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Centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de Madri, neste domingo (12), em um novo protesto para defender o sistema público de saúde da região que atende a capital da Espanha, sobrecarregado há meses por falta de pessoal e recursos.

Os manifestantes, entre eles vários profissionais do setor da saúde, partiram de diferentes pontos de Madri com tambores e apitos até se aglomerarem na frente da prefeitura. Nas mãos, carregavam cartazes com a frase "Saúde não se vende, se defende".

O protesto reuniu 250.000 pessoas, segundo as autoridades, e cerca de meio milhão, de acordo com os organizadores, que pediram "mais recursos" para o governo de Madri, acusado de favorecer os prestadores de serviço privados em detrimento do sistema público de saúde.

Essa é a terceira maior mobilização em menos de três meses na capital da Espanha, depois de um protesto em 13 de novembro, e outro, em 15 de janeiro.

Em Madri, parte dos médicos do sistema público está em greve desde 21 de novembro, por tempo indeterminado. A categoria reivindica melhores condições de trabalho, uma menor carga de pacientes e aumento salarial.

A insatisfação com as carências do sistema de saúde afeta diversas regiões de um país descentralizado, no qual as autoridades autônomas são responsáveis pela gestão de áreas como a saúde. Em Madri, cidade governada pelo Partido Popular, de direita, o movimento de protesto é mais forte.

De jaleco branco e segurando uma chave de fenda que será usada como bisturi, Antonio Martínez Rivas ouve um carro de controle remoto no "Hospital dos Brinquedos", localizado em Madri, uma oficina única que está prestes a fechar as portas após meio século de reparos.

Este apaixonado "médico", de 70 anos, que se aposentará em 31 de dezembro, trabalha em sua "mesa de cirurgia" poucos dias antes do último Natal que viverá em sua oficina.

"Agora sou eu que vão consertar", diz a um cliente esse homem de bigode grisalho e voz rouca, que luta contra um terceiro câncer.

Iluminada por um pálido néon e cercada por ferramentas e peças soltas, sua mesa de operação ocupa a lateral de uma oficina lotada até o teto de brinquedos coloridos.

Bonecas, jogos de tabuleiro, bichos de pelúcia, cavalos de madeira enviados por clientes espanhóis, mas também da França, do Reino Unido, de Portugal e até do Uruguai, povoam sua oficina, transformada em uma máquina que permite viajar no tempo até o início do século passado.

“Somos os únicos que se dedicam a [restaurar] todo o tipo de brinquedo” na Espanha, conta este madrilenho, que aprendeu o ofício com o pai.

- "Espírito do brinquedo" -

Os clientes “que mais vêm são os adultos nostálgicos de algo que tiveram quando crianças”, conta Antonio.

“Tem quem diga: 'não mude nada, se colocar forro novo, deixe o que tem dentro, porque esse é o espírito do brinquedo'”, afirma.

David Hinojal, um cliente de 40 anos, foi buscar um macaco de pelúcia que grita quando sua barriga é apertada.

"É um presente que trouxe para minha sogra, do México, anos atrás", relembra.

"Ela faleceu, e temos muito carinho pelo bichinho de pelúcia", diz, com um sorriso.

A professora Julia Fernández chega de Barcelona com o marido para conhecer a oficina.

“Soubemos que o Hospital de Brinquedos ia fechar e achamos muito interessante ter a oportunidade de vir”, conta.

- Reciclagem -

“É uma pena que fechem (...) porque é uma espécie de reciclagem de brinquedos, de estimular a reciclagem, de não consumir mais”, diz David Hinojal.

“Se continuarmos a jogar fora desse jeito, sem motivo, o lixo vai nos devorar”, defende Antonio, que porá fim a uma longa aventura familiar.

Em 1945, seu pai abriu uma pequena fábrica de brinquedos artesanais. Com o passar do tempo e com a chegada de brinquedos de plástico que não conseguia produzir, transformou o espaço em uma oficina de reparos.

“Quando voltava da escola, com 12, 13 anos, terminava o dever de casa e sentava com ele na bancada de trabalho”, lembra, ao explicar como aprendeu o ofício, uma mistura de bricolage, artesanato, relojoaria.

Antonio, que assumiu o lugar do pai na década de 1970 e não tem funcionários, enfrentou a chegada dos videogames, que diminuíram o interesse pelos brinquedos tradicionais.

“Agora estão todos com o tablet, o celular, ou o console do videogame", lamenta.

Nenhum de seus três filhos quis continuar no negócio, e os poucos aprendizes que passaram pela loja logo percebiam que o ofício dificilmente dava lucro, em meio a longas horas de trabalho na oficina e aos baixos salários.

“Depois de tantos anos de trabalho, tudo que fica são emoções e tristeza, porque tem um monte de clientes que não são mais clientes, são amigos”, afirma, baixando a cabeça.

Como despedida, os amigos que o ajudam na loja penduraram um cartaz no balcão onde se pode ler: "'Quase' tudo está à venda (o patrão não se deixou rotular)".

Uma carta dirigida ao presidente do Governo espanhol Pedro Sánchez, semelhante à que explodiu na quarta-feira (30) na embaixada ucraniana em Madri, causando ferimentos leves a uma pessoa, foi interceptada há uma semana pelas autoridades, revelou o Ministério do Interior nesta quinta-feira (1º).

Um "envelope com material pirotécnico dirigido ao presidente do Governo" foi "detectado e neutralizado pelos serviços de segurança" do Palácio da Moncloa no dia 24 de novembro, segundo o comunicado do ministério, que acrescenta ser semelhante tanto na aparência como no conteúdo ao recebido na embaixada ucraniana na capital espanhola.

"À espera dos resultados definitivos das análises que estão sendo realizadas, o envelope pode conter uma substância semelhante à utilizada em fogos de artifício", disse o ministério.

Após a sua detecção, a segurança da Moncloa "procedeu à deflagração controlada do envelope", explicou.

Além da carta dirigida a Sánchez e da que explodiu na embaixada ucraniana, dois outros envelopes foram interceptados na tarde de quarta-feira e na manhã desta quinta, respectivamente, na sede da empresa de armas Instalaza, em Zaragoza (nordeste), e na base militar de Torrejón de Ardoz, perto de Madri.

"Aguardando o andamento das investigações e os resultados das análises que estão sendo realizadas pelos peritos da Polícia Nacional, tanto as características dos envelopes quanto o seu conteúdo são semelhantes nos quatro casos", acrescentou o ministério.

Na quarta-feira, um funcionário encarregado da segurança da embaixada ucraniana em Madri foi ferido levemente na mão pela explosão de uma carta-bomba endereçada ao embaixador, que levou Kiev a ordenar o reforço da segurança em todas as suas representações diplomáticas.

A Justiça espanhola, que abriu ontem uma investigação por um possível crime de terrorismo após o acontecimento na embaixada ucraniana, indicou nesta quinta que juntou todos os fatos em um mesmo caso, incluindo um quinto envelope suspeito enviado para a sede do Ministério da Defesa.

- Cartas em série -

Na tarde da mesma quarta-feira, foi detectado outro envelope "suspeito" na sede da empresa de armas Instalaza, em Zaragoza (nordeste), segundo o Ministério do Interior, que acrescentou que as unidades policiais de desativação de explosivos (TEDAX) realizaram "uma explosão controlada do dispositivo".

A Instalaza fabrica um lançador de granadas que o governo espanhol do socialista Pedro Sánchez enviou à Ucrânia logo após a invasão russa daquele país em fevereiro.

Na madrugada desta quinta-feira "os sistemas de segurança da Base Aérea de Torrejón de Ardoz (Madri) detectaram um envelope suspeito, que foi determinado após ser analisado por raios-X (que) poderia conter algum tipo de mecanismo", apontou uma mensagem do Ministério do Interior.

Esta base, perto da capital espanhola, é usada por aviões oficiais que transportam membros do governo espanhol e de lá também decolam aviões militares que levam armas e outros tipos de ajuda à Ucrânia.

Perante esta série de acontecimentos semelhantes, o Ministério do Interior afirmou ter ordenado “medidas extremas de proteção” tanto nas embaixadas como nos edifícios públicos e governamentais, “especialmente no que diz respeito ao controle dos envios postais”.

Pelo menos 200.000 pessoas se manifestaram em Madri, neste domingo (13), conforme balanço do governo regional conservador, para protestar contra a caótica situação de saúde na região e contra os cortes na saúde pública.

Sob o lema "Madri se manifesta em apoio à saúde pública e contra os planos de destruir os serviços de atenção primária", os manifestantes saíram de quatro pontos diferentes da cidade rumo à sede da prefeitura.

Os atentados no dia 11 de março de 2004 em Madri, também conhecidos como 11-M, completam 18 anos. Foram atentados terroristas organizados contra o sistema de trens suburbanos de Madri, dias antes das eleições gerais em que o Partido Popular, liderado por José María Aznar, foi derrotado. As explosões mataram 193 pessoas e ocorreram nas estações de Atocha, El Pozo de Tio Raimundo, Santa Eugenia e no comboio a caminho de Atocha.  

As forças de segurança encontraram mais três bombas, que segundo o ministro Ángel Acebes, estariam preparadas para explodir quando chegassem os primeiros socorros às vítimas. A investigação oficial por parte do judiciário espanhol examinou que os ataques foram dirigidos por um grupo de terroristas inspirados na Al-Qaeda, apesar de não haver nenhuma participação direta do grupo extremista. Os mineiros espanhóis que venderam os explosivos para os terroristas também foram presos, embora não tenham tido  nenhum papel de planejamento. 

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“(...) março me ensinou a tirar um sorriso do jornal, ter confiança em mim mesma e não ter medo. E sobre todo mundo saber quem são as pessoas que são importantes da vida” expressou a vítima do atentado 11-M, Zahira Obaya, para o El País. 

Os atentados foram os piores ataques terroristas da história espanhola e da Europa. Após 21 meses de investigação, o juiz Juan del Olmo processou várias pessoas por participações no ataque. Em dezembro de 2004, o político José Luis Zapatero afirmou que o governo do PP apagou todos os arquivos de computador relacionados aos atentados de Madrid, deixando apenas os documentos impressos.

Em 11 de março de 2007, foi inaugurado na Estação de Atocha um monumento às vítimas. A cerimônia de inauguração foi conduzida pelo rei da Espanha, Juan Carlos, e pela rainha Sofia. 

Por Camily Maciel

 

 

 

Em continuidade ao seu tour pelo continente europeu, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quinta-feira (18), do seminário “Cooperação multilateral e recuperação regional pós-Covid-19”, promovida pelo Common Action Forum (CAF), na Casa América da capital espanhola, Madri. Na fala, o petista enfatizou a importância de reconhecer a desigualdade como um vírus tão mortal e ainda mais antigo que a Covid-19. Falou sobre uma aliança global em combate à fome e alfinetou o acúmulo de riquezas por parte dos mais ricos.

“A pergunta que precisa ser feita é a seguinte: 'Para qual normal a humanidade deseja voltar?' A verdade é que muito antes do primeiro caso de Covid-19, o mundo já estava doente, vítima de um vírus igualmente mortal chamado desigualdade. A desigualdade está na raiz de incontáveis mortes que acontecem ao redor do mundo. Inclusive quando o atestado de óbito informa como causa da morte a Covid-19. A desigualdade mata todos os dias”, disse o líder militante.

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Lula lembrou o estudo da Organização Não Governamental Oxfam, divulgado em janeiro de 2020, e que expôs que a parcela dos 1% mais ricos do mundo detêm mais do dobro da riqueza possuída por 6,9 bilhões de pessoas e que os 22 homens mais ricos do mundo acumulavam mais dinheiro do que todas as mulheres da África.

“De lá para cá, a desigualdade cresceu. Em plena pandemia, os bilionários ficaram bilhões de dólares mais ricos. Ao mesmo tempo, os pobres atingiram um nível tão devastador de pobreza, que precisarão de uma década e meia para recuperar o que perderam e voltar à pobreza inicial”, continuou.

