Diante da CPI da Petrobras, o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque preferiu ficar em silêncio, valendo-se do direito constitucional de não falar. Ele foi preso na última segunda-feira (16), dentro da décima fase da Operação Lava Jato, após tentar fazer transferência de dinheiro para contas na exterior.
Autorizado pela Justiça Federal a depor aos deputados, logo no início da sessão, Duque já avisou que não responderia as perguntas. "Estou sendo acusado, me encontro preso, por esse motivo estou exercendo o meu direito constitucional ao silêncio", disse ele, que está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) e compareceu à Câmara escoltado por policiais. "Existe uma hora de falar e outra de calar. Ao meu ver, essa é a hora de calar", salientou.
##RECOMENDA##Em seguida, ele afirmou que todos os esclarecimentos serão prestados em momento oportuno. “Não posso dizer que é um prazer estar aqui, mas uma obrigação e, por orientação da minha defesa técnica na condição de investigado, estou exercendo o meu direito constitucional ao silencio, reservando-me a responder ao Judiciário todas as acusações que foram feitas contra mim”, disse.
Mesmo diante da negativa de falar, os deputados preferiram fazer as perguntas, ao final das quais Duque responde apenas que permanecerá calado.
A operação Lava Jato revelou que o ex-diretor é o elo do PT com o esquema de desvios de dinheiro de grandes contratos da Petrobras, mas ele nega as acusações. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), mais de R$ 650 milhões em propinas teriam sido repassados durante a gestão dele, entre 2004 e 2012. Seis empreiteiras teriam integrado cartel para assumir negócios bilionários.
Duque foi preso no ano passado, mas foi solto após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesse período, de acordo com a Polícia Federal, ele transferiu dinheiro de contas na Suíça para os Estados Unidos e Hong Kong. Nessa semana, ele voltou a ser preso após ser flagrado tentando transferir 20 milhões de euros para uma conta no Principado de Mônaco. Esse patrimônio não foi declarado à Receita Federal, o que levantou suspeitas na Polícia Federal.