Tópicos | Joesley Batista

O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou, neste sábado (20), que o dono da JBS, Joesley Batista, estava "insatisfeito" com o seu governo e, por isso, gravou a conversa entre eles para anexar ao acordo de delação premiada na Lava Jato. De acordo com o peemedebista, após ele assumir o comando do país e trocar, por exemplo, a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).  

"O BNDES mudou no meu governo. A presidente botou ordem na casa. Estamos acabando com os velhos tempos das facilidades aos oportunistas", declarou, fazendo referência à facilidade de liberação de empréstimos do banco a JBS. 

##RECOMENDA##

Segundo a delação premiada de Joesley, durante a administração do ex-ministro Guido Mantega, houve um pagamento de uma taxa de propina de 4% em cima de cada empréstimo aprovado para a empresa. Um relatório do Tribunal de Contas da União aponta que o BNDES perdeu R$ 711 milhões com JBS. 

Durante o pronunciamento na tarde deste sábado (20), Michel Temer também acusou Joesley de "falso testemunho" e disse que depois do depoimento, que prejudicou o Brasil, o empresário foi morar nos Estados Unidos. 

"Ele prejudicou o Brasil, enganou os brasileiros e agora mora nos EUA, diz Temer", disparou.

 

Foram identificados, por peritos judiciais e extraoficiais, dezenas de cortes nas gravações da conversa de Michel Temer pelo empresário Joesley Batista. Segundo um dos peritos, as edições podem desvalidar os áudios enquanto provas. 

De acordo com o perito Marcelo Carneiro de Souza, foram identificados 14 trechos fragmentados, conforme noticiou o jornal O Estado de S.Paulo. Um segundo especialista, Ricardo Caires dos Santos, em serviço da Folha de S.Paulo, concluiu que o áudio passou por mais de 50 edições. 

##RECOMENDA##

Para o primeiro especialista, todos os 14 cortes aconteceram entre os minutos 14 e 34. Entre o 6° e 12° minuto, o perito afirma que não houve edições. Por outro lado, Santos afirma que um dos cortes foi no momento em que Temer respondeu sobre sua relação com Eduardo Cunha. Para o especialista, e edição do áudio o desqualifica enquanto prova, ainda que haja coerência no conjunto.  

Em resposta às acusações do empresário Joesley Batista, os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicaram uma nota, nesta sexta-feira (19). No site oficial do petista, o texto destaca, principalmente, que as declarações do responsável pela JBS são baseadas em falas ouvidas de terceiros. Informações do empresário apontam que Lula e Dilma Roussaff teriam recebido 150 milhões de dólares como propina.

O texto, assinado pelos advogados de Lula, Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, também foi publicado na página oficial do Facebook de Lula. Veja, a seguir, a nota a íntegra: 

##RECOMENDA##

"Verifica-se nos próprios trechos vazados à imprensa que as afirmações de Joesley Batista em relação a Lula não decorrem de qualquer contato com o ex-Presidente, mas sim de supostos diálogos com terceiros, que sequer foram comprovados.

A verdade é que a vida de Lula e de seus familiares foi - ilegalmente - devassada pela  Operação Lava Jato. Todos os sigilos - bancário, fiscal e contábil - foram levantados e nenhum valor ilícito foi encontrado, evidenciando que Lula é inocente. Sua inocência também foi confirmada pelo depoimento de mais de uma centena de testemunhas já ouvidas - com o compromisso de dizer a verdade - que jamais confirmaram qualquer acusação contra o ex-Presidente.

A referência ao nome de Lula nesse cenário confirma denúncia já feita pela imprensa de que delações premiadas somente são aceitas pelo Ministério Público se fizerem referência - ainda que frivolamente - ao nome do ex-Presidente.

Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira"

O empresário Joesley Batista, dono da JBS, disse à Procuradoria-Geral da República (PGR) que sempre recebeu "sinais claros" - primeiro, pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e depois, pelo presidente Michel Temer - de que era necessário fazer pagamentos ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao corretor Lúcio Funaro, presos pela Lava Jato, para que ambos ficassem "calmos" e não partissem para a delação premiada.

O empresário contou que, em reunião no Palácio do Jaburu, no dia 7 de março, Temer lhe disse que Cunha o "fustiga", o que entendeu como "recado de que pagasse".

##RECOMENDA##

O empresário relatou trecho de conversa com Temer no qual tratou dos interesses da JBS em vários órgãos do governo. "Sobre o BNDES, Temer intercedeu pessoalmente a favor do grupo do depoente, segundo ele afirmou, tendo falado com a presidenta (Maria Sílvia), o que foi infrutífero", diz trecho de documento da PGR.

Joesley relatou também que o presidente lhe assegurou que seria possível ter uma pessoa no Cade, com quem poderia ter uma "conversa franca"; e que faria serem atendidos pleitos do empresário com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

O empresário Joesley Batista, da JBS, disse à Procuradoria-Geral da República (PGR) que seu grupo empresarial pagou, "nos últimos anos", R$ 400 milhões em propina a políticos e servidores públicos. A lista, segundo ele, inclui senadores, deputados e presidentes da República.

O delator contou que o levantamento dos valores foi feito por meio de uma investigação interna em seu grupo empresarial, que ele próprio determinou, antevendo que seria chamado a dar explicações ao Ministério Público Federal (MPF). A JBS é alvo de ao menos cinco operações policiais que avaliam fraudes contra a administração pública, lavagem de dinheiro e corrupção.

##RECOMENDA##

O empresário contou que seu grupo empresarial está envolvido em crimes há "10, 15 anos". O montante de doações legais a políticos, segundo ele estimou, é bem menor que o que foi o distribuído "por fora": R$ 100 milhões.

O termo de colaboração 1 do empresário Joesley Batista, do Grupo JBS, descreve o fluxo de duas 'contas-correntes' de propina no exterior, cujos beneficiários seriam os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O empresário informou à Procuradoria-Geral da República que o saldo das duas contas bateu em US$ 150 milhões em 2014. Ele disse que o ex-ministro Guido Mantega (Fazenda/Governos Lula e Dilma) operava as contas.

O delator informou que em 2009 destinou uma conta a Lula e no ano seguinte, outra para Dilma.

##RECOMENDA##

Joesley revelou que em dezembro de 2009, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) adquiriu de debêntures da JBS, convertidas em ações, no valor de US$ 2 bilhões, "para apoio do plano de expansão" naquele ano.

"O depoente escriturou em favor de Guido Mantega, por conta desse negócio, crédito de US$ 50 milhões e abriu conta no exterior, em nome de offshore que controlava, na qual depositou o valor", relatou Joesley.

Segundo o empresário, em reunião com Mantega, no final de 2010, o petista pediu a ele "que abrisse uma nova conta, que se destinaria a Dilma".

"O depoente perguntou se a conta já existente não seria suficiente para os depósitos dos valores a serem provisionados, ao que Guido respondeu que esta era de Lula, fato que só então passou a ser do conhecimento do depoente", contou o empresário.

"O depoente indagou se Lula e Dilma sabiam do esquema, e Guido confirmou que sim."

Joesley declarou que foi feito um financiamento de R$ 2 bilhões, em maio de 2011, para a construção da planta de celulose da Eldorado. O delator disse que Mantega "interveio junto a Luciano Coutinho (então presidente do BNDES) para que o negócio saísse".

"A operação foi realizada após cumpridas as exigências legais", afirmou Joesley. "Sempre percebeu que os pagamentos de propina não se destinavam a garantir a realização de operações ilegais, mas sim de evitar que se criassem dificuldades injustificadas para a realização de operações legais."

O empresário declarou que depositou, "a pedido de Mantega", por conta desse negócio, crédito de US$ 30 milhões em nova conta no exterior.

