interná-lo, mas que ele ficaria bem”, destaca Wladimir.

E o procedimento que o médico informou foi seguido. Wladimir levou Alberto de volta à casa de sua família e teve que realizar uma viagem a trabalho para o interior de Pernambuco. Na segunda-feira, logo pela manhã, recebeu a ligação fatídica. A esposa de Alberto informava que ele faleceu a caminho do hospital. “Ele tinha uns 40 anos, era jovem e não teve tempo de chegar à unidade médica. Eu não acreditei porque foi tudo muito rápido. Fiquei desolado”, assume.

Na terça-feira, no retorno para o Recife para participar do velório de seu companheiro, Wladimir teve o primeiro contato com o preconceito contra Aids. Caixão lacrado, olhares desconfiados, ninguém podia chegar perto ou pelo menos essa era a orientação repassada pelos próprios familiares do falecido. “Ele morreu com Aids, não toquem”, diziam. Aquele dia foi marcante na trajetória de luta e resistência de Wladimir. “Considero o primeiro impacto com a doença. Eu não conhecia muito, só lia pelos jornais quando se falava da epidemia na Europa, não se falava disso no Brasil, a gente sabia muito pouco”, aponta.

Com a pouca informação da época, ele acrescenta que não tinha o menor preconceito com o corpo de seu amado, diferente da maioria das pessoas que passou pelo velório para prestar condolências aos familiares. “Ele não merecia isso, era trabalhador, tinha um bom emprego, dava uma boa condição financeira para a família, mas todos os desprezavam naquele momento de tristeza”, garante o coordenador do GTP+.

Passado os dias, Wladimir precisou retomar a vida e voltou a trabalhar em Suape. Mas logo percebeu que o futuro seria diferente, os olhares desconfiados não tinham sido enterrados junto ao corpo velado de Alberto. Eles permaneceram e permanecem até hoje. No trabalho, foi questionado por seus colegas se poderiam comer ao seu lado ou dar um simples abraço ou aperto de mão.

“Conheci outras pessoas com HIV e ela sofriam igual. Vi muitas delas subir no Hospital das Clínicas e pular. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

“A sociedade começou a me matar aos poucos. Decidi ir ao Hospital das Clínicas e lá fui acolhido e me descobri HIV. Até a pessoa que tirava o meu sangue era um psicólogo e me tranquilizava. Ele sabia como era difícil estar com o vírus dentro de uma sociedade discriminatória. Foi aí eu criei forças para lutar e dar continuidade a minha vida e continuar escutando se eu podia comer no mesmo prato, tomar água no mesmo copo”, alega.

A Aids só começou a ser diagnosticada em 1981, pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, que anunciou a descoberta de uma infecção que afetava cinco homossexuais americanos. Eram os primeiros casos identificados de Aids, doença que se transformou no mal do século XX. No Brasil, os primeiros casos foram identificados em 1982.

Em contato com outras pessoas soropositivas, Wladimir passou a perceber que o preconceito não era só com ele. “Conheci outras pessoas com HIV e ela sofriam igual. Vi muitas delas subir no Hospital das Clínicas e pular. O peso é muito grande porque a gente vive em uma sociedade que não valoriza princípios e valores”, aponta.

Ao longo da década de 1990, os anos foram difíceis. Com o diagnóstico oficial de que era soropositivo, as pessoas começaram a ir embora de sua vida. Amigos que saíam para tomar cerveja, para ir à boate, foram sumindo. Todo mundo foi embora, não fosse pelo apoio dos avós, ele destaca que não sabe se teria suportado a dor.

[@#podcast#@]

“Eu antes participava de uma instituição em que a gente se encontrava uma vez por semana em hospitais e na outra semana quatro, cinco tinham morrido. As pessoas diziam que iam se matar, logo que se descobriam positivas porque o afeto se perdia e não tinham esperanças”, relembra. Com a chegada do AZT, primeiro antiviral, nos anos 1990, as vítimas ganharam uma nova perspectiva de futuro.

Nessa época, Wladimir destaca que a Aids também começou a atingir os pobres, porque antes era algo propagado em classes mais ricas. “Daí, então, a comunidade começa a se organizar para enfrentar a epidemia junto a nova população que estava sendo acometida com o vírus. A gente montou um grupo de teatro porque era fácil de levar a mensagem com a arte cênica e interagir com diferentes classes sociais”, afirma.

Eles foram convidados para se apresentar em diversos locais na Região Metropolitana do Recife e no interior do Estado. “Nos deparamos com situações de mulheres que não podiam mais vender doces e salgados porque ninguém mais comprava já que elas tinham HIV. Pessoas proibidas de andar nos coletivos e nos carros de saúde dos municípios. Começamos a nos organizar”.

Em 2000, com o apoio de colegas, fundou o Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+), uma das primeiras ONGs a oferecer ajuda especializada em tratar o vírus no Nordeste. Wladimir lembra que uma instituição alemã apoiou a estruturação da ONG, doando equipamentos e verba para custos de aluguel.

O foco do atendimento ainda hoje é nos profissionais do sexo e pessoas vivendo com HIV em situação de vulnerabilidade social. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

A instituição atende jovens, homossexuais, bissexuais, mulheres travestis, mulheres transexuais, mulheres cisgênero, pessoas vivendo com HIV/Aids, profissionais do sexo, priorizando pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Nos últimos anos, no entanto, Wladimir afirma que o apoio internacional diminuiu bastante e eles dependem da abertura de editais municipais e estaduais para captar recursos para projetos no intuito de conseguir se manter. A sede do GTP+ fica no centro da capital pernambucana e atualmente se encontra com nove aluguéis atrasados, bem como a estrutura do primeiro andar está danificada. “Eu sinto que esse público marginalizado só é do interesse dos nossos políticos na época da eleição e não para construir políticas públicas de saúde, de educação”, lamenta. Mundialmente, existem agora mais de 17 milhões pessoas que vivem com HIV e com acesso a medicamentos antirretrovirais.

“A gente procura realizar eventos, promover o nosso bazar, pedir ajudar as entidades, mas está cada vez mais difícil. Atendemos pessoas aqui vulneráveis, que não tem nem passagem, nem dinheiro para se alimentar. O mundo diz que quer acabar com a Aids até 2030, mas da forma que as coisas andam, acho muito difícil. Não somos prioridade”, alerta Wladimir. Acabar com a epidemia de AIDS até 2030 é uma parte central dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. No Brasil, entre 2007 e 2016, foram registrados 136.945 novos casos de infecção por HIV.

De acordo com a gerente do programa estadual de IST/Aids e hepatites virais, Camila Dantas, da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a gestão busca sempre dialogar com as ONGs e reconhece o trabalho dessas instituições na rotina de quem precisa desse acolhimento. Atualmente, Camilla aponta que apesar das denúncias no inicio deste ano, não há falta de medicamentos na rede estadual de distribuição.

Em Pernambuco, são 37 unidades especializadas na assistência à portadores de HIV/Aids que dispõem de equipe multiprofissional e oferecem o tratamento retroviral. "Aqui em Pernambuco a gente vem trabalhando bastante para uma detecção precoce do HIV. Porque se diagnosticado precocemente, a pessoa pode iniciar o quanto antes o tratamento e essa terapia retroviral no intuito de evitar que o quadro evolua para a Aids. Nossa inteção é que ela consiga alcançar a carga viral indetectável e passe a não transmitir o HIV".

Ainda de acordo com a SES, a PrEP está presente em todo o estado de Pernambuco nos hospitais de assistência especializada de HIV. "Atuamos na prevenção combinada, não só pensando no uso do preservativo, mas sim em uma série de estratégias que possam fortalecer esse diálogo, observando o estilo de vida de cada pessoa. Além do preservativo, temos a PEP e a PrEP para pessoas que se expõem bastante. Um equipe multiprofissional do estado analisa a melhor estratégia dependendo dos casos e da vulnerabilidade de cada pessoa. Outros pontos que a gente procura trabalhar é na quebra do preconceito. As pessoas podem viver com o HIV e não morrer com Aids. É preciso perder esse medo", afirma Camilla.

Sobre os altos índices no estado, a gerente do programa estadual de IST/Aids e hepatites virais alega que é preciso conversar ainda mais sobre sexualidade nas escolas. "A gente procura trabalhar com professores para que eles acolham esses alunos e sejam receptivos aos questionamentos desses estudantes", aponta. Ela destaca que a gestão estadual tem um projeto para 2019 de trabalhar diretamente com as gerências regionais de educação em todo o estado para fortalecer o diálogo entre professores e alunos. "Estamos desenhando o projeto de prevenção das infecções as escolas e a ideia é que ele saia do papel o quanto antes", conclui.

Na visão de Wladimir, a válvula de escape para sair desse labirinto da falta de apoio governamental e do alto índice de infecção no Estado é apostar no apoio coletivo e na sensibilização da sociedade civil. Ele assume que não há uma receita pronta para conseguir alcançar esses objetivos. “Talvez um caminho seja a quebra do preconceito, a humanização das pessoas soropositivas. Traçar um caminho em que o mundo se torne mais humano e habitável para os corpos diferentes. Enquanto isso, resistimos todos os dias, bravamente, lutando para viver”, finaliza.

[@#video#@]

Conheça outras histórias de pessoas que convivem com o vírus do HIV clicando nas imagens a seguir:

 

 

 

 

 



 

 

 

 

 

 

 

 

A ONG GTP+, formada para atuar na prevenção ao vírus HIV e auxiliar pessoas acometidas por ele, está com dificuldades para continuar funcionando. “A gente se mantém com editais e dois deles se encerrarão em junho. Isso dificulta, financeiramente, a manutenção do espaço e das atividades que promovemos”, comenta Wladimir Reis, coordenador do GTP+.

Para garantir o pagamento dos aluguéis e a continuidade do trabalho, a ONG organiza um evento beneficiente às 21h deste sábado (1), no teatro Waldemar de Oliveira. A data também marca o Dia Mundial de Combate à AIDS.

##RECOMENDA##

Batizado de “Noite de Estrelas”, o espetáculo resgatará as revistas musicais, que fizeram sucesso no teatro pernambucano, na década de 1980. O elenco que se apresentará reúne Márcia Vogue, Salário Mínimo, Black Negona, Odilex, Cristhiane Falcão, Sharlene Esse e Raquel Simpson.

Os ingressos custam R$ 30,00, mais um 1kg de alimento não perecível e podem ser adquirido no local ou através do site.

Serviço

Noite de Estrelas

Endereço: Praça Osvaldo Cruz, 412, Boa Vista

Data: 1/12 Hora: 21h

Entrada: R$ 30 + 1kg de alimento

A partir de hoje, o Grupo de Trabalho em Prevenção Posithivo (GTP+), promove o Encontro Regional Nordeste de Gerenciamento e Comportamento de Risco. O evento acontece até o dia 26 de novembro, no Hotel Boa Vista, e tem como objetivo criar discussões e reflexões, bem como difundir informações sobre a utilização de novas tecnologias na prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), Hiv/Aids, hepatites virais e tuberculose.

O Encontro reunirá jovens, adultos gays, homens que fazem sexo com homens (HSH), ativistas dos Direitos Humanos de todo o Nordeste e especialistas no assunto. As políticas voltadas para utilização da tecnologia para prevenção será abordada em todas as esferas: municipal, estadual e federal.

##RECOMENDA##

Serão abordadas técnicas modernas como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), que se utiliza de um medicamento antirretroviral (ARV), por pessoas não infectadas, para reduzir o risco de aquisição do HIV, através de relações sexuais. O Hospital Oswaldo Cruz, será o primeiro de Pernambuco a oferecer o serviço, a partir de dezembro. As inscrições já estão encerradas, mas os interessados poderão acompanhar a mesa de abertura de hoje, aberta ao público.

Programação:

23/11 – QUINTA-FEIRA

15:00 – Credenciamento

16:30 – Abertura com Boas vindas.

Facilitador - André Guedes: Coordenador Pedagógico GTP+.

- Dr. Marco Aurélio Farias da Silva - Promotor de Justiça do Estado de PE e coordenador do CAOP Cidadania.

- François Figueiroa - Coordenação Estadual de IST, HIV/AIDS e Hepatites Virais de Pernambuco.

- Alberto Enildo - Coordenador Municipal de IST, HIV/AIDS e Hepatites Virais do Recife.

-Cristiano Oliveira – Responsável Técnico pelo Espaço TRANS identidades/UPE.

-José Candido – Representante da Rede estadual de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS de PE.

- Jair Brandão - Gestos Soropositividade e Comunicação

- Thayla Pereira - AMOTRANS.

- Wladimir Reis - GTP+ Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo.

- O Jovem Evandro Farias, estudante secundarista - Movimento RUA Juventude Anticapitalista.

- O Jovem Rodrigo Paulino - Coletivo Flor no Asfalto do Ceará/Fortaleza.

18:30 – Programação Cultural

- Jovem Franco Fonseca – Monologo CIDA.

- Jovem Rodrigo Cristian – Dança do Ventre.

-Gilson de Paula. Ator, Bailarino e intérprete da personagem BlackNegon

19:00 - Coffee-Break de confraternização

24/11 - SEXTA-FEIRA

9:00 –Tema: Governamental: Política de prevenção visando as novas tecnologias de prevenção as ISTs, HIV e AIDS com foco na PEP, PREP e Prevenção Combinada.

- Facilitador: Wladimir Reis - Coordenador Geral do GTP+

- Diego Calisto - Departamento Nacional de IST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

- François Figueiroa - Coordenador Estadual de IST, HIV/AIDS e Hepatites Virais de Pernambuco.

- Alberto Enildo - Coordenador Municipal de IST, HIV/AIDS e Hepatites Virais do Recife.

- Drº Pesquisador Luiz Claudio Arrais de Alencar do IMIP. Infectologista e Pesquisador nas áreas de Vacinas Terapêuticas e antirretrovirais.

12h – Almoço

14:00 –Tema: Saúde na referência em PEP, Tuberculose e Hepatites Virais.

- Facilitador: Well Leal – Rua Juventude Anticapitalista.

- Drº Flávio Holanda  - Infectologista  do Hospital Correia Picanço -.

- Enfermeira Subgerente Bruna Palha do IMIP.

- Professora Drª Luiza Menezes do CISAM.

- Fábio Correia - Membro do Comitê Comunitário de Acompanhamento das Pesquisas em Tuberculose no Brasil (CCAP TB BRASIL).

- Psicóloga Laís Coutinho - NAPHE - Núcleo de Assistência aos Pacientes Hepáticos.

16:00 – Apresentação Teatral de Lampião e Maria Bonita “Super Prevenidos na luta contra o Zika Vírus e as ISTs”.

16:20 – Gerenciamento de comportamento de risco com enfoque na prevenção.

- Facilitadora: Márcia Vogue GTP+

- Jair Brandão da Gestos  Soropositividade e Comunicação.

- Wladimir Reis do GTP+ Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo.

-Thiago Rocha do Instituto Papai.

- Marcio Villar - Pela Vida Rio.

17:30 Coffee-Break

25/11 – SÁBADO

9:00: Tema: Sexo seguro  sob o olhar no gerenciamento do comportamento de risco no foco o uso da PEP e PrEP.

- Facilitador - André Guedes: Coordenador Pedagógico GTP+.

- Cristiano Oliveira - Enfermeiro e educador nas intervenções na Prevenção às ISTs.

- Alexandre Magno - Psicanalista

- Jovem João Vitor Pires - Voluntário do estudo AMP, PREP, do Grupo Pela Vida RJ e participante do Movihmentação - Fórum de Juventude e Direitos Humanos.

14:00 Representações estaduais: A prevenção que temos e a prevenção que queres sobre o olhar no gerenciamento do comportamento de risco.

- Facilitador: Jovem Rodrigo Paulino do Coletivo Flor no Asfalto do Ceará/Fortaleza.

- Jovem Jadilson Silva do Grupo Solidariedade e Vida do Maranhão/São Luiz

- Evandro Batista da associação Brasileira de Redução de Danos de João pessoa/Paraíba.

- Jovem Patrick Álisson da Liga Universitária LGBT do Piauí/Teresina.

- Jovem Franco Willamy do grupo Cores Teatro do Rio Grande do Norte

- Jovem Rogério Fernandes da ASTRA Associação Sergipana de Transgêneros de Sergipe/Aracaju.

- Josezito Gomes da RNP+ de Alagoas/Maceió.

- Jovem Ivanilson Santos do Grupo Vida e Saúde da Bahia/Salvador.

- Jovem Emerson Diniz do GTP+ de Pernambuco/Recife.     

16:00  Papo cabeça

Facilitador: André Guedes GTP+

- Oficina sobre Gerenciamento de Comportamento de Risco visando as nossas tecnologias de prevenção as ISTs, HIV e AIDS

17:30 Coffee-Break

26/11 – DOMINGO

9:00: Finalização

– Facilitador - André Guedes: Coordenador Pedagógico GTP+.

- Avaliações e encaminhamentos

11:30: Coffee-Break de finalização

Na tarde desta quarta-feira (22) o Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+) lidera um movimento para denunciar a violência contra a comunidade LGBT em Pernambuco. O encontro será no Marco Zero, no Bairro do Recife, com concentração prevista para as 15h30. Às 16h começa o ato, que encerrará com o acendimento de velas em homenagem às pessoas desta comunidade que foram mortas no Brasil.

Os ativitas darão apoio à travesti Verônica Bolina, de 25 anos, que foi espancada na prisão, ficando com o rosto completamente desfigurado, no último dia 12. A repercussão do caso resultou na campanha #SomosTodosVeronica. Segundo o coordenador da instituição organizadora, Vladmir Reis, a ação visa chamar atenção para este tipo de violência, e trazer a reflexão do assunto para a sociedade. 

##RECOMENDA##

Segundo Vladmir Reis, só em Pernambuco, este ano já acumula cerca de 10 mortes de homossexuais extremamente violentas.

Nesta quarta-feira (29), o Grupo de Trabalho e Prevenção Positivo (GTP+), irá realizar uma marcha em apoio aos travestis e transexuais de Pernambuco. O evento começará às 13h, com uma roda de diálogo, que acontecerá em frente ao Sindicato dos Bancários, localizado na Rua Manoel Borba, bairro da Boa Vista, área Central do Recife. A passeata é realizada em comemoração ao Dia Nacional da Visibilidade Trans.

Segundo a programação do evento, a marcha sairá em direção à Praça da Independência, conhecida como Praça do Diário, bairro de Santo Antônio, centro da cidade. Os participantes da passeata devem levar balões para serem soltos no fim da caminhada. 

##RECOMENDA##

O Dia Nacional da Visibilidade Trans  - A data foi instituída em janeiro de 2004, quando o Ministério da Saúde, em parceria com o movimento social organizado de travestis e transexuais lançaram, no Congresso Nacional, a Campanha “Travesti e Respeito”. 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando