O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), rebateu nesta sexta-feira, 26, a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que a população tem que voltar a comer picanha. "A esquerda vende a ilusão de picanha para todo mundo, e eu digo: não tem filé mignon para todo mundo", declarou o chefe do Executivo, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan.
Lula tocou no assunto em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na quinta. "O povo tem que voltar a comer um churrasquinho, a comer uma picanha e tomar uma cervejinha", disse o candidato do PT à Presidência da República, ao defender o aumento do poder de compra da população.
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Mais cedo, em cerimônia de inauguração do auditório da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Bolsonaro já havia comentado as declarações do petista no JN. "Vai acreditar nessa conversa mole de que você vai ter tudo, 'vou passar gasolina para 3 reais', 'todo mundo vai comer picanha todo final de semana'? Não tem filé mignon para todo mundo", declarou.
Elogios a Guedes
Também nesta sexta-feira, Bolsonaro elogiou a "lealdade" do ministro Paulo Guedes e, ao recorrer a uma figura de linguagem, disse que toma "tubaína" com o titular da Economia "sem problema nenhum". Ao longo do mandato, houve diversos rumores de que Guedes poderia deixar o governo, o que não se confirmou.
Na campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro apelidou o economista de "Posto Ipiranga". Depois de assumir como "superministro", contudo, Guedes foi perdendo poder de decisão para a ala política do Palácio do Planalto.
"A lealdade dele para mim e minha para ele, isso é o mais importante. Muitas vezes, você vai indicar uma pessoa para o Supremo Tribunal Federal, a competência é importante? É. Mas o cara tem que tomar tubaína contigo. O que é tomar tubaína contigo? É ter uma aproximação maior com essa pessoa. E o Paulo Guedes, eu tomo tubaína com ele, sem problema nenhum", afirmou Bolsonaro. Tubaína é um refrigerante.
No último dia 19, em entrevista à 98 FM, web rádio de Belo Horizonte (MG), Bolsonaro repetiu que não "entende nada" de economia e, por isso, fala "tudo" sobre o assunto com Guedes. "Eu não entendo nada de economia e falo tudo que tem que falar com o Paulo Guedes, para ninguém ouvir. 'PG, e daí? Em algumas poucas vezes eu tenho razão, na maioria das vezes ele conserta o negócio e toma providências", declarou.
Guedes começou o governo como "superministro". A pasta da Economia reuniu, em 2019, diversos ministérios, como a Fazenda, o Planejamento e a Indústria e Comércio. Para abrigar o aliado Onyx Lorenzoni, contudo, o presidente recriou no ano passado o Ministério do Trabalho e Previdência, que estava sob o comando da Economia.
Em dezembro, o governo também determinou que a Casa Civil teria a palavra final sobre a gestão do Orçamento, prerrogativa que por décadas havia sido da equipe econômica, o que representou uma vitória do Centrão, que passou a sustentar o governo Bolsonaro no Congresso.