Tópicos | Orçamento 2023

O governo Lula publicou na noite desta quinta-feira, 30, em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) o detalhamento do novo bloqueio de despesas no Orçamento de 2023, que, somado aos contingenciamentos já feitos durante o ano, alcança ao todo R$ 4,952 bilhões. A pasta mais afetada pelo bloqueio adicional é o Ministério dos Transportes, com R$ 394 milhões, sendo também o órgão mais impactado no acumulado do ano, com R$ 1,38 bilhão de seu orçamento total bloqueado.

O Ministério do Planejamento informou na semana passada que precisaria frear mais R$ 1,1 bilhão das despesas federais para que o Executivo possa cumprir a regra do teto de gastos deste ano. A divulgação foi feita pelo Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 5º bimestre - em tese, o último do ano.

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Apesar de os novos contingenciamentos terem afetado 13 ministérios e a Presidência da República, quatro pastas foram beneficiadas com o decreto publicado nesta quinta, e terminam o ano sem cortes em seus orçamentos. São elas: Saúde, com R$ 452 milhões liberados; o Ministério das Mulheres, que teve R$ 2,7 milhões desbloqueados; a pasta de Igualdade Racial, com R$ 2,5 milhões descontingenciados; e, por fim, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, com R$ 3 milhões liberados.

Em contrapartida, além de Transportes, outra pasta caminha para o fim de 2023 com bloqueio na casa de bilhão. É o caso do Ministério das Cidades, que foi afetado pelo contingenciamento adicional em R$ 228,2 milhões, e deve terminar o ano com R$ 1,16 bilhão retido.

Em terceiro lugar entre os que carregam as maiores parcelas do bloqueio vem o Ministério da Educação. Embora não tenha sofrido com o corte adicional previsto pelo último Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, a pasta tem atualmente R$ 498 milhões contingenciados. Com o novo detalhamento, 21 pastas, a Presidência da República, além da Agência Nacional do Cinema e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), estão com seus orçamentos parcialmente retidos. O novo bloqueio anunciado agora atingiu 13 ministérios e a Presidência da República.

Confira a lista com os bloqueios totais por órgão:

Presidência da República: R$ 36.500.709

Ministério da Agricultura e Pecuária: R$ 26.622.325

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação: R$ 94.795.493

Ministério da Fazenda: R$ 292.315.061

Ministério da Educação: R$ 497.704.973

Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços: R$ 1.452.052

Ministério da Justiça e Segurança Pública: R$ 37.906.313

Ministério da Previdência Social: R$ 1.245.184

Ministério das Relações Exteriores: R$ 40.206.033

Ministério dos Transportes: R$ 1.378.984.056

Ministério da Cultura: R$ 104.634.342

Agência Nacional do Cinema: R$ 429.647

Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima: R$ 142.851.720

Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos: R$ 3.182.580

Ministério do Planejamento e Orçamento: R$ 88.486.063

Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar: R$ 39.114.568

Ministério da Defesa: R$ 258.444.305

Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional: R$ 410.955.658

Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome: R$ 262.205.808

Ministério das Cidades: R$ 1.160.052.100

Ministério da Pesca e Aquicultura: R$ 34.432.444

Ministério de Portos e Aeroportos: R$ 38.568.772

Agência Nacional de Transportes Aquaviários: R$ 246.649

Ministério dos Povos Indígenas: R$ 1.356.575

Quase um mês após a aprovação pelo Congresso, o Orçamento Geral da União de 2023 foi sancionado nesta terça-feira (17) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União.

O texto teve apenas um veto a um artigo que criaria uma nova identificação orçamentária para os R$ 145 bilhões fora do teto autorizados pela Emenda Constitucional da Transição.

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Segundo o texto de justificativa, o veto foi pedido pelo Ministério do Planejamento e Orçamento. A pasta argumentou que a criação de uma identificação separada aumentaria a rigidez e a ineficiência do Orçamento.

Aprovado pelo Congresso em 22 de dezembro, no último dia do ano legislativo, o Orçamento de 2023 só foi votado após o acordo que permitiu a aprovação da Emenda Constitucional da Transição, que autorizou o gasto de até R$ 145 bilhões além do teto, mais investimentos de R$ 23 bilhões caso haja excesso de receitas.

O Orçamento estabelece uma previsão de déficit primário – resultado negativo nas contas do governo sem os juros da dívida pública – de R$ 231,5 bilhões para o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central). Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote que pretende aumentar a arrecadação e revisar gastos para melhorar as contas públicas e diminuir o déficit para cerca de R$ 100 bilhões.

Emendas de relator Conforme o acordo entre o governo e o Congresso, o Orçamento de 2023 redistribuiu os R$ 19,4 bilhões das emendas de relator, consideradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo texto aprovado, o relator-geral poderá destinar até R$ 9,85 bilhões (50,44% do total) em emendas vinculadas a políticas públicas. Os R$ 9,55 bilhões restantes reforçaram as emendas individuais impositivas.

O Orçamento não menciona o valor do salário mínimo, que precisa ser definido por lei específica. O relator da proposta no Congresso, senador Marcelo Castro (MDB-PI), destinou R$ 6,8 bilhões que bancariam o salário mínimo de R$ 1.320. No entanto, por causa da concessão extra de aposentadorias e pensões pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no segundo semestre do ano passado, os recursos já estão consumidos. Por enquanto, continua valendo o salário mínimo de R$ 1.302, definido por medida provisória em dezembro pelo governo anterior.  

O Congresso recolocou as verbas do orçamento secreto, derrubado pelo Supremo Tribunal Federal, nas mesmas despesas de interesse do Centrão que abasteceram o esquema declarado inconstitucional pela Corte na segunda-feira. O remanejamento desses recursos foi chancelado no Orçamento de 2023, aprovado ontem pelo Congresso. O texto vai à sanção presidencial.

Em troca da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que permitiu a expansão do Orçamento em R$ 169,1 bilhões para bancar as promessas de campanha de Lula, o governo eleito fez um acordo com os líderes do Centrão para redistribuir a verba do orçamento secreto, um total de R$ 19,4 bilhões. Quase metade dos recursos (R$ 9,55 bilhões) foi para o aumento de emendas individuais, aquelas indicadas por cada deputado e senador, e R$ 9,85 bilhões ficaram sob o guarda-chuva dos ministérios.

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As verbas dessa fatia, porém, foram realocados para as mesmas ações e programas de interesse direto dos congressistas, e que abasteceram o orçamento secreto nos últimos anos. Além disso, foi incluído um dispositivo no Orçamento do ano que vem que proíbe o governo de cancelar essas despesas sem aprovação do Congresso, mantendo o controle dos parlamentares sobre essas cifras.

Dos R$ 9,85 bilhões, R$ 4,4 bilhões foram destinados ao Ministério do Desenvolvimento Regional. O órgão é um dos que mais foram usados para o pagamento de emendas secretas nos últimos anos, com casos de superfaturamento e distribuição sem transparência. Em 2023, ele será dividido em duas pastas: Cidades e Integração Nacional.

Nos bastidores, parlamentares dizem que o orçamento ficará nas mãos dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em alinhamento com Lula. Segundo líderes partidários, deputados e senadores dependerão do apoio à reeleição de Lira e Pacheco para conseguir os recursos.

O relator-geral do Orçamento, Marcelo Castro (MDB-PI), afirmou que atendeu tanto a pedidos do futuro governo quanto dos líderes do Congresso. Ele insistiu que os recursos agora serão controlados pelos ministros, mas reconheceu que os repasses não poderão ser cancelados sem a aprovação dos parlamentares. "É claro que o governo não quer assim, isso é uma questão de freios e contrapesos. É uma forma de empoderamento do Legislativo", disse.

"O que importa é o resultado final, que se possa ter equilíbrio na aplicação do recurso público naquilo que realmente precisa no Brasil", afirmou Pacheco.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que o Brasil precisa alcançar uma “reconciliação nacional” em 2023 e retomar um “ambiente de sensatez” na esfera pública. Na saída da última sessão do Congresso Nacional deste ano, quando os parlamentares aprovaram o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA -  PLN 32/2022), Pacheco falou à imprensa sobre os desafios para o próximo ano.

"Uma coisa fundamental é a reconciliação nacional, a volta de um ambiente de equilíbrio, ponderação e sensatez. O ambiente da democracia é o melhor para o progresso. Questionamento indevidos, crises que não precisam ser geradas, isso tudo tem que ser combatido. O Brasil tem que se apresentar para o mundo de uma maneira melhor, com melhores relações', defendeu.

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Pacheco disse que é preciso o Congresso se identificar os principais entraves do país para retomar o desenvolvimento e combater o desemprego e a fome. Ele defendeu as grandes reformas aprovadas recentemente — como a da Previdência, a trabalhista e o estabelecimento do teto de gastos — e elencou as próximas a serem encaradas, a começar pela reforma tributária. "Considero que deve ser uma prioridade do Congresso, juntamente com o próximo governo, que nós tenhamos um sistema de arrecadação desburocratizado, mais simplificado e com mais justiça social".

A reforma administrativa, o avanço das concessões e o foco em políticas sociais também foram destacados pelo presidente do Senado como pautas de maior relevância para a próxima legislatura do Congresso Nacional.

Pacheco também comentou sobre a nova configuração das emendas parlamentares, uma vez que o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucionais as emendas do relator-geral. No Orçamento do próximo ano, parte dos R$ 19,4 bilhões que estavam destinados a esse instrumento foi remanejada para as emendas parlamentares individuais. Depois disso, segundo Pacheco, o governo e o Congresso discutirão novas configurações para a utilização do dinheiro público.

"O importante é que o Congresso respeite as prerrogativas do Executivo, o Executivo compreenda que o Congresso colabora na construção do Orçamento e que ambos tenham o objetivo comum de qualidade do gasto público. A forma importa menos. O que não pode faltar é recurso para o que importa ao Brasil". 

*Da Agência Senado

Senadores e deputados federais aprovaram, nesta quinta-feira (22), em sessão conjunta do Congresso Nacional, o Orçamento Público para 2023 (PLN 32/2022). O texto garante dinheiro extra para o pagamento do Bolsa Família de R$ 600 durante todo o ano que vem, para investimentos sociais como os programas de farmácia popular e de merenda escolar e investimentos em infraestrutura, em especial nas áreas de transporte e habitação popular. 

O projeto, que segue para sanção, é o mesmo aprovado na Comissão Mista do Orçamento (CMO) mais cedo, na forma de texto substitutivo do relator-geral, o senador Marcelo Castro (MDB-PI). "Cumprimos com o nosso dever de parlamentares, de representantes do povo, de fazer aquilo que estava ao nosso alcance para dotar o país de um Orçamento exequível, razoável e que possa deixar o nosso país funcionando. A peça orçamentária que veio para esta Casa era uma peça absolutamente inexequível", afirmou Marcelo Castro.

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Segundo disse o relator-geral, desde a criação do teto de gastos em 2016, que limita o aumento dos gastos públicos, as despesas obrigatórias do governo federal vêm aumentando, mas à custa da diminuição dos investimentos. O Orçamento já vem adaptado ao aumento em R$ 169 bilhões das despesas propiciado pela Emenda Constitucional 126 (resultante da PEC da Transição). Com o aumento das despesas, o déficit previsto para 2023 é de R$ 231,5 bilhões.

Marcelo Castro explicou que a promulgação da Emenda 126 possibilitou uma relativa folga orçamentária para aumentar os gastos previstos não só para o Bolsa Família, mas também para o Ministério da Saúde (R$ 22,7 bilhões a mais) bancar programas como o Farmácia Popular; para o Ministério da Educação (R$ 10,8 bilhões a mais) garantir ações como a merenda escolar. Há também R$ 3,7 bilhões a mais para o pagamento do Auxílio Gás. 

"Todos nós sabemos a situação de penúria em que se encontram as nossas universidades, os nossos institutos federais, os recursos para merenda escolar. Nós vimos cenas dantescas de professor carimbando crianças que estavam merendando para não merendar de novo! E vimos cenas dividindo um ovo, pegando o ovo e dividindo, para uma criança comer uma banda do ovo e outra criança comer outra banda do ovo. Nós estamos no Brasil, uma das maiores economias do mundo! O terceiro maior produtor de alimentos do mundo! E não temos recursos para merenda escolar? É evidente que uma situação dessa seria inadmissível, inaceitável e nós estamos corrigindo", disse o relator. 

O texto aprovado também prevê mais recursos para a área de infraestrutura (acréscimo de R$ 12,2 bilhões), com o objetivo de dar continuidade a obras que já estão em execução, como construção e reforma de rodovias e ponte; e para o programa federal de habitação popular (R$ 9,5 bilhões a mais). Ainda segundo Castro, a promulgação da PEC da Transição permitiu que fossem incluídos no Orçamento 2023 mais recursos também para ciência, tecnologia, cultura, defesa, turismo, meio ambiente e segurança pública.

"Não é o ideal, mas é um Orçamento razoável, que vai fazer com que o próximo presidente da República possa tomar posse com seus ministros e com que o nosso querido país possa continuar funcionando. (...) um Orçamento minimamente exequível, que não era aquele que chegou aqui, que veio da equipe econômica. Peço a todos o voto favorável para que o nosso país possa continuar respirando", disse Marcelo Castro. 

O Orçamento 2023 foi aprovado com votos contrários dos partidos Novo e Psol. "As coisas aqui, apesar de serem feitas às claras — quando nós votamos aparece o voto no painel —, elas são muito mais de bastidores, os discursos são muito mais retóricos que verdadeiros. O que nós estamos aprovando aqui, por isso o voto contrário do Novo, é um rombo nas contas públicas, um déficit de mais de R$ 200 bilhões, que vai empobrecer a nossa nação para satisfazer a ganância dos políticos", afirmou o deputado Marcelo Van Haten (Novo-SP). 

Emendas RP9

Em relação às emendas de relator, de R$ 19,4 bilhões, metade fica destinada para cinco ministérios: R$ 4,3 bilhões para o Desenvolvimento Regional; R$ 3 bilhões para a Saúde; R$ 1,8 bilhão para a Cidadania; R$ 416 milhões para a Agricultura; e R$ 169 milhões para a Educação. A outra metade será usada no reforço das emendas individuais dos parlamentares.  As emendas de relator, que sob a rubrica RP9 ficaram mais conhecidas como orçamento secreto, foram derrubadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em decisão na segunda-feira (19). Portanto, o direcionamento dos valores será feito pelo Executivo segundo a destinação prevista.

Para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a prioridade é garantir recursos para o combate à fome e à miséria e para saúde, educação, infraestrutura e segurança. Ele acrescentou que “as emendas de relator RP9 não existem mais” e que Legislativo e Executivo conseguiram chegar a um resultado que busca garantir também a qualidade do gasto público.  'Nós não podemos permitir que no Brasil nós tenhamos 33 milhões de pessoas passando fome. O que não pode faltar é recurso para aquilo que importa ao Brasil: nós precisamos ter recursos para saúde, educação, infraestrutura, segurança', disse Pacheco em entrevista após a votação.

A deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP) disse que seu partido votaria contra o Orçamento 2023 por entender que o texto não estava adequado à decisão do STF pelo fim das emendas de relator. 

"Isso é uma tentativa de maquiagem sobre uma decisão do Supremo Tribunal Federal (...) Isso é um absurdo, porque passa por cima de uma decisão votada pelo Supremo", disse a deputada. 

Saúde e educação

Castro informou que as ações de educação terão no total R$ 130,6 bilhões. Desses valores, R$ 40 bilhões são destinados ao Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica).   Já as políticas de saúde terão R$ 173,1 bilhões.

O Orçamento para 2023 prevê também o reajuste do salário mínimo dos atuais R$ 1.212 para R$ 1.320. Do total de gastos com saúde, R$ 19,6 bilhões virão das emendas do relator-geral, das bancadas estaduais e individuais dos parlamentares. 

Bolsa Família

O texto original do Orçamento 2023, enviado pelo governo Bolsonaro, não contemplava o reajuste no Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família em 2023) no valor pago até dezembro de 2022 (de R$ 600 por família). Agora, com o Orçamento alterado garante o Bolsa Família de R$ 600 durante todo o ano de 2023, mais um pagamento adicional no valor de R$ 150 mensais por criança de até 6 anos.

O texto aprovado e que vai à sanção inclui a margem fiscal de R$ 169,1 bilhões relativa ao teto de gastos aberto pela emenda constitucional para pagamento de benefícios sociais. No total, R$ 145 bilhões são referentes ao aumento no próprio teto de gastos; R$ 23 bilhões referentes à retirada de investimentos do teto; e R$ 1,1 bilhão referente à retirada de outras despesas custeadas com recursos provenientes de receitas próprias, especialmente por parte de universidades e institutos federais (IFs).

Segundo o texto aprovado, manter o benefício de R$ 600 implicará um gasto extra de R$ 52 bilhões, com mais R$ 18 bilhões para o adicional por criança de até seis anos. Ou seja, só o aumento do Auxílio Brasil/Bolsa Família custará R$ 70 bilhões em 2023. Quanto ao salário mínimo, o presidente Bolsonaro editou medida provisória fixando o valor em R$ 1.302. A Consultoria de Orçamento do Senado afirma que não houve ganho real, só a reposição da inflação. Caso o mínimo suba a R$ 1.320, como previsto no relatório, o aumento nas despesas será da ordem de R$ 6,8 bilhões. 

 Emendas parlamentares

O Orçamento 2023 também contempla a destinação de metade das emendas RP9 para emendas individuais dos parlamentares, que passam de R$ 11,7 bilhões para R$ 21,5 bilhões. 

O valor global também cresceu: de 1,2% da receita corrente líquida para 2%. Mas a divisão não será mais igualitária entre senadores e deputados. A Câmara ficará com 77,5% do valor global das emendas individuais; e o Senado, com 22,5%. Como os deputados são 513, o valor individual será de R$ 32 milhões em 2023. Para os senadores, será de R$ 59 milhões. Marcelo Castro aumentou em R$ 1,5 bilhão os recursos para emendas parlamentares de execução não obrigatória no Orçamento para 2023.

Metade dos recursos das emendas individuais obrigatórias deve ir para o Ministério da Saúde para completar o orçamento mínimo desse setor estabelecido pela Constituição.  Segundo o texto aprovado, foram apresentadas 6.576 emendas individuais e coletivas, sendo 5.104 de deputados, 870 de senadores, 422 de bancada estadual e 180 de comissão. O montante para custear essas emendas é de R$ 28,7 bilhões. 

Dívida pública

O valor total das receitas previsto para 2023 é de R$ 5,345 trilhões, dos quais R$ 2,010 trilhões são destinados ao pagamento dos juros e encargos da dívida pública federal e R$ 213,9 bilhões vão para investimentos. Dos cerca de R$ 3,191 trilhões restantes, 94% serão usados para pagar despesas obrigatórias.  O relatório da receita, aprovado na CMO na semana passada, incluiu a arrecadação da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional, no valor de R$ 1,2 bilhão, que havia sido excluída pelo projeto do governo federal. Mas esse valor, por causa do teto de gastos, só pode ser usado para abater a dívida pública. 

Meta fiscal

O Orçamento aprovado prevê como meta fiscal um estouro de R$ 231,5 bilhões nas contas da União, ou 2,18 % do PIB, contra um déficit de R$ 63,7 bilhões, ou 0,6% do PIB, da proposta inicial do Executivo. Ou seja, um aumento de 363%. Essa meta é calculada somando todas as receitas e tirando todas as despesas, exceto os juros e encargos da dívida.

O chamado orçamento fiscal terá uma receita de R$ 2,04 trilhão, vinda da arrecadação de todos os tributos exceto os do sistema de seguridade social (saúde, assistência social e previdência), e despesas de R$ 1,639 trilhão. A diferença, de R$ 400 bilhões, será usada para cobrir o déficit da seguridade social. 

Regra de Ouro

O PLN 32/2022 ainda prevê operações de crédito no valor de R$ 89,2 bilhões para pagar benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Como isso é inconstitucional, o texto busca contornar a proibição determinando que essas operações só poderão ser feitas se autorizadas pelo Congresso por maioria absoluta.  Impostos A estimativa para a arrecadação bruta com impostos é de R$ 2,257 trilhões (ou 21,2% do PIB). Por outro lado, deixarão de entrar no caixa R$ 456,1 bilhões em benefícios tributários (isenções e renúncias fiscais), ou 4,29% do PIB.

Já os benefícios financeiros e creditícios de 2023 estão estimados em R$ 130 bilhões. Entre eles estão os recursos repassados aos bancos públicos para concessão de financiamentos.

Nota técnica das Consultorias de Orçamento do Senado e da Câmara dos Deputados ressalta que as renúncias e os benefícios previstos estão altamente concentrados nas regiões Sudeste e Sul (mais de 60%), o que não atende à determinação constitucional de redução das desigualdades regionais.  No geral, diz o estudo, as projeções apontam para uma redução da inflação e da taxa básica de juros (Selic) e para uma estabilidade do câmbio a médio prazo.

Social

O texto aprovado fixa o valor médio de R$ 600 para o Bolsa Família, num total de R$ 175,7 bilhões.  Já para o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que paga um salário mínimo a pessoas pobres idosas ou com deficiência, Marcelo Castro aumentou os recursos em R$ 1,14 bilhão em relação ao previsto inicialmente pelo Executivo. O programa terá agora R$ 85,3 bilhões. Segundo a nota técnica das consultorias, fatores demográficos, como o aumento da expectativa de vida, e o aumento do valor do benefício têm causado o aumento dessa despesa. Em 2016 foram 4,5 milhões de pessoas assistidas pelos dois programas. Em 2023 deverão ser 5 milhões.  Para o Programa Criança Feliz, o relator também aumentou o montante a ser gasto em 2023: agora serão R$ 276 milhões, frente aos R$ 225,5 milhões previstos na proposta do governo Bolsonaro.

Previdência

A LOA 2023 projeta um déficit de R$ 50,7 bilhões para o regime de previdência dos funcionários públicos e outro de R$ 17,0 bilhões para o sistema de pensões militares. Esses déficits, previstos em 0,64% do PIB de 2023, vêm caindo desde 2020 em razão da reforma previdenciária de 2019 (Emenda Constitucional 103 e Lei 13.954, de 2019). Os analistas ressaltam que neles não estão incluídas as despesas com militares inativos, que devem alcançar 0,54% do PIB em 2023, percentual inferior ao que se projeta para 2022 (0,57% do PIB).

As despesas do RGPS estão fixadas em R$ 862,3 bilhões e as receitas, estimadas em R$ 595,1 bilhões. O resultado é um déficit de R$ 264,9 bilhões.

Essas projeções estão baseadas num crescimento do número de aposentados de 1,96% e numa estimativa do INPC para 2022 de 7,41% (as aposentadorias são reajustadas pelo INPC). 

 Pessoal e encargos sociais

O texto aprovado prevê R$ 369,4 bilhões para gastos com pessoal e encargos sociais, um aumento de 8,3% em relação ao autorizado para 2022, portanto acima da inflação, se considerado um IPCA de 7,2% para este ano. As despesas com pessoal em 2023 alcançarão 3,5% do PIB, mesmo percentual estimado para 2022 e o mais baixo desde 2001.

Estão previstos R$ 13,3 bilhões para reajustes de salário, concessões de vantagens e planos de carreira.  Investimentos O valor dos investimentos, exceto o das estatais, passou a R$ 70,4 bilhões. A proposta do Executivo previa R$ 22,4 bilhões. As estatais federais deverão investir R$ 143,5 bilhões, um aumento de 48,7% em relação aos valores propostos para 2022. 

Royalties do petróleo

O Orçamento 2023 prevê a arrecadação de R$ 89,8 bilhões com a exploração de petróleo. Os recursos serão transferidos para estados e municípios (R$ 54,1 bilhões), para o Fundo Social (R$ 12,1 bilhões) e para os Ministérios da Educação (R$ 15,1 bilhões), de Minas e Energia (R$ 3,0 bilhões), da Defesa (R$ 2,3 bilhões), da Ciência e Tecnologia (R$ 1,6 bilhão), do Meio Ambiente (R$ 638,2 milhões) e da Saúde (R$ 945,2 milhões). 

Precatórios

Cerca de R$ 65,6 bilhões do Orçamento 2023 deverão ir para o pagamento de sentenças judiciais, principalmente os chamados precatórios (R$ 17,6 bilhões) e as requisições de pequeno valor (RPVs - R$ 26,2 bilhões). Esse montante equivale a cerca de 0,62% do PIB projetado para 2023.

Financiamentos

A União deverá gastar R$ 49,7 bilhões em financiamentos em 2023, valor próximo ao executado em 2019 atualizado pelo IPCA. A proposta para 2023 prevê 26 ações, sendo que nove delas correspondem a 87% do total.  Os maiores recursos serão distribuídos aos Fundos Constitucionais de Financiamento do Nordeste (FNE), do Centro-Oeste (FCO) e do Norte (FNO), ao FIies (Fundo de Financiamento Estudantil) e aos financiamentos ao agronegócio do café e às infraestruturas aquaviária, portuária e naval.  Obras irregulares O texto aprovado pelos congressistas contempla dois empreendimentos com indícios de irregularidades graves: o trecho da BR-040 para a subida da Serra de Petrópolis (RJ) e a concessão do trecho da BR-290 entre Osório (RS) e Porto Alegre.

*Da Agência Senado

 

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) tem reuniões deliberativas marcadas para esta terça-feira (20), em três horários: às 10h, às 14h e às 16h. Logo antes, às 9h, haverá reunião do Colegiado de Lideranças Partidárias com assento na CMO.

O relator-geral do Orçamento de 2023 (PLN 32/2022), senador Marcelo Castro (MDB-PI), vai apresentar a versão final do seu relatório. Em sua conta no Twitter, Marcelo Castro afirmou que “decisão do Supremo, não se discute. A gente cumpre”, em referência à decisão do STF de considerar como inconstitucional as emendas de relator. Segundo o senador, “emenda de relator é assunto do passado”. Ele completou: “no orçamento, os recursos dessas emendas serão distribuídos para as emendas de Comissão, cumprindo o que foi determinado pelo STF. Vamos em frente!”.

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A Comissão também vai votar a atualização da parte que trata de obras e serviços com indícios de irregularidades graves. Ainda constam da pauta a prestação de contas dos anos de 2014 e 2015, da ex-presidente Dilma Rousseff; do ano de 2017, do ex-presidente Michel Temer; e dos anos de 2020 e 2021, do presidente Jair Bolsonaro.  TCU A Comissão ainda vai analisar uma série de prestações de contas do Tribunal de Contas da União (TCU), dos anos de 2011 a 2019.C

Conforme previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF – Lei Complementar 101, de 2000), o TCU precisa enviar à CMO a prestação de contas de cada ano, composta pelo relatório de gestão e pelos relatórios descritivos e sintéticos dos programas e ações desenvolvidas ao longo do exercício. Trata-se de uma forma de controle externo sobre a Corte de Contas. Há 12 anos, o TCU não enviava suas prestações de contas para a CMO.

Em um dos relatórios referentes a esse tipo de controle, o deputado Felipe Francischini (União-PR) pede informações ao TCU sobre a concessão de benefícios a ministros e servidores do tribunal no ano de 2021. “Há indícios da instituição, em 2021, de ressarcimento de gastos de caráter nitidamente pessoal, diretamente relacionados à moradia de membros do TCU”, cita o deputado. 

*Da Agência Senado

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) definirá as emendas a serem apresentadas ao projeto de Lei Orçamentária de 2023 (PLN 32/2022), em reunião semipresencial a ser realizada nesta quinta-feira (10), às 9h.  Entre as propostas de emendas a serem apreciadas pela comissão, está a que destina R$ 85 milhões ao Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz).

O montante será destinado à aquisição de insumos e a investimentos em infraestrutura de Tecnologia da Informação (TI), o que permitirá melhorias na conectividade e a ampliação do monitoramento conduzido pela Marinha do Brasil em relação às aguas jurisdicionais brasileiras. 

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Outra emenda destina R$ 200 milhões à gestão do uso sustentável da biodiversidade e recuperação ambiental de áreas degradadas, além da que reserva R$ 500 milhões para ações de prevenção e controle do desmatamento e dos incêndios nos biomas nacionais. 

Há ainda a sugestão de emenda que reserva R$ 70 milhões à manutenção e aprimoramento do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), além da que aloca R$ 100 milhões ao desenvolvimento de estudos que contribuam para entender a evolução climática, geológica e ambiental no bioma pantanal.   

As comissões permanentes do Senado e da Câmara dos Deputados e as comissões mistas permanentes do Congresso Nacional podem apresentar até oito emendas. São quatro de apropriação (acréscimo de dotação por meio de anulação de dotações da reserva de contingência) e quatro de remanejamento (acréscimo de dotação por meio da anulação de dotações constantes do projeto de lei, exceto a reserva de contingência). 

O senador Otto Alencar (PSD-BA) é o relator das emendas na comissão a serem apreciadas posteriormente pela Comissão Mista de Orçamento (CMO). O relator do Orçamento de 2023 é o senador Marcelo Castro (MDB-PI).  A reunião será realizada na sala 13 da ala Alexandre Costa.

*Da Agência Senado

A campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência mapeou sete pontos do projeto de Orçamento de 2023 para usar como munição contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição. Além de Bolsonaro não ter garantido o Auxílio Brasil de R$ 600, a campanha do petista vai reforçar que o presidente "entregou" recursos que eram da saúde e da educação para "abastecer" em R$ 19,4 bilhões o chamado orçamento secreto.

Entre os pontos mapeados, também está a queda real das despesas para manutenção e desenvolvimento do ensino. Descontada a inflação, as receitas destinadas para a área ficaram em R$ 81,1 bilhões em 2023, em comparação a R$ 84,6 bilhões neste ano. Já as despesas com ações e serviços públicos de saúde em 2023, previstas no Orçamento em R$ 149,9 bilhões, ficaram menores do que no Orçamento de 2022, de R$ 150,5 bilhões.

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Do total de R$ 19,4 bilhões destinados às emendas do orçamento secreto, R$ 10,4 bilhões são recursos da saúde, R$ 1 bilhão da educação e R$ 1,38 bilhão para o Ministério da Cidadania, responsável pela gestão do Auxílio Brasil.

Em documento preparado por especialistas em Orçamento ligados ao partido para subsidiar a campanha, ao qual o Estadão teve acesso, o item principal é que Bolsonaro não colocou no papel a promessa de elevar de R$ 400 para R$ 600 o valor do Auxílio Brasil, tampouco a correção da tabela do Imposto de Renda. "O próprio governo admite que a última vez que houve a atualização foi no governo Dilma, em 2015", destaca o documento.

Outro item citado é a falta de ganho real (acima da inflação) do salário mínimo, pelo quarto ano seguido. Pelo projeto, o salário mínimo em 2023 será de R$ 1.302, com a correção da inflação medida pelo INPC.

‘FISIOLOGISMO’

Os problemas serão reforçados por Lula na sua campanha e pelos candidatos do partido nas eleições de outubro. "Estão capturando recursos da saúde, da educação e de vários ministérios com base numa lógica de pulverização fisiológica", diz o coordenador do programa de governo, Aloizio Mercadante.

Ele afirma que Lula, se eleito, vai trabalhar para substituir o orçamento secreto por um Orçamento transparente e participativo. Lula tem prometido na campanha que vai repetir o que fez no seu governo e garantir, por exemplo, uma política de aumento real do salário mínimo.

A campanha do ex-presidente, no entanto, não detalhou até agora como fará para encaixar as promessas no Orçamento, caso ele seja eleito. "Se ganharmos, vamos discutir, mais para frente", disse Mercadante. Segundo ele, os problemas são "profundos", com uma "herança fiscal pesada".

O documento do PT indica também que a receita total do governo no projeto está inflada pela previsão irrealista de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5%,enquanto os analistas do mercado financeiro esperam 0,37%.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério da Defesa ficou com a maior fatia dos investimentos previstos no Orçamento de 2023: R$ 7,4 bilhões, de um total de R$ 22,4 bilhões, mais do que os valores para saúde (R$ 1,5 bilhão), educação (R$ 1,7 bilhão) ou infraestrutura (R$ 4,7 bilhões).

O valor total reservado a novos investimentos no próximo ano é o menor da história. Ele vem caindo ano a ano, mas no caso de 2023 a Defesa perdeu proporcionalmente menos em comparação ao corte geral.

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As emendas parlamentares costumam aumentar os recursos para atender a projetos de interesse dos congressistas, mas não têm sido suficientes para conter a queda. Em 2021, o projeto do Executivo mais as emendas levaram os investimentos a R$ 49 bilhões, mas só R$ 16,9 bilhões foram efetivamente realizados no mesmo ano.

Considerando o custeio dos órgãos públicos e os investimentos, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos ficou com o menor valor: a pasta terá R$ 327,9 milhões em 2023 para todas as ações, incluindo salários, manutenção das unidades vinculadas ao ministério e ações de proteção à mulher, à criança e ao idoso. Já o Ministério do Trabalho e Previdência, responsável pelo pagamento de aposentadorias, terá o maior orçamento (R$ 974 bilhões), mas a fatia que representa as despesas de custeio e investimentos não obrigatórias soma R$ 2,5 bilhões - menos de 1% do total.

Ao observar o detalhamento das despesas, é possível identificar as prioridades da administração federal na hora de distribuir os recursos que não têm destinação específica. O Executivo reservou R$ 1,4 bilhão para a compra de caças da Aeronáutica, enquanto os investimentos em saneamento básico ficaram com R$ 16 milhões.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Orçamento de 2023, que o governo precisa enviar até o fim do mês para análise do Congresso, já tem um buraco de R$ 142,7 bilhões caso todas as principais promessas do presidente Jair Bolsonaro sejam atendidas. Entre elas, estão a manutenção do valor de R$ 600 para o Auxílio Brasil; a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF); o reajuste salarial para os servidores; e a prorrogação da desoneração dos impostos federais sobre o diesel, gás de cozinha e gasolina.

Economistas de fora do governo avaliam que o projeto orçamentário corre o risco de se transformar numa peça de "ficção", que serviria mais para turbinar a campanha à reeleição de Bolsonaro.

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A área econômica já reservou R$ 17 bilhões para a correção da tabela do IR e outros R$ 11,7 bilhões para o funcionalismo, mas ainda tenta demover o Palácio do Planalto da promessa de manter a desoneração da gasolina, deixando apenas a prorrogação da desoneração do diesel. Se a desoneração valer para os dois, o custo extra chegaria a R$ 54 bilhões. O projeto de Orçamento não deverá especificar como a reserva para o aumento dos salários será dividida entre as carreiras, tampouco o modelo de correção do IR.

Em entrevista recente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, acenou com a possibilidade de correção dos salários com base na inflação prevista para o ano que vem, mas técnicos do governo preferem priorizar algumas carreiras que têm hoje salários mais defasados em relação à iniciativa privada.

Os técnicos do Ministério da Economia buscam ainda uma saída técnica para não incluir o Auxílio Brasil de R$ 600 no projeto de Orçamento por falta de espaço no teto de gastos, mas Bolsonaro tem cobrado a elevação do piso do benefício social. Ele até já se adiantou e acenou com o envio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para acomodar o aumento de gastos.

Com o valor do Auxílio em R$ 400, o custo das promessas a serem "incluídas" no projeto de Orçamento cai para R$ 92,8 bilhões. Nesse cenário, segundo apurou o Estadão, o orçamento do Auxílio Brasil subiria R$ 10,1 bilhões no ano cheio, passando de R$ 89 bilhões para R$ 99,145 bilhões. Com R$ 600, o valor chegaria a R$ 150 bilhões, sem considerar mais recursos para os benefícios adicionais previstos no programa - como o auxílio rural, urbano e creche.

‘DOIS ORÇAMENTOS’

Técnicos do governo avaliam que a elaboração do projeto está sendo mais complexa porque existiria um Orçamento do "candidato" e outro do "presidente". Um dos riscos é o governo prever gastos menores do que é esperado para acomodar as demandas do presidente.

O espaço poderia ser maior se o Ministério da Economia não tivesse ainda de acomodar cerca de R$ 19 bilhões em emendas parlamentares de relator, provenientes do chamado orçamento secreto. O presidente acertou que não vai vetar essas emendas na sanção da Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Para o coordenador do Observatório Fiscal da Fundação Getulio Vargas, Manoel Pires, o custo do lado da redução das receitas seria mais fácil de ser acomodado com o aumento do déficit previsto para o ano que vem. Já do lado das despesas, o teto de gastos é um limitador legal. Segundo ele, é possível incorporar as renúncias de tributos no Orçamento sem precisar compensação com o corte de despesas ou aumento de tributos.

"Está ficando evidente que tem muita coisa fora, e que o Orçamento está ficando cada vez mais distante do que o País precisa", diz Pires. Para a economista da Tendências Juliana Damasceno, seria "enorme" a probabilidade de o Orçamento a ser enviado para o Congresso ficar mais próximo de uma "peça de ficção". "A gente já viu isso acontecer antes. E, neste ano, por motivo eleitoral, o Orçamento acabou se desvirtuando do seu compromisso."

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