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"De que tipo de visibilidade estamos falando?", questiona a psicóloga Jaqueline Gomes de Jesus, uma mulher trans negra, assim que é perguntada sobre o tema em entrevista à Agência Brasil. Neste domingo (29), Dia da Visibilidade Trans, a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), alerta que a transfobia e a violência são uma realidade que precisa ser exposta, mas que a promoção da saúde mental requer que a visão da sociedade e da população trans sobre si mesma seja estimulada a ir além da denúncia de que há um risco iminente de sofrer violência, da falta de acesso ao mercado de trabalho e da baixa expectativa de vida.

"No Brasil, a visibilidade trans tem sido muito pautada a partir de dados de violência letal. As pessoas muitas vezes conhecem a realidade da população trans somente por essa lente do 'somos do país que mais mata pessoas trans no mundo', em termos absolutos. Essa é a imagem que fica", afirma a pesquisadora, que avalia que isso impacta a política pública e a produção de conhecimento sobre a população trans.

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"Geralmente, as políticas públicas e como se pensa a população trans se reduzem a dados como esses, ou dados sobre a precariedade laboral. Eles são fatos. Mas o que significa só reproduzir esses fatos?"

A pesquisadora coordena no Brasil o estudo global SMILE (Saúde Mental de Minorias Sexuais e de Gênero), que investiga a saúde da população LGBTQIA+ em países de renda baixa e média e se debruça sobre dados do Brasil, Quênia e Vietnã. Além disso, Jaqueline preside a Associação Brasileira de Estudos da Trans-Homocultura e também é professora de psicologia no Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). Ela alerta que a visão única sobre a população trans como vítima da violência e exclusão tem um impacto severo sobre a saúde mental.

"Essas notícias constantes de violência e de assassinato e da limitação da expectativa de vida das pessoas trans, principalmente entre os jovens, isso tem um impacto direto na suicidabilidade, na exposição ao risco, e também em outros fatores como ansiedade", explica. "É importante que criemos condições para que a população trans seja vista e também se veja de forma mais positiva, com expectativa de sair dessa condição de exposição ao risco de violência e de transfobia. E não apenas que seja visível nessa condição", defende.

Jaqueline Gomes de Jesus reforça que essa mudança de foco não significa esconder a grave realidade de violência da qual as pessoas trans são vítimas, mas sim reconhecer a população trans na sua pluralidade e na sua potência, criando condições para que ela seja visível de outras maneiras.

"É ter a realidade como um dado, mas criar condições de visibilidade para que as pessoas trans possam se ver em lugares potentes, transformadores, e possam ocupar esses lugares e ser vistas na sociedade nesses lugares. É isso que vai criar saúde mental para a população trans na nossa cultura."

Essa virada requer condições efetivas de acesso da população trans aos espaços de comunicação, Justiça, saúde e outros não apenas como usuárias, mas como profissionais e produtoras desses saberes, diz a psicóloga. Ela defende que haja ações afirmativas para a contratação de pessoas trans no setor público e privado, e também para acesso aos espaços de formação e produção de conhecimento.

"Quantas pessoas trans temos na imprensa e nos meios de comunicação de forma geral produzindo conteúdo enquanto jornalista? Enquanto comunicadores? Estamos criando ações afirmativas para termos mais pesquisadores e pesquisadoras trans? Nossos juízes, advogados e médicos são pessoas trans também? É preciso um salto além."

A data escolhida para celebrar o Dia da Visibilidade Trans, 29 de janeiro, faz referência à mobilização ocorrida em 2004 na Câmara dos Deputados, para a campanha “Travesti e Respeito”, que levou a um inédito ato de pessoas trans no Congresso Nacional. A pauta central, na época, era justamente a promoção da saúde.

Depressão e ansidade

A pesquisa com populações LGBTQIA+ de diferentes países permite a Jaqueline Gomes de Jesus enxergar a transfobia como um fator que contribui de forma constante para casos de estresse pós-traumático, depressão, ansiedade e suicídio. Mas cada país apresenta uma realidade diferente, em que transtornos mentais que já são mais prevalentes na população em geral ou em grupos específicos são reforçados no caso dos transexuais.

"Na população trans, a gente vê altas taxas de suicidabilidade, com idealização, planejamento e até execução de casos de suicídio principalmente entre homens trans, e, particularmente, negros. E isso converge que no Brasil também são os homens negros os que mais tentam se matar. Há convergências em termos de gênero e de contextos culturais."

O estudo conduzido há cinco anos pelo grupo do qual a psicóloga brasileira faz parte busca produzir evidências para tratamentos focados na população LGBTQIA+. O trabalho é reconhecer quadros de saúde mental específicos dessa população e propor novas abordagens.

"Falta muito tratamento em saúde mental baseado nos dados de cada cultura para questões como depressão, tristeza, ansiedade, alcoolismo e várias questões que afetam a população LGBT. E aí a gente tira os dados para poder pensar em cada grupo pormenorizado."

Fortalecimento

A pandemia de Covid-19 foi um período de agravamento de questões de saúde mental em muitos grupos populacionais, e a psicóloga Marcelle Esteves, conselheira e coordenadora de saúde do Grupo Arco-Íris, viu de perto que a população trans passou por dores específicas. A organização não governamental prestou assistência psicológica a 2.530 pessoas durante a pandemia, e, entre elas, 884 pessoas trans.

"Foram momentos em que só quem estava olhando de frente e pôde ouvir sabe a dor de muitas pessoas trans que inclusive precisaram voltar para os espaços de onde já tinham saído, voltar às suas famílias. E muitas pessoas precisaram se descontruir enquanto trans para poder permanecer nesses espaços e ter comida e onde morar. Foi um período violento."

A psicóloga, uma mulher negra e cisgênero, descreve o "novo normal" a que a sociedade voltou depois dos períodos mais agudos da pandemia como um "velho anormal". "Não sei para quem é novo. Para a população LGBT, pra população preta, não tem nada de novo. Nada do que essas populações passaram na pandemia foi novo para eles. Eles já passavam isso, mas vivenciaram num grau hard", diz ela. "A gente ainda vê e vai ver durante um tempo as sequelas desse período em que muitas pessoas vivenciaram a solidão."

Marcelle Esteves vê uma total convergência entre a visibilidade trans e a promoção da saúde mental, especialmente após a pandemia. A psicóloga afirma que a a visibilidade é também uma forma de fortalecimento mental para uma população que muitas vezes não tem acolhimento familiar e sofre discriminação em espaços como o educacional. "Dar visibilidade interseccional à população trans é também dar garantia de um processo de saúde como um todo e de cidadania plena para essa população", diz. "Se eu não me vejo, eu não me reconheço. Seu processo de identificação e reconhecimento é parte de como você se olha no mundo, de como você se percebe e percebe que tem outras pessoas iguais a você. Se eu não me vejo e não me reconheço, eu não existo, eu não estou. Ainda falta visibilidade no sentido do pertencimento."

Priscila Nogueira, mais conhecida como Pepita, uma das primeiras funkeiras travestis do Brasil, está vibrando com a participação da amiga, a também cantora e travesti Linn da Quebrada, no BBB 22. Torcedora declarada, a carioca diz ter sentido muito orgulho da ‘mana’ e que é importante ter espaços como esse para que artistas trans possam mostrar seu talento. 

Em entrevista ao jornal O Globo, Pepita falou sobre a satisfação de ver Linn afirmando ser travesti dentro do reality e frisou a importância de tal atitude.  “Fiquei muito orgulhosa da minha mana gritar dentro do reality que é travesti. Essa palavra é um grito de liberdade, é um ato político. Quer dizer: ‘esse lugar é meu e eu mereço respeito’. O problema é ser chamada de ‘travecão’, ‘viadão’, ‘O travesti’. Não aguento quando as pessoas dizem que é ‘mimimi’. A gente sente essa dor na pele, então por que não podemos falar sobre isso?”. 

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Pepita, que além de cantora é apresentadora, escritora, empresária e um dos ícones na luta pela representatividade da luta LGBTQIA+, disse também que é importante ter espaços como o do reality para que artistas trans mostrem seu talento e que está torcendo para que a amiga chegue longe no jogo. “É cansativo ter que ensinar as pessoas. Tem dias que eu sinto que tenho que andar blindada. A Linn entrou blindada, mas teve um dia que não aguentou e chegou a chorar. Torço muito para que ela consiga permanecer forte”.

O primeiro dia de aplicação da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, realizado no último domingo (17), foi marcado por denúncias de casos de constrangimentos a pessoas trans, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Ao LeiaJá, duas mulheres trans denunciam a falta de sensibilidade quanto ao tratamento das participantes momentos antes do início do Exame e como isso impactou no desempenho na avaliação.

Tido como o mês da visibilidade trans, janeiro recebeu a edição 2020 do Enem, devido ao cancelamento de aplicação em novembro do ano passado, em razão da crescente nos números da Covid-19 no Brasil. Até o momento, são mais de 210 milhões de mortes. Apesar da importância desse mês para a população trans, e do tema da redação do Exame abordando questões relacionadas à saúde mental, os direitos básicos conquistados por essa parcela da população, segundo candidatas, seguem desrespeitados, o que, segundo elas, causa desestabilidade de ordem mental às participantes vítimas de constrangimento momentos antes da realização da prova.

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Há dois anos com todos os documentos de identificação retificados, a estudante Luana Maria da Luz Barbosa, 20 anos, relatou que mesmo com nome atualizado no sistema de inscrição do Enem, na ata da sala de aplicação de prova, o nome registrado na lista era  ‘nome morto’. A participante realizou a prova em uma unidade de ensino superior, na área central do Recife. “Houve problemas, porque não estavam batendo os nomes. Daí o aplicador me levou até as pessoas que são responsáveis pelo departamento de aplicação de prova. E lá as pessoas não sabiam me dar informação se eu iria assinar como Luana ou com o nome antigo”, relatou Luana.

Segundo a estudante, a equipe ligou para o Inep para obter orientações sobre como proceder nessa situação. Após essa ligação, Luana recebeu a notícia de que teria que assinar o ‘nome morto’, assim como no cartão de confirmação de inscrição da estudante, que também não estava devidamente atualizado, tal como mostra na página do participante.

Luana assinou com o ‘nome morto’, despertando um sentimento de revolta diante da negação aos seus direitos. “Será que eu não posso passar por um processo de exame de vestibular, sem passar nenhum tipo de constrangimento? Sou sujeita a passar por esses tipos de violência de negações de direito?”, questionou Luana. “Meu sentimento é de revolta… É uma luta histórica”, enfatizou a estudante.

A estudante relatou que esse episódio potencializou uma situação de ansiedade. Isso, também levando em consideração, todas as preocupações em torno da prevenção contra a pandemia da Covid-19, no local de prova, que também impactaram no desempenho na prova. “Tive crise de ansiedade no meio da prova, fiquei bastante nervosa, mais ainda do que já estava com a pressão que essa prova tem sobre nós, estudantes, que vão prestar esse vestibular”, afirmou, emocionada, ao LeiaJá.

“Para nós, travestis e transexuais, é uma cobrança triplicada [em provas como essas]. Passei mal, durante e assim que terminou a prova, fiquei me sentindo tonta, sentindo como se tivesse feito uma péssima prova, sabe?”, relatou a estudante com a voz trêmula.

Insensibilidade social e desistência

Luana Maria, cria da comunidade do Ibura, localizada na Zona Sul do Recife, por um momento pensou em desistir de tudo. Ao LeiaJá, ela afirmou que não foi a única a passar por esse constrangimento e insensibilidade, problemas recorrentes contra pessoas trans. A participante presenciou quando outras duas meninas também passaram pela mesma situação de constrangimento, e uma delas desistiu de realizar a prova dado o impacto negativo causado pelo tratamento no local.

A reportagem do LeiaJá entrou em contato com as vestibulandas, mas não obteve retorno. No entanto, por meio de stories no Instagram, uma das candidatas afirmou que essa é “a última vez que precisei fazer o Enem, pois mesmo retificada tive que assinar e ser tratada por outro nome que não me pertence”.

Mesmo abalada, Luana realizou a prova e na redação disse ter que reforçar suas vivências com uma crítica ao constrangimento que ela e outras pessoas trans passam no “cistema” vigente. “O tema da redação é ‘O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira’. E é justamente o que eu passei, não é? Esse constrangimento. Essa irresponsabilidade social das pessoas contra nós”, pontuou Luana.

“Eu tive que falar um pouco das minhas dores. Dos meus sofrimentos na redação, não só o meu”, concluiu. Atitudes como essas afastam pessoas travestis e transexuais dos ambientes acadêmicos, em que são praticamente invisíveis, representando apenas cerca de 0,1% do total de alunos das instituições federais de ensino superior. Os dados são do levantamento realizado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em 2018.

Posicionamento do Inep

O LeiaJá procurou o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para obter um posicionamento diante do caso denunciado pelas estudantes. No entanto, o Inep não deu uma resposta objetiva aos ocorridos.

Responsável pela organização do Enem, o órgão apenas orientou que os estudantes que se sentirem prejudicados por "problemas de logística" podem solicitar “reaplicação do Exame em até cinco dias após o último dia de aplicação”, por meio da Página do Participante.

No próximo dia 24 de janeiro serão aplicadas as provas de matemática e Ciências da Natureza, na modalidade impressa. Já as provas da versão digital estão marcadas para os dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro. Confira, a seguir, na íntegra, o posicionamento do Inep sobre o caso:

O edital da versão impressa do Enem 2020 já prevê que: “O participante afetado por problemas logísticos durante a aplicação poderá solicitar a reaplicação do Exame em até cinco dias após o último dia de aplicação, no endereço. Os casos serão julgados, individualmente, pelo Inep. São considerados problemas logísticos para fins de reaplicação, fatores supervenientes, peculiares, eventuais ou de força maior, como: desastres naturais (que prejudiquem a aplicação do Exame devido ao comprometimento da infraestrutura do local), falta de energia elétrica (que comprometa a visibilidade da prova pela ausência de luz natural), falha no dispositivo eletrônico fornecido ao participante que solicitou uso de leitor de tela ou erro de execução de procedimento de aplicação pelo aplicador que incorra em comprovado prejuízo ao participante. A aprovação ou a reprovação da solicitação de reaplicação deverá ser consultada pelo endereço enem.inep.gov.br/participante.” O participante que se sentiu prejudicado deverá relatar o ocorrido. O Inep receberá os pedidos por reaplicação entre 25 e 29 de janeiro, pela Página do Participante do Enem. O Inep, junto às aplicadoras, vai apurar a situação e avaliar o pedido. A reaplicação do Enem, prevista em edital, será nos dia 23 e 24 de fevereiro, mesma data e com a mesma prova aplicada para pessoas privadas de liberdade, o chamado Enem PPL. Trata-se de uma nova prova, com mesmo nível de dificuldade, possível pelo fato de o Enem adotar a metodologia de Teoria de Resposta ao Item (TRI). Todos os anos o Inep prepara duas provas: a regular e a de reaplicação/PPL. Este ano, com o Enem Digital, foram preparadas três provas. 

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A cantora Majur, dona dos sucessos Africaniei, Náufrago, Detalhe e 20ver, dividiu com os fãs um momento emocionante. Na semana em que se comemora a Visibilidade Trans, a baiana celebrou a sua nova identidade. Atendendo antes pelo nome Marilton dos Santos Conceição Junior, a artista passa a se chamar Majur dos Santos Conceição.

"Eu sempre estive aqui, sou tudo isso e posso ser como um grão no universo, mas, existo, amor e resisto por mim, pelas minhas 'antepassades' e por 'todes' que virão. Com muito Prazer, Majur dos Santos Conceição e por favor gritem o meu nome", legendou ela no conteúdo postado.

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Assinando a documentação na companhia da mãe, Majur recebeu o carinho dos internautas. No Instagram, Fernanda Paes Leme, Preta Gil, Alinne Moraes, Silvero Pereira, Pepita e Paula Lima deixaram mensagens vibrando com a notícia. Em junho de 2019, Majur dividiu com Pabllo Vittar e Emicida os vocais da música AmarElo.

Confira o vídeo:

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Ao longo do ano de 2018, em Pernambuco, segundo levantamento da Secretaria de Defesa Social (SDS), 33 vítimas identificadas como LGBT foram assassinadas no Estado. Segundo órgão, em comparação com o ano de 2017, esse número representa uma queda de assassinatos dos LGBTs. Em 2017, foram registrados 57 assassinatos, o que mostra que menos 24 pessoas LGBTs foram vitimadas em Pernambuco.

Não há divisão específica se as vítimas são gays do sexo masculino, lésbicas, bisexuais ou transexuais. A equipe de reportagem do LeiaJá tentou saber junto com a SDS dados de pessoas trans mortas no Estado e registrados oficialmente, mas tal recorte não é feito pela secretaria. "Não temos os dados de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) num recorte tão específico", responde a SDS.

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A Secretaria de Desenvolvimento Social acentua que as "mortes de pessoas LGBT em Pernambuco não quer dizer (necessariamente) que foram mortas por homofobia ou qualquer tipo de preconceito", esclarece.

A última semana do mês de janeiro é voltada para a Visibilidade Trans no Brasil. É a partir do dia 29 deste mês que a comunidade LGBT tenta intensificar as discussões sobre os preconceitos, falta de direitos e a luta diária pela manutenção de suas vidas.

A Secretaria de Defesa Social aponta que desenvolve iniciativas educativas para prevenir a violência contra a população LGBT. "Nessas ações, policiais ministram palestras para alunos de escolas públicas do estado, nas quais fomentam o respeito à diversidade", diz a SDS.

Assassinatos de Trans no Brasil

No país, ao longo do ano de 2018, aconteceu 163 assassinatos de travestis e transexuais, segundo dossiê elaborado pela  Associação Nacional De Travestis e Transexuais Do Brasil (Antra), junto com o Instituto Brasileiro Trans De Educação (Ibte).

Este documento mostra que no Rio de Janeiro foi onde mais se matou trans em 2018, com 16 assassinatos. A Bahia ficou em segundo lugar, com 15 casos. Pernambuco aparece em décimo lugar, com 7 assassinatos de transexuais. 

O nordeste é a região de maior concentração dos assassinatos de pessoas trans no Brasil, com 36,2% dos casos, seguido da Região Sudeste, com 27,6%. Os Jovens são os que mais estão diretamente ligados às diversas formas de violência. O Mapa dos assassinatos aponta que 60,5% das vítimas tinham entre 17 e 29 anos.

A Secretaria de Defesa Social orienta a população vítima de preconceito procurar uma delegacia mais próxima para prestar queixa do fato. A Ouvidoria da SDS também está disponível, diariamente, das 7h às 17h, pelo telefone 0800.0815001, e 24h por dia, pelo portal da secretaria.

Nesta terça-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade Trans, o Esporte Clube Bahia fez uso do seu site oficial para afirmar que a partir de hoje, passará a adotar o uso do nome social em todos os seus procedimentos administrativos. O nome social passará a ser o nome oficial no crachá, na carteira de sócio e onde for necessária a exposição do nome da pessoa envolvida.

Nome social é o modo como a pessoa se auto identifica e é reconhecida, identificada e denominada na sua comunidade e no meio social, em virtude de seu nome de registro civil não refletir sua identidade de gênero.

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Referência - 29 de janeiro é considerado o Dia Nacional da Visibilidade Trans, pois foi nesta data em 2004 que 27 travestis, mulheres e homens transexuais, entraram no Congresso Nacional em Brasília para lançar a campanha “Travesti e Respeito”, primeira campanha nacional idealizada e organizada para a promoção do respeito e da cidadania.

Em seu comunicado oficial, o Bahia afirmou que irá respeitar o nome social das pessoas trans, sejam elas sócias ou funcionárias do clube, torcedoras do Bahia, de outro clube ou de nenhum.

Confira um trecho do texto postado pelo Esporte Clube Bahia em seu site oficial:

“O futebol amplia a sua razão de existir quando cumpre o papel de geração de bem-estar e transformação da sociedade. O futebol une pessoas, reconcilia conflitos e promove igualdade. Diante do nosso time, assim como deveria ser na vida, todos somos iguais. Por outro lado, também se revela como reflexo da sociedade ao se ser, lamentável e paradoxalmente, um ambiente de reprodução de homofobia, machismo, racismo, transfobia e outra muitas formas de preconceito.

Mudanças no futebol refletem na sociedade. Mudanças na sociedade refletem no futebol. Futebol e sociedade, portanto, são uma só coisa.

Diante disso, é necessário incluir no futebol também a luta das pessoas trans.

As pessoas trans existem, possuem planos de vida, amam, andam pelas ruas, possuem famílias, merecem cuidados, desejam e precisam atuar no mercado de trabalho. Incluir, garantir a dignidade, respeitar e acolher são obrigações emergenciais da sociedade, de seus indivíduos e das instituições.”

Conheça a norma administrativa que regimenta o uso de nome social no Esporte Clube Bahia, clicando aqui.

 

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Todo dia 29 de janeiro, dia da Visibilidade Trans, a população LGBTQ+ tenta chamar a atenção da sociedade para os problemas que essa população enfrenta diariamente, tendo os seus direitos negados e suas vidas ceifadas. Há 15 anos que a última semana de janeiro é voltada fortemente para as causas trans, em especial.

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Nesta data, "as lutas são comemoradas junto com as histórias de resistência da população de travestis, mulheres transexuais, homens trans e demais pessoas trans que tem urgência de visibilidade, representatividade e ocupação de espaços que sempre foram negados historicamente para a nossa população", aponta o dossiê elaborado pela Associação Nacional De Travestis e Transexuais Do Brasil (Antra), junto com o Instituto Brasileiro Trans De Educação (Ibte).

O documento traz o levantamento sobre o número de pessoas trans mortas no Brasil que, inclusive, segue na liderança no ranking dos assassinatos de pessoas trans no mundo, sendo o país responsável pelos 41% de todos trans assassinados no planeta.

De acordo com o dossiê, no ano de 2018 ocorreram 163 assassinatos de pessoas trans, sendo 158 travestis e mulheres transexuais, 4 homens trans e 1 pessoa não-binária (pessoas cuja identidade de gênero não é nem inteiramente masculina nem inteiramente feminina).

Separando os assassinatos de pessoas trans por estado, em dados absolutos, no Rio de Janeiro foi onde mais se matou trans em 2018, com 16 assassinatos. A Bahia ficou em segundo lugar, com 15 casos. Pernambuco aparece em décimo lugar, com 7 assassinatos de transexuais.

Acre e Amapá foram os únicos estados que não tiveram nenhum caso notificado. O levantamento é feito de forma quantitativa e a partir de pesquisas dos casos em matérias de jornais e mídias veiculadas na internet. "vale ressaltar que houve um aumento de 30% na subnotificação dos casos pela mídia. O que compromete os resultados e faz parecer que houve uma queda nos assassinatos, quando na verdade houve um aumento na invisibilidade destas mortes", frisa os elaboradores do Dossiê.

O Mapa dos Assassinatos de 2017 contabilizou 179 assassinatos de travestis e transexuais. Em 94% dos casos, os assassinatos foram contra pessoas do gênero feminino.

O nordeste é a região de maior concentração dos assassinatos de pessoas trans no Brasil, com 36,2% dos casos, seguido da Região Sudeste, com 27,6%. Os Jovens são os que mais estão diretamente ligados às diversas formas de violência. O Mapa dos assassinatos aponta que 60,5% das vítimas tinham entre 17 e 29 anos.

Tanto a Antra, quando o IBTE, salientam que, apesar de não haver dados oficiais sobre a população de travestis e transexuais no Brasil, a estimativa das entidades é de que 1,9% da população seja "não-cisgênera", ou seja, que não se identificam com o seu gênero de nascença.

Contexto Social

Em levantamento, a Antra aponta que 90% da população de travestis e transexuais utilizam a prostituição como fonte de renda, devido à falta de escolaridade e à exclusão familiar. A entidade estima que aos 13 anos de idade, travestis e mulheres transexuais são expulsas de suas casas pelos pais.

São exatamente esses profissionais do sexo que foram massivamente assassinados em 2018. O Mapa dos Assassinatos detectou que 65% dos casos aconteceram contra aquelas que usavam o próprio corpo para sobreviver.

"O que denota o ódio às prostitutas, em um país que ainda não existe uma lei que regulamenta a prostituição que, apesar de não ser crime, sofre um processo de criminalização e é constantemente desqualificada por valores sociais pautados em dogmas religiosos que querem manter o controle dos seus corpos e do que fazemos com eles", salienta os elaboradores do dossiê.

É diante desse contexto catastrófico que o Mães Pela Diversidade se reúnem e tentam chamar a atenção da sociedade. Tudo na tentativa de parar com o extermínio sofrido pela população LGBTQI+, de uma forma em geral.

O levantamento organizado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais e o Instituto Brasileiro Trans de Educação trazem apenas um recorte das mortes, que neste caso foram direcionadas contra a vida de Travestis e Trans. O que o Mães Pela Diversidade e tantas outras pessoas que se enquadram nessa comunidade querem é que todas as vidas sejam preservadas, seja de uma pessoa hétero ou não. Eles só pedem por um direito constitucional: viver.

O Conselho Federal de Psicologia publicou uma resolução que proíbe os profissionais da área de praticar qualquer tipo de ação que possa ser interpretada como transfobia, incluindo “conversão, reversão, readequação ou reorientação de identidade de gênero” de travestis ou transexuais. A regra passou a valer na segunda-feira (29) coincidindo com o Dia da Visibilidade Trans.

A resolução 1/2018 do órgão ainda prevê normas de conduta para os psicólogos no exercício da profissão. São oito artigos que falam sobre a responsabilidade de não propagar qualquer pensamento ou comportamento que remeta à discriminação. Outra recomendação oficial semelhante já havia sido emitida pelo Conselho Federal de Psicologia em 1999 e dizia respeito aos homossexuais. Entre outras, estava presente a recomendação de “não favorecer a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas”.

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“A resolução de 1999 é datada pois naquele momento não se tinha a noção completa da diversidade sexual. Lá falávamos de orientação sexual, agora estamos falando de identidade de gênero. O que está implícito é que psicólogos não poderão corroborar com qualquer tipo de violência ou ação que promova o sofrimento dessa população” declarou o psicólogo Pedro Paulo Bicalho, Psicólogo e membro da diretoria do Conselho Federal de Psicologia.

Até o dia 30 de janeiro acontece a 6ª edição do SP Transvisão – Semana da Visibilidade de Travestis, Mulheres Transexuais e Homens Trans. O tema desta edição é “União em Busca da Diversidade” e a programação é dedicada ao Dia da Visibilidade Trans, comemorado no dia 29 de janeiro. A ação é uma parceria entre a Assessoria de Cultura para Gêneros e Etnias, Secretaria da Cultura do Estado, Museu da Diversidade Sexual e a SP Escola de Teatro.

O evento é gratuito e visa promover o debate sobre a diversidade sexual com assuntos sobre cidadania, religiosidade e saúde. Haverá debates, premiações e apresentações artísticas. Confira a programação:

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26/01 (sexta-feira)

- Roda de conversa: “Como ser transexual em um país altamente transfóbico”, com o educador social Raphael Henrique Martins (time Meninos Bons de Bola, composto por homens trans), o técnico de futebol Pietro Henrique Alves dos Santos (time Meninos Bons de Bola) e o cantor Valentim Nunes Rosa (banda Visionário Bicho Solto).

- Exibição do filme “Tomboy” (2011), da cineasta francesa Céline Sciamma, que aborda a transmasculinidade na infância.

- Show: Banda Visionários Bicho Solto.

Local: Centro de Cidadania LGBT Laura Vermont (Av. Nordestina, 496, São Miguel Paulista).

Horário: das 16h às 20h.

27/01 (sábado)

- 3ª Caminhada Trans – Organizado pelo CAIS – Centro de Apoio e Inclusão Social de Travestis e Transexuais.

Local: Concentração no Masp (Avenida Paulista).

Horário: 13h.

28/01 (domingo)

- Espetáculo: “Chão de Estrelas”, com a atriz transexual Marcia Daylin Araujo.

Local: SP Escola de Teatro (Praça Roosevelt, 210, Consolação).

Horário: 17h.

- Espetáculo: “Suzi: A Boneca do Prazer”, com a atriz transexual Fernanda Custódio

Local: SP Escola de Teatro (Praça Roosevelt, 210, Consolação).

Horário: 19h.

29/01 (segunda-feira)

- Ação positiva de visibilidade para travestis e transexuais. Show seguido da entrega do prêmio Claudia Wonder, com arte doada pela cartunista Laerte Coutinho.

Recebem a premiação: Casa Florescer, Terça Trans, Taiane Miyake, Pietro H. Alves dos Santos e Raphael Martins

Local: Satyros 1 (Praça Roosevelt, 214, Consolação).

Horário: 17h.

30/01 (terça-feira)

- Exibição do documentário “Um Atentado Violento ao Pudor” (2017).

Duração: 95 minutos. Direção: Gilson Goulart Carrijo e Keila Simpson. A exibição será seguida por bate-papo com os diretores e um coffee break.

- Lançamento da publicação: “Reafirmando Cidadania e Identidade de Gênero – Uma Experiência na Cidade de São Paulo”.

Realização: ONG AIDS Healthcare Foundation Brasil (AHF Brasil).

Local: Biblioteca Municipal Mário de Andrade.

Horário: 14h às 17h

- Palestra: “Mercado de trabalho para população trans”, com a integrante da ONG Nurap, Agatha.

Local: Centro de Cidadania LGBT Edson Néris (Rua São Benedito, 408, Santo Amaro).

Horário: 15h.

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