"O depoente, nesse momento, já sabia que esse valor se destinava a Dilma; que os saldos das contas vinculadas a Lula e Dilma eram formados pelos ajustes sucessivos de propina do esquema BNDES e do esquema-gêmeo, que funcionava no âmbito dos fundos Petros e Funcef; que esses saldos somavam, em 2014, cerca de US$ 150 milhões."

Segundo Joesley, a partir de julho de 2014, Mantega "passou a chamar o depoente quase semanalmente ao Ministério da Fazenda, em Brasília, ou na sede do Banco do Brasil em São Paulo, para reuniões a que só estavam presentes os dois, nas quais lhe apresentou múltiplas listas de políticos e partidos políticos que deveriam receber doações de campanha a partir dos saldos das contas".

Neste trecho de seu depoimento, Joesley cita o partido do Governo Michel Temer. O empresário destacou que o executivo Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da J&F (controladora da JBS), fazia o contato com partidos e políticos.

"A primeira lista foi apresentada em 4 de julho de 2014 por Guido ao depoente, no gabinete do Ministro da Fazenda no 15º andar da sede do Banco do Brasil em São Paulo, e se destinava a pagamentos para políticos do PMDB; que a interlocução com políticos e partidos políticos para organizar a distribuição de dinheiro coube a Ricardo Saud, Diretor de Relações Institucionais da J&F, exceção feita a duas ocasiões", relatou.

Joesley disse que em outubro de 2014 no Instituto Lula, encontrou-se com Lula e relatou ao petista que as doações oficiais da JBS já tinham ultrapassado R$ 300 milhões.

"Indagou se ele (Lula) percebia o risco de exposição que isso atraía, com base na premissa implícita de que não havia plataforma ideológica que explicasse tamanho montante; que o ex-presidente olhou nos olhos do depoente, mas nada disse", contou.

Em outra ocasião, em novembro de 2014, Joesley disse que "depois de receber solicitações insistentes para o pagamento de R$ 30 milhões para Fernando Pimentel, governador eleito de Minas Gerais, veiculadas por Edinho Silva (tesoureiro da campanha de Dilma em 2014), e de receber de Guido Mantega a informação de que 'isso é com ela', solicitou audiência com Dilma".

"Dilma recebeu o depoente no Palácio do Planalto; que o depoente relatou, então, que o governador eleito de MG, Fernando Pimentel, estava solicitando, por intermédio de Edinho Silva, R$ 30 milhões, mas que, atendida essa solicitação, o saldo das duas contas se esgotaria; que Dilma confirmou a necessidade e pediu que o depoente procurasse Pimentel", narrou aos investigadores.

Joesley afirma que, no mesmo dia, encontrou-se com Pimentel no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, e disse ao petista "que havia conversado com Dilma e que ela havia indicado que os 30 milhões deveriam ser pagos".

"Pimentel orientou o depoente a fazer o pagamento por meio da compra de participação de 3% na empresa que detém a concessão do Estádio Mineirão; que afora essas duas ocasiões, Edinho Silva, então tesoureiro da campanha do PT, encontrava-se, no período da campanha de 2014, semanalmente com Ricardo Saud e apresentava as demandas de distribuição de dinheiro; que Ricardo Saud submetia essas demandas ao depoente, que, depois de verificá-las com Guido Mantega, autorizava o que efetivamente estivesse ajustado com o então ministro da Fazenda."

Defesa

Em nota, os advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, que defendem Lula, afirmam: "Verifica-se nos próprios trechos vazados à imprensa que as afirmações de Joesley Batista em relação a Lula não decorrem de qualquer contato com o ex-Presidente, mas sim de supostos diálogos com terceiros, que sequer foram comprovados.

A verdade é que a vida de Lula e de seus familiares foi - ilegalmente - devassada pela Operação Lava Jato. Todos os sigilos - bancário, fiscal e contábil - foram levantados e nenhum valor ilícito foi encontrado, evidenciando que Lula é inocente. Sua inocência também foi confirmada pelo depoimento de mais de uma centena de testemunhas já ouvidas - com o compromisso de dizer a verdade - que jamais confirmaram qualquer acusação contra o ex-Presidente.

A referência ao nome de Lula nesse cenário confirma denúncia já feita pela imprensa de que delações premidas somente são aceitas pelo Ministério Público se fizerem referência - ainda que frivolamente - ao nome do ex-Presidente."

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa se manifestou em sua conta pessoal no Twitter, na manhã desta sexta-feira (19), com relação ao último escândalo envolvendo o presidente da República, Michel Temer. O advogado sugere que os brasileiros saiam às ruas e peçam a saída de Temer.

“Isoladamente, a notícia extraída de um inquérito criminal e veiculada há poucas semanas, de que o Sr. Michel Temer usou o Palácio do Jaburu para pedir propina a um empresário, seria um motivo forte o bastante para se desencadear um clamor pela sua renúncia. Nada aconteceu, não é mesmo?”, inicia Barbosa, reforçando que líderes políticos, empresariais e parte da imprensa minimizaram os fatos.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

“Agora vieram a público as estarrecedoras revelações do Sr. Joesley Batista sobre o mesmo personagem, Temer. São fatos gravíssimos. Não há outra saída: os brasileiros devem se mobilizar, ir para as ruas e reivindicar com força: a renúncia imediata de Michel Temer”, conclui o ex-ministro. 

Em outro trecho da gravação entre Joesley Batista, dono do grupo J&F, e Michel Temer, o empresário comunica ao presidente as diversas manobras utilizadas para interferir nas investigações da Justiça Federal que envolviam a J&F e a JBS, que faz parte do grupo. O presidente não demonstra surpresa nem condena a atitude em nenhum momento do áudio.

“Eu estou segundo as pontas", diz Joesley. "Aqui eu dei conta, de um lado, o juiz, dar uma segurada, do outro lado o juiz substituto, que é o cara que fica... segurando os dois”. O empresário continua: “Consegui um procurador dentro da força-tarefa, que está também me dando informação e eu estou pra dar conta de trocar o procurador que está atrás de mim”.

##RECOMENDA##

Joesley, então, explica que trocar o procurador pode ser benéfico ou não. “O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar e o lado ruim é que sem um cara com raiva ou não sei o quê...(...) eu estou me defedendo, me segurando e tal”. Durante a gravação, é perceptível que Temer compreendia as falas do empresário. 

LeiaJá também

--> Ouça a gravação entre Michel Temer e Joesley Batista

A gravação entre o presidente da República, Michel Temer, e o dono da J&F Joesley Batista, foi divulgada à imprensa no início da noite desta quinta-feira (18). O material gerou a autorização para abertura de inquérito para investigar Michel Temer por obstrução. 

No início da conversa entre o empresário e o presidente, ainda nas formalidades, Temer menciona como a oposição estava no pé dele. “Eles lançaram o negócio do golpe, golpe, golpe, não passou. ‘A economia não vai dar certo’, começou a dar certo. Então os caras estão num desespero”, diz o presidente.

##RECOMENDA##

Ele continua: “Nós vamos atravessar isso aí, você vai ver, vamos chegar no final deste ano já muito melhor. E 2018 vamos comemorar”. 

LeiaJá também

--> Ouça a gravação entre Michel Temer e Joesley Batista

Foi liberado, nesta quinta-feira (18), o áudio gravado entre Joesley Batista, da JBS, e o presidente da República Michel Temer. A gravação ganhou repercussão porque o presidente aparece aprovando que Eduardo Cunha receba propina para se manter em silêncio.  "Tem que manter isso, viu?" diz Temer após Joesley informar que fazia o pagamento de mesadas para Cunha e o operador Lúcio Funaro. 

Fachin autorizou a abertura de inquérito por obstrução contra Michel Temer. O presidente, em declaração nesta tarde, disse que não renunciará. 

##RECOMENDA##

[@#podcast#@]

O senador Aécio Neves (PSDB) é acusado de pedir R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da JBS, para tentar barrar a Operação Lava Jato e anistiar o caixa dois no Congresso. A transcrição completa do diálogo foi divulgada pelo site BuzzFeed Brasil na tarde desta quinta-feira (18). 

Confira a íntegra:

##RECOMENDA##

Aécio — Esses vazamentos, essa porra toda, é uma ilegalidade.

Joesley — Não vai parar com essa merda?

Aécio — Cara, nós tamos vendo (...) Primeiro temos dois caras frágeis pra caralho nessa história é o Eunício [Oliveira, presidente do Senado] e o Rodrigo [Maia, presidente da Câmara], o Rodrigo especialmente também, tinha que dar uma apertada nele que nós tamos vendo o texto (...) na terça-feira.

Joesley — Texto do quê?

Aécio — Não... São duas coisas, primeiro cortar o pra trás (...) de quem doa e de quem recebeu.

Joesley — E de quem recebeu.

Aécio — Tudo. Acabar com tudo esses crimes de falsidade ideológica, papapá, que é que na, na, na mão [dupla], texto pronto nãnã. O Eunício afirmando que tá com colhão pra votar, nós tamo (sic). Porque o negócio agora não dá para ser mais na surdina, tem que ser o seguinte: todo mundo assinar, o PSDB vai assinar, o PT vai assinar, o PMDB vai assinar, tá montada. A ideia é votar na... Porque o Rodrigo devolveu aquela tal das Dez Medidas, a gente vai votar naquelas dez... Naquela merda das Dez Medidas toda essa porra. O que eu tô sentindo? Trabalhando nisso igual um louco.

Joesley — Lógico.

Aécio — O Rodrigo enquanto não chega nele essa merda direto, né?

Joesley — Todo mundo fica com essa. Não...

Aécio — E, meio de lado, não, meio de leve, meio de raspão, né, não vou morrer. O cara, cê tinha que mandar um, um, cê tem ajudado esses caras pra caralho, tinha que mandar um recado pro Rodrigo, alguém seu, tem que votar essa merda de qualquer maneira, assustar um pouco, eu tô assustando ele, entendeu? Se falar coisa sua aí... forte. Não que isso? Resolvido isso tem que entrar no abuso de autoridade... O que esse Congresso tem que fazer. Agora tá uma zona por quê? O Eunício não é o Renan.

Joesley — Já andaram batendo no Eunício aí, né? Já andaram batendo nas coisas do Eunício, negócio da empresa dele, não sei o quê.

Aécio — Ontem até... Eu voltei com o Michel ontem, só eu e o Michel, pra saber também se o cara vai bancar, entendeu? Diz que banca, porque tem que sancionar essa merda, imagina bota cara.

Joesley — E aí ele chega lá e amarela.

Aécio — Aí o povo vai pra rua e ele amarela. Apesar que a turma no torno dele, o Moreira [Franco], esse povo, o próprio [Eliseu] Padilha não vai deixar escapulir. Então chegando finalmente a porra do texto, tá na mão do Eunício.

(...)

Joesley — Esse é bom?

Aécio — Tá na cadeira (...). O ministro é um bosta de um caralho, que não dá um alô, peba, está passando mal de saúde pede pra sair. Michel tá doido. Veio só eu e ele ontem de São Paulo, mandou um cara lá no Osmar Serraglio, porque ele errou de novo de nomear essa porra desse (...). Porque aí mexia na PF. O que que vai acontecer agora? Vai vim um inquérito de uma porrada de gente, caralho, eles são tão bunda mole que eles não (têm) o cara que vai distribuir os inquéritos para o delegado. Você tem lá cem, sei lá, 2.000 delegados da Polícia Federal. Você tem que escolher dez caras, né?, do Moreira, que interessa a ele vai pro João.

Joesley — Pro João.

Aécio — É. O Aécio vai pro Zé (...)

[Vozes intercaladas]

Aécio — Tem que tirar esse cara.

Joesley — É, pô. Esse cara já era. Tá doido.

Aécio — E o motivo igual a esse?

Joesley — Claro. Criou o clima.

Aécio — É ele próprio já estava até preparado para sair.

Joesley — Claro. Criou o clima.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, homologou nesta quinta-feira (18) a delação premiada dos irmãos Joesley Batista e Wesley Batista, donos do grupo JBS. A informação foi confirmada pela assessoria da Corte. As delações permanecem sob sigilo de Justiça.

Os empresários firmaram o acordo com o Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Lava Jato. Fachin é o relator da operação no STF.

##RECOMENDA##

No início da noite dessa quarta (17), o jornal O Globo publicou reportagem, segundo a qual, em encontro gravado, em áudio, pelo empresário Joesley Batista, o presidente Michel Temer teria sugerido que se mantivesse pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e ao doleiro Lúcio Funaro para que esses ficassem em silêncio. Cunha está preso em Curitiba.

De acordo com a reportagem, outra gravação feita por Batista diz que o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), teria pedido R$ 2 milhões ao empresário. O dinheiro teria sido entregue a um primo de Aécio. A entrega foi registrada em vídeo pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho do dinheiro e descobriu que o montante foi depositado numa empresa do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).

Na manhã de hoje, a PF fez bucas na casa e no gabinete do senador em Brasília e em endereços relacionados a ele no Rio de Janeiro. A irmã do parlamentar, Andrea Neves, foi presa em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Respostas

A Presidência da República divulgou nota na noite desta quarta-feira (17) na qual informa que o presidente Michel Temer "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha", que está preso em Curitiba, na Operação Lava Jato.

Em nota, a assessoria de Aécio Neves disse que o senador "está absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos. No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários".

Desde o início da manhã desta quinta-feira (18), agentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) realizam uma operação da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro. Estão sendo cumprindo pelo menos três mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao senador Aécio Neves (PSDB), à irmã dele, Andrea Neves, e Altair Alves Pinheiro, braço direito do deputado Eduardo Cunha (PMDB).

No Congresso Nacional, em Brasília, buscas também estão sendo realizadas nos gabinetes do tucano, além nos do senador Zeze Perrella (PMDB-MG) e do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).

##RECOMENDA##

As equipes deixaram a sede da Polícia Federal, na Zona Portuária do Rio, por volta das 5h30 e se dirigiram a endereços nos bairros de Ipanema (onde mora o senador), de Copacabana (onde a irmã tem apartamento) e do Maracanã (residência de Altair Pinheiro).

Um chaveiro foi chamado para ajudar no trabalho dos agentes em Ipanema, já que não havia ninguém na casa de Aécio Neves. Um funcionário que trabalha no hotel ao lado foi chamado para ser testemunha.

A operação foi deflagrada após a delação de Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, que entregou uma gravação de áudio na qual Aécio Neves pede a ele R$ 2 milhões. No áudio, o senador tucano justifica o pedido alegando que necessitava do dinheiro para pagar sua defesa na Lava Jato. A informação foi divulgada pelo jornal "O Globo" ontem à noite (17).

O dinheiro teria sido entregue ao primo de Aécio, Frederico Pacheco de Medeiros, que foi diretor da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), nomeado pelo tucano, e um dos coordenadores de sua campanha à Presidência em 2014. A assessoria de imprensa do senador informou que ele "está absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos" e disse que o tucano "aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários".

Através de sua assessoria, Aécio Neves se posicionou quanto às acusações feitas por Joesley Batista, um dos donos da JBS, de que teria pedido - e recebido - 2 milhões de reais. O dinheiro seria para pagar os custos da defesa do senador nos processos relacionados à Operação Lava Jato, mas, segundo a delação de Joesley, foi direcionado a Perrella.

A nota divulgada nas redes sociais de Aécio afirma que o presidente do PSDB "está absolutamente tranquilo em relação à correção de todos os seus atos". Também diz que a relação do senador com Joesley Batista "era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público".

##RECOMENDA##

Leoa a íntegra da nota divulgada pela assessoria de Aécio Neves:

"O senador Aécio Neves está absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos. No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários."

A Polícia Federal esteve na manhã desta sexta-feira, 1, na residência de Joesley Batista, sócio do grupo que controla a JBS, dona da Friboi, nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, onde cumpriu um mandado de busca e apreensão na Operação Sépsis, desdobramento da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga as propinas pagas ao presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por empresas que receberam recursos do fundo FI-FGTS.

Além dele, imóveis do empresário Henrique Constantino, um dos donos da GOL, também foram alvo de mandados de busca e apreensão.

##RECOMENDA##

A operação realizou buscas ainda na Eldorado, empresa da holding J&F, controladora da JBS, que fica no mesmo prédio da sede da Friboi em São Paulo, e na casa do lobista Milton Lyra. Ao todo foram cumpridos um mandado de prisão preventiva, do lobista Lucio Bolonha Funaro, apontado pelo MPF como operador de Cunha, e 19 mandados de busca: 12 em São Paulo, 2 no Rio de Janeiro, 3 em Pernambuco e 2 no Distrito Federal.

A operação tem origem em duas delações premiadas: a do ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto e a do ex-diretor de Relações Institucionais do Grupo Hypermarcas Nelson Mello. Cleto afirma, em delação, que Eduardo Cunha ficou com 1% de negócio de R$ 940 milhões aprovado pelo FI-FGTS com a Eldorado.

Fabio Cleto contou que a negociação do aporte da Eldorado foi feita com o controlador da J&F, Joesley Batista, supostamente apresentado a ele por Funaro num jantar na casa do operador financeiro.

Além disso, o FI-FGTS possuía, ao final do ano passado, R$ 1,149 bilhão em debêntures da Eldorado Brasil Celulose, conforme as demonstrações financeiras do fundo correspondente a 2015.

No demonstrativo financeiro citado consta que "os recursos captados por meio dessa emissão são destinados para o desenvolvimento do projeto de construção e implantação do tratamento de águas e efluentes relacionados ao projeto localizado na cidade de Três Lagoas-MS, bem como investimento em soluções para transporte rodoviário e hidroviário da emissora".

Nem Joesley Batista nem Henrique Constantino comentaram ainda a operação de hoje.

Pela manhã, a JBS se manifestou em comunicado. "A JBS comunica a seus acionistas e ao mercado em geral que, em relação às notícias veiculadas na data de hoje pela imprensa, a Companhia, bem como seus executivos, não é alvo e não está relacionada com a operação da Polícia Federal ocorrida na manhã de hoje".

Já a assessoria de Constantino divulgou: "A Via Rondon informa que, um de seus diretores, Henrique Constantino, foi procurado na manhã desta sexta-feira pelo MPF para apresentar a documentação pertinente a empréstimo tomado junto ao Fundo Investimentos FGTS, solicitação esta que foi prontamente atendida. Ressaltamos que a solicitação do MPF está relacionada unicamente com a Via Rondon e não possui qualquer relação com outras empresas da família Constantino."

A Eldorado afirmou que "confirma que a Polícia Federal realizou busca e apreensão em suas dependências em São Paulo na manhã de hoje. A companhia desconhece as razões e o objetivo desta ação e prestou todas as informações solicitadas. A Eldorado sempre atuou de forma transparente e todas as suas atividades são realizadas dentro da legalidade. A companhia se mantém à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais."

O controlador do grupo J&F Participações, Joesley Batista, e a ex-presidente do banco Rural Kátia Rabello foram indiciados pela Polícia Federal, acusados de fazerem empréstimos cruzados entre instituições financeiras nas quais têm participação. Consideradas ilegais, as operações envolveram empréstimos de R$ 160 milhões. A pena pelo crime contra o sistema financeiro pode chegar a seis anos de reclusão, além de multa.

Segundo a Polícia Federal, as empresas recorreram à troca de empréstimos numa operação conhecida como "chumbo cruzado", muitas vezes usada para simular negócios e inflar balanços. Em outra investigação, o Banco Central também viu irregularidades nos empréstimos entre o banco Rural e o banco Original, que pertence à J&F.

##RECOMENDA##

O indiciamento ocorre quando a autoridade policial se convence de que há indícios suficientes de que o investigado praticou a infração penal e que deve ser denunciado pelo Ministério Público à Justiça, mas não significa condenação. A J&F negou ter realizado operação casada.

Investigação

A investigação da Polícia Federal chamou a atenção para empréstimos feitos em datas muito próximas entre empresas dos dois grupos. Segundo a apuração, o banco Rural emprestou R$ 80 milhões ao grupo J&F Participações S/A e à empresa Flora Produtos de Higiene e Limpeza, que pertence ao J&F, em 22 de dezembro de 2011. No mesmo dia em que as empresas do grupo J&F receberam os empréstimos em suas contas no banco Rural, o dinheiro foi transferido às contas no banco Original.

Quatro dias depois, o banco Original repassou os R$ 80 milhões para a Trapézio S/A, empresa holding que controlava as instituições financeiras do Rural. Três dias depois dessa transação, a Trapézio aplicou parte do valor (R$ 65 milhões) no aumento de capital social do banco Rural, ao integralizar ações ordinárias nominativas. Na época, o Rural era pressionado pelo BC a reforçar seu capital. Com a operação, o Rural obteve a "folga" financeira necessária.

Outro ponto que chamou a atenção da Polícia Federal foi o fato de o próprio banco Original ter indicado que as condições para o empréstimo para a Trapézio eram desfavoráveis. O empréstimo correspondia a 4,5 vezes o patrimônio líquido da Trapézio em novembro daquele ano. Na classificação de risco feita pelo Original, a nota da Trapézio era D-.

Na véspera

A PF também chamou a atenção para o fato de que as empresas tomadoras dos empréstimos não tinham relacionamento bancário com as instituições financeiras até a véspera da operação de crédito. A Trapézio abriu uma conta no Original uma semana antes da liberação dos recursos. A Flora Produtos abriu a conta no Rural um dia antes de conseguir o empréstimo e a J&F Participações, apenas três dias antes.

Nem Joesley nem Kátia participaram das decisões dos comitês de crédito dos bancos que aprovaram a concessão dos empréstimos. Joesley, contudo, foi o avalista dos contratos firmados entre a J&F e a Flora Produtos com o Rural. Kátia assinou o contrato pela Trapézio. A PF conclui, ainda, que Joesley foi o "responsável" pela decisão das operações financeiras realizadas pelo grupo econômico controlado pela J&F. O indiciamento pela PF foi encaminhado ao Ministério Público, que ainda não se posicionou.

Outras 15 pessoas entre diretores dos bancos Rural e Original supostamente envolvidos nas operações irregulares e administradores das empresas usadas para a triangulação também foram indiciados pela PF em 16 de janeiro deste ano. O inquérito tramitou em Porto Alegre (RS), sede do banco Original, e foi aberto a pedido do Ministério Público Federal de Minas Gerais, por sua vez acionado pelo Banco Central.

Entre os indiciados pela PF estão três executivos do Rural que também foram condenados na Ação Penal 470 (mensalão): a própria Kátia Rabello, com pena de 16 anos e 8 meses, e os ex-diretores Vinícius Samarani e José Roberto Salgado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando