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A mulher que obrigava oito transexuais a se prostituírem, na cidade de Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, se tornou ré. Juliana Ribeiro atuava na exploração sexual de diversas garotas de programa, que trabalhavam no “ponto” de prostituição dela e que vinham sofrendo diversas violências e ameaças de morte.

Segundo a Polícia Civil, o mandado de prisão preventiva foi cumprido na terça-feira (25), sendo assim, Juliana foi indiciada por extorsão qualificada, além de ser investigada pelo crime de coação. Com isso, Juliana se tornou ré do processo e será julgada após a conclusão da investigação, a delegada responsável pelo caso, Samya Nogueira, da 1ª Delegacia da Polícia Civil de Valparaíso, enviou o processo para o Ministério Público (MP). O órgão afirma que ofereceu a denúncia à Justiça na última sexta-feira (21) e que o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) a recebeu no mesmo dia.

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Quando o caso foi descoberto em março deste ano, as investigações identificaram que as vítimas são de outros estados. Também foi divulgado que elas estavam em condições similares ao trabalho análogo à escravidão, e caso tentassem sair da casa de prostituição, eram agredidas com socos, facadas, golpes com taco de basebol e puxões de cabelo.

Na época, a polícia encontrou no local armas, drogas e objetos usados para extorsão e exploração sexual das vítimas. Mesmo após as denúncias, as mulheres transexuais resgatadas pela Polícia Civil, relataram que foram constantemente ameaçadas e agredidas por amigos e parentes de Juliana. Os agressores pediam que elas retirassem as denúncias.

Centenas de pessoas transexuais se manifestaram neste domingo (20) em Karachi, o coração financeiro do Paquistão, para denunciar a discriminação que sofrem no país.

A manifestação acontece dias depois da estreia e tentativa frustrada de censura por parte de grupos islamistas do filme paquistanês "Joyland".

Premiado no festival de Cannes, o longa conta a história de amor entre um homem casado com uma mulher transexual.

"Chegou a hora de dizer às pessoas o que somos e o que pedimos", explicou à AFP Shahzadi Rai, um dos organizadores da manifestação.

"Somos seres humanos e temos o mesmo coração, os mesmos sentimentos e as mesmas emoções que vocês", acrescentou, durante o protesto no qual foram exibidos cartazes com pedidos de respeito aos direitos das pessoas trans.

"Pouco importa o seu gênero, você deve ter os mesmos direitos", disse Sheema Kirmani, uma bailarina estrela da dança clássica no Paquistão.

Segundo a Anistia Internacional, 18 pessoas transexuais foram assassinadas no Paquistão no último ano.

Teoricamente, os direitos das pessoas transexuais estão garantidos por lei no Paquistão. Contudo, na prática, essas pessoas têm grandes dificuldades para acessar o mercado de trabalho e se veem obrigadas a pedir esmolas, dançar em casamentos ou recorrer à prostituição.

Pela primeira vez na República, o Brasil terá duas mulheres transexuais no Congresso. Mas tanto Erika Hilton (PSOL-SP), de 29 anos, quanto Duda Salabert (PDT-MG), de 41, não querem que seus mandatos na Câmara dos Deputados sejam vistos de forma restrita, como se fossem voltados apenas para pautas da comunidade LGBT+.

"Nossa participação na política traz questões estruturais, como moradia, educação e emprego. Uma tríade que faz parte da vida de pessoas transexuais, mas não só delas", disse Duda. Professora de literatura antes de entrar para a política, ela foi eleita para a Câmara Municipal de Belo Horizonte em 2020. Uma das principais bandeiras que pretende levar para o Congresso é a defesa do meio ambiente. "Estamos no contexto de crise climática e somos a última geração capaz de frear isso. Então, nosso mandato é climático."

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Ainda que as eleições deste ano tenham registrado número recorde de candidaturas LGBT+ eleitas para diversos cargos, Erika e Duda vão encontrar um Congresso de perfil mais conservador e politicamente mais radicalizado. Erika enxerga uma "composição preocupante" das Casas Legislativas para causas LGBTs, mas, ao mesmo tempo, acredita que será possível criar uma ponte com os "moderados". "Pretendo aprovar projetos dialogando com aquelas pessoas que possam estar de um lado diferente dos meus pensamentos ideológicos", disse ela. "Acredito no poder do parlar, do diálogo."

Eixos

Uma das estratégias comuns a ambas é fugir da ideia de que pautas LGBT+ se restringem à comunidade. Emprego, moradia, direito à vida, renda básica e acesso à saúde são eixos que pretendem abordar para beneficiar toda e qualquer outra população vulnerável do País, sem distinção.

"Às vezes querem nos reduzir, enquanto o nosso mandato não atua só em um segmento específico. Não será algo fácil, mas nossa presença demonstra um avanço importante para jogar luz nos retrocessos que já estão postos na legislatura de 2023", afirmou Erika.

Segundo Duda, a eleição das deputadas trans "foi uma vitória dos direitos humanos e também da democracia". "Uma vez que a democracia pressupõe não só diversidade de partidos, mas também de pessoas", declarou.

Líder mundial no assassinato de travestis e transexuais pelo 13º ano consecutivo, o Brasil registrou 140 mortes dessa população ao longo de 2021, segundo o dossiê divulgado pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) na última sexta-feira (28), véspera do Dia da Visibilidade Trans. No centro desses crimes estão as profissionais do sexo, que correspondem a 78% das vítimas fatais. Mas uma série de novos projetos sociais, formados por pessoas da própria comunidade, busca aumentar o acesso, a presença e a visibilidade dessa população no mercado formal de trabalho.

