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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está com concurso público aberto destinado ao preenchimento de 16 vagas para o cargo de pesquisador em saúde pública. Os profissionais atuarão em regime de 40 horas semanais e receberão salário de R$ 5.582,63.

Além da remuneração, o cargo também oferece auxílio alimentação de R$ 458,00, gratificação de R$ 1.485,60 e bônus por titulação, que pode ser de R$ 2.287,75 para mestrado e R$ 4.292,36 para doutorado.

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As inscrições no concurso público devem ser feitas, pela internet, de 6 de setembro a 9 de outubro. A taxa de participação é de R$ 220. O certame será realizado nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Velho, Recife, Salvador e Teresina.

As dúvidas sobre o certame podem ser tiradas por meio do telefone (21) 2209-2279 e do e-mail concursopesquisador@fiotec.fiocruz.br. Informações complementares podem ser obtidas no edital, divulgado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (31)

Confira esta e outras oportunidades na nossa página especial de concursos públicos.

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--> Fiocruz abre 61 vagas em concurso público

Após resultados de uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicarem a presença do vírus zika nas tradicionais muriçocas, a coordenadora do estudo, Constância Ayres estabeleceu quais serão os próximos passos a serem tomados. Segundo ela, novas pesquisas deverão ser realizadas para que sejam constatados os reais índices de participação do culex quinquefasciatus na disseminação da doença e o potencial de proliferação na espécie.

Os primeiros estudos apontaram que o contágio da muriçoca acontece quando ela entra em contato com um hospedeiro infectado, porém, as novas pesquisas irão indicar se a transmissão também pode ocorrer de maneira transovariana, ou seja, a fêmea infectada passar o vírus para sua prole, fazendo com que novos mosquitos já nasçam com o vírus. Além disso, será estabelecido qual espécie, aedes ou culex, vem sendo a maior responsável pela epidemia do zika.

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“A questão agora é descobrir se o culex é vetor primário ou secundário, definindo qual das duas espécies exibe o papel mais importante na transmissão. Precisamos investigar para definir novas estratégias de controle”, destacou a pesquisadora. “Não se sabe ainda se existe essa trasmissão transovariana tanto no aedes quanto no culex. Estamos investigando através dos ovos que coletamos essa possibilidade. Se for comprovado, significa mais uma forma de permanência do vírus na natureza o que pode a possibilidade dele se tornar endêmico como, por exemplo, aconteceu com a dengue”, complementou.

Os resultados da pesquisa também podem confirmar o porque do rápido alastramento da doença em várias partes do país, principalmente em Pernambuco, estado com mais casos, já que a espécie do culex se encontra em número 20 vezes maior ao do aedes, na Região Metropolitana do Recife. “Pensamos nessa possibilidade desde o inicio por conta da rapidez dos casos. O aedes não seria capaz de transmitir com tamanha intensidade no ambiente urbano”, ressaltou.

Com a confirmação, Constância Ayres afirma que uma nova etapa do controle a doença precisará ser iniciada, já que as espécies possuem diferentes hábitos. “Hoje existe somente um programa para controle do aedes e como eles são espécies diferentes, com hábitos diferentes, eles também requerem estratégias diferentes. O culex (Muriçoca) põe os ovos em água extremamente poluída como esgostos, fossas e canaletas, então serão necessárias medidas de saneamento básico. Já o aedes prefere água limpa e parada. Outra diferença é que o culex pica durante a noite e o aedes durante o dia, então é necessário que haja proteção nesses dois momentos”, exemplificou. 

No Recife, já existe uma pequena estratégia de combate ao culex já que ele também é responsável pela filariose, ação que de acordo com a coordenadora do estudo precisará ser intensificada. Os novos resultados da segunda etapa da pesquisa ainda não tem data para saírem.

Popularmente conhecida por muriçoca ou pernilongo doméstico, o mosquito Culex quinquefasciatus, pode ser mais uma forma de transmissão do vírus Zika. Essa possibilidade foi levantada após estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em coletas realizadas no Recife. Até o momento, a literatura não comprovava essa possibilidade de outro vetor do vírus causador da doença. 

Na Região Metropolitana do Recife, a população do Culex é cerca de vinte vezes maior do que a população do Aedes aegypti, de acordo com a Fiocruz que conduziu a pesquisa na RMR.  

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Segundo a Fundação, os resultados preliminares da pesquisa de campo identificaram, no trabalho de campo, mosquitos infectados pelo vírus zika em três dos 80 pools - é constituído de 1 a 10 mosquitos coletados em cada localidade, separado por sexo e espécie. 

Amostras e pesquisa

A pesquisa revela que em duas das amostras os mosquitos não estavam alimentados, o que demonstrou que o vírus estava disseminado no organismo do inseto e não em uma alimentação recente num hospedeiro infectado.

Segundo a Fundação, a foi utilizada a técnica RT-PCR quantitativa, baseada na detecção do RNA (material genético) do vírus. Com isso, esses grupos que apresentaram resultado positivo tiveram material usado para isolar as linhagens de vírus circulantes em Recife, em cultura de células, onde foi observada a destruição ou danificação das células vero, o que comprova a presença de atividade viral.

Coleta

As cidades de Recife e Arcoverde tiveram a coleta dos mosquitos, com base nos endereços dos casos de zika no estado, de acordo com as informações da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco (SES-PE, sendo ao todo capturados aproximadamente 500 deles). 

A intenção da pesquisa foi comparar o papel de algumas espécies do mosquito quanto a transmissão de arboviroses, no entanto, a prioridade foi para a observação do zika vírus vista a expansão da doença no país e sua relação com a Microcefalia. 

Em laboratório

Foi dado aos mosquitos, em laboratório, uma mistura de sangue e vírus, a fim de acompanhar o processo de replicação patógeno dentro do inseto. A coordenadora do estudo, Constância Ayres, explicou que duas infecções foram feitas ao mosquito com concentrações diferentes do vírus, inclusive, uma delas simulando a viremia de um paciente real. 

Houve dissecação dos mosquitos e a manutenção do grupo de controle. Portanto, durante o processo de infecção pelo vírus, a espécie que não é vetor, em determinado momento o desenvolvimento do vírus é bloqueado pelo mosquito. No entanto, de acordo com a Fiocruz, se ela é vetor, a replicação do vírus acontece, dissemina no corpo do inseto e acaba infectando a glândula salivar, a partir da qual poderá ser transmitido para outros hospedeiros durante a alimentação sanguínea, pela liberação de saliva contendo vírus. 

Partindo desse princípio, de acordo com a coordenadora da pesquisa, a partir do terceiro dia após a alimentação artificial, já foi possível detectar a presença do vírus nas glândulas salivares das duas espécies de mosquito investigadas. Após sete dias, foi observado o pico de infecção nas glândulas salivares o que foi confirmado através de microscopia eletrônica.

Além disso, a carga viral encontrada nas duas espécies estudadas (Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus) foi similar. 

Próximos estudos

Estudos adicionais serão realizados para avaliar o potencial de participação do Culex na disseminação do vírus zika e seu real papel na epidemia. 

Os concurseiros que esperavam pelo processo seletivo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) poderão realizar as inscrições no certame a partir do dia 4 de julho. O concurso contará com vagas para sete cidades brasileiras e terá provas no dia 25 de setembro.

Dentre as vagas disponíveis, uma das 21 vagas será destinada ao Recife e as demais para o Rio de Janeiro (14 vagas), Manaus (2), Salvador (1), Curitiba (1), Belo Horizonte (1) e Brasília (1). As oportunidades que são para assistente técnico em gestão de saúde e exigem o nível médio, além de um ano de experiência.

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As inscrições deverão ser feitas através do site da Fiotec Fiocruz, a partir das 10h do dia 4 de julho e seguirão até o dia 8 de agosto. A taxa de participação será de R$ 70 e as provas - de língua portuguesa, raciocínio lógico e conhecimentos específicos - serão realizadas no dia 25 de setembro. 

A remuneração para o cargo será de R$ 2.313,61 iniciais, além de um auxílio alimentação de R$ 458 e gratificação que pode chegar a R$ 1.762, variando de acordo com especializações e outros títulos do aprovado. Para dúvidas, a Fiocruz disponibilizou um email - concurso@fiotec.fiocruz.br - e telefone o (21) 2209-2279, que podem auxiliar o candidato das 9h às 17h. 

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) comprovaram que a bactéria Wolbachia, quando presente no Aedes aegypti, é capaz de reduzir a transmissão do vírus zika. Publicado nesta quarta-feira (4), na revista científica Cell Host&Microbe, o estudo integra o projeto "Eliminar a Dengue: Desafio Brasil", que investiga a infecção do mosquito pela bactéria como estratégia para impedir a multiplicação de vírus no Aedes. A pesquisa mostra ainda que a Wolbachia, presente em 70% dos insetos na natureza, também reduz a replicação do zika no organismo do mosquito.

O estudo usou dois grupos de mosquitos Aedes aegypti: um com Wolbachia, criados em laboratório pela equipe do projeto, e outro sem a bactéria, coletados no Rio de Janeiro. Eles foram alimentados com sangue humano contendo cepas de zika isoladas em São Paulo e em Pernambuco.

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Depois de 14 dias, os pesquisadores coletaram amostras da saliva desses mosquitos e infectaram novos mosquitos, que nunca tinham tido contato com o vírus zika. Dos mosquitos que receberam saliva de Aedes com Wolbachia, nenhum se infectou com o vírus zika. Já no grupo que recebeu a saliva dos mosquitos sem a bactéria, 85% dos insetos ficaram "altamente infectados".

Em outra etapa, os mosquitos que receberiam a saliva contaminada pelo zika é que foram divididos entre os infectados com Wolbachia e os sem a bactéria. Quatorze dias depois, período em que o vírus já teria se espalhado pelo organismo do inseto e chegado à glândula salivar, 45% dos mosquitos com Wolbachia tinham o vírus, ante 100% do outro grupo.

Então, os pesquisadores se questionaram se esse vírus encontrado na saliva estava ativo e se o mosquito seria capaz de transmiti-lo. "Fizemos um modelo em laboratório para mostrar o que aconteceria na natureza: injetamos essa saliva entre 8 e 14 mosquitos que nunca viram o vírus. Depois de cinco dias, a gente fez o teste para ver se eles se tornaram infectados", contou Luciano Moreira, coordenador do "Eliminar a Dengue" e pesquisador do Centro de Pesquisa René Rachou, unidade da Fiocruz em Belo Horizonte. "A gente descobriu que, quando a saliva vem de mosquito que não tem Wolbachia, 100% foram capazes de transmitir o vírus. Quando veio de mosquito com Wolbachia, houve bloqueio da transmissão". Moreira ressalta que, na natureza, não há essa contaminação de um mosquito para o outro.

Os pesquisadores estudaram ainda como o zika se dissemina pelos tecidos do inseto contaminado por Wolbachia. Sete dias após a ingestão do sangue infectado com a cepa de Pernambuco, houve redução de 35% na replicação do vírus no abdômen, e 100% na cabeça/tórax do mosquito que tinha a bactéria, em relação ao mosquito sem Wolbachia. Quatorze dias depois, as reduções foram de 65% e 90%, respectivamente.

Já com a cepa de São Paulo, as reduções, nos primeiros sete dias, foram de 67% e 95%, no abdômen e na cabeça/tórax. Após 14 dias, os índices caíram para 68% e 74% na comparação com os mosquitos sem bactéria.

"Os resultados para zika se comparam aos melhores resultados para dengue. Essa estratégia se mostra bem promissora", afirmou Moreira. "Não quero dizer que a Wolbachia é a melhor estratégia. Tem que ter integração de estratégias que vão enfrentar o problema, seja o uso de inseticida, o de vacinas, quando forem criadas, e campanhas de conscientização da população para reduzir focos".

O projeto "Eliminar a Dengue: Desafio Brasil" é uma iniciativa sem fins lucrativos, que teve início no País em 2012. Houve liberação de mosquitos com bactéria Wolbachia nos bairros de Tubiacanga, na Ilha do Governador, zona norte do Rio, e Jurujuba, Niterói, no Grande Rio.

A Wolbachia está presente em 70% dos insetos na natureza, como a mosca da fruta e o pernilongo. Sem manipulação genética, os pesquisadores infectam o ovo do Aedes aegypti com microinjeções. Os insetos são liberados na natureza e os próprios mosquitos tratam de transmitir a bactéria: se a fêmea estiver contaminada, a prole já terá a Wolbachia, que passa a ser transmitida naturalmente de geração em geração. Se apenas o macho estiver infectado, os ovos que ele fertilizar não eclodem. O resultado mais recente divulgado pelo projeto mostrou que 80% dos mosquitos Aedes aegypti destas localidades possuíam a bactéria Wolbachia ao fim dos estudos de campo realizados entre agosto de 2015 e janeiro de 2016. O estudo é feito simultaneamente na Austrália, Indonésia, Colômbia e no Vietnã.

Recentemente, o Ministério da Saúde chegou a marcar um evento em que o então ministro, Marcelo Castro, anunciaria a expansão do projeto. Castro deixou o governo. O ato não ocorreu. "Temos conversado com o ministério sobre a possível expansão do projeto e com financiadores internacionais. Mas ainda não podemos dizer nem onde seria nem quando ocorreria essa expansão. Acredito que, com mais esse efeito de bloqueio contra o vírus zika, o projeto se mostre ainda mais promissor", afirmou Moreira.

Uma pesquisa que tenta traçar um perfil sobre dependentes do Crack, em Pernambuco, foi apresentada nesta quinta-feira (14), no Recife. Intitulada “Vulnerabilidade de usuários de crack ao HIV e outras doenças transmissíveis: estudo sociocomportamental e de prevalência no estado de Pernambuco”, o trabalho foi apresentado para pesquisadores, gestores e professores a fim de terem uma melhor ilustração da situação desses dependentes químicos. ,

“O seminário teve como objetivo principal fazer um evolutivo tanto pra gestores, acadêmicos e pesquisadores para que esses dados possam ser usados na requalificação deles e em políticas que tenham o norte na estratégia de redução de danos”, esclarece a pesquisadora Naíde Teodósio, envolvida no trabalho. Na ocasião foram divulgados os primeiros dados mais descritivos sobre o assunto, “para que o olhar seja voltado a esses cidadãos que vivem em enorme situação de risco”, acrescenta.

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A pesquisa

Com realização da Fiocruz Pernambuco e outros órgãos e entidades de saúde do estado, foram entrevistados 1.062 usuários de crack do Projeto Atitude, de idades entre 18 e 34 anos, de agosto de 2014 ao mesmo mês em 2015. Desse número, 819 são do sexo masculino e 243 femininos em situação de rua e com baixa escolaridade. 

Um dos pontos constatados foi que o tempo-médio de uso dessa droga é de nove anos, no entanto, os personagens da pesquisa já possuem, em média, oito anos de consumo, com início por volta dos 18 anos (44%). Foi também constatado que as mulheres possuem início no uso do entorpecente antes dos 15 anos de idade. Elas também relatam ter sofrido violência sexual antes e durante o ingresso no consumo ilícito. 

Quanto ao vínculo familiar, os números são inferiores ao esperado, de acordo com a pesquisadora. A maioria possui vínculo familiar rompido, e dos que possuem filhos, 4% dos homens ainda possui o elo, em contraponto com 19% das mulheres na mesma situação. Além desses dados, 41% dos entrevistados não trabalham atualmente. 

Correlação com doenças sexualmente transmissíveis

A pesquisadora afirma que escolheu o Projeto Atitude porque se trata de usuários em situação de rua e em vulnerabilidade, visto que o trabalho realizado pela iniciativa não se dá em reabilitação, mas sim, em acolhimento e apoio desses cidadãos. Nesse mesmo cenário, doenças sexualmente transmissíveis, violência sexual e outros crimes compõem o histórico de muitos dos participantes da pesquisa.

Foi identificado que o conhecimento sobre o HIV é menor que o da população geral e os números de casos de HIV e sífilis positivos são maiores entre as mulheres. Além dessas, há a presença de sífilis, hepatites e tuberculose. “Muito disso se dá por conta da troca de sexo pela droga ou a transferência de cachimbos ou canudos (utilizado para o consumo de crack em pó). Quanto ao histórico de crimes como o roubo, é um dos meios utilizados para se conseguir a droga”. O uso de crack em pó – uso verificado somente em Pernambuco - foi revelado por 54% dos entrevistados.

Com a realização da pesquisa, foi verificado que o projeto, mesmo não tendo o viés voltado para a desintoxicação do usuário, através do seu trabalho de conscientização e acolhimento, tem registrado o impacto na redução de uso e frequência de consumo. “O uso do crack tem repercussão no contexto que as pessoas estão inseridas, então, o acolhimento permite que o usuário possa pensar acerca do consumo da droga”, aponta a pesquisadora. 

Cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizaram um estudo que relata detalhes sobre a epidemia de zika no Rio de Janeiro em 2015 e propõe uma mudança nos critérios atuais para o diagnóstico da doença. A pesquisa, publicada na revista científica PLoS Neglected Tropical Diseases é a primeira a ser realizada com uma alta proporção de casos confirmados por diagnóstico molecular.

A equipe liderada por Patrícia Brasil, da Fiocruz, analisou os dados de 364 pacientes que haviam manifestado sintomas - especialmente coceira e erupções na pele - entre janeiro e julho de 2015. O vírus da zika foi detectado em 119 dos pacientes.

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De acordo com os autores do estudo, o primeiro desafio enfrentado foi o diagnóstico correto da zika, já que a doença tem sintomas parecidos com os da dengue e chikungunya. Como há grande proximidade genética entre os vírus da zika e da dengue, os testes sorológicos têm problemas para distinguir os dois vírus.

Segundo a pesquisadora, os testes moleculares detectam o vírus com precisão, mas são caros e limitados ao período em que o vírus está circulando no organismo. Já os testes sorológicos têm uma frequência muito grande de reações cruzadas com o vírus da dengue. "Dos pacientes que foram diagnosticados com zika, 35% tinham feito testes que apontaram reação cruzada com a dengue", disse Patrícia ao jornal O Estado de S. Paulo.

Os testes moleculares mostraram que, entre os 119 pacientes diagnosticados com zika, não havia nenhum positivo para dengue ou chikungunya. No entanto, tinham sintomas que eram facilmente confundidos com os dessas duas doenças. Segundo Patrícia, uma das conclusões do estudo é que o critério de diagnósticos da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) deveria ser modificado.

"A definição de casos de zika da Opas inclui febre entre os sintomas e não inclui prurido (coceira). Mas nós constatamos no estudo que uma parcela muito pequena, inferior a 10% dos pacientes, apresentavam febre muito baixa. E a quase totalidade deles tinha pruridos, além da vermelhidão na pele", disse Patrícia.

Segundo ela, a mudança do critério dificultaria os diagnósticos errados causados pelas reações cruzadas dos testes sorológicos. "O ideal seria ter métodos sorológicos rápidos. Mas até hoje no Brasil ainda não temos um método sorológico validado. Há vários laboratórios testando técnicas diagnósticas, mas hoje a reação cruzada ainda é muito grande. Precisamos de testes rápidos e específicos", disse a pesquisadora.

Outra constatação feita pelos pesquisadores é que nenhum dos 119 pacientes de zika havia viajado para fora do Rio de Janeiro quando ocorreu a infecção. Isso permite concluir, segundo os cientistas, que todos foram infectados na cidade.

No entanto, 11% dos infectados por zika tiveram os sintomas diagnosticados antes de maio de 2015, quando os casos de zika foram detectados no Nordeste. Isso significa que talvez a epidemia não tenha começado no Nordeste e se espalhado para o resto do país, como foi cogitado.

"Na realidade, ninguém sabe exatamente quando e por onde o vírus entrou no Brasil. Após a divulgação do primeiro caso positivo, no Nordeste, começamos a procurar e a analisar amostras de casos anteriores a essa data, que haviam inicialmente sido notificados como dengue", disse.

De acordo com a pesquisadora, o estudo tinha o objetivo de identificar uma doença emergente, cujos sintomas começaram a ser detectados no início de 2015. "Logo vimos que era uma doença nova", disse.

Patrícia explica que seu grupo, que tem foco em doenças emergentes, contribui especialmente para a vigilância sindrômica - uma estratégia de vigilância de epidemias que se baseia na detecção de um conjunto de manifestações clínicas comuns a diferentes doenças. Captando um maior número de casos, é possível adotar medidas de controle mais eficazes.

"A importância maior do estudo está na questão da vigilância sindrômica. Como estamos na Fiocruz, pudemos nos beneficiar da estrutura variada de laboratórios disponíveis para investigar as diferentes síndromes", disse.

Segundo ela, como não há tratamento antiviral para as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, a precisão do diagnóstico não é tão importante para o cuidado individual. Mas é crucial para a vigilância e controle da epidemia. "O diagnóstico é especialmente importante para a vigilância e controle da epidemia. Acho que precisamos reforçar a estrutura nacional de laboratórios de diagnósticos", declarou.

Dos 119 casos positivos estudados, quatro eram mulheres grávidas. Uma delas perdeu o bebê na décima semana de gravidez e as outras três tiveram filhos normais. Além disso, uma paciente foi hospitalizada com febre e manifestações neurológicas, desenvolvidas mais tarde, que tinham características da síndrome de Guillain-Barré.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está selecionando candidatos para 186 vagas de estágio, distribuídas entre estudantes de níveis médio e superior. Do total de oportunidades disponíveis, 19 são exclusivas para pessoas com deficiência. As inscrições para a seleção já estão abertas.

De acordo com a Fiocruz, os selecionados poderão atuar em uma das seis unidades da instituição. Pernambuco, Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Brasília e Rio de Janeiro são os estados onde os estagiários desempenharão suas atividades.

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Os interessados em participar do processo seletivo devem se inscrever, até 15 de abril, através do endereço virtual do CIEE. O resultado final da seleção deverá ser divulgado até 11 de julho e o início do estágio está marcado para 1º de agosto. As bolsas para os aprovados poderão passar de R$ 500. Confira mais informações no edital da Fiocruz.

O mosquito Aedes aegypti, atual inimigo número um da saúde no País por transmitir dengue, febre chikungunya e vírus zika, também pode ter um lado benéfico. Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, interior paulista, encontraram substâncias anti-inflamatórias na saliva do inseto capazes de controlar sintomas de doenças intestinais, como a doença de Crohn e a colite ulcerativa.

Os testes positivos foram feitos em camundongos, mas a expectativa é de que se repitam em seres humanos - próxima fase da pesquisa. O estudo começou há quatro anos, a partir da observação de que o mosquito anestesia a pele do hospedeiro ao picá-lo para se alimentar de sangue. Ao estudar os componentes da saliva, os pesquisadores chegaram aos elementos anti-inflamatórios.

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De acordo com a pesquisadora Cristina Ribeiro de Barros Cardoso, coordenadora da equipe, foram usados nos testes mosquitos sem infecção por qualquer tipo de vírus. O material extraído das glândulas salivares foi aplicado em camundongos que tiveram a colite ulcerativa e a doença de Crohn induzidas. "Logo nas primeiras aplicações notamos a melhora dos sintomas e, ao final, a doença foi totalmente inibida."

Apesar de ressaltarem que os estudos continuam e é cedo para falar em terapêutica para humanos, os pesquisadores estão otimistas. Além das respostas positivas, chamou a atenção o fato de o extrato da saliva não ter sido tóxico para as células do corpo tratado. Os efeitos colaterais são problema nos medicamentos para a colite e outras enfermidades intestinais. De acordo com a pesquisadora, ainda são necessários testes pré-clínicos específicos para confirmar que o extrato salivar do mosquito pode ser usado com segurança em seres humanos.

Zika

Em Sumaré, foi confirmado no fim de semana o primeiro caso de zika em gestante. A paciente está na 13ª semana de gravidez, mas o bebê não apresentou alteração relacionada com a microcefalia. Ainda está em investigação se a contaminação aconteceu na própria cidade. É o segundo caso de contaminação pelo vírus no município, mas o anterior envolveu um homem de 52 anos.

Dengue

O promotor de Justiça da Saúde de Presidente Prudente, Mário Coimbra, afirmou nesta segunda-feira, 7, que a cidade pode ter chegado a vinte mortes por dengue este ano, o que ele considera uma "catástrofe sem precedentes". Segundo ele, os números não são oficiais, mas podem ser confirmados nas próximas semanas, já que os resultados oficiais demoram para sair.

Ele disse que o Ministério Público considera que as mortes eram evitáveis e que os gestores públicos serão responsabilizados. A prefeitura de Presidente Prudente informou que não se manifestaria sobre as afirmações do promotor. Em boletim divulgado no dia 29 de fevereiro, a prefeitura informou que a cidade tem 3.273 casos confirmados e outras 5.076 notificações de dengue. Para a prefeitura, oficialmente são cinco mortes confirmadas e quatro em investigação.

A infecção por zika pode prejudicar o feto em qualquer fase da gravidez, não apenas se a mãe adoecer nas primeiras semanas de gestação, como se imaginava inicialmente. É o que mostra pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz e da Universidade da Califórnia, publicada no site da revista científica The New England Journal of Medicine. De 42 mulheres acompanhadas, 29% esperavam bebês com alterações no sistema nervoso central.

Os filhos de mulheres contaminadas entre a 5ª e a 38ª semanas de gravidez apresentaram más-formações, como microcefalia, calcificações cerebrais, restrição de crescimento intrauterino, ausência de hemisférios cerebrais. A infecção pelo vírus também afetou a função placentária e houve casos de grávidas com pouco líquido e até mesmo com ausência de líquido amniótico. Dois fetos morreram; suas mães haviam adoecido na 25ª e na 32ª semanas de gestação.

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O estudo, iniciado em setembro, antes mesmo de o Ministério da Saúde decretar emergência em saúde pública, acompanhou 88 mulheres com sintomas de zika, como manchas vermelhas no corpo, conjuntivite, dor de cabeça e dores nas articulações. Os exames deram positivo para zika em 72 mulheres (82%): 42 aceitaram ser acompanhadas e passaram por ultrassonografia; as demais alegaram que o local para os exames era distante de casa ou se negaram a fazer os testes por temer os resultados. As 16 que tiveram teste para zika negativo também passaram por ultrassonografias.

Todas eram saudáveis, e não apresentavam nenhum outro fator de risco além de terem contraído zika - possíveis causas de microcefalia, como sífilis, citomegalovírus e rubéola haviam sido afastadas nos exames. Um dado chamou a atenção dos pesquisadores e foi registrado no trabalho: 88% das grávidas já haviam tido dengue, confirmado por exames de sangue. As mulheres relataram ainda que outros parentes haviam contraído zika - 21% delas disseram que seus companheiros adoeceram.

Das 42 mulheres acompanhadas, 12 esperavam bebês com más-formações. As ultrassonografias mostraram que cinco deles tinham restrição de crescimento intrauterino (com ou sem microcefalia); quatro apresentavam calcificações cerebrais, dois tinham outras lesões do sistema nervoso central; quantidade insuficiente de líquido amniótico foram percebidas em sete crianças. Quatro fetos tinham fluxo anormal nas artérias cerebrais ou umbilicais.

Seis mulheres deram à luz e os achados na ultrassonografia foram confirmados: um bebê tinha microcefalia severa e atrofia cerebral; dois bebês diagnosticados com restrição do crescimento intrauterino foram considerados pequenos ao nascer e com cabeças proporcionais e um bebê cuja mãe apresentou pouco líquido amniótico nasceu com tamanho adequado para a idade gestacional. Duas mulheres que não tiveram zika deram à luz bebês sem nenhuma alteração.

Para os pesquisadores, esses resultados "fornecem apoio adicional" para mostrar a ligação entre a infecção de grávidas por zika e "anomalias fetais e placentárias". "Apesar de os sintomas clínicos leves , infecção pelo vírus zika durante a gravidez parece estar associada a resultados graves, como morte fetal, insuficiência placentária, restrição de crescimento fetal, e lesões do sistema nervoso central", escreveram os pesquisadores. Eles recomendam o cuidadoso acompanhamento dessas mulheres para avaliar os sinais de insuficiência placentária, que podem levar à morte do feto. O estudo, que reúne pesquisadores de diferentes instituições ligadas à Fiocruz, como o Instituto Nacional de Infectologia (INI) e o Instituto Fernandes Figueiras, ainda não foi encerrado. As crianças nascidas dessas mães serão acompanhadas por longo prazo em outras fases da pesquisa.

O surto do vírus zika no Brasil pode ter um novo vetor além do mosquito Aedes aegypti, segundo revelação feita ontem por pesquisadores do projeto de vetores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco. De acordo com a cientista Constância Ayres, o vírus foi encontrado ativo na glândula salivar e no intestino do mosquito Culex, o pernilongo comum.

"Isso significa que o atual vírus conseguiu escapar de algumas barreiras no mosquito e chegou à glândula salivar", explicou a pesquisadora durante o workshop A, B, C, D, E do vírus zika. No encontro, ela apresentou resultados preliminares da investigação que levaram à disseminação do vírus para a glândula salivar do mosquito, por onde aconteceria a transmissão da doença para humanos.

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A conclusão se deu após Constância realizar em laboratório três infecções em aproximadamente 200 mosquitos Culex criados em laboratório em dezembro e em fevereiro. No experimento, a pesquisadora alimentou por sete dias os pernilongos com sangue infectado pelo zika e a conclusão foi que o vírus se manteve ativo. Apesar de parcial, a pesquisa levanta forte hipótese de o Culex também transmitir o vírus da zika.

"Para concluir isso (em definitivo), só falta identificar em campo a espécie de mosquito infectada com o vírus da zika", ressaltou a bióloga que ingressará com a nova fase da pesquisa, partindo para análise do material de campo que está sendo coletado para chegar a uma conclusão - em seis a oito meses. "Nas casas e onde acontecem registros do vírus estão sendo coletados mosquitos das duas espécies. Trazemos esse material para o laboratório e fazemos os testes moleculares para detectar o vírus nessas espécies. Tendo realizada uma grande quantidade de amostras, poderemos ter uma ideia se o Aedes é o vetor exclusivo, se existem outros vetores e qual a importância de cada um na transmissão", afirma.

A presença do Culex em zonas urbanas do País supera em 20 vezes a incidência do Aedes, conforme os especialistas da Fiocruz. Ele também constituiria uma ameaça maior, por estar disseminado quase em todo o mundo, e por ter facilidade de reprodução em água suja - ao contrário do vetor comum de dengue, zika e chikungunya.

Cautela

Apesar do achado, especialistas dizem que o fato de o Culex ser "infectável" não indica obrigatoriamente que ele possa transmitir zika. "O experimento ainda é muito preliminar", disse Margareth Capurro, bióloga do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).

O assunto também foi discutido ontem nos Estados Unidos. Em debate sobre o combate à zika realizado na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Washington, o coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz, Paulo Buss, afirmou que será preciso pesquisar mais para descobrir se o vírus pode ser transmitido pelo Culex. "A possível transmissão não está descartada, mas ainda precisa ser provada. É uma das questões que ainda não sabemos responder", ressaltou. "Diversos estudos estão sendo levados adiante e as análises ainda estão sendo reunidas por entomologisatas e outros especialistas", afirmou Buss.

Balanço

No mesmo evento, a Opas informou que há 134 mil casos suspeitos de zika no continente e 2.765 confirmados. A organização destaca que, pelo fato de 80% das vítimas serem assintomáticas e ainda existir dificuldade de diagnóstico, esses números não representam o surto. (Colaboraram Fabiana Cambricoli e Fábio de Castro)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo o pesquisador da Fiocruz Rafael França, ainda vai levar um tempo até a existência de uma vacina de combate ao zika vírus. “Não existe a possibilidade antes de dez anos de se colocar uma vacina para a população. Quem colocar que em um ano está testando a vacina é mentira”, afirma o pesquisador.

Rafael França está desenvolvendo uma pesquisa sobre a biologia do vírus zika e sua interação com células humanas. O estudo foi primeiro colocado no edital do Fundo Newton, iniciativa do governo britânico que visa promover o desenvolvimento social e econômico por meio de pesquisa, ciência e da tecnologia.  A pesquisa de França busca desenvolver vacinas e remédios para combater o vírus, além de esclarecer se a zika infecta células do sistema nervoso.

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“Vacina não se descobre. As pessoas pensam ‘estou no laboratório e, ah, descobri a vacina, Eureka!”, ironiza o cientista. “Eu posso fazer uma vacina experimental no laboratório em alguns meses, mas tem que primeiro testar isso numa série de etapas”, destaca. 

Resumidamente, as etapas consistem em testar a vacina em uma célula, em um animal como um camundongo, em um animal mais complexo como um macaco para, em seguida, testar em humanos. “Você tem que ter certeza que ela é segura, não pode sair imunizando um número gigante porque ela pode dar algum efeito. Então a gente pega um pequeno número de pessoas e acompanha para ver se tem alguma reação. Esse é um estudo da fase um”, detalha França.

A fase dois consiste em testar o experimento em uma quantidade maior. Já na fase três, a última, a vacina é distribuída para um grande número de pessoas. Todo esse processo é regulamentado e as pessoas vacinadas na fase três precisam ser acompanhadas num período de três a cinco anos.  

A previsão do pesquisador da Fiocruz é bem desanimadora e diferente da divulgada pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, na última quarta-feira (24), durante a visita da diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, ao Recife. Na ocasião, Castro havia dito que o Butantan e o Instituto Evandro Chagas estão trabalhando em vacinas para Zika e a previsão era de que a vacina seria desenvolvida num período inferior a um ano, sendo utilizada em três anos. 

O vírus da zika que está circulando no Brasil é idêntico àquele que circulou em 2013 na Polinésia Francesa, onde acarretou pelo menos 17 casos de microcefalia. Essa é uma das conclusões obtidas por pesquisadores do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que fizeram o primeiro sequenciamento completo do genoma do vírus do zika no Brasil. Eles analisaram o vírus encontrado no líquido amniótico de duas grávidas de Campina Grande, na Paraíba.

Segundo os pesquisadores, o vírus é diferente daquele que circulou em países africanos como Uganda e Senegal, onde não foram registrados surtos de microcefalia. O micróbio encontrado no Brasil é mais parecido com o da encefalite japonesa, doença inflamatória do sistema nervoso central que pode causar malformações. A encefalite é causada por um vírus também transmitido por mosquitos. A semelhança entre os vírus causadores da zika e da encefalite japonesa deve abrir uma nova frente de estudos na tentativa de combater a zika. Como já existe vacina contra a encefalite, os pesquisadores planejam analisar os anticorpos das pessoas vacinadas para verificar se eles reagem também ao vírus da zika, dada a semelhança entre ambos. A expectativa dos cientistas é que os anticorpos do vírus da encefalite japonesa também neutralizem o zika vírus.

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Em até seis meses, pesquisadores terão um balanço da viabilidade do novo método de controle do mosquito Aedes aegypti. Desenvolvida pela Fiocruz Pernambuco e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), esta é a primeira técnica brasileira a utilizar energia nuclear para esterilizar os machos do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. 

A pesquisa está sendo realizada na Vila da Praia da Conceição, no Arquipélago de Fernando de Noronha. Em laboratório, os pesquisadores conseguiram reduzir em 70% o número de ovos férteis.

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De dezembro de 2015 até a primeira quinzena de fevereiro já foram feitas nove liberações de mosquitos estéreis, cada liberação com três mil machos. Fernando de Noronha foi escolhido como local de testes devido ao isolamento geográfico natural do arquipélago.

Através de uma dose de radiação gama, os insetos machos, ainda na fase de pupa – última antes da fase adulta/alada – são esterilizados. “As fêmeas podem acasalar durante apenas uma fase e costuma ser com um único mosquito”, comenta a coordenadora do projeto e pesquisadora da Fiocruz Pernambuco Alice Varjal, explicando por que a pesquisa diminuiria a população do Aedes.  

Para o projeto funcionar, entretanto, será necessária uma produção em massa de mosquitos. Os pesquisadores precisam fazer uma triagem, para que os mosquitos cultivados no insetário sejam apenas machos, que não precisam de sangue e não transmitem as doenças. Para uma seleção bem executada é preciso uma triagem mecânica. O aparelho está em fase de aquisição e não é vendido no Brasil, mas Varjal garante que não é de alto custo. 

Apesar dos 70% de redução de ovos férteis, o método terá dificuldades para fazer o controle em grandes cidades como Recife. “Recife é uma megalópole e isso traz muitas dificuldades, como a questão do aumento de imóveis e da falta de condições de saneamento em algumas localidades”, cita a pesquisadora. Ela não descarta, porém, a utilização dos mosquitos estéreis em pequenos bairros ou cidades menores. “Não se pode pensar que apenas uma técnica vai resolver o problema”, diz.  Varjal lembra  que na Itália, a técnica de mosquitos estéreis foi utilizada em pequenas cidades e conseguiu reduzir o Aedes albopictus em 80%.

Fernando de Noronha não tem escapado da epidemia de arboviroses e tem registrado um aumento significativo de casos notificados. Em 2014, o arquipélago teve 11 casos de dengue notificados, com nove confirmados. No ano passado, o número subiu para 463 notificações e 102 confirmações. Em 2016, já foram 62 notificações de arboviroses, ou seja, além de dengue, chikungunya e zika, com duas confirmações para chikungunya. “Temos uma quantidade muito grande de turistas que já vêm adoentados, mas estamos com uma vigilância permanente”, afirma a coordenadora de saúde de Noronha Fátima Souza.

Em até seis meses, os pesquisadores devem ter um resultado do estudo em campo para analisar se o método precisa de ajustes ou se já pode ser ampliado. Não há previsão para os mosquitos estéreis por energia nuclear serem utilizados em outra região.

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Um projeto em teste pela Fiocruz Pernambuco e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está usando energia nuclear como técnica de controle do Aedes aegypti em Fernando de Noronha. Em laboratório, o estudo conseguiu uma redução de 70% de ovos férteis.

A área escolhida para os testes foi a Vila da Praia da Conceição. Nela, mosquitos machos esterilizados com radiação gama, estão sendo liberados no ambiente para competir com os selvagens no acasalamento. Segundo a Fiocruz, ao vencerem a disputa do acasalamento, os mosquitos passam espermatozoides inviáveis, que são utilizados pelas fêmeas durante todo o processo de produção dos ovos, fazendo com que não sejam geradas novas larvas do inseto. Como a fêmea do Aedes aegypti costuma ficar disponível para acasalar apenas uma vez ao longo da vida, a expectativa é que o cruzamento com machos estéreis impeça sua reprodução e reduza a densidade populacional do inseto.

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Os mosquitos são produzidos em massa no insetário da Fiocruz Pernambuco e, ainda na fase de pupa – última antes da fase adulta/alada-, são esterilizados no irradiador do Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco (DEN-UFPE), cuja fonte radioativa é o Cobalto 60. O projeto utiliza uma subpopulação de mosquitos da própria ilha, para que sejam preservadas suas características genéticas, que já estão adaptadas às condições ambientais do local. 

De acordo com a Fiocruz, o projeto foi iniciado em 2013 e a primeira fase determinou que a dose de irradiação necessária para tornar os machos inférteis fica entre 40 e 50 Gy (Gray), sem comprometer outros aspectos importantes para a sua sobrevivência e para os objetivos do projeto, como a longevidade e o bom desempenho no acasalamento. No insetário, pesquisadores simularam a situação de campo, colocando machos estéreis e selvagens e fêmeas em grandes gaiolas.

Ainda segundo a Fiocruz, a escolha da Vila da Praia da Conceição não se deu por acaso. Além das características geográficas de isolamento que favorecem o estudo, existe uma ampla base de dados, gerada pelo sistema de monitoramento do vetor que já está consolidado no local, o SMCP-Aedes, desenvolvido pela Fiocruz Pernambuco e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

De dezembro de 2015 até a primeira quinzena de fevereiro foram feitas nove liberações, cada uma com três mil machos estéreis. O número de ovitrampas – espécie de armadilha – para a coleta de ovos de Aedes foi ampliado e cada imóvel situado nessa área – em torno de 25 – conta com uma armadilha. De acordo com a coordenadora do projeto, a pesquisadora da Fiocruz Pernambuco Alice Varjal, o impacto da medida será avaliado pela quantidade de ovos inviáveis que serão coletados. Serão medidas a fecundidade (quantidade de ovos colocados) e a fertilidade (viabilidade dos ovos). As avaliações começam a ser realizadas a partir do final de fevereiro. No laboratório, a fertilidade foi de apenas 30% dos ovos verificados.

A pesquisadora destaca que uma característica do Aedes é estratégica para sua sobrevivência e ainda dificulta a obtenção de resultados mais rápidos no controle do vetor. É a existência, em paralelo à população ativa de mosquitos – que está visível e se multiplicando regularmente -, de uma população inativa, representada por ovos dormentes, com potencial para produzir larvas. Nesses casos, os ovos aguardam que os criadouros, temporariamente secos, voltem a receber água. "A técnica vai interferir nessa população inativa, mas não de uma forma imediata. Só vamos observar o impacto de controle da densidade populacional do mosquito ao longo do tempo e com a continuidade da soltura dos machos estéreis", explica Varjal. Mais detalhes sobre o estudo serão divulgados pela própria pesquisadora na próxima segunda-feira (15).

Com informações da assessoria

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) acaba de divulgar que constatou a presença de vírus Zika, com potencial de provocar infecção, em amostras de saliva e de urina. Segundo a entidade, agora, essas novas formas de transmissão serão mais estudadas.

"Essa comprovação tem um significado muito grande porque, até então, todas as evidências não significavam capacidade de infecção, muda o patamar e a forma que fazemos as pesquisa", disse o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.

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Em entrevista à imprensa, a Fiocruz disse que a evidência de transmissão pelas excreções "sugere a necessidade de investigar a relevância de transmissão via oral".

Até então, a única via de transmissão do vírus, confirmada por autoridades sanitárias, é pela picada do mosquito Aedes aegypit.

O recém-criado Serviço de Referência Regional em Arbovírus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai investigar a continuidade da circulação do zika vírus nas regiões com maior incidência de casos. O estudo será realizado no laboratório de virologia e terapia experimental.

Os casos suspeitos de infecção pelo zika serão encaminhados para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs). Nessas unidades serão realizados testes sorológicos para dengue e outras infecções de interesse. O diagnóstico vai ser feito como prioridade para os LACENs.

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“A Fiocruz vai receber algumas poucas amostras, que tem como intuito apenas monitorar a circulação do vírus em alguns estados selecionados, que seriam Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte”, afirmou o pesquisador da Fundação, Rafael França. O Serviço vai testar semanalmente 30 amostras de soro sanguíneo de pacientes com diagnóstico clínico de zika. 

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Ainda conforme o pesquisador, os exames sorológicos para zika ainda não estão disponíveis para que possam ser implementados. “Estamos trabalhando em desenvolver novas metodologias para detecção de anticorpos anti-zika”.

"Uma limitação para os testes disponíveis atualmente é que eles detectam a presença de pequenos fragmentos dos genomas do vírus. E para conseguirmos detectar isso a pessoa tem que estar no período virêmico, ou seja, ela tem que estar com o vírus circulante no momento que a mostra foi detectada. Esse período ocorre em geral até sete dias após o aparecimento dos sintomas".

Um dos intuitos do laboratório é desenvolver novas ferramentas sorológicas que possam auxiliar no diagnóstico da infecação por zika e outros vírus de interesse.

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estão liberando no ambiente ovos de Aedes aegypti contaminados com uma bactéria que impede o mosquito de transmitir a dengue. Essa é uma nova etapa do projeto científico "Eliminar a Dengue: Desafio Brasil", que desde setembro do ano passado solta mosquitos infectados pela bactéria na forma adulta. A intenção dos pesquisadores ao deixarem os ovos contaminados eclodirem é que o mosquito esteja mais bem adaptado ao clima da região em que vai viver.

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse que essa é uma das pesquisas mais promissoras para o combate ao Aedes aegypiti, que transmite também zika e chikungunya. "O mosquito, quando contaminado por essa bactéria, perde a capacidade de transmitir a dengue. E admite-se que isso ocorra com zika e chicungunya também. Quando o mosquito macho contaminado cruza com a fêmea, transmite a bactéria. É uma DST (doença sexualmente transmissível) de mosquito que vamos espalhar", brincou o ministro no lançamento da campanha "10 Minutos Salvam Vidas", da Secretaria de Estado de Saúde.

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A bactéria Wolbachia está presente na maioria dos insetos, como o pernilongo, e foi introduzida em ovos do Aedes aegypiti por microinjeção. Se a fêmea estiver contaminada, a prole já terá a bactéria, que passa a ser transmitida naturalmente de geração em geração. Se apenas o macho estiver infectado, os ovos que ele fertilizar não eclodem. "Os mosquitos utilizados não são estéreis nem sofrem nenhum tipo de modificação genética. O objetivo não é a redução da população de mosquitos. A proposta é substituir a população que já existe no local por mosquitos Aedes com Wolbachia", explicou o pesquisador Luciano Moreira, coordenador do projeto.

Os primeiros insetos adultos contaminados com Wolbachia foram liberados na favela de Tubiacanga, na Ilha do Governador, zona norte do Rio, em setembro de 2014. Ao fim de 20 semanas, 65% dos mosquitos capturados na região tinham a bactéria. Logo depois houve redução dessa população de mosquitos. Os pesquisadores acreditam que isso tenha ocorrido pela dificuldade do mosquito nascido em laboratório se adaptar ao clima do bairro.

Os especialistas passaram a instalar pequenos recipientes de plástico, com ovos contaminados com Wolbachia. Esses potes são deixados nas casas de moradores voluntários, onde os ovos eclodem. Outras casas da vizinhança recebem dois tipos de armadilhas - uma para capturar mosquitos adultos e outra para recolher ovos e larvas. Os pesquisadores querem saber qual a proporção de insetos, ovos e larvas contaminadas.

A comerciante Bruna Leite, de 29 anos, moradora de Tubiacanga, tem uma armadilha para ovos e larvas na loja dela. "Tem muito mosquito aqui. Eu abro a loja e tenho que deixar o ventilador ligado para espantar os mosquitos. Mas faz muito tempo que ninguém aqui tem dengue. Acho que está fazendo efeito", conta ela. Bruna é voluntária porque o filho Jhonata Henrique, de 7 anos, teve a forma hemorrágica da doença. "Cada um tem que fazer a sua parte."

Além de Tubiacanga, o bairro de Jurujuba, em Niterói (cidade na região metropolitana), está passando por testes com os ovos de Aedes aegypti contaminados pela Wolbachia. Os pesquisadores também estudam o raio de ação dos mosquitos. Eles soltaram insetos "pintados" das cores vermelha, azul e verde. Quando esses mosquitos forem capturados nas armadilhas, será possível saber a distância que percorreram a partir do ponto de soltura. A pesquisa é de longo prazo. Os pesquisadores ainda não têm previsão sobre quando a estratégia poderá ser adotada em larga escala.

Na tarde desta quinta-feira (26), a Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco (Fiocruz PE) esclareceu através de nota a real contribuição do instituto em relação às pesquisas divulgadas na última quarta-feira (25). O estudo revelou a ligação entre o zika vírus e o desencadeamento na Síndrome de Gulliian-Barré, o que pode causar a microcefalia. 

O Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz PE) explica que a identificação de que tipo de comprometimento neurológico - se Síndrome de Gulliian-Barré ou outra qualquer outra - não foi feita pelos cientistas da Fiocruz e sim pelos médicos neurologistas da rede assistencial de saúde, Carlos Brito e Lúcia Brito. 

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Confira a nota na íntegra:

O Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz PE), a unidade da Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco, vem a público, por meio desta nota, esclarecer a sua real contribuição nas pesquisas que envolvem o zika vírus e algumas informações veiculadas pela imprensa a respeito do tema.

O primeiro ponto a ser esclarecido é que em 2014 não desenvolvemos qualquer estudo nem tão pouco realizamos testes para comprovação do zika vírus. Este ano, no entanto, dentro de um projeto de pesquisa voltado para o estudo da dengue – “Estudo prospectivo para a identificação de sinais clínicos, fatores virológicos e imunológicos preditivos da forma clínica severa da dengue”, aprovado no edital Programa de Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde – PPSUS Rede (3ª rodada)  – os pesquisadores encontraram, no universo de 224 casos suspeitos de dengue investigados laboratorialmente, dez amostras foram identificadas com detecção do material genético do vírus (diagnóstico molecular) positivas para o zika vírus. Dessas, ficou comprovado que sete amostras eram de pacientes com comprometimento neurológico. Salientamos que, a identificação de que tipo de comprometimento neurológico - se Síndrome de Gulliian-Barré ou outra qualquer outra - não foi feita pelos cientistas da Fiocruz e sim pelos médicos neurologistas da rede assistencial de saúde.

De fato, a única pesquisa da Fiocruz Pernambuco que envolve o zika vírus é o projeto “The emergence of Zika Virus in Brazil: investigating viral features and host responses to design preventive strategies”, recém aprovado no edital da Facepe, no último dia 03 de novembro de 2015. O projeto, que tem à frente o pesquisador do Deptº de Virologia e Terapia Experimental (Lavite) da Fiocruz PE, Rafael França, pretende produzir novos métodos para diagnóstico das infecções do zika vírus, realizar estudos epidemiológicos e biológicos do vírus através do estudo da interação vírus-células, usando modelos in vitro. O mesmo será desenvolvido no Lavite em parceria com o colaborador do Center of Virus Research – Universidade de Glasgow (Reino Unido) – e contará com apoio de pesquisadores da Universidade de São Paulo – USP.

Assim, qualquer outra atividade atribuída aos cientistas da Fiocruz Pernambuco não corresponde a verdade. Sugerimos aos profissionais da imprensa que, para maior segurança na veracidade das informações, busquem os contatos com nossos pesquisadores através da assessoria de comunicação da instituição.

Aproveitando o ensejo, ressaltamos que em relação aos recentes casos de microcefalia, todas as atividades da Fiocruz estão sendo desenvolvidas em consonância e em parceria com o Ministério da Saúde e com a Secretaria de Saúde de Pernambuco.

Profissionais da secretaria de saúde do Recife irão oferecer serviço de prevenção de câncer de próstata para cerca de 150 funcionários do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz), na UFPE. Ação faz parte do movimento nacional Novembro Azul. 

Os homens receberão teste rápido para HIV e sífilis, além de orientação em roda de conversa referente a DST, câncer de próstata, vacinação e distribuição de preservativos. 

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A ação contará com residentes e técnicos de enfermagem; assim como as coordenações de Saúde do Homem, Saúde da Mulher e o Programa Nacional de Imunização. 

Com informação da assessoria

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