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As escolas de samba do Rio de Janeiro cancelaram os ensaios técnicos para o carnaval, que ocorreriam neste domingo, 14, após os estragos deixados pelas fortes chuvas. Até o momento desta publicação, nove pessoas morreram neste fim de semana.

Em nota, a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) comunicou que os ensaios da Portela e da Unidos da Tijuca foram adiados. Novas datas ainda serão anunciadas.

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"Esta decisão é tomada com máxima responsabilidade, visando a segurança de todos os envolvidos, incluindo participantes, equipe técnica e espectadores", diz o comunicado publicado nas redes sociais. "Estamos trabalhando para definir novas datas para os ensaios, e as informações atualizadas serão divulgadas em breve", completa a nota.

As chuvas também deixaram um rastro de inundações e alagamentos que afetaram o transporte público.

Autoridades orientaram que moradores evitem se deslocar.

Conforme a Defesa Civil Municipal, os bairros da Baixada Fluminense e da zona norte da capital foram os principais afetados.

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) aprovou o Projeto de Lei 5.845/22, do deputado estadual Carlos Macedo (Republicanos-RJ), que obriga a instalação de sinalizadores sonoros e visuais em carros alegóricos de escolas de samba do Carnaval carioca. A obrigatoriedade vale para os veículos que tenham mais de 50 m² de área ou que sejam motorizados. 

Com a decisão, será obrigatório o uso de sinalizadores nas alegorias durante as manobras no trânsito, exceto durante os desfiles. Além disso, o texto obriga a presença do operador de sinalização para auxiliar nas manobras dos carros. Esses profissionais deverão estar com equipamentos de segurança pessoal.

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No momento da concentração das agremiações e durante a dispersão dos desfiles, as alegorias deverão também ser escoltadas por profissionais de segurança, para que impeçam a aproximação de foliões que não estejam envolvidos na locomoção dos veículos.

O texto já seguiu para o governador Cláudio Castro (PL-RJ), que tem até 15 dias úteis para sancioná-lo ou vetá-lo. A proposta, caso sancionada, precisa da regulamentação do Executivo.

O PL foi proposto após o acidente com carro alegórico que matou Raquel Antunes da Silva, uma menina de 11 anos, na área de dispersão do sambódromo Marquês de Sapucaí, no Carnaval de 2022. A garota morreu imprensada pelo carro abre-alas da escola de samba Em Cima da Hora. 

“No momento da manobra, não havia sinalização de alerta ou segurança adequada para que fosse evitado o acidente”, comentou o deputado, que afirma que as alegorias que não cumprirem as ordens, serão proibidas de entrarem no sambódromo.

Nesta quinta-feira (13), a cidade do Rio de Janeiro foi citada pelo jornal britânico The Telegraph em uma lista que aponta os dez melhores lugares do mundo para turistas visitarem. A edição 2023 do Telegraph Travel Awards chamou o Rio de “cidade festeira” devido ao Carnaval e o premiou com o 7º lugar. 

 A representante brasileira retomou ao nível de destaque, que só foi visto na premiação há uma década. Em 2019, última edição do prêmio que foi interrompido pela pandemia do coronavírus, a Cidade Maravilhosa amargou a 31ª colocação.

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O jornal considerou a boa posição como “menos uma surpresa e mais uma volta à sua antiga forma”. Além disso, destacou a vida noturna carioca e o Carnaval que é defendido pelas escolas de samba. 

Vale ressaltar que as escolas de samba por atraírem turistas de todas as partes do mundo, contribuem para movimentar a economia carioca durante todo o ano.  Em entrevista à Agência Brasil em 2020, o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Marcel Balassiano, afirmou que as agremiações têm impacto muito forte na economia, por meio dos setores hoteleiro, de bar, de alimentação e de transporte. 

 “Não é só nos dias de carnaval. As escolas têm impacto o ano inteiro na indústria do carnaval, com diversos tipos de produções trabalhando nos barracões e nas quadras, e movimentando a economia formal e informal”, disse.

O The Telegraph ainda recomendou que os visitantes dancem nos festejos cariocas, curtam o Pão de Açúcar, visitem o Cristo Redentor, e conheçam o universo das escolas de samba.

O batuque da bateria, a dedicação nas fantasias, o gingado e o ritmo de cada passo para mostrar o samba no pé anunciam um “sextou” diferente em Brasília. Depois de quase dez anos, a capital federal terá um desfile de escola de samba.

O eixo cultural Ibero-americano será o palco neste final de semana, 23 a 25 de junho, do desfile de 13 agremiações da cidade, com expectativa de público de 40 mil pessoas.

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Do total de agremiações, seis são do grupo especial e sete do grupo de acesso.

O secretário de Cultura do Distrito Federal, Bartolomeu Rodrigues, destaca que a realização dos desfiles é um trabalho que envolve o esforço de famílias inteiras.

“É na verdade um resultado de um projeto muito envolvente de famílias inteiras. Vi muita gente dizendo aqui: "Ó, eu vou pra casa de carona. Nós ficamos aqui até tarde da noite para aprender isso aqui. Isso é uma riqueza muito grande, isso tem volta. A volta, não só pela economia, porque isso envolve uma cadeia muito grande de pessoas. Estimamos para essa volta desse desfile beneficiar em torno de 4.000 pessoas”, disse.

O desfile das 13 escolas de samba teve apoio do Governo do Distrito Federal, com repasse de R$ 7 milhões.

Inclusão e acessibilidade

O desfile será também momento de realização de sonhos, inclusão e acessibilidade. Um desses sonhos é o de Thaynnara Ramos, que sairá como terceira porta-bandeira da escola de samba Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro, a Aruc.

Um desejo que carrega desde a infância, passada nos barracões e também nos desfiles das escolas. Brilhando ao carregar o estandarte da escola, Thaynnara perdeu o braço para um câncer, mas não abandonou o sonho. E agora entra para história do carnaval brasileiro como a primeira pessoa com deficiência a se tornar porta-bandeira de uma escola de samba.

“Oito anos sem pisar na avenida e volto assim no destaque. Começou com a minha avó, depois minha mãe. E aí eu fui, vieram meus irmãos. Estou aí até hoje, cresci aqui na quadra. Todo mundo me conhece desde a barriga”, contou.

Os desfiles das escolas de samba do grupo especial do DF serão transmitidos pela TV Brasil. Na sexta-feira (23), as escolas do grupo de acesso iniciam o desfile às 20h, o do grupo especial, terá início às 0h15. No sábado (24), grupo de acesso inicia às 20h, e o grupo especial, às 23h10. No domingo (25), haverá a apuração às 14h (grupo de acesso) e 16h (grupo especial).

Neste sábado (25), apaixonados pelas escolas de samba vão ter a oportunidade de ver mais uma vez as seis primeiras colocadas do carnaval no Desfile das Campeãs. A expectativa é de Sambódromo lotado, com presença de mais de 100 mil pessoas, segundo a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). Os ingressos para as arquibancadas, cadeiras, frisas e os camarotes da Passarela do Samba na Marquês de Sapucaí, no centro da cidade do Rio, se esgotaram ainda na quinta-feira (23).

Programação do desfile

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O Desfile das Campeãs está marcado para iniciar às 21h30 e seguirá as normas dos desfiles oficiais. Cada agremiação deverá se apresentar no tempo mínimo de 60 minutos, e máximo, de 70 minutos. Sem a pressão de não poder errar diante dos jurados, torna-se um momento de descontração e alegria para os componentes das escolas de samba.

A ordem de apresentação é inversa à classificação da escola, ou seja, a primeira a desfilar será a sexta colocada. O desfile é encerrado com a grande campeã do carnaval de 2023.

Confira abaixo a ordem de apresentação:

1) Grande Rio, com o enredo que homenageou o cantor e compositor Zeca Pagodinho;

2) Mangueira, com o enredo As Áfricas que a Bahia canta, que trouxe a ancestralidade negra na terra em que nasceu o samba;

3) Beija-Flor, com o enredo Brava Gente, o grito dos excluídos no bicentenário da Independência e relembrou o 2 de julho de 1823, quando soldados brasileiros derrotaram tropas portuguesas que ainda estavam na Bahia, mesmo após o grito de Dom Pedro I às margens do Ipiranga;

4) Vila Isabel, com o enredo Nessa festa, eu levo fé!, que celebrou as diversas crenças e festas religiosas;

5) Viradouro, vice-campeã de 2023, com a história de Rosa Maria Egipcíaca, a primeira mulher preta a escrever um livro no Brasil e que foi esquecida pela história;

6) Imperatriz Leopoldinense, grande campeã do grupo especial de 2023, traz o enredo O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida, que imaginou a volta do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, à Terra depois de não ter abrigo no inferno e no céu.

A verde e branco de Ramos estava sem ganhar um título há 22 anos. O carnavalesco Leandro Vieira se inspirou na literatura de cordel para desenvolver o enredo, que agradou a comunidade da escola e animou o público que assistia ao desfile oficial.

Quem chegar cedo à Sapucaí poderá ainda assistir a uma exibição da Embaixadores da Alegria, escola de samba formada por pessoas com deficiência, entre elas um grupo de cadeirantes que integram a equipe da Lei Seca, do Detran-RJ.

Como surgiu o desfile?

O radialista Rubem Confete, apresentador do programa Histórias do Confete, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, conta que o Desfile das Campeãs teve início na década de 80, depois da inauguração do Sambódromo no carnaval de 1984.

Naquele ano, para cada dia de desfile, um no domingo e outro na segunda-feira, era escolhida uma escola campeã. As escolhidas foram Portela e a Mangueira, respectivamente. No sábado seguinte, as duas disputaram com as melhores do grupo de acesso. A verde e rosa ganhou o título de Supercampeã, que aliás é o único, pois no ano seguinte o título deixou de ser concedido.

No lugar dessa disputa, foi criado o Desfile das Campeãs, com as seis primeiras colocadas após a apuração das notas dos jurados.

“Foi aí [1984] que começou a história do Sábado da Supercampeã. Foi [uma ideia] da Riotur [ Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro], aliada à direção da Associação das Escolas de Samba. Não havia a Liesa [Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro]”, explica Confete, chamado de griô ou griot do samba, que na cultura africana é a pessoa que mantém viva a memória do grupo, contando as histórias e mitos daquele povo.

Com tartarugas, búfalos e tigres de bengala em escala gigante, as escolas de samba do Rio de Janeiro iniciaram nessa segunda-feira (20) sua segunda noite de desfiles, em clima de folia pelo retorno total das festividades após a pandemia.

A Paraíso do Tuiuti, responsável por abrir o segundo dia de desfiles, trouxe ao ritmo frenético de sua bateria figuras de animais amazônicos e da Índia a bordo de seus carros alegóricos, numa homenagem ao estado do Pará e suas influências.

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"Está sendo a melhor experiência da minha vida", disse à AFP a fisioterapeuta inglesa Bethany Robson, 32, que viajou de Melbourne, na Austrália, onde mora, para dançar na Sapucaí.

Este ano, os brasileiros celebram com especial entusiasmo o carnaval, depois de a pandemia de Covid-19 ter forçado o cancelamento da edição de 2021 e restringido a edição de 2022, realizada excepcionalmente em abril.

"O carnaval é sobre resistência, depois de tudo que o Brasil passou. É incrível fazer parte disso", afirmou Robson, fantasiado com um chapéu enorme com uma cesta de mangas.

Muitos foliões também festejam o fim do mandato do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, que cortou verbas para a cultura e menosprezou a festa popular do carnaval.

Seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu valorizar a classe artística do país, a começar pela restituição do Ministério da Cultura, reduzido a uma secretaria de nível inferior durante o governo Bolsonaro.

Escola centenária 

No total, 12 escolas deslafim entre domingo e segunda-feira: cada uma com vários milhares de integrantes que percorrem em uníssono os 700 metros da avenida do Sambódromo, incluindo dezenas de turistas que pagam pequenas fortunas para fazer parte do delírio carnavalesco.

A segunda a entrar na avenida foi a Portela, a mais antiga escola de samba em atividade no Rio, que comemora 100 anos com um desfile sobre sua própria história.

A Portela encantou o público com muito esplendor, exibindo trajes de época da década de 1920 e seu tradicional e imponente abre-alas, onde vem a águia, símbolo da escola.

A primeira noite de desfiles já havia sido uma chuva de brilho, penas e homenagens a pilares do samba como Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz, além da Bahia e das raízes africanas que influenciaram o carnaval brasileiro.

A prefeitura do Rio estima que o carnaval irá atrair um total de cinco milhões de pessoas à cidade, incluindo o carnaval de rua que voltou a ser integralmente celebrado nos bairros da cidade pela primeira vez em três anos.

Financeiramente, isso significará R$ 4,5 bilhões injetados na economia local, com a expectativa de uma taxa de ocupação hoteleira superior a 95%.

No estado de São Paulo, a festa foi marcada pela tragédia: pelo menos 40 pessoas morreram no fim de semana e dezenas ainda estão desaparecidas após fortes chuvas no litoral norte, que recebe milhares de visitantes nestas datas festivas.

A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) definiu a ordem dos desfiles do grupo especial do carnaval de 2023, que serão realizados nos dias 19 e 20 de fevereiro. O sorteio foi realizado na noite dessa segunda-feira (11), na Cidade do Samba, onde as escolas mantêm seus barracões.

O primeiro dia será aberto pela Império Serrano, escola que subiu para o Grupo Especial depois de se tornar campeã da Série Ouro no carnaval deste ano. Em seguida, desfilam Acadêmicos do Grande Rio, campeã do Grupo Especial de 2022, Mocidade, Unidos da Tijuca, Salgueiro e Mangueira.

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Já o segundo dia será aberto pela Paraíso do Tuiuti, penúltima colocada no grupo especial deste ano, seguida por Portela, Vila Isabel, Imperatriz, a vice-campeã Beija-Flor e Viradouro.

A noite deste sábado (30) será de festa na Marques de Sapucaí com a apresentação das seis escolas de samba do Grupo Especial mais bem colocadas no desfile deste ano. A programação começa às 21h30. O Salgueiro, sexta colocada, será a primeira a se apresentar.

A vermelho e branco da Tijuca, que somou 268.3 pontos, desfilou com 3 mil integrantes, que defenderam o enredo Resistência, mostrando que a palavra define a história da população negra no Rio de Janeiro. Com a condição de ter sido a primeira escola a introduzir a temática africana nos desfiles, o Salgueiro levará novamente para a avenida a cultura religiosa, as tradições de comemorações, das rodas de capoeira e de danças como o jongo, sem esquecer de criticar o racismo que ainda existe em pleno ano de 2022.

A segunda a entrar na passarela será a Portela, mais uma escola que neste ano levou para o Sambódromo temas da cultura negra para os desfiles. Com o enredo IGI OSÈ BAOBÁ a escola mostrou que a árvore sagrada testemunha do tempo simboliza a conexão com a ancestralidade do povo africano, o pilar que une o céu e a terra, o elo entre vivos e mortos. O samba enredo empolgou os integrantes, e o baobá marcou presença em diversos setores da azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira.

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Na sequência entrará na avenida, a Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, que, neste ano, homenageou um dos mais importantes símbolos da azul e branco da zona norte, o cantor e compositor Martinho da Vila, que, logo no início do desfile, animava o público quando saía de dentro do carro da comissão de frente coroado pelo orixá Omolu. O enredo Canta, Canta, Minha Gente! A Vila é de Martinho!, ajudou a escola a fazer uma apresentação alegre que promete se repetir neste sábado, no Desfile das Campeãs.

Campeã de 2020, a Viradouro ficou em terceiro lugar este ano, com 269.5 pontos. Depois de desfiles suspensos por causa da pandemia da covid-19, a vermelho e branco de Niterói escolheu o enredo Não Há Tristeza que Possa Suportar Tanta Alegria para Reviver o Carnaval de 1919, que ocorreu depois de outra pandemia, a da gripe espanhola. Fantasias irreverentes e alegorias luxuosas relembraram o carnaval daquele tempo. Não faltou nem o bonde que era usado nos desfiles da época. A agremiação de Niterói vai repetir a irreverência.

Com o enredo Empretecer o Pensamento É Ouvir a Voz da Beija-Flor, a vice-campeã do carnaval deste ano no Rio de Janeiro prestou homenagens a escritores negros de reconhecimento no Brasil e em nível internacional. A azul e branco de Nilópolis destacou ainda a religiosidade, a cultura e a luta de negros na história do país e da própria escola.

A conquista do primeiro título no Grupo Especial, depois de bater na trave por quatro anos, foi motivo de muita comemoração para a Grande Rio. Com o enredo Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu, a escola criticou a intolerância religiosa com a homenagem ao orixá de religiões de matriz africana. A escola quis derrubar uma visão errada sobre a divindade, vista por alguns como promotor do mal, para mostrar que, na verdade, Exu abre caminhos e é guardião de outros orixás. A avenida verá  de novo hoje várias representações da divindade que ajudou a desemperrar o rumo da escola na busca pelo campeonato.

O segundo dia de desfiles do grupo especial do carnaval de São Paulo, que começou no fim da noite de sábado, 23, e terminou na manhã de domingo, 24, apresentou ao público desfiles de tom político, reafirmou a negritude por meio de discursos antiracistas e, mais uma vez, trouxe homenagens às escolas e ao carnaval paulista.

Duas representações de políticos, supostamente de presidentes, chamaram a atenção no Sambódromo do Anhembi. Na Gaviões da Fiel, que desfilou o enredo "Basta!", um homem com faixa que parecia ser a presidencial andava em meio a militares e policiais. Já a Rosas de Ouro, no carro "Vacina salva", o último do desfile sobre curas, apresentou a representação de um presidente assustado que virava jacaré após ser vacinado por uma enfermeira.

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Apesar das duas referências, a reportagem do Estadão não identificou manifestações políticas explícitas durante o desfile, seja em faixas nas arquibancadas, seja em gritos dos espectadores. As escolas não têm admitido explicitamente que as representações são do presidente Jair Bolsonaro. A Gaviões até mesmo negou em nota publicada dias atrás.

Vai-Vai volta com ave sagrada africana

"Vai passar um furacão", anunciou a escola pouco antes de voltar a desfilar pelo grupo especial após um ano de carnaval no Acesso I, pouco antes das 23 horas deste sábado, 23. "Retornando pro local que nunca deveríamos ter saído", destacou o presidente da agremiação, Clarício, no carro de som.

No aquecimento do desfile, a escola lembrou de quem se foi durante a pandemia. "Comunidade, mostre tudo o que fizeram nesses ensaios", foi dito no microfone. "Vamos mostrar que sempre fomos especiais."

Mestre Serginho, à frente da bateria da escola há décadas, resumiu ao Estadão antes do desfile: "Vamos dar um show". Ao lado dele, também desfilou o maestro João Carlos Martins, que regeu os ritmistas quando foi homenageado, em 2012, e agora retorna. "Eu sou Vai-Vai", comentou à reportagem.

No entorno, equipes de apoio e quem desfilava vibravam, cantavam, sambavam, batiam palmas e registravam o retorno histórico antes mesmo de cruzar a passarela do samba. O Vai-Vai desfilou o enredo "Sankofa!", inspirado em uma ave sagrada africana, relacionada ao ensinamento de que "nunca é tarde para voltar atrás e buscar o que ficou perdido".

A proposta conversava com a trajetória da escola, nascida em 1930, como cordão, e uma das mais tradicionais e maiores vencedoras do carnaval paulistano. Na comissão de frente, seis mulheres negras passavam dentro de estruturas como grandes saias pretas com dourado e utilizavam alegorias de cabeça que remetiam a uma árvore antiga, simbolizando as origens africanas.

Em parte da coreografia, davam a luz a bebês. À frente, bailarinos com roupas metálicas surgiam debaixo das estruturas, com roupas douradas e prateadas. Na parte do samba "a tradição que resistiu", erguiam os punhos.

Logo após, as baianas desfilaram com as integrantes mais veteranas nas primeiras fileiras, com uma faixa no peito de Velha Guarda. O mestre-sala e a porta-bandeira vestiam trajes que remetiam às origens africanas do samba.

O carro abre-alas trazia uma Aranha antropomorfa articulada, enquanto as laterais mostravam zebras e outras referências africanas, incluindo uma divindade negra com quatro braços e quatro pernas. Logo atrás, uma ala exibia o símbolo sanfoka, de uma ave que se volta à própria cauda.

O samba-enredo é de autoria do cantor Xande de Pilares e de Rodrigo Peu, Claudio Russo, Junior Gigante, Jairo Limozine, Silas Augusto, Zé Paulo Sierra e Bruno Giannelli. A autoria é do carnavalesco Chico Spinoza. O samba fez alusões à trajetória da própria escola, citando nomes históricos como o sambista Geraldo Filme e Dona Olívia.

No segundo carro, parte do forro era de sacos de lixo em meio a esculturas douradas de referências africanas. Nas alas seguintes, o preto, o dourado e estampas regionais predominaram, assim como os carros alegóricos mais altos que as torres dos jurados e as arquibancadas. Uma chuva de papel picado recebeu a ala das crianças, enquanto a memória de baluartes da escola foi lembrada por um casal de mestre-sala e porta-bandeira e na tradicional coroa da escola, que estampa fotos de ícones do carnaval.

Gaviões da Fiel dá um "Basta!" na avenida

Em seguida, por volta da 0h40, a Gaviões da Fiel desfilou o enredo "Basta!", sobre desigualdades sociais. A escola agitou as arquibancadas, repletas de torcedores do Corinthians, que gritaram com o anúncio do desfile. Fogos de artifício foram utilizados no entorno do sambódromo por torcedores e, dentro, como havia ocorrido com a Mancha Verde, sinalizadores espalharam fumaça com as cores da escola. Nas camisetas, equipes de apoio traziam a palavra "opressão" antes do nome do enredo, seguida da expressão "liberdade já".

Na comissão de frente, gaviões totalmente pretos prendiam criaturas de múltiplos rostos atrás de grades - uma referência a galhos de árvore - e simulavam disputas. No abre-alas, punhos negros fechados e referências africanas, além do tradicional gavião, com olhos luminosos e junto ao escudo do Corinthians. Como a Colorado do Brás, a escola também trouxe representações de pessoas em situação de rua.

No segundo carro, uma grande escultura de uma criança negra desnutrida segurava um prato vazio. Na lateral, barracos de uma favela, onde eram representados moradores e a imposição da violência contra a população por um homem armado. Atrás, uma grande escultura da mulher que simboliza a justiça, com os olhos vendados.

Uma dos momentos mais comentados nos últimos dias foi apresentado na avenida de maneira mais discreta. Em meio a uma ala com policiais, militares e fantoches, um homem de terno com faixa semelhante a de um presidente, acompanhado de uma mulher, desfilava. Nos últimos dias, chegou-se a discutir se seria uma referência ao presidente Jair Bolsonaro após uma entrevista do intérprete do personagem, o que foi negado pela escola.

Atrás, veio o casal de mestre-sala e porta-bandeira de preto e prata, com referências à bandeira brasileira. Após o terceiro carro, uma ala trazia desfilantes com estandartes que mostravam ícones da defesa da democracia, como o jogador Sócrates, Gandhi, Nelson Mandela e Frida Kahlo. Na sequência, crianças vestidas de estudantes com lápis gigantes remetiam às novas gerações e mostravam o papel da educação para o futuro do País.

A ala das baianas veio com pombos da paz.

Já o último carro trazia imagens de outros ícones da luta contra a desigualdade social, como o cacique Raoni, Tereza de Benguela e Paulo Freire. No topo, um indígena com adereço de gavião na cabeça. Ao lado, desfilantes com cabeças de gavião seguravam cartazes por justiça e prosperidade. A atriz Sabrina Sato sambava à frente da bateria.

O samba-enredo da Gaviões contou com mais de 20 autores, criado a partir da junção das propostas de dois grupos. "Vidas negras nos importam/ O grito da mulher não vão calar/ Meu gavião chegou o dia da revolução/ Onde a democracia desse meu Brasil/ Faça o amor cantar mais alto que o fuzil", diz um trecho. Outra parte que chamou a atenção foi a que falava na "pátria, mãe hostil".

Clementina de Jesus foi a aposta da Mocidade

Depois, pouco antes da 1h40, foi a vez da Mocidade Alegre, escola fundada em 1967 e que ficou em terceiro lugar no último carnaval. O enredo se chamou "Quelémentina, cadê você?", em homenagem à cantora Clementina de Jesus, do carnavalesco Edson Pereira.

Na comissão de frente, bailarinos estavam fixos a bonecos, criando a simulação de que eram três andando em conjunto. Atrás, um tripé, trazia uma fonte e uma foto do centro histórico de Valença (RJ), cidade natal da cantora. Com um movimento, a peça virava o manto e a coroa de Nossa Senhora da Glória, de devoção da artista.

O abre-alas trouxe uma igreja colonial colorida, com alegorias de anjos gigantes. Ao longo do desfile, um integrante segurava um cartaz na lateral da pista que dizia: "Atenção. O desfile começa aqui. Nossa missão é cantar e evoluir!!! Precisamos de vocês."

As baianas vieram com cestos de frutas e legumes na cabeça, sobre uma saia de ‘fogo’. Mais atrás, um casal de mestre-sala e porta-bandeira vestia-se ele de pescador com chapéu e rede e ela com peixes na saia.

Em outro carro, havia a representação de um grande disco de vinil de Clementina, junto a um jukebox e representações de apresentações da cantora. Na parte, a "Mocidade se ajoelha aos seus pés", os passistas se abaixavam no chão.

O samba é de autoria de Márcio André, Fabiano Sorriso, China da Morada, Marquinhos, Biel, Lucas Donato, Daniel Katar, Bello e Marcelo Valência. "É lindo ver a mulher negra lutar! Quem te vê sorrir, não há de te ver chorar! Rainha Quelé, vem ser coroada! Na minha, na sua, na nossa morada!", diz um trecho.

Na madrugada, Águia de Ouro fala de diversidade étnica

Na sequência, a Águia de Ouro desfilou pelo sambódromo, a partir de 2h45. O enredo foi voltado à exaltação da diversidade étnica e cultural brasileira e contra a intolerância religiosa, com Sidnei França de carnavalesco. Fundada em 1976, a escola é a atual campeã do carnaval paulistano.

A comissão de frente trazia bailarinos com roupas que remetiam a religiões de matriz africana. Na sequência, uma ala apresentava trajes semelhantes aos de orixás incorporados do candomblé.

Em grande parte das alas, passistas estavam com o rosto parcialmente coberto, como em cerimônias do candomblé. Durante o desfile, integrantes das equipes de apoio da escola (que transitam nas laterais e entre as alas) estavam com chapéus e lenços das mesmas referências religiosas. A águia da escola veio na frente do carro abre-alas, toda branca, batia as asas e movia a cabeça. Abaixo, bustos de pessoas negras com plantas e elementos de religiões de matriz africana.

No carro seguinte, participantes do desfile abriam sombrinhas no formato de flores. Uma das alas lembrou personalidades negras brasileiras, como Zezé Motta, Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo e Carolina de Jesus. Outra, trazia cartazes com frases envolvendo a letra contra o racismo, como "Vidas negras importam".

O samba-enredo foi batizado de "Afoxé de Oxalá - No ‘cortejo de babá’, um canto de luz em tempo de trevas". "Awurê, Awurê, menino… O respeito há de ter quem semeia intolerância perde a paz no coração", cantava um trecho.

Barroca e o malandro-boêmio e entidade Zé Pilantra

Por volta das 4h10 foi a vez da Barroca Zona Sul, que abordou a figura de Zé Pilintra, o malandro-boêmio considerado entidade pela umbanda. Ele apareceu interpretado por bailarinos já na comissão de frente, com os característicos terno e calça brancos, gravata, sapato e chapéu de malandro; E também em uma escultura no topo de um tripé no formato de uma casinha vermelha. Entre eles, em destaque, o coreógrafo e dançarino Carlinhos de Jesus, que fazia saudações ao Zé Pilintra e jogava rosas vermelhas aos espectadores.

A escola apresentou o carro abre-alas predominantemente em vermelho, com o seu símbolo (um menino tocando um pandeiro) em três formatos, incluindo o escudo, a girar, uma carranca e garrafas de cachaça com o rótulo marcado como "Zé". Atrás, uma grande escultura de Zé Pilintra sentado em uma cadeira. Na sequência, o mestre-sala vinha com o chapéu de malandro, típico da entidade.

Um dos casais da escola trouxe o mestre-sala como Zé Carioca, personagem de estilo semelhante ao de Zé Pilintra. Já o carro seguinte tinha um grande cassino, com roleta, dados e os arcos da Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro. Em outra ala, pela terceira vez no grupo especial paulistano, foram representadas pessoas em situação de rua.

O fundador da umbanda no Brasil, Zélio Fernandino de Moraes, foi retratado em uma ala inteira e também em um carro alegórico sobre a religião. O último carro trazia uma favela colorida e uma escultura de Cristo Redentor. A escola atravessou a pista no tempo máximo (65 minutos), chegando a criar certa tensão: integrantes da dispersão estavam alertas para que o último carro e a bateria acelerassem no fim.

Rosas de Ouro chega pela manhã com a cura

A penúltima escola do grupo especial a desfilar foi a Rosas de Ouro, às 5h20. Fundada em 1971, ela ficou em quinto no carnaval passado. O tema escolhido foram os rituais e caminhos para a cura dos males - pelas mãos, pela alma ou pela mente. Paulo Menezes foi o carnavalesco.

Batizado de "Sanitatem", o samba-enredo diz em um trecho: "Faço minhas preces ao senhor/ Que a ciência seja a fonte do saber/ A medicina, esperança pra salvar/ O povo cantando em oração/ A alma e o brilho no olhar/ Entenda que o samba também tem o dom de curar".

Na comissão de frente, um dos bailarinos cuspia fogo. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira trazia pombos da paz na roupa, nas cores da escola (branco e rosa) e dourado. Como na Águia de Ouro, uma ala trazia pessoas com vestes e pintura que remetiam à iniciação kétu, na religião, com a cabeça careca, pinturas e roupa brancas, plantas e espada de São Jorge, referência também presente no abre-alas.

Em outro carro, o tema foi o Egito Antigo, com hieróglifos, deuses antropomorfos e outros elementos associados ao período e ao local. As curas milagrosas, em três dias, foram lembradas em uma das últimas alas.

Em um tripé, o manto de uma Nossa Senhora do Círio de Nazaré era coberto de papéis com pedidos. No carro seguinte: um Jesus Cristo negro perecia na cruz. Já o último carro trazia a cura pela ciência, com vidros de doses com a frase "vacina salva". Na frente, um homem com uma faixa que simulava a presidencial virava jacaré ao ser vacinado. Na última ala, desfilantes seguravam bandeiras das escolas do grupo especial paulistano. Na noite anterior, outras escolas, como a Dragões da Real e a Acadêmicos do Tucuruvi), também homenagearam outras agremiações.

No fim, Império cantou o poder das comunicações

A escola Império de Casa Verde entrou na pista do sambódromo às 6h30, debaixo de céu azul. O desfile viajou dos "primórdios da humanidade" até os influenciadores digitais para falar sobre "o poder das comunicações", com o influenciador digital Carlinhos Maia como homenageado. Os carnavalescos são Mauro Quintaes e Leandro Barboza.

O carro abre-alas trouxe um grande tigre, que abria a boca e mexia a cabeça, e referências à era do gelo. As alas seguintes trouxeram referências a diferentes momentos da comunicação, chegando a personalidades do meio, como Chacrinha, retratado em um tripé antecedido de passistas fantasiadas de chacretes. No último setor, celulares e o influenciador Carlinhos Maia como destaque e homenageado do último carro, com telões, que exibiam vídeos do influencer e um QR code para receber mensagens.

O samba-enredo se chamava "O poder da comunicação. Império, o mensageiro das emoções…", em que um dos trechos cantava: "Grafias linhas geniais, vias digitais/ Abro a janela pra grande viagem/ O mundo na palma da mão/ Vila Primavera, influência maior, se avexe não!". A autoria da composição é de André Diniz, Marcelo Casa Nossa, Claudio Russo, Darlan Alves, Samir Trindade, Diego Nicolau e Fabiano Sorriso.

O Grupo Especial retorna na noite deste sábado (23) para o Sambódromo com as últimas seis escolas a desfilar no carnaval 2022. A Paraíso do Tuiuti, de São Cristóvão, na zona norte da cidade, entra na avenida Marquês de Sapucaí, às 22h.

Com o enredo “Ka ríba tí ye”, a escola é mais uma do grupo especial a exaltar a cultura e personalidades negras, assim como fizeram o Salgueiro e a Beija-Flor no primeiro dia de desfiles. Em busca do título inédito, a agremiação levará para a avenida uma homenagem aos homens e mulheres negros que marcaram a história da humanidade através da determinação, da beleza e do conhecimento.

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A grande campeã do carnaval carioca, a Portela, que ostenta 22 títulos, traz um enredo sobre o baobá (“Igi Osè Baobá”), que é chamada de árvore da vida pelos africanos e que pode viver mais de 5 mil anos. A agremiação de Madureira, na zona norte do Rio, falará sobre o simbolismo da planta como uma árvore de resistência e de conexão com a ancestralidade do povo africano.

A Mocidade Independente de Padre Miguel, da zona oeste da cidade, será a terceira escola a pisar na Marquês de Sapucaí, em busca de seu sétimo título no carnaval. O enredo “O batuque do caçador” falará sobre Oxóssi, orixá da caça e da alimentação, que tem o arco e a flecha como seus símbolos.

Com o enredo “Waranã: a reexistência vermelha”, a Unidos da Tijuca desfilará no Sambódromo em busca do quinto título exaltando o guaraná, planta usada tradicionalmente pela etnia indígena brasileira Sateré Mawé que conquistou todo o país.

A escola de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Acadêmicos do Grande Rio, apostou no enredo “Fala, majeté! Sete chaves de Exu”, sobre a entidade iorubá reverenciada no candomblé e na umbanda, mas demonizada pelas igrejas cristãs.

A Unidos de Vila Isabel encerra o segundo dia de desfiles com o enredo “Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho”, uma homenagem ao sambista Martinho da Vila, um dos grandes artistas da música popular brasileira e também compositor de muitos sambas da agremiação da zona norte carioca, entre eles o de 2013 (quando a escola conquistou seu terceiro e último título).

Doze escolas disputam o título do Grupo Especial este ano. No primeiro dia, desfilaram Imperatriz Leopoldinense, Mangueira, Salgueiro, São Clemente, Viradouro e Beija-Flor.

A campeã e as outras cinco mais bem colocadas desfilam novamente no próximo sábado (30). A última colocada será rebaixada para a Série Ouro, a segunda divisão, que também desfila no Sambódromo.

As estruturas de cimento e aço do Sambódromo ganharam vida novamente, após dois anos de sono involuntário, devido à pandemia. Quando a primeira escola pisou na Avenida Marquês de Sapucaí na noite desta quarta-feira (20), pela Série Ouro, foi dada a largada oficial do carnaval fora de época no Rio de Janeiro.

Mas antes das escolas, o privilégio de estrear na pista foi dos componentes da velha guarda, carregando os estandartes de cada agremiação, cantando a composição Velha Guarda, de Dicró: "Sou velha guarda, a espinha dorsal do samba".

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Um dos cuidados obrigatórios este ano seria a apresentação do comprovante de vacina contra a Covid-19, exigido de todos para ingressar no local do desfile. Porém, conforme a reportagem da Agência Brasil constatou, as pessoas estavam passando pelas catracas sem terem que apresentar o passaporte vacinal.

Na ordem dos desfiles, a primeira escola a retomar o Sambódromo foi a Em Cima da Hora, às 21h50, trazendo o enredo 33 - Destino Dom Pedro II, uma reedição do Carnaval de 1984, quando a escola desfilou na estreia do Sambódromo pelo grupo 1-B, antiga segunda divisão. O samba tece uma crônica das viagens de trem enfrentadas pelos trabalhadores para ganhar o pão na capital. Dom Pedro II era o nome da estação de trem que, em 1899, passou a se chamar Central do Brasil.

Segunda a desfilar, a Acadêmicos do Cubango, de Niterói, entrou com muita garra, com todos os componentes cantando o samba, o que levantou as arquibancadas. Ela veio contar a história da atriz Chica Xavier, que atuou em mais de 50 novelas na televisão e estreou no Theatro Municipal do Rio em 1956, na peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes.

A escola de São João de Meriti, Unidos da Ponte, este ano escolheu o enredo Santa Dulce Dos Pobres – o Anjo Bom da Bahia, desenvolvido pelos carnavalescos Rodrigo Marques e Guilherme Diniz. O objetivo era contar a história da santa e apresentar seu legado de obras sociais.

A Porto da Pedra, de São Gonçalo, apostou no enredo O Caçador que Traz Alegrias, para homenagear mãe Stella de Oxóssi. O sobrinho da importante ialorixá da Bahia, obá Adriano Obiodun, é um dos compositores do samba-enredo da escola.

A União da Ilha, que caiu para o Grupo de Acesso em 2020, elegeu o enredo Nas Encruzilhadas da Vida, Entre Becos, Ruas e Vielas, a Sorte Está Lançada: Salve-se Quem Puder!, a fim de exaltar a fé por Nossa Senhora Aparecida.

Já a Unidos de Bangu escolheu o enredo Deu Castor na Cabeça, em homenagem ao bicheiro Castor de Andrade, entrelaçando a vida do patrono do Carnaval e do futebol com a história do bairro da Zona Oeste e do Bangu Atlético Clube.

A última prevista a desfilar no primeiro dia da Série Ouro era a Acadêmicos do Sossego, com o enredo Visões Xamânicas. O carnavalesco André Rodrigues criou um pajé para conduzir o público por meio de suas visões.

Nesta quinta-feira (21) será a vez das outras escolas da Série Ouro desfilarem na Marquês de Sapucaí: Lins Imperial, Inocentes de Belford Roxo, Estácio de Sá, Acadêmicos de Santa Cruz, Unidos de Padre Miguel, Acadêmicos de Vigário Geral, Império da Tijuca e Império Serrano.

Após cancelar as festividades municipais de Carnaval no Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) foi visto, nesse domingo (27), curtindo o mini desfile preparado pelas escolas cariocas na Cidade do Samba, uma vez que a Sapucaí enfrenta vazia o período carnavalesco pelo segundo ano seguido. O gestor foi fotografado sem máscara, em uma roda de samba, cercado por bailarinas e porta-bandeiras. 

A Cidade do Samba está liberada desde junho de 2021, após passar um tempo interditada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ). No domingo de carnaval (27), aconteceram as “prévias” em um minidesfile na Cidade, que deverá ter sua versão oficial em abril. Seis primeiras escolas do Grupo Especial se apresentaram com número reduzido de componentes. O show podia comportar até cinco mil pessoas e vendeu todos os ingressos. 

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Foi exigida a apresentação de comprovante com pelo menos duas doses de vacina ou exame negativo para a Covid-19, mas o uso de máscara não foi exigido. A festa contou com a presença de rainhas de bateria como a cantora Iza, que este ano representou a Verde e Branco, Viviane Araújo e Sabrina Sato. 

As prévias foram criticadas nas redes sociais, onde internautas também se queixaram de outros pontos de aglomeração na capital carioca, onde não houve intervenção municipal. No Twitter, é possível se deparar com cobranças endereçadas a Eduardo Paes, que, sempre ativo nas redes sociais, reapareceu em sua conta na manhã desta segunda-feira (28), mas não fez menção às aglomerações flagradas no dia anterior. 

“Bom dia.  Esse ano o Rei Momo só assume em abril.  Bora trabalhar!”, escreveu. 

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Confira vídeos de aglomerações no Rio que repercutem desde o domingo (27): 

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Ao que parece, não vai ser desta vez que o Carnaval alegrará o mês de fevereiro! De acordo com fontes ouvidas pelo Leo Dias, o espetáculo no Anhembi, em São Paulo, será adiado para abril por conta do avanço dos casos de Covid-19 e a preocupação com a variante Ômicron.

Ainda segundo o colunista, a data não foi definida, mas há certa pressão para que os desfiles sejam remarcados e o anúncio oficial será feito nos próximos dias. Tem mais: Os gestores das escolas estariam super preocupados com o adiamento com medo de que as fantasias já confeccionadas não resistam ao período de armazenamento.

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Isso porque, por conta do acabamento com cola e itens frágeis, as peças podem ficar danificadas se ficam guardadas por muito tempo, não resistindo a um prazo superior a três meses. Sendo assim, se o evento for realmente confirmado em abril, todo o material ficaria acondicionado nos barracões por apenas mais 40 dias.

O ano de 2021 deixará marcas profundas naqueles que amam o Carnaval. A não realização da festa, em virtude da pandemia do coronavírus, deixou triste os foliões que aguardam vários meses para curtir a folia e causou impactos severos naqueles que dependem do ciclo carnavalesco para sobreviver. Para os profissionais que se dedicam à manutenção de agremiações da cultura popular, a falta do Carnaval provocou muito mais que apenas lágrimas, causando baixas financeiras em seus cofres e, também, comprometendo a continuidade de saberes e tradições muitas vezes seculares. Com a possibilidade da repetição desse quadro em 2022, algumas agremiações pernambucanas temem o risco de fecharem em definitivo as portas e não voltarem mais às ruas. 

No mundo do samba, poucas são as escolas promovendo ensaios regulares para esquentarem suas baterias e desfilantes. Em entrevista ao LeiaJá, Rafael Nunes, presidente da Liga Nordeste das Escolas de Samba e da Escola Pérola do Samba, além de vice-presidente da Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba), revelou que muitas agremiações do segmento  preferiram aguardar pela definição do Governo do Estado de Pernambuco quanto à realização do Carnaval em 2022 antes de promoverem qualquer atividade.

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A espera apertou o cronograma para as escolas, que necessitam de bastante tempo, mão de obra e recursos financeiros para produzirem um desfile. Somando isso ao prejuízo acumulado durante o ano de 2021, a viabilidade de um espetáculo totalmente novo para 2022 fica cada vez menor. “Não há tempo de se fazer fantasias e carros alegóricos até fevereiro. Na minha opinião, como cidadão, acredito que não vai ter Carnaval oficial. Carnaval vai ter porque o povo faz de qualquer jeito, mas bancado pelo poder público acredito que não terá”. 

Nunes conta, também, que muitas escolas da Região Metropolitana do Recife estão com as contas apertadas, sofrendo corte de energia por falta de pagamento e até correndo o risco de fecharem de fato. Para tentar reverter o quadro, a Federação propôs à Prefeitura do Recife que, em caso de realização do Carnaval, fossem realizados desfiles simbólicos, com número reduzido de componentes e sem a disputa do tradicional concurso de Carnaval para que todas pudessem garantir suas subvenções e terem os valores dos prêmios divididos de forma igual. “Se não fizermos isso, vai ser mais um ano sem ganhar novamente. Sofremos um forte impacto e para se recuperar, para o concurso, as escolas vão precisar de muito mais que um ano”.

As escolas de samba pernambucanas estão aguardando a definição do Governo do Estado quanto à uma possível realização do Carnaval em 2022. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Já para os afoxés o ritmo de retomada tem sido um pouco diferente. Segundo Fabiano Santos, presidente da União dos Afoxés de Pernambuco (UAPE) e do Afoxé Alafin Oyó, todas as agremiações já estão desenvolvendo atividades, sobretudo as religiosas. A expectativa é de que haja alguma “celebração” do Carnaval 2022, ainda que seja de forma reduzida, em clubes ou espaços fechados, ou até mesmo de maneira híbrida ou remota. 

Fabiano lamenta que, após um ano sem Carnaval e sem a renda que ele proporciona às agremiações, “as pessoas estão quebradas,  tentando literalmente sobreviver” e afirma que o auxílio emergencial ofertado pela Prefeitura do Recife e ainda a  Lei Aldir Blanc, no último ciclo, não foram suficientes para suprir as demandas de todos. “O auxílio do Carnaval 2021 foi a maior balela. As pessoas se iludiram com essa  possibilidade, mas não conseguiu atender a cadeia produtiva geral. Como foi dividido por porcentagem, tiveram entidades que ganharam o que se tinha almejado, mas que também não serve pra nada, se você pensar em toda a cadeia produtiva, cantores, dançarinos, costureiras, você não consegue fazer a distribuição. Houve entidades que receberam R$ 980. Nas linhas miúdas do auxilio, não só os afoxés mas maracatu e outras entidades se prejudicaram muito”.

Para o presidente da UAPE, um segundo ano consecutivo sem a realização do Carnaval representa o risco de fragilizar ainda mais essas agremiações, muitas delas correndo o risco de encerrarem suas atividades em definitivo. Fabiano acredita que o momento servirá para  consolidar uma já existente “relação inferiorizada” da cultura popular com o poder público e que muitas entidades do segmento acabarão caindo novamente “na indução do erro de aceitar qualquer coisa” como remuneração, ou auxílio.

“A gente vive uma disputa de classe a qual nós permanecemos ainda nesse lugar do prestador de serviço, de mão de obra barata, inclusive fazendo a releitura da própria escravidão. A escravidão tinha essa mão de obra em valor tranquilo para estabelecer lucro, é o que temos hoje. A cultura popular é essa mão de obra que permanece na mesma relação trazendo lucro para o estado. A gente recebe muito menos do que deveria ou o velho pão para se alimentar e estar mantendo esse ciclo vicioso de que os coronéis ganham, é a escravidão paga”, disse o presidente da Uape. 

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Outra organização que cuida de um dos maiores símbolos da cultura tradicional pernambucana, o maracatu de baque virado, também teme passar mais um ano sem atividades. Fábio Sotero, presidente da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (Amanpe) e da Nação Aurora Africana, diz que no meio, todos estão bastante preocupados com o surgimento da nova variante do coronavírus, a ômicron; e com a possibilidade de passar mais um ano sem ir às ruas, “poucos maracatus estão realizando algum tipo de atividade”. 

No lugar do sonho com mais um ano de brilho e muito batuque, a realidade das nações é a perspectiva de mais um período amargando prejuízo. “Já estão acontecendo diversos eventos como se estivesse tudo normalizado mas as agremiações ainda estão sofrendo com a  pandemia porque elas vão ser as últimas a terem alguma coisa, enquanto os eventos estão acontecendo a todo vapor, as agremiações estão ainda a ver navios sem perspectiva de nada”. 

Sotero também criticou a aplicação da Lei Aldir Blanc para os fazedores de cultura popular. Para ele, o auxílio foi mesmo “um balde de água fria” com poucos contemplados, ao passo que "artistas grandes, já consagrados” acabaram levando uma fatia maior do bolo. “As agremiações ficaram ao relento, ou com apenas alguma migalha”. No último mês de outubro, a Amanpe chegou a promover um protesto em frente à Prefeitura do Recife exigindo melhorias nas subvenções pagas às nações e outras medidas que dariam maior suporte a elas, no entanto, até o momento não houve, segundo o presidente, nenhuma definição quanto às pautas apresentadas. 

Para Fábio, passar mais um ano sem colocar os batuques nas ruas causará impactos quase irreparáveis. Com as nações ‘no vermelho’ e muitos maracatuzeiros que tiveram que parar sua dedicação ao ‘brinquedo’ para conseguirem gerar renda através de outros ofícios, as consequências e prejuízos precisarão de muito tempo e apoio para serem revertidas. Algumas, talvez, não conseguirão ser solucionadas.

“Algumas manifestações vão deixar de existir porque tem gente que não vai dar continuidade. Se o próximo Carnaval for no mesmo formato deste de 2021, no qual a prefeitura inventou um auxílio emergencial para calar a boca que foi uma vergonha, uma migalha, então mais uma vez a gente vai ter perdas de extrema importância, uma perda irreparável. Não foi fácil, não está sendo fácil e vai ser pior ainda caso isso se repetir. A gente vai tentar negociar uma possível apresentação virtual ou alguma coisa nesse sentido que não seja apenas aquele auxílio emergencial vergonhoso”, finalizou o presidente da Amanpe. 

As nações de maracatu também estão em situação de fragilidade. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Auxílio do poder público

O LeiaJá procurou as prefeituras do Recife e de Olinda para questionar sobre as tratativas para um possível Carnaval em 2022. Através de sua assessoria de imprensa, a gestão recifense afirmou estar discutindo o assunto com a ajuda de um comitê formado por cidades que realizam grandes carnavais, como Rio de Janeiro e São Paulo, e que a decisão levará em conta as orientações das autoridades sanitárias.

Sobre as subvenções pagas às agremiações, eventuais auxílios financeiros aos grupos da cultura popular e artistas, ou outras estratégias de apoio a esses profissionais, a Prefeitura do Recife não emitiu resposta. “As tratativas sobre o Carnaval 2022, neste momento, no Recife, são conduzidas pela comissão formada em setembro, da qual faz parte a Secretaria de Saúde, realizando o monitoramento permanente do quadro sanitário e das recomendações”, diz a nota. 

A gestão de Olinda também afirmou, através de sua assessoria, estar trabalhando “com três hipóteses: não realização; que a festa aconteça com controle de acesso; realização do Carnaval em um cenário epidemiológico de 90% da população brasileira totalmente imunizada”. Além disso, colocou que a decisão será tomada “conjuntamente com outros municípios”. A respeito de possíveis auxílios financeiros à artistas e agremiações também não houve resposta. 

Na última quarta (1º), o secretário de saúde do estado de Pernambuco, André Logo, estipulou um prazo para a definição sobre a realização do Carnaval do próximo ano em terras pernambucanas. Durante reunião da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), o secretário afirmou que até o dia 15 de janeiro de 2022 a pauta será decidida.

 

A venda de ingressos para o primeiro desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro desde o início da pandemia de Covid-19 foi aberta nesta quinta-feira (14). Os valores variam de R$ 115 para cadeiras numeradas no setor 12 (dispersão) a R$ 500 para arquibancada numerada no setor 9 (meio do Sambódromo).

O carnaval do ano que vem será nos dias 26 (sábado), 27 (domingo), 28 de fevereiro (segunda-feira) e 1º de março (terça-feira).

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Os desfiles do grupo especial estão marcados para os dias 27 (domingo) e 28 de fevereiro. Também é possível garantir vaga no desfile das campeãs, que será no dia 5 de março, sábado. Os ingressos estão sendo vendidos pela internet.

Desfiles

Os bilhetes para os desfiles de domingo valem da noite do dia 27 até a madrugada do dia 28. Nesse primeiro dia, passam pela Marquês de Sapucaí as escolas de samba Imperatriz Leopoldinense, Estação Primeira de Mangueira, Acadêmicos do Salgueiro, São Clemente, Unidos do Viradouro, Beija-Flor de Nilópolis.

Já os ingressos para a segunda-feira valem da noite do dia 28 até a madrugada do dia 1º.  Para esse dia, estão previstos os desfiles de Paraíso do Tuiuti, Portela, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos da Tijuca, Acadêmicos do Grande Rio, Unidos de Vila Isabel.

A quadra da escola de samba Grande Rio, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é a primeira de seis escolas de samba do grupo especial do Rio, considerado a elite do carnaval carioca, que vão receber, até domingo (14), intervenções artísticas da fotógrafa paulista Flávia Junqueira. Além de fotos, Flávia vai fazer vídeos, que ao fim do projeto serão editados em um documentário.

A inspiração para o trabalho foi a situação completamente diferente que a pandemia de Covid-19 causou na vida dos componentes das escolas e dos visitantes das quadras.

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“A ideia de entrar nesses espaços foi justamente por entender que o carnaval é uma festa popular, muito característica de nosso país e, neste momento, com todas as restrições que estamos passando por causa do novo coronavírus, esses espaços estão extremamente vazios, quando a gente sabe que se fosse uma situação normal estariam repletos de pessoas, supercoloridos e com samba. As quadras são lugares de união do público”, disse a fotógrafa em entrevista à Agência Brasil.

No lugar do ambiente vazio estará um cenário produzido por Flávia Junqueira com balões, confetes, serpentinas, papel picado e fumaça colorida nas cores de cada escola. “As fotos são sem ninguém, para refletir um pouco sobre este momento em que a gente vive e [espaços] que, na maioria das vezes, estariam lotado e com muitas festas. É mostrar o vazio junto com a festa. É uma intervenção um pouco triste, mas, ao mesmo tempo, uma homenagem e uma grande alegria poder levar para esses espaços algo da festa que o público teria normalmente”, comentou.

A escolha das escolas seguiu a classificação do carnaval de 2020, com as seis primeiras colocadas. “A gente não tinha como fazer em todas, já que são muitas e ficam em lugares muito distintos. Para conseguir viabilizar, achamos que uma possibilidade era homenagear as seis primeiras colocadas no carnaval”, afirmou.

Hoje (11), as intervenções serão nas quadras da Mangueira e do Salgueiro, na zona norte. Amanhã será a vez da Beija-Flor de Nilópolis, também na Baixada. No sábado (13), a Mocidade Independente de Padre Miguel, na zona oeste, vai receber a fotógrafa e no domingo, fechando as intervenções nas quadras, será a vez da campeã de 2020, a Viradouro, de Niterói, na região metropolitana do Rio.

“As cores da escola são a base do cenário e em algumas estou adicionando serpentinas ou chuva de papel picado prateado. Por exemplo, a Viradouro vai ter esses papéis e um algo a mais por ter sido a última campeã. Cada uma a gente está fazendo a partir da história da escola, como as cores e a bandeira”, contou.

Sambódromo

O palco dos desfiles também vai receber uma intervenção artística. Na terça-feira (16) de carnaval, com autorização da prefeitura do Rio, por meio da Riotur, Flávia Junqueira vai poder fazer as fotos e os vídeos, que considera com um perfil mais poético, com movimento dos objetos usados nos cenários. No local, que será aberto apenas para a fotógrafa fazer o seu trabalho artístico, as cores vão representar todas as agremiações.

“A gente finaliza o projeto com essa intervenção que tem uma escala maior, justamente pela arquitetura do espaço. Eu utilizo balões maiores com as cores misturadas de todas as escolas, no lugar que recebe todas elas. Vai ser também uma homenagem a esse espaço arquitetônico que também estaria em festa neste momento, mas infelizmente está vazio”, acrescentou.

Além da Riotur, a iniciativa conta com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).

A artista disse que tudo está sendo feito de acordo com as regras de segurança sanitária. Uma equipe de produção foi contratada especialmente para as montagens, que contam com o apoio da marca de balões Qualatex Brasil. O cenário é montado para as fotos e vídeos e, com o trabalho encerrado, tudo é desmontado para evitar que provoquem aglomerações de quem for ao local para tentar ver o trabalho, e ainda porque os espaços são ocupados pelas escolas para outras atividades.

Para a secretária de Cultura do Rio, Danielle Barros, o trabalho da fotógrafa vai trazer alegria a lugares que teriam a tristeza do vazio. “Sou fã do trabalho da Flávia e acredito que vem casar perfeitamente com a necessidade que temos de levar alegria sem ajudar a propagar a Covid-19. Um acontecimento que ficaria marcado pelo vazio e pela tristeza será marcado para sempre por esse trabalho que ficará belíssimo”, observou.

A artista Flávia Junqueira, que atualmente está com a exposição Revoada, no Farol Santander de Porto Alegre, depois de ter ocupado o Farol de São Paulo, é reconhecida pela originalidade de seu trabalho, mostrado em galerias e museus de diversos países. Entre os principais projetos e exposições coletivas de que participou, estão a Culture and Conflict, IZOLYATSIA in Exile; Palais de Tokyo, The World Bank Art Program e o prêmio Energias na Arte, no Instituto Tomie Otahke. Algumas de suas obras integram o acervo de museus e espaços culturais no Brasil, como o Museu de Arte do Rio (MAR-RJ), Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e Museu do Itamaraty.

A prefeitura do Rio de Janeiro publicou nesta sexta-feira (5), em Diário Oficial, um decreto que proíbe a concentração e desfile de blocos e escolas de samba na cidade no período de 12 a 22 de fevereiro deste ano. O objetivo da medida é evitar aglomerações durante o período carnavalesco na cidade, devido à pandemia de Covid-19.

As escolas de samba e os principais blocos já tinham afirmado que não farão qualquer desfile ou apresentação na cidade do Rio durante o carnaval. A prefeitura também já havia suspendido o ponto facultativo da segunda-feira de carnaval (15), apesar de o feriado de terça-feira (16) estar mantido.

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Também está proibida a entrada de ônibus e outros veículos de fretamento na cidade durante esse período. A exceção são aqueles que prestem serviço regular para empresas e hotéis.

Caso haja descumprimento do decreto, a prefeitura poderá apreender bens e equipamentos, como instrumentos musicais e trios elétricos. Também estão previstas multas e interdições de estabelecimentos (caso a apresentação do bloco ocorra em um desses locais). Blocos e outras agremiações que infringirem o decreto também não poderão desfilar no carnaval de 2022.

Na última quinta (17), o Governo de Pernambuco oficializou sua posição quanto à realização do Carnaval no ano de 2021. Em coletiva de imprensa realizada pelas redes sociais, o secretário de saúde do Estado, André Longo, anunciou a suspensão do ciclo carnavalesco em Pernambuco, no próximo ano, devido ao aumento dos números da pandemia do novo coronavírus em solo pernambucano. Na data do anúncio, o Estado contabilizava 203 mil diagnósticos de Covid-19 e 9.361 mortes pela doença. 

A decisão dos gestores pernambucanos, no entanto, não causou muita surpresa na população. Outros Estados brasileiros, com Carnavais tradicionais como o de Pernambuco, já haviam decidido pela não realização da festa em 2021, a exemplo da Bahia e Rio de Janeiro; bem como São Paulo e Brasília. O aumento nos números da pandemia e na ocupação de leitos nos hospitais locais, além da incerteza quanto à data da chegada da vacina contra a Covid no país também davam indicativos da suspensão dos festejos momescos. 

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Com a decisão assinada, resta agora aos fazedores de Carnaval se articularem para que o ano não seja totalmente perdido. Para esses profissionais, a festa representa muito mais do que folia, garantido-lhes o sustento da família e provisões para além do período carnavalesco. O Carnaval de Pernambuco é considerado o quinto maior do país em faturamento e, só no Recife, o ciclo momesco de 2020 rendeu ao município R$ 1, 4 milhão. 

Em entrevista ao LeiaJá, Rafael Nunes - presidente da Federação das Escolas de Samba de Pernambuco (FESAPE), da Liga Nordeste das Escolas de Samba, da Escola de Samba Pérola do Samba e ainda, vice-presidente da Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba)  -, disse concordar com a decisão do governo, que ele classifica como “racional”. O carnavalesco contou que a suspensão já era esperada dentro do seu segmento e que muitas agremiações nem se prepararam para 2021. 

No entanto, Nunes faz uma ressalva; ele acredita que o poder público deva abrir um diálogo com a cadeia produtiva do Carnaval na busca de soluções para aqueles que dependem da festa para faturar. “ O governo devia sentar com quem produz Carnaval aqui no estado para conversar. A Fesape tem um projeto pronto para as agremiações não serem totalmente penalizadas e poderem mover a economia da sua comunidade. A apresentação de lives com seu samba enredo, no YouTube, pro seu público poder prestigiar de forma segura, em casa, o que seria o desfile de cada escola na avenida. A gente tá esperando o novo governo (municipal) tomar posse pra gente apresentar essa saída para que os carnavalescos não fiquem parados durante o ano”, disse. 

Segundo o presidente da Fesape, a maioria das escolas de samba não se preparou durante o último ano para um possível Carnaval em 2021. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquiivo

Esse diálogo com o poder público já vinha sendo solicitado por parte dos trabalhadores da cultura pernambucanos desde meados de 2020. Em agosto, o coletivo  Acorde - Levante Pela Música de PE, formado por músicos e produtores locais, publicou em suas redes sociais uma carta aberta sugerindo um debate com os gestores acerca do tema. Já em outubro, o coletivo, em nova carta aberta, sugeriu propostas para a realização segura do Carnaval 2021 e, nesta última quinta (17), após o anúncio oficial da suspensão do ciclo, o grupo voltou às redes para propor uma conversa a fim de criarem juntos soluções que “garantam trabalho e renda para as pessoas que fazem o Carnaval, e também sejam capazes de amenizar, no coração do folião, a falta que fará não estar nas ruas, brincando junto com a multidão”. 

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Para o presidente da Associação dos Maracatus de Baque Virado de Pernambuco (Amanpe), Fábio Sotero), a falta de abertura entre gestões e classe artística é um “desrespeito”. “ O Governo do Estado, através da Fundarpe e da Secretaria de Cultura, não nos deu nenhuma satisfação, em momento algum, em relação à nossas perdas. Porque eles não estão cancelando um simples evento, um simples lazer, eles estão cancelando ou suspendendo o ganha pão de milhares de trabalhadores da área da cultura que dependem exclusivamente do Carnaval. O que realmente o Governo do estado fez? Cancelou ou a suspendeu? A gente tá com essa dúvida”, diz frisando que nenhum grupo ou artista da classe foi consultado antes do aviso da suspensão - realizado, também, sem a presença de qualquer representante da pasta de Cultura.  

Fábio conta que dentro da categoria do Maracatu de Baque Virado, ou Maracatu Nação, diversas pessoas trabalham para que um desfile seja organizado. São costureiros, aderecistas, luthiers, fora os desfilantes que saem na corte e no batuque. Muitos desses dependem do apurado da festa para se manterem durante todo um ano.

Os impactos de não haver um Carnaval atingem diretamente o bolso dessas pessoas, mas também, o emocional. “É um período de no mínimo cinco, seis meses, várias pessoas convivendo, trabalhando em prol daquele instrumento, das fantasias; esse período que a gente ta aquartelado praticamente, sem atividade, a gente já tá de uma forma... Eu confesso que às vezes eu vou pra sede (da nação), porque eu não aguento ficar longe do pessoal”, diz o presidente que também dirige a Nação de Maracatu Aurora Africana. 

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--> PE: artistas opinam sobre a suspensão do Carnaval 2021

Para o representante da Amanpe, é possível haver atividades seguras para marcar o Carnaval de 2021, ainda que de forma bastante diferente do tradicional. Ele diz que assim como as nações, várias ouras categorias de agremiações já estão pensando em alternativas para não ficarem parados durante um ano inteiro. Mas, para que os projetos possam sair do papel, deve-se haver espaço para tanto. “Isso a gente só pode fazer quando a  gente sentar com os gestores, eles são nossos principais clientes, são eles que nos contratam para as apresentações, a gente depende do aval deles, a gente precisa que eles nos entendam e cheguem a um determinado acordo. O Governo do Estado não fez absolutamente nada pelos trabalhadores da cultura em geral (durante a pandemia). O auxílio emergencial é do Governo Federal, o dinheiro tá vindo de lá, a Secretaria da Fultura e a Fundarpe não fizeram absolutamente nada para auxiliar, para dar uma ajuda aos trabalhadores da cultura.”

Trabahadores que dependem do Carnaval estão preocupados com a falta de trabalho e renda. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Diálogo e auxílio

Procurados pelo LeiaJá, a Fundarpe (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco) e Secretaria de Cultura informaram que, atualmente, é a Secretária de Turismo e Lazer (Setur) o órgão à frente dos assuntos pertinentes ao Carnaval. A reportagem tentou estabelecer contato com a assessoria da Setur, porém, não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço está aberto para qualquer esclarecimento. 

Já as prefeituras do Recife e Olinda não responderam aos questionamentos enviados. No entanto, a reportagem apurou junto à fonte ligada à classe artística que já foram iniciadas discussões junto aos gestores olindenses bem como na última sexta (18), alguns representantes de agremiações estiveram na sede da Prefeitura do Recife para tratar do tema em uma reunião “bastante favorável”. 

Os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro de 2021 foram adiados, devido à pandemia de coronavírus no Brasil, um dos países mais afetados pela Covid-19, que também provoca novas medidas de restrição em vários países da Europa.

"Chegamos à conclusão de que o processo tem que ser adiado. Não temos como fazer em fevereiro. As escolas já não vão ter tempo nem condições financeiras de organização de viabilizar até fevereiro", afirmou Jorge Castanheira, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), que organiza os desfiles do grupo especial do Rio de Janeiro.

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O Brasil registra um balanço de 4,7 milhões de casos e quase 140.000 mortes por Covid-19, um número de vítimas fatais superado apenas pelos Estados Unidos.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, nas últimas duas semanas o país teve uma média de 735 mortes e quase 30.000 novos contágios por dia.

O estado do Rio de Janeiro é um dos mais afetados, com 18.000 mortes provocadas pela Covid-19.

A pandemia evidenciou as divergências entre o presidente Jair Bolsonaro e os governos estaduais e municipais, que adotaram medidas de confinamento, criticadas pelo governo federal por seu impacto econômico.

Perto de um milhão de mortos

Em todo mundo, a pandemia provocou quase um milhão de mortes desde que foi detectado na China no final de 2019. Ao menos 32 milhões de pessoas contraíram a doença. Os números oficiais estão subnotificados, pois apenas uma parte dos casos foi diagnosticada.

Na Europa, com mais de 227.000 vítimas fatais, os sinais de alerta são cada vez mais intensos com a explosão de contágios, o aumento do número de mortos e a situação crítica de alguns hospitais. A situação coincide com o início do outono, período mais propício para todos os vírus.

Na quinta-feira, a União Europeia (UE) considerou urgente a adoção de novas medidas de restrição e proteção.

"Talvez seja a última oportunidade para evitar que se repita a situação da primavera" (hemisfério norte), afirmou a comissária da Saúde, Stella Kyriakides, que chamou a situação de "realmente preocupante".

Espanha, França e Reino Unido intensificaram as restrições.

Os pubs da Inglaterra e de Gales passaram a fechar as portas às 22h, para cumprir o toque de recolher imposto pelo governo com o objetivo de frear a pandemia. São quase 6.000 novos contágios por dia no Reino Unido, país mais afetado da Europa com 42.000 mortes.

A França registrou mais de 16.000 novas infecções nas últimas 24 horas, e os hospitais começam a enfrentar um cenário crítico.

"Se não atuarmos, nós podemos enfrentar uma situação parecida com a da primavera. Isto poderia significar um novo confinamento", advertiu o primeiro-ministro Jean Castex.

Na Espanha, o aumento vertiginoso de casos na região de Madri resultou na adoção do confinamento para alguns bairros e municípios. Novas restrições de movimento devem ser anunciadas nas próximas horas para outras áreas da capital.

O governo deseja evitar o confinamento total de Madri, uma região que concentra um terço das vítimas fatais e dos contágios do país. A Espanha tem um balanço de 31.000 mortos e quase 700.000 contágios.

A cidade de Moscou, que enfrenta um novo aumento de casos, recomendou que as pessoas idosas permaneçam em confinamento e que as empresas privilegiem o teletrabalho.

Onze vacinas na fase final

Os Estados Unidos permanecem como o país mais enlutado pela doença, com 201.910 mortes e quase sete milhões de contágios. O Peru, nação com a maior taxa de mortalidade por Covid-19 no planeta (98,68 óbitos para cada 100.000 habitantes), segundo a Universidade Johns Hopkins, registrou na quinta-feira 68 falecimentos por coronavírus, o menor número em quase cinco meses.

Diversos laboratórios do mundo estão envolvidos na produção de uma vacina. Na quinta-feira, o grupo biotecnológico americano Novavax anunciou o início no Reino Unido de um teste clínico de fase final para a potencial imunização.

Esta é a 11ª vacina experimental do mundo que entra na fase final dos testes clínicos.

Os projetos ocidentais mais avançados são os desenvolvidos pela britânica AstraZeneca em parceria coma a Universidade de Oxford, além dos projetos das americanas Pfizer e Moderna. Projetos chineses e russos também entraram na última fase de testes.

Devido a pandemia do novo coronavírus, a Prefeitura de São Paulo decidiu adiar o Carnaval de 2021. A mudança afetará as agremiações e também o carnaval de rua. A nova data para os festejos ainda não foi definida, no entanto, a proposta das Escolas de Samba é que os desfiles aconteçam no final de maio.

Em 2020, o Carnaval de São Paulo teve um investimento de R$ 2,3 milhões por parte da Prefeitura e bateu o recorde de público com 15 milhões de foliões nas ruas e 600 blocos. Em entrevista para o G1, o presidente da Liga, Sidnei Carriuolo, falou que a decisão precisou ser tomada agora para que as escolas possam se preparar e garantir o desfile, que será diferente dos anos anteriores.

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"Carnaval nos mesmos moldes de costume é impossível, já pensamos em adaptações. O que toma muito tempo e suporte financeiro é o preparo de fantasia e alegoria", informou Carriuolo.

Outras cidades do país também estudam a possibilidade de adiamento da festa carnavalesca. Em Salvador, o prefeito estuda a possibilidade de adiar para julho, já no Rio de Janeiro, às agremiações pretendem tomar uma decisão em setembro.

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