Segundo uma estimativa da própria Antra, cerca de 90% das travestis e transexuais brasileiras são obrigadas a se prostituírem por não conseguirem uma vaga formal. Lançado em 2013, o Transempregos foi um projeto pioneiro na tentativa de mudar esse cenário, com o objetivo de conectar empresas a pessoas trans à margem do mercado. Menos de uma década depois, a plataforma fechou o ano passado com mais de 21,4 mil usuários transgêneros inscritos, quase 1,5 mil empresas parceiras e 797 pessoas empregadas através da iniciativa.

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"Quando começamos, achávamos que não veríamos ninguém contratado. Mas foi crescendo e estou feliz com esse sucesso, porque o meio corporativo vem se comprometendo em dar mais oportunidades [à população trans]", comemora a advogada e co-fundadora do Transempregos, Márcia Rocha, de 57 anos.

Apesar de ter profissionais cadastrados em todos os Estados brasileiros, Márcia observa que, por ora, a maioria das oportunidades vem de São Paulo. Mas o cenário tem mudado, principalmente com o aumento do trabalho remoto provocado pela pandemia. Para impulsionar essa transformação, o projeto tem investido também na capacitação de pessoas trans, com cursos grátis de idiomas, apresentação, autogestão e bolsas de mestrado.

Com a mesma sede de mudar os bastidores e cargos de liderança no mundo corporativo, a cantora e agora empresária Raquel Virgínia, de 33 anos, lançou no ano passado a Nhaí, que já atuou em 15 empresas dos mais diferentes ramos, prestando consultoria e impulsionando a diversidade nesses espaços.

"Sempre estive na frente das câmeras, mas quando olhava os bastidores não via pessoas trans nem negras. Quis empreender para mudar esse ecossistema e contribuir para o mercado, sem necessariamente ser com 'textão', mas com uma atitude proativa de construção", explica.

Na sexta, Raquel promoveu o Contaí, um evento para conectar empreendedores e investidores, fomentando ideias e projetos. "O maior medo das empresas é serem pressionadas por não terem diversidade. Elas pensam que para ter só uma é melhor não ter nenhuma, porque pode abrir um repertório que elas não têm condições de sustentar", avalia. "Mas é preciso ter coragem de seguir em frente, senão esse cenário não vai mudar nunca."

Como mostrou o Estadão, sete em cada dez pessoas LGBTI+ têm medo de se declararem como tal durante a vida escolar por causa do bullying. No caso de travestis e transexuais, o desrespeito à identidade de gênero reflete no acesso ao ensino superior - um levantamento exclusivo mostrou que essa população correspondia a apenas 0,1% das matrículas em universidades federais do País.

"Não tem como pensarmos no enfrentamento da transfobia sem ações que garantam o acesso, permanência e sucesso de pessoas trans no ambiente escolar e acadêmico", aponta Bruna Benevides, articuladora política da Antra. "Precisamos pensar na formação e qualificação técnica dessas pessoas, além de incentivo ao empreendedorismo e, transversalmente, políticas que proporcionem segurança e renda."

Raquel conta que, nos anos em que esteve à frente da banda As Baías, aprendeu a estabelecer estratégias comerciais, algo que pretende passar à frente com a Nhaí. "Tem muita gente marginalizada no mercado, que estudaram e são esforçadas, basta procurar. É um capital humano que vem sendo perdido porque estamos presos em estigmas sociais."

Márcia ainda explica que a mudança tem que acontecer na ponta das empresas, principalmente nos departamentos de recursos humanos, que selecionam candidatos. "Nossa maior finalidade é mudar a forma como a sociedade nos vê. Porque enquanto formos vistas como pessoas ‘problemáticas’, para dizer o mínimo, o preconceito se perpetua. Precisamos mostrar que somos seres humanos, cidadãos capazes de produzir e gerar riquezas, amar, casar, ter filhos e viver como qualquer outro brasileiro."

Dicas de empregos para a população trans:

Transempregos;

Nhaí;

A Prefeitura de São Paulo vai oferecer mais de 200 vagas à população trans na próxima segunda-feira (31). Basta comparecer à Cate Central (avenida Rio Branco, 252, no Centro), entre as 8h e 17h, com RG, CPF e carteira de trabalho.

Às vezes, basta um empurrãozinho e milhares de vidas podem ser modificadas, especialmente por meio da educação. Atitude que, no Brasil, pode mudar a realidade de muitos jovens vestibulandos da comunidade LGBTQI+ que precisam, diariamente, lutar contra o preconceito e a desigualdade social, principalmente a população transexual. De acordo com o Trans Murder Monitoring, o grupo é o mais afetado pelo preconceito e violência relacionados à identidade de gênero e à orientação sexual.

O Brasil, segundo os dados do observatório, é o país que mais mata transexuais no mundo há 12 anos consecutivos. Foi justamente incomodado com essa realidade que o professor de português Roberto David Junior, de 29 anos, do Rio de Janeiro, anunciou, em suas redes sociais, que daria aulas gratuitas para pessoas trans que desejam se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

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"Eu vou dar aulas preparatórias para o Enem para pessoas trans. Eu estou puto e vou transformar meu ódio em iniciativa para melhorar a vida de pessoas socialmente vulneráveis. Você, pessoa trans, só entra em contato comigo", anunciou o docente em um post no Twitter que rendeu, rapidamente, diversas mensagens de estudantes transexuais interessados em assistir às aulas.

Ao LeiaJá, o professor revela que já vinha nutrindo há um tempo o desejo de colocar em prática sua ideia de ministrar aulas para pessoas trans que estivesse interessada em realizar o vestibular. O professor ainda conta que até procurou e entrou em contato com alguns amigos atrás de pessoas trans que estão precisando de uma força nos estudos, mas não obteve sucesso.

“A gota d'água foram os acontecimentos da semana passada. Eu li muitas notícias de violência contra pessoas LGBTQIA+, e o caso da Roberta, que foi queimada viva em Recife, chegou para mim como o estopim. Fiquei indignado, como diria o Gil do Vigor. Naquele momento, eu decidi escrever o tweet-decisão-desabafo, achando que só ia alcançar algumas poucas pessoas. Só que o resultado foi realmente assustador pra mim. Não sei se foi a revolta geral, se eu disse o que muitos queriam dizer, mas deu no que deu”, detalha.

Motivado pela vontade de fazer a diferença, Roberto comenta que está marcando entrevista com cada pessoa que entrou em contato com ele, no intuito de conhecer cada caso e ver o que pode ser feito especificamente por cada indivíduo. “Entre as entrevistas que eu já fiz e as que estão agendadas, temos um pouco mais de 50 pessoas trans que serão atendidas de alguma forma”, diz.

A ideia inicial do professor era formar apenas uma pequena turma, entretanto, com a repercussão do tweet, o projeto social está tomando novos rumos. “Já recebi mensagens falando sobre projeto, até sobre pré-vestibular, e confesso que isso me assustou. Nunca foi a minha intenção algo nessas dimensões. Eu provavelmente atenderei pessoas em mais de uma turma, mas não posso confirmar ainda quantas. Muitos profissionais também apareceram oferecendo suas aulas e até outros serviços e propostas, e eu já comecei a conversar com essas pessoas para ver como podemos ajudar cada caso”, revela.

As aulas ainda não começaram, mas devem ser ministradas em breve. O educador ensinará redação e as disciplinas que compõem a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Na parte de produção textual, Roberto afirma que irá corrigir minuciosamente o texto de cada pessoa, apontando os pontos positivos da escrita e aquilo que precisa ser melhorado. Além de explicar a pontuação dada de acordo com as competências cobradas na redação. “É muito importante que cada pessoa entenda os critérios de avaliação, para saber em que será avaliada e de que forma. Não dá para o trabalho ser efetivo se for feito de forma diferente. Quero que seja um trabalho de qualidade mesmo, que vai ajudar de verdade”, explica.

O projeto social que pretende ajudar muitas pessoas trans tem recebido um feedback positivo dos internautas. O professor acredita que sua iniciativa é o mínimo que ele pode fazer para transformar realidades. “Eu acredito que a minha proposta ainda é pouco, sou só alguém que se posicionou tentando fazer alguma coisinha. Mas espero que esse pouco realmente inspire mais gente e que gere transformação para uma comunidade que precisa ter sua existência garantida e respeitada”, pensa Roberto. Quem deseja ajudar de alguma forma pode entrar em contato com o educador por meio do e-mail robertofdavidjr@gmail.com ou através do Instagram (prof.robertodavidjr).

A partir das 14h da próxima quinta-feira (10), o Centro Estadual de Combate à Homofobia (CECH) possibilitará o mutirão para alteração de nome e gênero nos documentos civis da população transexual e travesti dos municípios de Passira, Salgadinho, Limoeiro e Lagoa do Carro. 

A iniciativa é uma parceria entre a Coordenação Municipal de Políticas Públicas de Passira, Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado de Pernambuco (DPEP) e o CECH. 

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Como forma de prevenção ao novo coronavírus, toda a ação será realizada por meio de uma plataforma online, que será disponibilizada no dia da ação para as 12 pessoas solicitantes. 

Já para os inscritos que não tem acesso a internet, a prefeitura do município de Passira, no agreste pernambucano, irá disponibilizar uma sala com computador, para que, por meio deste, seja feito o atendimento com a equipe do CECH, que realizará uma escuta psicossocial e jurídica, e o defensor público. 

Para outras informações sobre o mutirão ou para denúncias de violações contra a população LGBTQI+, é só ligar no número (81) 3182-7665, ou pelo e-mail  centrolgbtpe@gmail.com, no horário das 9h às 16h. 

Uma determinação publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) passa a obrigar as 135 unidades da Delegacia da Mulher (DDM) de São Paulo a prestarem atendimento ao público transgênero. Antes da medida, a assistência dos servidores a quem procurava os distritos policiais poderia ser restrita ao sexo biológico.

De acordo com a deliberação, as DDMs deverão prestar apoio à pessoa transexual em casos de violência doméstica, familiar, crimes de assédio ou contra a dignidade sexual. A diligência reformula o decreto estadual publicado no ano de 1989, que não se assegurava atendimento por identidade de gênero. As denúncias podem ser realizadas pelo número 180.

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Em entrevista ao portal G1, a delegada Jamila Ferrari, coordenadora das DDMs paulistas, esclareceu que o público transgênero era atendido nos distritos, mas terão mais assertividade ao procurar a Polícia Civil. Segundo ela, a vítima será atendida não conforme o sexo biológico, mas pela maneira como se identifica.

Comandado pela modelo brasileira Lais Ribeiro, famosa por ser uma das "Angels" da grife Victoria’s Secret,  o reality show "Born To Fashion" estreou nesta quinta-feira (13) as 22h no canal E! reunindo dez modelos transexuais em busca de uma carreira profissional como modelo.

Além da apresentadora, "Born To Fashion" tem um grupo de especialistas formado pela atriz, cantora e roteirista Alice Marcone, pelo maquiador André Veloso e pela estilista Lila Colzani.

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O programa é o primeiro do Brasil que conta apenas com candidatas transexuais. A produção é da Delicatessen Filmes e a direção de Fabio Delai. Ao longo dos dez episódios do reality, as modelos ficarão na mesma casa e competirão pela assinatura de um contrato de um ano com a agência JOY Model, além da oportunidade de estampar a capa de uma revista de moda.

Para Delai, a principal dificuldade vivenciada pela equipe foi a de entregar um conteúdo informativo, que mostrasse a condição de vulnerabilidade da população transexual no Brasil, mas sem perder o caráter de entretenimento que um reality show carrega.

"A imagem de transexuais já é super distorcida pela sociedade, precisávamos ajudar a desmistificar os estereótipos e falar com pessoas que não entendem essa realidade, que têm algum tipo de preconceito", afirmou o diretor à Elle Brasil. 

Muito diferente da opinião do presidente Jair Bolsonaro, a advogada Rosangela Moro, esposa do ministro da Justiça, Sergio Moro, publicou um texto, na noite desta terça-feira (10), em defesa do médico Drauzio Varella, que recebeu inúmeras críticas por ter abraçado uma transexual condenada por estuprar e matar um menino de 9 anos. 

A advogada começou o texto indicando o livro "Estação Carandiru", um relato do Dr. Drauzio que atendeu clinicamente os presos da Casa de Detenção de São Paulo, o maior presídio do país. Em seguida, Rosangela Moro diz: 

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"Dr. Drauzio é médico, ele não entra no presídio para julgar as pessoas. Ele entra para ouvi-las. Nada muda a crueldade de quem cometeu um crime, mas ouvir um criminoso não o torna criminoso". A postagem foi excluída logo depois.

O posicionamento de Rosangela contraria o de Bolsonaro. Na segunda-feira (9), o presidente reprovou a matéria do Fantástico dizendo que o 'o criminoso foi tratado como vítima”. 

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Ontem, Drauzio Varella compartilhou nas redes sociais um vídeo pedindo desculpas à família da vítima, bem como os que se decepcionaram com a atitude do doutor na reportagem. O médico esclareceu que não sabia do crime da detenta e reiterou que objetivo do conteúdo era mostrar as condições em que vivem as transexuais nos presídios brasileiros.

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Travestis e transexuais podem passar a ter o direito de serem identificados por meio do nome social nas relações mantidas com o Poder Público. A medida, prevista no Projeto de Lei nº 577/2019, das Juntas (PSOL), recebeu parecer favorável da Comissão de Educação nessa quarta-feira (27). A proposta também é válida para instituições privadas de educação, saúde, cultura e lazer. 

Vice-presidente do colegiado, o deputado Professor Paulo Dutra (PSB), que coordenou a reunião, considera que a iniciativa contribui para o fortalecimento da cidadania. “Eu sou professor de Física na Rede Estadual de Ensino há mais de 30 anos e, no início, era muito resistente à ideia – chamava o aluno com o nome que estava na caderneta. Mas, com o tempo, aprendi que a gente tem que respeitar as pessoas como elas são”, comentou.

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A proposição foi aprovada com a abstenção da deputada Clarissa Tércio (PSC), após ter pedido de vista negado. 

Outras propostas

A Comissão também deu parecer favorável à proposta que proíbe a cobrança antecipada de matrícula ou reserva de vagas em instituições particulares de ensino ( PL nº 313/2019), de autoria do deputado Isaltino Nascimento (PSB). Ainda foi acatado substitutivo da Comissão de Justiça ao PL nº 322/2019, do deputado Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB), que veda a cobrança de taxa de conveniência na venda de ingressos online.

Outro destaque foi o PL nº 385/2019, também das Juntas, que cria o Relatório de Pagamento de Shows e Eventos, uma planilha que deve conter dados como nome artístico da atração e data da apresentação, além do prazo-limite para o pagamento da atividade contratada por Estado ou municípios. A deputada Teresa Leitão (PT) acredita que a proposta, já debatida em audiência pública pelo colegiado, equilibra o direito do artista à capacidade financeira da administração.

*Do site da Alepe

Observando os sérios problemas urinários que as pessoas transexuais e travestis enfrentam por ficarem muito tempo sem ir ao banheiro por conta das fitas adesivas ou colas de alta fixação usadas para esconder a genitália, a técnica em hemoterapia Silvana da Silva desenvolveu um produto que pode mudar essa realidade: uma peça íntima em formato de funil em que esse público pode esconder o órgão sem precisar sofrer com isso.

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Agora, ela conta com a ajuda da designer de modas Renata Martins, que diz ter topado entrar no projeto por se tratar de algo inovador. Depois de conseguir registrar a patente do produto em 2016, e ser uma das startups selecionadas por um projeto da Prefeitura de São Paulo para conseguir formalizar e estruturar melhor o negócio, agora os produtos de Silvana crescem com o passar dos dias, vendendo as peças dentro e fora do Brasil. 

O Diário Oficial de São Paulo publica nesta terça-feira o projeto de lei 346, de autoria do deputado estadual Altair Moraes (PRB), que estabelece o sexo biológico como o único critério para definição do gênero de competidores em partidas esportivas oficiais no Estado de São Paulo. O projeto, que ainda vai a votação no plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo, veta a participação de transexuais em qualquer modalidade em equipes que correspondam ao sexo oposto ao de nascimento.

O deputado estadual defende ainda que o clube que não cumprir a lei trans será multado em 50 salários mínimos. O projeto entrará em vigor 180 dias depois de aprovado.

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Se aprovada, a medida vai impedir, por exemplo, a atuação da jogadora de vôlei Tiffany, que hoje defende o Bauru, semifinalista da Superliga Feminina. Na edição atual do torneio, o clube de Bauru (SP) disputa uma vaga na final diante do Praia Clube, de Uberlândia (MG).

Tiffany é o primeiro transexual a atuar na Superliga Feminina de Vôlei. Aos 33 anos, ela foi autorizada pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB, na sigla em inglês) a atuar na competição nacional após passar por cirurgia de mudança de sexo. Até os 31 anos, participou de várias edições do torneio masculino no Brasil, na Europa e na Ásia. Em 2017, assinou contrato com o Bauru.

A presença de Tiffany na Superliga é polêmica. No último dia 27, Bernardinho, técnico do Sesc-RJ, se irritou em um lance disputado com a atacante e disparou em direção ao banco de reservas: "Um homem, é foda!" Uma câmera flagrou o desabafo do treinador, criticado nas redes sociais pelo Angels Volley Brazil, equipe LGBT criada há 11 anos. "Transfóbicos e homofóbicos não vão passar sem serem apontados na nossa página! Pode ser até o papa do vôlei. Vamos desmascarar todos! Parabéns para o time feminino do Vôlei Bauru, mulheres incríveis que ganharam jogando por merecimento e sem nenhuma vantagem", publicou o time em rede social. No dia seguinte, Bernardinho se desculpou.

Bruno Voloch, blogueiro do Estadão, escreveu no dia 5 de fevereiro que o movimento contra a jogadora cresceu recentemente. O movimento coincide que a melhoria do aproveitamento de Tiffany dentro da quadra nas fases finais do torneio. De acordo com Voloch, os clubes não vão se manifestar publicamente por causa dos patrocinadores, mas a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) já tem conhecimento da insatisfação da maioria deles.

No mês de janeiro, a ex-atleta Ana Paula Henkel, colunista do Estadão, publicou uma Carta Aberta ao Comitê Olímpico Internacional (COI). "Médicos já começam a se pronunciar sobre a evidente vantagem de atletas transexuais no esporte feminino e contestam a recomendação feita pelo COI de permitir atletas trans de competirem entre mulheres com apenas um ano com nível de testosterona baixo".

Na manhã desta quarta-feira (13), 10 pessoas tiveram a prisão preventiva decretada em São Paulo, acusadas traficarem e explorarem sexualmente jovens transexuais, sendo maioria delas oriundas do Norte e Nordeste do país. De acordo com investigação, essas jovens eram obrigadas a se prostituírem na cidade de Ribeirão Preto, com a promessa de transformação do corpo, hospedagem e alimentação.

 

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e acordo com o Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP), até o início da tarde desta quarta (13), seis das dez pessoas que tiveram a  prisão preventiva decretada haviam sido capturadas pela polícia. Nos locais onde ocorreu busca e apreensão foram localizadas 38 transexuais que estavam sendo exploradas sexualmente e em condições análogas às de escravas.

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Com a deflagração da Operação Cinderela, além das pessoas presas, outros 18 mandados de busca e apreensão foram realizados na cidade paulista. a operação constatou que as vítimas já chegavam endividadas na cidade de Ribeirão Preto em razão das passagens e despesas de viagens adiantadas pelos exploradores.

Elas ainda eram obrigadas a consumirem drogas e, para quitar suas "dívidas", forçadas a aceitar a exploração sexual - sendo empregadas no mercado do sexo onde havia uma divisão territorial para atuação de cada aliciador.

"Criada a condição de dependência econômica e ascendência sobre as vítimas, os aliciadores davam início à transformação corporal delas com a aplicação de silicone industrial e realização de procedimentos cirúrgicos ilegais, de modo a aumentar ainda mais a dívida das vítimas", confirma o ministério.

De acordo com as investigações, as transexuais que não conseguiam pagar as dívidas ou desrespeitavam as "regras da casa" eram julgadas em um "tribunal do crime", sendo punidas com castigos físicos, morais e multas, além de terem seus pertences subtraídos.

O MPF divulga que há registros de aplicações de castigos físicos com pedaços de madeira com pregos, desaparecimento das trans, suicídios em virtude das pressões sofridas pelas vítimas e ainda o registro de homicídios - tudo decorrente da cobrança de dívidas.

Um dos investigados, cuja prisão preventiva foi determinada pela Justiça Federal, já estava preso em razão de outro processo criminal e é investigado sobre dois homicídios e o desaparecimento de três transexuais, sendo uma delas adolescente.

Os acusados responderão pelos crimes de tráfico de pessoas, redução à condição análoga à escravidão, rufianismo (lucro através da exploração de prostituição alheia) e organização criminosa.

A Operação Cinderela é um trabalho conjunto do Ministério Público Federal, Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho e da Secretário de Inspeção do Trabalho do Ministério da Economia.

Entre os adolescentes no mundo, homens transexuais (pessoas que nasceram com órgãos genitais femininos, mas se identificam como homens) são os que mais tentaram suicídio, sendo 50,8% dos entrevistados no estudo Transgender Adolescent Suicide Behavior (Comportamento Suicida do Adolescente Transgênero), publicado pelo jornal Pediatrics. 617 jovens entre 11 e 19 anos foram entrevistados.

Entre os jovens que não se identificam com ambos os sexos, 41,8% disseram que já tentaram tirar a própria vida. Em seguida, vieram as mulheres trans (29,9%), os que estão em questionamento sobre a sua sexualidade (27,9%), meninas (17,6%) e meninos (9,8%).

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas se suicidam por ano no mundo. Os dados, divulgados em 2016, são referentes ao ano de 2012 e apontam uma média de um suicídio a cada 40 segundos.

De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil a taxa de suicídios aumentou entre 2011 e 2015. Em 2011 foram 10.490 mortes, o equivalente a 5,3 a cada 100 mil habitantes. O suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no país, segundo o estudo.

A administração de Donald Trump pretende eliminar o reconhecimento de pessoas transexuais, criando uma definição de gênero baseada na designação determinada pela genitália ao nascer, informou neste domingo (21) o jornal "The New York Times". Se realmente adotada, essa mudança legislativa deve afetar cerca de 1,4 milhão de cidadãos americanos que definiram o seu gênero a partir de uma identitária escolha individual.

Decisões tomadas pelo governo do antecessor Barack Obama haviam flexibilizado o conceito de gênero em programas federais, ao inclui-lo em educação e saúde, reconhecendo o gênero como uma escolha individual que não pode ser determinada pelo sexo biológico. Tal política levantou discussões sobre banheiros, dormitórios e sobre outras áreas onde o gênero era visto como algo simples.

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Conservadores, principalmente cristãos evangélicos, ficaram revoltados com as medidas adotadas por Obama. Hoje, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, na sigla em inglês) busca esforços para estabelecer uma definição legal de sexo sob o "Título IX", a lei federal de direitos civis que proíbe a discriminação em programas educacionais que recebam assistência governamental, segundo memorando obtido pelo jornal.

O Departamento afirmou, em memorando, que as "agências governamentais precisam adotar uma definição de gênero explícita, com base biológica clara, fundamentada na ciência e objetiva". A definição proposta, então, era definir sexo somente como masculino ou feminino, imutável e determinado pela genitália com a qual a pessoa nasce. Assim, qualquer disputa sobre o sexo de alguém seria resolvida com teste genético. A medida faz parte de uma série de manobras que têm causado preocupação à comunidade LGBT+ americana, uma vez que a administração Trump já tentou barrar as pessoas trans do acesso à carreira militar e retirou as orientações dadas às escolas públicas para que alunos trans pudessem utilizar o banheiro que quisessem.

Da Ansa

A empresária Rubi Delafuente, 33, criou há um ano a Agência Transmissão, que capacita profissionais transexuais para o mercado de trabalho. A iniciativa surgiu após Rubi ter as portas de emprego fechadas e sofrer preconceito por ser mulher transexual.

Rubi Delafuente, formada em direitos humanos, afirma que é essencial gerar empregabilidade para as pessoas que sofrem preconceito também por parte do mercado de trabalho. “Durante muito tempo procurando serviço e tendo as portas fechadas devido a não aceitação pelo fato de ser mulher transexual, decidi montar uma equipe de produção de eventos chamada Transmissão. A minha vontade de ajudar é tão grande que se pudesse contrataria todas, mas como não posso, tento ajudar dessa forma. Sei que as dores e o sofrimento são os mesmos que os meus”, disse.

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A agencia oferece qualificação profissional, de forma gratuita, nos setores de recepção, eventos, limpeza, segurança, serviços em bares itinerantes, entre outros. As capacitações são feitas por profissionais especializados em diversas áreas e por não possuir sede fixa, os encontros são realizados em espaços alugados no Estado de São Paulo.

Cerca de 60 profissionais atuantes no mercado de trabalho já foram agenciados pela Transmissão, que conta com trabalhadores ingressos em empresas como a Casa Natura Musical, Vodka Sky, Serasa, Uber, entre outros. Os interessados em participar das qualificações podem procurar as redes sociais da Agência Transmissão. 

Transexuais e travestis poderão pedir o nome social no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), a partir de hoje (4). O prazo dura até o próximo dia 10. O pedido deve ser feito na página do Enade. A prova acontece no dia 25 de novembro.

Para conseguir o feito é necessário apresentar documentos que comprovem o nome social, como fotos atualizadas colorida, com fundo branco, da cabeça e do tronco, além de cópia digitalizada de um dos documentos de identificação oficial com foto e cópia assinada e digitalizada da ficha de pedido de atendimento pelo nome social concedido na Página do Participante. Os documentos devem conter todas os dados pedidos, ser legíveis e estar no formato PDF, PNG ou JPG, no tamanho máximo de 2MB.

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Caso o pedido seja recusado, será publicado na Página do Participante e os candidatos serão informados por e-mail. O candidato poderá enviar os documentos novamente no prazo de cinco dias. Se mesmo assim os documentos não forem válidos, o candidato terá que usar o nome civil para realizar a prova.

Pelo menos quatro transexuais, sendo dois brasileiros e dois italianos, foram presos em Pisa, na Itália, acusados de liderarem uma quadrilha de exploração de outros 30 transexuais brasileiros.

A operação, coordenada pelo promotor público Paola Rizzo e conduzida pelos carabineiros do Núcleo Investigativo de Pisa, encerra uma investigação de cerca de dois anos. Os mandados de associação criminosa e exploração da prostituição foram cumpridos em Pisa, Viareggio (Lucca), Massarosa (Lucca) e Livorno na última terça-feira (14).

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De acordo com as autoridades, os 30 transexuais brasileiros eram forçados a se prostituir nas ruas de Pisa, Migliarino e no município de Vecchiano. Além disso, se eles quisessem "se libertar" da escravização sexual tinham que pagar até 20 mil euros cada. O valor era solicitado para quitar o empréstimo feito por outros trans que lhes emprestaram dinheiro para deixar o Brasil e ir para a Itália.

Os exploradores eram responsáveis por organizar viagens e preparar casas para os transexuais se prostituirem. As vítimas ainda eram forçadas a pagar uma espécie de aluguel dos lugares. 

A quadrilha desfrutava de um fluxo de dinheiro de milhares de euros por ano. A polícia também descobriu que os dois italianos cúmplices, originários de Nápoles, oficializaram uma união civil com a dupla brasileira para garantir a permanência legal deles na Itália para quando a autorização de residência expirar. 

Da Ansa

Uma confusão envolvendo o deputado federal José Otávio Germano (PP) fez com que a sigla decidisse por afastá-lo das atividades partidárias. Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra dois transexuais em frente ao prédio do deputado aos gritos, em Porto Alegre, cobrando pelos supostos serviços sexuais. “Chama para comer o c... dele para não pagar?”, indaga uma delas afirmando que não é “palhaça”. 

Segundo o jornal O Globo, policiais da Brigada Militar do Rio Grande do Sul chegaram a ir ao apartamento do parlamentar e pego R$ 2,5 mil para o acerto de contas. Uma sindicância foi aberta para averiguar a conduta dos policiais. 

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Germano se defendeu afirmando que foi ‘”vítima de grosseira tentativa de extorsão” e garantiu que tudo não passou de uma armação com o propósito de denegrir sua imagem pública.  “Sobre o fato ocorrido, deixo claro que se trata de oportunistas interessados em denegrir minha imagem diante da opinião pública, pois, no dia 12 de junho, às 19h26min, recebi mensagens ameaçadoras com teor idêntico ao colocado em prática a frente da minha residência”, ressaltou e outra parte do texto. Ele ainda afirmou que a verdade prevalecerá.

 Por sua vez o PP chamou o episódio de “lamentável no campo da moral e ética”, mas destaca que o deputado terá o direito de se defender e provar sua inocência. O jornalista Farid Germano, primo do parlamentar, disparou em seu perfil do Twitter: “Cada um é responsável pelos seus atos. Tenho pena de pessoas fracas e doentes. J.Otavio só pode estar doente ou maluco, como tal, precisa ser internado e tratado. Lamento pela mãe dele. Deus nos abençoe e nos livre de tudo isso”, escreveu. 

"Dançava como menino, mas não me sentia confortável", diz a transexual Ely. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

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Entre uma mordida e outra na rapadura, um suspiro. Maquiagem devidamente retocada, cabelos bem produzidos e fixados com laquê e últimos ajustes no figurino. Os próximos quinze minutos da vida de Ely Amaral são os mais importantes do ano. Ela, apaixonada pelo São João desde a infância, espera todos os anos por esse momento. O que para muitos é uma época gostosa de vivenciar, para Ely é muito mais. Vai além do amor pelo festejo junino, é resistência diária, a cada ensaio duradouro e apresentação. A cabeleireira transexual, 36, conquistou o seu espaço na Quadrilha Junina Tradição e hoje pode dançar como dama, da forma que sempre desejou.

É semana pré-junina no Sítio da Trindade, em Casa Amarela, Zona Norte da capital, e o 34º Concurso de Quadrilhas Juninas Adultas conheceu seus vencedores. São grupos compostos por dezenas de participantes distribuídos em duplas, na configuração de pares heterossexuais. Ele vestido de cavalheiro e ela de dama. As coreografias representam costumes e histórias da cultura sertanejas, na maioria das vezes ligadas a ideia de ruralidade. Apesar do imaginário normativo e envolto no conservadorismo que o São João e consequentemente as quadrilhas estão inseridos, na Região Metropolitana do Recife as competições e concursos são diversos e cada vez mais longe dos preconceitos.

Travestis, transexuais e homossexuais quebraram barreiras históricas e atualmente também fazem parte das principais quadrilhas estilizadas de Pernambuco. Ocupam papéis importantes e de destaque nos grupos juninos e são considerados participantes legítimos nos concursos de quadrilha na capital pernambucana. Ely Amaral se descobriu como transexual aos 15 anos e não teve grandes problemas com a família. “Minha família sempre me aceitou”, diz. Quando criança, ela conta que costumava dançar de cavalheiro, mas que não se via vestida naquelas roupas. Queria mesmo era ir para o arrasta-pé com vestidos armados e cabelos longos.

Bastidores de minutos antes da apresentação no Sítio da Trindade. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

“Após alguns anos, eu comecei a dançar como mulher em grupos de quadrilha mais pequenos de bairro. Em 2012, entrei na Quadrilha Tradição e sou feliz nela até hoje. Eu acho que existem dois momentos que todo mundo se liberta, no Carnaval e no São João, a aceitação é maior”, explica Ely. A cabeleireira que mora no bairro de Dois Unidos, também na Zona Norte da capital, diz que o festejo junino é seu único momento de diversão e que não sofreu muito preconceito das quadrilhas.

“O Brasil vive uma onda conservadora e tudo está difícil. Mas, nos concursos de quadrilha do Recife, as travestis e transexuais já são aceitas. Lutamos por isso. Muitas vezes, por falta de oportunidade da sociedade, elas acabam se prostituindo e por isso que acho essa oportunidade maravilhosa”, complementa a dançarina. O amor pelo São João, pela dança e pela quadrilha é maior do que os impedimentos para Ely. O figurino sai do orçamento, o transporte é feito de ônibus na ida e na volta e o desafio é diário. “Mas a gente ama tanto essa diversão que esquece todos os problemas”, comenta.

A visibilidade homossexual e travesti durante as festas juninas de Pernambuco é pública, porque, em geral, eles se destacam em diversas esferas da produção das festas juninas, seja na coreografia, maquiagem, costura, organização e confecção dos figurinos. Por isso, a demanda por dançarinos LGBTs também é alta. São espaços que se tornaram “amigáveis” e onde popularmente é aceita a presença desses sujeitos.

Isa mostra o figurino antes de se apresentar pela Tradição. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

A documentarista Isa Santos, 29, também dama da Quadrilha Junina Tradição, vive no bairro dos Coelhos, na área Central do Recife, e se preparou por sete meses com os colegas em Casa Amarela, bairro onde a quadrilha está instalada. Aos 15 anos, revelou para os familiares que era homossexual e aos 17 começou a se travestir. O amor pela quadrilha superou preconceitos e desafios impostos pelo patriarcado que no início participavam da formação dos concursos.

“Em 2004, quando a Tradição começou a inserir travestis, só participavam quatro. Desde então evoluímos muito e a abertura tem melhorado. É uma massa muito grande. Geralmente, 90% da quadrilha é feita pelo público LGBT. Tanto os homens gays que dançam como cavalheiros, como as mulheres, que metade são travestis. É só olhar ao redor e perceber que esse é um espaço ocupado por nós, também”, diz Isa, há 24 ano inserida no universo das quadrilhas.

Não há limites para LGBTs nas quadrilhas, porém as travestis procuram os grupos mais glamourosos e famosos. No interior do Estado, isso ainda é um grande desafio. “Mas, a gente espera que isso seja revisto ao longo dos anos, sabemos que é uma vitória diária sermos aceitas longe das ruas. Travesti não só serve para ser prostituta”, declara Isa.

Quadrilha junina provoca debate lúdico sobre casamento homoafetivo. Foto: Líbia Fiorentino/LeiaJáImagens/Arquivo

Com enredo bem elaborado, superproduções e lutando por um São João sem preconceitos, a Quadrilha Junina Tradição fez história no ano de 2013. Durante a apresentação, o grupo encenou o primeiro casamento homoafetivo. Na época, a relação amorosa entre dois homens foi bem aceita pela diretoria, dançarinos e a plateia do Festival de Quadrilhas Juninas da Globo Nordeste, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana.

De acordo com Tádzio Estevan, diretor de comunicação da quadrilha, a partir de 2013 o grupo procurou tratar temas sociais. "Decidimos encarar esse projeto do beijo gay para trabalhar os conflitos da homofobia. Por que não levar isso para dentro de uma quadrilha se isso serviria de elemento multiplicador para onde ela fosse se apresentar? O protagonista era um noivo que provava vários beijos das meninas, mas se descobria no beijo do rapaz. Fizemos várias apresentações e assumimos o risco porque nesses espaços o público é diverso. Para nossa surpresa, a reação da plateia foi ótima. A gente sabe que os LGBTs também estão na arquibancada, não só dentro das quadrilhas”, relembra.

Teco escolheu a Lumiar porque a quadrilha é referência. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Elvis Roberto, conhecido pelos amigos como Teco, se divide entre o trabalho como recreador e os ensaios na Quadrilha Lumiar, do bairro do Pina, e uma das primeiras agremiações a se apresentarem em concursos cidade afora. Ele, que é homossexual e dança como uma dama, estava nervoso antes da apresentação na última quarta-feira (13), no Sítio da Trindade.

Teco iniciou nas quadrilhas dançando como cavalheiro, mas depois que experimentou dançar como dama, se sentiu melhor. “Eu não aceitava essa diversidade na minha adolescência, embora tivesse o desejo. Mas, hoje sou muito tranquilo e levo isso também para a quadrilha. Adoro me arrumar, cuidar do cabelo, colocar a roupa brilhosa e arrasar na dança”, pontua. Ele também iniciou os ensaios em outubro de 2017 e para chegar ao Recife percorre vários quilômetros de ônibus desde Gaibu, Cabo de Santo Agostinho. “É o amor pela quadrilha”.

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