O ex-presidente também alertou para o problema da fome: "Não existe vacina contra a fome, e não foi preciso inventá-la para livrar o Brasil desse flagelo. Bastou vontade política para implementar medidas tão simples quanto revolucionárias, a exemplo do Bolsa Família, considerado o maior programa de inclusão social do mundo".

Lula ainda argumentou que o problema com o financiamento da segurança alimentar não é falta de recursos, mas de interesse. “Os países ricos investiram quase 2 trilhões de dólares para salvar o sistema financeiro durante a crise de 2008. Os Estados Unidos gastaram 8 trilhões de dólares nas suas guerras no Oriente Médio. Ou seja, recursos financeiros existem. Infelizmente, não vemos a mesma generosidade quando se trata de salvar o planeta do aquecimento global, combater a crescente desigualdade e eliminar a miséria no mundo", disse.

Leia os trechos finais do discurso:

“Quero terminar dizendo que não estamos sozinhos. Somos muitos. Vários de nós estamos reunidos aqui nesta Casa, neste exato momento, buscando soluções para a reconstrução do planeta pós-Covid-19. Reconstruir o planeta significa construirmos juntos um novo normal.

Precisamos encontrar alternativas para a geração de emprego em meio a transição causada pela digitalização do trabalho, que tem gerado desemprego em massa, perda de direitos trabalhistas, empobrecimento e exaustão física e mental.

Esse desafio precisa ser encarado por todos: governos, sindicatos, centrais sindicais, universidades. Para que voltemos a gerar empregos em quantidade suficiente, com salários dignos e garantia de direitos trabalhistas. Para que o trabalhador seja tratado como pessoa, e não como um algoritmo descartável.

Precisamos mudar nossa relação com o meio ambiente e proteger a natureza. Cuidar do nosso planeta deve ser compromisso de todos os governos, sobretudo dos países ricos, que se industrializaram há mais tempo. Mas muitos deles se recusam a cumprir as metas de redução de emissão de gases poluentes, tornando-se cúmplices de uma tragédia ambiental da qual talvez não haja retorno.

Temos que impulsionar a transição energética e ecológica, desenvolver novas formas de produção e consumo ambientalmente sustentáveis. E os investimentos nessa direção, podem ser oportunidades de novos empregos, novas tecnologias, com mais desenvolvimento científico e impulso à inovação.

Esses grandes desafios não serão solucionados pelo sistema criado após a Segunda Guerra Mundial. Como ocorreu depois de outras grandes crises, é necessário reconstruir as instituições internacionais sobre novas bases.

É urgente convocar uma conferência mundial, com representação de todos os Estado, e participação da sociedade civil, para definir uma nova governança global, justa e representativa.

Somos partes de gerações e gerações de jovens que alimentaram o sonho de mudar o mundo. Mas mudar o mundo não pode ser apenas um sonho de juventude, que vamos esquecendo com o passar do tempo e a chegada da maturidade.

Mudar o mundo deve ser sempre a nossa profissão de fé, a própria razão para existirmos e nos lançarmos a uma luta árdua e permanente, da qual não poderemos jamais descansar.

Nosso maior alento é a certeza de que a construção de um outro mundo é perfeitamente possível, porque já fomos capazes de construí-lo. Um mundo mais sustentável, menos desigual, mais justo, mais solidário e mais feliz.

É este o novo normal que desejamos. E que vamos construir juntos.

Muito obrigado”.

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A próxima cúpula da Otan será em Madri em 29 e 30 de junho de 2022, anunciou nesta sexta-feira (8) o presidente do governo espanhol Pedro Sánchez, após receber na capital espanhola o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg.

"Estamos diante de um momento histórico da Otan" no qual "a prioridade" é "garantir e reforçar a unidade e coesão dentro da Otan", disse Sánchez em uma declaração no Palácio da Moncloa junto a Stoltenberg.

A cúpula em Madri terá como objetivo principal revisar o conceito estratégico da aliança adotado em 2010 para prepará-la para "os desafios que temos adiante na próxima década" em questão de segurança, afirmou Sánchez.

"Temos que continuar nos adaptando para o futuro e isso é exatamente o que vamos fazer na cúpula de Madri", disse o secretário-geral da Aliança Atlântica.

"Vemos como cresce a concorrência estratégica, com um comportamento mais agressivo da Rússia e da China mostrando seu poderio econômico e militar para intimidar os outros", continuou Stoltenberg, que mencionou também "instabilidade e ameaças no Oriente Médio, África do Norte e no Sahel".

Na última cúpula da Otan em Bruxelas, em junho, os líderes da aliança marcaram as "linhas vermelhas" que o líder russo Vladimir Putin não deveria cruzar, além de decidirem enfrentar a "crescente influência da China".

O anúncio da próxima cúpula ocorre após turbulências provocadas pela aliança entre Estados Unidos, Austrália e Reino Unido, que resultou na ira da França, já que envolveu a anulação de um contrato milionário por Canberra de compra de submarinos clássicos franceses, para comprar, em vez disso, submarinos de propulsão nuclear dos Estados Unidos.

As autoridades francesas afirmaram que essa situação poderia pesar sobre a definição do novo conceito estratégico da Otan em Madri.

Jens Stoltenberg alertou na quinta-feira que as divergências entre Paris e Washington sobre o acordo chamado AUKUS não precisam dividir a Otan.

Durante um fórum em Madri nesta sexta, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, estimou que "faz falta um melhor equilíbrio político dentro da Otan", lembrando "o que aconteceu no Afeganistão", com a retirada das tropas dos Estados Unidos, e no Pacífico, em referência ao AUKUS.

"Um pilar europeu dentro da Otan não vai enfraquecer a Otan e a relação transatlântica. Vai tornar as duas coisas mais fortes", afirmou Borrell.

O governo espanhol aprovou nesta terça-feira (28) um pacote de ajuda direta de 10,5 milhões de euros para adquirir casas e itens de primeira necessidade para quem perdeu tudo pela erupção do vulcão na ilha de La Palma (sudoeste).

É um pacote de "ajuda imediata para os moradores que continuam desolados pelo avanço da lava e perderam tudo", disse à imprensa a porta-voz do governo, Isabel Rodríguez

"Cerca de 5,5 milhões dos 10,5 milhões de euros (mais de 12 de dólares) serão destinados a 107 casas, sejam para venda ou aluguel, que possam ser imediatamente ocupadas", explicou a porta-voz.

O restante será dedicado à compra de itens necessários para a vida cotidiana, como eletrodomésticos.

"Precisamos dar uma resposta rápida e eficaz", acrescentou a ministra.

O auxílio se ampara na declaração de área de catastrófe para esta ilha de 85.000 habitantes do arquipélago das Canárias, afetada há oito dias pela erupção do vulcão Cumbre Vieja.

O fluxo de lava já destruiu 589 edifícios - nem todos eles de moradia - e cobriu 258 hectares nesta ilha de 85.000 habitantes que vive do cultivo de bananas e do turismo, segundo o sistema de medição geoespacial europeu Copernicus. Mais de 6.000 pessoas tiveram que abandonar suas casas, mas não há registro de feridos ou mortos até o momento.

Nesta terça-feira, a lava estava a cerca de 800 metros do mar, um encontro que não é certo de acontecer, mas que desperta preocupação porque pode gerar explosões, ondas de água fervente ou nuvens tóxicas, de acordo com a página do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).

A chuva de cinzas chegou a deixar sem funcionar por 24 horas o aeroporto de Santa Cruz de Palma no fim de semana. Embora agora esteja teoricamente funcionando, não está recebendo voos.

Sánchez prometeu na semana passada na ilha que iria aprovar "auxílios imediatos destinados a facilitar a moradia para afetados (...) e adquirir itens e objetos necessários que tenham perdido, para seu dia a dia".

Esses auxílios devem "garantir a manutenção e abastecimento de algo muito importante nesta ilha, como o sistema de irrigação", acrescentou.

Ele afirmou que permitiria "o restabelecimento da mobilidade e do transporte de pessoas", após a destruição - nesta terça-feira - de 21 quilômetros de estradas e a concessão de seguro-desemprego para aqueles que perderam seu emprego pela catástrofe.

As eleições antecipadas para o Parlamento de Madri acontecerão em 4 de maio, anunciou a presidente regional, Isabel Díaz Ayuso, nesta quarta-feira (10) depois de se demitir e quebrar a coalizão do governo de centro-direita na região capital.

Os eleitores de Madri, a região mais rica e a terceira mais populosa da Espanha, terão que escolher "entre o socialismo e a liberdade", disse em uma breve declaração televisionada Díaz Ayuso, figura ascendente do Partido Popular (PP, direita) que se ergueu em um dos rostos mais conhecidos da oposição ao governo de esquerda do socialista Pedro Sánchez.

Díaz Ayuso alegou que dissolveu o executivo regional pela "instabilidade institucional" gerada pelo Cidadãos, seu sócio de coalizão em Madri e outras três regiões do país, que nesta quarta-feira encerrou o governo na região de Murcia (sudeste) para buscar governar com os socialistas mediante uma moção de censura.

A presidente madrilenha mencionou a possibilidade de que o Partido Socialista do presidente do governo, Pedro Sánchez, e o partido Cidadãos terem tentado uma moção de censura na região capital, o que poderia "causar o desastre da Comunidade de Madri".

"Madri precisa de um governo estável", disse Díaz Ayuso, depois do golpe da pandemia de coronavírus e seu impacto econômico.

"Não posso permitir que Madri pare agora. Não posso permitir que tudo o que os madrilenhos lutaram nesses meses desmorone", apontou.

"Quero que agora os madrilenhos sejam os que escolherão entre socialismo ou a liberdade" em 4 de maio, acrescentou Díaz Ayuso.

Figura ascendente do PP, Díaz Ayuso se tornou um rosto conhecida pela sua oposição frontal durante a pandemia contra o governo de Sánchez, recusando-se a aplicar as medidas mais rigorosas para proteger a economia local.

Palco de gigantescas manifestações nos anos anteriores, Madri proibiu qualquer manifestação pela celebração na segunda-feira (8) do Dia da Mulher, devido à alta incidência do coronavírus, anunciou nesta quinta-feira (4) o delegado do governo na região, José Manuel Franco.

"Tomei a decisão de proibir, por motivos de saúde pública, todas as manifestações e concentrações convocadas, porque estamos em um momento em que Madri continua entre os territórios da Espanha com maior incidência de contágios" de covid-19, disse Franco em coletiva de imprensa.

Franco afirmou que entre domingo e segunda-feira foram solicitadas autorizações para mais de cem atos, que iriam reunir "mais de 60.000 pessoas se movendo pelas diferentes ruas de Madri".

Sendo assim, a delegação do governo anula uma decisão anterior, segundo a qual iria permitir manifestações de menos de 500 pessoas respeitando a distância de segurança.

Os organizadores das manifestações criticaram o anúncio.

"Há anos o 8-M enche as ruas de Madri e demontra sua força em cada manifestação (...). Querem nos calar, mas nosso grito já é global", escreveu no Twitter o setor de Madri da Comissão 8-M.

"Estaremos presentes no 8-M. Porque a crise provocada pela pandemia impactou" especialmente as mulheres, acrescentou, sem explicar como vão celebrar o dia.

A ministra da Igualdade, Irene Montero, do partido Podemos, parceiro minoritário da coalizão de governo com os socialistas, afirmou em um evento sindical que "há pessoas que querem nos negar o direito à rua que tanto nos custou conseguir", mas disse que como membro do Executivo cumprirá "escrupulosamente" as recomendações sanitárias.

Outras ministras espanholas, do partido socialista, pediram nos dias anteriores para que a população não fosse se manifestar para evitar contágios.

A capital da Espanha, país com um forte movimento feminista, foi palco nos anos anteriores de grandes manifestações pelo 8-M, como em 2018, quando ocorreu uma inédita greve e centenas de milhares de pessoas foram às ruas.

Em 2020, vários membros do Executivo se uniram à manifestação de mais de 100.000 pessoas. Dias depois, três ministras deram positivo para a covid-19.

Em maio, um relatório policial criticou a autorização dessa manifestação quando já havia registro de contágios, o que alimentou o debate político.

A Espanha é um dos países europeus mais afetados pelo coronavírus, com mais de 70.000 mortes e 3,1 milhões de casos confirmados.

A região de Madri, na Espanha, anunciou nesta quarta-feira (27) que está suspendendo a administração de novas doses da vacina contra o coronavírus por falta de suprimentos, enquanto a Catalunha avisa que suas reservas estão se esgotando.

Apesar de ter fechado acordos antecipados de fornecimento, muitos países da União Europeia estão enfrentando atrasos nas remessas das vacinas Pfizer e Moderna, as únicas autorizadas até agora por Bruxelas.

Por isso, o vice-presidente do governo regional de Madrid, Ignacio Aguado, informou a suspensão de novas vacinações para garantir a aplicação da segunda dose naqueles que já a aguardam.

“Não sabemos o que vai acontecer a partir da próxima semana, esperamos que o fluxo de entregas normal seja restabelecido e que a chegada de doses aumente”, explicou em coletiva de imprensa.

Mais tarde, por meio do Twitter, ele indicou que primeiras doses não serão administradas "pelo menos pelas próximas duas semanas" e pediu ao Ministério da Saúde espanhol que "mova céus e terras" para obter mais vacinas.

Além disso, alertou que no ritmo atual apenas 10% da população madrilena será vacinada até o final de julho, longe da meta de 70% fixada pelo governo da Espanha.

Na Catalunha, o diretor de saúde pública do governo regional, Josep Maria Argimon, advertiu que quando forem administradas as 30 mil doses previstas para esta semana, “o estoque estratégico terá sido consumido e as geladeiras estarão vazias”.

Isso fará com que 10 mil pessoas com a primeira dose já injetada não recebam a segunda dentro do tempo planejado, afirmou ele.

De acordo com o Ministério da Saúde, a Espanha aplicou 76,7% das 1,77 milhão de doses recebidas dentro do programa europeu de imunização.

O país vive a terceira onda da pandemia que, desde o seu início, já causou mais de 57 mil mortes e tem quase 2,7 milhões de casos confirmados entre seus 47,5 milhões de habitantes.

O balanço da forte explosão causada na quarta-feira (20) por um vazamento de gás que destruiu um prédio no centro de Madri subiu para quatro mortos, depois que um padre morreu nas últimas horas, anunciaram as autoridades religiosas nesta quinta-feira (21).

O padre de 36 anos foi ordenado sacerdote em junho e era um dos onze feridos registrados na quarta após a explosão.

O edifício está localizado numa rua do centro da capital espanhola, é propriedade de uma paróquia e nela residiam vários padres.

O padre "foi levado ao hospital por causa dos ferimentos" e morreu "pouco depois da 1h30", disse o arcebispo de Madri em um comunicado.

Dois pedestres e uma pessoa que estava consertando uma caldeira no prédio também morreram na explosão, segundo as autoridades, que inicialmente indicaram, por engano, que entre as vítimas estava uma mulher de 85 anos.

Também informaram o desaparecimento de uma pessoa que, no final das contas, era um dos falecidos.

O Ministério búlgaro das Relações Exteriores informou que uma das vítimas era um cidadão búlgaro de 47 anos.

A explosão causou sérios danos materiais. Em algumas partes deste prédio de seis andares, localizado na rua Toledo, a fachada foi completamente destruída pela violenta deflagração.

No entanto, não houve feridos no lar de idosos ou na escola perto do prédio onde ocorreu a explosão.

Uma forte explosão atingiu ao menos quatro prédios no centro de Madri, capital da Espanha, por volta das 15h pelo horário local (11h em Brasília) desta quarta-feira (20). O impacto derrubou a parede de vários andares de um edifício, onde serviços de emergência trabalham para socorrer feridos. As autoridades ainda não divulgaram o motivo da explosão, mas há suspeita de que tenha ocorrido um vazamento de gás.

O Gabinete de Informação de Emergências de Madri informou, por meio de sua conta oficial nas redes sociais, que está atendendo "várias pessoas feridas". Há grande quantidade de escombros no local. O prefeito de Madri disse que pelo menos duas pessoas morreram, informou a Globonews.

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A explosão ocorreu no número 98 da Rua Toledo, na área central da capital espanhola. Todos os prédios atingidos estão sendo evacuados, segundo as autoridades. Bombeiros também evacuaram idosos de uma casa de repouso que fica próxima ao local. (Com agências internacionais).

Após a nevasca do fim de semana, Madri viveu na madrugada desta terça-feira (12) uma histórica geada que está complicando a limpeza das ruas, repletas de pedras de gelo e com uma mobilidade mínima de veículos e pedestres.

A capital espanhola alcançou uma temperatura mínima de -10,8ºC, um recorde nos últimos 50 anos, segundo a agência de meteorologia estatal, AEMET.

O centro da Espanha continua coberto pela neve da tempestade Filomena que deixou cinco mortos. Na província de Teruel, ao leste de Madri, os termômetros chegaram a 25,4 graus abaixo de zero, de acordo com a AEMET, que descreveu uma "madrugada gélida" com valores "históricos" e "claramente abaixo dos normais para a época em todo país".

O frio extremo petrificou a neve que caiu durante o fim de semana em Madri. Nesta terça-feira, tanto os funcionários da prefeitura como os moradores continuavam lutando para limpar as calçadas com pás, vassouras e sal grosso, juntando grandes montes de gelo.

As principais avenidas da capital foram abertas no domingo, com a ajuda do Exército.

Mas as ruas secundárias e até mesmo ruas muito comerciais permanecem impraticáveis, com milhares de árvores caídas, devido ao peso da neve, e um tráfego mínimo de veículos e de pessoas - uma cena lembra o primeiro confinamento da primavera (outono no Brasil), imposto à época para conter a pandemia do coronavírus.

- O pequeno comércio sofre -

O simples fato de caminhar pela rua é um perigo, devido à formação de películas de gelo no chão e aos sincelos que pairam ameaçadoramente nos prédios.

Nas últimas horas, centenas de pessoas foram atendidas por traumatismos nas emergências dos hospitais madrilenos, que também precisam tratar os pacientes de Covid-19.

A escassa circulação prejudica o pequeno comércio da cidade que, com os efeitos econômicos da pandemia, soma agora uma semana de atividade mínima.

Nos mercados, houve interrupções de abastecimento na segunda-feira, mas, nesta terça, a atividade foi retomada no Mercamadrid - grande plataforma logística de distribuição de alimentos frescos.

A geada noturna também deixou alguns prédios sem água corrente, constataram dois repórteres da AFP.

O Canal de Isabel II, empresa pública de gestão da água na região de Madri, informou ter atendido desde o fim de semana mais de 1.000 incidências sobre congelamentos de hidrômetros.

Nas escolas, as aulas presenciais foram suspensas por toda semana na região de Madri. Já no setor de transportes públicos, o metrô continua funcionando, e os ônibus urbanos retornaram às ruas hoje, afirmou a empresa pública EMT, destacando que dará prioridade às rotas que incluem parada nos hospitais.

Com escolas, tribunais e museus fechados, neve acumulada nas calçadas e bloqueando ruas e avenidas, Madri e o centro da Espanha seguiam paralisados na manhã desta segunda-feira (11), dois dias depois de uma histórica tempestade de neve.

Quase 36 horas após o fim das chuvas, as mais volumosas em 50 anos, o grande perigo agora é o gelo, já que à nevasca se seguirá, esta semana, uma onda de frio no interior do país.

A geada multiplica o risco de escorregar na rua, e blocos de neve caem continuamente dos telhados dos prédios.

"A neve vai continuar presente durante um tempo nas ruas de Madri, com estas temperaturas" abaixo de zero, advertiu o prefeito de Madri, José Luis Martínez-Almeida, no canal Antena 3.

E, embora a Unidade de Emergências Militares (UME) tenha liberado alguns eixos centrais, a maioria das ruas continua sendo difícil de transitar em Madri, com até meio metro de neve em muitas delas.

Muitas árvores cederam ao peso da neve acumulada e, por toda cidade, galhos quebrados podem ser vistos nas ruas.

Diante das dificuldades de circulação, as autoridades pediram aos moradores que evitem qualquer deslocamento desnecessário.

Na região de Madri, os centros educacionais, dos jardins de infância às universidades, ficarão fechados hoje e amanhã, assim como tribunais, museus, centros culturais e bibliotecas.

As autoridades regionais informaram que foram distribuídas 277 toneladas de sal aos diferentes municípios da região, e esperam receber outras 3.500 toneladas.

Os ônibus de transporte público continuam sem circular em Madri, embora o metrô esteja funcionando, sem interrupção, pela segunda noite consecutiva.

Os trens suburbanos (Cercanías) voltam a circular em algumas linhas, embora com menos freqüência do que o habitual. A retomada também está sendo progressiva no aeroporto internacional Madri-Barajas.

Os trens de alta velocidade também foram afetados. Nesta segunda-feira, as rotas entre Madri e cidades como Barcelona, Salamanca, ou Zaragoza, ainda não haviam sido retomadas.

As autoridades madrilenas pediram ao governo espanhol a declaração de zona catastrófica, embora o ministro dos Transportes, José Luis Ábalos, tenha respondido que isso será estudado "assim que a tempestade melhorar e pudermos fazer uma avaliação dos danos".

Batizada de "Filomena", a tempestade também causou fortes chuvas em outras regiões da Espanha e deixou pelo menos três mortos.

Centenas de motoristas presos em seus veículos, aeroporto fechado, esquiadores e trenós nas ruas: uma nevasca paralisou Madri e parte da Espanha neste sábado (9), onde o pior ainda está por vir devido à neve que deve cair durante o dia.

"Evitem deslocamentos e respeitem as instruções dos serviços de emergência. Estejam vigilantes diante da tempestade Filomena", tuitou o primeiro-ministro Pedro Sanchez, elogiando o trabalho dos "profissionais que procuram ajudar as pessoas presas na neve".

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Em Madri, coberta por uma camada de neve inédita em meio século, os moradores tiraram dos armários seus esquis ou mesmo um trenó puxado por cinco cães, segundo imagens da AFP ou postadas nas redes sociais.

Devido a esta nevasca histórica, a mais forte desde 1971 na Espanha, cinco regiões do centro do país, incluindo Madri, foram colocadas em alerta vermelho na manhã deste sábado.

Na capital, "a situação é gravíssima", alertou o prefeito José Luis Martinez-Almeida no Twitter, pedindo aos moradores que não saiam de suas casas, pois a neve não parou de cair desde sexta-feira à noite.

Os parques foram fechados, enquanto os ônibus públicos e a coleta de lixo foram suspensos.

O Aeroporto Internacional Madrid-Barajas, fechado desde a noite de sexta-feira, continuará paralisado neste sábado por "razões de segurança", enquanto cerca de trinta voos já foram cancelados na sexta e quase o mesmo número precisou pousar em outro lugar.

Chegando ao aeroporto na sexta-feira às 17h, Covadonga Solares, de 24 anos, disse à AFPTV que chegou a embarcar em seu avião, mas esperou "por 3h30 sem informação" enquanto aguardava a pista ser limpa de neve.

A jovem e todos os outros passageiros do voo foram finalmente levados de volta para o aeroporto, onde dormiram "nas esteiras e balcões" do terminal.

- Partidas adiadas -

A partida válida pelo campeonato espanhol de futebol entre Atlético de Madrid e Bilbao foi adiada indefinidamente, pois o avião que transportava o time basco não conseguiu pousar.

A partida de handebol entre Espanha e Croácia marcada para sábado às 18h em Madri também foi cancelada, informou a federação espanhola.

“Perante a situação provocada pela tempestade Filomena”, todos os trens que chegavam ou saíam de Madri foram cancelados, disse a empresa ferroviária nacional Renfe, enquanto pelo menos duas linhas de metrô tiveram seu tráfego interrompido na capital.

Os serviços de emergência na região de Madri disseram que "trabalharam a noite toda para ajudar" motoristas presos e "liberaram 1.000 veículos", pedindo a outros que "continuem pacientes".

Além de Madri, Aragão, a região de Valência e a de Castela-La Mancha e Catalunha são as áreas mais afetadas por esta tempestade devido à interação entre um fluxo de ar muito úmido e relativamente ameno vindo do sudeste e uma massa de ar muito fria.

No total, 36 das 50 províncias da Espanha são afetadas por alertas de diferentes níveis.

A Catalunha proibiu a circulação de veículos pesados de mercadorias, assim como Castela-La Mancha, que indicou ainda que 1.300 caminhões estão estacionados em várias áreas da região.

Patricia Manzanares, uma motorista, contou à televisão nacional que ficou presa por 15 horas sem comida na rodovia M-40, na região de Madri.

“Estou aqui desde 19h da noite passada, somos muitos nessa mesma situação, há 60 cm de neve e em breve ficaremos sem gasolina (para acionar o aquecimento do carro)”, disse ela.

O coronavírus deixará os espanhóis sem uma das imagens mais características da passagem de ano: a multidão reunida na Puerta del Sol, em Madri, para comer uvas ao ritmo dos sinos do Ano Novo.

"A Comunidade de Madri concordou em suspender qualquer ato para celebrar os baladas do Ano Novo em praças, ou vias públicas, da região", anunciou a Secretaria de Saúde do governo regional em um comunicado.

Transmitido ao vivo pela televisão pública TVE e por outros canais privados, este evento é seguido por milhões de espectadores na Espanha e América Latina. Estas transmissões não serão afetadas, embora, a priori, a praça vá estar vazia.

As medidas divulgadas incluem uma lotação limitada nas feiras de Natal e nos eventos organizados para que as crianças entreguem suas cartas de votos aos reis magos e ao Papai Noel.

Além disso, as típicas cavalgadas para receber, em 5 de janeiro, suas majestades do Oriente deverão acontecer em espaços limitados e com o público sentado.

As autoridades de saúde na Espanha temem que as festas natalinas aumentem os contágios. A segunda onda da pandemia foi contida no país, graças a restrições como toque de recolher e fechamento de bares.

Na quarta-feira, o governo espanhol recomendou evitar o deslocamento entre regiões, salvo se for uma visita a familiares, e limitar as reuniões de Natal a dez pessoas.

A Espanha é um dos países europeus mais afetados pela pandemia, com 46.000 mortes e mais de 1,6 milhão de casos de contágio diagnosticados.

Milhares de trabalhadores da área da saúde, afetados pela crise provocada pela pandemia de covid-19, marcharam neste domingo (29) em Madri, em apoio ao sistema de saúde público espanhol.

Exibindo cartazes com frases como "Saúde 100% pública" e "Mais nenhum contrato lixo", os manifestantes desfilaram sob o som de tambores pelas ruas da capital espanhola, convocados pela plataforma "Marea Blanca" (Maré Branca), integrada por várias organizações de profissionais do setor.

Participaram quase 10.000 pessoas de acordo com os organizadores, enquanto a polícia madrilenha estimou a presença de 2.000 manifestantes.

Os manifestantes defenderam em particular preservar o sistema de saúde público, administrado na região pela Comunidade de Madri, criticada por sua falta de investimento no setor, sendo a capital um dos grande epicentros da pandemia na Espanha.

A enfermeira Lara García declarou à AFPTV que participou para protestar contra a quantidade "de pessoal (contratado) em meio período, os salários, que são mais baixos que em outras regiões, ainda mais em relação a outros países".

A manifestação teve lugar dois dias antes da inauguração, prevista para a terça-feira, de um hospital madrilenho contra a pandemia, erguido em poucos meses pela Comunidade de Madri para tentar desafogar vários hospitais por causa do coronavírus.

Porém, muitos dos manifestantes destacaram seu temor de que esta nova infraestrutura, com capacidade para até 1.000 pacientes, absorva recursos destinados a outros hospitais, em particular para o pessoal da saúde.

"O novo hospital é um golpe absoluto para Madri e os madrilenhos. Não é nada necessário (...) Madri conta com leitos suficientes que poderiam ser utilizados", afirmou Leonor Vallejo, de 67 anos, enfermeira de ambulâncias na capital atualmente aposentada, que participou na manifestação.

A Espanha continua sendo um dos países europeus mais afetados pela covid-19, com mais de 1,6 milhão de casos e cerca de 44 mil mortes.

Escrava, bruxa, prostituta ou mãe: a representação da mulher na arte revela uma misoginia histórica que o Museu do Prado de Madri aborda em uma exposição fazendo o 'mea culpa'.

Inaugurada no início de outubro e prevista até março, "Convidadas" revela "uma ideologia, uma propaganda de Estado sobre a figura feminina", explica à AFP Carlos Navarro, curador desta exposição, a primeira do museu após o confinamento.

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Pinturas, esculturas, fotografias ou vídeos entre 1833 e 1931 constituem esta exposição "sobre a mulher, a ideologia e as artes plásticas em Espanha".

Tratam-se de alguns "fragmentos" históricos que evidenciam o "pensamento burguês que quer validar o papel que a sociedade atribui às mulheres", continua Navarro.

O Prado, uma das maiores galerias de arte do mundo com dois séculos de história, se reconhece como co-responsável por esta misoginia com essa mostra.

A instituição reconhece que houve discriminação contra as mulheres artistas, mas também na forma como as mulheres foram representadas nas obras adquiridas pelo Estado e expostas pelo museu na época.

Misoginia

Este sexismo que as obras pintadas por homens emitem constitui a primeira parte da exposição, onde se descobrem que as mulheres raramente são protagonistas e que costumam ser relegadas a simples decorações ou acessórios em torno do homem.

Quando ocupam o primeiro plano, geralmente é contra sua vontade, como no caso de uma boêmia maltratada e excomungada em uma tela de Antonio Fillol Granell de 1914 intitulada "A rebelde".

Há também prostitutas com rostos cansados em numerosas pinturas ou outra que suplica à sua madame sob o olhar indiferente de um cliente fumando um cachimbo no fundo de um quarto sórdido ("A besta humana", Antonio Fillol Granell, 1897).

Ou modelos forçadas a posar nuas, chorando, numa época em que "não havia limites para a idade ou a violência do nu", explica Navarro diante de meninas nuas que desprezam o público ("Crisálida" em 1897 e "Inocência" em 1899 de Pedro Sáenz Sáenz) ou da imagem de uma escrava acorrentada ("Escrava à venda", José Jiménez Aranda, 1897).

Algumas obras empregam uma misoginia mais discreta, como "Soberba" (1908) de Baldomero Gili, com uma mulher elegante cujas roupas se confundem com a plumagem de um pavão atrás dela. Camuflada por uma estética elegante, era comum representar mulheres com certos atributos como o pavão, símbolo da vaidade, para encarnar os supostos defeitos do gênero feminino.

O visitante também poderá contemplar a cena censurada do filme mudo "Carmen" (1913), quando o rosto da personagem principal se ilumina de paixão quando um homem morde suas costas.

Polêmica

O Prado recupera também dezenas de obras pintadas por artistas que a história não colocou no lugar que mereciam: muitas naturezas mortas mas poucos retratos, que antes eram reservados a autores do sexo masculino.

Segundo o curador, a mostra traça os lapsos de um tempo que professoras como Rosa Bonheur ou María Antonia Bañuelos, por exemplo, não conseguiram apreciar. Subestimada por seus pares, as obras desta última estão todas no exterior agora.

Antes mesmo da inauguração, a iniciativa gerou polêmica por críticas de alguns grupos feministas. A mostr também teve que remover uma obra falsamente atribuída a uma mulher quando havia sido pintada por um homem.

A Rede de Pesquisa em Arte e Feminismo (RAF) denunciou que "a misoginia do século XIX continua a se projetar nas peças dessas artistas a pretexto de sua recriação histórica", enquanto o Observatório Mulheres nas Artes Visuais (MAV) criticou o título do exposição, vendo uma "chance perdida" de lutar contra o machismo.

O curador minimiza as críticas como uma "polêmica induzida por historiadores e principalmente por críticos de arte contemporânea que esperavam fazer parte do projeto".

No hospital Severo Ochoa de Leganés, nos arredores de Madri, um dos mais atingidos durante a primeira onda da epidemia de covid-19, a unidade de terapia intensiva está completamente lotada, e seus funcionários temem reviver o mesmo "horror".

"Estamos saturados", disse à AFP o chefe da unidade, doutor Ricardo Díaz Abad, em frente aos 12 leitos ocupados por pacientes gravemente enfermos.

Equipado com um traje completo de plástico branco, óculos de proteção, uma ou duas máscaras, duas luvas roxas em cada mão e uma capa de sapato azul, como armadura antivírus, os funcionários se revezam na unidade.

No interior, o silêncio é interrompido periodicamente por aparelhos de ventilação mecânica que ajudam pacientes nus e iluminados por um mosaico de telas.

No dia anterior, "infelizmente dois pacientes morreram", diz Díaz Abad, enquanto observa pela janela como os enfermeiros limpam homens e mulheres, todos com mais de 50 anos.

Ao contrário do que aconteceu na primeira onda, quando o hospital viveu o "horror" de não ter leitos suficientes para pacientes com covid-19, agora "abrimos uma ala" para eles, afirma o médico.

- Pessoal esgotado -

Permanece, no entanto, o medo de que a segunda onda da pandemia os supere.

Na primavera boreal (outono no Brasil), os corredores "ficavam lotados de pacientes em cadeiras, em poltronas, todos com seus cilindros de oxigênio", lembra o doutor Luis Díaz Izquierdo, de camisa verde e bandana multicolorida.

"Passa constantemente por nossa cabeça a possibilidade de que isso aconteça novamente", afirma o médico, com olhos cansados.

"A primeira onda foi um grande esforço para todos nós, tanto física quanto emocionalmente (...). Estamos mais cansados, obviamente, não tivemos tempo para nos recuperar totalmente", desabafou.

Epicentro da pandemia neste país que já registrou quase 34.000 mortes, a região de Madri ainda tem memórias frescas de uma pista de gelo transformada em necrotério há seis meses e de hospitais colapsados.

Perto do aeroporto, guindastes trabalham em um "hospital de pandemias", que as autoridades esperam inaugurar em novembro.

Para conter o vírus, Leganés, assim como a capital madrilena, está sob confinamento perimetral desde o início de outubro. Para muitos médicos, contudo, essas restrições são insuficientes para reduzir o fluxo de pacientes.

Cartazes na porta do hospital convocam manifestações. "Nunca mais mortes evitáveis!", indicam.

"A carga de trabalho às vezes nos impede de fazer todas as videochamadas que queremos" entre os pacientes e seus familiares, lamenta Sonia Carballeira, uma enfermeira de 39 anos.

- "Não baixar a guarda" -

"Esperávamos que ocorresse uma segunda onda, mas não tão cedo, quando a gripe ainda nem começou", ou a temporada de outras infecções respiratórias, diz a enfermeira em frente à "zona covid" do hospital, com 48 pacientes.

Ali, é hora do almoço e das videochamadas para os doentes.

Comendo iogurte, Manuel Collazo Velasco se assusta: "Não sinto o açúcar nem nada. Como e não sinto o doce, nem o sal", diz este homem de 61 anos, cujo paladar foi afetado pelo vírus.

Algumas salas adiante, Carmen Díaz Coello recupera as pernas e pede "responsabilidade" aos seus compatriotas.

"Não desanimem" com o vírus, pede esta avó de 72 anos, vestida com jaleco branco e amarelo, em videoconferência com a AFP.

A disputa entre o governo central e o Executivo regional de Madri sobre as restrições a serem adotadas, bem como o relaxamento de uma parte da população, não são compreendidos no hospital.

"No plano científico, claro que aprendemos muito sobre o manejo dos pacientes (...) mas dá a impressão de que, no plano social, aprendemos pouco", lamenta o dr. Díaz Izquierdo.

Na saída do hospital, um grande banner instalado após a primeira onda lembra: "Não baixe a guarda" diante da covid-19.

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